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ANÁLISE DE PROCESSOS FÍSICO QUÍMICOS I – Parte III 1° MÓD. – TÉC. EM QUÍMICA 5. SOLUÇÕES 5.1 INTRODUÇÃO Soluções e Dispersões: • Quando misturamos duas substâncias, pode resultar em uma mistura homogênea (solução) ou em uma mistura heterogênea. Exemplos de mistura homogêneas é a água e o sal, enquanto que exemplo de mistura heterogênea pode ser água e areia. Dizemos que a água se dissolveu, enquanto que a areia não se dissolveu na água. Soluções: • Chamamos simplesmente de Soluções ou Soluções Verdadeiras. Soluções são misturas homogêneas de duas ou mais substâncias. Nas soluções o disperso recebe o nome de soluto e o dispersante o nome de solvente. • As soluções são muito importantes, exemplo: o ar que respiramos (mistura de gases), água do mar (vários sais), bebidas, remédios, sangue, urina. Classificação Geral das Soluções: • Quanto ao estado físico: Sólidas, Líquidas, Gasosas. • Quanto à condutividade elétrica: Eletrolíticas ou iônicas, Não-eletrolíticas ou moleculares. • Quanto à proporção soluto/solvente: Diluída, Concentrada, Não-saturada (insaturada), Saturada, Supersaturada. • De acordo com o tamanho das partículas dispersas: Solução verdadeira, Solução coloidal (dispersões), Solução grosseira (suspensão). Muitas ligas metálicas são soluções sólidas. É o caso do ouro comum, que é uma liga de ouro e cobre. As soluções líquidas são muito comuns. O vinagre, por exemplo, é uma solução de ácido acético em água. Os gases sempre se misturam perfeitamente entre si, resultando uma solução (ou mistura) gasosa. O ar é uma mistura em que predominam N2 e O2. • Das soluções líquidas, estudaremos neste momento as que são mais importantes para a Química, a saber: soluções de sólidos em líquidos e soluções de gases em líquidos. Mecanismo da dissolução • Por que certas substâncias se misturam tão intimamente, a ponto de formar soluções, enquanto outras não se misturam? Exemplo: por que a água se mistura com o álcool comum, e não com a gasolina? Isso ocorre devido às forças intermoleculares que unem as partículas formadoras de cada substância. Acompanhe a problemática da dissolução nos três exemplos importantes dados a seguir. 1º Exemplo — Caso da água (H2O), do álcool comum (C2H5OH) e da gasolina (C8H18) Misturando-se água e álcool e água e gasolina, teremos duas situações: 2º Exemplo — Dissolução do sal comum em água (Dissociação) • Colocando-se sal de cozinha na água, a “extremidade negativa” de algumas moléculas de água tende a atrair os íons Na+ do reticulado cristalino do sal; e a “extremidade positiva” de outras moléculas de água tende a atrair os íons do reticulado. • Desse modo, a água vai desfazendo o reticulado cristalino do NaCl, e os íons entram em solução, cada um deles envolvido por várias moléculas de água. Esse fenômeno é denominado solvatação dos íons. • Note na representação (sem escala e com uso de cores-fantasia) que há um confronto entre as forças de coesão dos íons Na(1+) e Cl(1-) no estado sólido e as forças de dissolução e solvatação dos íons, exercida pela água. Evidentemente, se as forças de coesão predominarem, o sal será menos solúvel; se as forças de dissolução e solvatação forem maiores, o sal será mais solúvel. É interessante notar que muitas soluções são coloridas e isso se deve aos seus íons. Assim, por exemplo, são coloridas as soluções com os cátions: Cu 2+ (azul), Fe 3+ (amarelo), Ni2+ (verde), etc.; e também as soluções com os ânions: MnO4(1-), (violeta), Cr2O7 2-,(laranja), etc. 3º Exemplo — Dissolução do gás clorídrico em água (Ionização) • O gás clorídrico é uma substância gasosa formada por moléculas polares (HCl). Ao serem dissolvidas em água, as moléculas de HCl são atraídas pelas moléculas de água e se rompem, de acordo com o esquema abaixo: • Isso significa que há uma reação química, pois se formam novas partículas: H3O(1+) e Cl(1-). Essas partículas vão se dispersando pela solução, rodeadas por moléculas de água, como foi explicado no exemplo da dissolução de sal comum em água. Note que também aqui ocorre o fenômeno da solvatação dos íons. Nesse exemplo encontramos também um confronto entre as forças de ligação dentro de cada molécula e as forças de atração entre as moléculas; quanto mais fortes forem estas últimas, maior número de moléculas do soluto se romperá, o que equivale a dizer que o soluto fica mais ionizado