Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Língua latina I JACQUELINE BARROS 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Jacqueline Barros Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 Conhecendo a origem da Língua Latina .............................................................................................................. 7 Capítulo 2 Aspectos da língua latina ........................................................................................................................................18 Capítulo 3 A estrutura verbal latina ..........................................................................................................................................28 Capítulo 4 Aprofundando a estrutura verbal latina .............................................................................................................39 Capítulo 5 Fundamentos da Cultura Latina ............................................................................................................................51 Capítulo 6 Aspectos da Cultura e Literatura Romana .........................................................................................................60 Referências ..........................................................................................................................................................................72 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORgAnIzAçãO DO LIvRO DIDátICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Nesta disciplina iniciaremos o estudo da língua latina tendo seu enfoque em dois pontos importantes, a saber, na “estrutura da língua latina” e nos “aspectos fonético-fonológico da língua latina: alfabeto, pronúncia e acentuação das palavras”. Além disso, poderemos, também, conhecer um pouco mais os fundamentos da cultura literária latina, a partir de fragmentos de obras de autores romanos consagrados. Vamos lá? Objetivos » Apresentar breve história da nossa língua e o princípio da gramática histórica a partir da origem da língua latina e sua estrutura de casos e declinações. » Destacar os aspectos fonéticos-fonológicos da língua latina: alfabeto, pronúncia e acentuação de palavras. » Compreender os aspectos sintáticos da língua latina: sintaxe dos casos (o dativo e o genitivo). » Conhecer as declinações de substantivos e adjetivos, entendendo que declinar é flexionar uma palavra. » Compreender a conjugação dos verbos regulares na voz ativa, as quatro conjugações verbais e a constituição dos períodos simples e composto da língua latina. » Conhecer costumes e comportamento do cotidiano romano em comparação com nosso modo de existir em sociedade, a partir de referências da família, das classes e do casamento. » Identificar os fundamentos da cultura literária latina, a partir de fragmentos de obras de autores romanos consagrados. 7 Apresentação Neste primeiro capítulo, você conhecerá a história da Língua Latina, ou seja, a origem do Latim como língua que serve de base para explicar a nossa língua portuguesa. Ainda conhecerá, de forma básica, a estrutura da Língua Latina. Objetivos » Compreender a história do Latim e sua importância para a formação das línguas românicas ou neolatinas; » Perceber as diferenças entre o Latim vulgar e Latim clássico; » Notar a estrutura sintética e flexiva do Latim: o sistema de casos e as declinações. 1 CAPÍTULO COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA 8 CAPÍTULO 1 • COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA Neste capítulo, iniciaremos o estudo da Língua Latina tendo enfoque em dois pontos importantes, a saber, na “Origem do Latim”, e na “Estrutura da língua latina: os casos e as declinações”. Vamos lá? Figura 1. Fonte: http://www.terra.com.br/istoe-temp/edicoes/2020/imprime96347.htm Introdução Iniciamos nosso trabalho remontando parte da História da nossa Língua, a Língua Portuguesa, por Ismael de Lima Coutinho, e invocando um princípio, por assim dizer, da Gramática Histórica. De acordo com o gramático, ela, a Gramática Histórica explica “as transformações porque essa mesma língua passou na sua evolução através do espaço e do tempo.” Coutinho ainda afirma que as transformações não ocorreram por capricho, mas por tendências naturais e hábitos fonéticos espontâneos. Desse modo, em nossos estudos, usaremos esse gancho para trazermos à baila o nosso elemento de destaque sobre o qual desenvolveremos todo o nosso material: o Latim. Estudaremos a Língua Latina por essa mesma via de interlocução, ou seja, observaremos o Latim como uma língua histórica que, ao longo do tempo e do espaço, sofreu mudanças e transformações não por moda, mas por questões pertinentes ou contingentes admitindo-se, portanto, as tendências naturais e os hábitos do povo de então (COUTINHO, 1976, p. 13). 9 COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 1 Figura 2. Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.089/200 Decidimos iniciar os nossos estudos do Latim de modo a oferecer um incentivo à descoberta e ao conhecimento dessa língua. Muito se fala, e em parte concordamos com a premissa, de que a Língua Latina está morta e enterrada. Dizemos que, em parte, concordamos, porque uma língua, para ser considerada absolutamente morta, conforme as reflexões de Ismael de Lima Coutinho, não deve mais ser usada em nenhuma parte do nosso território. Entretanto, podemos afirmar, com convicção, que o Latim está vivo, vivíssimo, especificamente na Academia, onde muitos ainda se debruçam para estudarem-na e em Roma, onde o Papa, com todaa sua parentela, exercitam a língua diariamente. Seus discursos ainda são realizados em Latim. Posteriormente, esses são traduzidos para o italiano e para as demais línguas. A autora Zélia de Almeida Cardoso destaca o Latim como a língua usada, oficialmente, pela Igreja Católica em cultos e rituais, até 1961. No romance de Umberto Eco, O Nome da Rosa, assim como no filme homônimo, comprovamos, com evidência, um clima de mistério ao redor da Língua Latina. Do mesmo modo aconteceu à Ciência. O Latim é usado como linguagem universal até início do século XX, para denominar novas espécies e descobertas recentes (CARDOSO, 2009, p. 9). Ademais, o Latim era o idioma falado pela Europa e pela Ásia e a maior parte de todos os mais importantes documentos históricos, que datam do século V ao século XVIII, estão registrados em Latim. Um domínio inacreditável! Conforme atesta Z. A. Cardoso (2009, p. 10): “Desnecessário seria falar da importância do Latim durante a Idade Média e o início dos tempos modernos, quando foi a língua da comunicação universal, da política, da religião, da cultura e da ciência. (...) De um lado há uma rica literatura 10 CAPÍTULO 1 • COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA deixada pelo mundo romano, que (...) estende seu alcance por outras áreas do conhecimento: pela historiografia, pela filosofia, pela antropologia, pela teoria literária em todos os seus matizes (...). De outro lado, há o interesse lingüístico pelo Latim. Sendo uma das mais antigas línguas indo-europeias, (...) oferece-nos a solução de inúmeras indagações que se referem ao conhecimento das línguas (...)”. Além de sua importância filológica e linguística, como idioma originário de outros idiomas, que observaremos mais adiante, o Latim, por sua estrutura em casos e declinações, traduz-se como uma língua extremamente sintética e lógica, contribuindo para a capacidade analítica de todo aquele que por ela se interesse. Para determinado grupo, podemos dizer que o Latim é uma arma de grande valia aos interessados em documentos religiosos em que a contribuição do Latim é de essencial e crucial importância. Importantes tratados teológicos foram escritos em Latim e, a partir destes, podemos traduzi-los para as demais línguas correntes atuais. Aquele que detém tal prática de estudo da língua, se debruçado a pesquisá-la, aproxima-se de portas de conhecimento mais profundas cuja compreensão do Latim aproxima-nos da compreensão de muitas sociedades secretas que trabalham com a palavra, na sua origem, objetivando alcançar o conhecimento de si, a magia e o sobrenatural. Não é à toa que a autora J. K. Rowling utilizou-se de expressões, em Latim, para exercitar, por meio de seu bruxinho herói, “Harry Potter”, alguns feitiços e algumas mágicas. A aura que cerca a Língua Latina atrai os homens comuns, levando-os a perpassarem níveis de conhecimento diferenciados e ambicionarem a aquisição de alta cultura. Dessa forma, devemos concordar que o Latim existe e sua existência ultrapassa a sua extensão linguística e oral na atualidade. A língua: origem Conforme define Ismael Coutinho, “a língua é a linguagem particularmente usada por um povo”. Por ser particular, entendemos própria de determinado grupo com características específicas daquele grupo que se congrega por causas e circunstâncias históricas, políticas, sociais, etnológicas e econômicas. Coutinho se utiliza de dois sistemas de classificação da língua: o morfológico e o genealógico, ambos ultrapassados e incompletos, mas úteis como referenciais. O morfológico baseia-se na estrutura das palavras e foi criado por Schlegel. O genealógico, por sua vez, fundamenta-se na origem “de um grupo de línguas, que constituem assim uma verdadeira família”. Podemos incluir o Latim no sistema de classificação morfológico em que estão os grupos de línguas semíticas e indo-europeias (COUTINHO, 1976, p. 24-25). Além disso, o Latim é uma língua considerada flexiva, orgânica ou almagamante por conter “elementos aglutinados que se modificam na parte final para exprimirem os acidentes da ideia”. Para