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Palloma Ribeiro Cuba dos Santos João Dalton Daibert Análise dos Solos Formação, Classificação e Conservação do Meio Ambiente 1ª Edição Agradecimentos Agradeço a Deus, a minha família, minha mãe Marta e meu pai Alair, minhas irmãs Melissa, Talita e Nicolle, pelo apoio e incentivo; ao Rafael, pelo apoio e por entender minha ausência e minhas noites em claro. Agradeço também aos amigos e parceiras pela força e pela companhia. Agradeço em especial ao meu amigo e colaborador João Dalton e a sua esposa e amiga Mari pela ajuda. Agradeço principalmente a minha filha Júlia, minha grande fonte de inspiração. Palloma Ribeiro Cuba dos Santos Em primeiro lugar, aos alunos, os egressos e os atuais, sem os quais este trabalho não teria nenhum sentido. Aos colegas de trabalho, professores e demais funcionários que partilham comigo a educação na escola. Aos meus professores de todas as épocas, do grupo escolar à faculdade, todo o meu respeito. Aos colegas da vida profissional, principalmente aos da “lida” com solos, com os quais aprendi muitos macetes e dicas que repasso neste livro. Aos de casa, pais, irmãos, filhos, netos, e todos os parentes e amigos, vivos ou não, que convivem comigo e com a minha hiperatividade: o meu melhor “muito obrigado”. À colega Palloma, muito obrigado por mais esta parceria na jornada do ensino e da aprendizagem. João Dalton Daibert Sobre os autores Palloma Ribeiro Cuba dos Santos é Engenheira Civil pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) e mestre em Tecnologias Ambientais e Recursos Hídricos pela mesma instituição, com experiência em docência, consultoria ambiental e investigação de solo, obras de manutenção civil e consultoria gerencial. Professora da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP), ministrando aulas de Mecânica dos Solos e Resistência dos Materiais. João Dalton Daibert é mineiro, nascido em 31 de janeiro de 1951 em Juiz de Fora, é formado em Engenharia Civil em 1979, pela Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cursou, na mesma faculdade, pós-graduação em Estradas com ênfase em Topografia e solos. Atuou como monitor enquanto estudante dentro dessas áreas e como professor no Colégio Técnico Universitário (CTU) da mesma UFJF, durante dois anos. Ainda como professor, atuou no Centro Paula Souza na ETEC de Itapetininga, trabalhando com alunos na Escola Agrícola entre 1980 e 1999. Como profissional de engenharia, trabalhou em obras como Ferrovia do Aço (MG-RJ), Cuiabá a Porto Velho (MT-RO), Gasoduto Bolívia-Brasil (SP), International Paper (MT), Rodovias Castelo Branco, Raposo Tavares e Marechal Rondon (SP), atuando nas diversas fases destas obras, como projeto, execução, fiscalização e consultoria. Desde 2008, exerce a função de Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP), no campus de Caraguatatuba-SP, onde logrou aprovação em concurso público, lecionando atualmente Topografia e Mecânica dos solos e fundações. Exerceu também o cargo de Coordenador da Área de Infraestrutura e Recursos Naturais, à qual estão ligados o Curso Técnico de Edificações e o Curso Técnico em Aquicultura, este na modalidade a distância. Autor do livro Topografia – Técnicas e Práticas de Campo, publicado em 2014, e coautor do livro Análise dos solos, com a profª Palloma Ribeiro Cuba dos Santos, também em 2014. Ambos publicados pela Editora Érica. SUMÁRIO Capa 1 - Introdução à Análise dos Solos 1.1 Conceito 1.2 Importância do estudo da rocha e do solo 1.3 Funções do solo 1.4 Perfil do solo: horizontes 2 - Minerais do Solo 2.1 Conceitos 2.2 Composição mineralógica das rochas 2.3 Mineralogia do solo 2.3.1 Minerais primários 2.3.2 Minerais secundários 2.4 Minerais secundários mais frequentes no solo 2.4.1 Minerais de argila 2.4.2 Óxidos de Al 2.4.3 Óxidos de Fe 2.4.4 Carbonatos 3 - Origem e Formação do Solo 4 - Intemperismo 5 - Classificação dos Solos 5.1 Conceito 5.2 Classificação dos solos segundo sua formação 5.2.1 Solos sedimentares 5.2.2 Solo residual 5.3 Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) 5.3.1 Argissolo 5.3.2 Cambissolo 5.3.3 Chernossolo 5.3.4 Espodossolo 5.3.5 Gleissolo 5.3.6 Latossolo 5.3.7 Luvissolo 5.3.8 Neossolo kindle:embed:0003?mime=image/jpg 5.3.9 Nitossolo 5.3.10 Organossolo 5.3.11 Planossolo 5.3.12 Plintossolo 5.3.13 Vertissolo 5.4 Classificação granulométrica 5.4.1 Relações entre a composição granulométrica e mineralógica do solo 6 - Erosão nos Solos – Causas, Efeitos e Controle 6.1 Conceito 6.2 Causas das erosões 6.2.1 Causas naturais 6.2.2 Causas artificiais 6.3 Efeitos das erosões 6.4 Controle das erosões 7 - Relevo 7.1 Conceitos 7.2 Tipos do relevo 8 - Poluição: Causas e Efeitos 8.1 Conceito 9 - Impactos Ambientais 9.1 Conceito 9.2 Impactos no solo e nas águas 10 - Legislação 10.1 Conceito 10.2 Legislação ambiental brasileira 10.2.1 Lei da Ação Civil Pública – n.º 7.347 de 24/07/1985 10.2.2 Lei dos Agrotóxicos – n.º 7.802 de 10/07/1989 10.2.3 Lei da Área de Proteção Ambiental n.º 6.902 de 27/04/1981 10.2.4 Lei das Atividades Nucleares – n.º 6.453 de 17/10/1977 10.2.5 Lei de Crimes Ambientais – n.º 9.605 de 12/02/1998 10.2.6 Lei da Engenharia Genética – n.º 8.974 de 05/01/1995 10.2.7 Lei da Exploração Mineral – n.º 7.805 de 18/07/1989 10.2.8 Lei da Fauna Silvestre – n.º 5.197 de 03/01/1967 10.2.9 Lei das Florestas – n.º 4.771 de 15/09/1965 10.2.10 Lei do Gerenciamento Costeiro - n.º 7.661 de 16/05/1988 10.2.11 Lei da criação do Ibama – n.º 7.735 de 22/02/1989 10.2.12 Lei do Parcelamento do Solo Urbano - n.º 6.766 de 19/12/1979 10.2.13 Lei Patrimônio Cultural – Decreto-lei n.º 25 de 30/11/1937 10.2.14 Lei da Política Agrícola – n.º 8.171 de 17/01/1991 10.2.15 Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – n.º 6.938 de 17/01/1981 10.2.16 Lei de Recursos Hídricos – n.º 9.433 de 08/01/1997 10.2.17 Lei do Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição – n.º 6.803 de 02/07/1980 10.3 Áreas contaminadas (AC) 10.3.1 Controle e prevenção da poluição 10.3.2 Padrão Holandês para o solo e a água subterrânea 10.3.3 U.S. Environmental Protection Agency (EPA) 10.3.4 Diagnóstico ambiental 11 - Conservação e o Uso Correto dos Solos 11.1 Conceitos 11.2 Degradação e mau uso do solo Bibliografia Glossário Apresentação O solo é um recurso natural básico no mundo, muito utilizado pelo homem. A análise do solo torna-se cada vez mais importante, pois sua utilização está diretamente relacionada a problemas de outros recursos: recursos hídricos, biodiversidade e risco de vida da população. Além da importância do estudo dos solos para a concretização das obras de estradas, túneis, barragens, pavimentação, pontes e edificações em geral, englobando geologia, engenharia, entre outras áreas, como cálculo estrutural, a investigação do solo também é muito importante para a agricultura e as áreas ambientais em geral. O mau uso do solo pode gerar sua própria erosão ou desertificação, utilização de tecnologias inadequadas, diminuição da conservação de água no solo e destruição da cobertura vegetal. Logo, na Análise do Solo, vamos analisar as características do solo, sua origem e formação, as principais classificações e estrutura mineralógica. Também veremos a erosão, o relevo, a poluição e os impactos ambientais e a legislação ambiental para entender e gerenciar suas fontes poluidoras, buscando auxiliar para seu uso da melhor maneira. Assim, vamos iniciar esse aprendizado desde a formação do solo até sua utilização. Os autores 1 - Introdução à Análise dos Solos 1.1 Conceito O solo ocupa a parte mais externa do globo terrestre, na posição de contato com as massas gasosas e líquidas. É ao mesmo tempo uma região de transição dos três estados da matéria e um regulador da manifestação de propriedades de sólidos, líquidos e gases. O solo não apresenta apenas uma mistura de valores fragmentados e matéria orgânica em vários estágiosde decomposição e de mineralização. É na realidade um pouco mais do que os conhecimentos disponíveis permitem visualizar: representa um conjunto de fenômenos naturais ainda mal percebidos pelos recursos atuais disponíveis à investigação. Quando se caracteriza o solo, claramente se percebe tratar-se de uma parte bem organizada da natureza, ajustada a múltiplas funções de um equilíbrio dinâmico. Aquele que se aproxima do solo verifica ser ele um corpo natural, independente e dinâmico, adquirindo propriedades ou características variáveis com a natureza, a intensidade e a extensão das forças que sobre ele atuam. Na parte superior do corpo do solo, nas proximidades da interface sólido-gás, desenvolve-se uma biologia caracterizada pela presença de formas desde as mais primitivas a seres altamente organizados, que, exercitando demolições e sínteses, concorrem para a manifestação de importantes atributos que interessam a vegetais e animais superiores. O estudo das características do solo e de sua classificação busca prever seu comportamento com as ações provocadas pelo homem ou pela natureza e engloba: Geologia de Engenharia, Investigação Geotécnica, Barragens, Fundações, Taludes/Aterros, Estruturas de Contenção, Mecânica das Rochas, Túneis, Pavimentos, Estabilização de Solos, Geotécnica Ambiental, entre outras disciplinas como Resistência dos Materiais e Cálculo. Geotecnia é a aplicação de métodos científicos e princípios de engenharia para a aquisição, interpretação e uso do conhecimento dos materiais da crosta terrestre e materiais terrestres para a solução de problemas de engenharia. Abrange as áreas de mecânica dos solos e mecânica das rochas, e muitos dos aspectos