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Anarchy At Prescott High - The Havoc Boys 04 - C M Stunich

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Prévia do material em texto

Há um erro que você não comete na Prescott High, a 
menos que queira que eu acabe com você. 
Não toque em meus meninos Havoc lindamente quebrados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há um erro que você não comete na Prescott High, a menos 
que queira que eu acabe com você. 
Não toque em meus meninos Havoc lindamente quebrados. 
Harbin, Fadler, Channing-Blackbird, Montauk e Park. 
A morte espreita os corredores da Prescott High. 
Uma vez, minha melhor amiga me traiu. Por mais de um ano, 
eu deixei aquela vadia de duas caras se livrar. 
Mas não mais. 
Desta vez, ela despertou o demônio em mim. 
Estamos terminando minha lista; estamos mirando mais 
alto; estamos assumindo o controle desta cidade. 
O FTGV, o detetive, a jovem bonita policial. 
Não importa. 
Porque nós somos Havoc, e eu não tenho mais limites. 
Meus meninos me corromperam e estamos mais do que 
felizes em nos banhar no sangue de nossos inimigos. 
 
 
Este livro é dedicado aos pedaços podres dentro de todos 
nós. 
Principalmente, é dedicado às pessoas que nos amam 
apesar de tudo isso. Ou por causa disso. 
 
 
Nota do autor 
*** Possíveis spoilers *** 
Anarchy at Prescott High é um harém reverso, high 
school, inimigos-a-amantes/ amor e ódio/bullying. O que 
isso significa exatamente? Significa que nossa personagem 
principal feminina, Bernadette Blackbird, vai acabar com 
pelo menos três interesses amorosos até o final da 
série. Também significa que, em uma parte deste livro, os 
interesses amorosos são totalmente idiotas; também há 
flashbacks de incidentes anteriores envolvendo 
bullying. Este livro não tolera o bullying, nem o 
romantiza. Se os interesses amorosos nesta história querem 
conquistar a personagem principal, eles terão que merecê-lo. 
Pode ser difícil, considerando que os meninos Havoc são 
babacas. 
Se você leu minhas outras três séries de romance high 
school - Rich Boys of Burberry Prep, Devils 'Day 
Party ou Adamson All-Boys Academy - então saiba que este 
é um pouco mais intenso e o crescimento do personagem / 
redenção são necessários mais do que nunca. Fique 
conosco. 
Quaisquer cenas de beijo / sexo com Bernie são 
consensuais. Este livro pode ser sobre alunos do ensino 
médio, mas não é o que eu consideraria Young adult. Os 
personagens são brutais, as emoções reais, a palavra com f 
em uso prolífico. Há violência de gangues, cenas de sexo em 
grupo e tiroteio em uma escola. 
Nenhum dos personagens principais tem menos de 
dezessete anos. Esta série terá um final feliz no livro final. 
 
 
 
“Tudo bem, querida, se acalme,” Victor me diz em uma 
voz cheia de confiança e desejo, posse e dor. Ele me conhece 
tão bem, tudo sobre mim, realmente. Ele conhece os 
sentimentos mais sombrios do meu coração, mas também 
sabe que no fundo, no meu íntimo, há algo em mim que 
ainda quer acreditar. 
Acreditar que o mundo é bom 
Acreditar que o amor prevalece. 
Acreditar que existe justiça. 
Estou parada no ginásio da Prescott High School, 
cercada por pessoas, vigiada por policiais... e, no entanto, 
tudo que consigo pensar é em como vou esfolar Kali Rose-
Kennedy e destruí-la. Eu estou farta de sua merda. E eu 
estou cansada da merdas de pessoas como Neil, Eric e 
Coraleigh. 
Cansada. Cansada. Cansada. 
 
 
“Eles estão todos observando você,” Callum diz, 
aproximando-se, como um vingador sombrio em seu terno 
preto e abotoaduras de ossos cruzados, com sua voz 
imperfeitamente bonita. “Há cinco policiais aqui, Bernie.” 
Estou parada ali com aquele vestido rosa idiota - por 
que escolhi isso? Não sou eu, é? Não, é o que Pen teria 
usado. Mas eu... eu não sou minha irmã. E eu nunca 
serei. Assim que eu tirar minha bunda daqui, vou tingir as 
pontas do meu cabelo de vermelho como a porra da rosa 
vermelha. 
Tão vermelho quanto sangue. 
Tão vermelho quanto o sangue que estou prestes a tirar 
da Kali. 
Ela me encara do outro lado da sala, e juro por Deus, 
não consigo ver mais nada. Se ela machucou Aaron, nem 
Deus e o diabo serão capazes de salvá-la. Molho os lábios 
com a língua enquanto ela se afasta de mim, abrindo 
caminho pela multidão em direção a Sara Young. 
Porque diabos ela voltaria para um policial quando ela 
já foi rotulada como dedo duro eu não faço ideia. Às vezes as 
pessoas fazem coisas estúpidas, eu penso. Às vezes, as 
pessoas fazem coisas realmente estúpidas. 
Felizmente para Kali, esta será a última coisa estúpida 
que ela fará. 
“Para onde diabos ela está indo?” Hael resmunga, 
passando a mão pelo rosto. Meu corpo estremece com sua 
proximidade, mas eu apenas acalmo minha leoa e a digo que 
é hora de caçar, não de acasalar. Ainda não. Talvez mais 
tarde, no sangue de Kali. 
 
 
Merda, eu já fui rotulada de bully1 da escola por bater o 
rosto da Kali em um armário, então posso também dizer a 
verdade, certo? Se eu tenho o título, vou merecê-lo. Como eu 
disse, cada história tem dois lados, mas geralmente apenas 
um deles é verdadeiro. 
“Policiais, entendi,” eu digo tardiamente para 
Callum. Os olhos de Oscar acompanham meus movimentos 
quando começo a ir na direção de Sara. Com todos os seus 
problemas estranhos sobre tocar as pessoas - você sabe, a 
menos que eles estejam menstruados ou amarrados em seu 
quarto - eu não espero que ele me toque. 
“Seja o que for que você planeja fazer, informe-nos 
primeiro.” Ele coloca seus longos dedos tatuados no meu 
braço, queimando minha pele com o tipo de marca que você 
nunca consegue limpar, uma que é feita de desejo e 
promessas não cumpridas. 
Eu apenas olho em seus olhos cinzentos por um 
momento antes de dar um breve aceno de cabeça. 
Meus pés estão se movendo pelo chão antes mesmo que 
eu perceba, os meninos estão logo atrás. Continuo a sentir o 
olhar de Oscar nas minhas costas e penso na maneira como 
ele colocou a mão na minha cabeça e me disse que sentia 
muito. Um pouco tarde demais, talvez, mas eu não me 
importo. 
Ele é meu, e nós dois sabemos disso. 
 
1 Termo referente a Valentão / Valentona; 
 
 
Ele pode ser fodido; ele pode fugir depois do 
sexo; merda, ele pode trocar farpas comigo o dia todo. 
Isso não tira o fato que pertencemos um ao 
outro. Assinado e selado, escrito com sangue. Não pode ser 
desfeito. 
“Bernadette,” a oficial Young diz, seus olhos castanhos 
passando por mim para pousar nos meninos. Como um 
assassinato de corvos com bicos afiados, eles se espalham, 
dispersando-se na multidão como se a presença dela tivesse 
algum efeito sobre eles. Na verdade, eu sei que Oscar 
colocaria seu revólver na têmpora de Sara, puxaria o gatilho 
e não perderia o sono por causa disso. 
Cabe a mim agir como uma bússola moral nesta 
situação. Não que os meninos não tenham uma, porque eles 
têm. Depois de tudo o que passaram, apesar da escuridão 
em que prosperam, eles fazem o bem por esta 
cidade. Springfield tem uma sorte danada de nos ter 
cuidando do subsolo. 
Alguém tem que fazer isso, certo? Por que não um 
bando de pessoas cujos corações realmente batem? Quem se 
importa com outras almas além da deles mesmos? Quem 
realmente tem alma, devo dizer. Não vamos fazer sexo com 
garotinhas; não machucaremos espectadores; e eu serei 
amaldiçoada se matar policiais cujo pior pecado é que as 
mãos são um pouco limpas demais. 
Kali vira seu olhar tóxico para o meu, e eu juro pelos 
seios empinados do diabo que sinto algo me cortando, como 
as presas de um aracnídeo. Veneno, veneno, veneno. Eu 
vou admitir: eu sou um pouco machista. Depois de tudo que 
os homens fizeram ou tentaram fazer comigo, eu conheço a 
 
 
profundidade de sua maldade. As mulheres, em geral, não 
são tão ruins. Mas quando são, são venenosas pra caralho. 
“Você precisa de algo?” Sara pergunta, aparentemente 
alheia à batalha silenciosa de vontades que ocorre neste baile 
estúpido. Esse baile estúpido e idiota de merda que eu, por 
alguma razão boba, queria ir com Aaron. 
Eu queriater dezessete por uma noite. 
Eu queria estar apaixonada. 
Em vez disso, vou ensopar meu lindo vestido rosa com 
sangue. 
Eu sorrio. 
Kali percebe minhas intenções; eu sei que ela 
percebe. Bom. Como ela deveria. É meu único 
arrependimento ao descobrir que Coraleigh e seu marido 
idiota, Marcus, tiveram suas cabeças decepadas por alguém 
que não era eu: intenção. Eles precisam entender de onde 
venho e por que estão sendo punidos. Mas enquanto Leigh 
estava delirando o suficiente para se enganar pensando que 
não tinha feito nada de errado, Kali sabe. 
Kali. Porra. Sabe. 
Minha língua desliza pelo meu lábio inferior e provo a 
textura cerosa do meu batom; é chamado de Anarchy, a 
propósito, e é rosa e vibrante e assustador quando 
combinado com um sorriso sarcástico. 
“Sua maquiagem está definitivamente perfeita, Kali,” eu 
digo, inclinando minha cabeça ligeiramente para o lado, 
como um lobo que cheira fraqueza na matilha. É hora de 
 
 
abater o rebanho, certo? “Escondeu o inchaço fodido de seus 
pontos.” Eu corro um dedo em volta da minha boca para 
enfatizar os lugares onde Stacey e suas meninas enfiaram a 
agulha para costurar os lábios da cadela. 
Brilhante. Além de brilhante. Eu deveria fazer amizade 
com Stacey Langford. Ela nunca me tratou como uma 
merda, apesar de ser a abelha rainha de Prescott, e eu 
não acho que ela já trepou com algum dos meus 
meninos. Meus olhos mudam ligeiramente para a direita, 
encontrando o olhar forte de Hael em um instante. Ele se 
destaca na multidão, carregando essa nuvem de carisma que 
atrai as meninas ao seu mel como moscas. 
Mesmo que elas saibam que ele está fora dos limites, 
mesmo que saibam que estou observando, elas avançam. Se 
eu não tivesse Aaron para me preocupar agora, eu estaria 
dando um soco na boceta e dando um tapa no peito 
delas. Bem, as meninas Prescott são todas safadas - é o 
nosso tipo de coisa. Garotas mais cheias parecem modelos 
de catálogo. As garotas de Oak Valley parecem pássaros 
anoréxicos em vestidos de grife. 
Eu volto para Kali, mas, apesar do fogo em seus olhos, 
ela vira o cartão de vítima novamente e lágrimas aparecem, 
como se eu tivesse começado tudo isso chamando Havoc 
para ela. Como se eu a procurasse e começasse a importuná-
la sem motivo algum. Fodidamente patético. 
Eu não posso esperar para terminar com 
ela. Honestamente, provavelmente fecharei meus olhos um 
dia após a morte dela, acordarei e esquecerei tudo sobre a 
ex-melhor amiga que escolheu me trair. E farei tudo isso em 
uma cama cheia de meninos cuja traição eu perdoei 
 