Coutinho, tais sistemas, como já dissemos, são considerados incompletos, e, por isso, foram muito bem substituídos pelas reflexões de Trombetti, linguista adepto do monogenismo linguístico. Ele reuniu todas as línguas, a princípio, em quatro grandes grupos e, posteriormente, em dois ramos distintos, a fim 11 COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 1 de classificá-las melhor, conforme a ciência da linguagem. A classificação dada por Trombetti segue critérios geográficos e, também, um princípio dicotômico, como veremos a seguir. Quadro 1. Quatro grupos. I – Línguas da África: banto- sudanês/ camito-semítico. II – Línguas da ásia e Oceania: dravídico australiano/ munda-polinésico. III – Línguas da Eurásia (Europa e ásia): caucásico/ indo-europeu/ uralo-altaico/ indo-chinês. IV – Língua da América: americano. Fonte: Elaborado pelo autor. Quadro 2. Dois ramos. I – Austral (Línguas da áfrica e Línguas da Oceania). II – Boreal (Línguas da Eurásia e Língua da América). Fonte: Elaborado pelo autor. Assim, situamos o Latim como pertencente ao tronco maior das línguas indo-europeias e ao ramo menor das línguas itálicas. Coutinho subdivide o grupo indo-europeu em asiático e europeu. Neste segundo, encontramos o Latim pertencente ao ramo itálico, ao lado do grego, do céltico, entre outros. Segundo Zélia de Almeida Cardoso (2009, p. 6), essa hipotética língua-mãe foi falada por um povo que se dispersou, antes de Cristo e por razões desconhecidas, e espalhou-se pela Europa e pela Ásia. Com a dispersão, o idioma, antes uno, tornou-se múltiplo. As línguas, então, foram agrupadas por proximidades linguísticas, como vimos até aqui. O latim podemos começar nossa “viagem” rumo ao descortinar do Latim situando a região e as pessoas sobre as quais o Latim exercia toda a sua influência e o seu determinismo como identidade. A região onde se podia considerar o Latim predominante chamava-se Lácio. Figura 3. Fonte: http://falandodehistoria10.weebly.com/artigos/january-06th-2015 12 CAPÍTULO 1 • COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA Posteriormente, o Latim se estendeu e atingiu toda a Europa, por causa da expansão de Roma. Sabe-se que o Latim foi uma língua falada, inicialmente, pelas classes inferiores, pessoas simples e humildes da sociedade romana tais como: agricultores, soldados, barbeiros, pastores da região, homens livres e escravos. Teve seu auge, ou apogeu, ao longo dos séculos III e I a.C, época reconhecida como período clássico da língua, caracterizado pelo rigor gramatical e imortalizado nas obras de autores tais como: Virgílio, Cícero e César (sobre os quais trataremos em unidade subsequente). Essa época da história foi considerada riquíssima pela qualidade das obras literárias produzidas; obras de enorme valor literário, explica Coutinho. Podemos, ainda, estabelecer diferenciações entre o latim considerado vulgar, o sermo vulgaris e o latim clássico, o sermo urbanus. Figura 4. Fonte: http://bibesjcp.no.sapo.pt/historiadalingua.htm. Inicialmente, só existia o Latim, mas com o passar do tempo, a língua estilizou-se e tornou-se um “instrumento literário” (COUTINHO, 1976, p. 29). Na verdade, o clássico e o vulgar representam distinções ou aspectos diferentes como sementes de uma mesma árvore, conforme lembra Coutinho. A diferença entre ambos se estabelece da seguinte maneira: diz-se clássico para a língua escrita dos romanos, constituída a partir das obras literárias dos escritores latinos, chamada de urbanitas por Cícero, e caracterizada “pelo apuro do vocabulário, pela correção gramatical, pela elegância do estilo” (COUTINHO, 1976, p. 29). Já o latim vulgar ou sermo vulgaris – indicado em nota de rodapé, por Coutinho, como expressão imprópria ao termo conforme estudos do Professor Serafim da Silva Neto que a denomina sermo usualis ou latim coloquial – era aquele idioma falado pelo povo, incluindo-seaí os incultos, pela sociedade romana de um modo mais geral, citados por Coutinho (1976, p. 30) como aqueles que eram “de todo indiferentes às criações do espírito, que não tinham preocupações artísticas ou literárias, que encaravam a vida pelo lado prático, objetivamente”. Uma observação necessária é esta: o latim vulgar será a língua que se expandirá “livremente, mais tarde, com a ruína do Império Romano” (COUTINHO,1976, p. 30). 13 COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 1 A partir dos séculos II e III, já na era cristã, a língua clássica latina inicia um processo de decadência que, consequentemente, se fará observar no espírito romano e na literatura produzida. Nesse processo de decadência linguística do sermo urbanus, em decorrência do sermo vulgaris, perde-se a forma rígida gramatical e a necessidade do apuro vocabular. Deste modo, Coutinho (1976, p. 31) afirma sobre o latim vulgar ou usualis: “Produto de uma contribuição tão variada, em que o lastro primitivo, de humilde origem rural, se haviam sobreposto elementos diversos dialetais ou de outra procedência, esse latim encerrava já em si o germe da diferenciação, que se foi acentuando cada vez mais, desde que o adotaram como idioma comum povos tão diversos pela língua e pelos costumes.” No início século IV, com uma intensa e progressiva mudança na língua a partir das diferenciações dialetais nas regiões que compunham o Império Romano, teremos o surgimento dos romances ou romanços. Será nesse momento da história que o Latim deixará de ser uma língua viva e passará à condição de morta, porque é dos romances que as línguas neolatinas aparecem, dentre as quais está a nossa Língua Portuguesa. Figura 5. Fonte: http://historiapublica.blogspot.com.br/2012/11/imperio-romano-mapas.html. A estrutura da língua latina Como já dissemos anteriormente, o Latim é uma língua essencialmente sintética e flexiva. Dizemos isso por se tratar de uma língua em que podemos observar que as relações sintáticas, entre as palavras, são determinadas por suas terminações e não pelo posicionamento delas 14 CAPÍTULO 1 • COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA numa frase. Por meio do chamado sistema de casos, o Latim estabelece as relações das funções dos termos na oração. As palavras pertencentes a categorias nominais em Latim se estabelecem e se estruturam numa frase ou oração, necessariamente em um dos seis casos latinos que existem, a saber: o nominativo, o vocativo, o acusativo, o ablativo, o dativo e o genitivo. O que isso significa? Significa que, no Latim, as palavras apresentam flexões morfológicas que correspondem a cada um desses casos específicos. Cada caso, portanto, corresponde a uma função sintático-semântica no modo como constrói as expressões linguísticas. As relações, numa frase, que podem ser observadas entre, por exemplo, o sujeito, seus adjuntos e complementos verbais realizam-se por conta da concordância morfológica entre os termos e não pela posição dos termos na frase. Desse modo, ao lermos uma frase em Latim, podemos observar a concordância de um substantivo com um adjetivo ainda que este se encontre muito distante na frase. Como na frase, em português: “A bela menina é filha da rainha.” O termo destacado, naturalmente, tem uma tendência a permanecer unido em Língua Portuguesa. Em Latim, no entanto, a tradução da frase poderia ser realizada de outras maneiras, como: a. Puella filia reginae pulchra est. b. Puella pulchra filia reginae est. c. Puella filia reginae est pulchra. Embora os termos em destaque possam ser considerados vinculados uns aos outros, notemos que esse vínculo não se encontra na dependência da posição que esses possam ou venham a ocupar nas frases. O vínculo entre os termos, no Latim, se estabelece tão somente pela terminação das palavras no contexto. Assim, podemos observar que as terminações das palavras, nas frases, representam funções específicas, ou seja, funções sintáticas. Essas funções sofrem variações conforme o grupo de palavras a que pertencem os termos, sejam estes substantivos, adjetivos ou pronomes. Essa noção de caso gramatical, de acordo com Z. A. Cardoso (2009, p. 22), é estranha ao Português. A autora explica que, no Latim, esses nomes assumirão formas diferentes. Assumirão, exatamente, as terminações das quais falamos a respeito, logo acima. São desinências especiais conforme o uso e a função que será desempenhada na frase. Os casos e as declinações Em Latim, como já dissemos, todas as relações sintáticas entre os termos na frase são expressas pelas terminações ou desinências que esses termos apresentam. Desse modo, conheçamos os casos correspondentes que formam as seis funções em latim: 15 COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 1 Quadro 3. Caso Função nominativo Sujeito ou predicativo do sujeito vocativo vocativo genitivo Adjunto adnominal (preposição de) Acusativo Objeto direto (sem preposição) Dativo Objeto indireto (com preposição) Ablativo Adjunto adverbial (preposição com ou por) Fonte: Elaborada pelo autor. Lembremos, então, as funções sintáticas que conhecemos em Língua Portuguesa por meio de alguns exemplos simples: a. Sujeito: O soldado viu o menino. b. Predicado: O soldado viu o menino (verbal); O soldado está cansado (nominal). c. Predicativo do sujeito: O soldado está triste. d. Vocativo: Ó soldado, lutai! e. Adjunto adnominal: Os soldados de Roma serão destruídos. f. Objeto direto: O soldado ajudou a pátria. g. Objeto indireto: Os soldados gostam de Roma. h. Adjunto adverbial: Os soldados olharam os meninos com atenção. As declinações Em relação às declinações, já sabemos que a cada radical será acrescentada uma terminação ou vogal temática. Vamos observar tal processo nos substantivos. A partir