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Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 1 A LEI DE TITIUS-BÖDE No século XVIII, dois astrônomos alemães, Titius e Johann Bode (1747-1826), descobriram que as distâncias, 𝑫, dos planetas ao Sol podem ser descritas por uma lei com a forma abaixo: 𝐷𝑝𝑙𝑎𝑛𝑒𝑡𝑎 𝑎𝑜 𝑆𝑜𝑙 = 0,4 + 0,3(2 𝑛) (1) Onde a distância 𝑫 é dada em relação à distância Sol-Terra e 𝒏 é o índice associado ao número do planeta em ordem a partir do Sol. Para Mercúrio 𝑛 = 0, para Vênus 𝑛 = 1, para a Terra 𝑛 = 2 para e assim sucessivamente. O número 3 corresponde ao cinturão de asteróides entre as órbitas de Marte e Júpiter. Na época da publicação dessa lei, ainda não se conheciam os planetas não visíveis a olho nu. A Tabela mostra uma comparação entre a Lei de Titius-Böde e os valores atuais. Veja que a Lei se aproxima muito dos valores reais. PLANETA 𝒏 LEI DE TITIUS-BÖDE OBSERVADO MERCÚRIO 1 0,4 0,387 VÊNUS 2 0,7 0,723 TERRA 3 1,0 1,000 MARTE 4 1,6 1,524 ASTEROIDES 5 2,8 JÚPITER 6 5,2 5,204 SATURNO 7 10,0 9.582 URANO 8 19,6 19,201 NETUNO 9 38,8 30,047 PLUTÃO 10 77,2 39,24 Ainda não existe uma explicação para essa relação. Assim, não se sabe se é uma simples coincidência matemática ou se está realmente ligada ao processo de formação/estabilidade do sistema solar. A mecânica associada ao movimento dos planetas em torno do Sol somente foi desvendada a partir da Lei da Gravitação Universal. Uma das consequências é o caso do movimento do Sol em virtude da força de ração que os planetas fazem sobre o Sol. O Sol atrai os planetas e os planetas atraem o Sol, isso constitui em par de ação e ração, de acordo com a 3° Lei de Newton. Para que você possa compreender melhor essa situação, imagine que você amarre em um barbante uma pedra pesada e a faça girar segurando o barbante na outra extremidade. O movimento da pedra irá fazer que sua mão se movimente também, isso ocorre com o Sol, pois o movimento dos planetas em torno do Sol faz por reação que o sol se mova também, onde o barbante nesse caso seria a força gravitacional entre os dois, Sol e planeta. Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 2 Vamos analisar o caso de Júpiter, o maior planeta do nosso sistema solar. A figura abaixo mostra a trajetória descrita por Júpiter e a trajetória descrita pelo Sol. O movimento do Sol é induzido pelo movimento de Júpiter, devido a reação da força de atração gravitacional. O NASCIMENTO DAS ESTRELAS AS NUVENS INTERESTELARES: BERÇÁRIO DAS ESTRELAS A maioria das estrelas da nossa Galáxia foram formadas há muito tempo. Apesar disso muitas estrelas são ainda jovens e novas estrelas também estão se formando, como podemos observar na nebulosa de Orion, por exemplo. As novas estrelas nascem nas grandes nuvens de gás e poeira - nuvens escuras - que se espalham pelo meio interestelar. Estas nuvens são formadas por mais de 80% de Hidrogênio (na forma molecular, H2), uns 18% de Hélio e umas “pitadinhas” - 1% a 2% - de elementos mais pesados. Estas nuvens, também chamadas nuvens moleculares, são imensas: várias centenas de parsecs, chegando a mil anos-luz. Elas contêm grande quantidade de massa, de centenas a milhares de vezes a massa do Sol. Algo como 10% de toda a massa da nossa Galáxia está na forma de nuvens moleculares: uma massa equivalente a 10 bilhões de sóis. Se todas elas fossem convertidas em estrelas, a nossa Galáxia seria provavelmente uma das mais brilhantes (e nós, na Terra, morreríamos torrados com a imensa radiação proveniente das estrelas... Felizmente, em condições normais, as nuvens moleculares não são muito produtivas. A maioria delas passa milhares de anos sem atividade alguma. Na Galáxia inteira nascem menos de uma dezena de estrelas por ano! A maioria das estrelas jovens da Galáxia encontram-se próximas de seus locais de nascimento e ainda estão envolvidas pelos restos das nuvens que lhes deram origem. Muitas vezes vemos centenas de jovens estrelas Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 3 reunidas em aglomerações, chamadas de associações O.B . Um exemplo são as Plêiades, mostrada na figura abaixo (As Plêiades são também