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EDUARDO REBELLO MIGUEL CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. SÃO PAULO 2003 EDUARDO REBELLO MIGUEL CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. Orientador: Prof. Eng° Fernando José Relvas SÃO PAULO 2003 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Professor Engenheiro Fernando José Relvas pela orientação dada no tema do trabalho. Agradeço ao Professor Doutor Mestre Engenheiro José Rodolfo Scarati Martins pela colaboração e orientação dada na execução do trabalho. Agradeço aos meus pais, Manuel Amilcar Miguel e Ivone Mª Rebello Miguel, por todo apoio e dedicação para a minha formação acadêmica. Agradeço a minha namorada, Doutora Isabela Gil Régis do Amaral, por todo amor, carinho e apoio. SUMÁRIO RESUMO ...................................................................................................... III ABSTRACT .................................................................................................. IV LISTA DE FIGURAS......................................................................................V LISTA DE FOTOGRAFIAS...........................................................................VI LISTA DE TABELAS...................................................................................VII 1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 1 2 OBJETIVOS ........................................................................................... 3 2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 3 2.2 Objetivo Específico .................................................................................... 3 3 METODOLOGIA DO TRABALHO ......................................................... 4 4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 5 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 6 5.1 Definição do CAD........................................................................................ 6 5.2 Evolução Histórica ..................................................................................... 8 5.3 Materiais Empregados............................................................................. 12 5.3.1 Cimento................................................................................................. 13 5.3.2 Agregados ............................................................................................ 14 5.3.3 Água ...................................................................................................... 16 i 5.3.4 Aditivos ................................................................................................. 16 5.3.5 Adições Minerais ................................................................................. 18 5.4 Produção, Lançamento e Controle do CAD....................................... 20 5.5 Propriedades Mecânicas......................................................................... 26 5.6 Durabilidade ............................................................................................... 28 5.7 Vantagens do CAD ................................................................................... 31 6 EXEMPLOS DE OBRAS COM CAD .................................................... 33 6.1 Edifício Scotia Plaza................................................................................. 35 6.2 Edifício Water Tower Place .................................................................... 38 6.3 Petronas Tower ......................................................................................... 40 7 ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA.......................................... 43 7.1 Estudo 1....................................................................................................... 44 7.2 Estudo 2....................................................................................................... 47 8 CONCLUSÕES..................................................................................... 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 57 ii RESUMO Este trabalho define e aborda o uso do Concreto de Alto Desempenho (CAD), demonstrando a sua eficiência na construção civil e sua evolução tecnológica ao longo dos anos. São apresentados os tipos e características específicas dos materiais utilizados na sua composição e alguns parâmetros considerados para a produção e controle do CAD. No trabalho é destacado a sua alta resistência à compressão e suas propriedades mecânicas diferenciadas do concreto convencional, assim como sua alta durabilidade mesmo em ambientes agressivos. São citadas as vantagens técnicas e econômicas ao se especificar o CAD em obras civis. São apresentados três casos que utilizaram este material na sua execução e dois estudos de viabilidade econômica do uso do concreto de alto desempenho comparados ao concreto convencional em edificações. O uso do CAD demonstrou uma redução na quantidade de materiais utilizados e economia de custo da ordem de 11% nesses estudos apresentados. iii ABSTRACT This work defines and it approaches the use of the High-Performance Concrete (HPC), demonstrating his efficiency in the civil building and his technological evolution along the years. The types and specific characteristics of the materials used in his composition are presented and some parameters considered for the production and control of HPC. In the work his high resistance to the compression is detached and their differentiated mechanical properties of the conventional concrete, as well as his high durability even in aggressive atmospheres. The technical and economical advantages are mentioned when HPC in civil works is specified. There are presented three cases that used this material in their execution and two studies of economical viability of the use of the high-performance concrete compared to the conventional concrete in constructions. The use of HPC demonstrated a reduction in the amount of used materials and economy in the order of 11% in these presented studies. iv LISTA DE FIGURAS Figura 5.1: Utilização de Aço e CAD nos Edifícios mais Altos do Mundo .... 11 Figura 5.2: Materiais Empregados na Composição do HPC = CAD ............ 12 Figura 5.3: Influência do Agregado Graúdo no Concreto............................. 15 Figura 5.4: Exemplo de traço do Concreto para fck > 80 MPa..................... 22 Figura 5.5: Evolução Relativa de Resistências ............................................ 24 Figura 5.6: Faixa entre fck e fcd................................................................... 26 Figura 5.7: Comparação entre CAD e Concreto Usual, Carbonatação........ 29 Figura 5.8: Comparação entre CAD e Concreto Usual, Cloretos................. 29 Figura 7.1: Croqui da Planta do Edifício Estudado....................................... 47 Figura 7.2: Reduções de Seção para os pilares do Modelo I....................... 49 Figura 7.3: Distribuição da Resistência à compressão no Modelo II............ 50 Figura 7.4: Distribuição da Resistência à compressão no Modelo III........... 50 Figura 7.5: Volume de CAD em comparação ao Volume total de concreto . 51 Figura 7.6: Custo Total dos Modelos I, II e III ..............................................53 Figura 7.7: Custo Total de cada Edifício (concreto + aço + fôrmas) ............ 53 v LISTA DE FOTOGRAFIAS Foto 5.1: Diferença de um Concreto sem e outro com Superplastificante ... 23 Foto 5.2: Concreto com Pigmento e Superplastificante ............................... 23 Foto 5.3: Comparação da Microestrutura do CAD e Concreto Usual........... 27 Foto 6.1: Edifício Scotia Plaza ..................................................................... 35 Foto 6.2: Edifício Water Tower Place........................................................... 38 Foto 6.3: Petronas Tower............................................................................. 40 Foto 7.1: Foto do Edifício Estudado ............................................................. 48 vi LISTA DE TABELAS Tabela 5.1: Grupos de Resistência ................................................................ 6 Tabela 5.2: Classificação dos Concretos ....................................................... 7 Tabela 5.3: Evolução do consumo médio mundial de cimento, per capita..... 9 Tabela 5.4: Cimentos Mais Indicados .......................................................... 13 Tabela 5.5: Limites para produção de 1 m³ de CAD .................................... 21 Tabela 5.6: Resistência do CAD em função da Relação a/c........................ 26 Tabela 6.1: Edifícios Executados com CAD................................................. 34 Tabela 6.2: Dados Edifício Scotia Plaza ...................................................... 36 Tabela 6.3: Concreto desenvolvido para o Scotia Plaza.............................. 36 Tabela 6.4: Evolução da Idade do Concreto ................................................ 37 Tabela 6.5: Dados Edifício Water Tower Place............................................ 39 Tabela 6.6: Dados Petronas Tower.............................................................. 41 Tabela 7.1:Consumo de Materiais para Execução de um Pavimento.......... 44 Tabela 7.2: Custo Comparativo da Estrutura ............................................... 46 Tabela 7.3: Consumo e Custo do Concreto nos Modelos............................ 