do genitivo singular poderemos descobrir a declinação do substantivo. As declinações, portanto, devem vir ao final de cada palavra para que se saiba a relação sintática que se estabelecerá por meio desta. Na primeira declinação, em Latim, o tema é em -a. Como em alba (branca). Na segunda declinação, veremos que haverá mudanças. Os temas terminarão, no genitivo singular, em -i, observando-se, contudo, que no nominativo singular terminarão em -o, mas passarão para -u(s), como em dominos/ dominus. Na terceira declinação, os temas passarão a -i ou poderão ganhar uma consoante. Na quarta declinação, os temas serão em -u, e na quinta, passarão a terminar em -e. 16 CAPÍTULO 1 • COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA Observe o quadro da 1ª declinação, que fará parte primordial dos nossos estudos subsequentes: Quadro 4. CASOS SINGULAR PLURAL nominativo Alba Albae vocativo Alba albae Acusativo Albam Albas genitivo Albae Albarum Dativo Albae Albis Ablativo Alba Albis Fonte: Elaborado pelo autor. Percebemos que os temas em -a, como é o caso da 1ª declinação latina, correspondem, em sua maioria, ao gênero feminino, com exceção somente para algumas profissões e nomes, tais como: agricola, -ae (agricultor), nauta, -ae (marinheiro) e Catilina, -ae (Catilina) que pertencem ao gênero masculino (CARDOSO, 2009, p. 24-25). Figura 6. Fonte: http://www.filologia.org.br/revista/35/08.htm. Sugestão de estudo Blog em que é possível encontrar curiosidades sobre a Língua Latina. http://www.paraisolatim.blogspot.com.br Blog em que é possível fazer exercícios de Latim. http://www.sermolatinus.pro.br/delolk/index.html 17 COnHECEnDO A ORIgEM DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 1 Blog em que é possível obter dicas de tradução em Latim. http://www.blogdaprofessorabruna.blogspot.com.br Blog em que é possível conhecer curiosidades sobre as Línguas Latina e Portuguesa. http://eadfiloloficoclassicoalpo.blogspot.com.br/2011/04/latim-dicas-de-traducao.html 18 Apresentação Neste segundo capítulo, você aprenderá algumas características referentes aos aspectos fonético-fonológicos da língua latina (alfabeto, pronúncia e acentuação). Também estudará os aspectos sintáticos e as peculiaridadesdos casos dativo e genitivo. Objetivos » Compreender o alfabeto e a acentuação das palavras no latim; » Verificar a pronúncia reconstituída ou restaurada; » Inferir as características sintáticas existentes entre os casos dativo e genitivo. 2CAPÍTULOASPECtOS DA LÍngUA LAtInA 19 ASPECtOS DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 2 Neste capítulo, prosseguiremos o estudo da língua latina, a saber, nos “Aspectos fonético- fonológicos da língua latina: alfabeto, pronúncia e acentuação das palavras” e na “Sintaxe dos casos: dativo e genitivo”. Vamos lá? Aspectos fonético-fonológicos da língua latina: alfabeto, pronúncia e acentuação das palavras Em relação ao tema que abordaremos a partir de agora, podemos inicialmente lembrá-lo de que o Latim, como já afirmamos, participa do ramo indo-europeu e é classificado como uma língua flexiva ou flexional, do ramo das línguas itálicas, como explica a professora Zélia de Almeida Cardoso (2009, p. 9): “Línguas em cuja palavra existe um elemento significativo (sema) ao qual podem ser acrescentados morfemas indicadores de categorias variáveis (gênero, número, caso, grau, quando se trata de nomes; pessoa, tempo, modo, voz, quando se trata de verbos). Nessa classe de línguas as palavras se formam mediante processos de derivação e composição e se articulam, na frase, por relações de dependência.” Segundo Z. A. Cardoso, a princípio, o léxico da língua latina era muito pobre. Contavam com as palavras mais antigas pertencentes ao ramo indo-europeu, tais como pater (pai) e lux (dia, luz), assim como palavras tomadas de empréstimo de outros povos habitantes da Península Itálica e de outros vocábulos importados de grupos distintos como os gregos. Figura 7. Fonte: http://www.ime.usp.br/~tycho/participants/psousa/cursos/aulas/aula_seculo_19_LH.html. 20 CAPÍTULO 2 • ASPECtOS DA LÍngUA LAtInA A derivação e a composição também tiveram um papel de grande importância para o enriquecimento da língua latina. Por meio dessa formação de novas palavras, por derivação e composição, o vocabulário latino ganhou em qualidade. Fonética: o alfabeto e a acentuação A Língua Latina, por sua excelência em termos de gramáticos romanos, pode ser estudada a partir das descrições que estes se preocuparam em realizar sobre a língua. De acordo com Ernesto Faria (1958, p. 16), o alfabeto primitivo latino tinha 21 letras. Todavia, consideraremos relevante o alfabeto latino do período clássico da língua, cuja quantidade de letras era de 23, a saber: A B C D E F G H I K L M N O P Q R S T V X Y Z Tendo também como referência o período clássico da língua, Cardoso atesta que podemos classificar os fonemas em três categorias: a. Vogais (/a/, /e/, /i/, /o/, /u/); b. Consoantes (/p/, /b/, /t/, /d/, /k/, /g/, /f/, /s/, /r/, /l/, /m/ e /n/); c. Semivogais. As vogais variam conforme o tempo de duração e podem ser longas ou breves determinadas pelos sinais: mácron ( ¯ ) para a longa e braquia (˘ – meia-lua) para a breve. Figura 8. Fonte: http://pt.slideshare.net/FernandaOliveira166/lngualatinapartehistrica. As semivogais merecem uma observação. Segundo Z. A. Cardoso existem duas semivogais: /i/ e /u/. As semivogais, como na nossa língua, diferem-se das vogais por estarem seguidas e apoiarem-se nestas, como na palavra uita (vida). É sabido que, com o passar do tempo, as semivogais tornaram-se consoantes, ou melhor, ganharam valor de consoantes. As semivogais, desta forma, passaram, respectivamente, à correspondência do /j/ (i) e do /v/ (u) e começaram a ser usadas, de ambas as formas, nos textos em Latim. O alfabeto latino contava, desse modo, com 21 letras e passou a contar com 23 letras depois que Pierre de La Rammé, humanista francês do século XVI, na Idade Média, introduziu o /j/ e o /v/ ao alfabeto. Os romanos só conheciam o v como V maiúsculo. A procura de palavras em dicionários latinos, portanto, deve ser substituída, quando for o caso, pelo /j/ e pelo /v/, quando a tal palavra não for encontrada com o /i/ ou com o /u/. 21 ASPECtOS DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 2 A utilização do alfabeto deve-se à adaptação do grego e seu início data já no século VI a.C., quando começou a ser usado. É importante observar que os acentos, em geral, não recaem na última sílaba, mas na penúltima ou na antepenúltima sílaba. Quanto ao sinal de meia lua, este indica acento na sílaba anterior. Figura 9. Fonte: http://www.ienh.com.br/download/AtIvIDADES_ALFABEtO/livro/livro/visual_alfabetos_grego.htm. A sílaba, na língua latina, do mesmo modo como em outros idiomas, é formada por sons. Dizemos, então, que as palavras em Latim também formam um conjunto de fonemas emitidos de uma só vez. Conforme Z. A. Cardoso, as palavras latinas podem ser átonas, como no caso de algumas preposições (in, que, ne) ou tônicas, como no caso de nomes, advérbios ou verbos de sentido completo, contudo, a tônica diferencia-se da Língua Portuguesa por ser pronunciada num tom mais alto, tornando o acento mais musical (CARDOSO, 2009, p. 17). Figura 10. Fonte: http://tipografos.net/escrita/letra-dos-romanos-1.html 22 CAPÍTULO 2 • ASPECtOS DA LÍngUA LAtInA Pronúncia Não deve haver uma exigência a respeito da pronúncia correta ou mais próxima da que usavam os romanos. Contudo, há a possibilidade de termos noção dela conforme a que vem sendo utilizada nas escolas do mundo, tendo por base as pesquisas mais recentes sobre os sons das letras expressos pelos romanos. Visitaremos a pronúncia chamada de reconstituída ou restaurada. Há, no Brasil, duas pronúncias praticadas, a saber: a tradicional brasileira (usada em fórmulas jurídicas) e a romana (usada pela Igreja Católica). Observaremos, então, a pronúncia restaurada tendo como referência os sites indicados ao término desta unidade. Neste trabalho, verificava-se a intenção de se aproximar da pronúncia latina da época de Cícero. A seguir, consideraremos a pronúncia e o acento tônico da palavra assinalado entre parênteses após as palavras apresentadas pela Diocese de Petrolina e referendado pela Gramática de Napoleão Mendes de Almeida: a. ae e oe, ditongos, são pronunciados ái e ói: nautae (náutai); b. c soa sempre como k: Cicero (Kíkero); c. ch soa também como k: pulcher (púlker); d. g sempre como gue ou gui: angelus (ánguelus); e. h é levemente aspirado, quase como o h do inglês: homo (romo); f. j soa sempre como i (nos livros recentes, de fato, o j é sempre substituído, na escrita, pelo i); g. m e n nunca são nasais: campus (ká-m-pus, e não kãpus); h. r nunca como rr: Roma (Róma, com o r pronunciado como em barato); i. s sempre como ss: rosa (róssa); j. u do grupo qu é sempre pronunciado: qui, quem (kúi, kúem); k. v sempre como u: vita (uíta) (nos livros recentes o v é sempre substituído, na escrita, pelo u); l. x como ks: maximus (máksimus); m. z como dz: Zeus (dzeus); n. as letras restantes (a, b, d, e, f, i, l, o, p, t, y) são pronunciadas como em português. Observação final: letras dobradas como ll, tt, mm etc., devem ser pronunciadas separadamente – uma coisa é coma e outra é comma. 