de engenharia da geologia, geofísica, hidrologia e ciências afins. Além da construção civil, uma das áreas de destaque do profissional especialista em solos é a ambiental, com atribuições de investigação do nível de contaminação de solos e elaboração de projetos de tratamento dos terrenos. No segmento imobiliário clássico, os serviços desse profissional também são solicitados, principalmente nas etapas iniciais da obra, pois é ele quem coordenará as atividades de investigação do solo, terraplenagem, escavações, contenções, projeto e execução de fundações, entre outros. De acordo com Marbut (1935), que introduziu os conceitos de solo no Ocidente, traduzindo as obras de Glinka, o solo passou a ser caracterizado como a camada mais externa da crosta terrestre, não consolidada, com espessura variável e diferindo do material que o sustenta em cor, estrutura, constituição física, composição química e mineralógica e em propriedades. Logo, o solo é um corpo de material inconsolidado que cobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. Pode apresentar diferentes comportamentos, dependendo do meio ambiente onde está, como clima, vazios, umidade, saturação, por isso o solo é diferente para cada local. Normalmente, o solo a ser pesquisado não está situado na superfície, mas sim em horizontes profundos, com a sondagem, dificultando a produção em laboratório de suas características reais. Sondagem é um processo de exploração e reconhecimento do subsolo, muito utilizado durante uma investigação de solo, que permite, por exemplo, a definição do tipo e o dimensionamento das fundações que servirão de base para uma edificação. A partir da sondagem podemos coletar amostras de solo e determinar o perfil vertical do subsolo. No volume total do solo, pode-se considerar que existem as fases sólida, líquida e gasosa. A parte sólida é ocupada por partículas sólidas de solo, e os espaços entre as partículas sólidas são chamados de vazios. Os vazios estão normalmente preenchidos por água e/ou ar. Um solo que apresenta seus vazios totalmente preenchidos por água é chamado de solo saturado. Figura 1.1 − Fases do solo. O solo, contudo, pode ser visto sob diferentes óticas. Para um engenheiro agrônomo, através da edafologia e da pedologia, solo é a camada na qual se pode desenvolver vida (vegetal e animal). Para um engenheiro civil, sob o ponto de vista da mecânica dos solos, solo é um corpo passível de ser escavado, sendo utilizado dessa forma como suporte para construções ou material de construção. Para um biólogo, através da ecologia e da pedologia, o solo interfere sobre a ciclagem biogeoquímica dos nutrientes minerais e determina os diferentes ecossistemas e hábitats dos seres vivos. 1.2 Importância do estudo da rocha e do solo O conhecimento dos solos é indispensável, por exemplo, na engenharia estrutural, já que todas as estruturas se apoiam, direta ou indiretamente, em solos ou rochas. Essa razão, por si só, já justificaria a necessidade de conhecer em detalhe o comportamento dos solos, mas deve-se ainda adicionar a complexidade do seu comportamento conferida pela sua natureza de material particulado e multifásico. A importância da rocha na formação do solo é conhecida já de algum tempo. Nos meados do século XIX, cientistas europeus como Thaer (1853), Fallou (1862) e Richthofen (1866) propuseram sistemas de classificação de solos com base na geologia e na composição mineralógica do material que lhes deu origem. A maior ênfase ao material de origem como fator de formação de solos, entretanto, foi dada pelo grande cientista russo pioneiro da pedologia moderna, Dokuchaev (1883), e pelos seus discípulos Glinka e Sibirtsev. O solo pode ser considerado um conjunto de minerais em íntima coexistência e em contato próximo uns dos outros. Esses minerais podem sofrer as mais diversas transformações, na rocha ou no próprio solo. Essas transformações dos minerais, aliadas ao transporte, à adição e à remoção de materiais do perfil, deram origem aos mais diversos solos. Ou, ainda, o solo pode ser considerado “um corpo natural, composto de materiais minerais e orgânicos, situados à superfície da terra, onde as plantas se desenvolvem”. O mapeamento geológico constitui-se em um estudo geológico detalhado das áreas, com relevo, tipos de solo e rocha, caracterizando do ponto de vista da geologia de uma dada região. Os movimentos de massa, em particular os deslizamentos, constituem, junto com as enchentes, uma das ameaças naturais que apresenta o maior grau de recorrência em todo o mundo, e, portanto, causam fortes danos à sociedade e ao meio ambiente. Estimativas mostram que a quantidade de deslizamentos registrados ao redor do mundo e, especialmente, em países montanhosossupera a de outras ameaças naturais como sismos, furacões e vulcões (CHEN & LEE, 2004; BONACHEA, 2006). Várias cidades brasileiras podem ser incluídas nessa situação, e recentemente passaram por grandes catástrofes estados como Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O estudo dos solos, pelas suas características físicas, químicas, coloidais e biológicas, integradas em noções de gênese, definidas em termos morfológicos e analíticos, é muito importante para se entender seu comportamento e sua capacidade. As características morfológicas impressas no corpo do solo pelos processos de gênese são acessíveis à observação mediante cuidadoso exame das partes constituintes do perfil do solo. Esse exame ou descrição morfológica, auxiliado pela confirmação analítica, identifica o efeito observado com as suas causas determinantes, possibilitando o estabelecimento de interpretações destinadas à eleição das modalidades de utilização, manejo e conservação do solo. No Brasil, um país extenso, com diferentes realidades de subsolo, desde grandes planícies rochosas a áreas pantanosas, a importância do estudo do subsolo local torna-se indispensável, ajudando a compreender o comportamento da natureza e do meio. 1.3 Funções do solo As principais funções do solo são: Sustentar a atividade biológica, a diversidade e a produtividade; o solo é o principal substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento (H2O e nutrientes) e disseminação; Regular o fluxo de água e solutos, controlando o fluxo da água superficial e subterrâneo; Filtrar e tamponar, degradando,imobilizando e detoxificando resíduos, mantendo a qualidade da água subterrânea; Armazenar e reciclar nutrientes e outros elementos dentro da biosfera terrestre; Servir de hábitat para a fauna; Prover o suporte de estruturas socioeconômicas e proteção para tesouros arqueológicos associados a habitações humanas. 1.4 Perfil do solo: horizontes O perfil do solo pode ser dividido em horizontes, conforme figura a seguir: Figura 1.2 − Esquema das camadas do solo. Horizonte O: camada orgânica superficial. É constituído por detritos vegetais e substâncias húmicas acumuladas na superfície, ou seja, em ambientes em que a água não se acumula (ocorre drenagem). É bem visível em áreas de floresta e distingue-se pela coloração escura e conteúdo em matéria orgânica (cerca de 20%). Horizonte A: camada mineral superficial adjacente à camada O ou H. É o horizonte onde ocorre grande atividade biológica, o que lhe confere coloração escurecida pela presença de matéria orgânica. Existem diferentes tipos de horizonte A, dependendo de seus ambientes de formação. Essa camada apresenta maior quantidade de matéria orgânica que os horizontes subjacentes B e C. Horizonte E ou B: camada mineral situada mais abaixo do horizonte A. Apresenta menor quantidade de matéria orgânica e acúmulo de compostos de ferro e argilominerais. Ocorre concentração de minerais resistentes, como quartzo em pequenas partículas (areia e silte). Éo horizonte de máximo acúmulo, com bom desenvolvimento estrutural. Horizonte C: camada mineral de material inconsolidado, ou seja, por ser relativamente pouco afetado por processos pedogenéticos, o solo pode ou não ter se formado, apresentando-se sem ou com pouca expressão de propriedades identificadoras de qualquer outro horizonte principal. Ainda existe a última camada mineral de material consolidado, que constitui substrato rochoso contínuo ou praticamente contínuo, a não ser pelas poucas e estreitas fendas que pode apresentar (rocha), normalmente denominado Horizonte E. 1. Em quais as áreas o estudo das características do solo é importante? 1. Pesquise sobre o interior da Terra e suas camadas. 