51 Tabela 7.4: Consumo e Custo do Aço nos Modelos .................................... 52 Tabela 7.5: Consumo e Custo de Fôrmas nos Modelos .............................. 52 vii 1 INTRODUÇÃO O concreto foi inventado em meados do século XIX e os primeiros edifícios em concreto armado foram construídos há pouco mais de um século (SERRA, 1997). Desde então o concreto permaneceu uma mistura de cimento, agregados diversos e água. Contudo, nos últimos anos a pesquisa vem propondo alterações significativas nessa situação. Os avanços tecnológicos na área da engenharia civil não ficam por conta apenas da utilização de novos equipamentos e processos construtivos. Este avanço pode ser percebido também no uso de novos materiais e na melhoria das qualidades dos materiais já existentes. Atualmente, encontramo-nos numa etapa de desenvolvimento da tecnologia do concreto na qual não só o proporcionamento dos materiais e suas propriedades são estudadas, mas aonde a própria utilização de materiais, até então não presente nas fases constituintes de concretos tradicionais, são utilizados. A necessidade de promover avanços na qualidade do concreto foi percebida em função de dois aspectos, sua resistência mecânica e durabilidade. Era necessário superar as limitações do concreto quando comparado ao aço, principalmente na estrutura de edifícios muito altos e quanto à durabilidade, era necessário superar o rápido envelhecimento das estruturas de concreto armado, decorrente da infiltração de água nos capilares, carbonatação, despasivação e conseqüente corrosão das armaduras. O concreto de alto desempenho (CAD), foi desenvolvido na Noruega na década de 1950 e adotado no Brasil há cerca de dez anos, era conhecido no início como concreto de alta resistência (CAR) devido à sua alta resistência característica à compressão. Durante muito tempo essa vantagem suplantou outras de igual importância como durabilidade e compacidade, até que a 1 nova definição se tornasse consenso no meio técnico (TÉCHNE, 2002). Assim, concretos com resistência a compressão em torno de 100 MPa podem ser obtidos e utilizados em obras comuns, com uma série de vantagens em relação aos concretos normais, dentre elas a sua maior durabilidade. 2 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Abordar o uso do Concreto de Alto Desempenho (CAD) demonstrando a sua eficiência na construção civil e apresentar algumas informações de estudos realizados sobre o CAD, sua conceituação e suas principais características, destacando sua elevada resistência à compressão e sua alta durabilidade. Fornecer exemplos de utilização deste material e um comparativo de custos de um mesmo caso dimensionado para concreto usual e concreto de alto desempenho. 2.2 Objetivo Específico Como objetivos específicos deste trabalho sobre o Concreto de Alto Desempenho destacam-se: • Definição e principais características; • Evolução histórica; • Os materiais utilizados na sua elaboração; • Produção, lançamento e controle; • Características físicas e mecânicas; • Exemplos de obras que utilizaram este material; • Vantagens técnicas e econômicas ao especificar este tipo de concreto. 3 3 METODOLOGIA DO TRABALHO A metodologia do trabalho foi desenvolvida considerando diversas fontes de pesquisa. Os conceitos básicos que norteiam o tema do estudo foram extraídos de livros técnicos. Os “sites” da Internet contribuíram na busca de artigos e informações adicionais sobre o tema. As normas técnicas com especificações sobre temas relacionados ao estudo foram coletadas para elucidar o trabalho. Anais de congressos foram de grande valia para apresentação de relato de casos práticos da aplicação do concreto de alto desempenho, assim como depoimentos na utilização do material estudado proporcionaram demonstrar, exemplificar e ilustrar o estudo. 4 4 JUSTIFICATIVA Talvez poucas pessoas tenham conhecimento disso, mas o concreto é o segundo material mais utilizado no mundo, atrás apenas da água (MONTEIRO, 2003). Através do emprego do concreto armado tem sido construída a maioria das obras de infra-estrutura dos países, assim como edificações residenciais, comerciais e industriais. Essa enorme aceitação do concreto justifica-se pelas suas características excepcionais de versatilidade, durabilidade, economia e resistência. A durabilidade do concreto usual está se tornando um assunto de preocupação na maioria dos países porque um número muito grande de estruturas de concreto apresenta sérios sinais de deterioração. Nos últimos tempos a questão da durabilidade tem ganhado ênfase e devido a sua importância já absorve grande parte da atenção dos engenheiros. Outra característica fundamental do concreto é a sua resistência, visto que um concreto mais resistente proporciona estruturas mais esbeltas, levando a um melhor aproveitamento das áreas a serem projetadas. Nos últimos anos tem havido uma maior utilização de concretos com resistência à compressão acima de valores que antes eram normalmente empregados. Considerando que a meta ideal é construir estruturas resistentes, com maior durabilidade, potencializando o espaço arquitetônico e reduzindo os custos de manutenção, o Concreto de Alto Desempenho pode ser uma boa alternativa, por apresentar propriedades relativamente superiores às do concreto tradicional. Portanto divulgar informações sobre este material relativamente novo no Brasil é de grande valia, contribuindo para o desenvolvimento da Engenharia Civil. 5 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.1 Definição do CAD Para definir oconcreto de alto desempenho (CAD) ou high-perfomance concrete (conhecido internacionalmente como HPC) deve ser feita uma definição de concreto de alta resistência, pois o CAD não é apenas um concreto com uma resistência mecânica elevada. Definem-se concretos de alta resistência aqueles que apresentam médias de resistência à compressão unixial acima das usuais em um dado local ou época (DAL MOLIN et alli, 1997). Conforme a NBR 8953 (1992), os concretos são classificados em dois grupos conforme a tabela abaixo: Tabela 5.1: Grupos de Resistência Grupo I de Resistência Resistência característica a compressão (MPa) Grupo II de Resistência Resistência característica a compressão (MPa) C10 10 C55 55 C15 15 C60 60 C20 20 C70 70 C25 25 C80 80 C30 30 C35 35 C40 40 C45 45 C50 50 Fonte: NBR 8953, 1992. 6 A classificação proposta por AMARAL FILHO (1997) tem uma certa coerência com a tendência norueguesa sempre respeitável por ser o centro mais avançado do mundo em concretos de alto desempenho. Tabela 5.2: Classificação dos Concretos Classe Resistência à compressão (MPa) Equipamentos de produção Materiais Diagrama Tensão x deformação x ε Diagramas de tensões de compressão na flexão simples Tipo de ruptura à compressão Baixa < 25 Canteiro Comum Cimento Portland areia agregados comuns Parabólico c/ nítido patamar longo da plastificação Retangular (estádio III) Fratura áspera com agregados intactos Média 25 – 50 Centrais com bom controle tecnológico Cimento Portland areia agregado comum superplastificante (com ou sem m.s. ou Fly – Ash) Parabólico c/ patamar nítido, mas menor Retangular (estádio III) Fratura áspera com parte dos agregados rompidos Alta 50 – 90 Centrais com rigoroso controle tecnológico Cimento Portland areia agregado muito bom superplastificante Microsílica Baixo teor a/c Triangular c/ pequeno patamar Triangular ou trapezoidal Fratura lisa com agregados cisalhados (ruptura frágil) Ultra Alta 90 – 100 Fábricas de pré- moldados e instalações especiais Cim. Portland Areia de bauxita calcinado agregado idem ou de ferro superplastificante microsilica Baixíssimo teor a/c Diagrama x ε a determinar em cada caso A determinar Diferente em cada caso ruptura totalmente frágil Fonte: AMARAL FILHO, 1997. DINIZ (1997) destaca que se costuma distinguir a diferença de concreto de alto desempenho e concreto de alta resistência, sendo alto desempenho relacionado principalmente à durabilidade do concreto e que alguns 7 concretos atingem um bom desempenho a partir de uma resistência de compressão aos 28 dias de 35 MPa e os concretos de alta resistência são considerados acima dos 55 MPa de resistência à compressão. Atualmente aplica-se o conceito ampliado de concreto de alto desempenho, que além do aumento da resistência mecânica contempla também uma maior durabilidade. A redução na quantidade de água, isto é, a redução na relação água/cimento (a/c), aumenta a resistência do concreto, mas reduz a trabalhabilidade do concreto fresco. Por isso os concretos de alto desempenho são produzidos com aditivos que permitem reduzir a quantidade de água mantendo e até melhorando a trabalhabilidade. A adição da sílica ativa ou outros “fillers” preenche os vazios da zona de transição do aglomerante/agregado, proporcionando uma estrutura mais compacta. Pode-se dizer que CAD é sinônimo de concreto com sílica ativa, pois esta, como regra geral, é a única forma de obter-se as qualidades requeridas dentro do enfoque custo-benefício (AMARAL FILHO, 1998). 