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• Conceito – 12/08/2021 * Ramo do Direito, formado por um conjunto de leis e princípios, que objetiva a tutela estatal de bens jurídicos previamente selecionados pelo legislador, elegendo como sanção ao infrator de suas normas a pena ou a medida de segurança. O Direito Penal é ramo de Direito Público. O Direito Público parte do poder público para o indivíduo. O Direito Privado parte de pessoa privada para pessoa privada. Ex.: Direito Civil - Os princípios, dentro do Direito Penal, têm muito significado. Os indivíduos são absolvidos, em grande parte, devido os princípios. - Existem bens (B), bens jurídicos (BJ) e bens jurídicos penais (BJP). - Bem: qualquer coisa, vantagem, ganho ou utilidade. - Bem jurídico: é o bem (vantagem, ganho ou utilidade) eleito pelo Direito para ser tutelado. Qualquer vantagem, ganho ou utilidade que foi eleito pelo Direito para ser protegido. Ex.: proteção da dignidade, proteção da vida, proteção do patrimônio. São bens escolhidos para serem tutelados, há, também, bens que não foram tutelados pelo Direito. - Bem jurídico penal: é um bem jurídico escolhido pelo Direito Penal para ser protegido. O Direito Penal não protege qualquer ganho, mas, sim, bens específicos e especiais. Bens que devem ser previamente selecionados pelo legislador, que sejam muito importantes para a sociedade. Somente o legislador pode dizer qual é o bem jurídico penal. - É o congresso nacional que legisla sobre o Direito Penal. São os deputados e os senadores. Portanto, ao votar em um, devemos avaliar seus discursos penais. - O Direito Penal (legislador) não pode proteger todos os bens ou qualquer bem jurídico, pois é o ramo mais nocivo dos ramos jurídicos que existem. O Direito Penal é o ramo mais nocivo ao ser humano. É o ramo que tem a pior das sanções: pena de morte e pena privativa de liberdade. Não é qualquer bem que é importante suficiente para ser protegido pelo Direito Penal e, ao final, ser punido com uma sanção ao homem. Se não, estaríamos vivendo em um Estado que qualquer atitude seria punida. Usamos um ramo tão forte em casos excepcionais. É um ramo muito agressivo, por isso, só deve ser aplicado de forma excepcional. Se todas as atitudes fossem protegidas, nós, facilmente, seriamos criminosos. - Todo crime é da seara penal, não existe crime em outro âmbito jurídico. - Sanção penal: pena ou medida de segurança. Propedêutica Penal B BJP BJ juríd ico pena l: é um bem juríd ico escol hido pelo Direi to Pena l para ser prote gido. O Direi to Pena l não prote ge • Direito Penal ou Direito Criminal? * Tecnicamente, hoje, é melhor chamar Direito Penal, já que temos um código que é chamado de Código Penal. Então, por que Direito Criminal? Pois, antigamente, tínhamos um Código Criminal. * Art. 22, I, CF: Compete privativamente à União legislar sobre: I – Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) -> a Constituição se refere ao Direito Penal como Penal e não como Criminal. * Direito Penal Objetivo: conjunto de normas que compõe o ordenamento jurídico Penal * Direito Penal Subjetivo: direito de punir do Estado – Jus Puniendi. - A justiça, no Brasil, só advém do Estado, do Poder Público. • Características do Direito Penal * Fragmentário: esse ramo escolhe para proteger só alguns bens jurídicos, ou seja, fragmenta alguns bens para proteger. O Direito Penal se divide em fragmentos, esses fragmentos são os bens jurídicos, isto é, os bens protegidos (somente os bens muito importantes escolhidos pelo legislador). * Subsidiário: atua como Ultima Ratio ou atua como executor de reserva, ou seja, o Direito Penal só deve atuar quando os outros ramos não conseguirem solucionar a questão. Ultima Ratio: última razão, última alternativa. Não há nenhuma alternativa ou as outras não são tão eficazes para proteger aquela causa. Ele não pode ser utilizado como Prima Ratio (primeira razão, primeira escolha), pois tem a maior das sanções, é mais punitivo, agressivo. É aplicado juntamente com o fragmentário. * Valorativo: já que dentro de uma escala de valores, o Direito Penal deve dar maior valor a bens que sejam mais importantes. Crimes contra a vida devem ter penas maior do que crimes contra a honra, já que a vida vale mais que a honra. Ele deve valorar os bens jurídicos. Quanto mais importante um bem jurídico penal, maior o grau de proteção e maior a pena aplicada a ele. Quanto menor o valor social do bem jurídico penal, menor a pena e menor a proteção. * Sancionador: por meio da sanção o Direito Penal cumpre os objetivos, portanto, quem descumpre o Direito Penal será sancionado pelo Judiciário. - Obs: crime e infração penal