1. Defina solo. 1. Quais as principais funções do solo? 1. Comente sobre o perfil do solo. 2 - Minerais do Solo 2.1 Conceitos Uma rocha é formada de um ou mais minerais. A maioria das rochas compõe-se de vários tipos de minerais. Minerais são elementos ou compostos químicos, geralmente sólidos, encontrados naturalmente no planeta. Os minerais são substâncias naturais provenientes de processos inorgânicos definidos e apresentando composição da qual participam um ou mais elementos químicos. Há mais de dois mil tipos diferentes de minerais. Eles são formados pela união de vários tipos de átomos, como silício, oxigênio, alumínio, cálcio e ferro. As diferenças entre os minerais devem-se aos diferentes tipos de átomos que os formam e também à maneira como os átomos estão “arranjados”. Os compostos inorgânicos, ou minerais, formam a maior parte da fase sólida dos solos, exceto nos solos orgânicos. Esses minerais podem ser fundamentalmente de dois tipos: cristalinos, compostos por átomos arranjados conforme um padrão tridimensional ou periódico, e amorfos, que não possuem qualquer arranjo tridimensional dos átomos constituintes. O solo, um derivado da rocha, é composto de partículas minerais, matéria orgânica e espaço poroso, que é o espaço vazio entre as partículas, conforme visto no Capítulo 1. Essa composição pode ser representada, em média, conforme a Figura 2.1. Figura 2.1 − Componentes do solo. 2.2 Composição mineralógica das rochas As rochas se constituem de um mineral ou da reunião de dois ou mais minerais. O número de minerais conhecidos é muito grande, porém poucas são as espécies presentes na maioria das rochas, particularmente nas rochas ígneas. Os minerais de rochas e aqueles que constituem o material de formação de solos podem ser divididos em dois grupos: primários e secundários. Não obstante, é necessário dar ênfase ao número relativamente pequeno de minerais primários constituintes das rochas ígneas, através dos quais se originam grupos numerosos de minerais secundários. Entre os minerais primários devem ser ressaltados os silicatos, por constituírem o maior número das espécies presentes em rochas ígneas e na maioria dos solos. Tabela 2.1 − Composição mineralógica média das rochas ígneas Minerais % Quartzo 12,40% Feldspatos alcalinos 31,00% Feldspatos plagioclásios 29,20% Piroxênios 12,00% Hornblenda 1,70% Biotita 3,80% Muscovita 1,40% Olivina 2,60% Nefelina 0,30% Apatita 0,60% Minerais de metais pesados 4,10% Fonte: Rankana e Sahama, 1954. A proporção dos minerais primários nos solos é dependente do seu conteúdo nas rochas matrizes, de sua resistência ao intemperismo, bem como da intensidade desse processo. Depende, ainda, da sua granulometria no material matriz que deu origem ao solo. As proporções aproximadas das espécies minerais expostas ao intemperismo podem ser observadas na Tabela 2.2. Tabela 2.2 − Proporções aproximadas das espécies minerais expostas ao intemperismo Minerais % Feldspato 30% Quartzo 28% Minerais de argila e mica 18% Calcita e dolomita 9% Óxidos de ferro 4% Piroxênio e anfibólio 1% Outros 10% Fonte: Rankana e Sahama, 1954. 2.3 Mineralogia do solo Os minerais do solo pertencem a dois grandes grupos: minerais primários e minerais secundários. 2.3.1 Minerais primários Os minerais primários são herdados do material originário; mantêm-se praticamente inalterados na sua composição. Como exemplos de minerais primários que se podem encontrar nos solos estão: quartzo, feldspatos, plagioclases, micas, piroxenas, anfíbolas, olivinas etc. Os minerais primários do solo têm importância para a avaliação do grau de evolução do solo e da sua reserva mineral. Assim, no que respeita ao grau de evolução do solo, pode-se observar o seguinte: Os minerais primários mais abundantes nos solos são o quartzo e os feldspatos – são os mais abundantes nas rochas da crosta terrestre e os mais resistentes. A presença de olivina, augita, hornblenda ou plagioclase cálcica indica um estádio inicial de meteorização das rochas e de evolução do solo. Um solo derivado de rochas com quartzo, feldspatos e minerais ferromagnesianos e em que predominam o quartzo e o feldspato potássico como minerais primários será um solo muito mais evoluído. A capacidade dos minerais primários de funcionarem como reserva de nutrientes depende da sua granulometria e resistência à meteorização. Assim, pode ter-se: Reserva mineral a curto prazo: minerais ferromagnesianos, feldspatos e outros mais resistentes, todos com dimensão não superior à do limo (<0,02 mm); Reserva mineral a médio prazo: minerais ferromagnesianos (olivinas, anfíbolas, piroxenas e biotita) e plagioclases com dimensão superior à do limo (<0,02 mm); Reserva mineral a longo prazo: feldspatos potássicos, moscovita e outros minerais mais resistentes, com dimensão superior à do limo (>0,02 mm). 2.3.2 Minerais secundários Os minerais secundários do solo podem ter três origens: São sintetizados no próprio solo (in situ) a partir dos produtos da meteorização dos minerais primários menos resistentes; Resultam de alterações da estrutura de certos minerais primários, que ocorrem também in situ; São herdados do material originário. Os minerais secundários mais frequentes no solo são: minerais de argila (silicatos de alumínio no estado cristalino); silicatos não cristalinos; óxidos e hidróxidos de alumínio e ferro; carbonatos de cálcio e de magnésio. 2.4 Minerais secundários mais frequentes no solo Os minerais secundários mais frequentes no solo são: minerais de argila (silicatos de alumínio no estado cristalino), silicatos não cristalinos; óxidos e hidróxidos de alumínio e ferro; carbonatos de cálcio e de magnésio. 2.4.1 Minerais de argila Nos solos, a classe de mineral mais importante é a dos filossilicatos (argilominerais), os quais possuem o maior impacto sobre suas características físicas equímicas. Esses minerais são classificados em três categorias, de acordo com o número de camadas tetraedrais e octaedrais. As camadas tetraedrais possuem como célula unitária um tetraedro composto por um íon Si+4 coordenando 4 íons O-2. Já nas camadas octaedrais, a célula unitária consiste em um íon Al+3 coordenando 6 íons O-2. Dentre os argilominerais pode-se citar a caulinita e a haloisita. Também são representantes dos argilominerais a esmectita, a vermiculita, a mica e a ilita. Os minerais de argila são os silicatos de alumínio no estado cristalino pertencentes ao grupo dos filossilicatos e constituem partículas de diâmetro <0,002 mm (dimensão do lote de argila). Para poder compreender melhor todos os conceitos relacionados com a constituição e a caracterização desses minerais, considera-se importante introduzir alguns conhecimentos básicos de química com aplicação nessa área. Assim, compostos químicos como os minerais são formados por transferência eletrônica ou por partilha eletrônica entre os átomos reagentes. Os elementos associam-se uns aos outros de acordo com a tendência que eles têm para preencher totalmente a última orbital. De um modo geral, existem duas maneiras principais de ligar elementos químicos: utilizando as chamadas ligações iônicas ou as ligações covalentes. No primeiro caso, as ligações fazem-se por transferência eletrônica (ligações iônicas), e, no segundo, por partilhamento eletrônico (ligações covalentes). 2.4.1.1 Silicatos Os silicatos possuem uma estrutura cuja geometria é dominada pelo arranjo tridimensional dos átomos de silício e oxigênio. Essa disposição segue regras bem-definidas determinadas pela natureza química e pela geometria dos próprios átomos. Figura 2.2 − Estrutura dos silicatos. 2.4.1.2 Filossilicatos Formam uma estrutura tridimensional mais complexa porque são partilhados os três oxigênios basais de cada tetraedro, originando estruturas planares – camadas tetraédricas, isto é, estruturas que crescem segundo duas direções – estruturas planas. Figura 2.3 − Estrutura tetraédrica dos filossilicatos. Como resultante da ligação dos oxigênios basais fica uma estrutura em forma de rede hexagonal. Figura 2.4 − Estrutura de uma folha de Si2O2. Essas camadas de tetraedros unem-se a camadas de octaedros. As camadas de octaedros são unidades octaédricas, repetidas segundo duas direções com 1 íon coordenador de Al3+, Fe3+ ou Mg2+ ao meio, constituindo um plano central, entre dois planos de oxigênios (O2-) ou oxidrilo (OH-), ou seja, rodeado por 6 íons. Figura 2.5 − Estrutura de uma camada octaédrica. 2.4.1.3 Unidades estruturais dos minerais de argila Os minerais de argila são constituídos por: unidades tetraédricas com um cátion central de Si rodeado por O2- ou OH- e unidades octaédricas com cátions centrais de Al, Fe ou Mg, rodeado de OH- ou O2-. A expansão horizontal dessas unidades dá origem a camadas: camada tetraédrica de sílica com os átomos de Si num plano intermédio; camada octaédrica de alumina com átomos de Al, Mg ou Fe no plano intermédio. Muitos minerais de argila apresentam substituições isomórficas (substituição dos cátions das unidades tetraédricas e/ou octaédricas por outros de diâmetro aproximado), o que permite manter as mesmas dimensões, mas uma carga menor. As principais substituições são: Si4+ pelo Al3+ nas camadas tetraédricas; Al3+ pelo Fe2+ ou Mg2+ nas camadas octaédricas. As substituições isomórficas originam um excesso de cargas negativas (cargas intrínsecas ou permanentes). Os cristais resultam do empilhamento das lâminas ou unidades estruturais. A dimensão dos cristais é caracterizada: Pela sua extensão lateral, que depende das características das unidades estruturais; Pela sua espessura, fortemente condicionada pela natureza das ligações entre as unidades estruturais. A sobreposição de várias unidades estruturais está representada na Figura 2.6. Figura 2.6 − Sobreposição de unidades estruturais. A sobreposição de várias unidades estruturais tetraédricas e octaédricas pode constituir dois tipos de camadas ou lâminas. Chama-se camadas 1:1 aquelas que resultam da sobreposição de uma camada tetraédrica com uma camada octaédrica, ou 2:1 aquelas que resultam da sobreposição de uma camada octaédrica com duas camadas tetraédricas, representadas na Figura 2.7. Figura 2.7 − Lâmina ou folheto 1:1. Figura 2.8 − Lâmina ou folheto 2:1. 