23 ASPECtOS DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 2 Figura 11. Fonte: https://csociales.wordpress.com/2011/09/19/la-musica-en-la-antigua-roma/. Aspectos sintáticos da língua latina: sintaxe dos casos (dativo e genitivo) Nos nossos capítulos iniciais sobre a Língua Latina, introduzimos o assunto falando sobre a origem da língua, sua importância ainda nos dias atuais, seu uso e estrutura. Desse modo, daremos continuidade ao tema da estrutura porque abordaremos, novamente, os aspectos sintáticos do Latim. Revendo um pouco sobre nosso último capítulo, observamos que o Latim é uma língua que se constitui como tal a partir de casos e declinações. Os casos, por sua vez, são formados a partir das terminações das palavras. Cada terminação, consequentemente, nos apresentará um caso distinto. Esses casos serão aqueles que expressarão as relações sintáticas existentes entre as palavras num dado contexto.Sendo assim, conforme a Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2011, p. 14), “caso é a maneira de escrever a palavra em latim de acordo com a função que ela exerce na oração”. Observemos, então, os casos em Latim e suas referências em Língua Portuguesa, tal como fizemos anteriormente: Quadro 5. CASO FUNÇÃO SINTÁTICA nominativo Sujeito e predicativo do sujeito vocativo vocativo genitivo Adjunto Adnominal Acusativo Objeto Direto Dativo Objeto Indireto Ablativo Adjunto Adverbial Fonte: Elaborado pelo autor. 24 CAPÍTULO 2 • ASPECtOS DA LÍngUA LAtInA Entendemos cada caso pela transposição da função sintática em Língua Portuguesa. Também percebemos que os seis casos representam os seis principais elementos que compõem uma frase em Latim. Para tanto, a ideia é de que você compreenda as funções sintáticas básicas em Língua Portuguesa para só então poder trabalhá-las na Língua Latina. Desse modo, faça uma consulta a uma boa gramática da Língua Portuguesa e revise tais elementos para que você se sinta seguro em continuar seus estudos daqui por diante. Sugerimos que você mesmo realize questões que possam ajudá-lo a entender e fixar o processo. Perguntas sobre as funções dos elementos nas frases, da seguinte maneira: O que é um caso em latim?/ Quantos são os casos latinos?/Para que eles servem?/ e assim por diante. Conforme as indicações da professora Zélia de Almeida Cardoso (2009, p. 22-23), os casos latinos assumem formas diferentes, contando, para isso, com desinências especiais, conforme a função desempenhada. Isso não acontece em Português, porque, em Língua Portuguesa, a mesma palavra pode participar ou realizar todas as funções sem dever nada à forma. Cardoso exemplifica com a palavra menina sendo usada em diferentes situações, tais como nos exemplos que daremos agora: a. ”A menina é bonita”, a palavra menina como o sujeito da frase; b. “A mãe chamou a menina”, a palavra menina como o objeto direto da frase; c. “Ofereceram flores à menina”, a palavra menina como o objeto indireto da frase. Em Latim, a palavra menina exercerá funções diferentes nas frases conforme a desinência que receber, de acordo com o caso específico. Observe o quadro referente ao substantivo menina, em Latim, puella, e a terminação que esta receberá conforme o caso específico, ou função específica (conforme a 1ª declinação), que exercerá na frase: Quadro 6. CASOS SINGULAR PLURAL nominativo Puell - a Puell - ae vocativo Puell - a Puell - ae genitivo Puell - ae Puell - arum Acusativo Puell - am Puell - as Dativo Puell - ae Puell - is Ablativo Puell - a Puell - is Fonte: Elaborado pelo autor. Observe que, para cada função, a palavra puella (menina) ganha uma terminação diferente e assume uma forma. Em Latim, isso acontece porque cada caso corresponde a uma função e, para cada função, o substantivo assumirá uma forma diferente conforme a necessidade. A isso 25 ASPECtOS DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 2 chamamos declinação. Declinamos, em Latim, conforme o caso correspondente. A declinação obedece a determinados princípios ou regras já observados na unidade anterior. Nesta unidade, nos propomos a aprofundar o entendimento sobre esses princípios. Antes, contudo, vejamos o gênero e o número dos substantivos latinos. Em Língua Portuguesa temos palavras masculinas e femininas. Outras que chamamos epicenos, comuns-de-dois, e assim por diante. Em Latim, classificamos os substantivos em masculinos, femininos e neutros. Para o masculino, em Latim, temos a correspondência de palavras que determinam seres do sexo masculino assim como trabalhos especificamente masculinos. Também são masculinos os nomes de seres da natureza. Os nomes femininos são representados por seres do sexo feminino e também da natureza, tais como nomes de árvores ou cidades. Os neutros não têm uma especificação, mas podemos reconhecê-los por formas de flexões distintas, como no caso dos nomes de frutos e metais (CARDOSO, 2009, p. 20). Quanto ao número do substantivo este se assemelha ao da Língua Portuguesa. Contamos com o singular e com o plural, indicados pela mesma terminação que será usada para estabelecer a relação sintática, ou seja, o caso. Ao procurar uma palavra no dicionário, é importante que você a procure ou no caso nominativo singular ou no caso genitivo singular. A seguir, veremos, especificamente, como funcionam os casos: dativo e genitivo. Dativo O caso dativo corresponde, em Língua Portuguesa, ao objeto indireto. Assim, você precisa ter o correto entendimento dessa função para que consiga estudá-lo, como um caso, em Latim. Em Português, a função do objeto indireto está intimamente relacionada à predicação verbal, se esta é completa ou incompleta. De acordo com a Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2011, p. 19-20), o verbo também é chamado de predicado porque atribui uma ação a alguém ou a alguma coisa. Desse modo, ele explica que quando a ação se concentra no sujeito de modo integral, o verbo é, de fato, completo, ou seja, a predicação é completa; quando acontece ao contrário, quando o verbo necessita de algo ou alguém, chamamos esse de incompleto, ou seja, a predicação é incompleta. Sendo assim, dizemos que há dois tipos de verbos: aqueles de predicação completa ou intransitivos (morrer, correr etc.) e os de predicação incompleta ou transitivos, que pedem um complemento (escrever, ganhar etc.). Os verbos de predicação incompleta são os que aqui nos interessam, pois pedem, como já dissemos, algo ou alguém que os complete na ideia que desejam exprimir. Podemos subdividir os verbos de predicação incompleta em transitivos diretos ou transitivos indiretos. Os diretos correspondem àqueles verbos que não necessitam de uma preposição, como o verbo beber, por exemplo. Os indiretos serão aqueles que, necessariamente, precisam da preposição para transmitir uma ideia, como o verbo gostar (pois quem gosta, gosta de alguma coisa ou de alguém) (ALMEIDA, 2011, p. 20). 26 CAPÍTULO 2 • ASPECtOS DA LÍngUA LAtInA Figura 12. Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/1249378/. O dativo é o caso que representa, em Latim, a função do objeto indireto na Língua Portuguesa; sua função se realiza com os verbos que precisam de complemento com auxílio da preposição. Exemplo: Ele gosta de futebol. / A criança assistiu ao filme. genitivo O genitivo, no Latim, exerce a função de adjunto adnominal. De acordo com a Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2011, p. 17), o genitivo corresponderia, na verdade, ao adjunto adnominal restritivo, ou seja, aquele que reduz, restringe, de certa forma, o nome. Por exemplo, na frase: A bola do João é verde. Observamos que o adjunto adnominal restritivo vem acompanhado da preposição de, dando uma ideia de pertencimento. Em Latim, portanto, teremos de traduzir o genitivo sempre com a preposição de o antecedendo. Além disso, o genitivo, em relação às declinações, representa o caso pelo qual podemos observar o tema. Ou seja, descobrimos a declinação à qual o substantivo pertence ao observarmos o genitivo singular desta. Copiamos, a seguir, da Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida, o quadro das declinações realizado a partir de seus respectivos genitivos: Quadro 7. Declinações. Declinações 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª genitivo -ae -i -is -us -ei Fonte: Elaborado pelo autor. 27 ASPECtOS DA LÍngUA LAtInA • CAPÍTULO 2 Desse modo, para se encontrar um nome, uma palavra ou um substantivo em um dicionário de língua latina, basta encontrar um substantivo e ficar atento à forma que o acompanhar, como mostram os exemplos a seguir: a. anima, -ae (alma); b. lupus, -i (lobo); c. ciuis, -is (cidadão); d. portus, -us (porto); e. fides, -ei (fé). Sugestão de estudo Site da Diocese de Petrolina em que o aluno poderá encontrar apostilas e informações importantes sobre a língua latina. http://www.diocesedepetrolina.org.br/central/arquivos/file/Curso_de_Latim_GloriaTV.pdf Site em que o aluno terá acessoa fragmentos de textos literários e poderá ouvi-los a fim de treinar a pronúncia. http://www.princeton.edu/~clip 28 Apresentação Neste terceiro capítulo, você verá outras estruturas morfológicas latinas, partindo para o sistema verbal e suas formas nominais. Ainda aprofundaremos os estudos dos substantivos, no Latim, agrupados em 5 (cinco) declinações e dos adjetivos de 1ª e 2ª classes. Objetivos » Perceber o sistema verbal e as formas nominais dos verbos; » Estudar as cinco declinações latinas; » Distinguir os adjetivos de 1ª e 2ª classes. 