conhecidas entre nós como os 7 “estrelos” ou cyiuce, em língua tupi). Em casos como este, fica claro que as estrelas nasceram mais ou menos ao mesmo tempo, de uma mesma nuvem interestelar. As estrelas das plêiades nasceram aproximadamente há 60 milhões de anos atrás e ainda estão “vestidas” com os restos de sua nuvem-mãe. POR QUE NASCEM AS ESTRELAS ? As grandes nuvens moleculares geram estrelas no seu interior por causa de um fenômeno conhecido como instabilidade gravitacional. Num certo sentido, a instabilidade gravitacional pode ser entendida como o inverso do equilíbrio hidrostático que prevalece nas estrelas. Nesse caso o peso de uma camada é equilibrado pela diferença das pressões nos dois lados da camada. Se, por alguma razão, o peso da camada superar a diferença de pressões, teremos o inicio de um movimento de contração que pode se transformar num colapso, isto é, todas as camadas se precipitam em direção a um centro ao mesmo tempo. Forma-se um coágulo de gás mais denso e quente no interior da nuvem: é a proto-estrela. À medida que a contração se desenvolve, a temperatura interna do coágulo aumenta até que, em algum momento, as condições de densidade e temperatura tornam-se favoráveis ao início da fusão do Hélio e a consequente produção de energia nuclear. Assim nascem as estrelas. As grandes nuvens interestelares são muito frias, algo como 10 oK a 100 oK , isto é, menos que -200 oC ! Por outro lado elas são também muito pouco densas: menos que 10-22 gramas/cm3, correspondente a algumas dezenas de átomos por cm3. Sendo assim tão pouco densas, elas facilmente encontram o equilíbrio hidrostático, apesar das baixíssimas pressões internas. Na verdade, não é raro encontrarmos nuvens moleculares em expansão: quer dizer, suas pressões internas são maiores que as forças de gravitação! Como podemos ver, a situação das nuvens moleculares não é em nada propícia à geração de estrelas no seu interior. Isto talvez explique a sua baixa produtividade. Como, então, nascem as estrelas? Ocorre que as nuvens sofrem também a ação de outros fatores, externos e internos a elas, capazes de comprimi-las localmente, aumentando a densidade local e assim provocando instabilidades gravitacionais locais. O principal fator externo são os braços espirais da Galáxia, que é o fator mais importante, pois é ele que dá Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 4 início ao processo; o principal fator interno são as explosões das estrelas mais jovens e maior massa (estas estrelas em explosão são as chamadas estrelas Supernovas), formadas no interior da própria nuvem e que fazem com que o processo de formação estelar se propague por toda a nuvem, como um incêndio numa floresta seca. RADIAÇÃO DE CORPO NEGRO E ATMOSFERAS ESTELARES Para caracterizar o estado da matéria, a partir da radiação eletromagnética que emite, é interessante utilizar o conceito de corpo negro, definido como um corpo que absorve toda a energia que incide sobre ele, sem refleti-la. Como a radiação eletromagnética em equilíbrio térmico com um corpo negro fica caracterizada apenas pela temperatura (T), esse corpo emite radiação que depende exclusivamente de sua temperatura. Esse conceito é uma idealização, haja vista que nenhum objeto real comporta-se como um corpo negro, e a radiação emitida depende, além da temperatura, da composição química. As estrelas, tais como outros corpos quentes, irradiam energia eletromagnética em todos os comprimentos de onda. Quanto mais quente for a estrela, mais energia ela emitirá, detal modo que a sua temperatura determina que comprimento de onda se apresente mais brilhante. As estrelas irradiam energia praticamente como um corpo negro, ou seja, um radiador teoricamente perfeito, e pela lei do deslocamento de Wien (Wilhelm Wien, 1864-1928), da radiação térmica, estabelece-se que o comprimento de onda 𝑚𝑎𝑥 ao qual o corpo negro emite a maior intensidade de radiação é inversamente proporcional à sua temperatura absoluta (T). Em outras palavras, o alemão Wien expressou o comprimento de onda máximo, cuja radiação térmica de corpo negro apresenta um pico para cada temperatura, conforme podemos ver na Figura abaixo. Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 5 INTERPRETAÇÃO FÍSICA DA RADIAÇÃO DE CORPO NEGRO PARA SISTEMAS ESTELARES A partir da lei de Wien (ou deslocamento de Wien), podemos escrever que: 𝑚𝑎𝑥𝑇 = 𝑤 (2) Onde 𝑚𝑎𝑥 é o comprimento de onda (em metros) cujo valor representa a máxima energia emitida para certo valor de 𝑇, enquanto 𝑇 é a temperatura absoluta de corpo negro (em Kelvin) e 𝑤 é a constante de Wien. A constante de Wien é de natureza empírica e seu valor é: 𝑤 = 2,898.10−3 𝑚𝐾 Assim se considerarmos que as superfícies estelares se comportam como um corpo negro, podemos estimar suas temperaturas efetivas a partir da medida de 𝑚𝑎𝑥, já o valor de 𝑚𝑎𝑥 é facilmente medidos por instrumentos de observações astronômicas. Exemplo: O comprimento de onda máximo medido do Sol é 𝑚𝑎𝑥 = 5100 �̇�. Então calcule a temperatura da fotosfera solar, sabendo que 1�̇� = 10−10 𝑚 E a constante de Wien: 𝑤 = 2,898.10−3 𝑚𝐾 Dessa forma se substituirmos os dados na equação (2) teremos: 𝑚𝑎𝑥𝑇 = 𝑤 (2) 5100.10−10. 𝑇 = 2,898.10−3 𝑇 = 2,898.10−3 5100.10−10 𝑇 ≅ 5682 𝐾 Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 6 Esse valor representa a temperatura da fotosfera solar. Esse valor de temperatura justifica a tonalidade do sol dentro do espectro visível cuja tonalidade tipicamente alaranjados e/ou amarelados. Por conseguinte, quanto mais quente for uma estrela, mais curto é o comprimento de onda no qual emite o seu máximo de radiação. Assim, o corpo negro emitirá mais radiação de comprimento de onda curta e teremos uma cor azulada, enquanto que, para temperaturas cada vez mais baixas, a energia emitida será em comprimentos mais longos e a cor tende para o vermelho. Para temperaturas intermediria, as estrelas são amarelas (nosso Sol). Assim é possível avaliar a temperatura de uma estrela por sua cor. DISTÂNCIAS DAS ESTRELAS PRÓXIMAS Paralaxe Trigonométrica As estrelas estão, na realidade, a bilhões de quilômetros além da nossa atmosfera. Por isso, determinar a verdadeira distância em que se encontram tem constituído um desafio para os astrônomos, ao longo de séculos. Usando método da paralaxe trigonométrica (válido para distâncias angulares da ordem de segundos de arco), medem-se as distâncias das estrelas mais próximas, determinando se a posição de uma delas relativamente às outras e, seis meses mais tarde, quando o movimento de translação da Terra levar os telescópios para uma posição diametralmente oposta à do Sol, volta- se a medi-las. Como pode ser visto na Figura ao lado, onde UA é a unidade astronômica (1𝑈𝐴 = 150.000.000 𝑘𝑚) é a distância média da Terra ao Sol. As estrelas próximas parecem se deslocar em relação às mais distantes (estrelas de fundo) à medida que a Terra se translada em volta do Sol, e essa variação aparente na posição de uma estrela, quando é observada de dois pontos opostos da órbita da Terra, chama-se paralaxe estelar. Se aplicarmos a relação trigonometria tangente ao problema acima podemos encontrar com facilidade a distância 𝑑. Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 7 Sabemos que: 𝑡𝑔(𝑝) = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎−𝑆𝑜𝑙 𝑑 = 1𝑈𝐴 𝑑 (3) Logo teremos que: 𝑑 = 1𝑈𝐴 𝑡𝑔(𝑝) (4) Mas sabemos que para ângulos muito pequenos, o que é nosso caso, temos que a tangente de um ângulo tente ao próprio ângulo em radianos, ou seja: 𝑡𝑔(𝑝) → 𝑝 (5) Se: 𝑝 → 0 (6) Assim podemos escrever a equação (4) da seguinte forma: 𝑑 = 1𝑈𝐴 𝑝 (7) Ou seja a distância da estrela é igual a distância da Terra ao Sol dividida pelo ângulo de paralaxe em radianos. Assim a distância da estrela (𝑑) pode ser calculada a partir do seu angulo de paralaxe (𝑝), que é metade da variação angular aparente da sua posição. Como as paralaxes estelares são muito pequenas, inferiores a 1”, são medidas em segundos de arco, onde 1” = 1 3600 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠. Vamos então calcular a distância que se encontra uma estrela cujo ângulo de paralaxe é 1”. Observe que temos que transformar esse ângulo para radianos. E podemos fazer isso usando a fórmula de transformações dada na equação (8), a seguir. Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 (𝑟𝑎𝑑) = Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 (𝑠𝑒𝑔).𝜋 648000 (8) Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 8 Assim o ângulo de 1 segundo é: Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 (𝑟𝑎𝑑) = 1′′. 𝜋 648000 Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 (𝑟𝑎𝑑) = 4,849.10−6 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜𝑠 Substituindo esse valor na equação (7) teremos a distância da estrela. 𝑑 = 1𝑈𝐴 𝑝 (7) 𝑑 = 1𝑈𝐴 4,849.10−6 𝑑 = 206264,80 𝑈𝐴 Ou seja essa estrela está a uma distância de 206264,8 vezes maior que a distância da Terra ao Sol. Podemos ainda calcular essa distância em quilômetros. 𝑑 = 206264,80 𝑈𝐴 𝑥 150.000.000 𝑑 = 30.939.720.937.064 𝑘𝑚 É uma distância muito grande para nossos padrões mas pequena para as distâncias astronômicas. GALÁXIAS INTRODUÇÃO Numa noite escura e longe das luzes da cidade, vemos que, independente de que região na Terra estivermos, é notável a existência de uma faixa concentrada de estrelas que cruza o céu. Essa faixa é chamada de Via Láctea: a Galáxia onde nosso Sistema Solar está localizado. A forma mais simples de perceber que a Via Láctea é uma galáxia é observar a emissão rádio ao longo do plano; a faixa de estrelas que vemos no céu é o plano da Galáxia. Veja um esboço da sua estrutura na figura abaixo Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 9 Vista representativa da estrutura da nossa Galáxia, com o disco representado em branco. O halo tem uma forma circular e circunda todo o disco. A distância do Sistema Solar ao centro da Galáxia está representada do lado esquerdo da figura em aproximadamente 30 mil anos luz . Ela possui a forma de uma espiral, sobre a qual falaremos nessa seção e é constituída de um disco com um núcleo (a região do plano) e um halo com a forma aproximadamente esférica que envolve o disco. A ESTRUTURA DA NOSSA GALÁXIA Somente podemos ver a olho nu a faixa de estrelas que constituem o disco da Galáxia, mas existem outros dois componentes tão importantes quanto as estrelas: o gás interestelar e a poeira. Vamos então discutir qual é a forma da nossa Galáxia. Conforme mencionamos, podemos entender a forma da Galáxia se pensarmos num disco com um bojo no centro, envolvido por um halo esférico. O diâmetro desse disco, estimado através das medidas de hidrogênio através do plano, é da ordem de 100000 anos luz. A espessura do disco é muito menor, da ordem de 2000 anos luz. O nosso Sistema Solar encontra-se a cerca de 30000 anos luz do centro da Galáxia, num dos braços espirais. Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 10 Como visto no capítulo sobre as estrelas, ao observarmos as estrelas notamos que a imensa maioria delas se distribui ao longo da seqüência principal no diagrama HR.Tipicamente, as estrelas podem ser divididas em dois grupos: tipo I, que caracteriza as estrelas mais jovens e com composição química mais heterogênea (formadas de hidrogênio, hélio e uma fração de elementos mais pesados que os dois), e tipo II, as mais antigas, com composição química mais homogênea (praticamente só hidrogênio e hélio), semelhante à da nuvem-mãe que deu origem à Galáxia. As estrelas mais jovens acabam, pela estrutura dos braços espirais e gravidade local, concentrando-se em regiões próximas do plano. As estrelas mais antigas estão principalmente localizadas em aglomerados globulares, espalhados pelo halo. Essa concentração de estrelas em aglomerados é normal e observada na nossa e em outras galáxias. Aglomerados estelares são extremamente importantes no estudo da evolução estelar e galáctica. Objetos formados em aglomerados possuem tipicamente a mesma composição química, a mesma idade e estão situados aproximadamente à mesma distância de nós. Então, estudar as estrelas em aglomerados nos permite ver objetos em estágios evolutivos diferentes, mas que foram formados a partir das mesmas condições iniciais. Classificamos os aglomerados em abertos e globulares. Aglomerados abertos estão concentrados no disco e contém, em média, 100 objetos, quase que só do tipo I. Eles são um grupo esparso, cujas componentes