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Direitos Humanos - Tema 01 - Módulo 2 - Direitos Individuais e coletivos consagrados na constituição

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Direitos Humanos
Tema 01: Módulo 02
Direitos Individuais e coletivos consagrados na constituição 
Os direitos individuais estão previstos no Artigo 5º e respectivos incisos da Constituição Federal. Podem ser conceituados, conforme ensina José Afonso da Silva (2020), como aqueles que reconhecem autonomia aos particulares, garantindo a iniciativa e independência aos indivíduos diante dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado. 
Em relação aos destinatários, será que eles se aplicam também às pessoas jurídicas ou apenas às pessoas físicas?
O entendimento majoritário é o de que esses direitos também se lhes aplicam de3sde que haja compatibilidade com a natureza da pessoa jurídica. O direito à vida ou de ir e vir, por obvio, não são aplicáveis às pessoas jurídicas. Contudo, há diversos outros direitos que se estendem a elas, como o direito de propriedade, o sigilo de correspondências, dentre outros. Há inclusive, direitos que são típicos de pessoas jurídicas, como direito à propriedade das marcas e ao nome da empresa. 
No tópico relativo às características dos direitos fundamentais, nós também já vimos a controvérsia provocada pela redação do caput do art. 5º da Constituição, que aparentemente exclui o estrangeiro não residente no país da titularidade dos direitos fundamentais ali elencados.
Naquela oportunidade, vimos que o entendimento amplamente majoritário, inclusive agasalhado pelo Supremo Tribunal Federal, é o de que a Constituição não excluiu os direitos fundamentais do estrangeiro não residente no país.
Atenção: No processo de elaboração constitucional, cogitou-se colocar os direitos coletivos em capítulo especial. Tal proposta, porém, foi rejeitada, mantendo-se o capítulo intitulado “Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”.
Eles são, na verdade, direitos cuja titularidade é individual, mas cujo exercício requer a participação conjunta de diversas pessoas. Incluem-se nessa categoria os direitos de reunião, de associação, dentre outros.
O rol de direitos elencados no art. 5º é extenso, a seguir aqueles que são mais relevantes e que suscitam maior controvérsia:
Direito de Propriedade: Está previsto nos seguintes incisos do artigo 5º:
· XXII – é garantido o direito de propriedade;
· XXIII – a propriedade atenderá à sua função social.
Existem também outros dispositivos constitucionais com previsões específicas acerca do direito de propriedade ao longo de toda a Constituição (ex.: artigos 5º, XXIV; 182 etc.).
A partir dos dispositivos citados, vemos que a própria Constituição já define um limite para o direito de propriedade, ao exigir que ela atenda à sua função social. Essa decisão do constituinte supera a antiga ideia de que a propriedade é absoluta.
Uma questão que se põe diz respeito ao conceito de função social. O artigo 1228 do Código Civil fixa alguns parâmetros:
· §1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
· §2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
· A Constituição também fixa requisitos para o atendimento da propriedade rural:
· Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
· I – Aproveitamento racional e adequado;
· II – Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
· III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
· IV – Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Atenção!
Seguindo essa linha, o Supremo Tribunal Federal já afirmou expressamente que o direito de propriedade não se revela absoluto, estando relativizado pela Constituição.
Liberdade de Expressão: Está prevista no art. 5º, IV: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.
· É vital para uma democracia, que pressupõe debate público, amplo acesso a ideias e pontos de vista divergentes. Em qualquer espaço, pressupõe-se que cada pessoa, para poder decidir sobre algo, deva ter acesso às informações mais variadas.
· A ideia subjacente a esse direito fundamental é de que a democracia exige um espaço público de discussão robusto, plural, dinâmico no qual diferentes pontos de vista possam ser devidamente debatidos sem a tirania de uma única ideia.
· Tem por fim a autonomia, a realização pessoal de cada indivíduo, na medida em que o homem, como um ser social, tem a necessidade de se comunicar, moldando a sua personalidade conforme interage com os outros do seu meio.
· A necessidade de se proteger a liberdade de expressão como corolário da própria democracia tem sido reiterado pelo Supremo Tribunal Federal em diversos julgados:
· “A Democracia não existirá e a livre participação política não florescerá onde a liberdade de expressão for ceifada, pois esta constitui condição essencial ao pluralismo de ideias, que por sua vez é um valor estruturante para o salutar funcionamento do sistema democrático. A livre discussão, a ampla participação política e o princípio democrático estão interligados com a liberdade de expressão, tendo por objeto não somente a proteção de pensamentos e ideias, mas também opiniões, crenças, realização de juízo de valor e críticas a agentes públicos, no sentido de garantir a real participação dos cidadãos na vida coletiva. São inconstitucionais os dispositivos legais que tenham a nítida finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático” (STF, ADI 4451, Relator Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 21/06/2018, publ. DJ 06/03/2019).
Atenção!
Conforme visto no tópico relativo às características dos direitos fundamentais, o Supremo Tribunal Federal não inclui discursos de ódio ou racistas no âmbito de proteção da liberdade de expressão.
Liberdade Religiosa: Liberdade de religião não é apenas o direito de professar publicamente determinada religião, mas também o direito de não ter nenhuma.
· Tema mais polêmico diz respeito à possibilidade de, com base na liberdade religiosa, tentar converter outras pessoas e atrair fiéis para determinada seita religiosa.