são a mesma coisa. - Toda conduta que deixa de ser criminosa tem a pena terminada. Ex.: hoje o aborto é crime e pessoas são sancionadas por isso. Se amanhã ela deixar de ser, a sanção é extinguida. - Cada ramo do Direito tem uma sanção, não é toda punição que “cai” sobre o Direito Penal. Crime e pena só existem no Direito Penal. Não existe pena do Direito Civil, pena do Direito Administrativa... O que existe para os outros ramos é sanção! Ex.: sanção do Direito Civil (ex.: uma multa), sanção do Direito Administrativo. Serviço comunitário pode ser sanção ou pena (depende de como como está previsto e de como e em qual ramo for aplicado). • Finalidade / Funções * Proteção de bens jurídicos selecionados: objetiva a proteção dos bens jurídicos. É a função mais importante do Direito Penal. * Controle social – Bittencourt chama de controle social “formalizado” quando o Direito Penal exerce tal controle (já que é legislado, feito pelo Estado de alguma forma): controle da sociedade. O Direito Penal cria normas para regular as condutas dos indivíduos, garantindo, assim, o controle social. Caso a atitude vá contra as normas, há consequências. Exemplos de instituições de controle não formalizado: igreja e escola. * Garantia contra abusos do Estado (modelo garantista de Ferrajoli – jurista): função garantista, ou seja, o Estado impõe as normas de Direito Penal e, por isso, deve cumpri- las. Infelizmente, o Estado abusa, em vários momentos, de tais normas. Ex.: quando não cumpre prazos, quando não cumpre princípios da legalidade. Tal função foi colocada para que o Estado não abuse das regras, que ele mesmo impôs, com os indivíduos. É a garantia de que o Estado não abuse nos julgamentos. * Função educativa: desvirtuamento do sistema penal, é nocivo e discutível tal noção educativa. Não pode ser a finalidade, a finalidade deve ser sempre proteger. A consequência deve ser a educação. O Direito Penal seria construído, assim, para educar e não para proteger o indivíduo. Concentramos muitos esforços no criminoso e esquecemos do lado da vítima. Não é que não tenha, mas é que não pode ser a finalidade. A pena pode acarretar uma educação, ou seja, como consequência, mas o objetivo deve ser a proteção, a fim de não deixar que tal situação aconteça. * Função simbólica (inflação legislativa / legislação ambiental): criação de símbolos para mostrar que o Direito Penal funciona. Função de pão e circo, de lei para inglês ver. O Direito Penal simbólico gera inflação legislativa, como se mais leis penais gerassem mais proteção. Por isso, muitas vezes, a população pede a criminalização de algo e este é criminalizado rapidamente para que gere essa sensação de proteção na população, mesmo que, na prática de tal lei, não adiante em nada tal legislação. Se não, para criar a “falsa proteção”. Quando uma lei é simbólica, na maioria das vezes, é uma lei que não tem efetividade, só é um símbolo de alguma coisa, geralmente, para proteção/representação. Essa situação é nociva, na maior parte das vezes. Porém, pode ser benéfica em algunscasos, como na proteção de bens públicos. Ex.: a lei de crimes ambientais contém dispositivos difíceis de utilizar, mas serve para mostrar para a população a importância do meio ambiente como bem jurídico penal. * Pacificação social: Direito Penal com a finalidade de trazer paz para a sociedade. Na realidade, todos os ramos do Direito têm essa função. Surgiu porque os juízes começaram a usar nas sentenças “condeno por fim de pacificação social”. - Obs: os 3 primeiros são fundamentais e esclarecidos, ou seja, todos os autores adotam essas 3 funções. Já os outros há opiniões divergentes. • Fontes – 18/08/2021 *Material: quem cria. É a criação. No Brasil, quem cria, é a União Federal. Portanto, só a união pode fazê-lo. Os Estados (há exceção) e municípios não criminalizam e não cominam (prever) penas. (Art. 22, I, CF). Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões especificas das matérias relacionadas neste artigo. - O que pode acontecer é (exceção): os Estados podem esclarecer assuntos penais. Para regular os assuntos regionais é preciso de autorização da União. Ex.: não pode pescar em épocas de reprodução. Suponhamos que cada em Estado há uma época de reprodução, com isso, a legislação regional esclarece um crime que já existe. Desse modo, o Amazonas esclarece um período e Pernambuco outro, por exemplo. A matéria penal pode até ser trabalhada por outros entes na federação, mas não para criminalizar condutas e cominar penas. *Formal: como se cria. É a expressão. É lei em sentido estrito (lei ordinária e lei complementar – leis mais rígidas de serem formuladas, já que dependem