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38 - APOSTILA - POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE

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Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Oliveira Vaz
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
STRUETT, Mirian Aparecida Micarelli.
Políticas Públicas em Saúde.
Mirian. Aparecida Micarelli Struett 
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 97 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
Professora Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Possui graduação em ADMINISTRAÇÃO pela UNIVERSIDADE ESTADUAL DE 
MARINGÁ (2001) e mestrado em ADMINISTRAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS pela 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (2005). É funcionária pública Estadual desde 
1992 no HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ. Já coordenou equipes 
na área de Imaginologia (Radiologia, Tomografia e USG), realizou Estatística Hospitalar 
e atualmente é gestora de contratos e atas de registro de Preços e Convênios Federais, 
pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais na área de Sistemas de Informação 
e Contabilidade Gerencial, é professora titular do Centro de Ensino Superior de Maringá - 
EaD 40 e da Pós Graduação da UniCesumar. Tem experiência na área de Administração 
Pública e Privada e atua como docente nas áreas de Gestão Hospitalar, Gestão de Hotelaria 
e Estrutura Hospitalar, Gestão da Qualidade e Certificação Ambiental, Administração voltada 
para a Gestão Pública, Sustentabilidade e Responsabilidade Social, Desenvolvimento 
Sustentável, Segurança no Trabalho Hospitalar e Conceitos da Administração e Ética 
Empresarial.
Link: http://lattes.cnpq.br/3388750064285917
AUTORA
http://lattes.cnpq.br/3388750064285917
Prezado(a) estudante!
É com muita satisfação que apresento a você, a disciplina de “Políticas Públicas 
em Saúde”, na qual o principal objetivo é a apresentação das políticas públicas de saúde no 
Brasil, partindo do contexto sócio-histórico de atenção à saúde pública. Estudo de aspectos 
gerais do funcionamento e estrutura do Sistema Único de Saúde e regulamentação da 
saúde suplementar.
Desta forma, na Unidade I com o tema “Políticas Públicas em saúde: definição e 
histórico”, será conceituado e contextualizado historicamente o início das Políticas Públicas 
de Saúde no Brasil e quais são as principais questões de saúde formuladas para atender 
à sociedade nesta área, dando uma ênfase especial ao Sanitarismo Campanhista do 
século XX e apresentando a criação e o desenvolvimento do Ministério da Saúde. Por fim, 
procuraremos entender como se deu a luta pela democratização do acesso à saúde.
Na Unidade II, com o tema “Sistema Único de Saúde - SUS”, conceituaremos e 
compreenderemos o que representa o Sistema SUS, conheceremos seus antecedentes 
históricos, caminhando até criação do SUS com a Constituição Federal de 1988. Em 
seguida, descreveremos sobre a Lei Orgânica da Saúde 8080 e 8142 de 1990, buscando 
compreender seus princípios e diretrizes e ao final desta unidade compreender o princípio 
da universalização do acesso à Saúde, traçando alguns dos avanços e obstáculos da 
implantação e implementação do sistema SUS.
Em seguida, na Unidade III, com o tema “Organização e Estrutura do SUS”, para 
compreendermos um pouco mais sobre como o SUS é organizado e qual é a sua estrutura 
atual, vamos tratar sobre os princípios organizativos, descentralização, regionalização e 
hierarquização no SUS, na qual finalizamos a unidade apresentando como se dá a atenção 
primária, secundária e terciária de assistência à saúde no SUS.
Por fim, na Unidade IV, com o tema “Saúde Suplementar e órgãos Reguladores”, 
finalizaremos a última parte de livro compreendendo sobre a representatividade da 
Saúde Suplementar em nosso País, dando uma ênfase especial aos órgãos reguladores 
existentes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Agência Nacional de 
Saúde Suplementar (ANS).
Portanto, prezado(a) estudante, vamos à leitura deste livro.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 6
Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
UNIDADE II ................................................................................................... 28
Sistema Único de Saúde (SUS)
UNIDADE III .................................................................................................. 50
Organização e Estrutura do SUS
UNIDADE IV .................................................................................................. 72
Saúde Suplementar e Órgãos Reguladores
6
UNIDADE I
Políticas Públicas em Saúde: 
Definição e Histórico
Professora Mestre Mirian Aparecida Micarelli Struett
Plano de Estudo:
• Políticas Públicas em Saúde: definições e histórico
• Definições de Políticas Públicas em Saúde
• Sanitarismo campanhista do início do século XX
• Ministério da Saúde: criação e desenvolvimento
• Lutas pela democratização do acesso à saúde
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar Políticas Públicas em Saúde
• Apresentar algumas definições dadas as Políticas Públicas em Saúde
• Compreender como se deu o Sanitarismo campanhista do século XX
• Apresentar a criação e o desenvolvimento do Ministério da Saúde
• Entender como ocorreu a luta pela democratização do acesso à saúde
7UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a)!
Na manutenção da vida e da saúde humana na maioria das vezes, o próprio 
indivíduo desconhece os mecanismos para a sua preservação. Por isso, é preciso conhecer 
o sistema que leva a esse direcionamento. As políticas públicas em Saúde vinculam-se às 
necessidades que a população tem em relação à saúde. 
Em algum momento de nossa vida, necessitamos de um atendimento relacionado 
à a saúde. Praticamente, essa necessidade já se inicia muito antes mesmo do nosso 
nascimento, quando, por exemplo, há a necessidade de se fazer o exame diagnóstico 
para a constatação da gravidez, de calcular o tempo de gravidez e da data provável do 
nascimento. Desta forma, desde o nascimento até o nosso óbito, há a necessidade e a 
busca por cuidados relacionados à saúde.
É muito comum relacionarmos a saúde pública ao Sistema Único de Saúde, na 
qual se vinculam diversas tipos de necessidades provenientes da população que nem 
sempre são atendidas imediatamente, principalmente por causa da grande procura por 
esse atendimento que tem como principal característica a gratuidade. Mas, nem sempre foi 
assim.
Portanto, para entendermos como chegamos ao que conhecemos hoje, inicialmente 
vamos traçar a trajetória política do Brasil com o objetivo de contextualizar as Políticas 
Públicas em Saúde, apresentando suas principais definições. Em seguida, será apresentado 
sobre o tema sanitarismo campanhista bem como da criação e o desenvolvimento do 
Ministério da Saúde. Ao final desta unidade, apresento a você os principais fatos, mais 
relevantes na luta pela democratização ao acesso à saúde.
Importante salientar, que a compreensão deste tema é de fundamental importância 
para balizar o vosso conhecimento, e servir de suporte para a sua compreensão dos 
próximos temas tratados na unidades deste livro. 
Portanto,prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.
8UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
1 POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: DEFINIÇÕES E HISTÓRICO
A Saúde Pública como um serviço gratuito foi assegurada pela legislação a partir da 
Constituição Federal de 1988. Para entendermos como a saúde pública brasileira, chegou 
ao atendimento gratuito e outras formas de atuação como conhecemos hoje, é preciso 
conhecer sua trajetória política historicamente. 
A Saúde Pública, se configura como Política Nacional, pautado na dimensão política 
e social. Para Lechopier (2015, p. 210), ela é considerada “tanto uma disciplina científica 
como um campo de políticas e ações relacionadas com a saúde da população”.
De acordo com Hack (2019), algumas iniciativas na área da saúde pública 
ocorreram após a vinda da corte Portuguesa ao Brasil em 1808. A elite era atendida por 
médicos formados no exterior enquanto o restante dos cidadãos eram atendidos por pajés 
e curandeiros. Assim, as primeiras ações públicas eram restritas a poucos profissionais, 
como médicos, farmacêuticos e o controle dos portos. Somente no início do século XX, 
é que as ações governamentais começaram a ocorrer principalmente relacionadas ao 
combate de epidemias e a algumas iniciativas de saneamento. Outras ações na área da 
saúde eram realizadas por profissionais de saúde com caráter de filantropia.
Sobre os antecedentes do Sistema Único de Saúde (SUS) - tema este que retrata o 
período da Administração Portuguesa e do início das Políticas Públicas na época da saúde 
do Império, da saúde da República e da institucionalização da Saúde Pública no Brasil até 
a criação do SUS - será descrito mais resumidamente na Unidade 2, tópico 2 do nosso livro 
didático.
9UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
Antes de compreendermos a definição de Políticas Públicas em Saúde, precisamos 
compreender o termo “Políticas Públicas” e posteriormente, o da “Saúde Pública”. O Estado 
como promotor do bem-estar da sociedade deve promover diversas ações e atuar nas mais 
diversas áreas. Como por exemplos: na área da educação, na área da saúde, na área do 
meio ambiente, dentre outras. 
Para conseguir atender à sociedade e promover o bem-estar utiliza-se das Políticas 
Públicas. 
De acordo com SOLHA (2014, p. 71) Políticas Públicas representam:
[...] diretrizes para nortear as ações em determinada área da vida social. 
Sua formulação envolve a discussão de vários atores da sociedade:gover-
no, legisladores, representantes de associações civis e de setores produtivos 
(comércio, indústria, transporte, entre outros), resultando em um consenso. 
Várias de suas proposições podem virar leis. Um bom exemplo, é a política 
Nacional do Idoso, que prevê ações que vão desde a assistência à saúde 
dessa população até a gratuidade do transporte público.