estão ligeiramente ligadas pela gravidade. Exemplos clássicos de aglomerados abertos são as Plêiades e as Híades (na constelação de Touro). M45, um dos mais brilhantes e próximos aglomerados abertos conhecido. Também conhecido como Plêiades, ele contém cerca de 3000 estrelas e encontra-se a ~ 400 anos-luz da Terra. (Ref: http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod). Já os aglomerados globulares, mencionados no parágrafo anterior, são fortemente ligados pela gravidade, possuem uma forma esférica bem definida (com raio da ordem de uns 100 anos luz) e contém cerca de 100000 estrelas. A maioria das estrelas componentes são do tipo II. http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 11 Messier 80, um dos 147 aglomerados globulares conhecidos na Galáxia, localizado a 28,000 anos-luz da Terra, M80 contem centenas de milhares de estrelas, ligadas por sua atração gravitacional mútua (Ref: http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod). Vamos olhar agora para os outros componentes das galáxias: as nuvens de gás e poeira. As nuvens de gás interestelar são uma espécie de resíduo do processo de formação das estrelas. Regiões espalhadas pela nuvem se condensam e dão origem às estrelas; o gás que resta após o processo de formação continua espalhado entre as estrelas e “confinado” ali pela força da gravidade. A existência de nuvens ao longo do plano da Galáxia e em seus braços é responsável pelo obscurecimento (absorção da luz emitida pelas estrelas mais distantes) ao longo do plano. Partículas de poeira cósmica são também responsáveis pelo obscurecimento ao longo do plano Galáctico na faixa óptica. O tamanho dos grãos de poeira é da ordem de alguns milésimos de milímetros e emitem principalmente radiação infravermelha. Essa emissão é uma forma de reprocessamento da luz visível, absorvida pelos grãos, utilizada para aquecê-los e depois retransmitida no infravermelho. O astrônomo Robert Trumpler mostrou, em meados da década de 30, que poeira e gás eram responsáveis pelo obscurecimento do plano Galáctico. Vemos uma grande quantidade de estrelas espalhadas pelo plano, mas não conseguimos ver outras galáxias através dele exatamente por essa razão. Ao olhar para fora do plano, vemos menos estrelas e mais galáxias distantes. Trumpler mostrou que a luz emitida pelas estrelas é reduzida pela metade a cada 3000 anos luz percorridos ao longo do plano galáctico. Assim a radiação emitida do centro da Galáxia chega até nós (localizados a 30000 anos luz do centro) com uma intensidade (1/2)10, ou seja, aproximadamente 0,001 vezes a intensidade inicial, devido à absorção pelas nuvens de gás e poeira. Como sabemos então que ela tem a forma de uma espiral, com braços ao redor de um núcleo? Mapeamos a http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod Sistema Solar, Estrelas e Galáxias – AULA 4.1 Astronomia Prof. Msc. Durval Bertoldo Menezes 12 estrutura de “disco + halo”, mencionada no começo dessa seção, utilizando a emissão rádio e infravermelho, cujos comprimentos de onda são pouco absorvidos, para traçar o contorno da Galáxia usando medidas nos braços espirais. Emissão de rádio no comprimento de onda de 21 cm, produzida por hidrogênio neutro, e usada para mapear os braços espirais da Via Láctea mostra um mapa de emissão sincrotron de todo o céu, com destaque para o plano da nossa Galáxia, feito na frequência de 408 MHz. Esse mapa, feito por Haslam e colaboradores, é famoso por ter sido montado a partir da combinação de medidas em diversos telescópios ao longo de 15 anos. A maior parte da emissão concentra-se no plano da Via Láctea (que tem a forma de uma “corcova”) e um bom número de radiofontes individuais dentro e fora da Galáxia aparecem também na figura. Mapa de emissão sincrotron feito por Haslam e colaboradores. A frequência de observação é 408 MHz e o plano da Galáxia é a faixa escura, situada no centro do mapa. Nesse mapa não se observa estrelas individuais, mas radio fontes extensas e restos de supernovas (Ref: http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod).
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