5.2 Evolução Histórica A partir do patenteamento do cimento Portland por Joseph Aspdin em 1824 na Inglaterra e a conseqüente difusão da fabricação mundial, o concreto tem sido o material de construção civil mais utilizados em todas as regiões do mundo (HELENE, 1997). As estatísticas demonstram que o consumo de cimento médio mundial, per capita, tem aumentado progressivamente neste 8 século, estando em 1990 com 210 kg/habitante/ano, quase quatro vezes o consumo em 1950, conforme mostra a tabela (HELENE,1997). Tabela 5.3: Evolução do consumo médio mundial de cimento, per capita Ano/década 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 Consumo - kg/hab/ano 19 38 40 55 104 158 203 210 Fonte: HELENE, 1997. Só no ano de 2000 o Brasil produziu cerca de 39,6 milhões de toneladas de Cimento Portland (ABCP, 2003). O concreto de alto desempenho (CAD), foi desenvolvido na Noruega na década de 1950 (TÉCHNE, 2002) e FREEDMAN (apud AITCIN, 2000) diz que no início de 1960 começou a ser usado em quantidades significativas em estruturas importantes nos EUA. Naquele tempo muitos projetistas estavam satisfeitos em projetar estruturas baseadas em concretos de 15 a 20 MPa, os quais eram bem conhecidos, econômicos e seguros (AITCIN, 2000). Não era óbvio para a maioria dos engenheiros que o concreto um dia deslocaria o aço na construção de arranha-céus, a sabedoria daquela época era que o concreto era bom apenas para ser usado nas fundações e na construção dos pisos dos edifícios de grande altura ou para proteger elementos estruturais contra o fogo. AITCIN (2000) diz que as resistências à compressão pararam de crescer em torno dos 60 MPa porque uma barreira técnica foi encontrada, que somente poderia ser superada com a disponibilidade de novos materiais. No começo de 1970 era impossível fazer concreto com uma resistência à compressão maior que 60 MPa porque os redutores de água de que se dispunha normalmente à época não eram capazes de reduzir mais a relação água/cimento (a/c) BLICK (apud AITCIN, 2000). 9 BLICK (apud AITCIN, 2000) diz também que era necessário encontrar redutores de água que apresentassem os menores efeitos indesejáveis, objetivando reduzir a relação a/c tanto quanto possível, pois os concretos de alto desempenho eram entregues com um abatimento muito baixo, tipicamente de 75 mm a 100 mm. Foi no final dos anos 60 que os superplastificantes (superfluidificantes) foram pela primeira vez usados no concreto, a sua introdução ocorrendo quase que simultaneamente no Japão e na Alemanha. HATTORI, MEYER (apud AITCIN, 2000). Durante a década de 1980, a dosagem dos superplastificantes foi aumentando pouco a pouco e começou-se a perceber que poderiam ser usados como um redutor de água de grande efeito RONNEBERG (apud AITCIN, 2000). Com o uso de uma dosagem elevada de superplastificante descobriu que era possível reduzir a relação a/c do concreto até 0,30 e ainda obter um abatimento inicial de 200 mm, visto que antes os concretos com redutores de água eram entregues com abatimento inicial de apenas 75 mm a 100 mm. BLICK (apud AITCIN, 2000). AITCIN (2000) relata que um concreto com relações de a/c tão baixas, alguns cimentos Portland comerciais começavam a deixar a desejar em termos de resistência à compressão, entretanto com uma seleção cuidadosa do cimento e do superplastificante era possível diminuir a relação a/c. No inicio dos anos 80 a sílica ativa começou a ser utilizada na América do Norte, embora ao final dos anos 70 na Escandinávia, a sílica ativa começou a ser utilizada como material cimentício suplementar no concreto (AITCIN, 2000). Foi rapidamente reconhecida a vantagem particular de usar a sílica ativa como uma pozolana muito fina e reativa no concreto de alto desempenho, foi 10 mostrado que é possível tornar trabalháveis concretos com resistências à compressão acima de 100 MPa (TÉCHNE, 2002). A figura 5.1 mostra a mudançagradual da utilização do aço por concreto, baseada na publicação de BEEDLE (apud DAL MOLIN et alli, 1997) sobre os cem edifícios mais altos do mundo. Figura 5.1: Utilização de Aço e CAD nos Edifícios mais Altos do Mundo Fonte: BEEDLE (apud DAL MOLIN et alli, 1997). A aceitação e o uso do CAD está crescendo devagar em muitos países: na verdade, seu uso ainda representa uma percentagem muito baixa do mercado do concreto, entretanto vários países lançaram importantes programas de pesquisa específicos sobre o CAD no final dos anos 80 (AITCIN, 2000). 11 5.3 Materiais Empregados De forma geral, os materiais utilizados no concreto de alto desempenho são os mesmos utilizados no concreto convencional. Figura 5.2: Materiais Empregados na Composição do HPC = CAD Fonte: ABCP, 1997. Os CADs requerem materiais constituintes de boa procedência e alta qualidade. São utilizados cimentos Portland, agregados miúdos e graúdos, água potável, aditivos plastificantes redutores de água e, eventualmente, adições de sílica ativa e aditivos superplastificantes. A seleção de materiais para produção do CAD não é simples, pois existem cimentos e agregados com grandes variações nas suas composições e propriedades e ainda não foi estabelecida, na opinião de AITCIN (2000), uma diretriz clara do tipo de cimento e agregado mais apropriado para utilização em CAD. AITCIN (2000) ressalta, deve ser admitido que, até o presente momento, o progresso no campo do CAD tem sido fruto de uma abordagem empírica mais do que fundamental e científica. 12 5.3.1 Cimento Os tipos de cimento atualmente produzidos no Brasil são o cimento Portland comum, cimento Portland comum com adições, cimento Portland de alto- forno, cimento Portland composto, cimento Portland pozolânico e cimento Portland de alta resistência inicial. Dentre dessas categorias, são fabricados ainda cimentos resistentes a sulfatos (SOUZA, 1998). Na opinião de HOWARD (apud DAL MOLIN et alli, 1997), não existem critérios científicos que especifiquem o cimento mais adequado para a produção do CAD. Segundo AMARAL FILHO (1997) podem ser utilizados os do tipo Portland comuns com as pequenas adições permitidas pelas normas. Em geral, são utilizados cimentos Portland de hidratação rápida e com menores teores de pozolana ou escória, mas essas adições aumentam a durabilidade do concreto em ambientes agressivos onde há altos teores de sulfatos e cloretos (TÉCHNE, 2002). A tabela 5.4 mostra os cimentos fabricados no Brasil mais indicados para a produção do concreto de alto desempenho. Tabela 5.4: Cimentos Mais Indicados Cimento Classe de Resistência Norma CP I e I.S 40 NBR 5732 CP II.E 40 NBR 11578 CP V ARI NBR 5733 Fonte: ABCP, 1999. SIMPLICIO (2003) não indica o uso do cimento aluminoso justificando para isto que o mesmo não é de uso corrente, e várias normas o proíbem devido 13 à possibilidade de corrosão por álcalis e por causa do fenômeno de “conversão” que é uma perda de resistência geralmente inevitável em climas temperados. 5.3.2 Agregados A qualificação dos agregados para o emprego em concretos de alto desempenho baseia-se no atendimento das exigências mínimas prescritas nas normas atuais para concretos convencionais (NBR 7211, 1983; NBR 12654, 1992). Além destas exigências, outros aspectos devem ser considerados para elaboração do CAD. A seleção dos agregados particularmente resistentes não é necessária para a produção do concreto usual. Geralmente, é apenas necessário verificar se as exigências de desempenho das normas para agregados estão sendo atendidas. Por outro lado, no CAD, a pasta hidratada de cimento e a zona de transição podem ser tão resistentes que, se os agregados, particularmente os graúdos, não forem suficientemente resistentes, eles podem tornar-se o elo mais fraco dentro do concreto (AITCIN, 2000). De acordo com SIMPLICIO (2003), os agregados são os componentes que irão limitar a resistência à compressão do concreto. O módulo de elasticidade (E) vai depender quase exclusivamente do tipo de agregado utilizado na produção do CAD (AMARAL FILHO, 1998). a) Agregados Graúdos Os agregados graúdos devem apresentar elevada resistência à compressão, baixo índice de abrasão Los Angeles, baixo teor de materiais friáveis e boa aderência à pasta de cimento. As maiores resistências são obtidas com basaltos e diabásios. Os agregados devem ser sãos e não-reativos com os álcalis do cimento, apresentando grãos com dimensão máxima característica 14 de 25 mm, o que reduz os efeitos negativos da zona de transição pasta/agregado e propicia concretos de resistência mais elevada. São recomendadas as britas de grãos próximos a uma esfera, mas com boa rugosidade superficial para proporcionar uma boa aderência. Seixos rolados e pedregulhos em geral não propiciam concretos com resistência à compressão maior que 50 MPa, dentro de condições economicamente viáveis (TÉCHNE, 2002). De acordo com O´REILLY DÍAZ (1998) para os agregados graúdos naturais, comumente empregados nos concretos convencionais, tem-se conseguido resistências em torno de 120 MPa. Figura 5.3: Influência do Agregado Graúdo no Concreto Fonte: ABCP, 1999. Em concretos de até 20 MPa é conveniente desde que a geometria da estrutura assim o permita, produzir concretos com agregados de tamanho grande, porém no caso de concretos de alto desempenho é preferível utilizar agregados graúdos de pequena dimensão (ABCP, 1999). AITCIN (2000), relata que quanto mais alta for resistência à compressão pretendida, menor deveria ser o tamanho máximo do agregado graúdo. Concretos com resistência à compressão de mais de 125 MPa têm sido 15 produzidos até hoje, com agregado graúdo tendo tamanho máximo de 10mm a 14mm b) Agregados Miúdos Os agregados miúdos devem demandar a menor quantidade possível de água para obtenção de máxima plasticidade e fluidez do concreto. É importante que uma grande quantidade de grãos fiquem retidos nas peneiras de malhas de abertura 2,4; 0,30 e 0,15 mm. Em contrapartida deve-se evitar a retenção de elevados teores nas peneiras 1,2 e 0,6 mm. São preferíveis areias de grãos arredondados, e devem-se evitar agregados miúdos moídos ou artificiais (TÉCHNE, 2002). A granulometria da areia deve crescer proporcionalmente à resistência à compressão e ao consumo de cimento, é preferível o módulo de finura na faixa de 2,70 a 3,00 quando disponível (AITCIN, 2000). Para as areias, por exemplo, resistências de até 170 MPa podem ser atingidas utilizando-se areias naturais, para valores maiores de resistência torna-se necessário a utilização de areia artificial (O´REILLY DÍAZ, 1998). 