2.4.1.4 Características gerais dos minerais de argila Os minerais argilosos são eletronegativos e têm uma estrutura eletrostaticamente desequilibrada, o que depende: Do excesso de cargas negativas que se tornam cargas intrínsecas ou permanentes; Das ligações quebradas no rebordo dos cristais; Da dissociação dos hidrogênios dos oxidrilos existentes no rebordo dos cristais; Das substituições isomórficas: cada substituição faz aparecer na superfície da folha uma carga elétrica livre, o que faz com que cada dois folhetos fiquem fortemente unidos por cátions. Figura 2.9 − Substituições isomórficas. Os principais grupos de minerais de argila são: caulinita; talco- pirofilitas; esmectitas − inclui a montmorilonita; vermiculitas; micas − inclui micas hidratadas (ilita); cloritas. Contudo, para o estudo da pedologia a este nível de profundidade, vamos estudar apenas os três grupos mais representativos: caulinita; montmorilonita e ilita. Caulinita Na composição da caulinita na unidade octaédrica os íons centrais são Al. Sua estrutura possui: 1:1: 1 camada tetraédrica de Si + 1 camada octaédrica de Al Ligações entre folhetos adjacentes: hidrogênio (entre os O dos planos de oxigênio das unidades tetraédricas e os grupos OH- da unidade octaédrica da camada adjacente), o que resulta em ligações fortes Substituições isomórficas: não há (ou muito pouco), donde resulta a inexistência de excesso de cargas negativas Superfície específica: pequena (apenas dependente das suas faces externas) Forma dos cristais: platiformes de contorno hexagonal Figura 2.10 − Estrutura da caulinita. As principais propriedades da caulinita são: Expansibilidade: fortes ligações entre folhetos adjacentes. Carga elétrica e poder de retenção de água: fracos (mineral pouco eletronegativo). Capacidade de troca catiônica: baixa (mineral pouco eletronegativo). Plasticidade: torna-se plástica para teores de umidade relativamente baixos. Esmectita/montmorilonita Na composição da esmectita na unidade octaédrica o íon central pode ser Si, Fe ou Mg. Sua estrutura possui: 2:1: 2 camadas tetraédricas de Si + 1 camada octaédrica de Al, Fe ou Mg. Ligações entre folhetos adjacentes: oxigênio (ligações entre planos de oxigênio de unidades tetraédricas contíguas), ou seja, ligações fracas (van der Waals). Essa possibilidade dá acesso a moléculas de água e orgânicas e de íons permutáveis que se dispõem em várias camadas entre folhetos adjacentes Espaçamento basal: varia consoante o grau de hidratação e a espécie de cátions permutáveis existentes Substituições isomórficas: Nas camadas tetraédricas: não se verificam Nas camadas octaédricas: muitas. As posições octaédricas só em parte são ocupadas por Al, que em maior ou menor escala é substituído por Mg ou Fe Carga elétrica: excesso de cargas negativas em função das substituições isomórficas e desequilíbrio elétrico (os íons permutáveis e as moléculas de água são introduzidos na estrutura para diminuir deficiência de carga); Superfície específica: o fácil acesso de moléculas de água + líquidos orgânicos + íons leva a uma elevada superfície interna (700-800 m2/g); Superfície externa: 80 m2/g Forma dos cristais: massas irregulares em partículas muito pequenas As principais propriedades da montmorilonita são: Expansibilidade: elevada expansibilidade por fracas ligações entre folhetos adjacentes + carga elétrica negativa. Poder de retenção de água: elevado (mineral muito eletronegativo). Capacidade de troca catiônica: elevada (mineral muito eletronegativo). Plasticidade: plástica para teores de umidade superiores aos da caulinita. Ilita A composição da ilita é de aluminossilicatosde Al, Mg e K. Sua estrutura possui: 2:1: 2 camadas tetraédricas de Si e Al + 1 camada octaédrica de Al, Fe ou Mg Substituições isomórficas: Nas camadas octaédricas: poucas; Al → Fe, Mg Nas camadas tetraédricas: muitas; Si → Al A deficiência de carga é compensada por íons K+, um por cada Si substituído, que se situam entre camadas tetraédricas de unidades contíguas Ligações entre folhetos adjacentes a ligações de potássio (os íons K+ funcionam como pontes que ligam folhetos uns aos outros a ligações fortes) Espaçamento basal: retículo fixo Carga elétrica: as substituições isomórficas da camada tetraédrica são compensadas por K+. Assim, a carga eléctrica é média por causa das pequenas substituições isomórficas na camada octaédrica (Al3+→Fe2+, Mg2+) Superfície específica: superfície externa – intermédia (30- 80 m2/g); Superfície interna: não tem Forma dos cristais: lamelas pequenas maldefinidas, em conjuntos irregulares, por vezes com contorno hexagonal As principais propriedades da ilita são: Expansibilidade: pouco expansível na presença de água ou líquidos orgânicos Poder de retenção de água: intermediária (mineral moderadamente eletronegativo) Capacidade de troca catiônica: intermediária (mineral moderadamente eletronegativo) Plasticidade: intermediária. 2.4.1.5 Importância dos minerais de argila no solo Excesso de carga elétrica negativa que permite reter cátions Grande superfície específica que permite uma grande capacidade de retenção de água Expansibilidade com a absorção de água Sujeitos a dispersão e floculação Importantes para a formação da agregação do solo Formam ligações estáveis com a matéria orgânica do solo 2.4.2 Óxidos de Al A gibbsita – Al(OH)3 – é o hidróxido de Al mais abundante nos solos. É mais abundante em solos muito evoluídos. Forma camadas octaédricas (dioctaédricas), que crescem pouco segundo a direção z (vertical). 2.4.3 Óxidos de Fe São muito abundantes nos solos, dispersos ou concentrados. São muito característicos pela coloração forte. Normalmente existem na fração argilosa. A unidade estrutural básica é octaédrica, em que cada átomo de Fe coordena à sua volta 6 O ou 6 O e OH. Os diferentes tipos de óxidos de Fe diferem entre si quanto à forma como os octaedros se organizam entre si. Existem dois tipos de arranjos: hexagonal (α − alfa) e cúbico (γ − gama). o Os óxidos de Fe e Al apresentam caráter anfotérico. São eles: Hematita (α − Fe2 O3) de cor vermelha forte Goetita (α − FeOOH) de cor amarela ou amarelo-laranja Lepidocrocita (γ − FeOOH) de cor alaranjada Maghemita (γ − Fe2 O3) de cor vermelha escura ou anegrada Ferri-hidrita: óxido de Fe de fraca cristalinidade, cor intermediária entre a goetita e a hematita. Ocorre nos horizontes B dos podzóis associado a compostos orgânicos Magnetita (Fe3O4)a; ocorre na forma de grãos negros magnéticos, mas é herdada da rocha-mãe. 2.4.4 Carbonatos A calcita (CaCO3) e a dolomita (MgCO3) são os carbonatos mais comuns nos solos. Podem formar-se nos solos ou ser herdados da própria rocha-mãe, mas nesse caso não são de natureza pedogenética. As frações mais ativas no solo são as de dimensão do limo e da argila. Quanto mais finamente dividido, mais ativo é quimicamente, dissolvendo-se com facilidade pela ação das águas com maior concentração de CO2. 1. O que são minerais? 1. Nos solos, qual a classe de mineral mais importante? 1. Quais os dois grandes grupos de minerais do solo? 1. Qual a principal diferença entre os minerais primários e secundários? 3 - Origem e Formação do Solo 3.1 Conceito Há milhões de anos não havia solo, eram apenas rochas, enormes rochas dos mais variados tamanhos, que denominavam “rochas matrizes”. As chuvas, o vento, o calor e o frio fizeram com que esses enormes rochedos começassem a ruir. Em um determinado momento, as rochas haviam se quebrado em tantas vezes que se tornaram pequenos grãos. Finalmente, esses dividiram-se em partes cada vez menores, até tornarem-se minerais. A partir daí, plantas maiores puderam se desenvolver. Restos dos vegetais e animais mortos, ao entrar em decomposição, enriqueciam o solo, formando os nutrientes, chamados húmus, e se misturam com os minerais das rochas. Todo esse processo denomina-se pedogênese. Logo, pedogênese, ou formação de solos, é o processo no qual determinado solo é formado, assim como suas características e sua evolução na paisagem. Quanto maior a atuação da pedogênese no solo, mais este se tornará um corpo individual, com características próprias. O solo é a camada mais superficial da crosta, entre a litosfera e a atmosfera, composto por sais minerais dissolvidos na água intersticial, seres vivos e rochas em decomposição. Esse aglomerado pode ser escavado sem a utilização de explosivos e é utilizado como material de construção ou suporte de estruturas. A decomposição das rochas, que inicialmente constituíam a crosta terrestre, recebe o nome de intemperismo. Figura 3.1 − Perfil do solo. Por fim, o solo é originado da ação do intemperismo na rocha, misturado com a matéria orgânica denominada húmus e água. Figura 3.2 − Formação do solo. Nas regiões tropicais, a degradação das rochas ocorre mais rapidamente em função da alta temperatura e grandes amplitudes térmicas. Diferentes tipos de solo são originados, dependendo de sua formação, características físicas, quantidade de minerais e nutrientes que predominavam em cada ambiente. Contudo, o solo pode ser visto sob diferentes óticas. Para um biólogo, o solo determina os diferentes ecossistemas e hábitats dos seres vivos; para um engenheiro agrônomo, o solo é a camada na qual se pode desenvolver vida (vegetal e animal). Mas, neste livro, estudaremos o solo sob o ponto de vista da mecânica dos solos, e nesse caso o solo é um corpo passível de ser escavado, utilizado como suporte para construções ou material de construção. A Geologia é uma ciência que estuda como essas interações atuam na formação de rochas e solos, observando como esses processos ocorrem atualmente e inferindo a partir do que se observa no registro geológico. Alguns processos ocorrem lentamente, como os depósitos dos sistemas fluviais, ou de forma súbita, como a erupção de um vulcão. 