 
verdadeira e totalmente. Como poderia não perdoar, sabendo 
a que profundidade vão suas raízes? 
“Você é horrível,” Kali diz, fechando os olhos e colocando 
a mão sobre a boca. “Você é tão horrível. Por favor, apenas... 
vá embora.” O ratinho se vira para Sara, como se o policial 
se importasse com o que acontece com qualquer uma de 
nós. “Eu não preciso de você para me seguir e continuar me 
intimidando, ok? Não vou contar aos policiais nada sobre 
sua gangue estúpida.” 
Eu rio então porque, vamos lá, sua atuação poderia ficar 
pior? Seu discurso poderia ser mais clichê do filme B? 
“Ouça, querida,” digo, virando-me para Sara no último 
segundo, como se meu uso depreciativo da 
palavra querida pudesse estar se referindo a qualquer uma 
delas. Mas não é. Agora estou falando especificamente com 
a jovem oficial. “Seja qual for o absurdo de que ela está 
alimentando você, tem um motivo oculto. Ela sabe que, ao 
vir até você, estará confirmando seu status de dedo duro de 
merda do sul. Ela não pode voltar para a escola depois 
disso; este é um movimento final.” 
“Bernadette,” Sara diz novamente, mas seus olhos 
deslizam para Kali como se ela não tivesse exatamente 
pensado dessa forma. É porque Sara - apesar de todos os 
seus defeitos - não é uma pessoa má. Então ela não pensa 
como uma pessoa má. Ela não imagina que tudo o que todo 
mundo faz é conspiratório, vingativo, besteira, porque não é 
assim que ela opera. Estou aqui para ter certeza de que ela 
entendeu completamente os motivos de Kali. “Se você 
precisar conversar, podemos marcar um horário. Kali estava 
aqui primeiro, e eu gostaria de honrar seu pedido.” 
 
 
“Está tudo bem, Srta. Young,” Kali diz, suavizando sua 
voz. Deus, eu poderia matá-la. Eu poderia simplesmente 
matá-la. Sei no meu coração que ela teve algo a ver com o 
desaparecimento de Aaron. Não tem ses, talvez ou mas sobre 
isso. Ela fez; ela é responsável. Ela escapou na corrida 
quando Cal estava explodindo cabeças. É tão 
óbvio. “Bernadette... já sabe.” Os olhos de Kali brilham 
triunfantes quando ela coloca a mão na barriga. Para ser 
sincera, não tenho certeza se ela está grávida. Seria típico 
dela fingir algo assim. 
“Bernadette sabe o quê?” Sara pergunta, olhando entre 
nós duas com confusão óbvia em seu rosto. Ela não está 
usando seu uniforme hoje. Não, ela está tentando se 
misturar e ser a acompanhante 'legal' em um vestido amarelo 
curto e salto alto. Para ser justa, duvido que ela seja muito 
mais velha do que nós. Vinte e cinco, no máximo. 
“Que estou grávida do filho de Neil Pence,” Kali diz, 
fungando e baixando a cabeça. Ela coloca as mãos sobre o 
rosto enquanto Sara - previsivelmente - estende a mão para 
confortá-la, pegando a garota soluçante em seus braços e 
esfregando suas costas. O rosto de Sara se endurece em algo 
terrível, e eu simplesmente sei o que ela está pensando. Ela 
está imaginando que Neil estuprou Kali do jeito que fez com 
Penelope. Em toda a realidade, sua maldade foi 
perfeitamente combinada. Neil e Kali, provavelmente almas 
gêmeas. Isto é, se eles tiverem alma. 
“Você sabia disso?” Sara pergunta baixinho, e embora 
ela agora esteja totalmente ciente de que, exatamente, dedos 
duros levam pontos, posso dizer que perdi alguma 
credibilidade. 
 
 
“Olha, oficial,” eu digo, enfiando minhas mãos nos 
bolsos do meu pesadelo rosa rendado de um vestido. É tão 
curto na frente que terei que tomar cuidado se me sentar. Ou 
coloque alguns anéis para que eu possa montar em uma 
cadela e dar um soco nela. Provavelmente, minha calcinha 
pode aparecer nesse caso, o que é bom porque eu usei 
algumas boas esta noite, uma branca rendada que Hael 
comprou para mim. 
Novamente, se Aaron não estivesse desaparecido, eu 
poderia ter apreciado encontrar uma caixa de lingerie na 
minha cama que dizia ‘Do H de Havoc’ nela. Gah. Preciso de 
menos tempo lutando contra monstros e mais tempo 
tentando entender garotos. 
Eu sorrio. 
“Kali está trepando com uma centena de caras 
diferentes. Seria impossível para mim descobrir quem era o 
pai do filho dela sem um teste de DNA,” eu continuo, 
mantendo aquele lindo sorriso no lugar. A farpa funciona e 
a cabeça de Kali se levanta, suas presas à mostra, oito olhos 
brilhando enquanto ela ergue seu corpo de aracnídeo para 
mim. 
Hoje, aparentemente, estou focada em metáforas de 
animais. 
“Como se você pudesse falar, deixando cinco caras que 
te odeiam enfiarem seus paus na sua boceta seca,” ela rosna, 
suas palavras arremessadas intencionalmente altas para a 
sala ouvir. As coisas estão se acalmando ao nosso redor 
conforme as pessoas começam a escutar. Bom. Espero que 
alguém grave isso e coloque online. Eu ficaria feliz em 
compartilhar todas as conversas que já tive com essa garota 
 
 
com o mundo inteiro; Não tenho nada a esconder. Eu não fiz 
nada de errado, exceto talvez hesitar muito em me vingar. 
“Oh, posso garantir que nunca fico seca,” eu ronrono, 
removendo minha mão do bolso e correndo dois dedos entre 
meus seios. Como tenho certeza de que Sara é um pouco 
puritana, mantenho meus dedos no umbigo em vez de ir até 
o clitóris. “E eu não precisaria de um teste de DNA de 
qualquer maneira. Somos uma família. Seria apenas um 
bebê Havoc. Você, por outro lado, não tem tal arranjo. Mitch 
sabe sobre Neil, hein? E quanto a... Mack e David?” 
Assim que esses dois últimos nomes saem demeus 
lábios, posso ver em seu rosto: Estou certa. Ela está 
se encontrando com Mack e David. 
Além disso, ela está claramente furiosa com outra coisa 
que deve ter acontecido antes de ela chegar aqui esta 
noite. Curiosamente, não acho que ela esteja 
tão magoada com os caras que Cal matou na pista de 
corrida, aqueles cujos corpos deixamos para trás. 
A ansiedade toma conta de mim, apesar de saber que a 
Chater Crew provavelmente esconderam seus cadáveres. 
Eles também não podem se dar ao luxo de serem 
apanhados. Mesmo assim... não gosto de pontas soltas. 
“Típica besteira da Prescott,” Stacey Langford diz em voz 
alta, chamando a atenção da multidão próxima enquanto ela 
vira uma garrafa marrom rotulada como root 
beer. Certamente não é root beer. Aposto que nem é 
cerveja. Vodka, provavelmente. Ou uísque. Gostamos muito 
de uma garrafa barata de Everclear por aqui na Prescott 
High. Pode ser isso. “Duas garotas tentando descobrir quem 
é a maior puta.” Stacey toma outro gole, seu cabelo loiro 
crespo e caindo sobre os ombros em ondas grossas. Ela está 
 
 
com uma aparência louca dos anos noventa hoje à noite 
enquanto passa o braço sobre os lábios pintados de rosa 
pálido, os olhos fixos em Kali. “Mas isso nem é uma 
competição: todos nós sabemos qual é a resposta.” 
Stacey envolve a boca com as mãos e uiva; o som 
aumenta através da sala até que quase metade da multidão 
está reverberando com os gritos de Havoc. 
Sara parece tão confusa. Alguns dos policiais estão com 
as mãos nas armas. Eu gostaria de poder dizer que eles não 
ousariam saca-las em uma sala cheia de adolescentes, 
mas... eh. Tem segurança privada aqui esta noite também. 
Sempre tem, quando tantos idiotas de Oak Valley estão 
presentes. Eles não vão interferir, a menos que um de seus 
clientes ricos esteja em apuros. 
Eu deixei minha própria cabeça cair para trás, soltando 
um uivo que se junta ao refrão. Quando jogo minha cabeça 
para baixo, eu vejo que eu realmente e totalmente fiz isso. Eu 
apertei os botões de Kali de uma maneira que tenho certeza 
de que isso vai acabar esta noite. 
Esta noite, esta noite, esta noite. 
Stacey me passa sua garrafa de root beer e eu tomo um 
gole. Puta merda, isso queima como fogo. Uísque, 
definitivamente é uísque. Uísque barato, desagradável, 
provavelmente roubado. Eu tomo outro gole enquanto me 
afasto de Kali Rose. Eu não terminei com ela, mas também 
não posso bater em uma vadia na frente de um policial, 
então... 
“Tudo bem se eu passar na sua casa para tomar um café 
de novo?” Eu pergunto, parando para olhar para 
Sara. Trocamos um longo olhar de estudo, e ela abaixa o 
 
 
queixo brevemente em reconhecimento antes de se virar para 
Kali. 
Posso sentir os olhos da maluca nas minhas costas 
enquanto me viro e faço meu caminho através da multidão. 
Stacey fica por perto. 
Talvez ela pense que devemos ser amigas também? 
“Ei, então eu sei que este é um momento ruim...” ela 
começa, e eu dou uma olhada, lembrando a maneira como 
ela me olhou no primeiro dia de aula, quando eu deixei 
aquela palavra assustadoramente linda escapar dos meus 
lábios. Havoc. 
“Espero que você saiba o que está fazendo,” ela me disse. 
Uma escolha melhor que essa nunca fiz. 
“E com essa orientação...” Eu começo, sentindo meus 
meninos gravitarem de volta para mim. Eles estão em 
órbita. Eu sou o sol. Fecho meus olhos por um momento 
apenas para absorver essa merda. Quando eu os abro, 
encontro os olhos de Stacey passando rapidamente para 
catalogar e reconhecer cada um deles. Ela não é burra, 
nunca foi. Ela sabia desde o primeiro momento de que lado 
estava o vencedor. 
“Havoc,” Stacey diz com um longo suspiro de 
sofrimento. Ela se encolhe ligeiramente e rouba a garrafa de 
mim. “Uma das minhas meninas tem um problema para o 
qual precisa de ajuda. Não deve estar muito longe de seu 
reino. Só... pode exigir algum cuidado extra.” 
 