As Políticas Públicas, representam as ações e as decisões do Estado, voltadas 
para a solução de problemas presentes na sociedade. Conforme os autores Simões et 
al. (2008, p.5), “são a totalidade de ações, metas ou planos que os governos (nacionais, 
estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse 
público” e [...] “são definidas pelos governos e não pela sociedade”, principalmente porque 
as demandas da sociedade, representada pelos grupos organizados por exemplos, os 
Sindicatos, Associações, dentre outros, não conseguem se expressar de forma integral, 
por exemplos, por conta da diversidade (idade, religião, etnia, gênero, aspirações, etc), 
bem como da limitação dos recursos públicos, ora escassos ou limitados. 
REFLITA
Para Lopes (2019) “Para que serve um Estado Democrático, se a liberdade e os direitos 
são outorgados sob pressão?”
O interesse público refletido pelos grupos geram disputas entre si, cabendo 
aos formuladores de políticas públicas compreender e selecionar essas demandas e 
solicitações maximizando o bem-estar da sociedade, uma vez que não poderá atender à 
todos os grupos. Seus principais atores são: os estatais (políticos e servidores públicos) e 
os privados, ou seja a sociedade civil que não possuem vínculo com a estrutura do Estado 
representados por Sindicatos, Centros de pesquisa, Grupos de pressão ou de interesse, 
dentre outro (SIMÕES ET AL., 2008).
10UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
De acordo com Vasconcelos (2000) apud Borges (2002), a Saúde Pública faz parte, 
ou seja, é parte integrante das Políticas Públicas definidas como de responsabilidade pública 
e como direito social, ou seja, é entendida como política de proteção às pessoas. Envolve 
a compreensão da vida comunitária, dos seus costumes, diversidade e sociabilidade, enfim 
ela surge no momento da necessidade de assistência e proteção à saúde de pessoas. Já 
para Lopes (2019, p. 97) a ação objetiva ainda “a promoção, a proteção e a recuperação 
da saúde dos indivíduos”. 
Segundo Lopes (2019), os diversos atores da sociedade (Estado, pessoas, famílias 
e empresas) desempenham cada qual o seu papel. O Estado é considerado uma instituição 
política, já o governo tem a função de controlar as ações do Estado, utilizando os seus 
recursos da melhor forma. Se por um lado, temos a democracia emanada pelo povo - que 
estabelece confronto e debate, por outro temos o desinteresse e a desmobilização dos 
políticos.
De acordo com Winslow (1920) Apud Lechopier (2015, p. 209), para se atingir os 
objetivos da saúde pública, ou seja, “prevenir doenças, prolongar a vida e promover a 
saúde” os meios são:
(1) a sanitarização do ambiente; (2) o controle das infecções transmissíveis; 
(3) a educação individual da higiene pessoal; (4) a organização de serviços 
médicos e de enfermagem para o diagnóstico precoce e o tratamento preven-
tivo de doenças; (5) construir a maquinaria social para assegurar a todos um 
padrão de vida adequado para a manutenção da saúde.
Como podemos observar, os quatro primeiros itens estão relacionados à Saúde, 
entretanto o último item não é unicamente sanitária, mas sim envolve outros dois campos, 
a política e social. Por isso a saúde pública não é considerada somente como um campo 
para acesso à satisfação das necessidades de saúde e recursos, mas também um campo 
político em resposta a essas necessidades, incluindo também uma maior participação do 
cidadão (LECHOPIER, 2015).
Para Solha (2014, p. 71) “as políticas públicas sempre estiveram relacionadas ao 
momento histórico [...] modificada ao longo dos séculos XX e XXI, mas foi a partir de 1990 
que houve uma aceleração deste processo”. Segundo Lopes (2019), o Sistema Único de 
Saúde (SUS), instituído pela Lei n. 8090/90 reflete o desejo de seus legisladores, buscando 
nada mais do que reduzir a exclusão das comunidades necessitadas, na área da Saúde.
Nesse sentido, vamos conhecer quais são essas Políticas Públicas implementadas 
e desenvolvidas voltada às questões específicas, em sua maior parte com foco nas questões 
da saúde trazendo diversas responsabilidades aos gestores nos três níveis de Gestão: 
Federal, Estadual e Municipal.
11UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
2 DEFINIÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE
Solha (2014) categoriza as Políticas Nacionais em Saúde em:
● Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) promulgada pela Portaria n.2488 
de 21/10/2011;
● Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) promulgada pela Portaria 
n.3390 de 30 de Dezembro de 2013;
● Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) promulgada pela Portaria 
n.1600 de 7 de julho de 2011;
● Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) promulgada pela portaria 
n.687 de 30 de março de 2006;
● Política Nacional de Humanização em 2003;
● Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) lançado em 
1984;
● Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança - PNAISC - Saúde da 
Criança e do Adolescente em 2015;
● PolíticaNacional de Atenção à Saúde Integral do Homem (PNASIH);
● Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) em 2006.
● Política Nacional de Medicamentos - Assistência Farmacêutica - trajetória 
histórica desde a criação da CEME até Portaria de 2012 com a criação do 
Programa Farmácia Popular do Brasil.
12UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
Para Hack (2019), o alcance das políticas públicas para a Sociedade na área da 
saúde, ou seja, considerando o direito à saúde e o próprio SUS, podem ser destinadas a 
públicos específicos na promoção à saúde e categorizadas por tipo de atendimento, quais 
sejam: 1. Promoção a saúde de Públicos específicos, 2. por Tipos de Atendimentos , e, 3. 
Políticas da Humanização:
1. Promoção a saúde de Públicos específicos: contemplam a Saúde da população 
Indígena, Saúde da Mulher, Saúde do Homem, Saúde da Criança e a Saúde da Pessoa 
Idosa, além de outros como jovens e adolescentes, pessoas com deficiência, no sistema 
prisional, população negra e do campo e da floresta:
1.1 Saúde Indígena
Segundo a Constituição Federal de 1988 essa população é reconhecida como 
singular por seu tipo de organização formal, costumes, linguagem, etc. As especificidades 
desse atendimento estão previstas na Lei nº 8080/1990, conhecida como Lei Arouca, alterada 
em 1999, e junto ao Decreto nº 3.156/1999 dispõem sobre as condições de atendimento 
para esta categoria pelo SUS. Em 2002, o Ministério da Saúde aprova, por meio da Portaria 
nº 254, a Política Nacional à Saúde dos Povos Indígenas, reconhecendo que esta categoria 
tem especificidades culturais, comunitárias e epidemiológicas próprias, bem como existem 
diversas comunidades reconhecidas e respeitadas.
Devido às especificidades dessas comunidades é preciso capacitar as equipes, 
promovendo integração intercultural e assegurando a integralidade do direito à saúde. 
Exige também uma participação popular indígena no planejamento e avaliação dos serviços 
prestados. Neste sentido, o controle social deve ser exercido nos conselhos de saúde. 
1.2 Saúde da Mulher
A sua saúde está relacionada à maternidade (fertilidade, gestação, etc.), riscos de 
doenças com maior agravo, condições culturais e sociais vivenciadas, como por exemplo, 
violência doméstica ou sexual. 
Na Lei 8080/90 está subscrito o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato com 
direito à acompanhante. Amparada pelas Leis: 11.664/2008 (câncer na mulher), 11.634/2007 
(direitos da gestante),11.340/2006 (violência doméstica e familiar), 11.1008/2005 (altera a lei 
8080/90 parturientes), 10.778/2003 (notificação compulsória) e 9.263/1996 (planejamento 
familiar). 
13UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
Em 2004, o Ministério da Saúde formulou a Política Nacional de Atenção à Saúde 
Integral da Mulher envolvendo diversas questões como por exemplos: o atendimento 
qualificado, às especificidades de subgrupos populacionais (mulheres negras, presidiárias, 
etc.), a superação dos limites da saúde reprodutiva e sexual e a promoção da saúde da 
mulher.
1.3 Saúde do homem
A Saúde do Homem têm demandas relacionadas às doenças de maior incidência, 
causas de morte as de reprodução cultural. A Portaria n. 1944 institui a Política Nacional 
de Atenção Integrada à Saúde do Homem (doenças crônicas, as relacionadas à violência 
e indicadores de menor expectativa de vida em relação às mulheres), buscando integração 
com as políticas das mulheres, adolescentes e idosos e o investimento e promoção e 
prevenção do homem na APS (atenção primária em saúde), evitando seu agravamento.
1.4 Saúde da criança
Direito à Saúde e universalização pelo Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, 
Lei n. 8069/90, que define os direitos da população até 18 anos (crianças entre 0 e 11 
anos e adolescentes de 12 até 18 anos), quanto aos direitos fundamentais (vida e saúde, 
liberdade, dignidade e respeito, convivência familiar e comunitária, cultura, esporte e lazer, 
e, profissionalização e proteção no trabalho) e proteção, promoção e recuperação da saúde 
desde a gestação, com prioridade de atendimento em relação ao adulto, com exceção 
durante o período gestacional, ou seja, são ações transversais compreendendo mãe e filho.
Em 2015, dado às demandas diversas, é instituído a Política Nacional de Atenção 
Integral à Saúde da Criança - PNAISC com o objetivo de promover e dar proteção à criança 
e o aleitamento materno, com cuidados desde a gestação até os 09 anos, buscando reduzir 
a morbimortalidade. Também protegendo a criança em situações de violência, bem como 
dos adolescentes com fatores de riscos para a saúde, bem-estar e vida. Desde 2005, a 
Portaria n. 1.968, já prevê obrigatoriedade na notificação ao Conselho Tutelar para casos 
de maus-tratos (aspectos físicos, mental e social).