5.3.3 Água De acordo com o ACI 363 (1991) os requisitos de qualidade da água para concretos de alto desempenho são os mesmos que para concretos convencionais. 5.3.4 Aditivos De acordo com J.Calleja (apud SOUZA, 1998), os aditivos “são produtos que, acrescentados aos aglomerantes no momento de sua elaboração, e em condições adequadas, nas formas convenientes e nas doses precisas, tem 16 por finalidade modificar ou implementar, em sentido positivo e em caráter permanente, certas propriedades do conglomerado, para seu melhor comportamento em todos ou em algum aspecto, tanto no estado fresco como endurecido”. Os superplastificantes são produtos químicos adicionados ao concreto em teores que não ultrapassam 5 % em relação à massa de cimento. Os superplastificantes permitem a execução de concretos de elevada resistência e baixíssimo teor água/cimento (TÉCHNE, 2002). Recomenda-se estudar a compatibilidade cimento/aditivo, pois os aditivos superplastificantes são sensíveis à composição dos cimentos e vice-versa. Esses estudos experimentais podem ser realizadosem pastas através do ensaio do mini “slump” ou através do ensaio do Cone de Marsh, utilizado no estudo da fluidez de caldas de injeção de bainhas de cabos de protensão. O ideal, no entanto, é estudar a eficiência desses aditivos em concretos, mas este estudo é mais oneroso e mais demorado que o simples e rápido estudo em pastas (ABCP, 1999). Existem quatro famílias principais de superplastificantes comerciais segundo BRADLEY (apud AITCIN, 2000): 1. Sais sulfonados de policondensados de naftaleno e formaldeído, usualmente denominados polinaftalenos sulfonados ou mais simplesmente superplastificantes de naftaleno; 2. Sais sulfonados de policondensados de melanina e formaldeído, usualmente denominados polimelaninas ou mais simplesmente superplastificantes de melanina; 3. Lignossulfonatos com teores muito baixos de açúcar e de surfactantes; 4. Poliacrilatos. 17 Atualmente, as bases mais largamente usadas para fazer superplastificantes são dos dois primeiros tipos (naftaleno e melanina) e eles podem ser usados em conjunto com redutores de água, com retardadores de pega e ainda com aceleradores (AITCIN, 2000). Estes aditivos redutores de água conduzem a um aumento de retração e são úteis por permitirem uma redução do fator a/c. Possuem efeito relativamente curto, em torno de 60 minutos e não influenciam de forma nenhuma a resistência final do concreto (SIMPLICIO, 2003). 5.3.5 Adições Minerais Aditivos minerais como a microssílica (sílica ativa) ou as cinzas volantes, possuem duas formas básicas de atuação no concreto: uma física, denominado efeito filler (preenchimento dos vazios), que colabora para aumentar a coesão e a compacidade tanto da fase pasta quanto da ligação agregado-pasta, e outra química, a clássica reação pozolânica de transformação do frágil hidróxido de cálcio no resistente silicato de cálcio hidratado (ALMEIDA, 1997). A sílica ativa é um pó fino pulverizado de tom cinza, subproduto da fabricação do silício metálico, das ligas de ferro-silício e de outras ligas de silício (AITCIN, 2000). Atua no concreto alterando suas características tanto no estado fresco quanto no estado endurecido e sua ação está diretamente ligada às suas características pozolânicas, com teores de sílica amorfa, SiO2, maior ou igual a 85 % em sua composição, e de seu efeito microfiller, devido a partículas esféricas com diâmetro médio da ordem de 0,2 µm que, além de preencherem os vazios, colaboram para maior reatividade do material (SOUZA, 1998). 18 Atualmente a sílica ativa é disponível em quatro diferentes formas: em bruto, como produzida, em forma de nata de sílica ativa, em forma densificada e misturada com o cimento Portland (AITCIN, 2000). Os grãos da sílica ativa são cerca de cem vezes menores que os do cimento e preenchem os espaços vazios existentes na zona de transição entre cimento e agregado (TÉCHNE, 2002). De acordo com SOUZA (1998), comparando os concretos convencionais, os concretos com sílica ativa apresentam as seguintes vantagens: • Maiores resistências à compressão e à tração; • Menor permeabilidade, porosidade e absortividade; • Maiores resistências à abrasão e à erosão; • Maior resistência a ataques químicos, como de sulfatos e de cloretos; • Maior aderência concreto novo – concreto velho; • Menor índice de reflexão no concreto projetado. BONINI et all (1999) destaca que um concreto com 8% de sílica ativa do peso de cimento utilizada na composição de um concreto incrementa 50 % na aderência média e 57 % na aderência de ruptura entre concreto e armadura. Dados os materiais disponíveis atualmente, é quase impossível exceder o limite de 100 MPa de resistência à compressão em um determinado concreto sem usar a sílica ativa na sua composição (AITCIN, 2000). 19 5.4 Produção, Lançamento e Controle do CAD A produção, o transporte e o lançamento do CAD devem ser da mesma forma que um concreto usual, com maior atenção no fato da enorme coesão das partículas o que exige concretos de abatimento do tronco de cone um pouco maior que os usuais, ou seja, mais fluidos (AITCIN, 2000). Em geral o CAD é muito trabalhável e de fácil assimilação pela mão de obra operacional, que gosta da substituição do concreto convencional pelo CAD (ABCP, 1999). De acordo com AITCIN (2000), para obter sucesso na produção de um concreto de 100 MPa, por exemplo, exige-se: • Um agregado muito resistente, limpo, áspero e cúbico (com algumas exceções para cascalhos glaciares); • Um cimento com desempenho notavelmente bom, tanto reologicamente com em termos de resistência; • Um superplastificante que seja totalmente compatível com o cimento selecionado. Pouco tem sido feito na área dos métodos de dosagem do CAD, até recentemente pesquisadores e produtores de concreto tendiam a adotar ou modificar formulas convencionais, testadas ao longo do tempo. Em qualquer caso, ainda não existem métodos rápidos e seguros para formular o CAD (O´REILLY DÍAZ, 1998). Através dos anos, foi desenvolvido e usado com sucesso, na Universidade de Sherbrooke, um método semi-empírico que é simples de compreender e fácil de ser colocado em prática (AITCIN, 2000). Os traços dos CADs são muito sensíveis a qualquer variação das proporções, especialmente na quantidade de água, um aumento de 3 a 5 20 litros por metro cúbico na mistura pode representar um decréscimo de 10 a 20 MPa na resistência a compressão (AITCIN, 2000). SERRA (1997) indica as proporções usuais dos diversos materiais para produzir 1 m³ de concreto de alto desempenho, em média, dentro dos seguintes limites conforme a tabela 5.5. Tabela 5.5: Limites para produção de 1 m³ de CAD 400 kg < Cimento < 600 kg 650 kg < Agregado Miúdo < 750 kg 1000 kg < Agregado Graúdo < 1100 kg 1% < Superfluidificantes < 2% (do peso do cimento) 120 kg < Água < 160 kg 7% < Sílica Ativa < 15% (do peso do cimento) Fonte: SERRA, 1997. O traço exemplificado a seguir é da estrutura utilizada no edifício E-Tower, localizado em São Paulo/SP – Brasil, no qual obteve resistência à compressão de 125 MPa, um valor relativamente alto e portanto nota-se uma leve diferença nos limites de traço citado acima por SERRA, 1997. 21 Material Característica Massa (Kg) Proporção Cimento CP V – ARI – Alta Resistência Inicial - RS 623 1 Pedra Brita 1–basalto (pedreira basalto/Campinas-SP) 1027 1,65 Areia Quartzo róseo Itaporanga (granulometria constante) 550 0,88 Sílica Ativa Camargo Corrêa 93 0,15 Pigmento Óxido de ferro 4% Bayer 25 0,04 Gelo Toda água do traço com relação a/c 0,18 (água/aglomerante) 130 0,18 Aditivo 1 Super plastificante de 3ª geração ( ~ 1%) 6,2 0,01 Aditivo 2 Estabilizador da hidratação ( ~ 0,5%) 3,60 0,0058 Figura 5.4: Exemplo de traço do Concreto para fck > 80 MPa Fonte: MEDEIROS, 2002. O tempo da mistura é usualmente maior para os concretos de alto desempenho do que para os concretos usuais sendo recomendável que o CAD seja produzido em centrais de concreto, pois exige controle rigoroso da massa dos materiais (AITCIN, 2000). Se a Central estiver no local de aplicação, a execução é como a usual. Se a Central estiver distante, o ideal é trazer o concreto já pronto, com parte da água, até o local de lançamento. Nesse local é feita uma lama com o restante da água, os aditivos e a sílica ativa. Essa lama é obtida num misturador de alta turbulência e lançada no caminhão betoneira. Neste, ela deve misturar por 8 minutose sob rotação em torno de 25 rpm. É necessário ficar atento ao tempo útil de superplastificante (AMARAL FILHO, 1998). O slump do CAD tem que ser maior do que o de um concreto convencional, pois, em igualdade de slump, o CAD requer maior energia de vibração. O tempo de aplicação é função do tipo de superplastificante usado e, como regra geral, é inferior a 40 minutos (AMARAL FILHO, 1998). 