 
“Solicitação gravada,” Oscar diz, aparecendo como um 
fantasma ao meu lado. Ele está usando uma camisa de botão 
preta com caveira branca e abotoaduras de ossos cruzados, 
botas e calças pretas. Eu roubei cinco - veja só - cinco dessas 
roupas para meus meninos. Levei três lojas diferentes e um 
monte de determinação, mas eu consegui. 
E ainda... uma roupa está sem uso e esperando na cama 
de Aaron. 
Meu coração quebra e estilhaça brevemente, e eu me 
dobro, colocando a mão no meu peito. Para qualquer outra 
pessoa, pode parecer que estou com azia ou algo assim. Na 
realidade, estou com tanta saudade de Aaron que não 
consigo respirar. Onde você está, Fadler? O que ela fez com 
você? 
“Nós vamos cavar isso um pouco mais tarde,” Vic diz, o 
som de sua voz acalmando alguns dos meus 
demônios. Mesmo que às vezes não pareça, ele se preocupa 
com Aaron tanto quanto eu. Eu sei que sim. Seja o que for, 
seja qual for o resultado, vamos encontrar o nosso 
'A'. Afinal, HBVOC realmente não significa nada, 
certo? “Temos merda sendo preparada esta noite.” 
“Oh, todo mundo sabe,” Stacey diz com um encolher de 
ombros solto. Seu vestido sem mangas captura a luz e 
ondula com brilhos. “Não sou a primeira ou única pessoa a 
perceber que Aaron está desaparecido.” Ela faz uma pausa, 
sua atenção deslizando para mim, não sem compaixão. “Eu 
vou deixar você saber se minhas meninas virem ou ouvirem 
alguma coisa.” 
Ela se afasta do nosso grupo enquanto Hael e Callum 
deslizam um de cada lado de mim. Oscar parece brevemente 
irritado com os empurrões de Hael entre nós, mas dura 
 
 
apenas um segundo, e fico me perguntando se imaginei a 
coisa toda. 
“Sobre o que era tudo isso?” Vic pergunta enquanto eu 
levanto meus olhos para os dele. Esses olhos negros são 
infinitos; eles me atraem e me deixam sem fôlego. Se eu 
tivesse tempo ou lazer para desmaiar e cair em seus braços. 
“Kali admitiu para Sara que ela está carregando o bebê 
de Neil,” eu digo com um encolher de ombros solto. “Isto é, 
se ela estiver realmente grávida. Ou dizendo a 
verdade. Todos nós sabemos que a menina é uma mentirosa 
de primeira classe.” 
“Se ela está indo para a polícia, isso significa que ela 
está em uma posição diferente hoje do que estava na semana 
passada,” Vic diz, e Callum acena com a cabeça, alcançando 
um capuz que não está lá, você sabe, ele está vestindo a 
roupa que eu pedi a ele para vestir. Ele franze a testa por um 
breve momento e então se encolhe. 
“Certo. Como se ela não tivesse intenção de sair e ficar 
fora o resto do ano em Prescott.” Cal exala, olhos azuis 
examinando a multidão. Eles estão sempre se movendo, 
aqueles lindos olhos azuis dele. Não consigo imaginar uma 
única ameaça passando por ele. 
“Ou de agradar a Charter Crew,” Hael diz, franzindo a 
testa. Ele estala os dedos e olha para Oscar. “Eu não vi Mitch 
esta noite. Você viu?" 
“Não. Ele não apareceu ainda,” Oscar diz, lambendo o 
canto do lábio. “E ele não se machucou na pista de 
corrida.” Há uma pequena pausa aqui antes do Oscar sorrir 
com força. “Infelizmente.” 
 
 
Parece que todos nós nos voltamos como uma unidade, 
procurando Logan Charter no meio da multidão. Ele também 
saiu ileso da corrida. As coisas não correram como 
planejado. O único aspecto positivo que posso discernir em 
toda a confusão é que finalmente estourei. Meu cérebro está 
pintado com aquarela assassina, apenas vermelha, preta e 
violenta. 
“Aposto que ele sabe onde Mitch está,” Vic reflete, 
deslizando suas próprias mãos tatuadas em seus bolsos. Eu 
penso naquele dia na décima série quando todos os meninos 
apareceram com tinta fresca em suas lindas mãos. Em vez 
de querer quebrar seus dedos do jeito que deveria, tudo que 
pude fazer foi fechar meus olhos e imaginar aqueles dedos 
com tinta cavando em meu cabelo, puxando meu rosto para 
perto, traçando a curva superior do meu lábio. Vic tatuou 
Oscar que tatuou Hael que tatuou Callum que tatuou 
Aaron... Victor tatuou a si mesmo. Explica muito, hein? 
Você está perdendo uma parte dessa história,Bernie, digo a mim mesma, minha garganta 
fechando. Callum tatuou Aaron que tatuou... você. Eu flexiono 
meus dedos antes de me virar para Victor. Afinal, ele é o 
líder. Ele deve ter todas as respostas. 
“Logan está cercado pela Charter Crew; Kali está 
aconchegada a uma policial. Qual é o nosso próximo passo?” 
“Siga-me,” Vic diz, e porque os outros meninos sabem 
tão bem quanto eu o quão competente ele é, nós 
sabemos. Porque Aaron precisa de nós, e tenho um mau 
pressentimento de que seu tempo está se esgotando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não tenho ideia de quanto tempo estou deitado aqui, 
pensando nas probabilidades, passando por diferentes 
cenários. Nenhum deles é bom, para ser honesto com 
você. Eu faço parte da Havoc há tempo suficiente para 
entender como trabalhamos. 
Bernadette e os outros vão ao baile de inverno; eles vão 
começar merda com a Charter Crew. Mas mesmo sabendo 
que eles estão bem equipados para chutar traseiros, e 
daí? Pelo que eu sei, apenas Ophelia, Tom e Kali sabem onde 
estou. E Kali pode muito bem morrer antes que Havoc 
obtenha uma resposta dela. Ela poderia correr. 
O melhor cenário neste ponto é que Kali morra em sua 
busca para assassinar Bernie, e eu fico aqui sob os cuidados 
de Ophelia. Pelo menos não serei estuprado. 
Isso e terei mais tempo para descobrir uma maneira de 
escapar. 
Fechando meus olhos, respiro fundo. 
 
 
Posso tentar quebrar minha mão para sair das algemas, 
mas vai doer pra caralho. Isso, e se meu plano falhar, estarei 
em estado ainda pior do que antes. Se eu pudesse alcançar 
minha maldita bota para pegar o cadarço. 
Enquanto estou debatendo os méritos de tentar esse 
plano, ouço o som dos pneus de um carro no cascalho e 
paro. Alguém está aqui. Eu só espero que não seja 
Kali. Cerro minha mandíbula até que meus dentes doem, 
adrenalina bombeando através de mim enquanto eu me 
esforço contra minhas amarras uma última vez e então 
relaxo meu corpo como se estivesse completamente 
derrotado. 
Nem mesmo perto. 
Eu moveria céus e terras para voltar para Bernadette. 
“Pai!” Uma voz grita lá de baixo e eu congelo. É a voz de 
um cara, provavelmente da minha idade. Pai. Este é o filho 
de Tom Muller? Qual o nome dele? David? 
Verdade. 
David, porra Benedict. 
O cara que transou a com minha garota porque eu não 
estava por perto para atender às suas necessidades. Eu 
cerro os dentes com tanta força que estou surpreso que 
nenhum deles rache. Apenas o pensamento dela dormindo 
com alguém fora de Havoc me dá vontade de começar a 
quebrar pescoços. Dentro do Havoc... vou lidar com esses 
sentimentos mais tarde. 
“Pai, você está em casa?” A voz chama novamente, e 
então a porta se abre e David está parando na soleira, sua 
 
 
mão na maçaneta, seus olhos arregalados. “Jesus Cristo,” 
ele engasga. Eu me forço a sorrir, mesmo que a situação seja 
tudo menos digna de sorrir. 
“Olá David,” eu digo, tentando manter minha voz baixa, 
do jeito que Victor faz, como se ele estivesse prestes a entrar 
em uma onda de assassinato, mas nunca o faz. Tenho que 
dizer que estou muito orgulhoso de mim mesmo pela 
maneira como David estremece em resposta. “Importa-se de 
desfazer essas algemas para mim?” 
“Por que...” ele começa, mas então ele apenas entra na 
sala e fecha a porta atrás de si, colocando as costas nela. Já 
posso ver o suor escorrendo em seu rosto. Seus olhos 
castanhos se movendo para frente e para trás de 
nervosismo. Ele claramente não estava ciente de que eu 
estava sendo mantido como refém em... bem, onde quer que 
seja. Uma espécie de cabana, eu acho. Eu sei tudo sobre 
cabanas remotas: Havoc tem uma que usamos 
regularmente. É como os meninos conseguiram largar o 
corpo de Danny, trocar de roupa e encontrar Bernie e eu em 
casa tão rápido. Fica a cinco minutos de distância da casa 
onde Stacey deu a festa de Halloween. 
“Por que estou amarrado em sua casa?” Eu pergunto, 
tentando encolher os ombros casualmente e me encolhendo 
quando meu corpo protesta contra o movimento. Ficar 
amarrado assim por tanto tempo dói. Isso, e eu não tenho 
certeza do que aconteceu quando Kali me atropelou com seu 
carro. “Boa pergunta. Porque você não me solta, e eu vou dar 
o fora daqui.” Eu tento manter a raiva longe da minha voz, 
mas é difícil. Eu estou chateado. E tanto quanto eu sei que 
Bernie pode cuidar de si mesma, que ela tem o resto de 
Havoc com ela, estou preocupado. 
 
 
Kali não é nada se não um ratinho traiçoeiro. 
“Isso é... puta merda, isso é loucura,” David murmura, 
empurrando a porta para ficar ao meu lado. Ele está vestindo 
um smoking branco, então obviamente ele está planejando 
ir para o baile de inverno. Não podemos estar tão longe da 
cidade então, certo? Ele passa os dedos pelo cabelo com gel 
para trás e eu franzo a testa. Aqueles dedos, nos quadris de 
Bernie, em seus seios, dentro dela... Respire, Aaron. Você 
não é um animal, cara. Você pode lidar com isso. “Eu não 
posso estar envolvido nisso. Não quero me envolver em nada 
disso.” 
“Se você me deixar ir, você será poupado quando Havoc 
descontar sua a fúria em seu pai e Ophelia,” eu digo, e eu 
quero dizer isso também. Não somos maus, apesar dos 
rumores do contrário. Na verdade, acho que somos mais do 
que justos quando se trata de lidar com mentirosos, ladrões 
e escória subterrânea. 
David apenas me encara como se preferisse estar em 
qualquer lugar, menos aqui. Engraçado, considerando que 
me sinto da mesma maneira. Ele se move em direção à cama, 
como se realmente pudesse me deixar ir, mas para em breve. 
“Eu não posso deixar você ir,” ele diz, encolhendo-se 
ligeiramente. “Se meu pai descobrir...” 
“O que quer que seu pai faça com 
você não é nada comparado à ira de Havoc,” digo a ele, e é 
sério. Ele teria sorte de ser espancado por Tom em troca de 
escapar das mãos de dedos longos do Oscar. “Você sabe que 
isso é errado, não é?” Eu pergunto, tentando uma tática 
diferente. “Tudo isso, apenas para que Tom e Ophelia 
possam colocar as mãos no dinheiro que pertence por direito 
a Vic.” 
 