1.5 Saúde da Pessoa Idosa
Expressa na premissa do envelhecimento saudável e ativo, há um conjunto de 
demandas nesta área: maior incidência de doenças, acompanhamento das doenças 
crônicas e tratamento de doenças, tendo como referencial o Plano de Madri (sob a ótica 
de sua contribuição para a sociedade) e o Estatuto do Idoso fundamentado pela Lei n. 
14UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
10.741/2003. Em 2006, é instituída pela Portaria n.2.528 a Política Nacional de Saúde à 
Pessoa Idosa, considerados ainda como grupos prioritários na implementação da Rede de 
Atenção à Saúde - RAS.
2. Por Tipos de Atendimentos: contempla os atendimentos na Saúde Mental, 
Saúde Bucal e Atenção Farmacêutica.
2.1 Saúde Mental 
Antes privilegiado pelo Internamento, a partir da Lei n. 10.216/2001 tem como 
modelo a atenção psicossocial, alinhada a direitos humanos, superação de preconceitos, 
reconhecimento (identidade, autonomia e participação), redefinindo o modelo de atenção 
anterior, focado em atendimento para reinserção social e o direito à convivência familiar e 
comunitária, bem como com novos espaços de atendimento por exemplos o ambulatório 
(hospital-dia) e os centros de atenção psicossocial (Caps).
Essa Reforma Psiquiátrica rompe com o modelo anterior, o manicomial (ofertar 
cuidados, muitas vezes traduzidas em maus-tratos e controle de diferenças), envolvendo 
a reorganização dos hospitais e leitos psiquiátricos orientadas pela Portaria n. 251/2002, 
implementando o programa De volta pra Casa (reintegração social) e de novos espaços 
de saúde básica e ambulatorial, tipo o Caps, com fortalecimento na perspectiva de redes 
com a Portaria n. 3.088/2011, a Rede de Atenção Psicossocial - RAPS. Esse atendimento 
pressupõe ainda a reinvenção da cidadania, onde esses indivíduos são compreendidos 
como sujeitos sociais e políticos além da transformação epistemológica (processo de 
repensar, desconstruir e reconstruir conceitos), técnico-assistencial (organização e 
cuidados), jurídico-política (normalização dos termos) e sociocultural (abrange toda a 
sociedade). Esse modelo ainda é frágil e existem muitas resistências apesar do intenso 
movimento de luta antimanicomial.
2.2 Saúde Bucal
O atendimento odontológico é feito em Unidades Básicas de Saúde - UBS, com 
equipes atuando no tratamento dentário além de promoção e prevenção. O Ministério 
da Saúde em 2003, lançou a Política Nacional de Saúde Bucal, estabelecendo diretrizes 
para as ações de promoção e proteção à saúde bucal (informação e água fluoretada) com 
perspectivas de recuperação, evitando o agravamento dos problemas de saúde e reabilitação 
(integral e parcial) com desenvolvimento em níveis destacando que o campo prioritário de 
atendimento é a APS, reconhecendo a especificidade da criança e adolescente, adultos, 
15UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
idosos e gestantes, estabelecendo investimentos nos centros de referência de especialidades 
odontológicas - Creos em nível secundário e terciário de atenção, organizados de forma 
regionalizada para atendimentoscirúrgicos periodontais, dentística de maior complexidade, 
dentre outros, preservando a gratuidade e integralidade, disponibilizando inclusive, órteses 
e próteses, exames diagnósticos e medicamentos necessários.
2.3 Atenção Farmacêutica
Apesar de muitos não saberem, todo cidadão tem direito à medicação para o 
seu tratamento e recuperação à saúde. Entretanto, não é a todo tipo de medicamento 
disponível em razão de livre escolha, mas atrelado a sua necessidade e disponibilidade 
nos diferentes níveis de atenção. Em 1971, é criada a Central de Medicamentos - Ceme, 
vinculado ao Ministério da Previdência e Assistência Social e após ao Ministério da Saúde. 
Inicia-se assim a distribuição de medicamentos, com diversas fragilidades como a falta 
de adequação à necessidades regionais, desperdícios de investimentos em alguns tipos 
de medicamentos, dentre outros problemas de logística e distribuição, lacunas para os 
medicamentos de alto custo, prazo de validade, etc.
O novo formato composto pela Política Nacional de Medicamentos (Portaria n. 
3.916/1998) e pela Política Nacional de Assistência Farmacêutica, de 2004, envolve todas 
as esferas e gestores alinhadas a diretrizes para os medicamentos relacionados a adoção 
de medicamentos essenciais, regulamentação sanitária, reorganização da assistência, 
promoção do uso racional e da produção, desenvolvimento científico, tecnológico e 
capacitação de recursos humanos, garantia de segurança, eficácia e qualidade desses 
medicamentos. 
Na revisão dos medicamentos essenciais, está a Rename disponibilizado a lista 
oficial, atualizando constantemente os medicamentos a partir da lógica do SUS. Em 2005 
é criada a comissão Comare (Comissão técnica e multidisciplinar da Rename). Em 2017, 
por meio da portaria n. 1.897, é publicada a nova versão (classificação por níveis de 
complexidade e alfabética conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde - 
OMS), substituindo a de 2014, com gestão compartilhadas entre as federações e/ou por tipo 
de componentes, compreendendo os componentes: básico (Cbaf), estratégico (Cesaf) e 
especializado (Ceaf), e insumos e uso hospitalar. 
Embora haja a fundamentação legal (cobertura universal, integral e de qualidade) 
o que vemos ainda é a negação do direito, a omissão dos gestores, o não acesso aos 
medicamentos e insumos, fazendo com que a população busque por meio de ações judiciais 
a exigibilidade de seu direito.
16UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
3. Política Nacional da Humanização - PNH
Proposta em 2003, tem como objetivo humanizar os processos de gestão e 
assistência na área da Saúde evidenciadas na implementação do SUS, propondo 
principalmente o fomento à comunicação entre os componentes humanos, no intuito de 
melhorar o processos, por meio de: princípios, métodos, diretrizes e dispositivos que servem 
de orientação para a prática dos princípios da Humanização, quais sejam (BRASIL, 2011d 
APUD HACK, 2019):
3.1 Princípios - transversalidade, indissociabilidade na atenção e gestão, 
protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos.
3.2 Métodos - tríplice inclusão, inclusão dos diferentes sujeitos, analisadores 
sociais e do coletivo.
3.3 Diretrizes - clínica ampliada, co-gestão, acolhimento, valorização do trabalho 
e trabalhador, defesa dos direitos dos usuários, fomento à grupalidades, 
coletivos e redes, construção da memória SUS que dá certo.
3.4 Dispositivos - Grupos de trabalho e Câmara Técnica de Humanização, colegiado 
gestor, contrato de gestão, escuta qualificada para usuários e trabalhadores 
da saúde, visita aberta, direito a acompanhante, programa de formação do 
trabalhador e comunidade ampliada de pesquisa, equipe transdisciplinar de 
referência e apoio matricial, projetos co geridos de ambiência, acolhimento 
com classificação de riscos, projeto terapêutico singular e de saúde coletiva, 
projeto memória do SUS que dá certo. 
De acordo com Hack (2019), os resultados pretendidos e alcançados na PNH está 
diretamente atrelada a Qualidade na prestação dos serviços da saúde, ou seja, visa diminuir 
filas e agilizar o atendimento, melhorar o fluxo de informação, maior resolutividade do serviço 
na área da saúde, melhores condições de vida para o trabalhador e para o usuário do serviço 
SUS, garantir os direitos dos cidadãos, dentre outras formas de melhorar continuamente a 
prestação dos serviços na área da saúde.
As políticas públicas de saúde no Brasil estão relacionadas a diversos momentos 
históricos envolvendo descobertas científicas, a situação econômica e questões sociais, na 
qual a saúde do sistema Brasileiro passa por diversas fases, sendo modificada ao longo 
dos séculos e visando a sua qualificação até o momento que conhecemos hoje com a 
implementação do SUS (SOLHA, 2014).
No nosso próximo Tópico, vamos continuar essa trajetória histórica, dando continuidade 
aos investimentos na área da saúde, e a criação dessas políticas, que se estabeleceram 
como prioridade, porém visando o desenvolvimento econômico, no século XX.
17UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
3 SANITARISMO CAMPANHISTA DO INÍCIO DO SÉCULO XX
 
De acordo com Oliveira (2016, p.1), no século XX, o Estado investiu em imunização 
para evitar o alastramento das doenças, ou seja, o Estado torna “a vacina obrigatória, 
cujas intervenções eram impostas com severidade, transformando-se em caso de polícia”. 
Além da preocupação em relação às exportações, a outra preocupação eram os imigrantes, 
utilizados como mão de obra escrava, pois o seu adoecimento interferiria diretamente no 
desenvolvimento econômico, principalmente nas regiões urbanas.
Nesta época, as doenças como varíola e a hanseníase eram as que traziam maior 
atenção, por conta da forma de contágio, mas havia também a febre amarela e a malária. 