3.2 As rochas Rocha é um agregado sólido que ocorre naturalmente, constituído por um ou mais minerais. A camada externa sólida da Terra, conhecida por litosfera, é constituída por rochas e solo. O estudo científico das rochas é chamado de petrologia, um ramo da geologia. Os termos populares pedra e calhau se referem a pedaços soltos de rochas, ou fragmentos. As rochas podem ser classificadas de acordo com sua composição química, sua forma estrutural ou sua textura, sendo mais comum classificá-las de acordo com os processos de sua formação. Pelas suas origens ou maneiras como foram formadas, as rochas são classificadas como ígneas, sedimentares ou metamórficas. As rochas magmáticas foram formadas de magma; as rochas sedimentares, pela deposição de sedimentos e posterior compressão destes; e as rochas metamórficas, por qualquer uma das primeiras duas categorias e posteriormente modificadas pelos efeitos de temperatura e pressão. Nos casos em que o material orgânico deixa uma impressão na rocha, o resultado é conhecido como fóssil. 3.2.1 Rochas ígneas ou magmáticas Rochas ígneas, mais conhecidas como magmáticas, são resultado da solidificação e consolidação do magma (ou lava), daí o nome rochas magmáticas. O magma é um material pastoso que, há bilhões de anos, deu origem às primeiras rochas de nosso planeta, e ainda existe no interior da Terra. As rochas ígneas podem ser classificadas sob dois critérios: textural e mineralógico. O critério textural é especialmente útil na identificação do ambiente em que a rocha se cristalizou, enquanto o mineralógico é baseado na proporção entre seus minerais principais. A classificação da maior parte das rochas ígneas, segundo o critério mineralógico, é feita com base no diagrama QAPF, usado para rochas com menos de 90% de minerais máficos. Fonte: Henriquezt − Wernick (2003). Figura3.3 − Diagrama QAPF para classificação de rochas ígneas. file:///C:/Users/gcdcb/AppData/Local/Temp/calibre_g1bv14/nhrxrf_pdf_out/text/part0008.html As rochas magmáticas também podem ser classificadas como: Vulcânicas (ou extrusivas): são formadas por meio de erupções vulcânicas, através de um rápido processo de resfriamento na superfície. Alguns exemplos dessas rochas são o basalto e a pedra-pomes, cujo resfriamento se dá na água. O vidro vulcânico é um tipo de rocha vulcânica de resfriamento rápido. Plutônicas (ou intrusivas): são formadas dentro da crosta por meio de um processo lento de resfriamento. Alguns exemplos são o granito e o diabásio. 3.2.2 Rochas sedimentares Na superfície da Terra, as rochas sofrem a ação de diversos fatores, como calor, frio, chuva, vento, neve e gelo. Durante milhares de anos, uma rocha vai se partindo em pedaços, que vão ficando cada vez menores e sendo arrastados para outros lugares. Então, esses pequenos fragmentos vão se acumulando, se apertando e se depositando uns sob os outros, formando novas rochas, que, por serem constituídas por sedimentos acumulados, recebem o nome de rochas sedimentares. Classificam-se em: Detríticas: são as rochas formadas a partir de detritos de outras rochas. Alguns exemplos são o arenito, o argilito, o varvito e o folhelho. Quimiogênicas: resultam da precipitação de substâncias dissolvidas em água. Alguns exemplos são o sal-gema, as estalactites e as estalagmites. Biogênicas: são rochas formadas por restos de seres vivos. Alguns exemplos são o calcário conquífero, formado dos resíduos de conchas de animais marinhos e que possui o mineral calcita; e o carvão, formado a partir dos resíduos de vegetais. 3.2.3 Metamórficas São as rochas formadas pela deformação de outras rochas, magmáticas, sedimentares e até mesmo outras rochas metamórficas, em função de alterações de condições ambientais, como a temperatura e a pressão ou ambas simultaneamente. 1. Qual a diferença entre rocha e solo? 1. O que é rocha magmática? 1. Dê um exemplo de rocha magmática, um exemplo de rocha sedimentar e um exemplo de rocha metamórfica. 1. O que é rocha sedimentar? 1. Qual a diferença entre rochas sedimentares e rochas metamórficas? 4 - Intemperismo 4.1 Conceito Conforme visto nos capítulos anteriores, intemperismo é o conjunto de fenômenos químicos, físicos e biológicos que provocam a alteração das rochas e seus minerais, também conhecidos como metáfora, e que levam à degradação e enfraquecimento das rochas. Essa decomposição se dá por agentes físicos e químicos denominados agentes de intemperismo. O termo intemperismo é aplicado às alterações físicas e químicas a que estão sujeitas as rochas na superfície da Terra, porém essa alteração ocorre in situ, ou seja, sem deslocamento do material. Esse fenômeno, junto com a erosão, é de grande importância para a formação e constante mudança no relevo terrestre. O intemperismo é de grande importância também na formação dos solos, pois em algumas regiões em que há grandes formações rochosas a fixação de plantas é mais difícil em relação a regiões de solos estruturalmente menos rochosos. Logo, o solo pode ser considerado a resultante da ação conjunta dos agentes intempéricos sobre os restos minerais depositados e enriquecidos de detritos orgânicos. Sua formação tem início no momento em que as rochas entram em contato com o meio ambiente e começam a sofrer transformações. Com a intensidade que é função do meio, a rocha e seus minerais são submetidos à ação dos agentes do intemperismo, em que os fragmentos providos de tais rochas vão ficando cada vez menores e se acumulando nas encostas, baixadas ou mesmo sobre o próprio material de origem. Dessa maneira, é sobre esse material geológico que se desenvolve o verdadeiro solo, resultante da ação de forças pedogenéticas. O que deve ser ressaltado é que a importância do intemperismo decorre não apenas de sua ação destruidora, mas principalmente de sua ação criadora, formadora do solo. Daí ser o intemperismo o processo geológico mais importante e chegado à vida do homem. Figura 4.1 − Intemperismo. Na paisagem, os solos se diferenciam graças à ação de seus fatores de formação, cuja atuação é de caráter independente. Os fatores de formação do solo são cinco: Material de origem. Clima. Relevo. Organismos vivos. Tempo. A intensidade do intemperismo é altamente dependente de numerosos fatores, os quais incluem tamanho das partículas constituintes as rochas, permeabilidade do manto rochoso, posição do nível freático, temperatura da rocha, composição e quantidade de água subterrânea, oxigênio e outras fases no sistema, macro e microflora presentes e solubilidade relativa da rocha exposta. Graças a essa complexidade de fatores que afetam esse processo, os produtos resultantes variam consideravelmente entre lugares não muito distantes. Com a finalidade de estudar o processo mais detalhadamente, é necessário diferenciá-lo em partes: intemperismo físico, intemperismo químico e intemperismo biológico, conforme os agentes de intemperismo. Deve ser ressaltado porém que tanto um quanto outro atuam de maneira simultânea, sendo impossível separá-los como tais na natureza. 4.2 Agentes do intemperismo Como apontamos anteriormente, sob a ação dos agentes físicos, químicos e biológicos as rochas se modificam, se separam e se decompõem, originando o solo. Os agentes do intemperismo podem então ser divididos em três grandes grupos: químicos, físicos e biológicos. 4.2.1 Agentes químicos No intemperismo, por causa dos agentes químicos, ocorre a decomposição dos minerais das rochas a partir da ação das reações químicas. São vários os fatores, e um deles é a ação da água da chuva carregada de elementos atmosféricos, como CO2, que ataca os minerais da rocha em sua superfície exposta e em suas fraturas, provocando o esfacelamento em blocos, pelo aumento de volume da água ao formar o gelo, e os decompõe, dando origem a novos minerais. O intemperismo químico, ou decomposição, atua modificando a composição química da rocha e dos minerais. Levando-se em conta o estudo da formação do solo, o intemperismo químico é de maior importância que a alteração física, uma vez que proporciona ao solo capacidade de nutrir os vegetais. As reações químicas que compreendem a decomposição dos minerais primários das rochas são: oxidação, hidratação, dissolução, hidrólise e acidólise. Oxidação: o termo oxidação significa perder elétrons, ou, ainda, aumento da reatividade, não necessariamente em presença de oxigênio (quando um elemento perde elétrons, o seu estado de oxidação aumenta). Essa reação destrói a estrutura cristalina do mineral. Hidratação: é a incorporação de água à estrutura do mineral, formando um novo mineral. Dissolução: em química, é o ato de misturar um soluto em um solvente. A água é o solvente universal para solutos polares, entretanto, no intemperismo químico, um exemplo é a mistura até que o mineral seja completamente dissolvido por ácidos. Hidrólise: é uma reação de quebra de ligação química de uma molécula com a adição de uma molécula de água. Um exemplo são as rochas constituídas basicamente por silicatos que, ao entrar em contato com a água, sofrem hidrólise, quebra de uma molécula devido à água, resultando em uma solução alcalina (solução capaz de neutralizar ácidos). Acidólise: é uma reação química semelhante à hidrólise, porém um ácido tem a função da água, ou seja, a quebra de uma molécula devido ao ácido. A reação de decomposição de minerais ocorre em ambientes de clima frio, onde a decomposição da matéria orgânica é incompleta, formando ácidos orgânicos que diminuem muito o pH das águas, complexando e solubilizando o ferro (Fe) e o alumínio (Al). 