3CAPÍTULOA EStRUtURA vERBAL LAtInA 29 A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 3 Neste capítulo, começaremos pelas noções dos aspectos verbais, bem como pelas formas nominais do verbo (gerúndio, particípio e supino). Em seguida, aprofundaremos nossos estudos sobre as declinações dos substantivos e dos adjetivos. Bom trabalho. noção de aspecto verbal Que tal iniciar uma conversa sobre verbo? Esta será apenas uma introdução da proposta que pretendemos aprofundar numa próxima unidade. Como conjugamos um verbo? Precisamos, necessariamente, entender que, para um verbo ser conjugado, devemos observar a pessoa, o número, o tempo e o modo. Em Latim, temos quatro conjugações verbais, as quais também identificamos pelo infinitivo, a saber: -are (1ª); -ere (2ª) – com o sinal longo sobre o -e inicial; -ere (3ª) – com a (meia-lua) sobre o -e inicial – e -ire (4ª). De acordo com Napoleão Mendes de Almeida (2011, p. 201), “conjugar um verbo é flexioná-lo em todas as pessoas, números, modos, tempos e vozes” . A representação dos verbos, em Latim, acontece desta forma: asporto, -as, -are, -avi, -atum: vt, transportar, levar. Chamamos essas formas de tempos primitivos dos verbos e é assim que os verbos podem ser encontrados no dicionário. Existem quatro modos verbais na Língua Latina: indicativo, subjuntivo, imperativo e infinitivo. Além desses há, ainda, as formas nominais: gerúndio, particípio e supino. Sobre os tempos e modos sobre os quais o verbo se apresenta falaremos, mais detalhadamente, na unidade subsequente. Assim como em nossa língua, no Latim também conjugamos os verbos em seis pessoas, três no singular e três no plural, cada uma delas indicada por uma terminação específica, a qual é acrescentada ao final do verbo, possibilitando nosso reconhecimento da pessoa a respeito da qual falamos. Observe as terminações: Quadro 8. PESSOA SINGULAR PLURAL 1ª -o -mus 2ª -s -tis 3ª -t -nt Fonte: Elaborado pelo autor. Assim podemos, por exemplo, observar o verbo ser ou estar: sum, es, esse, fui (que veremos, brevemente, em um de nossos capítulos). 30 CAPÍTULO 3 • A EStRUtURA vERBAL LAtInA Declinação dos substantivos e adjetivos Retomemos nossas reflexões sobre as declinações. Já vimos que declinar é flexionar uma palavra (nos deteremos, nesse momento, nos substantivos e adjetivos), ou melhor, ”recitar a palavra em todos os casos, tanto do singular como do plural” (ALMEIDA, 2011, p. 27). Assim, ao declinarmos uma palavra, nos propomos a observar que, em Latim, temos seis casos em que, necessariamente, nem todos terão a mesma terminação. Por quê? Em Latim, cada caso representa uma função e cada função será expressa, na própria palavra, a partir de terminações específicas que desempenham funções também específicas. Em Latim, temos cinco grupos de flexão para os substantivos, conforme a Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida. Sendo assim, temos cinco declinações possíveis. Estas, conforme o genitivo singular da palavra, são: a. 1ª declinação – em -ae; b. 2ª declinação – em -i; c. 3ª declinação – em -is; d. 4ª declinação – em -us; e. 5ª declinação – em -ei. Substantivos – primeira declinação Sabemos de antemão que a 1ª declinação corresponde aos nomes, em Latim, terminados em -a (nominativo) ou -ae (genitivo), ambos no singular. Predominam, para tanto, as palavras femininas e poucas masculinas, tais como alguns nomes de homens e profissões. Nesta declinação, não observaremos a presença de nomes neutros. Vamos ler um quadro representativo com o substantivo puella (menina): Quadro 9. CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO puella puellae a(s) menina(s) vOCAtIvO puella puellae ó menina(s) gEnItIvO puellae puellarum da(s) menina(s) ACUSAtIvO puellam puellas a(s) menina(s) DAtIvO puellae puellis para a(s) menina(s) ABLAtIvO puella puellis com a(s) menina (s) Fonte: Elaborado pelo autor. Observe que não haverá qualquer distinção na declinação das palavras masculinas e femininas. Todas seguirão o mesmo padrão, basta sabermos encontrar o radical da palavra e acrescentar a 31 A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 3 este sua terminação, como em puella. O radical vai até puell- e acrescentamos as terminações da 1ª declinação em -a. Segunda declinação Nesta declinação, encontramos os substantivos, no genitivo singular, terminados em -i. Em sua maioria, os nomes da segunda declinação são masculinos ou neutros, ainda que existam alguns substantivos femininos. A seguir, leia os quadros com as especificações modelares de substantivos da 2ª declinação, a partir do nominativo singular em -us e em -um (Quadros 1 e 2). Os substantivos escolhidos foram: discipulus, -i (discípulo) e donum, -i (dom). Quadro 10. Discipulus (discípulo). CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO discipulus discipuli o(s) discípulo(s) vOCAtIvO discipule discipuli ó discípulo(s) gEnItIvO discipuli discipulorum do(s) discípulo (s) ACUSAtIvO discipulum discipulos o(s) discípulo(s) DAtIvO discipulo discipulis para o(s) discípulo(s) ABLAtIvO discipulo discipulis com o(s) discípulo(s) Fonte: Elaborado pelo autor. Quadro 11. Donum (dom). CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO donum dona o(s) dom(s) vOCAtIvO donum dona ó dom(s) gEnItIvO doni donorum do(s) dom(s) ACUSAtIvO donum dona o(s) dom(s) DAtIvO dono donis para o(s) dom(s) ABLAtIvO dono donis com o(s) dom(s) Fonte: Elaborado pelo autor. De acordo com a Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida, você deverá levar em conta que, nesta declinação, nem sempre o nominativo singular apresentará uma forma única. Sendo assim, precisará observar, também, alguns nomes em -er, como puer (menino) e em -ir, como vir, viri (varão). Também devemos estar atentos a algumas terminações diferenciadas, como no caso da palavra latina filius. A terminação do genitivo singular apresenta dois -ii, mas somente quando, no radical, a terminação tem um -i, o que gerará, no nominativo, -ius ou -ium, como 32 CAPÍTULO 3 • A EStRUtURA vERBAL LAtInA no caso das palavras filius, filii (filho) e auxilium, auxilii (ajuda). Destacamos a irregularidade no radical de determinadas palavras, tais como em Deus, Dei, agnus, agni e chorus, chori. Nestas, o vocativo será sempre diferente, idêntico ao nominativo. Na palavra Deus há, ainda, outras especificidades em relação a irregularidades. Observaremos apenas uma dessas palavras para demonstrarmos a diferença que há, do vocativo e do nominativo, em relação às outras palavras da mesma declinação: Quadro 12. CASO SINGULAR PLURAL nOMInAtIvO agnus agni vOCAtIvO agnus agni gEnItIvO agni agnorum ACUSAtIvO agnum agnos DAtIvO agno agnis ABLAtIvO agno agnis Fonte: Elaborado pelo autor. A palavra agnus, agni (cordeiro), assim como as citadas acima vão apresentar irregularidades quanto ao vocativo. Quanto às palavras em -er, há aquelas que perderão o -e e, em sua minoria, as que o manterão, como no caso de puer, pueri (menino). terceira declinação Na 3ª declinação, observaremos a presença de um número bem maior de palavras. Estas tanto poderão ser masculinas quanto femininas ou neutras, por isso sua atenção e seu estudo deverão ser redobrados. Os temas virão em -i ou em consoantes; contudo, haverá distinções específicas e inesperadas. Para que você acompanhe o estudo desta declinação e consiga realizá-la nos casos determinados, precisará entender que no genitivo teremos obrigatoriamente duas formas distintas:tema em -ium e tema em -um. A colocação adequada das terminações ao declinarmos dependerá, em parte, da compreensão de dois conceitos de palavras, a saber, das palavras parissilábicas e das palavras imparissilábicas. Conforme explica Napoleão Mendes de Almeida, as parissilábicas são aquelas que no singular apresentarão um número equivalente de sílabas tanto no nominativo quanto no genitivo. Exemplo: hostis, hostis (inimigo) que terá duas sílabas no nominativo e duas no genitivo. As imparissilábicas são aquelas que, no genitivo singular, apresentarão uma ou mais sílabas do que no nominativo. Consoante afirma Napoleão Mendes de Almeida, “Imparissilábico quer dizer, portanto, número diferente de sílabas e não número ímpar de sílabas” (ALMEIDA, 2011, p. 64). Os temas em -ium serão formados pelas parassilábicas e os temas em -um, pelas imparissilábicas. 33 A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 3 Importante observar: as palavras terminadas com duas consoantes têm o genitivo plural em -ium. Exemplo: Urbis, urbis, em que o radical é urb-, e o genitivo plural: urbium. Já aquelas que tiverem as terminações em -er, como pater, terão o genitivo plural em -um. Atenção para algumas exceções de parassilábicas que serão em -um: canis, -is (cão), panis,-is (pão), senex, -nis (velho). Para facilitar a compreensão dos substantivos de 3ª declinação, Ernesto Faria (1958, p. 89) apresenta outra explicação: os nomes terminados na sonante -i, seguida de -s, como ciuis (cidadão), são denominados de temas sonânticos; já os nomes terminados em consoante, como princeps (príncipe), são denominados de temas consonânticos. A seguir, o quadro com um modelo de terminação da 3ª declinação com a palavra hostis (inimigo): Quadro 13. CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO hostis hostes o(s) inimigo(s) vOCAtIvO hostis hostes ó inimigo(s) gEnItIvO hostis hostium do(s) inimigo(s) ACUSAtIvO hostem hostes o(s) inimigo(s) DAtIvO hosti hostibus para o(s) inimigo(s) ABLAtIvO hoste hostibus com o(s) inimigo(s) Fonte: Elaborado pelo autor. Há, ainda, as palavras neutras da 3ª declinação. Quanto a estas, umas terão suas terminações no nominativo singular, em -ar, outras em -e e outras em -al. Essas palavras neutras trarão seus ablativos em -i e os genitivos plurais em -ium. Há, também, os neutros que apresentam várias terminações no nominativo singular. Observe que esses sempre farão os neutros em -um, no genitivo plural, e em -e, no ablativo. Exemplo no Quadro 14 com a palavra mare (mar) e, no Quadro 15, com a palavra flumen (rio) (ALMEIDA, 2011, p. 72-73): Quadro 14. CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO mare maria o(s) mar(es) vOCAtIvO mare maria ó mar(es) gEnItIvO maris marium do(s) mar(es) ACUSAtIvO mare maria o(s) mar(es) DAtIvO mari maribus para o(s) mar(es) ABLAtIvO mari maribus com o(s) mar(es) Fonte: Elaborado pelo autor. 