Neste sentido as intervenções do governo eram a partir de campanhas, imunização e 
controle sanitário, principalmente porque elas aumentavam devido às condições insalubres 
de moradia e no espaço de trabalho. Esse modo de intervenção autoritária ficou conhecido 
como modelo campanhista ou sanitarismo campanhista, devido às estratégias de 
atuação muito semelhante à atuação de campanha dos militares (HACK, 2019).
Uma frase muito conhecida em nossos dias, e não obstante à época, era de que “os 
fins justificavam os meios”. De acordo com Polignano (2001) Apud Hack (2019, p.23), “o 
uso da força e da autoridade eram legitimados”, ou seja, o governo ordenava, e por força da 
rigidez da lei os agentes de saúde, munidos de poder de polícia entravam nas residências 
e vacinavam os moradores.
18UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
REFLITA
Na história das políticas públicas prevalece os interesses de mercado, pois eles se so-
bressaem às necessidades da população. E, permanece desta forma na atualidade?
Fonte: a autora
Segundo Hack (2019), uma das ações mais conhecidas historicamente foi a 
vacinação contra varíola em 1904, que ocorreu de forma compulsória, levando a uma 
revolta da vacina, na qual os cidadãos negavam-se a ser vacinados. E porque essa revolta? 
A explicação seria pela ignorância de que o processo de imunização poderia assegurar 
saúde às pessoas ou porque ocorria de forma totalmente desvinculada de um processo 
de educação? Ou por conta da falta de um esclarecimento sobre a necessidade desta 
imunização? Ou ainda, por causa das consequências deste procedimento? 
Nesta época, até mesmo para se conseguir um emprego, ser matriculado em uma 
escola ou habilitar documentos ou ainda viajar, era indispensável a apresentação da carteira 
de vacinação. Fato este, não diferente do que ainda ocorrem em algumas instituições de 
ensino de nosso país ou quando vamos viajar para um ou outro país. Com o movimento 
violento, segundo a Fiocrus (2005) Apud Hack (2019), a vacina deixou de ser obrigatória, 
mas apesar da queda, houvedemanda espontânea em anos posteriores a epidemia de 
Varíola se tornou grave. Ainda segundo Hack (2019):
● Em 1918 com a gripe espanhola, evidencia-se a fragilidade do sistema de 
saúde, na qual foi criada a Liga Pró-Saneamento buscando uma reforma pela 
saúde, pois se tornava um entrave para o desenvolvimento do País. 
● Na mesma época, é criado o serviço de medicamentos para combater as 
endemias da época e fortalecer o ministério responsável pela gestão e, 
● Em 1921 há a expansão dos serviços de saúde para o capital internacional.
 
A atitude do Estado se torna mais agressiva principalmente quando há o contágio 
de Lepra e Tuberculose, cujas internações eram compulsórias, exigindo o afastamento do 
doente, levando-os à exclusão social, se traduzindo como desrespeito à dignidade humana. 
Registrava-se em alguns casos, fragilidades nos diagnósticos, levando pacientes a serem 
internados em Sanatórios, com diagnósticos de doenças mentais, por interesses privados, 
significando uma forma de controle da sociedade (HACK, 2019).
19UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
SAIBA MAIS
O Hospital Colônia de Barbacena (MG) tornou-se conhecido como o “Holocausto Brasi-
leiro”, dado às inúmeras violências e mortes ocorridas no estabelecimento. O livro tem 
como título: Holocausto Brasileiro: vida, genocídio e 60 mil mortes ocorridas no maior 
hospício do Brasil, e o documentário, de 2016,chama-se Holocausto Brasileiro.
Fonte: HACK, 2019.
20UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
4 MINISTÉRIO DA SAÚDE: CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
O Ministério da Saúde foi criado em 1953 por Getúlio Vargas, a partir da Lei n. 1920. 
Até então o Ministério da Saúde era parte do Ministério da Saúde, Educação e Cultura, 
com a finalidade de organizar e formular planos e programas voltados para a promoção, a 
prevenção e a assistência à saúde da população (OLIVEIRA, 2012). 
De acordo com Oliveira (2012, p. 37), os acontecimentos no âmbito da saúde, 
considerados significativos está relacionada à “criação do Ministério da Saúde em 1953 
e a reorganização dos serviços de controle das endemias rurais” [...], pois eles são 
relacionados [...] “a política de saúde pública da prevenção de doenças transmissíveis” [...] 
e previdenciária, que era restrita aos contribuintes e seus dependentes.
De acordo com Borges (2002, p. 3) até a década de 60, “a assistência à saúde 
caracterizou-e basicamente pelo modelo médico-sanitário com duas vertentes bastantes 
distintas”, sendo: 1 - epidemiológica - pautada unicamente no controle de doenças em 
escala social e, 2 - clínica - oferecer atendimento médico a quem fizesse parte do sistema 
previdenciário.
De acordo com Oliveira (2012), o Ministério da Saúde já passou por diversas 
reformas, buscando sua estruturação. Em 1974, por exemplo, englobava as secretarias de 
Saúde e de Assistência Médica, passando a formar a Secretaria Nacional de Saúde. 
Com a exclusão de determinados segmentos da saúde no atendimento público e 
diversos problemas relacionados às questões econômico sociais, alguns profissionais se 
mobilizam, dentre eles, políticos, sindicalistas, etc., trazendo novas formas de pensar a 
21UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
saúde pública, que se fortaleceu com o movimento sanitário da década de 70, denominado 
movimento sanitário, cujos principais locais destes eixos norteadores foram as universidades, 
onde a saúde era discutida criticamente.
É nessa época, que as discussões giravam em torno da saúde pública do país, 
tratando sobre temas como a participação popular, a democratização das condições de 
trabalho, a humanização no atendimento, ou seja, buscar a resolutividade. 
Para Borges (2002, p. 5) “o subsistema público foi se tornando cada vez mais 
precário” e foi nesta base de conflitos que foram [...] “se fortalecendo os movimentos em 
defesa da reforma Sanitária” levando a “aprovação do SUS no final da década de 80”. Ainda 
segundo o Borges (op.cit.), o movimento da Reforma, buscou também a democracia, e foi 
com a realização do Simpósio Nacional de Políticas de Saúde em 1979, que se propuseram 
novas orientações na área da saúde, já pensando na integralidade e descentralização da 
saúde, porém não se priorizou essas novas propostas nesta época.
Somente na década de 80, a partir da Constituição Federal de 1988, determinou-se 
que era o dever do Estado garantir saúde a toda a população, época, da criação do Sistema 
Único de Saúde (SUS). Nos anos 80 e 90 se fortalece o processo de redemocratização do 
país acompanhado por profundas crises nas políticas em Saúde. Nessas décadas, segundo 
Campos (1997a) apud Borges (2002, p. 5), “a saúde funcionou dentro de um sistema plural, 
onde vários modelos diferentes de assistência conviveram - um subsistema público, um 
privado e um liberal”.
Segundo Oliveira (2012), em geral, em programas de governo neoliberal, existe a 
crença de que o Estado deve ser mínimo. Desta forma, cada pessoa cidadã, deveria ser 
responsável pela sua saúde, afinal, é para isso que existem os planos de saúde e privados, 
cabendo ao Estado apenas demandas não atendidas pelo Mercado. No Brasil, temos as 
duas formas de prestação de serviços. Parte dela para o Estado, que assume geralmente 
os custos mais caros não cobertos pelos Planos de Saúde e parte para o mercado privado. 
Mas, a luta pela reforma sanitária, como aponta Fleury (1997) apud Borges (2002, p.5):
[...] está intimamente ligada à democracia, na medida em que havia em suas 
propostas, formulações doutrinárias para o encontro de ideais igualitários e 
a tentativa de transformações das políticas públicas, através da regulamen-
tação e responsabilização do Estado pela proteção à saúde dos cidadãos.
Esta época ficou caracterizada por lutas pela democratização na área da saúde, 
principalmente, pela necessidade que a população tinha do acesso à saúde.
22UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
5 LUTAS PELA DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À SAÚDE
Na década de 30, segundo Côrtes et al (2009, p. 41), o Conselho era mais um órgão 
consultivo do Ministério da Educação e da Saúde Pública, sendo somente na década de 90 
que seu papel é redefinido como “palco central dos embates sobre a reforma do sistema 
brasileiro de Saúde [...] e [...] “se torna um canal para a representação dos interesses dos 
atores diante do Estado”. E, como foi essa evolução? 
De acordo com Borges (2002), diversas Conferências Nacionais de Saúde (CNS), 
instituídas pela Lei n.378 de 1937 em diante avaliam o desenvolvimento no campo da 
saúde. Em 1963, realizou-se a III CNS e nos movimentos se reivindicava o direito Universal 
a um Sistema de Saúde, buscando a melhoria do bem estar da saúde Brasileira.
De acordo com Lopes (2019), a partir da década de 60 houve uma maior participação 
dos indivíduos da sociedade civil na política. Mas foi em 1986, antes da Constituição Federal 
de 1988, de acordo com Borges (2002) e Baptista (2007), na 8ª Conferência Nacional da 
Saúde que os principais temas foram abordados, dentre eles, o direito, a reformulação do 
sistema e o financiamento setorial, na qual a saúde passou englobando outras questões 
importantes como: as condições de alimentação, habitação, renda, meio ambiente, trabalho, 
transporte, lazer, dentre outras.