22 Foto 5.1: Diferença de um Concreto sem e outro com Superplastificante Fonte: SERRA, 1997. Não há risco de segregação, seja por causa da ferragem densa, altura de lançamento ou vibração exagerada. A vibração da ferragem também é inócua, pois a alta coesão e a ausência de exsudação impedem o isolamento das ferragens por película d´água que se formaria no concreto convencional (AMARAL FILHO, 1998). Foto 5.2: Concreto com Pigmento e Superplastificante Fonte: MEDEIROS, 2002. O lançamento do CAD não difere do lançamento de concretos convencionais. Pode-se bombear o CAD, fazer o lançamento por grua, correia transportadora, jericas ou caçambas. Na etapa de adensamento é importante evitar o surgimento de bolhas aprisionadas de ar, geradas pela 23 alta viscosidade e coesão da massa, é recomendável a utilização de vibradores de fôrma. O projeto, montagem e desmontagem das fôrmas para estruturas de CAD devem obedecer às técnicas de bem construir, válidas para as fôrmas destinadas a concretos convencionais (AITCIN, 2000). A retirada das fôrmas pode se dar precocemente, desde que prevista no projeto, pois as resistências iniciais dos CADs são sempre superiores à dos concretos convencionais e outra razão que permite a retirada precoce é o fato de se obterem altos módulos de elasticidade a baixas idades (ABCP, 1999). Figura 5.5: Evolução Relativa de Resistências Fonte: ABCP, 1999. Um concreto de fck 20 Mpa, por exemplo, pode atingir 40% da resistência aos três dias, enquanto que um concreto de fck 50 MPa, pode apresentar 70% de sua resistência nos mesmo três dias (ABCP, 1999). Se a cura com água é essencial para o concreto usual, ela é crucial para o CAD. O rigor da cura tem que ser maior do que no concreto convencional. A falta de exsudação e a baixa relação a/c obrigam que a cura seja feita imediatamente após a retirada da fôrma ou acabamento da superfície (AMARAL FILHO, 1998). 24 A cura tem que ser feita por 7 dias e 7 noites sem interrupção, nunca sem autorizada uma cura úmida por menos de três dias. Uma solução cômoda e eficaz é o uso de camadas de aniagem mantidas úmidas com a circulação de água gotejando de furos em tubos plásticos (AMARAL FILHO, 1998). Além disso, esperar 24 horas para começar a cura úmida é um grande erro porque a retração autógena do CAD começa tão logo a hidratação se inicia e isso ocorre bem antes de 24 horas (AITCIN, 2000). Segundo AITCIN (2000), quanto mais baixa for à relação a/c, maior atenção deverá ser dada à implementação da cura úmida o mais cedo possível. A resistência à compressão evolui com a mesma taxa tanto na cura úmida como na cura seca tendendo a estabilizar nas últimas idades do concreto (SPEGLICH et alli, 1997). A cura deve ser feita imediatamente após o adensamento do concreto fresco, para impedir a perda precoce de água de hidratação, evitar retração e controlar a temperatura do concreto até que alcance o nível de resistência desejado (AMARAL FILHO, 1998). A ABCP (1999) recomenda que o controle da resistência à compressão dos concretos de alto desempenho deve seguir as recomendações da NBR 12.655 Concreto, Preparo, Controle e Recebimento da ABNT. No caso de construção de estruturas de concreto com CAD, recomenda-se implantar um controle tipo NBR ISSO 9002. Dimensionar e construir com o CAD reduz os riscos de conseqüências desastrosas devido a uma eventual entrega de concreto com fck abaixo do especificado, conforme a figura 5.6. 25 Figura 5.6: Faixa entre fck e fcd Fonte: ABCP, 1999. 5.5 Propriedades Mecânicas AITCIN (2000), destaca que é um equívoco acreditar que as propriedades mecânicas do CAD são simplesmente aquelas de um concreto mais resistente. Como para os concretos usuais, a resistência à compressão do CAD aumenta à medida que a relação a/c diminui, mas diferentemente do concreto usual, a “lei” da relação a/c é apenas valida até a “resistência de ruptura” do agregado graúdo tornar-se o elo mais fraco dentro do CAD (AITCIN, 2000). Tabela 5.6: Resistência do CAD em função da Relação a/c Relação água/cimento Faixa da Resistência Máxima (MPa) 0,40 – 0,35 50 – 75 0,35 – 0,30 75 – 100 0,30 – 0,25 100 – 125 0,25 – 0,20 > 125 Fonte: AITCIN, 2000. 26 AMARAL FILHO (1998), diz que as resistências à tração e tração na flexão seguem aproximadamente as mesmas leis do concreto convencional. A designação de módulo de elasticidade pode e deve ser usada em vez de módulo de deformação, pois, acima de 50 MPa (de fck), os diagramas tensão-deformação tendem a ser retos-triangulares, e a Lei de Hook e Hipótese de Navier são integralmente obedecidas (AMARAL FILHO, 1998). A obtenção do módulo de elasticidade vai depender quase exclusivamente do tipo de agregado (AMARAL FILHO, 1998), SIMPLICO (2003), diz que a maioria das expressões empregadas para o cálculo do módulo de elasticidade são baseadas apenas na resistência à compressão do concreto, sem levar em consideração os demais fatores influentes, por isto, torna-se necessário verificar a validade destas expressões aplicadas ao CAD. SIMPLICIO (2003) destaca que as diferenças entre os gráficos tensão- deformação para os concretos normais e de alto desempenho seriam: uma maior linearidade para maiores resistências à compressão, uma deformação relativa à tensão máxima também maior e uma reduzida deformação última comparada à dos concretos de baixa resistência. Concreto de Alto Desempenho Concreto Convencional Foto 5.3: Comparação da Microestrutura do CAD e Concreto Usual Fonte: ABCP, 1997. 27 As fotos obtidas com microscópio eletrônico (com aumento de 3500 vezes), permitem comparar a microestrutura do concreto comum com a microestrutura do concreto de alto desempenho. O CAD é mais compacto, pois tem melhor estrutura granulométrica e menor porosidade decorrente da evaporação de água. Além da estrutura mais compacta, a interface entre matriz e agregado é mais resistente no CAD (ABCP, 1997). Conforme a Foto 5.3, o CAD é muito mais impermeável do que o concreto convencional, enquanto a porosidade de um concreto comum está em torno de 25 % a 30 % do seu volume, no CAD essa porosidade é cerca de 5 % (ABCP, 1997). 5.6 Durabilidade A expressão “durabilidade do concreto” é usualmente empregada para caracterizar em termos gerais, a resistência do concreto ao ataque de agentes agressivos físicos e químicos (AITCIN, 2000). Especificar um concreto de alto desempenho com baixa relação a/c é uma condição necessária para obter-se concreto durável, mas isso não é suficiente (AITCIN, 2000). 28 Figura 5.7: Comparação entre CAD e Concreto Usual, Carbonatação Fonte: ABCP, 1999. Na comparação entre propriedades do CAD e dos concretos correntes, tipicamente relacionadas com a durabilidade das estruturas de concreto, a profundidade de carbonatação do CAD não atinge 1 cm em cem anos. Figura 5.8: Comparação entre CAD e Concreto Usual, Cloretos Fonte: ABCP, 1999. Nesta outra figura, a comparação entre propriedades do CAD e dos concretos correntes, tipicamente relacionadas com a durabilidade das estruturas de concreto prova que o CAD é recomendável para estruturas em ambientes marítimos, devido à baixa profundidade de penetração dos cloretos ao decorrer dos anos.29 GIAMUSSO (1992) apresenta que nos concretos de alto desempenho, a permeabilidade à água e ao oxigênio pode ser até 40 vezes menor do que os concretos convencionais. A importância da baixa porosidade é permitir atingir altos ganhos de resistências mecânicas e proporcionar um concreto com baixa permeabilidade garantindo uma proteção de estrutura frente aos agentes que promovem a deterioração do concreto, tornando assim o CAD um material com grau de durabilidade muito superior ao dos concretos convencionais (JORGE et alli, 2003). A baixa porosidade requer cuidados com relação à segurança contra fogo nas estruturas devido ao risco do “spalling”, ou seja, o lascamento explosivo da peça, pois em presença de fogo intenso o vapor derivado do superaquecimento da água presente na massa do material não encontra saída para a superfície em razão da alta compacidade do concreto (TÉCHNE, 2002). Do ponto de vista do material, o CAD definitivamente não é tão poroso quanto o concreto usual, ele não contém praticamente nenhuma água livre e quando submetido a um rápido aumento de temperatura, a sua tendência é lascar. Entretanto, as barras da armadura de aço podem parar o desenvolvimento deste lascamento e ajudar o elemento estrutural a ganhar suficiente resistência residual para manter a integridade do todo da construção (AITCIN, 2000). A introdução de uma fibra de polipropileno no CAD aumenta drasticamente a sua resistência ao fogo, quando fundindo ou queimando, as fibras criam pequenos canais no CAD através dos quais o vapor d´água pode ser liberado, evitando o surgimento de pressões internas que resultariam lascamento do concreto (AITCIN, 2000). 