 
Para ser honesto, acho que se Vic pudesse entregar sua 
herança para Ophelia e lavar as mãos dela, ele o faria. Mas 
ele sabe tão bem quanto todos nós que sua mãe não vai parar 
por aí. Se ela receber esse dinheiro, o jogo acaba. 
“Eu não sei nada sobre nada,” David sussurra, e posso 
ver em sua expressão que ele está absolutamente 
apavorado. “Kali veio até mim em uma festa. Nós ficamos 
uma vez. E então... a merda ficou estranha a partir daí. Eu 
realmente não tenho ideia do que ela faz por meu pai e 
Ophelia.” 
“Bem, então não acrescente esse erro me deixando aqui 
para morrer,” eu estalo, percebendo que David se encolhe 
como um cachorrinho chutado. Tática errada. Ele é fraco 
demais para gritar; ele vai apenas correr. “Escute, David,” eu 
começo, mas não consigo terminar minha frase. Em vez 
disso, nós dois congelamos ao som de outro carro do lado de 
fora. 
Merda, foda-se e maldição. 
“Merda,” David murmura, virando-se e fugindo da sala, 
deixando-me deitado ali com a fúria crescendo na minha 
barriga. Bernie estava certa sobre Kali, sobre David. Tudo 
isso. Não que eu duvidasse dela, mas se eu viver para sair 
daqui, quero vê-la esfregar isso na cara do Oscar. 
O som distinto da porta da frente abrindo e fechando 
viaja até mim, e eu fecho meus olhos para me concentrar 
melhor no murmúrio de vozes no andar de baixo. Depois de 
um minuto, ouve-se passos na escada e a porta do quarto 
está se abrindo. Tom está lá, com David logo atrás dele. 
“Entre no quarto, filho,” Tom diz, segurando a mesma 
espingarda que apontou para mim quando eu estava no 
 
 
porta-malas. David hesita por tempo suficiente para que 
Tom dê um passo para trás e acerte o filho na espinha com 
a arma, fazendo-o tropeçar. “Agora.” 
David obedece, esgueirando-se para frente e parando ao 
lado da cama. Ele olha para mim com verdadeiro medo 
colorindo seu olhar. 
“Ajoelhe-se,” Tom diz a ele,e então David começa a 
murmurar. Demoro um segundo para perceber que ele está 
orando. Ele está rezando, porra. O menino cai de joelhos e 
Tom encosta o cano da espingarda na lateral da cabeça do 
filho. David está tremendo agora, mas ele continua 
murmurando aquelas orações silenciosas. “O que eu disse a 
você sobre bisbilhotar, David?” 
“Eu não estava bisbilhotando,” David sussurra, seus 
olhos bem fechados. “Eu esqueci minha jaqueta. Eu estava 
apenas... pegando minha jaqueta. Eu prometo.” Tom afasta 
a espingarda, colocando a ponta dela no chão. 
“Você não vai começar a falar para ninguém, vai?” Tom 
pergunta, mas David balança a cabeça vigorosamente. 
“Eu não iria. Eu não vou.” Ele abre os olhos e olha para 
mim com um pedido de desculpas escondido em algum lugar 
por trás do medo. “Eu só quero ir ao baile.” 
“Dê o fora daqui,” Tom rebate, e David se levanta, 
fugindo enquanto eu fico deitado ali, com o traseiro 
inclinado, tão indefeso quanto no dia em que nasci. A raiva 
sobe para obstruir minha garganta, mas não sou estúpido o 
suficiente para falar contra um psicopata com uma 
espingarda enquanto meus quatro membros estão 
algemados na estrutura de madeira de uma cama. Força e 
bravura não vêm de um desafio direto; você tem que 
 
 
temperar essa merda com inteligência. “Você.” Tom ri 
enquanto pega a espingarda e a pressiona contra meu pau 
flácido. Um medo frio passa por mim, mas eu respiro fundo 
e olho o homem em seus olhos escuros sem 
pestanejar. Monstros se alimentam de medo. Há uma razão 
pela qual o vilão nunca simplesmente mata o protagonista, 
certo? Porque a morte é enfadonha. O medo, por outro lado, 
é algo que pode ser consumido e lambido como o chocolate 
amargo. Eu permaneço imóvel. “Você está um pouco velho, 
mas aposto que ainda poderíamos encontrar um comprador 
com um pau tão grande. Arrumar esse cabelo castanho em 
sua cabeça...” 
“Quando chegar a sua hora, você vai morrer engasgando 
com seu próprio sangue,” respondo friamente, e Tom ri. Ele 
bate sua arma contra meu pau novamente e a dor se espalha 
através de mim, fazendo minha visão ficar manchada. Oh 
merda, isso dói. Mas eu não vacilo. Eu não faço nada. Em vez 
disso, para lidar com a dor, só penso na minha garota. No 
mínimo, esse acordo que temos com Bernadette... se algo 
acontecesse com meu pau, ela ainda poderia ter suas 
necessidades atendidas com Havoc, e ainda poderíamos ficar 
juntos. O pensamento me deixa nervoso, então decido nem 
mesmo ir por aí. 
“Grande conversa para um homem acorrentado a uma 
cama com seu pau para fora,” Tom diz, encolhendo os 
ombros fracos. “Mas não se preocupe. Você não vale muito 
sem um pau.” Ele balança a espingarda até o ombro e depois 
vai até uma cômoda no lado oposto da sala, removendo uma 
pequena caixa e gesticulando para mim, como se eu me 
importasse. “Esqueci o anel de noivado,” ele me diz, abrindo 
a caixa e sorrindo. “Vou pedir Ophelia em casamento esta 
noite.” 
 
 
“Precisa ter certeza de que você está legalmente 
vinculado antes que ela receba o dinheiro, hein?” Eu 
pergunto, e Tom ri. 
“Muito bem, garoto,” ele diz, sorrindo para mim 
enquanto enfia o anel no bolso da calça e passa a palma da 
mão sobre o cabelo meticulosamente penteado. Parece que 
ele queria aquele visual mais oleoso dos anos 1950, mas 
falhou miseravelmente. Acredite em mim: qualquer garoto 
Prescott que valha seu peso em sal sabe como ter seu cabelo 
penteado para trás adequadamente. Isso não está 
certo. “Voltarei com alguns benzos, então aproveite suas 
últimas horas acordado.” 
Tom bate à porta com tanta força que as fotos 
emolduradas na parede chacoalham. Um deles - uma 
horrível pintura a óleo de um cervo - cai no chão. 
Benzos. 
Os benzodiazepínicos são um tipo de droga que inclui o 
rohypnol, também conhecido como “boa noite cinderela”, 
também conhecido como a droga de estupro. 
Filho da puta. 
Minha respiração se acelera e inclino a cabeça para 
olhar meus pulsos. As algemas são presas a esses fusos de 
madeira grossos, mas há uma chance melhor de eu soltá-las 
do que se eu tentar meus pés. O estribo é sólido pra caralho, 
e eu não estou sentado esperando Tom Muller me drogar. De 
jeito nenhum. 
“Você pode fazer isso Aaron,” eu digo em voz alta, 
respirando lenta e controladamente até que meu pulso 
diminua. “Por Kara, por Ashley, por Heather... por 
 
 
Bernadette.” Me preparando, eu puxo meu braço direito tão 
forte quanto posso. A dor me atinge, cegante e quente. Posso 
sentir meus ossos e juntas protestando, mas não me 
importo. Se eu tiver que mastigar meu próprio braço como 
um coiote preso em um desfiladeiro, farei isso. 
Estou saindo daqui. 
Respire, respire, respire. 
Fecho os olhos e penso naquela noite em que Hael e eu 
tiramos o vestido de Bernie dela. Ela lutou como um gato 
selvagem, arranhou nossos braços e rostos. Lembro-me de 
voltar para o carro e ver Hael colocar o rosto nas mãos. 
“O que estamos fazendo, Aaron?” Ele me perguntou, sua 
voz abafada pelas palmas das mãos. Eu não sabia o que dizer 
sobre isso. “Se ela quer viver esta vida conosco, quem somos 
nós para impedi-la?” 
“Às vezes você tem que amar alguém o suficiente para 
deixá-lo ir,” foi o que eu disse. 
Eu puxo meu braço novamente, com tanta força que por 
um momento meu coração para, e uma sensação estranha 
dispara dos meus dedos para o meu cérebro. Certeza que 
acabei de quebrar alguma coisa. Eu ignoro isso. 
Seguimos Bernadette para casa todo o caminho. Nós 
cuidamos dela. De jeito nenhum eu deixaria minha garota 
sozinha no escuro de sutiã e calcinha. Então, mesmo que ela 
não soubesse, nós a mantivemos segura. E então eu comi 
ela. A noite toda. De novo e de novo. 
Outra torção violenta do meu braço e um grito rasga de 
mim que não consigo parar. Mas não importa porque ouvi 
 
 
David e Tom irem embora. O fato de não haver ninguém aqui 
para cuidar de mim significa que Ophelia não tem dinheiro 
suficiente para manter nenhum de seus capangas 
contratados sob custódia. Ela está trabalhando com restos 
agora. Precisamos manter seu fluxo de caixa baixo se 
quisermos ganhar. 
Meus músculos ficam tensos para outra tentativa, mas 
minha mente vagueia de volta para uma noite diferente. 
“Estou com medo, Aaron,” Bernie disse, enrolando seus 
dedos nos meus. Colocamos nossas testas juntas, apenas 
nus e respirando. 
“Se você está com medo, não temos que fazer isso,” eu 
disse a ela, e eu quis dizer isso. Se eu só me importasse com 
sexo, seria meu pai. Ele foderia qualquer coisa que se 
movesse; isso fez minha mãe suicida. 
“Não do sexo,” ela sussurrou, aninhando-se contra 
mim. “Tenho medo de que, se fizermos isso, fiquemos muito 
próximos um do outro. Se eu te der meu coração, você me fará 
sangrar?” 
E ela me deu seu coração. E eu a fiz sangrar. 
Imagino que se eu morresse aqui esta noite, Bernie 
demoraria para se recuperar. 
Eu não posso e não vou fazer isso com ela novamente. 
Com outro grito, aperto meu braço contra as algemas e 
algo estala. Por um segundo, devo desmaiar, porque a 
próxima coisa que sei é que meu braço está livre e 
ensanguentado e mole na cama ao meu lado. “Se eu te der 
meu coração, você vai me fazer sangrar?” Meu cérebro evoca 
 