Nesta época, de acordo com Baptista (2008, p.45-45) o cenário da década de 80:
23UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
[...] iniciou-se em clima de redemocratização, crise política, social e institu-
cional do Estado Nacional. A área social e, em especial, a previdência social 
vivia uma crise profunda, assumindo medidas de racionalização e reestrutu-
ração do sistema. No âmbito da saúde, o movimento da Reforma Sanitária 
indicava propostas de expansão da área de assistência médica e previdên-
cia, intensificando os conflitos de interesse com a previdência social e envol-
vendopoder institucional e pressões do setor privado.
Segundo os autores, Côrtez et al. (2009, p.52), até a reformulação da década de 
90, o conselho era considerando um “conselho de notáveis”. A participação da sociedade 
se deu em outros espaços, aparecendo em destaque a Comissão Nacional da Reforma 
Sanitária com representação da população e de trabalhadores da saúde, considerado um 
embrião da nova composição dos conselhos.
Para Hack (2019), o êxito da população na CF de 1988 não está atrelado apenas 
ao direito à saúde, mas também à sua dimensão democrática, ou seja, à participação do 
cidadão na condução política do País, pois não se trata apenas de voto, e sim de democracia 
participativa (participação do cidadão na gestão pública) a partir da iniciativa popular, 
do plebiscito e do referendo. Isso significa Controle Social (elaboração, implantação e 
fiscalização) das Políticas Públicas.
Segundo Lopes (2019), uma das formas de participação, já previstos em leis e 
políticas governamentais, são os conselhos gestores. Esses conselhos são formas 
institucionalizadas de participação da comunidade nas políticas públicas. De acordo com 
Cortês et al (2009), antes mesmo da promulgação da Lei n.8142, o antigo conselho de 
saúde, já não existia mais, o conselho continuou integrando o Ministério da saúde, porém, 
agora com caráter deliberativo.
Sua regulamentação, segundo Hack (2019), de forma mais específica, ocorre 
em 1990, com a Lei de n. 8.142 com a criação dos Conselhos (espaços permanentes e 
legítimos de discussão e tomada de decisões de conselheiros, ou seja, decisões de caráter 
deliberativos, na área da saúde nos níveis Municipal, Estadual e Federal, com diversas 
competências conforme Resolução n. 333/2003 do CNS-Conselho Nacional de Saúde) e 
posteriormente com as Conferências em Saúde (encontros ampliados, com representantes 
governamentais e da sociedade civil - delegados). Nestas conferências é que são discutidas 
as políticas específicas e o desenvolvimento da política de saúde, com caráter deliberativo.
24UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
SAIBA MAIS
O Cidadão pode participar das assembléias dos conselhos e das conferências em saú-
de. Nestes espaços, entretanto, ele pode participar apenas como ouvinte, porém tem 
direito à voz quando quer expressar sua opinião, porém sem direito a voto.
Fonte: a autora
É importante salientar, conforme Lopes (2010, p.22), “para que o cidadão exerça 
sua participação, deve lutar organizadamente, pela divisão de responsabilidades dentro do 
governo, no intuito de instituir uma linguagem democrática não excludente” nesses espaços 
participativos.
25UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Logo no início desta unidade compreendemos um pouco mais sobre as definições 
de políticas públicas e políticas de saúde. Como pudemos perceber as políticas da saúde 
são parte integrante das políticas públicas, entendidas aqui como ações voltadas ao campo 
social orientadas pelas políticas de Estado que visam principalmente ao bem-estar público. 
Neste sentido, as políticas na saúde pública visam a promover, proteger e recuperar a 
saúde das pessoas em uma sociedade.
Na área das Políticas Públicas em Saúde, você pode perceber, que ela se destina 
a públicos específicos como a mulher, o homem, as crianças e adolescentes, a pessoa 
idosa e indígenas, bem como promove o atendimentos voltados à saúde mental, bucal e 
farmacêutica, tanto na saúde básica, de atenção hospitalar, de atenção às Urgências, e de 
promoção à saúde, além das políticas de Humanização.
Analisando o contexto histórico das políticas públicas, percebemos que desde 
1808 com a colonização portuguesa no Brasil, já haviam ações voltadas à saúde pública, 
entretanto as intervenções eram no sentido de evitar o alastramento de doenças contagiosas, 
como por exemplo a varíola e a lepra. Neste sentido, as intervenções governamentais eram 
realizados por meio de campanhas, imunização e controle sanitário, de modo autoritário, 
ou seja, com uma atuação semelhante à campanha dos militares sendo conhecida como 
modelo campanhista ou sanitarismo campanhista.
Até chegar ao modelo de saúde que conhecemos hoje, a saúde pública passou 
por diversas reformas, desde a criação do Ministério da Saúde, primeiro porque atuava 
unicamente no controle de doenças em escala social e porque oferecia atendimento médico 
a quem fizesse parte do sistema previdenciário, levando à uma precariedade da saúde 
individual para boa parte da sociedade. A reforma sanitária está relacionada à integralidade 
e descentralização da saúde e a democratização da sociedade, ou seja, a participação nas 
políticas públicas. Isto vem a englobar outras vertentes como as condições de alimentação, 
habitação, renda, meio ambiente, trabalho, dentre outros na área da saúde. Somente ao 
final da década de 80, com a Constituição de 1988, que se adota o modelo de seguridade 
social.
Um Abraço e até a próxima Unidade!
26UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
LEITURA COMPLEMENTAR 
Segundo a Organização Pan-Americana (OPAS, 2003), os problemas de saúde 
mais recorrentes neste segmento populacional (Quilombolas) estão associados às 
desigualdades históricas que condicionam a pobreza e reduzem o acesso aos serviços 
de saúde. A luta do movimento negro possibilitou essa mudança de olhar. A Marcha Zumbi 
dos Palmares, ocorrida em 1995, resultou na criação do Grupo de Trabalho Interministerial 
para a Valorização da População Negra. No ano seguinte, o Grupo de Trabalho realizou 
em Brasília a mesa-redonda intitulada “Saúde da População Negra”, que contou com a 
participação de cientistas, sociedade civil organizada, médicos e técnicos do Ministério 
da Saúde, cujo relatório final passou a fazer parte das bases conceituais sobre o assunto. 
Alguns anos depois, no âmbito do Ministério da Saúde, houve a criação do Comitê Técnico 
de Saúde da População Negra, por meio da Portaria nº 1.678/2004 e, posteriormente, foi 
instituída a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, por meio da Portaria 
nº 992/2009.
No contexto específico das comunidades quilombolas, em 2006, o Ministério da 
Saúde (MS) garantiu o acréscimo de 50% nos valores repassados por equipes de saúde a 
municípios que atendessem populações quilombolas e de assentamentos de reforma agrária, 
conforme a Portaria nº 822/GM/MS, alterando os critérios de definição das modalidades da 
Estratégia Saúde da Família. As comunidades quilombolas também foram referidas em 
outros documentos, como na Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, em 
2009, e na Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta, 
instituída pela Portaria nº 2.866/2011.
Contudo, estudos apontam que os gestores municipais não compreendem o 
princípio da equidade do SUS (Sistema Único de Saúde), desconhecem a política específica 
para a população negra, além de não reconhecerem a importância do acréscimo de 50% 
dos valores repassados pelo governo federal aos municípios que registram atendimento às 
comunidades. O movimento negro, em especial o movimento quilombola, tem contribuído 
para dar visibilidade às comunidades. No entanto, por mais que a luta tenha avançado nos 
últimos anos, ainda há uma invisibilidade quanto à presença das comunidades nos serviços 
públicos de saúde. Esta falta de reconhecimento da presença destes grupos dificulta a 
construção de uma política pública de saúde que dê conta das especificidades, bem como 
impossibilita a busca dos recursos públicos para a construção desta política. 
Fonte: MELLO, W.F. Comunidades quilombolas e políticas de saúde. 2017. 
Texto extraído parcialmente: <https://terradedireitos.org.br/acervo/artigos/comunidades-quilombolas-e-
politicas-de-saude/22602>. Acesso em: 15 nov. 2019.
http://agenciapatriciagalvao.org.br/racismo_/negar-racismo-faz-psicanalise-brasileira-reeditar-sofrimento-psiquico-social-aponta-psicologa/?utm_term=Negar+racismo+faz+psicanalise+brasileira+reeditar+sofrimento+psiquico+social%2C+aponta+psicologa&utm_campaign=Jornalistas&utm_source=e-goi&utm_medium=emailhttp://agenciapatriciagalvao.org.br/racismo_/negar-racismo-faz-psicanalise-brasileira-reeditar-sofrimento-psiquico-social-aponta-psicologa/?utm_term=Negar+racismo+faz+psicanalise+brasileira+reeditar+sofrimento+psiquico+social%2C+aponta+psicologa&utm_campaign=Jornalistas&utm_source=e-goi&utm_medium=email
27UNIDADE I Políticas Públicas em Saúde: Definição e Histórico
MATERIAL COMPLEMENTAR 
LIVRO 
Título: Políticas e Sistema de Saúde no Brasil
Organizadores: Lígia Giovanella, Sarah Escorel, Lenaura de 
Vasconcelos Costa Lobato, José Carvalho de Noronha, Antonio 
Ivo de Carvalho
Editora: Fiocruz
Ano: 2008
Sinopse: Como desconhecer o que é a política de saúde, o que 
é o Sistema Único de Saúde (SUS), os determinantes sociais, 
as condições de saúde e as desigualdades do acesso no Brasil? 