4.2.2 Agentes físicos O intemperismo, devido aos agentes físicos, ocorre principalmente com a variação de temperatura nas rochas; por isso, é mais comum em climas secos, sejam eles quentes ou frios. A rocha se expande quando aquecida e se contrai quando resfriada. Dessa forma, as rochas tendem ase fragmentar pelo enfraquecimento de suas estruturas. Além de tudo, os minerais que compõem as rochas têm diferentes coeficientes de dilatação, ampliando assim a fragmentação das rochas. A cor e a granulometria da rocha influenciam na sua fragmentação. Assim, rochas mais escuras tendem a aquecer com mais facilidade, e as rochas mais grosseiras tendem a se desintegrar mais facilmente do que as de grãos pequenos. Logo, o intemperismo físico, ou desintegração, envolve processos de subdivisão de massa rochosa em unidades menores por meios mecânicos. É a modificação de forma e do tamanho das massas rochosas e dos minerais, sem haver alteração na respectiva composição química. 4.2.3 Agentes biológicos O intemperismo devido aos agentes biológicos é produzido pelas bactérias, resultando na decomposição de materiais orgânicos. Quando ocorre a participação de organismos vivos ou da matéria orgânica proveniente de sua decomposição, o denominamos intemperismo biológico. Se quisermos analisar de forma mais aprofundada, chamaremos de químico-biológico ou de físico- biológico. Por exemplo, a ação de um formigueiro em uma rocha sedimentar (físico-biológico), e a ação de material orgânico decompondo-se e atuando sobre a rocha através do ácido húmico (químico-biológico). É muito comum visualizarmos a ação das raízes das árvores nas vias urbanas, em que as pessoas plantam árvores de grande porte em calçadas estreitas, tendo como resultado a destruição das vias. 4.3 Relação da estrutura mineral com o intemperismo É sabido que a suscetibilidade de um mineral ao intemperismo em igualdade de condições físicas é função de sua estrutura atômica. Assim, os minerais do solo podem ser agrupados em ordem de estabilidade ou de suscetibilidade ao intemperismo. Dessa maneira, propõe-se esse seguir este agrupamento para determinar o grau de intemperismo de um solo, para prever a reserva natural de nutrientes dos solos, obter informações generalizadas a respeito das propriedades do solo (tais como propriedades físicas, em função do tipo de argilominerais), avaliar os efeitos das diversas condições ambientais na formação do solo e prever o efeito e a contribuição dos minerais presentes no material inicial do solo. Como há uma grande diferença na superfície específica e consequente reatividade dos minerais, separam-se as partículas minerais do solo em duas classes de tamanho: a. areia-silte; b. argila. Outros fatores, além do grau de união e o número de tetraedros de alumina, que parecem afetar a estabilidade dos minerais são os seguintes: 1º) A presença de ferro ferroso ou de outros cátions que podem oxidar durante o intemperismo reduz muito a estabilidade estrutural, pois ao oxidar-se algum cátion deve abandonar a estrutura para manter a neutralidade eletrostática do arranjo cristalino. Na realidade, a presença de Fe2+ nos minerais é um dos fatores mais importantes que contribuem para a sua instabilidade diante do intemperismo. 2º) Quanto mais intimamente agrupados os oxigênios ao redor do cátion em posições que não sejam as tetraedrais, isto é, quanto menor o volume ocupado pelos íons, mais estável é o mineral. O contraste de resistência entre a olivina e a zirconita é um exemplo mais surpreendente do efeito de compacto da agrupação, pois a olivina, um dos minerais menos resistentes, tem uma cela unitária com um volume de 291 Å, ao passo que a zirconita, um dos minerais mais resistentes, tem uma cela unitária que contém o mesmo número de oxigênio que a olivina, mas ocupa um volume de somente 231 Å. 3º) O fato de que há espaços vazios em certas partes da estrutura está intimamente relacionado ao compacto de agrupação. Os espaços vazios não somente reduzem as forças eletrostáticas que mantêm a estrutura unida como, também, servem de ponto de entrada e saída ao interior de uma partícula de cristal e, portanto, servem para acelerar as reações. 1. O que é intemperismo? 1. Quais são os agentes do intemperismo? 1. Quais são os fatores de formação do solo? 1. Dê dois exemplos das reações químicas que compreendem a decomposição dos minerais primários das rochas no intemperismo químico. 4 5 - Classificação dos Solos 5.1 Conceito Levando em conta a grande variedade de tipos e comportamentos apresentados pelos solos, e suas diversas aplicações, tornou-se inevitável dividi-los em conjuntos. Esse agrupamento em conjuntos tem como objetivo, do ponto de vista prático, separar a partir de suas características comuns, prevendo um provável comportamento do solo. Entretanto, não existe um consenso sobre um sistema único de classificação de solos definitivo, mesmo sendo imprescindível a existência de uma classificação para que possamos passar o conhecimento e realizar um estudo geotécnico. Assim, as classificações dos solos mais utilizadas são: Classificação segundo sua formação: são divididos em dois grandes grupos de solos de acordo com sua formação. Sistema brasileiro de classificação de solos: divide o solo em 13 ordens. Classificação granulométrica: os solos são agrupados em função das frações preponderantes dos diversos diâmetros de partículas que os compõem. 5.2 Classificação dos solos segundo sua formação Os solos, produto do intemperismo sobre a rocha, cuja transformação se desenvolve ao longo de um tempo, em determinado relevo, clima e bioma, são divididos em dois grandes grupos: os transportados, também conhecidos como sedimentares, e os não transportados, também conhecidos como residuais. Figura 5.1 − Perfil típico de encosta. 5.2.1 Solos sedimentares Os solos sedimentares ou transportados (Figura 5.2) são aqueles que sofrem o intemperismo em um local e depois sofrem a ação transportadora dos agentes geológicos como mar, rio, vento, gelo, gravidade, depositados em forma de sedimentos em distâncias variadas. Na composição desse tipo de solo há grande quantidade de matéria orgânica. Não possui ligação com a rocha original. Em geral, os solos sedimentares são depositados com menor consolidação que os residuais, com maior heterogeneidade e profundidade variável. São menos resistentes, com maior permeabilidade. Figura 5.2 − Solos sedimentares. São solos transportados: Solos de aluvião: depósitos de sedimentos clássicos (areia, cascalho e/ou lama). São transportados e arrastados pela água. Sua constituição depende da velocidade das águas no momento de deposição, sendo encontrado material mais grosseiro próximo às cabeceiras, enquanto o material mais fino (argila) é carregado a maiores distâncias. Esses solos apresentam baixa capacidade de suporte (resistência), elevada compressibilidade, e são suscetíveis à erosão. São fontes de materiais de construção, mas péssimos materiais de fundação. Solos orgânicos: mistura do material transportado, com quantidades variáveis de matéria orgânica decomposta. Formados em áreas de topografia bem caracterizada (bacias e depressões continentais, nas baixadas marginais dos rios e litorâneas). Normalmente são identificados pela cor escura, cheiro forte e granulometria fina. Esse tipo de solo possui alta compressibilidade e baixíssima resistência. Provavelmente esse é pior tipo de solo para os propósitos do engenheiro geotécnico. Solos coluviais (ou depósito de tálus): o transporte se deve exclusivamente à gravidade, e o solo formado possui grande heterogeneidade. São de ocorrência localizada, geralmente ao pé de elevações e encostas, provenientes de antigos escorregamentos. Apresentam boa resistência, porém elevada permeabilidade. Colúvio é um material predominantemente fino, e tálus é predominantemente grosseiro. Solos eólicos: são formados pela ação dos ventos, e os grãos dos solos possuem forma arredondada. É o mais seletivo tipo de transporte de partículas de solo. Não são muito comuns no Brasil, destacando-se somente os depósitos ao longo do litoral. 5.2.2 Solo residual O solo residual é resultado da decomposição da rocha matriz e permanece no mesmo local. De certa forma, guarda a estrutura da rocha matriz da qual se originou. Os solos residuais são solosnão transportados (Figura 5.3). Originados do processo de intemperismo das rochas mães que lhe deram origem, se encontram sobre elas. O solo residual é mais homogêneo, mais resistente e mais impermeável. Figura 5.3 − Solo residual. Para ocorrer o solo residual, é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a velocidade de remoção por agentes externos. Regiões tropicais favorecem a degradação da rocha mais rapidamente. Diante desse contexto, sua ocorrência é comum no Brasil. Solo residual maduro: é um solo mais homogêneo e não apresenta nenhuma relação com a rocha mãe. Solo residual jovem: apresenta boa quantidade de material, pode ser classificado como pedregulho (diâmetros > 4,8 mm). São bastante irregulares quanto a resistência, coloração, permeabilidade e compressibilidade (a intensidade do processo de alteração não é igual em todos os pontos). Solo saprolítico: guarda características da rocha sã e tem basicamente os mesmos minerais, porém sua resistência já se encontra bastante reduzida. Pode ser caracterizado como uma matriz de solo que envolve grandes pedaços de rocha altamente alterada. Apresenta pequena resistência ao manuseio. Solo de alteração de rocha: ainda preserva parte de sua estrutura e de seus minerais, porém com dureza inferior à da rocha matriz, em geral muito fraturada, permitindo grande fluxo de água nas descontinuidades. 