de um processo legislativo rígido) para criminalizar condutas e cominar penas. - Obs: medida provisória (medida exclusiva do chefe do executivo – tem força de lei, mas não é lei – editadas em situações de urgência, produzem efeitos imediatos) pode criminalizar condutas ou cominar penas? Não! Pois não é uma lei. • Relações Interdisciplinares * Relação do Direito Penal com outras áreas do ramo. Algumas delas: * Processo Penal: o processo penal é a forma de concretização do Direito Penal, isto é, o processo é o instrumento apto à aplicação da sanção penal estabelecida pelo Direito Penal. Desse modo, o Direito Penal prevê a conduta, já o Processo Penal é o responsável pelo procedimento de julgamento da conduta criminosa e, ao final, é aplicado uma pena de Direito Penal. Sem o Processo Penal não seria possível viabilizar o Direito Penal. O Direito Penal é material e o Processo Penal é processual. * Direito Constitucional: Constituição Federal é a base (pirâmide hierárquica). Todos os ramos do Direito devem ser aplicados à luz da CF, ou seja, devemos observar se, ao aplicar o Direito, estamos obedecendo a Constituição. O Direito Penal se enquadra nisso. * Direito Administrativo: previsão, por exemplo, de crimes de improbidade, legislação ambiental. * Direito Civil: previsão, por exemplo, de crimes contra o patrimônio, contra o casamento, condenação pode gerar direito à reparação civil. • Conceitos Básicos * Código Penal: Decreto-lei 2.848/1940. É uma lei! Dividido em duas partes: Parte geral: arts. 1º ao 120 (é orientativa, em regra) Parte especial: arts. 121 a 361 (define crimes e penas, em regra) - Obs: Há várias leis, com a mesma validade, mas com nomes diferentes. Diferenças: Leis Penais: qualquer lei que aborda assunto penal. Código Penal: vários temas penais (ex. vida, liberdade, dignidade sexual, patrimônio). Lei Especial: assuntos específicos em leis específicas (aborda/regula apenas um assunto penal). Ex.: lei de drogas, lei maria da penha, estatuto do desarmamento... O código penal tem a mesma validade que a lei especial, por exemplo. A diferença é que o código aborda mais assuntos e a lei especial somente 1. O código penal é um microssistema, já que engloba várias temáticas. Dentro desse microssistema, há a divisão entre geral e especial. 19/08/2021 * Política Criminal: é o modo de ser e atuar do Estado nas 3 esferas de poder (legislativo, executivo e judiciário) no tocante à criminalidade. Se o Estado atua no combate à criminalidade usando mais o Direito Penal (acreditando que é o ramo que vai solucionar os problemas) estamos usando o Direito Penal máximo. Se acreditamos que há outros ramos para resolver os problemas, estamos usando o Direito penal mínimo. O DP máximo e mínimo transparece pela fala e atitudes. - Máximo: Movimento de Lei e Ordem -> DP como solução para todos os males. Estado Penal. É influenciado pelo discurso da mídia e de tolerância zero. (Ex.: prefeito Rudolph Giuliani em NY em 1993). DP como algo que põe ordem na sociedade, fazendo com que ela seja organizada e, assim, sem males sociais. Transforma o Estado em um Estado Penal, já que utiliza o DP demasiadamente, deixando de ser um Estado eficiente em outros ramos. Direito Penal do Inimigo (Gunter Jakobs) -> despreocupação com os direitos fundamentais. Inimigos do Estado. Na guerra as regras devem ser diferentes (alguns dizem não ser um movimento). No Estado como vivemos (estado de guerra) as regras devem ser diferentes e, assim, podemos, em alguns momentos, classificar os homens em 2 categorias de criminosos: cidadão criminoso (válido a aplicação do DP desde que respeite os direitos fundamentais para com estes cidadãos, o julgamento é conforme as regras que o Estado expos) e inimigos do Estado (praticaram certas condutas criminosas e, por isso, não teria a aplicação e o respeito a alguns direitos fundamentais frente a aplicação do DP para tais indivíduos). - Mínimo: Movimento abolicionista -> deslegitimação do DP para resolver os conflitos (não acreditam que é o meio adequado para isso, acreditam que não é legitimo e, por isso, não deve ser aplicado na sociedade). Dizem que a prisão é irracional, pois não cumprem a sua função. Assim, buscam meios/sistemas alternativos de contenção dos males sociais. Movimento de equilíbrio -> DP só protege bens vitais para a sociedade. A base do DP são os princípios. *Garantismo: vem do verbo “garantir” e significa assegurar ou tutelar algo. No caso da teoria, o objeto sob o qual recai essa proteção são os direitos da pessoa humana, como: direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. (Google)
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