Esta obra consolida o conhecimento crítico sobre o sistema de 
saúde brasileiro produzido ao longo dos últimos trinta anos. Ele 
inclui os eixos de análise individual/coletivo, clínico/epidemiológico 
e público/privado, além de congregar autores com experiência 
na gestão de serviços e do próprio sistema, nos três níveis da 
federação. 
FILME/VÍDEO 
Título: Políticas de Saúde no Brasil: um Século de Luta pelo Direito 
à Saúde
Ano: 2006
Sinopse: Esse vídeo, feito pelo Ministério da Saúde, aborda de 
maneira leve, divertida e pedagógica, a história das políticas de 
saúde no Brasil, destacando os mecanismos que foram criados 
para a implantação do SUS. Sua narrativa central mostra como 
a saúde era considerada, no início do século XX, um dever da 
população, com as práticas sanitárias implantadas autoritariamente 
pelo Estado, de modo articulado aos interesses do capital, e como, 
no decorrer do século, através da luta popular, essa relação se 
inverteu, passando a ser considerada, a partir da Constituição de 
1988, um direito do cidadão e um dever do Estado.
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=L7NzqtspLpc>
28
Plano de Estudo:
• Sistema Único de Saúde (SUS)
• Antecedentes Históricos do SUS
• Constituição de 1988 e a criação do SUS
• Lei Orgânica da Saúde (LOS) nº 8.080/90 e nº 8.142/90
• Universalização do acesso à saúde: avanços e obstáculos
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar o Sistema Único de Saúde (SUS)
• Conhecer os antecedentes e Histórico do SUS
• Compreender como se deu a criação do SUS e a Constituição de 1988
• Conhecer os fundamentos da Lei Orgânica da Saúde 
• Compreender o princípio da universalização do acesso à saúde, os seus avanços e 
obstáculos
UNIDADE II
Sistema Único de Saúde (SUS)
Professora Mestre Mirian Aparecida Micarelli Struett
29UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a)!
Nesta Unidade iremos aprofundar um pouco mais o vosso conhecimento sobre o 
Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto, iniciaremos com a contextualização e os conceitos 
e responsabilidades no Sistema Único de Saúde (SUS), apresentando seus antecedentes 
históricos buscando compreender como se deu a sua criação e como a Constituição de 
1988 corrobora para sua criação. Em seguida você irá conhecer os fundamentos da Lei 
Orgânica da Saúde (LOS) e compreender a relação entre a universalização do acesso à 
saúde, bem como dos avanços e obstáculos do SUS.
Neste sentido, logo no início traçaremos uma visão geral do SUS, apresentando seus 
princípios e diretrizes, abrangência, responsabilidades e importância na Sociedade, bem 
alguns dos resultados obtidos após sua criação. Em seguida, traçaremos os antecedentes 
históricos do SUS que se inicia na saúde da Colônia e do Império, passando pela saúde 
na República, Institucionalização da saúde Pública e movimento sanitário culminando da 
Constituição de 1988 e na criação do SUS. A Constituição Federal é um grande marco para 
a população Brasileira e nela estão presentes alguns princípios fundamentais para garantir 
a Saúde das pessoas.
Dando continuidade, conheceremos um pouco do que tratam as Leis 8080 e 8142 
de 1990, cujas leis que irão proporcionar um melhor entendimento sobre como o SUS irá 
funcionar para atender aos objetivos propostos na Constituição Federal de 1988, sobre as 
políticas de saúde, a participação popular e repasses de recursos para o funcionamento do 
SUS. 
E, ao final desta unidade, trataremos sobre a Universalização da Saúde, 
apresentando os avanços e os obstáculos no Brasil, para o atendimento deste princípio 
fundamental.
Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.
30UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
1 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
De acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS, 2011), 
o Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído por um conjunto de ações e de serviços 
de saúde gerenciado pela gestão pública. Ele é organizado em redes regionalizadas e 
hierarquizadas no Brasil inteiro, com direção única em cada esfera de governo, entretanto 
sua estrutura não é isolada quando se trata da promoção dos direitos dos cidadãos. Portanto 
as ações do SUS fazem parte do contexto das Políticas Públicas de Seguridade social 
(saúde, previdência e Assistência Social).
Algumas correntes de pensamento tratam o Sistema Único de Saúde (SUS) como 
algo acabado e fazem comparações. Entretanto, ele não está acabado, pois se apresenta 
por princípios e diretrizes em contínua transformação. Neste sentido, Elias (2008, p.14) de 
maneira sintética descreve:
O SUS são princípios e diretrizes. O SUS fundamenta-se em três princípios: 
universalidade, igualdade e equidade. A equidade como princípio comple-
mentar ao da igualdade significa tratar todas as diferenças em busca da 
igualdade. As diretrizes do SUS são três: descentralização, participação da 
comunidade através dos Conselhos de Saúde e o atendimento integral, ou 
seja, prover as ações curativas e as ações preventivas necessárias.
As ideias que construíram o SUS foram legitimadas da seguinte forma (BRASIL, 
1988 Apud SOLHA, 2014, p. 15):
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações de serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação.
31UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
REFLITA 
A construção da saúde é de responsabilidade única do SUS ou de toda a sociedade?
Para CONASS (2011) e SOLHA (2014), este dever deve ser cumprido nas três 
esferas do poder público (Federal, Estadual e Municipal) conforme estabelecido pela Lei n. 
8080/90, em seu artigo 9º a direção deve ser única em cada esfera e deve contemplar a 
participação da comunidade na gestão do SUS relacionadas às transferências de recursos 
dentre outras providências conforme estabelecido pela Lei n. 8142/90, da qual trataremos 
nos tópicos seguintes, ainda nesta unidade.
De acordo com Solha (2014, p. 15) “a construção da saúde não seria responsabilidade 
única do SUS, mas que todos os setores da sociedade devem participar ativamente [...] 
pois as condições de vida são fundamentais para elevar o nível de saúde das populações”.
Em síntese, o SUS foi criado pela Constituição Federal (CF), também chamada de 
“Constituinte Cidadã” em 1988, e regulamentado pelas Leis n. 8080 e 8142 de 1990. As 
duas leis juntas foram a Lei Orgânica da Saúde (LOS), assunto que trataremos em outros 
tópicos desta unidade e nas próximas unidades deste livro.
O SUS ao longo das últimas duas décadas, consolidou-se como a maior Política 
de Estado por promover a inclusão e justiça social. Portanto, o SUS deve ofertar a todos 
indistintamente “um conjunto de serviços sanitária e socialmente necessários, com base em 
protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas e por meio de amplo movimento de discussão 
envolvendo os gestores da saúde na Comissão Intergestores Tripartite e o Conselho 
Nacional de Saúde” (CONASS, 2011, p. 29).
A partir das definições legais da CF e da Lei Orgânica da Saúde (LOS), iniciou-se o 
processo deimplantação do SUS pactuado ao Ministério da Saúde, CONASS e Conasems 
(Conselho Nacional das Secretarias Municipais). Todo o processo de construção do SUS, 
foi orientado pelas Normas Operacionais SUS (NOB-SUS) instituídas a partir de portarias 
ministeriais, para definição de competências em cada esfera e a forma de receber os 
repasses de recursos do Fundo Nacional da Saúde, a exemplo disto, foram criadas as NOB-
SUS 01/91, NOB-SUS 01/92,NOB-SUS 01/93 e NOB-SUS 01/96. Já em 2001 e 2002 foram 
publicadas as NOB-SUS 01/01 e 01/02 da Assistência à Saúde. Essas normas têm como 
objetivos para o SUS: induzir/estimular mudanças, aprofundar/reorientar implementação e 
a definir objetivos (estratégicos, prioridades, diretrizes e movimentos tático-operacionais), 
regular as relações entre os gestores e normatizar (CONASS, 2011; SOLHAS, 2014).
32UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
SAIBA MAIS
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos sistemas de 
saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da 
pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo 
acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. A atenção integral à 
saúde, e não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os 
brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com qualidade de 
vida, visando a prevenção e a promoção da saúde. Conheça a estrutura, os princípios e 
funcionamento do SUS na sua íntegra, acessando o link a seguir:
Disponível em: <http://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude#o-que-e>
A seguir, no próximo tópico, vamos conhecer um pouco sobre os antecedentes 
do Sistema Único de Saúde, que começa com a Administração Portuguesa no Brasil, 
demonstrando como era a saúde na época do Império, a saúde da República até a 
institucionalização da saúde pública, bem como do movimento da reforma sanitária até a 
criação do SUS.
33UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO SUS
A Administração Portuguesa no Brasil no século XVIII, buscava o combate às causas 
das doenças, até então não se falava sobre saúde e sociedade, cuja finalidade médica e do 
Estado era evitar a morte. A partir do século XIX inicia-se um processo de transformação 
econômico-política no Brasil, nascendo a medicina social com duas características (reflexão 
e prática médica no meio urbano e apoio científico indispensável ao exercício do poder do 
Estado). Desta forma, efetivamente no século XX iniciam-se as Políticas Públicas, visando 
a enfrentar as questões sanitárias no país (CONASS, 2011):
A Saúde na Colônia e no Império 
● Com a vinda da Coroa Portuguesa, a saúde na colônia e no Império iniciaram-se 
na cidade do Rio de Janeiro, considerado como centro das ações sanitárias. Era 
necessário criar centros de formação de médicos. Por ordem real, iniciam-se as 
academias médico-cirúrgicas no RJ e na Bahia. 