 
o rosto de Bernie e o mantém lá enquanto eu levanto meus 
olhos para ver o que consegui quebrar - além do meu braço 
ou pulso ou seja lá o que for. 
A estrutura da cama ainda está quase intacta, mas o 
eixo que estava puxando saltou da peça horizontal acima 
dele. Parece que havia um pino na extremidade que consegui 
quebrar. Com grande custo, devo acrescentar. Quem 
construiu esta maldita cama merece uma medalha; essa 
coisa é resistente pra caralho. 
Minha respiração está irregular enquanto tento e não 
consigo levantar meu braço. Meu ombro direito está gritando 
de dor, mas se eu não me mexer, tudo isso é em vão. Eu terei 
me machucado sem motivo algum. Demoro algumas 
tentativas, mas meus lábios se movem nas sílabas de uma 
bela palavra.Bernadette. Eu sei que não é saudável viver 
para uma pessoa e apenas uma pessoa, mas... eu aperto os 
músculos do meu estômago em antecipação da dor enquanto 
levanto meu braço, um soluço rasgado saindo de meus lábios 
que estou feliz por ninguém ao redor para ouvir. 
Eu dobro minha perna direita tanto quanto posso, 
esticando meus dedos para a minha bota. Com outro soluço, 
caio de volta na cama, encharcado de suor e sangrando no 
pulso. Eu realmente fiz isso, verdadeira e totalmente fodi 
meu braço. E ainda, meu ferimento à bala não está 
totalmente curado também. Vou acabar com cicatrizes e 
dores constantes como Callum. 
Ainda assim, um pequeno preço a pagar para sair dessa 
confusão. 
Eu tento de novo. E de novo. E de novo. Bem quando 
começo a pensar que o maldito cadarço está fora do meu 
alcance, meus dedos latejantes o prendem e sou capaz de 
 
 
segurá-lo. Felizmente para mim, o estilo na Prescott High é 
usar os cordões das botas desfeitos. Eu faço isso há anos. A 
língua deste par é particularmente solta, os sapatos bem 
usados, o couro flexível e quebrado pelo uso. Pego o cadarço 
na mão e desabo novamente para descansar, olhando para o 
dossel xadrez preto e branco de búfalo acima da minha 
cabeça. 
Saia daqui, comece a correr, não pare até encontrar 
Havoc. 
Meu braço direito está tremendo tanto que mal consigo 
erguê-lo aos lábios, usando os dentes para puxar a ponta de 
metal do cadarço para revelar a pequena chave quadrada 
dentro dela. Oscar encontrou essas coisas online há quase 
dois anos, e nós as usamos em nossos sapatos desde então. 
Nunca pensei que realmente teria que usá-las. 
Preciso de três tentativas para colocar a chave na 
fechadura da algema, mas então há essa liberação 
abençoada e estou gemendo quando a pressão nas minhas 
juntas finalmente cede, e eu desabo na cama com a parte 
superior do meu corpo livre. 
Estou indo, baby, penso enquanto me esforço para me 
sentar, sentindo aquela dor terrível na perna 
novamente. Sim, estou com algum tipo de fratura e terei de 
andar sobre essa maldita coisa. Isso vai ser divertido. 
Eu luto com as cordas por mais tempo do que deveria, 
usando minha mão esquerda quase exclusivamente 
enquanto a direita sangra e treme. Eu faço o meu melhor 
para não olhar para isso. 
 
 
“Porra, sim,” murmuro, chutando a última das cordas e 
colocando meus pés no chão. A primeira vez que tento me 
levantar, acabo de joelhos, xingando e me inclinando para 
apoiar minha mão esquerda no chão. Meu corpo inteiro dói, 
mas me forço a rastejar em direção à porta de qualquer 
maneira, usando o batente para me colocar de pé. 
Se Tom ou David ou - Deus me livre - Kali aparecer aqui 
e me encontrar, estou acabado. Não terei outra chance de 
escapar. Então, embora doa, mesmo que cada passo seja 
uma agonia, e meu braço direito penda frouxamente ao meu 
lado, eu me forço a descer as escadas, as mesmas escadas 
onde Kali rolou o corpo de seu namorado apenas algumas 
horas antes. 
Ainda há uma pequena mancha de sangue na 
guarnição. 
Eu o ignoro, descendo as escadas mancando em um 
passo lento, mas constante, e me encontro em uma grande 
sala com tetos abobadados, uma cozinha rústica e antiquada 
(dinheiro não pode compra autenticidade, pode?), e uma sala 
de estar cheia com sofás xadrez. Parece um Black Bear Diner 
- ou seja, uma rede de restaurantes rústicos - vomitando em 
toda a porra de lugar. 
Olho para ele por um minuto, faço uma carranca e, em 
seguida, mostro o dedo do meio para o lugar. Ao sair pela 
porta da frente, porém, encontro uma churrasqueira com 
fluido de isqueiro ao lado. Quem o usou pela última vez 
deixou um isqueiro e um maço de cigarros também na lateral 
da churrasqueira, como se estivessem pedindo para que este 
lugar fosse incendiado. 
Hã. 
 
 
Eu realmente não tenho tempo de sobra, mas talvez se 
eu deixar uma distração para trás, isso ajude a tirar 
qualquer um que vier aqui do meu rastro. Afinal, eu não 
posso exatamente me mover rapidamente. 
“Incendeia,” murmuro, pegando o fluido de isqueiro 
para dentro da casa e esguichando nos sofás de pelúcia, 
tapetes de pele de urso e poltronas reclináveis de 
couro. Ponho um cigarro entre os lábios, acendo e dou uma 
tragada antes de colocar a ponta acesa no fluido de 
isqueiro. Ouve-se um ruído sibilante quando as chamas 
lambem o sofá, dando início a um pequeno, mas agradável 
incêndio. Nem tudo é fantástico ou digno de um filme ou algo 
assim, mas não tenho dúvidas em minha mente: esta cabana 
vai queimar, porra. “Boa viagem.” 
Eu me viro e saio mancando pela porta, levando o 
isqueiro e o maço de cigarros comigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Logan Charter está cercado por seus capangas no canto 
dos fundos da sala. Há garotas da Fuller High e Oak Valley 
Prep por toda parte, usando suas unhas compridas e 
rosadas para oferecer aos meninos pedaços de coca. 
“Eles estão cheirando uma maldita tempestade de neve 
ali,” murmura Hael enquanto criamos um semicírculo em 
torno da Charter Crew. Não apenas nós cinco, é claro, mas 
como muitos dos membros da Havoc Crew que nunca 
conheci. Reconheço alguns ao vê-los uivar no corredor, mas 
nunca me preocupei em aprender seus nomes. Entendo que 
é melhor eu manter distância; o chefe da máfia não se 
mistura com seus empregados. 
“Bom,” Vic diz, observando Logan como um lobo 
perseguindo uma presa na floresta de neve. “A cocaína deixa 
você corajoso e imprudente. É disso que precisamos esta 
noite.” Com um bufo zombeteiro e uma exalação profunda, 
Victor avança no meio da multidão e segue direto para Logan 
Charter. “Logan,” ele chama, e eu juro, a sala inteira se 
 
 
transforma em um murmúrio distante enquanto as pessoas 
baixam suas vozes e se viram para assistir. É meio difícil 
começar uma guerra com todos esses malditos policiais por 
aí, mas presumo que Victor sabe o que está fazendo. 
"Que porra você quer?" Logan pergunta, se apoiando na 
sua perna esquerda enquanto ele se vira e avança para 
encontrar Vic. Kyler não está em lugar nenhum. Não é 
surpreendente, considerando que ele acabou de perder outro 
irmão na pista de corrida. Um por um, vamos eliminando-
os. Não parece muito satisfatório esta noite, já que falta um 
dos nossos também. 
“Não se estresse,” Hael me diz, virando a cabeça 
ligeiramente para olhar para mim. Eu me pergunto o que ele 
vê quando me encara, alguma dica do que estou exalando 
que eu nem mesmo percebo, como Callum e seu capuz ou 
Vic esfregando seu queixo. “Conseguimos isso, Blackbird.” 
Tento forçar um sorriso, mas não sai. Meus lábios não 
se separam. Em vez disso, meus dedos coçam por um 
cigarro, mas eu os mantenho imóveis, minhas mãos 
penduradas ao lado do corpo enquanto vejo Vic e Logan se 
enfrentando no meio do ginásio. Acima de suas cabeças está 
uma rede gigante cheia de balões. Eles provavelmente 
deveriam estar nas cores da Prescott High - algum idiota 
decidiu uma vez que deveríamos ser verdes e vermelhos - 
mas eles estão na verdade nas cores azul, cinza e prata da 
Oak Valley Prep. 
“Quem quer apostar que Mitch está morto?” Oscar 
pensa, segurando seu iPad contra o peito enquanto fica atrás 
e à minha esquerda. Eu olho para trás e nossos olhos se 
encontram, um milhão de coisas não ditas se filtrando entre 
nós. É difícil para ele, eu acho, continuar a ser um idiota 
 
 
completo quando Aaron está desaparecido. Quando há a 
possibilidade de nunca mais podermos vê-lo. Quando há 
uma chance, por menor que seja, de que ele esteja morto. “Se 
ele não estivesse, Kali não estaria brincando com policiais, e 
Vic não estaria falando com Logan agora.” 
Eu volto para a cena na minha frente, mas realmente, 
por mais que eu não goste de Mitch e o considere uma 
imitação patética de Victor, é óbvio agora que ele era a única 
escolha para líder neste grupo. Logan é como uma estrela 
distante comparada ao sol que é Victor Channing-Blackbird. 
Meus lábios quase se contraemquando esfrego meu 
polegar contra minha aliança de casamento, mas qualquer 
alegria que eu possa ter sentido com a ideia de que Vic foi 
legalmente chamado de Victor Blackbird no sistema legal de 
Oregon é diminuída pelo eclipse que é o desaparecimento de 
Aaron. 
Não consigo ouvir o que Victor está dizendo, porque ele 
se inclinou e colocou os lábios perto da orelha de Logan. É 
quando alguém lança a rede do balão cerca de duas horas 
mais cedo, e o DJ aumenta alguma música horrível - acho 
que é o remix WHATS POPPIN de Jack Harlow que, na minha 
opinião, poderia realmente usar um apóstrofo. 
Victor agarra Logan pela nuca, arrastando-o em direção 
à porta enquanto ele se debate e grita com toda a força de 
seus pulmões. Suas palavras se perdem no borrão dos 
balões, no escurecimento das luzes do teto e nos holofotes 
coloridos varrendo a multidão enquanto os alunos de 
Prescott começam a dançar, arrastando seus primos de 
classe média e 1% para a briga. 
Nós sabemos como criar distrações aqui na Prescott 
High, certo? 
 
 
Policiais? Que policiais? 
Pego uma das garotas da Charter sem nome pelo cabelo, 
puxando com tanta força que ela cai de bunda, e então a 
arrasto em direção à saída também. Tenho certeza que ela é 
a amante do Logan. Sua namorada já está atrás de Vic, 
tentando libertar seu homem de suas garras de ferro. Nós 
entramos no corredor como um grupo, cada um de nós 
puxando pelo menos um idiota da Charter Crew 
conosco. Digo pelo menos, porque Callum e Hael têm dois 
cada. 
As portas se fecham atrás de nós e algumas garotas 
da Havoc Crew usam uma chave para destrancar o armário 
do zelador, pegando um cano velho e empurrando-o pela 
maçaneta da porta, efetivamente trancando-a. 
Eu teria mais interesse nelas se não estivesse lutando 
com a cadela no chão. 
“Foda-se, sua boceta!” Ela está gritando e, embora não 
tenhamos nenhuma rixa pessoal, estou de mau humor. Eu 
bato a cabeça dela no chão do mesmo jeito que fiz com Billie 
Charter, e então subo em cima dela com minha saia rosa 
bonita com apliques brilhantes. Minhas unhas, no entanto, 
ainda são de um glorioso preto fosco com pontas de caixão. 
Parece apropriado. 
“Espere, espere, espere!” Logan engasga quando Vic o 
solta. O outro irmão Charter tropeça de volta para um 
armário, a mão em volta do pescoço. Sua namorada se joga 
contra ele, mas ele está mais focado na cadela presa entre 
minhas coxas. 
 