30 5.7 Vantagens do CAD De acordo com ABCP (1999), o concreto de alto desempenho apresenta algumas vantagens técnicas e econômicas. As vantagens técnicas citadas do CAD são: • Altas resistências à compressão em baixas idades e idades avançadas; • Retração de secagem menor que de concretos convencionais; • Reduzida deformação lenta (fluência) sob cargas de longa duração; • Ausência de exsudação – desde que bem dosado e com o aditivo superplastificante compatível com o cimento; • Ausência de segregação no lançamento e adensamento – desde que bem dosado; • Excelente aderência ao substrato de concreto já endurecido. Adequado para retomada de concretagens, pisos, revestimentos, reparos e reforços; • Elevada resistência elétrica; • Reduzida carbonatação; • Baixo coeficiente de difusão de cloretos; • Reduzida permeabilidade a gradientes de pressão de água e gases; • Risco de corrosão de armadura reduzido; • Alto módulo de elasticidade, ou seja, pequenas deformações. As vantagens econômicas do concreto de alto desempenho são: • Estruturas duráveis com baixo custo de manutenção; • Elementos estruturais de menores dimensões; • Economia nas fundações, em fôrmas de pilares e vigas e em armaduras; 31 • Redução do número e dimensão dos pilares; • Maior resistência para a mesma dimensão de fundação, o que possibilita aumento do número de pavimentos; • Prazos curtos de desforma; • A resistência à flexão limita a acentuada esbeltez das estruturas horizontais (vigas), exceto em estruturas protendidas onde o uso do CAD é recomendado; • Quando se compara o preço da peça pronta, o CAD pode ser mais econômico em pilares. Em lajes e vigas a economia fica dentro de certos limites; • Pode ser econômico quando o peso próprio da peça é significativo frente à sobrecarga aplicada; • A utilização de vigas e lajes deve passar por uma verificação econômica e técnica criteriosa, pois o aproveitamento total das características de resistência à compressão é limitado pela resistência à tração, tipo de solicitação de grande importância nesse tipo de estrutura. Outra vantagem que AITCIN (2000) destaca é em relação ao meio ambiente, pois sempre que o CAD é usado no lugar do concreto convencional, ficou demonstrado que o poder aglomerante do cimento Portland foi usado mais eficientemente. O consumo mais elevado de água no concreto usual resulta uma microestrutura fraca e porosa. Uma vez que a produção de cimento demanda muita energia, preparar um concreto usual pode ser considerado um desperdício parcial, pois comparando o uso de materiais necessários para suportar uma mesma carga em uma determinada estrutura com concreto usual e com CAD, o concreto de alto desempenho usa menos cimentos e menos agregados. 32 6 EXEMPLOS DE OBRAS COM CAD O CAD apesar de ter tido um desenvolvimento relativamente recente e de ainda estar sendo intensamente investigado em muitos centros de pesquisa de todo o mundo, vem sendo a cada dia que passa mais utilizado nas obras civis realizadas em diversos países. O CAD pode ser utilizado em vários tipos de estruturas: Edifícios altos com poucos pilares ou de dimensões reduzidas; Estruturas de concreto aparente em ambientes agressivos; Estrutura de concreto para desforma precoce; Pontes e viadutos de grandes vãos, protendidas, que necessitam de longa vida útil; Soleiras de vertedouros de barragens que exigem reduzido desgaste por abrasão; Pisos industriais com reduzida abrasão e elevada resistência química; Obras marítimas, devido à proteção que confere as armaduras contra corrosão eletroquímica; Obras de reparo e reforços estruturais devido à excelente aderência ao concreto já endurecido; Estruturas protendidas e pré-fabricadas, onde confere maior durabilidade, permite protensão e desforma precoces e apresenta reduzida deformação (TÉCHNE, 2002). Apesar do CAD ser um material relativamente novo no Brasil, em prédios comerciais e públicos, recuperações estruturais, lajes, bases de máquinas, plataformas “offshore”, pavimentos de aeroporto, estruturas marítimas, tanques e silos, barragens, pontes, paredes diafragma, estacas, vigas, fôrmas, anéis e aduelas pré-moldadas, reservatórios, revestimentos, pisos industriais, etc., em todas essas aplicações o CAD vem sendo utilizado no Brasil. Se o volume ainda não é grande, pelo menos a diversidade de uso já pode ser considerada (ALMEIDA et alli, 1995). 33 A tabela 6.1 apresenta as características de alguns edifícios realizados no Brasil e no exterior com o CAD. Tabela 6.1: Edifícios Executados com CAD EDIFÍCIO LOCAL ANO No Pav. fck (MPa) a/(c+ag.) C (kg/m3) Adições (kg/m3) MASP São Paulo 1963 45 0,32 565 Lake Point Tower Chicago 1965 70 52 Water Tower Place Chicago 1975 79 62 0,35 505 CV-12% River Plaza Chicago 1976 56 62+ 0,35 505 CV-12% Columbia Center Seattle 1983 76 66 0,25 384 CV-20% Interfirst Plaza Dallas 1983 72 69 311 South Wacker Drive Tower Chicago 1989 79 83 272 MS Grand Arche de la Défense Paris 1988 65 0,40 425 MS-7% Two Union Square Seattle 1989 58 115 0,20 513 MS-8% Pacific First Center Seattle 1989 44 115 534 CV-11% MS-1% Scotia Plaza Building Toronto 1988 70 0,30 315 E-43% MS- 11% One Wacker Place Chicago 1990 100 80 CNEC São Paulo 18 60 0,28 523 MS-12% 225 W. Wacker Drive Chicago 1989 31 96++ MS Melbourne Central Tower Melbourne 1990 55 80 0,33 MS Cond. Emp. Previnor Salvador 18 60 0,32 560 MS-10 a 12% Suarez Trade Salvador 1993 31 60 0,29 540 MS-11% First Republic Bank Plaza Dallas 1986 72 69 0,35 354 CV-42% One Peachtree Center Atlanta 1991 95 83 0,29 MS-8,7% LEGENDA: CV - Cinza Volante; MS - Microssílica; E - Escória. NOTA: +. dois pilares experimentais de 76 MPa; ++. pilar experimental de 117 MPa. Fonte: DAL MOLIN et alli, 1997. Neste trabalho será relatado características e especificações de três edifícios executados em concreto de alto desempenho no mundo. 34 6.1 Edifício Scotia Plaza O Scotia Plaza é um edifício de 68 andares e 275 m de altura, construído entre 1986 e 1987no centro de Toronto, Canadá. Esse edifício de grande altura foi inteiramente projetado em concreto com resistência especificada de 70 MPa. Foi o primeiro edifício de grande altura canadense para o qual era especificada uma resistência à compressão tão alta. Recentemente, tem sido construídos diversos outros edifícios de grande altura com concretos com resistência à compressão de 70 MPa ou ainda mais alta, mas em muitos aspectos a construção do Scotia Plaza representa uma realização significativa no domínio da tecnologia do CAD no Canadá e um dos primeiros usos de escória de alto-forno na composição de um concreto de alto desempenho (AITCIN, 2000). Foto 6.1: Edifício Scotia Plaza Fonte: CITIES, 2003. 35 Tabela 6.2: Dados Edifício Scotia Plaza Cidade: Toronto País: Canadá Ano: 1989 Altura: 275,0m Andares: 68 Arquitetos: Webb Zerafa Menkes Housden Partnership Engenherios: Quinn Dressel Associates Clients/Developers: Campeau Corporation and the Bank of Nova Scotia Custo Inicial: US$ 200.000.000,00 Fonte: STRUCTURAE, 2003. O estudo apresenta as características deste concreto utilizado na construção do Scotia Plaza e dados do controle tecnológico que foi feito neste concreto. O concreto desenvolvido especificamente para este projeto foi, de fato, preparado com uma mistura de cimento Portland, escória de alto-forno finamente moída e sílica ativa, cuja composição é apresentada na tabela abaixo. Tabela 6.3: Concreto desenvolvido para o Scotia Plaza Água Materiais Cimentícios Agregados kg/m³ Aditivos l/m³ Kg/m³ Cimento Sílica* Escória Graúdos Finos Redutor** Super*** 145 315 36 135 1130 745 0,835 6,0 * Sílica Ativa ** Redutor de Água *** Superfluidificante Fonte: AITCIN, 2000. De acordo com AITCIN (2000) esse concreto foi preparado numa central dosadora, o que significa que o concreto foi misturado no caminhão betoneira. Tiveram que ser desenvolvidos uma seqüência e procedimentos especiais de carregamento para se obter um traço reprodutível. O procedimento desenvolvido teve sucesso porque a resistência a compressão 36 http://www.aviewoncities.com/toronto.htm das 142 partidas de concreto que foram ensaiadas apresentou uma média de 93,6 MPa aos 91 dias, com um coeficiente de variação de 7,3 %. Durante a construção foi desenvolvido um extensivo programa de controle de qualidade. Os resultados mostraram que o fornecedor do concreto estava apto a manter um controle de traço, considerando que a concretagem estendeu-se por 20 meses. Tabela 6.4: Evolução da Idade do Concreto Idade em dias 2 7 28 56 91 N° de cargas testadas 124 149 149 146 142 f´ck (MPa) 61,8 67,1 83,7 89,5 93,6 s (MPa) 5,5 4,7 6,1 6,1 6,8 V (%) 8,9 7,0 7,3 6,8 7,3 Fonte: AITCIN, 2000. O cliente afirmou que o fato de que a resistência do concreto fosse mais alta do que a necessária era para ele um grande conforto. Além disso, o construtor afirmou ser razoável o custo do CAD por metro quadrado, enquanto os benefícios eram significativos (AITCIN, 2000). Segundo AITCIN (2000), para resistir as cargas causadas por ventos de alta velocidade, um concreto de 70 MPa resultaria uma alternativa não competitiva para um edifício de estrutura metálica, enquanto, com uma resistência à compressão de 85 MPa, a alternativa de concreto parecia ser mais econômica e poderia fornecer algumas vagas de estacionamento a mais nos subsolos. 37 6.2 Edifício Water Tower Place Os dados deste edifício foram retirados do estudo de AITCIN (2000). O edifício Water Tower Place foi construído em 1970, possui 86 andares e situado em Chicago, EUA. Apesar de que pelos padrões atuais os 60 MPa de resistência à compressão de concreto utilizado nas colunas dos andares inferiores não representam uma conquista principal, é necessário lembrar que essa resistência a compressão foi obtida numa época em que os superplastificantes ainda não eram usados na produção do CAD. Na época em que este edifício foi construído, somente plastificantes baseados em lignossulfonatos estavam sendo usados no concreto e não era fácil obter resistências a compressão muito altas. Para atingir altos níveis de resistência usando plastificante comum, a composição do concreto tinha que ser cuidadosamente otimizada e um programa de qualidade rigoroso tinha que ser implementado. A idéia foi concebida para produzir a mais alta resistência à compressão, por meio da redução da relação água/cimento, tanto quanto possível. Foto 6.2: Edifício Water Tower Place Fonte: CITIES, 2003. 