● Em 1829 foi criado a Junta de Higiene Pública, considerado ineficaz, em 1851 
se transforma em Junta Central de Higiene Pública com objetivos de inspeção, 
vacinação, controle do exercício da medicina e a política sanitária da terra 
englobando inspeção de alimentos, farmácias, armazéns de mantimentos, 
dentre outros. 
34UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
● Até 1850 as atividades relacionadas à saúde pública eram relacionadas às 
atribuições sanitárias às juntas e o controle de navios e saúde dos portos, ou 
seja, controle mínimo do capital do Império. 
● A junta não resolveu totalmente a saúde pública, mas marca uma nova etapa 
da higiene pública, mantida até século XIX. Esse período termina sem alcançar 
os efeitos desejados, ou seja, sem que o Estado viesse a solucionar os graves 
problemas de saúde.
A Saúde na República 
● Com a ideia de modernizar o Brasil, a Proclamação da República em 1889, vê 
a necessidade de atualizar economia/sociedade redefinindo os trabalhadores 
como capital humano, e neste contexto a medicina assume papel de guia 
para assuntos sanitários. Nesta época, o Brasil era mais rural e apresentava 
um contingente de 70% de analfabetos e doentes, com intensos conflitos 
entre capital e trabalho e no âmbito de políticas sociais, cabia aos Estados a 
responsabilidade da saúde, saneamento e educação. 
● As políticas de saúde, com início final da década de 1910, buscava a consciência 
política sobre o modelo sanitário a ser adotado. No início do século XX, Rio de 
Janeiro, apresentava um quadro sanitário caótico com diversas doenças graves 
(varíola, malária, febre amarela e a peste), levando os navios estrangeiros a não 
quererem atracar no Porto do RJ. Exigia assim, uma intervenção Estatal nas 
questões relativas à saúde. 
● A atenção para as epidemias da cidade, como a peste bubônica de 1899, no porto 
de Santos dá início a pesquisas no Instituto Soroterápico Federal, transformado 
posteriormente em Fundação Oswaldo Cruz e no Instituto Butantan-SP formando 
médicos com influência da pesquisa da França e Alemanha com concepção 
para doenças transmissíveis e propostas de ações na política pública. 
● Outros nomes como Carlos Chagas, Adolpho Lutz, Arthur Neiva e Vital Brasil, 
destacam-se rumo a Saúde Pública e criação de instituições com um ativo 
movimento de reforma sanitária sob a liderança de médicos higienistas com a 
criação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) em 1920. 
● Medidas de proteção social - assistência médica tem papel legal como política pública 
em 1923 com a aprovação da Lei Elói Chaves. Nesta época, os trabalhadores se 
organizavam para lidar com problemas de invalidez, doença e morte. 
35UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
● Cria-se as Caixas de Aposentadorias (CAPs), dando início a responsabilidade 
do Estado pela a regulação dessas concessões de benefícios e serviços e da 
assistência médica, sem no entanto participar diretamente do custeio das caixas, 
ou seja, era mantido por empregados e empregadores. Somente na década de 
60, o rural é contemplado com a criação do FUNRURAL.
Institucionalização da Saúde Pública 
● A década de 30 (Governo Vargas) é um marco nas políticas sociais no Brasil. 
Em 1937, com a promulgação da nova Constituição reforça-se o centralismo e 
a autoridade (ditadura no Brasil) e na déc. 40 há a imposição de um Sindicato 
com exigência de pagamento de contribuição sindical. 
● Em 1943 é homologada a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e a massa 
assalariada é o ponto de sustentação política do governo e ao mesmo tempo 
criam-se a estrutura sindical do Estado. 
● Em relação à Previdência Social, o antigo CAPs é substituído pelos Institutos 
de Aposentadorias e Pensões (IAP). A principal mudança consistiu na criação 
do Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP), fazendo a prestação de 
serviços para os pré-cidadãos, ou seja, que não tinham emprego formalizado. 
● Com a nova constituição de 1946, ainda no governo Vargas, inicia-se uma 
experiência democrática, com estrutura em múltiplos programas e serviços de 
campanhas e ações sanitárias, com novos contornos políticos/sociais até 1964. 
Alguns marcos constitucionais são: a criação do ministério da saúde em 1953 e 
a reorganização dos serviços do Departamento Nacional de Endemias Rurais 
em 1956, a campanha nacional (Lepra, malária, etc. )de 1958 a 1964, a 3ª 
conferência em saúde em 1963 (último evento da experiência democrática).
● No período militar (1964-84) houve o predomínio financeiro das instituições 
previdenciárias afetando profundamente a medicina previdenciária e saúde 
pública. 
● Em 1966 as IAPs foram unificadas como Instituto Nacional de Previdência 
Social (INPS), gerenciado pelo Estado e a saúde pública é relegada a segundo 
plano tornando-se ineficaz e conservadora, com atuação somente a campanhas 
de baixa eficácia e diversos problemas sociais (altas taxas de mortalidade, 
repressão política, recessão,etc).
36UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
● Na década de 70, houve uma maior expansão da assistência médica, com a 
construção e reforma de clínicas e hospitais privados financiados pela Previdência 
Social, com enfoque na medicina curativa. Esses repasses tornaram-se fonte 
de corrupção. 
● Em 1975 o modelo da ditadura militar entra em crise, por ter sido ineficaz em 
solucionar os problemas coletivos de saúde (mortalidade, endemias, epidemias, 
etc.), custos altos, redução de receitas, incapacidade de atendimento a todos os 
marginalizados (sem carteira), desvios de verba e não repasses da União para 
o sistema tripartite (empregador, empregado e união).
Movimento Sanitário 
● Marcado por movimentos sociais e denúncias da situação é discutido em 
Congressos, as doenças e degradação da qualidade de vida das pessoas. Em 
1968 é incorporado à medicina preventiva nas faculdades, com a criação dos 
Departamentos de Medicina Preventiva (DMPs).
● Há uma forte crítica aos efeitos da medicalização, com a valorização da medicina 
tradicional, com programas alternativos de medicina comunitária focados na 
atenção primária realizado por pessoal não qualificado.
● Em 78 é discutida a elitização da prática médica, e o foco passa a ser a saúde 
coletiva. Houve um confronto teórico com o movimento preventivista liberal com 
diálogos reformista tendo como base conceitual correntes marxistas, já iniciada 
em 1974 com críticas do regime e ressurgimento de movimento estudantil, da 
anistia e do novo sindicalismo.
● O II Plano Nacional de Desenvolvimento(PND), denunciava a carência de 
capacidade gerencial e estrutura técnica no campo social (saúde, infraestrutura 
de serviços urbanos) culminando na criação do Conselho de Desenvolvimento 
Social (CDS) para a criação de políticas sociais e sua legitimação, porém acabou 
criando pessoas com pensamentos contrários em seu setor.
● No Governo Geisel (1974-79), houveram propostas ao movimento sanitário 
privilegiando a medicina curativa e detrimento à preventiva de interesse 
coletivo, propiciando assim novamente à corrupção (procedimentos cirúrgicos 
desnecessários com excessos de ações médicas para a promoção do 
superfaturamento).
37UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
● No Governo Figueiredo, influenciado pelo II PND do governo Geisel pareceu mais 
promissor, entretanto não conseguiu concretizar a unificação dos Ministérios 
(previdência e da saúde) para alcançar resultados na reforma pretendida.
● Em 1980, criou-se o Programa Pró-saúde, chamada mais tarde de Prev-saúde 
(programa de atenção primária com atendimentos por nível de complexidade), 
porém sem mudar significativamente a rede hospitalar privada. Apesar do 
paradigma das reformas se incorporarem ao ideário do movimento sanitário, 
ainda havia uma forte contestação do sistema de saúde governamental, 
caracterizadas pelo apelo à democratização do Sistema, com participação 
popular, universalização dos serviços, etc.
● Em 1981 resultou o lançamento do pacote da previdência, com aumento de 
alíquotas de contribuição e, neste contexto, foi criado o Conselho Consultivo de 
Administração Previdenciária (CONASP) como organizador e racionalizador da 
assistência médica reorientando a assistência à Saúde com as ações integradas 
de saúde (AIS) por meio de convênios entre a maioria dos Estados e Municípios. 
Apesar de todos os problemas, significou um avanço na área ambulatorial, 
contratação de recursos humanos, articulação dos serviços municipais, revisão 
dos serviços privados e participação da população na gestão. No advento da 
Nova República, o movimento sanitário ocupa todos os espaços de discussão 
articulado com lideranças políticas. 
● Em 1985, chega ao fim o regime militar e aumenta a liderança do movimento 
sanitário. 
● Convoca-se a 8ª Conferência Nacional de Saúde(1986), com Sérgio Arouca, 
Presidente da Fundação Oswaldo Cruz, momento este de reformulação mais 
profunda no movimento de democratização da saúde e fortalecimento do 
sistema de saúde público, criando-se um documento base o conceito de saúde 
como “resultante das condições alimentação, habitação, educação, renda, meio 
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de 
terra e acesso aos serviços da saúde” (p.22).
● Ainda em 1986, ocorre a unificação do INAMPS com o Ministério da Saúde, na 
qual o setor saúde receberia recursos do INAMPS. Nesta Conferência, discute-
se a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) como um novo arcabouço 
institucional com separação da saúde e da previdência.