 
Eu dou um soco no rosto dela, respingando sangue, e 
paro enquanto Logan solta um rugido de raiva. Sua 
namorada se irrita, mas ela deve estar ciente do acordo de 
Logan com... bem, quem quer que seja essa garota de cabelos 
negros, porque ela não parece surpresa. 
Vic levanta a mão e eu paro, sentando, mas mantendo 
minhas coxas apertadas para evitar que a garota se contorça. 
Os outros Meninos Havoc os soltam, e nós formamos 
um impasse bem ali no corredor. 
“Onde está Mitch?” Victor pergunta, mas Logan está tão 
focado na garota sangrando embaixo de mim que ele não está 
prestando atenção. Cal puxa uma faca de sua bota e corre 
para frente, agarrando a namorada de Logan e puxando-a 
para longe dele. Ele coloca a faca contra sua garganta, 
tirando uma única gota de sangue, do jeito que Aaron fez 
com Ophelia. Se ao menos... Matá-la na casa de praia teria 
sido arriscado pra caralho, mas então, Aaron estaria aqui 
conosco se tivéssemos? 
“Escolha uma garota,” Cal rosna, sua voz rouca baixa e 
perigosa. “Qual você gosta mais, Logan?” 
“Escute, eu não sei onde meu irmão está,” Logan diz, 
levantando ambas as mãos enquanto seus olhos disparam 
entre as duas mulheres. “Ele já deveria estar aqui.” 
“Onde ele estava quando você falou com ele pela última 
vez?” Victor pergunta enquanto a garota embaixo de mim 
começa a lutar novamente, e ele concorda. Eu bato no rosto 
dela e ela grita. Eu paro minha mão e espero, olhando para 
Logan com uma sobrancelha arqueada. Tenho que dizer, 
minhas sobrancelhas estão no ponto esta noite. 
 
 
“Pegando Kali,” Logan explica, gesticulando 
descontroladamente e, em seguida, olhando para os outros 
cinco meninos no corredor com ele, como se estivesse 
avaliando suas chances. Tecnicamente, estamos em menor 
número de oito a cinco. Mas não há competição aqui e todos 
nós sabemos disso. “Mas agora ela está falando com 
policiais, e... Jesus. Eu não sei o que está acontecendo. Você 
ainda não está satisfeito? Você matou Danny e matou Timmy 
e...” 
“Mitch deveria pegar Kali, mas ela está aqui, e ele não 
está?” Victor esclarece, e Logan faz um som de frustração, 
olhando para seus meninos novamente. Eles ainda precisam 
fazer um movimento, mas Hael está pronto. Posso senti-lo 
tenso e esperando ao meu lado. Oscar está tão calmo e 
tranquilo como sempre. 
“Foi isso que eu disse, não foi?” Logan se encaixa, 
olhando entre as garotas novamente. “Ele não está 
atendendo ao telefone; Não sei o que mais você quer que eu 
diga.” 
“Hmm.” Vic esfrega o queixo por um momento e depois 
vira aquele olhar intenso para mim. “Mantenha a garota para 
influência. Deixe o resto deles ir.” Eu entendo sua lógica - 
estamos no campus, cercados por policiais - mas ainda 
assim, a ordem dói um pouco. 
Estou pronta para acabar com essa merda. Porra, estou 
pronta desde o primeiro dia. 
Mas não posso estragar tudo pelo que trabalhamos 
sendo precipitada. Eu me levanto e arrasto a garota de 
joelhos pelos cabelos enquanto Logan dá um passo à frente 
e Victor o nivela com um olhar. 
 
 
“Não me teste esta noite, Charter.” 
“Não testar você?!” Ele engasga enquanto eu coloco a 
garota em uma chave de braço, ignorando suas unhas 
enquanto ela as arranha pelos meus braços e me faz 
sangrar. Eu mal posso sentir isso. Tenho uma tarefa esta 
noite: encontrar Aaron. Literalmente, nada mais importa. 
Por proxy, Kali morrerá, mas isso é apenas um bônus. “Você 
matou Timmy. Você matou Danny. Na primeira chance que 
você tiver, vai me matar também. Então, o que diabos eu 
tenho a perder?” 
“Uh, sua garota?” Hael sugere, tirando uma faca do 
bolso de trás. Bem, merda, eu acho que Callum Park não é o 
único garoto em nosso grupo que consegue passar com as 
armas pela segurança com facilidade. Ele desembainha a 
lâmina e coloca a ponta contra a barriga da garota de cabelos 
negros. Ela fica completamente imóvel; ela deve entender 
que não estamos fazendo um teatro aqui. 
Nah, esta noite Havoc está jogando para valer. 
“Foda-me, foda-se, foda-se,” Logan geme, empurrando a 
palma das mãos contra a testa enquanto caminha em um 
círculo fechado. Os outros rapazes da Charter não fazem 
nada. Na verdade, estou corrigindo. Enquanto estamos lá, 
um deles se vira e sai correndo pelo corredor. 
Ninguém o impede. 
Não se trata de abate aqui na Prescott High: tratamos 
de submissão. 
“Alguém mais quer se afastar disso e viver?” Victor 
pergunta, deslizando as mãos nos bolsos e sorrindo. Se eu 
pudesse usar apenas uma palavra para descrever a 
 
 
expressão em seu rosto, seria esta: delicioso. Eu quero 
lamber e consumir. Aposto que teria gosto de coisas 
sombrias, assassinato e sexo. “Acabou, Logan. Seu irmão e 
Kali se envolveram em algo que não conseguiram 
terminar.” Vic dá um passo à frente e Logan recua. “Vou lhe 
dar duas opções aqui: submeta-se e divulga informações. Ou 
nos desafie e derrame sangue.” 
“Você tem trinta segundos para decidir,” acrescenta 
Oscar, virando seu iPad para que Logan possa olhar o tique-
taque de um relógio de contagem regressiva. Hael pressiona 
a lâmina com mais força no estômago da garota e Logan 
simplesmente desmaia. 
Callum avança para agarrá-lo, e o resto dos meninos da 
Charter Crew decolam pelo corredor atrás do primeiro 
dissidente. 
Eu acredito que eles realmente cansaram de nos 
foder? Hmm. Depende. Onde está Mitch? Porque um 
exército sem general é como uma galinha sem cabeça. 
“O que você quer saber?” Logan geme quando Callum o 
empurra de volta contra os armários. A namorada dele aindaestá aqui, apesar de eu estar mantendo a garota do lado de 
Logan como refém. Ela parece determinada a ficar, pairando 
de lado. 
Há uma história aqui, mas não estou interessada nela. 
Não, nesta história, eu sou o personagem principal. 
“O que você sabe sobre Neil Pence?” Victor pergunta, as 
mãos ainda nos bolsos, como se estivesse se preparando 
para dar um passeio em vez de, você sabe, interrogar alguém. 
 
 
“Neil...” Logan leva um segundo para descobrir quem é, 
mas quando o faz, seus olhos se iluminam com o 
reconhecimento. “Sim, o policial, certo? O pai de 
Bernadette?” 
“Padrasto,” eu corrijo automaticamente, liberando meu 
aperto na garota apenas o suficiente para que eu possa ter 
certeza de que ela está realmente respirando. Não tenho 
ideia de quem ela é e não vou matar uma garota que nem 
conheço. 
“Ele veio até nós, cara. Disse que poderia nos ajudar a 
enterrar corpos e merdas...” 
Logan olha para Callum com muito medo. Bom para 
ele. Ele pode sentir que o louro sorridente de olhos azuis e 
boca exuberante tem duas vezes mais probabilidade de 
quebrar seu pescoço do que o ruivo com a faca. Bons 
instintos. “Ele conhece um cara no necrotério que o ajuda a 
se livrar deles.” Ding, ding, ding. 
“Eu sabia,” sussurro enquanto Logan lambe os lábios, 
olhando entre a garota de cabelos negros e a loira antes de 
voltar sua atenção para Victor. 
“Por quê?” Victor pergunta, seu olhar tão intenso que se 
eu fosse Logan, estaria me contorcendo como uma borboleta 
presa a uma parede. “Você é um garoto Prescott. Você sabe 
tão bem quanto nós que ninguém nunca faz algo de graça.” 
“Bernadette,” Logan diz, apontando além de Victor e em 
minha direção. “Ele disse que era tudo sobre pegar 
Bernadette quando ela estava se escondendo atrás de você.” 
“Ou você está mentindo para mim, ou seu irmão tocou 
você como o menor violino do mundo. Que monte de 
 
 
besteira. Neil estava atrás de mais do que apenas 
Bernadette. Diga-me, Logan. O que aconteceu com 
Ivy?” Victor franze a testa com força, e é assustador. 
Logan empalidece e depois encolhe os ombros. 
“Ela era tagarela, cheia de fofocas. Você sabe 
disso. Assim que ela descobriu que Danny estava morto, ela 
estava ameaçando todo tipo de merda. Falando com os 
policiais, falando com vocês. Neil disse que cuidaria dela, e 
ele cuidou.” Logan olha para a garota loira novamente, e eles 
trocam um longo olhar estudioso. 
Ele está mentindo. 
Abro a boca para sugerir isso a Vic, mas ele está 
concordando, como se as mentiras fáceis de Logan 
estivessem realmente funcionando com ele. 
“Muito bem, Logan. Você grita como um porquinho, não 
é?” Victor fica completamente imóvel, como um vampiro que 
se esqueceu de como respirar. É quando me lembro que, 
apesar de sua capacidade de controlar seu temperamento, 
apesar do fato de que ele mantém as mãos limpas na maior 
parte do tempo... ele é a carta mais perigosa de Havoc. “Diga 
isso, Logan. Diga-me o que você é.” 
“O que?” Logan pergunta, recuando um pouco. Mas 
então ele parece perceber que Callum está bem atrás dele, 
espreitando como um monstro no escuro. “Eu não estou 
dizendo essa merda.” 
“Você vai, ou vou começar a quebrar seus dedos, um por 
um,” Cal diz, e Logan amaldiçoa baixinho. 
 