34 CAPÍTULO 3 • A EStRUtURA vERBAL LAtInA Quadro 15. CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO *flumen flumina o(s) rio(s) vOCAtIvO *flumen flumina ó rio(s) gEnItIvO fluminis fluminum do(s) rio(s) ACUSAtIvO *flumen flumina o(s) rio(s) DAtIvO flumini fluminibus para o(s) rio(s) ABLAtIvO flumine fluminibus com o(s) rio(s) Fonte: Elaborado pelo autor. *Os neutros consonânticos, cuja terminação é no nominativo singular em -s, -n , -t, a saber: as palavras corpus (corpo), flumen (rio) e caput (cabeça), apresentam todos eles no nominativo/ vocativo/acusativo o tema puro, isto é, sem desinência alguma (desinência zero). No plural, esses casos apresentam a mesma desinência -a (FARIA, 1958, p. 99). Quarta declinação Nesta declinação encontraremos palavras masculinas, femininas e neutras. Entretanto, a quantidade de substantivos será bem menor. Os temas serão em -us e para alguns neutros, em -u. Observaremos, nos plurais do nominativo, do vocativo e do acusativo, a terminação -ua. Daremos dois exemplos como modelos nos quadros a seguir. As palavras cultus (cultura) e genu (joelho): Quadro 16. Cultus (cultura). CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO cultus cultus a(s) cultura(s) vOCAtIvO cultus cultus ó cultura(s) gEnItIvO cultus cultuum da(s) cultura(s) ACUSAtIvO cultum cultus a(s) cultura(s) DAtIvO cultui cultibus para a(s) cultura(s) ABLAtIvO cultu cultibus com a(s) cultura(s) Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 17. Genu (joelho). CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO genu genua o(s) joelho(s) vOCAtIvO genu genua ó joelho(s) gEnItIvO genus genuum do(s) joelho(s) ACUSAtIvO genu genua o(s) joelho(s) DAtIvO genui genibus para o(s) joelho(s) ABLAtIvO genu genibus com o(s) joelho(s) Fonte: Elaborado pelo autor. 35 A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 3 Quinta declinação Para a 5ª e última declinação teremos o tema em -e, no nominativo singular, em -es e, no genitivo singular, em -ei. Acontecerá que nesta declinação encontraremos somente palavras femininas e, também, algumas que não serão declinadas em todos os seis casos. Por isso, selecionamos duas palavras, que são declinadas em todos os casos, para darmos como exemplos. São elas: dies (dia) e res (coisa). Quadro 18. Dies (dia). CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO dies dies o(s) dia(s) vOCAtIvO dies dies ó dia(s) gEnItIvO diei dierum do(s) dia(s) ACUSAtIvO diem dies o(s) dia(s) DAtIvO diei diebus para o(s) dia(s) ABLAtIvO die diebus com o(s) dia(s) Fonte: Elaborado pelo autor. Quadro 19. Res (coisa). CASO SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO nOMInAtIvO res res a(s) coisa(s) vOCAtIvO res res ó coisa (s) gEnItIvO rei rerum da(s) coisa(s) ACUSAtIvO rem res a(s) coisa(s) DAtIvO rei rebus para a(s) coisa(s) ABLAtIvO re rebus com a(s) coisa(s) Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 13. 36 CAPÍTULO 3 • A EStRUtURA vERBAL LAtInA Fonte: http://www.latinitasbrasil.org/#!extras/c1f3b. Adjetivos (1ª e 2ª classes) Quanto aos adjetivos, estes, como palavras que caracterizam os substantivos, a princípio, seguirão os substantivos, concordando com estes em gênero, número e caso. Ou seja, ao declinarmos o substantivo, observaremos o mesmo caso para o adjetivo. Há adjetivos de 1ª classe, que acompanham a 1ª e a 2ª declinações latinas. Tais adjetivos seguem os modelos de bonus, bona, bonum (bom) – Quadro 1 – ou pulcher, pulchra, pulchrum (belo / bela) – Quadro 21. Quadro 20. CASO SING/PLU(MASC) SING/PLU(FEMIN) SING/PLU(NEUTR.) nom. bonus/boni bona/bonae bonum/bona voc. bone/boni bona/bonae bonum/bona gen. boni/bonorum bonae/bonarum boni/bonorum Acus. bonum/bonos bonam/bonas bonum/bona Dat. bono/bonis bonae/bonis bono/bonis Abla. bono/bonis bona/bonis bono/bonis Fonte: Elaborado pelo autor. Quadro 21. CASO SING/PLU(MASC) SING/PLU(FEMIN) SING/PLU(NEUTR.) nom. pulcher/pulchri pulchra/pulchrae pulchrum/pulchra voc. pulcher/pulchri pulchra/pulchrae pulchrum/pulchra gen. pulchri/pulchrorum pulchrae/pulchrarum pulchri/pulchrorum 37 A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 3 CASO SING/PLU(MASC) SING/PLU(FEMIN) SING/PLU(NEUTR.) Acus. pulchrum/pulchros pulchram/pulchras pulchrum/pulchra Dat. pulchro/pulchris pulchrae/pulchris pulchro/pulchris Abla. pulchro/pulchris pulchra/pulchris pulchro/pulchris Fonte: Elaborado pelo autor. Os adjetivos de 2ª classe seguem a 3ª declinação e poderão apresentar terminações diferenciadas, como as que seguem nos modelos a seguir: Adjetivo parissilábico, com três terminações: Quadro 22. Acer (azedo). CASO SING/PLU(MASC) SING/PLU(FEMIN) SING/PLU(NEUTR.) nom. Acer/acres Acris/acres Acre/acria voc. Acer/acres Acris/acres Acre/acria gen. Acris/acrium Acris/acrium Acris/acrium Acus. Acrem/acres Acrem/acres Acre/acria Dat. Acri/acribus Acri/acribus Acri/acribus Abla. Acri/acribus Acri/acribus Acri/acribus Fonte: Elaborado pelo autor. Adjetivo parissilábico, com duas terminações: Quadro 23. Fortis (forte). CASO SING/PLU (MASC. E FEM.) SING/PLU (NEUTRO) nom. Fortis/fortes Forte/fortia voc. Fortis/fortes Forte/fortia gen. Fortis/fortium Fortis/fortium Acus. Fortem/fortes Forte/fortia Dat. Forti/fortibus Forti/fortibusAbla. Forti/fortibus Forti/fortibus Fonte: Elaborado pelo autor. Adjetivo imparissilábico (uma terminação): Quadro 24. Prudens (prudente). CASO SING. (MASC., FEM. E NEUTRO) PLURAL (MASC., FEM. E NEUTRO) nom. prudens prudentes voc. prudens prudentes gen. prudentis prudentium 38 CAPÍTULO 3 • A EStRUtURA vERBAL LAtInA CASO SING. (MASC., FEM. E NEUTRO) PLURAL (MASC., FEM. E NEUTRO) Acus. prudentem prudentes Dat. prudenti prudentibus Ablat. prudenti Prudentibus Fonte: Elaborado pelo autor. Sugestão de estudo Para simplificar o estudo da formação dos adjetivos, acrescentamos o slide a seguir: Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/1764231/ Saiba mais É válido lembrar que também em Latim, assim como na Língua Portuguesa, os adjetivos admitem graus. Todavia, o grau do adjetivo não será nossa matéria de estudo. Para aqueles que se interessarem, basta consultar a bibliografia. Sugestão de estudo Site em que o aluno encontrará explicações e muitos exemplos sobre os casos latinos. http://www.elo.pro.br/repositorio/outros/luizkarol/casos_em_latim/casosemlatimseq.htm Site em que o aluno poderá ler mais sobre os casos em latim, bem como todas as declinações. http://www.nead.unifran.br/aplicacoes/upload/arquivos/latim3.pdf Site em que se pode ler mais sobre as questões referentes aos substantivos e verbos em Latim. http://www.latim-basico.pro.br/latim-basico.pdf 39 Apresentação No nosso quarto capítulo, você expandirá o estudo dos verbos em Latim. Desse modo, verá que a riqueza de tempos e de modos verbais da Língua Latina se aproxima demasiadamente do sistema verbal da Língua Portuguesa. Objetivos » Compreender as vozes verbais em Latim; » Notar as diferenças e particularidades do verbo sum ou esse; » Perceber as diferenças e/ou semelhanças entre os tempos verbais e as 4 (quatro) conjugações latinas. 4 CAPÍTULO APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA 40 CAPÍTULO 4 • APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA Neste capítulo retomaremos o estudo da estrutura verbal latina em seus conceitos mais básicos. Então, estudaremos as vozes, o verbo esse, os tempos, bem como daremos detalhes sobre as quatro conjugações verbais em Latim. Assim, perceberemos que o esquema verbal no Latim em muito se aproxima da organização verbal da Língua Portuguesa, todavia, é preciso estar atento às conjugações. Bons estudos! Conjugação dos verbos regulares na voz ativa Em nosso último estudo, tivemos apenas uma pequena noção a respeito dos verbos e das conjugações verbais. A partir de agora, começaremos a estudar a estrutura verbal latina em seus conceitos mais básicos. Não temos como nos aprofundar na questão verbal, mas aprenderemos como conjugar um verbo em Latim. Caso você queira prosseguir em seus estudos, use como referência de pesquisa a bibliografia citada ao final deste Livro Didático. As vozes, o verbo esse e os tempos Faz-se muito importante alguns lembretes, nesse momento, que não foram citados anteriormente: 1. Em Português, temos as vozes ativa, passiva e reflexiva. Em Latim, também temos três vozes só que, no lugar da reflexiva, temos a depoente. Veremos, em nosso Livro Didático, somente a voz ativa. 2. Como já sabemos, desde o capítulo anterior, em Latim, temos quatro conjugações. O verbo Sum ou esse (ser/estar) apresenta diferenças e particularidades, por isso não se encontra em nenhuma conjugação específica contando, portanto, com sufixos especiais. Ele introduz o predicado nominal. No quadro a seguir, observe sua conjugação no presente do indicativo: Quadro 25. Sum ou esse (ser/estar). PESSOA/NÚMERO Pres. do Indicativo Tradução 1ª pessoa do singular sum sou 2ª pessoa do singular es és 3ª pessoa do singular est é 1ª pessoa do plural sumus somos 2ª pessoa do plural estis sois 3ª pessoa do plural sunt são Fonte: Elaborado pelo autor. 41 APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 4 3. Os tempos em Latim também são três (presente, passado e futuro), mas subdivididos em seis. Conforme o quadro a seguir: Quadro 26. TEMPOS SUBDIVISÃO TEMPORAL PRESEntE Presente PASSADO Pretérito imperfeito Pretérito perfeito Pretérito mais-que-perfeito FUtURO Futuro imperfeito Futuro perfeito Fonte: Elaborado pelo autor. 