38 Tabela 6.5: Dados Edifício Water Tower Place Cidade: Chicago País: EUA Ano: 1976 Altura: 261,1 m Andares: 86 Arquitetos: Loebl Schlossman Dart & Hackl Fonte: STRUCTURAE, 2003. O cimento foi cuidadosamente selecionado dentre os disponíveis na região de Chicago naquela época. Cerca de dez diferentes cimentos foram testados para determinar as suas características reológicas e mecânicas. Diversos plastificantes comerciais disponíveis foram testados com o cimento selecionado, com vistas a escolher o aditivo mais conveniente. Os objetivos desse programa de ensaios era produzir um abatimento de 100 mm na obra, para reduzir a quantidade de água de mistura necessária para obter este abatimento, aproximadamente 15 % de cinza volante classe F de alta qualidade foi colocada em substituição de um peso igual de cimento. Essa cinza volante ASTM classe F tinha uma cor cinza clara, uma baixa perda ao fogo e um baixo teor de álcalis. A cinza volante se mostrou eficiente para permitir uma redução suficiente da água da mistura, necessária para se obter o abatimento exigido. A areia usada foi natural, silicosa e relativamente grossa. O agregado graúdo foi calcário dolomítico britado com um tamanho nominal de 10 mm. Era limpo, razoavelmente cúbico e muito resistente. O CAD somente foi usado para os pilares dos 13 primeiros andares. Para os andares seguintes a seção dos pilares foi mantida constante mais a resistência a compressão aos 28 dias foi reduzida aos poucos para 50, 40, 35 e 30 MPa. Manter a seção das colunas constante permitiu usar apenas um conjunto de formas metálicas para toda a altura do edifício e dessa forma 39 http://www.aviewoncities.com/toronto.htm reduzir o custo da obra. Além disso, manter a seção dos pilares constante resultou em economias por ocasião do acabamento e no custo dos pisos, uma vez que cada andar tinha geometria e área exatamente iguais. Alguns dos pilares foram instrumentados para monitorar o comportamento a longo prazo deste concreto de alto desempenho pioneiro. 6.3 Petronas Tower A construção das duas torres foi iniciada em 1993 e em 1998, na cidade de Kuala Lumpur, Malásia, concluiu-se um empreendimento composto de duas torres de escritórios. Petronas Tower foi desenvolvido com concreto de alto desempenho de 80 MPa. Apesar de ser uma das edificações mais alta do mundo com 452 m, seus 88 andares perdem para a Sears Tower de Chicago, que tem 110 (VSL, 1999). Foto 6.3: Petronas Tower Fonte: CITIES, 2003. 40 Tabela 6.6: Dados Petronas Tower Cidade: Kuala Lumpur País: Malásia Ano: 1998 Altura: 452,0 m Andares: 88 Arquitetos: Cesar Pelli & Associates, Inc. Engenherios: Ranhill Bersekutu Sdn. Bhd. ; Thornton-Tomasetti Engineers Área Total: 341.760 m² Volume de concreto: 160.000 m³ Custo Inicial: US$ 1.200.000.000,00 Fonte: AITCIN, 2000. O custo do projeto das Petronas Towers foi de US$ 1,2 bilhão com uma área construída de 341.760 m², para o deslocamento interno, as torres possuem 29 elevadores double-deck em cada uma e a equipe de engenheiros e arquitetos conceberam uma ponte metálica, batizada com “skybridge”, que interliga as duas torres gêmeas entre os andares 41º e 42º (STRUCTURAE, 2003).A ponte exigiu um ano de preparativos e 32 horas de trabalho, ela possui 58,4 m de comprimento e pesa 750 t, sustentada por dois grandes braços dispostos num ângulo de 63º e fixados ao nível do 29º andar. Esses braços pesam cerca de 60 t e são dotados de terminações artificiais, capazes de compensar as movimentações entre as duas torres e a ponte (TÉCHNE, 1997). No desenvolvimento da estrutura participaram a norte-americana Thornton Tomasetti em parceria com a Ranhill Bersekutu, da Malásia. Após quase dois anos de estudos, ensaios dinâmicos em modelos e testes em túnel de vento, a equipe chegou a uma solução mista, que combina concreto e aço, tomando partido das melhores características dos materiais. Como as torres 41 http://www.aviewoncities.com/toronto.htm http://www.structurae.de/en/firms/data/fir1238.php http://www.structurae.de/en/firms/data/fir1235.php http://www.structurae.de/en/firms/data/fir0013.php medem 452 m a partir do solo e quase 530 m se consideradas as fundações, o problema de vibrações poderia tornar-se critico nos andares do topo. Além disso, era necessário reduzir a movimentação das torres em função da ponte metálica de ligação, disposta nos 41º e 42º andares (STRUCTURAE, 2003). Por fim optou-se por uma estrutura em CAD com fck = 80 MPa até o 60º andar, ponto de transição para uma estrutura em aço-carbono. Os pilares de concreto são dispostos em circulo e interligados por vigas de aço, sobre os quais repousam lajes de concreto moldadas em fôrmas metálicas incorporadas à estrutura, essa solução foi aplicada até o 88º pavimento (VSL, 1996). Abaixo do solo, as fundações consistem de 208 estacas-barrete com profundidades variando entre 60 e 115 m, sobre as quais apóiam-se blocos de concreto (fck = 60 MPa) com 4,5 m de altura e volume de 13.200 m³. Todo o conjunto é circundado por uma parede-diafragma com 0,8 m de espessura (TÉCHNE, 1997). 42 7 ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA Os CADs são viáveis tecnicamente e economicamente, não só a longo prazo em função da sua alta durabilidade reduzindo os custos de manutenção, mas também e principalmente há curto prazo na própria implantação do empreendimento. Estudos de viabilidade comparando custos de construção com concretos de resistência à compressão usuais com os concretos de alto desempenho com fck de 50, 60 e 65 MPa estão concluindo que os CADs vêm trazendo economias já na etapa de implantação. As seguintes vantagens decorrentes resultam na otimização dos custos de implantação (ABCP, 1999): • A diminuição das dimensões implica menor peso da estrutura; em conseqüência, permite substancial economia nas fundações quando essa carga for relevante no conjunto; • Substancial economia em fôrmas para vigas e pilares e armadura em pilares; • A redução de dimensões em pilares, e do número de pilares, permite ampliação de áreas úteis das edificações, aspecto de grande importância para os pavimentos inferiores e de especial significado na utilização de garagens; • A maior resistência do CAD admite, para as mesmas dimensões dos pilares na fundação, edificações com maior número de pavimentos; • A maior resistência do concreto nas primeiras idades permite prazos mais curtos de desforma dos elementos estruturais, implicando maiores velocidades de construção e otimização do reaproveitamento de fôrmas. 43 Neste capítulo, serão apresentados dois estudos de viabilidade econômica do CAD, com dados e custos comparativos com estruturas de concretos convencionais. 7.1 Estudo 1 Para efeitos de um estudo econômico comparativo entre a execução de um edifício convencional com concreto usual e CAD foi selecionado um prédio de 15 andares com área do pavimento tipo de 320 m², cujo cálculo referia-se ao 3º pavimento do prédio, tendo sido utilizado fck de 21 e 60 MPa (DAL MOLIN et alli, 1997). Os resultados obtidos de consumo de concreto, armadura e fôrmas constam na tabela abaixo. Tabela 7.1:Consumo de Materiais para Execução de um Pavimento CONCRETO (m3) ARMADURA (kg) FÔRMAS (m2) fck 21 fck 60 % fck 21 fck 60 % fck 21 fck 60 % PILARES 13,2 6,8 -49 2.981 1.192 -60 137 93 -32 VIGAS 14,9 12,1 -19 1.623 1.623 - 180 149 -17 LAJES 27,0 26,1 -3 994 994 - 281 281 - TOTAL 55,1 45,0 -18 5.598 3.809 -32 598 523 -12 Fonte: DAL MOLIN et alli, 1997. DAL MOLIN et alli, 1997, relata que as teorias utilizadas para o cálculo foram convencionais, não sendo ajustados os valores do módulo de elasticidade, comprimento de ancoragem, coeficientes de fluência, etc, que se alteram na medida que a resistência se eleva, o que resultaria em valores mais favoráveis de consumo para o CAD. Além disso, as seções das vigas externas que servem como verga foram mantidas constantes, embora pudessem sofrer reduções significativas com o fck de 60 MPa. Por fim, a locação dos pilares não foi alterada, resultando muitas peças estruturais com seção mínima de armadura e concreto ao passar-se de um fck de 21 MPa 44 para o de 60 MPa. Mesmo assim nota-se uma economia significativa de concreto, armadura e fôrmas, principalmente nas peças submetidas essencialmente a esforços de compressão e cisalhamento. As características dos materiais utilizados são as seguintes (DAL MOLIN et alli, 1997): a) CONCRETOS: fck 21 MPa traço - 1:2,2 : 4,29 - a/c=0.62 C = 292 kg/m³ Areia do Jacuí e brita basáltica Custo estimado: US$ 36,00/m³ fck 60 MPa traço - 1:1,58 : 3,42 - a/c+ms = 0.40 aditivo/cimento = 0.0154 adição de 10% de microssílica (sobre o peso de cimento) Areia do Jacuí e brita basáltica Custo estimado: US$ 68,00/m³ b) ARMADURAS: Aço CA-50, disponível no mercado. c) FÔRMAS: Convencionais plastificadas. 