 
“Tudo bem, foda-se, eu sou um porquinho. Você está 
feliz agora?” Logan cospe as palavras com uma carranca, 
passando os dedos pelas pontas cinzas de seu cabelo 
moreno. 
“E que som os porquinhos fazem?” Victor continua, 
sorrindo. Ele está verdadeiramente e totalmente se 
divertindo agora. Molho meus lábios com a língua e a garota 
em meus braços se contorce, como se pudesse sentir que 
está à beira do desastre. 
Logan apenas encara Victor por um momento, suas 
mãos tremendo, seus ombros tensos. 
Ele tem pouca escolha a não ser obedecer. 
É sua dignidade ou sua morte. 
“Oinc, oinc,” ele respira, as narinas dilatadas, as 
pupilas dilatadas. Se fosse apenas ele e Vic, acho que ele 
poderia tentar lutar contra ele. Do jeito que as coisas estão, 
eu poderia matar sua namorada mais rápido do que ele 
poderia vencer até mesmo uma luta um contra um, muito 
menos uma contra quatro. 
“Excelente. Agora, fique de joelhos e beije a ponta das 
minhas botas. Diga sinto muito sua majestade, e 
terminaremos aqui.” O sorriso de Vic fica um pouco maior 
enquanto ele estuda Logan e sua raiva mal contida. 
“De jeito nenhum,” Logan morde de volta, tremendo 
enquanto olha de Hael para Oscar, de volta para Callum, 
então para mim e para a garota em meus braços. “Você não 
pode me pedir para fazer isso, como homem, na frente das 
minhas meninas.” 
 
 
“Faça, ou você verá exatamente o quão chateado eu fico 
quando minhas ordens não são seguidas.” Victor estala os 
nós dos dedos tatuados em uma ameaça muito clara. “Estou 
perdendo minha paciência rapidamente, Logan.” 
Logan avança, como se fosse fazer o que Vic pediu. No 
último segundo, ele se vira e sai correndo pelo corredor. 
Covarde. 
Victor se move tão rápido que mal registro que ele saiu 
atrás de Logan. Ele agarra o outro garoto pela nuca, 
envolvendo o braço em volta do pescoço de Logan e cortando 
seu grito. Os dois caem no chão, mas não há competição. Vic 
é muito maior e muito mais forte. Ele vira Logan, monta nele 
e coloca as mãos em volta de sua garganta. 
“Não...” a loira cai contra os armários enquanto observa 
a cena se desenrolar. Espero que ela saia correndo pelo 
corredor para tentar resgatar o namorado, mas então ela se 
vira e seus olhos encontram os meus. “Ele me deixou,” ela 
diz, maravilha e horror ambos aparentes em sua voz. “Ele me 
deixou.” 
Eu liberto a garota de cabelos pretos enquanto Hael 
retira sua faca, e ela cai de joelhos, engasgando e soluçando. 
“O que ele está fazendo?” Eu pergunto a Oscar, 
observando Vic, frio como uma pedra e imóvel enquanto 
Logan se debate embaixo dele. 
“Matando ele,” Oscar responde facilmente. Eu olho para 
cima, percebendo que estamos em uma das zonas escuras 
da escola. Jesus. Havoc nunca faz nada pela metade. Eu me 
pergunto quanto tempo vou levar para me acostumar a olhar 
 
 
para uma situação de todos os ângulos 
possíveis. “Normalmente leva cerca de cinco minutos.” 
“Cinco minutos?” Eu engasgo enquanto as duas garotas 
se arrastam uma em direção à outra, envolvendo os braços 
uma na outra, e começam a soluçar. Tenho certeza de que 
não era assim que elas esperavam que o Dia de Neve 
fosse. “Normalmente?” Acrescento, depois de realmente 
processar o que Oscar acabou de dizer. 
“Normalmente,” ele concorda, e então se abaixa ao lado 
das garotas. “Vamos deixar vocês duas voltarem para a 
festa,” ele diz, seus dedos longos e cheios de tinta batendo 
no vidro de seu iPad. “Mas se vocês disserem uma palavra, 
se derem um passo em falso, estarei lá esperando por vocês 
no escuro. Vocês entenderam?” 
“Nós entendemos,” a loira sussurra, puxando a outra 
garota para perto. “Eu cresci no lado sul.” 
Oscar parece achar que é explicação suficiente, 
levantando-se. 
Hael aponta o polegar na direção das portas no final do 
corredor, onde as duas garotas da Havoc Crew estão 
esperando do lado de fora. 
“Saiam, senhoras,” ele diz casualmente, e as garotas de 
Logan se levantam, os saltos altos contra o chão enquanto 
correm o mais rápido que seus saltos altos permitem. As 
portas abrem, fecham. Logan faz alguns sons horríveis de 
gorgolejo. 
E então está tudo acabado. 
 
 
“Ajude-me com o corpo,” Vic diz depois de alguns 
segundos. Ele se levanta, e Cal e Hael avançam para ajudá-
lo. Eu, estou usando um vestido de festa rosa e salto 
agulha. Tolice a minha. Quando escolhi esta roupa, pensei 
que estaria cheirando cocaína com cinco meninos Havoc, e 
não matando um menino da Charter. Que erro estúpido de 
se cometer. 
Me aproximo do corpo de qualquer maneira, me 
abaixando para agarrar um dos membros de Logan. Vic me 
para com uma mão no meu ombro e balança a cabeça, 
deixando Cal e Hael para fazer o resto do trabalhosujo. Ele 
tira um cigarro do bolso e o acende. 
“Você não, menina linda,” ele diz em volta do 
cigarro. “Você me deve uma dança.” 
Minha boca se abre enquanto Vic se move até as portas 
laterais do ginásio, aquelas bloqueadas com um pedaço de 
tubo de metal. Ele espera que Cal e Hael liberem as portas 
para fora, Oscar seguindo logo atrás deles, e então remove o 
bloqueio. 
Victor abre as portas, acenando para vários membros 
da Havoc que estão assistindo de dentro, e então alcança 
meu pulso. 
Apesar do fato de que acabei de vê-lo matar um homem 
com as próprias mãos, pego aqueles dedos com tinta e enrolo 
os meus em torno deles. 
“Eu quero Aaron de volta,” eu digo a ele enquanto ele 
me arrasta para o meio da sala, me girando para encará-lo e 
colocando uma grande mão na curva da minha cintura. Com 
a outra, ele agarra minha mão com tanta força que quase 
 
 
dói. No entanto, não faço nada para quebrar esse domínio; é 
reconfortante, em vez de assustador. 
“Nós vamos trazê-lo de volta, eu prometo,” ele me diz, 
me virando no ritmo da música e me deixando com uma 
visão perfeita de Kali Rose-Kennedy e Sara Young, indo para 
a saída no lado oposto da sala. “Eu prometo, esposa,” ele 
repete. 
E então Vic me puxa para perto e beija meu último 
suspiro de meus pulmões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A floresta ao redor da cabana é a cobertura perfeita. As 
árvores crescem juntas e a copa acima de mim é espessa e 
densa. Aqui e ali, tropeço em manchas de luar prateado, mas 
não há muito mais para me ajudar a navegar. 
Ficar perto da estrada é minha melhor aposta e meu 
maior risco. Se alguém encontrar a cabana em chamas e 
decidir vir atrás de mim, este é o primeiro lugar que 
procurará. 
“Filho da puta,” eu gemo, colocando minhas costas 
contra o tronco de uma árvore. Minha perna está começando 
a ficar dormente de dor, e meu braço direito está uma 
bagunça de fogo. Dói até mesmo fechar meus dedos em um 
punho. Quando inclino a cabeça para trás, posso ver um 
vislumbre da lua com bordas prateadas por entre as árvores. 
Eu gostaria de ter alguma ideia de onde, exatamente, 
estou. Mesmo apenas um senso geral de direção seria 
bom. Em vez disso, eu me empurro para fora da árvore e 
 
 
continuo a navegar meio cego e arrastando minha perna 
direita pela folhagem. 
Samambaias pontilhadas de orvalho encharcam minha 
calça jeans e me deixam tremendo enquanto continuo a 
traçar a estrada de terra sinuosa descendo a colina. O 
terreno é acidentado. Seria um desafio em um bom dia. E 
hoje, bem, vamos apenas dizer que hoje não é um dia muito 
bom para mim. 
Nem trinta minutos depois de começar esta bagunça, 
ouço um carro na estrada e solto uma série de palavrões que 
fariam até Bernadette corar. O pensamento me faz sorrir, 
mas é sombrio. Assim que as pessoas naquele carro 
descobrirem a casa, estou numa merda. 
Corra, Aaron. Esqueça a dor e vá embora. 
Começo a me mover o mais rápido que posso, levando 
minhas reservas de adrenalina ao limite. Se eu cair e me 
machucar mais, pode ser um desejo de 
morte. Provavelmente, se eu quebrar uma perna, não vou me 
arrastar para fora desta floresta vivo. Além da ameaça muito 
óbvia da humanidade, existem coiotes, pumas e ursos aqui. 
Tropeço duas vezes, mas consigo evitar ferimentos 
graves, usando os troncos das árvores para me levantar 
enquanto desço a colina em um ritmo que é decididamente 
perigoso. 
Ainda pior, é o som daquele carro circulando de volta 
montanha abaixo. 
Não muito depois, ouço: o barulho de botas na floresta, 
o estalar de gravetos, o farfalhar de arbustos. Abaixando-me, 
me encolho sob os galhos de um arbusto de amora-preta. Os 
 
 
tentáculos são como braços estranhos, estendendo-se na 
escuridão. Eles estão cheios de espinhos e tenho certeza de 
que estou sangrando, mas com certeza é melhor do que ser 
encontrado por alguns dos capangas de Ophelia. 
Quem quer que esteja na floresta comigo - Charter 
Crew, um daqueles bandidos contratados, seja o que for - 
está se movendo rapidamente, mas não silenciosamente, 
como se estivessem tão certos de que eu não posso ter ido 
longe que nem estão tentando. 
Isso eu pego imediatamente. Ah, e o fato de haver 
apenas um deles também. 
Bom sinal. 
Espero que o som de suas botas passe pelo meu 
esconderijo enquanto eles seguem a estrada morro 
abaixo. Depois de muito tempo, é provável que mudem para 
o outro lado e continuem a busca lá. É quando posso 
começar a me mover novamente. 
Minha respiração está controlada, agradável e 
tranquila, mas não posso evitar o arrepio. Está frio aqui e 
estou coberto de sangue. Meu rosto dói e tudo está úmido e 
molhado; minhas roupas estão ficando encharcadas 
rapidamente. Até mesmo o maldito arbusto de amora acima 
de mim está pingando nas costas do meu moletom, dedos 
gelados de água deslizando pela minha espinha. 
Dezembro em Oregon, o que você vai fazer? 
Quando a floresta fica silenciosa por tempo suficiente 
para me satisfazer, eu me levanto e continuo, com a intenção 
de colocar distância entre mim e meu perseguidor. 
 