4. Os tempos verbais, em Latim, podem ser divididos em dois grandes grupos, a saber, o Infectum (não feito) e o Perfectum (feito/realizado). Segue a representação, em quadro, dos dois grupos: Quadro 27. Infectum Presente Pret. imperfeito Futuro imperfeito Perfectum Pret. perfeito Pret. mais-que-perfeito Futuro perfeito Fonte: Elaborado pelo autor. 5. Quanto aos tempos em Latim, também precisamos entender que há primitivos e derivados. É a partir dos tempos primitivos que conhecemos os demais e, a partir destes, com as desinências de 1ª pessoa, que podemos encontrar um verbo latino no dicionário. Observe o quadro a seguir com a especificação dos tempos primitivos e dos tempos derivados da voz ativa: Quadro 28. tEMPOS PRIMItIvOS 1. Indicativo presente; 2. Pret. perfeito do indicativo; 3. Supino; 4. Infinitivo. tEMPOS DERIvADOS 1. Imperfeito do indicativo; fut. do imperfeito; presente do subjuntivo; particípio presente e gerúndio; 2. Mais-que-perfeito; fut. perfeito; mais-que-perfeito do subjuntivo; infinitivo passado; 3. Particípio passado; particípio futuro; 4. Imperativo; imperfeito do subjuntivo. Fonte: Elaborado pelo autor. 42 CAPÍTULO 4 • APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA 6. Há tempos, em Latim, sobre os quais selecionamos exemplos em 1ª conjugação, com o verbo amo (amar), para que você tenha acesso ao conhecimento e à existência destes. Desta forma, não trataremos a respeito dos tempos, a seguir citados, nos nossos estudos. Quadro 29. TEMPO VERBO amare (amar) Infinitivo passado amavisse Imperativo ama/amate Particípio presente amans/ amantis Particípio futuro amaturus, -a, -um Particípio passado amatus, -a, -um gerúndio amandum Supino amatum Fonte: Elaborado pelo autor. Primeira conjugação Revendo as bases do nosso capítulo, iniciaremos pelo indicativo presente da 1ª conjugação regular latina sabendo que, no infinitivo do verbo, teremos a terminação verbal em -are. Tomemos como exemplo o verbo educo (ensinar) – Quadro 30 –, no presente do indicativo, cujo modelo será seguido por todos os verbos da primeira conjugação. Quadro 30. Educo (educar). PESSOA/NÚMERO TEMPO Presente do indicativo TRADUÇÃO 1ª do singular educo educo 2ª do singular educas educas 3ª do singular educat educa 1ª do plural educamus educamos 2ª do plural educatis educais 3ª do plural educant educam Fonte: Elaborado pelo autor. Observe que as terminações verbais compreendem aquelas citadas anteriormente. Reveja, no Quadro 31, as terminações (desinências): Quadro 31. PESSOA SINGULAR PLURAL 1ª -o -mus 2ª -s -tis 3ª -t -nt Fonte: Elaborado pelo autor. 43 APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 4 Como já dissemos, como conjugamos um verbo? Precisamos, necessariamente, entender que para um verbo ser conjugado devemos observar a pessoa, o número, o tempo, a voz e o modo. Em Latim, as quatro conjugações verbais são identificadas pelo infinitivo, a saber: -are (1ª); -ere (2ª) – com o sinal longo sobre o -e inicial; -ere (3ª) – com a (meia lua) sobre o -e inicial – e -ire (4ª). De acordo com Napoleão Mendes de Almeida (2011, p. 201), “conjugar um verbo é flexioná- lo em todas as pessoas, números, modos, tempos e vozes”. A representação dos verbos, em Latim, acontece desta forma: asporto, as, are, avi, atum: vt, transportar, levar (1ª conjugação). E assim como em nossa língua, no Latim, também conjugamos os verbos em seis pessoas, três no singular e três no plural, cada uma delas indicada por uma terminação específica, a qual é acrescentada ao final do verbo, possibilitando nosso reconhecimento da pessoa a respeito da qual falamos. Para cada conjugação, apresentaremos um quadro de conjugações do Infectum e do Perfectum, como referência, com osprincipais tempos latinos do indicativo e subjuntivo. Vejamos um quadro da 1ª conjugação, verbo amo (amar): Quadro 32. TEMPO VERBO AMO (PESSOAS) Indicativo Presente amo amas amat amamus amatis amant Imperfeito do indicativo amabam amabas amabat amabamus amabatis amabant Futuro imperfeito amabo amabis amabit amabimus amabitis amabunt Pret. perfeito do indicativo amavi amavisti amavit amavimus amavistis amaverunt 44 CAPÍTULO 4 • APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA Pret. mais-que-perfeito amaveram amaveras amaverat amaveramus amaveratis amaverant Fut. perfeito amavero amaveris amaverit amaverimus amaveritis amaverint Presente do subjuntivo amem ames amet amemus ametis ament Imperfeito do subjuntivo amarem amares amaret amaremus amaretis amarent Perfeito do subjuntivo amaverim amaveris amaverit amaverimus amaveritis amaverint Mais-que-perfeito do subjuntivo amavissem amavisses amavisset amavissemus amavissetis amavissent Fonte: Elaborado pelo autor. Observe que precisamos sempre localizar o radical do verbo para que este seja conjugado com correção, assim como funciona nas declinações dos nomes (capítulo 3). Para descobrir o radical da 1ª conjugação, basta retirar o -o da primeira pessoa verbal (am -o; pugn -o; apport –o; ar –o etc.) e acrescentar, ao radical, as desinências citadas acima, no Quadro 2. Você perceberá que não é difícil se seguir as regras e estiver atento às desinências verbais. 45 APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 4 Segunda conjugação Já sabemos que a segunda conjugação tem o infinitivo em -ere. Conforme a noção dada na Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida, é pouca a diferença que podemos apontar entre a 1ª e a 2ª conjugações. Basicamente, observamos a mudança da vogal característica -a. Vejamos, no quadro a seguir, a conjugação do verbo habeo (ter) no presente do indicativo: Quadro 33. Habeo (TER). PESSOA/NÚMERO TEMPO Presente do indicativo TRADUÇÃO 1ª do singular habeo tenho 2ª do singular habes tens 3ª do singular habet tem 1ª do plural habemus temos 2ª do plural habetis tendes 3ª do plural habent têm Fonte: Elaborado pelo autor. Podemos constatar que as desinências se mantêm. O que muda, de fato, na segunda conjugação verbal, como já dissemos, é a vogal do radical da palavra que na 1ª é o –a e, na 2ª, passa a –e. Na segunda conjugação, o enunciado verbal é apresentado (num dicionário, por exemplo) da seguinte forma: habeo, -es, -ere, -evi, -etum: vt, ter. A seguir, atentemos para as conjugações do verbo video (ver), 2ª conjugação: Quadro 34. TEMPO VERBO VIDEO (PESSOAS) Indicativo Presente video vides videt videmus videtis vident Imperfeito do indicativo videbam videbas videbat videbamus videbatis videbant 46 CAPÍTULO 4 • APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA TEMPO VERBO VIDEO (PESSOAS) Futuro imperfeito videbo videbis videbit videbimus videbitis videbunt Pret. perfeito do indicativo vidi vidisti vidit vidimus vidistis viderunt Pret. mais-que-perfeito videram videras viderat videramus videratis viderant Fut. perfeito videro videris viderit viderimus videritis viderint Presente do subjuntivo videam videas videat videamus videatis videant Imperfeito do subjuntivo viderem videres videret videremus videretis viderent Perfeito do subjuntivo viderim videris viderit viderimus videritis viderint 47 APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 4 TEMPO VERBO VIDEO (PESSOAS) Mais-que-perfeito do subjuntivo vidissem vidisses vidisset vidissemus vidissetis vidissent Fonte: Elaborado pelo autor. terceira conjugação A terceira conjugação tem suas particularidades. Seu infinitivo também é em -ere (com a meia lua sobre o -e inicial), lembra-se? Sim, mas mesmo que não falemos sobre a questão da acentuação, ainda que esse detalhe seja importante, temos que distinguir a 2ª conjugação da 3ª conjugação. Assim, conforme explica a Gramática Latina, de Napoleão Mendes de Almeida (2011, p. 138), devemos observar a 1ª pessoa do singular do indicativo presente. Nesta pessoa encontramos a presença da desinência -eo, desinência própria de um verbo da 2ª conjugação. Os verbos da 3ª conjugação não têm essa terminação. Também, em relação à 2ª pessoa do singular do indicativo presente, encontramos a desinência -es para os verbos de 2ª conjugação enquanto, na 3ª conjugação, encontramos o -is. Nesta conjugação, os verbos terão os temas em consoante ou temas em -i. A seguir, um quadro de referência da 3ª conjugação com o verbo Vivo (viver). Quadro 35. TEMPO VERBO VIVO (PESSOAS) Indicativo Presente vivo vivis vivit vivimus vivitis vivunt Imperfeito do indicativo vivebam vivebas vivebat vivebamus vivebatis vivebant 48 CAPÍTULO 4 • APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA TEMPO VERBO VIVO (PESSOAS) Futuro imperfeito vivam vives vivet vivemus vivetis vivent Pret. perfeito do indicativo vivi vivisti vivit vivimus vivistis viverunt Pret. mais-que-perfeito viveram viveras viverat viveramus viveratis viverant Fut. perfeito vivero viveris viverit viverimus viveritis viverint Presente do subjuntivo viveam viveas viveat viveamus viveatis viveant Imperfeito do subjuntivo viverem viveres viveret viveremus viveretis viverent Perfeito do subjuntivo viverim viveris viverit viverimus viveritis viverint 49 APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA • CAPÍTULO 4 TEMPO VERBO VIVO (PESSOAS) Mais-que-perfeito do subjuntivo vivissem vivisses vivisset vivissemus vivissetis vivissent Fonte: Elaborado pelo autor. Quarta conjugação Como colocado anteriormente, a 4ª conjugação tem seu infinitivo em -ire. A vogal que caracteriza esta conjugação é a vogal -i, que se manterá em todas as formas verbais desta conjugação. Devemos ter em mente que na 1ª pessoa do singular do indicativo presente encontraremos a terminação –io, sobre a qual nos basearemos para identificá-la (ALMEIDA, 2011, p. 148). Na 4ª conjugação, portanto, os verbos seguirão o modelo de conjugação de audio (ouvir). Quadro 36. TEMPO VERBO AUDIO (PESSOAS) Indicativo Presente audio audis audit audimus