5.3 Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) A última versão, 2006, do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos é dividida em 13 ordens de solo. São elas: argissolo, cambissolo, chernossolo, espodossolo, gleissolo, latossolo, luvissolo, neossolo, nitossolo, organossolo, planossolo, plintossolo e vertissolo. Essas classes são divididas em seis níveis categóricos, sendo os quatro primeiros deles (ordem, subordem, grande grupo e subgrupo) os mais desenvolvidos. O quinto e sexto níveis categóricos (família e série) ainda se encontram em desenvolvimento. 5.3.1 Argissolo Solos com B textural, com argila de atividade baixa (1:1). Evolução avançada com atuação incompleta de ferralitização; mobilização de argila da parte mais superficial, com concentração ou acumulação em horizonte superficial. Os argissolos tendem a ocupar o terço inferior das colinas e morros do cerrado. O acúmulo de argila no horizonte Bt reduz muito a permeabilidade dos argissolos. Isso, somado ao fato de o horizonte superficial muitas vezes ser arenoso, faz com que a grande limitação agrícola dos argissolos seja o risco de erosão. Por esse motivo, os argissolos devem preferencialmente ser utilizados com culturas perenes ou pastagens. 5.3.2 Cambissolo Solos pouco desenvolvidos com horizonte B incipiente; pedogênese pouco avançada; ausência ou quase ausência da estrutura da rocha. 5.3.3 Chernossolo Possui, necessariamente, horizonte A chernozêmico (espesso, escuro, rico em matéria orgânica e com alta saturação por bases), e é um dos solos mais ricos do Brasil, com presença de argilominerais 2:1 e de um horizonte rico em matéria orgânica e com alto conteúdo de cálcio e magnésio. Normalmente são pouco coloridos, bem a imperfeitamente drenados, moderadamente ácidos a fortemente alcalinos. Ocorrem principalmente associados a rochas máficas. Ocorrem em maior escala na Bahia. 5.3.4 Espodossolo Grupamento de solos com B espódico em sequência a horizonte E (álbico ou não) ou A. A cor do horizonte A varia de cinzenta até preta, e a do horizonte E, desde cinzenta ou acinzentado-clara até praticamente branca. Processo de podzolização com eluviação de compostos de alumínio com ou sem ferro em presença de húmus ácido e acumulação iluvial desses constituintes amorfos. 5.3.5 Gleissolo Solos com expressiva gleização, com processo de formação do solo característico das condições de excesso de água (hidromorfismo). Hidromorfia expressa por forte gleização, resultante de intensa redução de compostos de ferro, em presença de matéria orgânica, com ou sem alternância de oxidação, por efeito de flutuação de lençol freático, sob condições de excesso de umidade per manente ou periódico, com muita deficiência ou mesmo ausência de oxigênio. Comumente, desenvolvem-se em sedimentos recentes próximos a cursos d’água e em materiais colúvio-aluviais sob condições de hidromorfia, podendo formar-se também em áreas de relevo plano de terraços fluviais, lacustres ou marinhos e em materiais em depressões. Ocorrem sob vegetação higrófila ou higrófila herbácea, arbustiva ou arbórea. A gleização gera cores acinzentadas, azuladas ou esverdeadas devido a compostos ferrosos (redução e solubilização de ferro). 5.3.6 Latossolo Grupamento de solos com B latossólico; evolução muito avançada com expressiva latolização (ferralitização ou laterização); intemperização intensa dos minerais primários e secundários menos resistentes e concentração relativa de argilominerais resistentes e/ou óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, com inexpressiva mobilização ou migração de argila, ferrólise, gleização ou plintitização. Plintitização é processo de formação de plintita ou petroplintita: nódulos e concreções de óxidos de ferro. 5.3.7 Luvissolo Solos minerais, não hidromórficos, têm horizonte B textural ou B nítico, horizonte mineral subsuperficial não hidromórfico com textura argilosa ou muito argilosa, apresentam em sua constituição mineralógica elevados teores minerais primários facilmente decomponíveis, que se tornam fontes de nutrientes para plantas. Têm argila de atividade alta, altos valores para saturação e soma de bases, caracterizando-os como de alta fertilidade natural. Quanto à acidez, têm reação moderadamente ácida a praticamente neutra, ocorrendo também solos com reação moderadamente alcalina. Em geral, são medianamente profundos a rasos (60 a 120 cm). Apresentam sequência de horizonte A, Bt e C e nítida diferenciação entre os horizontes A e Bt, em função do contraste de textura, cor e/ou estrutura entre eles. Em sua área de ocorrência, observa-se a presença de pedregosidade superficial, constituída por calhaus e, às vezes, matacões, caracterizando o que se denomina pavimento desértico. São solos bastante suscetíveis à erosão, com horizonte A fraco ou moderado, ou horizonte E. 5.3.8 Neossolo Grupamento de solos pouco evoluídos, com ausência de horizonte B diagnóstico. Solos em via de formação, seja pela reduzida atuação de processos pedogenéticos ou por características inerentes ao material de origem. 5.3.9 Nitossolo São solos minerais, não hidromórficos, de cor vermelho-escura tendendo a arroxeada. São derivados do intemperismo de rochas básicas e ultrabásicas, ricas em minerais ferromagnesianos. Na sua maioria, são eutróficos, com ocorrência menos frequente de distróficos e raramente álicos. Apresentam horizonte B textural, caracterizado mais pela presença de estrutura em blocos e cerosidade do que por grandes diferenças de textura entre os horizontes A e B. A Cerosidade é o aspecto brilhante e ceroso, que ocorre por vezes na superfície das unidades de estruturas. A textura varia de argilosa a muito argilosa, e são bastante porosos (normalmente a porosidade total é superior a 50%). Uma característica peculiar é que esses solos, como os latossolos roxos, apresentam materiais que são atraídos pelo ímã. Seus teores de ferro (Fe2O3) são elevados (superiores a 15%). Apresentam riscos de erosão se estiverem localizados em relevos ondulados. Compreendem solos de grande importância agrícola; as eutróficas são de elevado potencial produtivo, e as distróficas e álicas respondem bem à aplicação de fertilizantes e corretivos. 5.3.10 Organossolo Grupamento de solos orgânicos, pouco evoluídos, de coloração preta, cinzenta muito escura ou marrom e com elevados teores de carbono orgânico. São solos fortemente ácidos, com baixa saturação em bases. Predomínio de constituintes orgânicos em relação a inorgânicos. Ocorrem em ambientes de drenagem livre ou em condições de saturação com água, permanente ou periódica (mal drenados a muito mal drenados, ou úmidos dealtitude elevada). Difere dos outros por apresentar horizonte turfoso, isto é, teor de carbono orgânico superior a 50% nos primeiros 80% de profundidade. Ocorrem predominantemente em áreas baixas de várzeas, depressões ou locais de surgentes, sob vegetação higrófila campestre ou florestal; ou em áreas saturadas com água por poucos dias no período das chuvas, situadas em regiões de altitude elevada e úmidas. 5.3.11 Planossolo Solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, com horizonte superficial ou subsuperficial eluvial que contrasta com horizonte B com acentuada concentração de argila, permeabilidade lenta ou muito lenta. Diferenciação bastante acentuada entre os horizontes A ou E e o B, possuindo esta estrutura forte em blocos angulares ou prismática ou colunar. Ocorrem preferencialmente em áreas de relevo plano ou suave ondulado, sob condições ambientais e do próprio solo que favorecem vigência periódica anual de excesso de água, ainda que de curta duração, e até mesmo sob condições de clima semiárido. Podem ocorrer ainda em baixadas, várzeas e áreas de depressões. 5.3.12 Plintossolo Solos com expressiva plintitização com ou sem formação de petroplintita; segregação localizada de ferro, como cimentação, com consolidação irreversível sob ação alternada de umedecimento e secagem; neoformações endurecidas de ferro. Solos minerais formados sob condições de restrição à percolação de água, sujeitos ao efeito temporário de excesso de umidade, em geral imperfeitamente ou mal drenados. Predominantemente são solos fortemente ácidos, com saturação de bases baixa. Ocorrem em várzeas, áreas com relevo plano ou suavemente ondulado, podendo ocorrer também em terços inferiores de encostas ou áreas de surgentes, sob oscilação de lençol freático ou alagamento ou encharcamento periódico. 5.3.13 Vertissolo Solos constituídos por horizonte vértico, apresentando fendas profundas na época da seca e expansão quando úmidos. Apresentam superfícies de fricção em função da grande movimentação da massa do solo graças à presença de argilas expansivas. Possuem cores e profundidades variadas, textura argilosa a muito argilosa. Os vertissolos têm grande representatividade no ambiente semiárido do Nordeste brasileiro. Por suas características intrínsecas, destacadamente a presença de argilas expansivas, necessitam de um manejo todo especial. Por serem essencialmente argilosos, esses solos ainda apresentam produtividades razoáveis com irrigação superficial, exemplificada pela irrigação por sulcos. 