ou também que se trata de um eletrólito mais forte. Note ainda uma diferença importante: no exemplo da dissolução do NaCl, a água apenas separa os íons Na 1+ e Cl 1- já existentes; esse fenômeno é chamado de dissociação iônica do NaCl; no exemplo da dissolução do HCl, a água reage quimicamente com o HCl, provocando a formação dos íons H3O 1+ e Cl 1- ; esse fenômeno recebe o nome de ionização do HCl. Dispersões: • Dispersões são sistemas nos quais uma substância está disseminada, sob forma de pequenas partículas, numa segunda substância. A primeira substância chama-se disperso ou fase dispersa e a segunda substância chama-se dispersante ou fase de dispersão. Classificação Geral das Dispersões: • É feita de acordo com o tamanho médio das partículas dispersas. Veja tabela abaixo: • Na tabela acima observa-se que as partículas dispersas de soluções coloidais são maiores que as da solução, mas menores que as de suspensão. Exemplos de soluções coloidais são o leite (pois consiste em glóbulos de gordura dispersos em água), a neblina (líquido em um gás) e a espuma (gás em um líquido). Nome da dispersão Tamanho médio das partículas dispersas Soluções verdadeiras (comum) Entre 0 e 1nm (nanômetro) Soluções coloidais Entre 0 e 100nm (nanômetro) Suspensões Acima de 100nm (nanômetro) 5.2- Concentração das Soluções: • Um sistema homogêneo (solução) em equilíbrio fica bem definido após o conhecimento das suas substâncias químicas que o constituem (análise química qualitativa), da pressão e temperatura (variáveis físicas quantitativas) e da quantidade de cada um de seus componentes (análise química quantitativa). Estas quantidades em geral são expressas em relação à quantidade de solução; outras vezes utiliza-se como referência a quantidade de um de seus constituintes que poderá então ser chamado solvente e em geral é o disperso predominante. Tais frações quantitativas são chamadas concentração. • Concentração é um termo genérico. Por si só não é uma entidade físico-química bem definida, faltando para tanto caracterizá-la de forma dimensionada através da escolha das grandezas representativas das quantidades das substâncias químicas em questão. Por vezes é adimensional, representando, por exemplo, a relação entre a massa de soluto e a massa da solução; outras vezes é expressa em massa por volume; ou através de inúmeras outras maneiras. A escolha dimensional obedece a critérios baseados puramente na conveniência particular ao estudo que se pretenda efetuar. E esta conveniência particular em geral apoia-se no estabelecimento de equações simplificadas para expressar os princípios e leis do estudo em questão; ou então na maleabilidade operacional destas equações. Convém-nos adotar grandezas intimamente relacionadas ao número de moléculas das substâncias em estudo. • Tipos de concentração: % em massa, % em volume, Concentração em g/L, Concentração em mol/L, Concentração molar, Concentração em fração molar de soluto, Concentração normal (eq-g/L). 5.2.1- Solubilidade • Quando fazemos uma mistura de duas espécies químicas diferentes, pode ocorrer a disseminação, sob forma de pequenas partículas, de uma espécie na outra. Havendo disseminação, obteremos um sistema que recebe o nome de dispersão. • Na dispersão, a espécie química disseminada na forma de pequenas partículas é chamada de disperso, enquanto a outra espécie é chamada de dispersante ou dispergente. • De acordo com o diâmetro médio das partículas do disperso, a dispersão se classifica em: Solução: dispersão em que as partículasdo disperso apresentam um diâmetro médio de até 10 Å (angstron). Nas soluções, o disperso recebe o nome de soluto e o dispersante, solvente. Exemplo: mistura de açúcar e água; Dispersão coloidal : dispersão em que o diâmetro médio das partículas do disperso fica compreendido entre 10 Å e 1000 Å. Exemplo: fumaça, neblina e geleia; Suspensão: dispersão em que o diâmetro médio das partículas do disperso é superior a 1000 Å. Na suspensão, o disperso é sólido e o dispersante, líquido. Exemplo: leite de magnésia; Emulsão: dispersão em que o diâmetro médio das partículas do disperso é superior a 1000 Å. Na emulsão, tanto o disperso quanto o dispersante são líquidos. Exemplo: leite e maionese. • Nas soluções, o processo de dissolução ocorre porque as moléculas do solvente bombardeiam as partículas periféricas do sólido, arrancando-as e mantendo-as dispersas, devido principalmente ao fenômeno da solvatação, ou seja, a partícula arrancada fica rodeada por moléculas do solvente. • O processo de dissolução depende dos seguintes fatores: concentração, estado de subdivisão do sólido e temperatura. 