 
Eu caminho uns quinze metros antes que alguém venha 
atrás de mim. 
O cara - quem quer que seja - envolve seu braço em volta 
do meu pescoço. Mas se ele pensou que isso seria fácil, então 
ele não sabe o que é quando você vive para alguém que não 
seja você. 
Quando eu luto, não estou lutando por orgulho, ou 
porque sou um idiota machista com algo a provar. Não estou 
nem lutando para sobreviver. A única razão pela qual luto é 
pelas pessoas que amo. E quando você tem uma motivação 
como essa, você pode quebrar pescoços como se tivesse 
nascido para isso. 
Usando a inclinação da colina e o peso corporal do meu 
atacante, eu o jogo para frente e por cima do ombro. Suas 
costas atingem o chão com força e ele grunhe. É o único som 
que ele consegue deixar sair antes que eu enfie meu cotovelo 
na frente de sua garganta. 
O homem engasga, mãos se estendendo para me 
agarrar, mas eu me afasto rápido o suficiente para que as 
pontas dos dedos dele façam pouco mais do que roçar meu 
rosto. Aposto que ele tem armas com ele. Assim que ele se 
recuperar do elemento surpresa por tempo suficiente para se 
lembrar disso, estou ferrado. 
Enquanto ele se levanta para se sentar, me estico para 
segurar seu cinto, sentindo os dedos em busca de uma arma 
ou faca de algum tipo. Está escuro demais para ver muito, 
mas ele tem a vantagem, pois já sabe onde, exatamente, 
estão todas as suas armas. Esse vai ser difícil, Aaron, digo 
para mim mesmo, mas então penso em Bernadette 
novamente. Eu penso em nossas meninas. Se eu morrer 
 
 
aqui, o curso de suas vidas será irrevogavelmente mudado, 
e isso não é justo para elas. De modo nenhum. 
Quando o cara sente que estou tentando pegar seu 
cinto, ele reage do jeito que eu pensei que faria, pegando uma 
arma em um coldre de ombro embaixo da axila. Eu apenas 
presumo que haja duas dela, indo para o outro lado e 
sentindo esse pico de euforia e adrenalina quando meus 
dedos se fecham em torno da coronha de uma arma. 
Um cotovelo volta, me acertando no peito, mas mesmo 
que o impacto doa como uma cadela, eu não me movo, 
puxando a arma do coldre e caindo de bunda para colocar 
algum espaço entre nós. Pelo que sinto, posso dizer que é 
algum tipo de semiautomática. O local de segurança mais 
comum é na parte traseira do slide, mas nem sempre. Meus 
dedos tateiam no escuro, mas não consigo encontrar nada. 
Vamos, cara, vamos. 
Meu atacante já está se virando para mim, usando o 
som da minha respiração para me encontrar no escuro. Com 
poucas opções restantes, eu pego a arma com as duas mãos 
e aponto para a sombra que vejo se movendo pela borda 
prateada da lua. É o único alvo que tenho para mirar. Por 
favor, pelo amor de Deus, que seja uma Glock ou uma Walther 
P99 ou algo sem segurança. 
Eu puxo o gatilho e, felizmente, a arma dispara, jogando 
o homem para trás osuficiente para que ele perca o 
equilíbrio e escorregue. Seu corpo rola colina abaixo. Não 
consigo ver muito, mas posso ouvir o farfalhar da folhagem, 
os galhos estalando, grunhidos e gritos distantes. 
E então tudo fica em silêncio. 
 
 
Meu corpo está tenso e pronto para correr, a onda de 
adrenalina me impedindo de sentir qualquer um dos meus 
ferimentos enquanto aperto a arma com a mão esquerda e 
começo a me mover. Parte de mim se pergunta se devo tentar 
seguir o homem colina abaixo para ter certeza de que ele está 
morto, mas há muito risco nisso. 
Eu tenho que continuar andando. 
Desta vez, viro diretamente para a estrada. Não tenho 
tempo para ficar nas árvores. Se Ophelia - ou quem quer que 
seja - mandou um cara atrás de mim, não demorará muito 
até que haja mais. 
Pelo menos agora, tenho uma arma carregada para 
usar. Isso ajuda. Isso ajuda muito. 
O terreno se nivela, e fico parado em um cruzamento em 
T, a estrada de terra fazendo uma curva na colina atrás de 
mim e uma estrada pavimentada perpendicular a ela. Uma 
placa verde me direciona de volta para Springfield - a merda 
de vinte e cinco quilômetros de distância. 
“Puta que pariu.” 
Eu deveria ter verificado o carro do meu agressor em 
busca de um rádio ou telefone de algum tipo, mas acho que 
preferia caminhar trinta e cinco quilômetros a correr o risco 
de ser pego. Colocando a arma no bolso do meu moletom, 
começo a correr. Minha adrenalina permanece comigo por 
cerca de uma milha e meia disso, e então a dor começa. 
Na próxima vez que um carro passa, eu mergulho nas 
árvores, mas isso não impede que quem quer que seja 
diminua a velocidade e pare. 
 
 
“Aaron!” Uma voz grita, trêmula e desconhecida. É 
aquele tal David de novo. Acho que o casaco com capuz e a 
calça jeans manchados de sangue me delataram. Eu saio da 
floresta, removendo a pistola do meu bolso ao mesmo 
tempo. “Uau, onde você conseguiu isso?” Ele sussurra, seus 
olhos fixos na arma enquanto ele engole várias vezes para 
limpar a garganta. 
“Dê-me suas chaves,” digo a ele, e ele olha para o meu 
rosto. “E seu telefone.” 
“Você não quer meu telefone,” ele diz, e eu levanto uma 
sobrancelha, forçando minha mão direita a segurar a arma, 
embora doa. David não precisa saber em que péssimo estado 
estou. “Meu pai me rastreia. Ele tem toda aquela porcaria de 
software dos pais instalada também. Mas posso levá-lo para 
a cidade. Ninguém precisa saber de nada disso.” Eu dou 
uma olhada nele. 
“Você veio até aqui para me dar uma carona? Desculpe 
se eu achar isso besteira.” 
“Não, eu vim até aqui porque meu pai me ligou e disse 
que estava tendo problemas para encontrar o cara 
dele.” David faz uma pausa e olha para a floresta, como se 
pudesse sentir a carnificina que deixei para trás. 
“Certo,” eu digo com uma risada áspera. “E isso me faz 
confiar muito mais em você.” 
“Olha,” David diz, voltando-se para mim, sua respiração 
acelerando, mãos se enrolando e desenrolando enquanto a 
ansiedade o cavalga como uma onda. Ele é tão fácil de 
ler. “Meu pai e seus amigos...” Ele para, mas quando ele me 
olha no rosto, posso ver. Eu também fui vitimado. Está 
 
 
implícito. “Não posso fazer muito, mas posso pelo menos te 
dar uma carona.” 
Eu bato a Glock contra minha coxa. Nada nunca é 
gratuito. Sempre há um preço. Qual é o preço aqui? Muito 
risco, Aaron, digo a mim mesmo, mas estou cansado e minha 
adrenalina não durará para sempre. Tenho certeza que 
fraturei minha perna. 
Talvez meu rosto. Provavelmente meu pulso e minha 
mão. 
“Você dirige. Eu vou segurar a arma. Não me 
decepcione, David.” Nós vamos até o carro - um Lexus LX 
apagado - e eu paro. 
Eu conheço esse carro, de alguma forma. Este é o carro 
que sempre busca Kali na escola. No banco do motorista, está 
outro menino. Claramente, David não estava dirigindo. É 
quando me lembro do que Bernie disse: David não dirige 
sozinho. 
“Oh, por favor,” o motorista diz, revirando os olhos 
dramaticamente. “Você acha que eu ajudaria os abusadores 
do meu namorado? Entre no carro. A propósito, sou 
Mack.” Eu fico lá por um momento, olhando entre os dois. 
“E quanto ao seu telefone?” Eu pergunto, querendo ligar 
para Bernadette, ouvir sua voz, ouvir seu suspiro de alívio 
ao ouvir o meu. Somos um conto de fadas trágico, eu e 
ela. Os namorados de infância raramente vivem para ver o 
nascer do sol juntos. 
“Se eu fosse você,” Mack começa, trocando um olhar 
com David. “Eu não correria o risco.” Ele se volta para 
mim. “Eu trabalho para o Tom; ele me espiona também. Eu 
 
 
assisto bastante pornografia gay no meu telefone, então pelo 
menos quando ele bisbilhota, ele tem algo para ver.” O cara 
sorri para mim, mas não estou exatamente com um humor 
sorridente. 
Eu apenas fico olhando para ele; meu rosto parece feito 
de ardósia. Cinza e imóvel. 
“Abra o porta malas,” eu digo, gesticulando com a Glock 
enquanto David suspira e o outro cara - 
Mack Holdman - bate os dedos no volante. 
“Nesse ritmo, só poderemos ir à pós-festa,” Mack 
resmunga, mas não vou entrar naquele SUV até ver que não 
há mais ninguém se escondendo dentro dele. Depois de uma 
rápida inspeção da área de carga e das duas filas traseiras, 
eu subo no assento central e mantenho a Glock pronta. 
“Se um de vocês fizer alguma coisa para me irritar...” Eu 
começo, mas Mack apenas ri quando David fecha minha 
porta e então sobe no banco da frente. 
“Acalme seu pau, chestnut,” Mack diz, ligando o 
motor. “Confie em mim: nós não gostamos de Kali mais 
do que você.” Ele pisa no acelerador e vamos embora. 
Ou estou cometendo um grande erro aqui, que vai 
causar minha morte prematura, ou chegarei a festa pós-festa 
em menos de trinta minutos. 
Verificando o pente da Glock, vejo que tenho seis balas 
restantes. 
Eu também estou de mau humor, então esses 
meninos... é melhor orar por este último. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Kali sai do prédio com Sara Young. 
Vê-las juntas faz meus dentes doerem. Eu só posso 
imaginar as mentiras que Kali está contando daquela boca 
bonita dela. Obrigada, Stacey Langford, por costurar os 
lábios daquela vadia. Estava na hora e, infelizmente, de vida 
curta demais. 
Quando elas entram no Subaru de Sara, Vic e eu 
seguimos na Harley. 
“Os outros ficarão bem sem nós?” Eu pergunto, 
pensando no corpo de Logan e suas duas amantes 
descartadas. Vic concorda, mas não precisa dizer o óbvio: é 
claro que eles ficarão bem. Estamos na Prescott High; este é 
o nosso domínio. 
Subimos na moto e decolamos a uma distância 
segura. Seguro demais, para o meu gosto. De vez em 
quando, me pergunto se vamos perdê-las. 
 
 
Meus braços se enrolam em volta da cintura do Vic e eu 
fecho meus olhos. É aqui que me sinto mais segura, onde me 
sinto mais protegida. Em todo o mundo, este é o único lugar 
onde posso realmente ser eu mesma. Porque Victor não pode 
me ver, mas ele está aqui. Porque ele não sabe quando eu 
choro. 
O aperto ainda mais forte e ele tira uma das mãos do 
guidão, só para me tocar. Só dura um segundo, mas é o 
suficiente. É assim que Vic e eu trabalhamos. Não 
precisamos explicar tudo em palavras. Assim que disse 
aquela palavra fatídica - Devastação - acho que nós dois 
sabíamos. 
Nunca podemos nos separar, não sem derramamento de 
sangue. 
Algumas quadras depois, fica óbvio que Sara não vai a 
lugar nenhum. Ela está apenas conduzindo Kali em um 
padrão aleatório. 
Eventualmente, acabamos de volta ao estacionamento 
da Prescott. 
Kali sai do carro de Sara e entra no de outra pessoa. 
“De quem é aquele carro?” Eu pergunto a Vic e ele 
apenas solta uma risada. 
“Kyler,” ele diz enquanto os outros garotos Havoc se 
encontram conosco. 
“Para onde você acha que eles estão indo?” Cal pergunta 
casualmente, as mãos enfiadas nos bolsos. 
 
 
“A pós-festa,” eu digo, e Vic acena com a cabeça, ligando 
o motor. 
“Encontre-nos lá,” ele diz aos outros, e nós saímos do 
estacionamento para ir atrás de Kyler.

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