auditis audiunt Imperfeito do indicativo audiebam audiebas audiebat audiebamus audiebatis audiebant Futuro imperfeito audiam audies audiet audiemus audietis audient Pret. perfeito do indicativo audivi audivisti audivit audivimus audivistis audiverunt 50 CAPÍTULO 4 • APROFUnDAnDO A EStRUtURA vERBAL LAtInA TEMPO VERBO AUDIO (PESSOAS) Pret. mais-que-perfeito audiveram audiveras audiverat audiveramus audiveratis audiverant Fut. perfeito audivero audiveris audiverit audiverimus audiveritis audiverint Presente do subjuntivo audiam audias audiat audiamus audiatis audiant Imperfeito do subjuntivo audirem audires audiret audiremus audiretis audirent Perfeito do subjuntivo audiverim audiveris audiverit audiverimus audiveritis audiverint Mais-que-perfeito do subjuntivo audivissem audivisses audivisset audivissemus audivissetis audivissent Fonte: Elaborado pelo autor. Podemos concluir que a estrutura verbal latina em muito se aproxima da estrutura verbal da nossa Língua Portuguesa, certo? Desse modo, procure estar atento às terminações das quatro conjugações. Sugestão de estudo Site em que se pode ler mais sobre as questões referentes aos substantivos e verbos em Latim. http://www.latim-basico.pro.br/latim-basico.pdf Site em que o aluno poderá conjugar os verbos em Latim em todos os tempos, modos e formas nominais. http://www.verbix.com/languages/latin.shtml 51 Apresentação Em nosso penúltimo capítulo, você estudará a estrutura dos períodos em Latim, ou seja, se os períodos são simples ou compostos. Você ainda estudará brevemente sobre elementos referentes à cultura latina, a saber: a família, as classes e o casamento. Objetivos » Compreender a estrutura dos períodos simples e compostos; » Estudar as característicasda cultura latina; » Depreender pontos significativos sobre a família, as classes e o casamento em Roma. 5CAPÍTULOFUnDAMEntOS DA CULtURA LAtInA 52 CAPÍTULO 5 • FUnDAMEntOS DA CULtURA LAtInA Neste capítulo, veremos, brevemente, o período simples e o período composto latinos. Estudaremos a caracterização de um período que se estrutura com base em uma ou mais orações, no qual estas se organizam com a presença do verbo. O período é denominado simples quando possui apenas um verbo. Quando se trata de um período com a presença de dois ou mais verbos o período é chamado de composto. Ainda trataremos de forma sucinta de aspectos referentes à cultura latina, a saber: a família, as classes e o casamento. Períodos simples e compostos da língua latina Não é comum existir este tópico nas gramáticas e apostilas de Língua Latina. Normalmente, observamos os períodos a partir das análises sintáticas. Como vimos parte desse conteúdo em nossos capítulos anteriores, vamos apenas sugerir outra forma de observação dos períodos começando pela presença do verbo, assim como em Língua Portuguesa. O que caracteriza um período como simples? Um período é um enunciado composto de uma ou mais orações. Quando esse período é simples dizemos que este possui apenas um verbo. Quando composto, dizemos que se trata de um período com a presença de mais de um verbo. Ou seja, simplificando, podemos dizer que cada oração é organizada em torno de um verbo. Na análise sintática examinam-se a estrutura de um período simples e a estrutura de períodos compostos. Em Latim, nos nossos estudos iniciais, falamos sobre os termos da oração e separamos cada um deles em casos. Vamos relembrá-los? Quadro 37. CASO FUNÇÃO SINTÁTICA nominativo Sujeito e predicativo do sujeito vocativo vocativo genitivo Adjunto adnominal Acusativo Objeto direto Dativo Objeto indireto Ablativo Adjunto adverbial Fonte: Elaborado pelo autor. Entendemos cada caso pela transposição da função sintática em Língua Portuguesa. Também entendemos que os seis casos representam os seis principais elementos que compõem uma frase em Latim. Desse modo, concluímos que um período, em Latim, é como um período em Língua Portuguesa. Leia os exemplos a seguir: a. Período simples: o comandante, Marco Antônio, seguiu com as tropas à guerra. 53 FUnDAMEntOS DA CULtURA LAtInA • CAPÍTULO 5 b. Período composto: o comandante, Marco Antônio, seguiu com as tropas e venceu a guerra. Selecionamos exemplos em Latim. Leia-os e observe a presença dos verbos. a. Fortuna adversa hominem cupidum ambit. (“A má sorte envolve o homem ganancioso”); b. Sol scintillat, lucem et vitam, homini et plantis dat. (“O Sol brilha (e) dá luz e vida aos homens e às plantas”). Pela tradução das frases acima, podemos destacar a primeira frase (a) como um período simples e a segunda frase (b) como um período composto. Assim fazemos porque observamos, na frase 1, apenas um verbo: ambit (envolve, rodeia). Já na frase 2, o período é composto por causa da presença de dois verbos: scintillat (brilha) e dat (dá). Consequentemente, dizemos que a frase 2 corresponde a um período com duas orações. Com a finalidade de ilustrar melhor as construções referentes aos períodos simples e compostos em Língua Latina, selecionamos alguns provérbios e/ou sentenças latinas seguidas de tradução e de classificação: 1. Aquila non capit muscas. (A águia não apanha moscas.) – período simples. 2. Si vis, potes. (Se queres, podes.) – período composto. 3. Abusus non tollit usum. (O abuso não impede o uso.) – período simples. 4. Verba volunt, scripta manent. (As palavras voam, os escritos permanecem.) – período composto. 5. Manus manum lavat. (Uma mão lava a outra.) – período simples. 6. Nascuntur poetae, fiunt oratores. (Os poetas nascem, os oradores se fazem.) – período composto. 7. Mors omnia solvit. (A morte dissolve tudo.) – período simples. Figura 14. Fonte: https://www.igpile.com/media/1014664005355144725_1529436120. 54 CAPÍTULO 5 • FUnDAMEntOS DA CULtURA LAtInA Figura 15. (tradução: Errar é humano.) Fonte: http://ilmondofuoriedentrome.iobloggo.com/archive.php?m=08&d=13&y=2013. Figura 16. (tradução: Aproveite o dia.) Fonte: http://edcapistrano.blogspot.com.br/2010/07/frases-latinas-sobre-o-tempo.html Figura 17. (Tradução: O amor vence todas as coisas, também nós cedamos ao amor. ) Fonte: http://unendingmewordpress.com/2011/03/. Seria possível, a partir daqui, nos prolongarmos em torno da análise de períodos compostos em Latim a fim de estendermos o assunto até as orações subordinadas. Contudo, essa proposta deve abraçar aquele que, de fato, se interessar pelo estudo mais aprofundado da Língua Latina. Caso esse seja seu desejo, consulte nossa bibliografia. 55 FUnDAMEntOS DA CULtURA LAtInA • CAPÍTULO 5 A cultura latina Faz-se necessário que nos detenhamos em conhecer, brevemente, a cultura sob a qual esse povo foi construído e instruiu e educou seus filhos, visto que tais perspectivas, implantadas há séculos, ainda perduram na contemporaneidade. Para tanto, abordaremos, de modo geral, o dia a dia dessa gente, observando alguns aspectos muito específicos da vida dos romanos. Assim, constataremos que determinados modos de comportamento do cotidiano latino ou condizem ou contrastam com nossa própria maneira de existir em sociedade. Figura 18. Fonte: http://melhorespontosturisticos.com.br/ponto-turistico-em-roma-coliseu-de-roma-colosseum/. A família Na família, o pai exercia o paterfamilias, uma onipotência legal sobre sua mulher, seus filhos e seus escravos. Por meio desse particular e definitivo poder, o pai podia receber ou rejeitar (até mesmo levando à morte) seu próprio sangue, se acreditasse que ele lhe envergonhava ou não lhe trazia quaisquer benefícios. O ato de levantar o recém-nascido simbolizava o recebimento, no seio familiar, da criança. Ele, o pai, é quem podia legitimar o bebê ou torná-lo um ser desprezado, qualquer, abandonado a sua própria sorte. Em casos específicos, ainda, o pai, podia condenar os filhos e a esposa à morte por motivos torpes e banais, caso fosse a decisão da maioria num conselho em família. O Estado conservou tal atitude durante muito tempo sem querer tocar nas decisões de família e, consequentemente, sem querer pensar em cercear a suprema autoridade do pater. 56 CAPÍTULO 5 • FUnDAMEntOS DA CULtURA LAtInA Figura 19. Apresentação artística para os moradores de uma típica residência romana - Casal da elite romana. Fonte: (http://brasilescola.uol.com.br/historiag/casamento-formacao-familiar-na-roma-antiga.htm). Figura 20. Fonte: http://www.monografias.com/trabajos101/familia-romana/familia-romana.shtml. As classes Os romanos viviam uma sociedade em que alguns grupos específicos mandavam e, outros, tentavam conviver ou mesmo sobreviver, sob um sistema desigual. Os grupos citados correspondem, a saber, aos patrícios, aos plebeus, aos clientes e aos escravos. Os patrícios eram grandes proprietários de terras que também podiam ter escravos e rebanhos assim como direitos políticos e favorecimentos em relação à atuação na vida pública e em relação às funções próprias que envolviam o poder e o comando do estado, tais como o exército, a justiça e a religião. Os plebeus, pessoas simples, do povo, cujo estudo restringia-se ao básico para lidar com o comércio, o artesanato ou a agricultura, eram livres, entre homens e mulheres, e, a despeito da nomenclatura a eles atribuída, podiam ainda ter e gerar riquezas. Os clientes prestavam serviços aos patrícios, dos quais, normalmente, tornavam-se sócios em troca de favorecimentos econômicos, pessoais ou proteção social. Eram a ponte de ligação ou o ponto convergente entre os patrícios e o poder (político e militar). 57 FUnDAMEntOS DA CULtURA LAtInA • CAPÍTULO 5 Os escravos eram homens e mulheres que possuíam um senhor. Como propriedades, deviam suas vidas aos seus senhores e deles dependiam para todas as suas atividades, quaisquer que fossem.
Compartilhar