5.2.2- Coeficiente de Solubilidade ou Grau de Solubilidade (CS) • Entende-se por coeficiente de solubilidade (CS), a quantidade geralmente em gramas, necessária do soluto para formar, com uma quantidade-padrão (geralmente em litros) do solvente, uma solução saturada, em determinadas condições de temperatura e pressão. • Em outras palavras, o CS é a quantidade máxima de soluto que se pode dissolver em uma quantidade padrão de solvente. • O coeficiente de solubilidade geralmente é expresso em gramas por 100 gramas ou 1000 gramas de solvente e classificam-se em: Solúvel, insolúvel e parcialmente solúvel. Observação: • Quando o coeficiente de solubilidade é muito pequeno, como do AgCl, diz-se que a substância é insolúvel. • Quando o soluto e o solvente são líquidos e não se dissolvem entre si, dizem que os mesmos são imiscíveis. Substancia Coeficiente de solubilidade (g por 100g de água a 20°C) NaCl 36 Br 1- (Brometos) 64 KNO3 31,6 CaSO4 0,2 AgCl 0,0014 • A fórmula usada para se calcular o Cs (Coeficiente de Solubilidade), com uma quantidade padrão de massa (100 g) é a seguinte: Cs = 100 • m1 / m2 (g) Regra de solubilidade: • As substâncias inorgânicas (sais, ácidos e bases) se dissolvem em água. As substâncias orgânicas não se dissolvem em água, com exceção dos sais, ácidos e álcoois. As substâncias orgânicas, porém, se dissolvem em solventes orgânicos, tais como gasolina, tetracloreto de carbono, benzeno, etc. Considerando a polaridade das substâncias, pode-se notar que as substâncias com polaridades semelhantes se dissolvem entre si e as substâncias com polaridades diferentes não se dissolvem entre si. Com base nesse fato, pode-se concluir que: • Uma substância tende a se dissolver em solventes quimicamente semelhantes a ela. • Levando em consideração o aspecto da polaridade das substâncias, pode-se dizer: • Uma substância polar se dissolve num solvente polar; uma substância apolar se dissolve num solvente apolar. • Um dado importante na Química, principalmente para aulas de laboratório, é conhecer quais as substâncias que se dissolvem em água (polar) e quais as que não se dissolvem. • DICA: Sempre são solúveis os compostos de metais alcalinos, amônio, nitratos e acetatos. A água é polar e é considerada um solvente universal. Tabela 2 de solubilidade de compostos inorgânicos em água: Compostos Solubilidade Observações e exceções Óxidos de metais alcalinos e alcalinos-terrosos -------------- Reagem com água e formam bases. Óxidos de não-metais -------------- Reagem com água e formam ácidos. Óxidos de outros elementos Insolúveis ----------------------------- Ácidos Solúveis ----------------------------- Bases de metais alcalinos Solúveis É também solúvel o NH4OH. Bases de metais alcalinos-terrosos Parcialmente Solúveis ----------------------------- Bases de outros metais Insolúveis ----------------------------- Sais: Nitratos, Cloratos e Acetatos Solúveis ----------------------------- Sais: Cloretos, Brometos e Iodetos Solúveis São insolúveis: Íons de Ag, Cu, Hg(2+), Pb(2+), HgI2 e BI2. Sais: Sulfatos Solúveis São insolúveis: Íons de Ca, Sr, Ba e Pb(2+). Sais: Sulfetos Insolúveis São solúveis os sulfetos de metais alcalinos e NH4 (1+). Outros ânions Insolúveis São solúveis os sais de metais alcalinos e NH4 (1+). • A variação do coeficiente de solubilidade da substância em função da temperatura pode ser avaliada graficamente, através das curvas de solubilidade. • As curvas de solubilidade são gráficos que indicam o coeficiente de solubilidade de uma substância em função da temperatura. • Consideremos, por exemplo, a tabela seguinte, que mostra os coeficientes de solubilidade do nitrato de potássio (em gramas de KNO3 por 100 g de água) em várias temperaturas. • Desses dados resulta a curva de solubilidade do nitrato de potássio em água, apresentada abaixo. • Analisando o gráfico, podemos dizer: • No gráfico anterior notamos que, a 20 °C, o ponto X representa uma solução insaturada (soluções diluídas e concentradas); Y, uma solução saturada; Z, uma solução supersaturada (soluções instáveis). Podemos concluir que, na prática, só poderemos usar as soluções que estão “abaixo” da