45 A partir da tabela de consumos dos materiais e do preço dos materiais constituintes do concreto e mão-de-obra pela cotação de setembro de 1991 - Porto Alegre/RS, realizada por DAL MOLIN et alli foram calculados os valores da tabela abaixo. Tabela 7.2: Custo Comparativo da Estrutura CONCRETO ARMADURA FÔRMAS TOTAL fck 21 fck 60 fck 21 fck 60 fck 21 fck 60 fck 21 fck 60 MAT. 468 464 1.591 636 3.871 2.628 5.931 3.728 PILARES M.O. 507 261 1.163 465 774 525 2.443 1.251 MAT. 528 826 867 866 5.086 4.210 6.481 5.903 VIGAS M.O. 572 464 633 633 1.016 841 2.221 1.939 MAT. 958 1.782 531 531 7.940 7.940 9.428. 10.252 LAJES M.O. 1.036 1.002 388 388 1.587 1.587 3.011 2.976 MAT. 1.954 3.073 2.989 2.034 16.896 14.777 21.839 19.884 TOTAL M.O. 2.115 1.727 2.184 1.486 3.377 2.395 7.675 6.166 TOTAL GERAL 4.069 4.800 5.173 3.520 20.273 17.730 29.515 26.050 *Valores em dólares. Fonte: DAL MOLIN et alli, 1997. Pela análise dos valores obtidos nas tabelas pode-se chegar às seguintes constatações em relação à substituição de um concreto convencional de fck21 por um concreto de alto desempenho com fck60 na estrutura estuda por DAL MOLIN et alli (1997). • A alternativa do pavimento em CAD apresentou uma economia de 11,73% em relação a um concreto usual; • Para peças submetidas à compressão, a redução do consumo de concreto é da ordem de 50%, simultaneamente o consumo de armaduras representa uma redução de 60%. 46 7.2 Estudo 2 Este estudo realizado por FERREIRA et alli (2001), apresenta comparações de custos totais, a partir dos resultados de cálculos de dimensionamento realizados para três modelos adotados para um mesmo edifício. Foram empregados no dimensionamento do edifício, os aspectos, propriedades e critérios de cálculo sugeridos por normas e pesquisadores do CAD. A estrutura utilizada para estudo foi a de um edifício real de 33 pavimentos, composto de: cintamento, térreo, dois pavimentos garagem, 25 pavimentos- tipo, dois pavimentos referentes a apartamentos duplex, além dos pavimentosreferentes à casa de maquinas e reservatório. Foi especificado, no projeto original deste edifício, um concreto de fck 30 MPa para pilares, vigas e lajes, em todos os pavimentos. A planta do pavimento-tipo, de área igual a 310,3 m², é mostrada na figura 7.1. Figura 7.1: Croqui da Planta do Edifício Estudado Fonte: FERREIRA et alli, 2001. 47 Foto 7.1: Foto do Edifício Estudado Fonte: FERREIRA et alli, 2001. Os três modelos de estruturas adotadas para cálculo por FERREIRA et alli (2001) são: • Modelo I: Concreto de resistência à compressão de 30 MPa para pilares vigas e lajes (edifício com a estrutura original); • Modelo II: CAD aplicado somente nos pilares da estrutura. Variação da resistência ao longo da altura (65, 45 e 30 MPa); • Modelo III: CAD aplicado nos pilares e vigas da estrutura. Variação da resistência por pavimento ao longo da altura (65, 45 e 30 MPa). FERREIRA et alli (2001) procurou empregar nos cálculos de dimensionamento do edifício adotado, os aspectos, propriedades e critérios de calculo sugeridos por diversas normas e pesquisadores do CAD. Alguns fatores como o modelo estrutural adotado, o módulo de elasticidade, o coeficiente de Poisson dos concretos. 48 MODELO I Este Modelo adotado para o edifício se constituiu em uma repetição do seu cálculo original, utilizando fck = 30 MPa em todos os pavimentos. Foram mantidas as mesmas seções transversais dos elementos estruturais, bem como o mesmo número de reduções de seção sofridas pelos pilares ao longo da altura. Figura 7.2: Reduções de Seção para os pilares do Modelo I Fonte: FERREIRA et alli, 2001. MODELO II O objetivo do Modelo II é o de fazer com que as seções dos pilares fiquem constantes ao longo da altura do edifício, inibindo, assim, os gastos adicionais com fôrmas, decorrentes da redução das seções dos pilares e também os gastos elevados com consumo de aço. As variações de resistência ao longo dos pavimentos são apresentadas na figura 7.3. 49 Figura 7.3: Distribuição da Resistência à compressão no Modelo II Fonte: FERREIRA et alli, 2001. MODELO III No Modelo III adotou-se também concretos com classes de resistência variando de 65 a 30 MPa ao longo da altura do edifício, contudo, neste modelo considerou-se os pilares e as vigas compartilhando das mesmas classes de resistências em seus concretos. Figura 7.4: Distribuição da Resistência à compressão no Modelo III Fonte: FERREIRA et alli, 2001. 50 Resultados Obtidos No Modelo II o volume total de CAD é pequeno se comparado ao volume de concreto convencional utilizado (fck 30 MPa). O volume total de CAD, somando-se os volumes correspondentes aos concretos de resistências de 45 e 65 MPa, é cerca de 13,7% neste modelo em relação ao volume total de concreto consumido no edifício. No Modelo III o volume total de CAD utilizado é correspondente a 29,18% do volume total de concreto usado no edifício. Figura 7.5: Volume de CAD em comparação ao Volume total de concreto Fonte: FERREIRA et alli, 2001. Comparando-se globalmente os três modelos com relação aos volumes consumidos de concreto, independentemente da classe de resistência, verifica-se que o edifício calculado a partir do Modelo II apresentou um volume total de 2089,3 m³ contra 2247,8 m³ no Modelo I, uma redução de 7,05% no volume total de concreto empregado. O Modelo III apresentou um volume total de 1969,7 m³, representando uma redução maior no volume total de concreto em relação ao Modelo I, de 12,37%. Tabela 7.3: Consumo e Custo do Concreto nos Modelos Modelo Consumo Concreto (m³) Custo Concreto (R$) I 2247,8 314.706,00 II 2089,3 298.371,44 III 1969,7 287.484,47 Fonte: FERREIRA et alli, 2001. 51 Em relação ao custo do aço, o Modelo II apresenta uma economia de 11,48% em relação ao Modelo I. Já o Modelo III mostra uma economia ainda maior em relação ao Modelo I, 14,22%. Tabela 7.4: Consumo e Custo do Aço nos Modelos Modelo Consumo Aço (kg) Custo Aço (R$) I 186.066,68 236.304,70 II 164.703,66 209.173,65 III 159.606,84 202.700,68 Fonte: FERREIRA et alli, 2001. Conforme a tabela 7.5, referente ao custo de fôrmas, o Modelo III foi o que consumiu menos fôrma por pavimento, logo sendo o mais econômico dentre os Modelos estudados. Tabela 7.5: Consumo e Custo de Fôrmas nos Modelos Modelo Consumo Fôrma (m²) Custo Aço (R$) I 25.176,7 246.741,66 II 24.193,6 237.097,28 III 23.026,2 225.656,76 Fonte: FERREIRA et alli, 2001. Os Modelos II e III apresentam, desde os andares iniciais até os últimos, custos por pavimento significativamente menores do que os do Modelo I, conforme a figura 7.7. 52 Figura 7.6: Custo Total dos Modelos I, II e III Fonte: FERREIRA et alli, 2001. Figura 7.7: Custo Total de cada Edifício (concreto + aço + fôrmas) Fonte: FERREIRA et alli, 2001. 53 Foram comparados também os resultados relativos às cargas solicitantes nas fundações dos Modelos I e III. Com relação ao peso próprio, as fundações do Modelo I sofrem um total de 5871,01 tf de carregamento, contra 5133,72 tf nas fundações do Modelo III. Comparando-se as cargas máximas nas fundações, correspondentes à soma das cargas devidas ao peso próprio, cargas permanentes e cargas acidentais, foi verificado que as fundações do edifício calculado a partir do Modelo I são solicitadas com um total de 11244,07 tf, contra 10505,42 tf nas fundações do Modelo III. Pela análise dos valores obtidos no estudo de FERREIRA et alli (2001) pode-se chegar às seguintes conclusões em relação aos três Modelos de estruturas. • O CAD promoveu uma economia de consumo de matérias em ambos os edifícios em que foi empregado; • Em relação ao edifício com concreto convencional, os índices globais de economia de custos obtidos foram de 6,7% no Modelo II (CAD só nos pilares) e de 10,37% no Modelo III (CAD aplicado nos pilares e nas vigas); • O edifício do Modelo III apresentou uma suavização de carga em suas fundações de cerca de 12,56% relativamente ao peso próprio e de 6,57% relativamente às cargas máximas atuantes (peso próprio + cargas permanentes + cargas acidentais), em relação ao Modelo I (concreto convencional). 54 8 CONCLUSÕES O Concreto de Alto Desempenho é um concreto com relação água/cimento baixa, com utilização de componentes químicos e sílica ativa, ou outros “fillers”, no seu traço. Sua densa microestrutura além de conferir-lhe uma alta resistência e reduzir a permeabilidade, resulta numa durabilidade mais elevada do que um concreto usual, apresentando também melhor trabalhabilidade devido ao emprego de aditivos e adições minerais na sua composição. A eficiência do CAD na construção civil pôde ser constatada na revisão bibliográfica. A utilização proporciona estruturas mais resistentes, esbeltas e duráveis além de outras vantagens, devido as suas características e propriedades mecânicas terem um desempenho relativamente melhor que um concreto convencional. Ao contrário do conceito de que o CAD para construção de estruturas de concreto gera custos maiores, os dois estudos de viabilidade econômica com emprego do CAD apresentados no trabalho mostraram uma tendência clara de benefícios tanto sob ponto de vista da economia de custo como a garantia da durabilidade das estruturas, quando comparado a um concreto usual. As economias em relação ao consumo de materiais nas alternativas com o CAD mostraram uma significativa redução. Com relação ao custo global, os estudos de casos apresentaram uma economia da ordem de 11% em relação ao emprego de um concreto usual e conseqüentemente reduções nos custos de futuras manutenções devido as suas vantagens perante um concreto convencional. 55
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