● Com a Comissão da Reforma Sanitária, e a discussão sobre financiamento 
e operacionalização do SUS em 1987, criou-se o Sistema Unificado e 
38UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
Descentralizado de Saúde (SUDS), considerado como estágio evolutivo da 
AIS, transferiria os recursos do INAMPS para os serviços do Estado, mediante 
convênio, no intento de fazer com que os recursos forem adequadamente 
direcionados.
● O SUDS consistiu em uma estratégia junto com a Comissão Nacional de Reforma 
Sanitária (CNRS), criada em 1986, para reorientar as políticas de Saúde e dos 
serviços, enquanto se desenvolvesse a nova Constituição para a elaboração da 
legislação deste setor.
● Desta forma, a CNRS elaborou proposta para subsidiar a nova Lei do SUS, 
combatida pelos representantes do movimento sindical como insuficiente, 
porém chega à Assembleia Nacional Constituinte como discutida, legitimada e 
completa, sendo aprovada pela Constituinte de 1988.
Cabe lembrar, que antes da criação do SUS, o Ministério da Saúde desenvolvia 
promoção da saúde e prevenção de doenças (campanhas de vacinação e controle de 
endemias), beneficiando apenas a trabalhadores da economia formal e seus dependentes. 
Somente depois da CF de 1988 com a criação do SUS é que a saúde é reconhecida como 
direito universal, assunto que será tratado no próximo tópico com a Constituição de 1988 e 
a criação do SUS.
39UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
3 CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A CRIAÇÃO DO SUS
Em 1988 é promulgada a 8ª Constituição do Brasil, considerada como marco 
fundamental na redefinição das Políticas de Estado na área da Saúde Pública e de grande 
relevância, na qual é definido o novo conceito de saúde, na qual para se ter saúde é preciso 
ter acesso também à alimentação, moradia, emprego, lazer dentre outros fatores. Como já 
descrito no nosso primeiro tópico deste livro, a definição de saúde, de acordo com o artigo 
196 cita a saúde como “direito de todos e dever do Estado”, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas “a redução do risco à doenças e outros agravos com acesso universal 
e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação” (CONASS, 
2011, p. 25).
De acordo com FERREIRA (2008), a Constituição Federal de 1988 definiu como 
princípios do SUS: a Universalização, a Integralidade, a Descentralização, a Hierarquização 
e a Participação Popular. Assim, a CF em seu artigo 198, define as ações e serviços do 
SUS do seguinte modo (CONASS, 2011, p. 25):
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem em um sistema único, organizado de acordo com 
as seguintes diretrizes:
I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II. Atendimento Integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais;
III. Participação da comunidade.
Parágrafo Único - O Sistema Único de Saúde será financiado, com recursos 
do orçamento da seguridade social, da União, dos estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios, além de outras fontes.
40UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
Este texto, apresenta a concepção do SUS voltada às necessidades da população, 
buscando resgatar o compromisso do Estado com o bem-estar da população, consolidando-o 
como um direito de cidadania. Em 1989, e com novas negociações,é promulgada uma lei 
complementar servindo como base operacional à reforma e o início da Construção do SUS.
Desta forma, as ações e serviços públicos de saúde e a contratação de serviços 
privados ou mediante convênio devem obedecer às diretrizes previstas no artigo 198 da 
CF de 1988 na qual seus princípios organizacionais e doutrinários estão relacionados às 
seguintes características (CONASS, 2011, p. 26):
 = Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de 
assistência;
 = Integralidade de assistência, com prioridade para as atividades preventivas, 
sem prejuízo dos serviços assistenciais;
 = Equidade;
 = Descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de 
governo
 = Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos 
da União dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios na prestação de 
serviços de assistência à saúde da população;
 = Participação da comunidade;
 = Regionalização e hierarquização.
Sousa, Lima e Jorge (2016) Apud Busato, Garcia e Rodrigues (2019) categorizam 
os princípios do SUS em doutrinários (universalidade, integralidade, igualdade e equidade) e 
organizativos (descentralização, regionalização, hierarquização e participação da comunidade).
SAIBA MAIS
Um grande desafio se coloca historicamente para os anos futuros, porque a fragmenta-
ção do Sistema SUS tem profundas raízes econômicas, políticas e culturais que o sus-
tenta, onde a Saúde “como direito de todos e dever do Estado não foi sustentada”. Neste 
sentido, se o financiamento da saúde não foi contemplado, não conseguimos avançar 
nesta questão porque na constituinte haviam muitos economistas que eram contrários à 
vinculação de receitas.
Disponível em: <http://www.conass.org.br/consensus/25-anos-da-constituicao-federal-brasileira-e-sus/>
41UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
4 LEI ORGÂNICA DA SAÚDE (LOS): LEI DE Nº 8.080/90 E DE Nº 8.142/90
Ambas as leis são resultado de um longo processo histórico e social, que visam 
a interferir nas condições de saúde e na Assistência prestada à população Brasileira. O 
SUS criado pela Constituição é regulamentada por essas Leis, ou seja, desde a instituição 
dessas Leis, “o SUS vem passando por importantes mudanças em razão do processo de 
descentralização das responsabilidades, das atribuições e dos recursos estabelecidos 
pelos Municípios”(CONASS, 2011, p. 32).
A Lei de nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, aborda as condições para promover, 
proteger e recuperar a saúde, além da organização e o funcionamento dos serviços também 
relacionados à saúde. Essa Lei determina em seu art. 9º a direção que o SUS deve tomar, 
neste caso, a direção deve ser única em cada esfera de governo conforme Inciso I do artigo 
198 da Constituição Federal. 
Por esfera entende-se, o poder público federal (Ministério da Saúde), estadual e 
municipal (Secretaria da saúde). Trata-se também da organização, direção e gestão do SUS, 
da definição de competências e atribuições, do funcionamento e participação complementar 
dos serviços privados de assistência à saúde, da política de recursos humanos e recursos 
financeiros, gestão financeira, planejamento e orçamento (SANTOS; CARVALHO, 2018).
No Art. 5º da Lei nº 8.080/90 são apresentados os objetivos do SUS e no Art. 6º o 
campo de atuação do SUS, quais sejam (BRASIL, 1990a):
42UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes 
da saúde;
II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos eco-
nômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção 
e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais 
e das atividades preventivas.
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de 
Saúde (SUS):
I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
II - a participação na formulação da política e na execução de ações de sa-
neamento básico;
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do 
trabalho;
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobioló-
gicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua 
produção;
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de inte-
resse para a saúde;
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo 
humano;
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guar-
da e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e 
tecnológico;
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados.
Conforme o art. 14-A e 14-B da Lei n.º 12.466/2011, complementar à Lei nº 8080/90, 
são reconhecidos como fórum de negociação e pactuação entre gestores quanto aos 
aspectos operacionais as Comissões (Bipartite e Tripartite) e reconhecidos como entidades 
representativas do ente Estadual o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e 
ente Municipal, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), cujas 
entidades receberão recursos do orçamento geral da União por meio do Fundo Nacional de 
Saúde. O Decreto n. 7.508 de 28 de junho de 2011, regulamenta a Lei 8080/1990.
Já a Lei de nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990, aborda a participação da população 
na gestão do Sistema Único de Saúde e as transferências de recursos da área de saúde 
entre os governos, na qual são instituídas as instâncias colegiadas e os instrumentos de 
participação social em cada esfera de governo e os recursos financeiros recebidos mediante 
existência de Conselho Municipal de Saúde, e de acordo com a legislação (SANTOS; 
CARVALHO, 2018).
De acordo com CONASS (2011, p. 27), O SUS conta em cada esfera de governo 
com as seguintes instâncias colegiadas de participação social: “(i) Conferência de Saúde 
e (ii) Conselho de Saúde”. Bem como conta com a “Conferência Nacional de Saúde (CNS) 
43UNIDADE II Sistema Único de Saúde (SUS)
realizada a cada quatro anos”, com diversos representantes de diversos segmentos sociais 
com os objetivos de avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formulação de 
políticas de saúde.
Desta forma, os conselhos participam das políticas públicas de saúde, atuam 
independente do governo e manifestam diferentes interesses e segmentos, possibilitando 
negociação das propostas e direcionamento de recursos por distintas prioridades. A 
representação dos participantes deve ser paritária no percentual de 50% aos usuários, em 
relação ao conjunto dos demais segmentos (trabalhadores da saúde, representação de 
governo, de prestadores de serviços privados conveniados, ou sem fins lucrativos, dentre 
outros) e sua organização e normas de funcionamento devem ser definidas por regime 
próprio após aprovação (CONASS, 2011; SANTOS; CARVALHO, 2018).
Em atendimento ao parágrafo 2º da Lei nº 8.142/90, o Conselho de Saúde atua em 
caráter permanente e deliberativo e é composto por diversos representantes para atender 
ao objetivo proposto, ou seja, para atuar na formulação de estratégias e para controlar a 
execução da política pública de saúde em todas as instâncias, inclusive as relacionadas 
aos aspectos financeiros e econômicos. A homologação das decisões deve ser realizada 
pelo Chefe do poder legal de cada esfera (BRASIL, 1990b).
Os recursos para cobertura das ações e serviços serão repassados de forma regular 
e automática à todas as esferas de acordo com os critérios estabelecidos no art.

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