curva de solubilidade, pois acima dessa curva as soluções seriam supersaturadas e, portanto, todo o excesso do soluto tenderia a precipitar. • As curvas de solubilidade têm grande importância no estudo das soluções de sólidos em líquidos, nesse caso a temperatura é o único fator físico que influi perceptivelmente na solubilidade. Damos a seguir mais alguns exemplos de curvas de solubilidade de substâncias sólidas em água. Como podemos verificar no gráfico abaixo, para a maior parte das substâncias, a solubilidade aumenta com a temperatura; isso em geral ocorre quando o soluto se dissolve com absorção de calor (dissolução endotérmica). Pelo contrário, as substâncias que se dissolvem com liberação de calor (dissolução exotérmica) tendem a ser menos solúveis a quente. Há certas substâncias cujas curvas de solubilidade apresentam “pontos de inflexão”; um ponto de inflexão sempre indica uma mudança de estrutura do soluto, como assinalamos neste gráfico: • Existem três tipos de curvas: • Curvas Ascendentes: representam as substâncias cujo coeficiente de solubilidade aumenta com a temperatura. São substâncias que se dissolvem com a absorção de calor, isto é, a dissolução é endotérmica; • Curvas Descendentes: representam as substâncias cujo coeficiente de solubilidade diminui com o aumento de temperatura. São substâncias que se dissolvem com liberação de calor, isto é, a dissolução é exotérmica; • Curvas com Inflexões: representam as substâncias que sofrem modificações em sua estrutura com a variação da temperatura. O sulfato de sódio, por exemplo, até a temperatura de 32,4ºC, apresenta em sua estrutura dez moléculas de água, em temperatura acima de 32,4ºC o sulfato de sódio perde suas moléculas de "água de cristalização" e a curva de solubilidade sofre uma inflexão. 5.2.3-Solubilidade de gases em líquidos • Os gases são, em geral, pouco solúveis em líquidos. Assim, por exemplo, 1 L de água dissolve apenas cerca de 19 ml de ar em condições ambientes. • A solubilidade dos gases em líquidos depende consideravelmente da pressão e da temperatura. Aumentando-se a temperatura, o líquido tende a “expulsar” o gás; consequentemente, a solubilidade do gás diminui, como se vê no gráfico ao lado. Os peixes, por exemplo, não vivem bem em águas quentes, por falta de oxigênio dissolvido na água. • Aumentando-se a pressão sobre o gás, estaremos, de certo modo, empurrando o gás para dentro do líquido, o que equivale a dizer que a solubilidade do gás aumenta. Quando o gás não reage com o líquido, a influência da pressão é expressa pela lei de Henry, que estabelece: • Em temperatura constante,a solubilidade de um gás em um líquido é diretamente proporcional à pressão sobre o gás. Nessa expressão, k é uma constante de proporcionalidade que depende da natureza do gás e do líquido e, também, da própria temperatura. O aumento da pressão sobre o gás, para fazer com que ele se dissolva em um líquido, é a técnica usada pelos fabricantes de refrigerantes — o gás carbônico (CO2) é dissolvido sob pressão no refrigerante, e a garrafa é fechada. Abrindo-se a garrafa, principalmente se ela for agitada e o conteúdo não estiver gelado, o líquido vazará com muita espuma. Isso ocorre porque a pressão dentro da garrafa diminui, e o excesso de CO2, antes dissolvido no refrigerante, escapa rapidamente, arrastando líquido e produzindo a espuma que sai pela boca da garrafa. Verifica-se fato idêntico quando se abre uma garrafa de champanhe; nesse caso, porém, o CO2 é produzido pela fermentação própria da bebida. A espuma que sai da garrafa com água gaseificada é formada pelo gás carbônico, que, ao escapar, arrasta consigo parte do líquido. • Um outro caso a considerar é aquele em que o gás reage com o líquido. Nessa circunstância, as solubilidades são, em geral, bastante elevadas. Por exemplo, é possível dissolver cerca de 450 L de gás clorídrico (HCl), por litro de água, em condições ambientes, devido à reação: HCl + H2O H3O 1+ + Cl 1- • De modo idêntico, dissolvem-se cerca de 600 L de gás amoníaco (NH3) por litro de água em condições ambientes, pela reação: NH3 + H2O NH4 1+ + OH 1- Exercícios – 1 ao 25 – Páginas – 12 a 16 – Livro – vol. 2 – Quimica - Ricardo Feltre ANÁLISE DE PROCESSOS FÍSICO QUÍMICOS I – Parte III 1° MÓD. – TÉC. EM QUÍMICA Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29
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