· O Supremo Tribunal Federal já se debruçou sobre o tema e entendeu que essas atitudes estão protegidas pela liberdade de religião:
· “A liberdade religiosa não é exercível apenas em privado, mas também no espaço público, e inclui o direito de tentar convencer os outros, por meio do ensinamento, a mudar de religião. O discurso proselitista é, pois, inerente à liberdade de expressão religiosa. (...) A liberdade política pressupõe a livre manifestação do pensamento e a formulação de discurso persuasivo e o uso dos argumentos críticos. Consenso e debate público informado pressupõem a livre troca de ideias e não apenas a divulgação de informações. (...) (STF, ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, julgado em 16/05/2018, publ. DJ 23/10/2018).
· Outro ponto polêmico relacionado a esse direito envolve a discussão em torno da admissibilidade ou não do sacrifício de animais como manifestação religiosa. Como se sabe, essa é uma prática cultural presente em diversas religiões, especialmente nas de matriz africana. O debate nos coloca um conflito entre dois direitos fundamentais: a liberdade religiosa e a proteção ao meio ambiente.
No entanto, o Supremo Tribunal Federal também já se manifestou sobre o assunto ao analisar uma lei, do Rio Grande do Sul, que permitia o sacrifício de animais em ritos religiosos. A Corte fixou a seguinte tese:
· “É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões dematriz africana”.
Dessa maneira, entendeu que a prática e os rituais relacionados ao sacrifício animal são patrimônio cultural imaterial e constituem os modos de criar, fazer e viver de várias comunidades religiosas, devendo tal direito ser protegido (STF, RE 494601, Relator Edson Fachin, Tribunal Pleno, julgado em 28/03/2019, publ. DJ 19/11/2019).
Liberdade de Reunião: Está prevista no art. 5º, XVI:
· “Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”.
Da leitura do dispositivo, concluímos que se exige apenas o mero aviso à autoridade competente. Não cabe à autoridade definir o local, nem tomar medidas para dificultar a reunião. A Constituição, porém, ressalta que não se pode atrapalhar outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local. Busca-se, assim, evitar o abuso de direito que vise atrapalhar outras reuniões, além de se evitar eventuais conflitos que coloquem em risco a ordem pública.
Na lição de José Afonso da Silva (2020), reunião é qualquer agrupamento formado em certo momento com o objetivo comum de trocar ideias ou de receber manifestação de pensamento político, filosófico, religioso, científico ou artístico. Ela protege passeatas e manifestações nos logradouros públicos.
Note-se que a liberdade de reunião tem grande relevância, pois, por meio dela, é possível exercer outras liberdades, como as de expressão e de locomoção. Assim, tal direito fundamental é instrumento para proteção de outros direitos fundamentais.
Direitos Sociais
Os direitos sociais são aqueles ligados à igualdade. Trata-se de prestações positivas a serem oferecidas direta ou indiretamente pelo Estado a fim de conceder melhores condições de vida àqueles que não possuem uma situação social digna.
 os direitos sociais surgem na segunda geração de direitos fundamentais, caracterizados por exigirem uma prestação positiva do Estado para atender às necessidades dos indivíduos. Não é mais suficiente que o Estado se abstenha de violar direitos; é preciso que ele atue para protegê-los e concretizá-los.
O artigo 6º da Constituição enumera como direitos sociais:
· Educação;
· Saúde;
· Alimentação;
· Trabalho;
· Moradia;
· Transporte;
· Lazer;
· Segurança;
· Previdência Social;
· Proteção à Maternidade e à infância;
· Assistência aos Desamparados. 
Todos os direitos mencionados exigem uma prestação positiva do Estado, ou seja, uma política pública para garanti-los, o que gera custos. Assim, os direitos sociais trazem o desafio de qual será a parcela desse direito que será exigível do Estado.
Dentre eles, o direito à saúde merece uma análise mais detida. A Constituição deixa claro que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Ela é tratada com mais detalhes nos artigos 196 e seguintes da Constituição, onde também há regras de competências dos entes federados para a implementação de políticas públicas de saúde.
A consagração do direito à saúde tem provocado inúmeros debates em torno da extensão desse direito e dos limites da interferência do Judiciário na sua aplicação. Se a Constituição garante o direito à saúde, então é possível requerer judicialmente qualquer tratamento médico ou remédio em face do Poder Público? Esse é um tema que tem desafiado todos os entes federados no país, que recebem diariamente milhares de ações judiciais com demandas dessa natureza.
O STF, sempre que provocado, tenta estabelecer parâmetros para a interferência do Judiciário na concretização desse direito. A Corte Suprema já entendeu que, em regra, o Estado não é obrigado a fornecer medicamentos de alto custo solicitados judicialmente quando não estiverem previstos na relação do Programa de Dispensação de Medicamentos em Caráter Excepcional, do Sistema Único de Saúde (SUS).
O direito à alimentação e à moradia buscam consagrar o direito à saúde e a uma vida digna, tendo servido de esteio para diversos programas sociais de renda mínima e de crédito à moradia implementados nas últimas décadas. Em 2020, eles voltaram a ter destaque nacional com o auxílio emergencial implementado pelo governo federal diante dos impactos econômicos e sociais da pandemia de COVID-19.
Com base no direito à moradia, os tribunais, inclusive o Supremo Tribunal Federal, têm entendido que, no caso de construções irregulares, ainda que se reconheça o poder-dever do poder público de demoli-las, ele é obrigado a implementar medidas para mitigar os efeitos sobre as famílias que ali se encontram. É muito comum que o poder público, em especial o município, seja obrigado a oferecer alguma opção de moradia ou algum benefício assistencial antes de retirar as pessoas que ocupam áreas irregulares ou de risco.
O artigo 7º da Constituição também estabelece uma série de outros direitos sociais aos trabalhadores urbanos e rurais, como por exemplo:
· Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
· Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
· Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
· Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.

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