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9 - PLANOS HETERODOXOS (1985-92) O que complica qualquer processo de estabilização... Inflação cria incerteza. Logo, além da desconfiança dos agentes econômicos devemos ressaltar: Mudança cenário político: pressões políticas e sociais Economia relativamente fechada (pouco competitiva) Inflação: teoria econômica (1) Em geral, processos inflacionários são associados a uma economia aquecida. Em particular, um excesso de gasto público contribui para isso Teoria Quantitativa da Moeda -Estabelece uma relação direta entre a moeda e o lado real da economia. Afirma que a quantidade disponível de moeda determina o nível de preços. Inflação de demanda-Ocorre quando há excesso de demanda agregada (DA) em relação a produção disponível de bens e serviços. Diz-se “dinheiro demais à procura de poucos bens”. Associada ao “pleno emprego” Inflação de custos -É associada a uma inflação tipicamente de oferta. Neste caso a demanda permanece inalterada, mas os custos de certos insumos considerados importantes aumentam; as altas dos custos são repassados aos preços dos produtos. Inflação no Brasil (1) Mas no Brasil, independentemente do estado da economia (expansão ou recessão) aumentos de preços continuavam. Agentes econômicos conseguiam repassar para seus preços os choques que afetavam sua renda. Inclusive o próprio governo Inflação no Brasil (2) Meados dos anos 80s, ganhava força a tese da inflação inercial. Sobressaíram 2 correntes acadêmicas: A) Inercialista (PUC-RJ): Mecanismos de indexação (correção monetária sobre preços, salários, ativos reais) perpetuavam o aumento de preços. Existiam 2 propostas: Choque heterodoxo (Lopes): congelamento depois descompressão Moeda indexada (Larida): Desindexação da economia por meio de uma indexação total( sincronização dos ajustes de preços Inflação no Brasil (3) B) Pós-Keynesianos (Unicamp) – Tavares e Belluzo Formação de preços pode ser dividida entre aqueles flexíveis (sujeitos às condições do mercado) e rígidos (setores mais oligopolizados). Este último determina um mark up sobre custos (preservar lucros) Durante anos 80s, 2 componentes de custos (câmbio e juros) trouxe maior incerteza. Empresas colocavam um mark up cada vez maior. Indexação propagava estes aumentos. Da ortodoxia para heterodoxia Ao longo desse período houve várias tentativas para redução abrupta da inflação (planos heterodoxos) intercalados por período de controles ortodoxos (via instrumentos monetários, mas associada ao livre mercado) No caso da visão heterodoxa, o diagnóstico dos planos era comum: inflação inercial e como principal instrumento o congelamento de preços. Independentemente do Plano o balanço seria de mais perdas do que ganhos. Estabilidade no curto prazo seguidos por piora da inflação levaram a um comportamento preventivo dos agentes econômicos (empresas e consumidores) Condições economia antes do Plano Cruzado Cenário político complicado: Sarney assumiu governo com resultado da fusão de várias correntes. Cenário econômico: recuperação atividade econômica depois da recessão, contas externas equilibradas mas inflação em torno de 200% ªª Obviamente que inflação virou o alvo da política econômica Plano Cruzado (1986) Principais medidas Nova moeda (cruzado substitui cruzeiro) Reajuste salarial + abono. Gatilho (inflação>20%) Congelamento de preços (economia com grande dispersão de preços) Tablita para conversão de valores de contratos Resultados Queda abrupta da inflação trouxe bônus políticos para o governo além de promover “movimento cívico” Mas explosão do consumo pressionou diversos mercados, sobretudo aqueles com preços defasados ou com alta elasticidade renda. ( Escassez, ágio, filas Resposta do governo: Subsídios, liberação importados e operações policiais de confisco que deram “pontos” ao governo Resposta do mercado: maquiagem de produtos, mudança de embalagem, alterações das especificações. Juros negativos ( fuga para a Bolsa, dólar paralelo, evasão de capitais, complicando as contas externas. Resposta Governo: Cruzadinho – tímido pacote fiscal. Compulsório sobre a gasolina, automóveis e passagens aéreas. Imobilismo por causa das próximas eleições, mudanças constituição e desconfiança da população: expurgo de alguns preços para evitar ação do “gatilho” Depois eleições( Cruzado II Quando o congelamento foi abandonado, indexação e inflação voltaram piores. País perde reservas MORATÓRIA (fev/1987) Balanço final Euforia > Frustração Sem metas monetárias a oferta de moeda é endógena. Reforma fiscal prévio ao lançamento do plano sem efeito: baseada no aumento de imposto de renda sobre ganhos de capitais das operações financeiras. Descaso com o Setor externo. Autoridades suponham que estabilização e crescimento atrairia fluxos externos. Congelamento é complicado, tanto se for temporário quanto se durar por muito tempo.