5.4 Classificação granulométrica Em função dos agentes de intemperismo e transporte vistos, os depósitos de solos podem ser constituídos de partículas dos mais diversos tamanhos. Para discutir o tamanho das partículas, é usual citar a sua dimensão ou fazer uso de nomes conferidos arbitrariamente a certa faixa de variação de tamanhos. Os termos granulometria ou composição granulométrica são empregados quando se faz referência ao conjunto de todas as frações ou partículas do solo, incluindo desde as mais finas de natureza coloidal (argilas), até as mais grosseiras (calhaus e cascalhos). Solos cuja maior porcentagem esteja constituída por partículas visíveis a olho nu (> 0,074 mm ou # 200) são chamados de solos granulares (solos grossos). Os solos grossos (granulares) são subdivididos em pedregulhos e areias. A forma característica do solo de granulação fina (< 0,074 mm) é a laminar, e um exemplo são as argilas (granulação muito fina), que possuem a forma das partículas minerais que mais se aproxima de uma lâmina. Solos de granulação fina são subdivididos em silte e argila. Figura 5.4 − Peneira #200 (diâmetro 0,074 mm). Nesse sentido, existem escalas que apresentam os nomes dos solos juntamente com a dimensão que representam. Como vimos no Capítulo 3, no Brasil, a ABNT NBR 6502/95 normatiza a classificação dos solos de acordo com sua granulometria: file:///C:/Users/gcdcb/AppData/Local/Temp/calibre_g1bv14/nhrxrf_pdf_out/text/part0010.html Classificação Diâmetro dos Grãos Argila Menor que 0,002 mm Silte Entre 0,06 e 0,002 mm Areia Entre 2,0 e 0,06 mm Seixo/pedregulho Maior que 2,0 mm Figura 5.5 − Gráfico de classificação granulométrica. Pedregulhos: são acumulações incoerentes de fragmentos de rocha. Normalmente são encontrados em grandes expansões nas margens dos rios e depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios. Figura 5.6 − Pedregulhos. Areias: têm origem semelhante à dos pedregulhos. As areias são ásperas ao tato e, estando isentas de solos finos, não se contraem ao secar, não apresentam plasticidade e compreendem-se, quase instantaneamente, ao serem carregadas. São formadas principalmente por cristais de quartzo e minerais primários. Figura 5.7 − Areias. Siltes: solos de granulação fina que apresentam pouca ou nenhuma plasticidade. Os siltes não se agregam como as argilas e ao mesmo tempo suas partículas são muito pequenas e leves, por isso, quando secos, podem ser desfeitos com bastante facilidade. O silte é produzido pelo esmigalhamento mecânico das rochas, por isso também é denominado “poeira de pedra”. Figura 5.8 − Siltes. Argilas: de granulação muito fina, apresentam características marcantes de plasticidade e elevada resistência somente quando secas constituem a fração mais ativa dos solos. As argilas, quando secas e desagregadas, dão uma sensação de farinha ao tato, e, quando úmidas, são lisas e muito plásticas. São geralmente menos permeáveis, embora alguns solos brasileiros muito argilosos apresentem grande permeabilidade, graças aos poros de origem biológica. Sua composição é de boa quantidade de óxidos de alumínio (gibbsita) e de ferro (goethita e hematita). Figura 5.9 − Argila. A classificação granulométrica é base para as demais classificações, agrupando os solos segundo os tamanhos predominantes de seus grãos. 5.4.1 Relações entre a composição granulométrica e mineralógica do solo É possível verificar que a mineralogia do solo está diretamente relacionada a sua classificação granulométrica. Os solos com granulometria grossa (pedregulho) têm constituição de minerais primários e fragmentos de rocha. Suas características variam de acordo com a rocha, e são praticamente inertes química e fisicamente. Já a fração arenosa constitui-se fundamentalmente de minerais primários: quartzo, feldspato, agregados de quartzo e argila e agregados de minerais de argila. Suas características são: fraco poder de retenção para a água e substâncias dissolvidas; muito permeável; quase sem plasticidade; solta e incoerente quando seca; quimicamente é relativamente inerte. Os solos com granulometria fina, limosos (silte) têm constituição de minerais primários de reduzida dimensão, material ferruginoso e calcário, agregados de quartzo e argila, agregados de argila e minerais de argila. Suas principais características são: considerável poder de retenção para a água; difícil penetração da água no solo; plasticidade quando úmidos; pouco ou nada pegajosos; relativamente tenazes quando secos; relativamente inertes quimicamente; se ricos em material calcário e/ou ferruginoso, são quimicamente ativos, afetando a reação do solo. Os solos com granulometria fina plásticos (argila) têm constituição mineral de argila e óxidos e hidróxidos de alumínio (Al) e ferro (Fe). Suas principais características são: grande superfície específica; propriedades coloidais; muito ativos quimicamente; retenção de elementos nutritivos; conferem poder de agregação; elevado poder de retenção para a água; muito plásticos e pegajosos quando úmidos; muito tenazes quando secos. A Figura 5.10 traz um resumo das propriedades das classes granulométricas dos constituintes minerais. Figura 5.10 − Propriedades das classes granulométricas dos constituintes minerais. 1. Explique a classificação segundo a formação. 1. Como são classificados os solos de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos? 1. Analisando a curva granulométrica, classifique o solo como granular ou fino. 1. Quaissão as principais características dos solos com granulometria fina plásticos (argila)? 6 - Erosão nos Solos – Causas, Efeitos e Controle 6.1 Conceito Entendemos por erosão o deslocamento de uma massa de solo, ou de rocha, que ocorre geralmente na superfície da crosta terrestre. A forma mais comum de erosão é o deslizamento de encostas de morros, que é bastante noticiado quando em locais habitados. Figura 6.1 − Falésias no litoral. 6.2 Causas das erosões As causas das erosões são bastante variadas. Dividem-se principalmente em naturais e artificiais. As naturais, como o próprio nome indica, são as que acontecem pela ação da natureza, enquanto as artificiais são causadas pela ação do homem. 6.2.1 Causas naturais As causas naturais podem ser físicas, de maior importância e impacto, ou químicas, de menor impacto. Destacam-se entre as principais causas físicas: a água, o vento, as mudanças de temperatura, os vulcões e o sol, e, entre as causas químicas: as reações entre elementos minerais e orgânicos que compõem os solos. Entre as causas físicas, a água é a principal causa da erosão. Ela pode agir silenciosamente, carregando as partículas do solo pouco a pouco, formando sulcos na superfície, por exemplo, ou ruidosamente, penetrando nos solos e fazendo pesar a camada superficial, promovendo o deslizamento de grandes quantidades de maciços (Figura 6.2). Figura 6.2 − Deslizamento de maciço. Bastante comum é a erosão fluvial, que acontece na margem dos rios, com a água carreando as partículas das margens e causando o assoreamento do leito, conforme se vê na Figura 6.3. Figura 6.3 − Erosão fluvial. Em outras situações, principalmente em terrenos de formação arenosa, as erosões ocorrem com o passar de muitos anos, dando origem a vales bastante profundos e extensos, chamados desfiladeiros ou cânions, conforme mostra a Figura 6.4, em que quase não se percebe a causa da formação desses vales. Figura 6.4 − Cânion ou desfiladeiro, em terreno arenoso. O vento também é um importante agente na formação de erosões, que ficam conhecidas como erosões eólicas e que, tal como as erosões pela água, formam grandes cânions. O mais famoso cânion com essa formação fica no estado do Arizona, nos Estados Unidos. Normalmente são terrenos formados por arenitos, material esse mais “desgastável” pelo vento, permitindo que este carreie suas partículas, moldando desenhos às vezes bastante curiosos, como o da Figura 6.7. Figura 6.7 − Cânion formado por erosão eólica. Ainda no estudo do vento como agente na formação de erosões, temos a formação das dunas, que ocorrem com mais frequência nos litorais, onde o vento transporta a areia solta que constitui o solo desses locais. Não raro a paisagem desses locais muda dia após dia, dificultando até pequenas construções que o homem venha a fazer quando quer se instalar nesses lugares (Figura 6.8). Figura 6.8 − Cerca quase soterrada pelo movimento das dunas. As mudanças de temperatura, principalmente quando bruscas, provocam erosões, por exemplo, quando congelam a água contida nas camadas da superfície dos solos, provocando fissuras e rachaduras, fazendo com que o solo perca coesão e se desmonte. Os vulcões também são causadores naturais de erosões. Ao entrar em erupção, o vulcão carreia grande quantidade de solo e rochas, alterando a estrutura da superfície, além de alterar também sua estrutura química, com a composição da lava, que também provoca erosões (Figura 6.10). Figura 6.10 − Vista da lava extinta na mancha escura. O sol, em escala bem menor que a água e o vento, contribui para as causas de erosões naturais na medida em que seu trabalho de aquecimento modifica a estrutura dos maciços, fazendo com que percam água de constituição e consequentemente a coesão interna, deixando que a água das chuvas penetre o solo, encharcando-o, aumentando seu peso e fazendo com que ele deslize, quando em local de topografia favorável para que tal aconteça. Também, é atividade solar quando o superaquecimento provoca incêndios, queimando a vegetação que absorve naturalmente a água. Ocorre também mesmo processo de absorção de água citado no parágrafo anterior, fazendo com que o solo encharcado deslize, causando as erosões (Figura 6.11). Figura 6.11 − Mata queimada por combustão espontânea. 6.2.2 Causas artificiais Aqui a atuação do homem tem grande participação. Essa participação ocorre das mais variadas formas: desmatamento, mineração, estradas, hidrelétricas, agricultura, aterros sanitários, construções em áreas não edificantes, entre várias outras ações. O desmatamento provoca a erosão ao retirar a cobertura vegetal do solo, que então deixa de absorver a água pelas raízes das árvores e plantas. Essa água é que irá se infiltrar e destruir sua estrutura de sustentação (Figura 6.12). Figura 6.12 − Desmatamento com retirada da cobertura vegetal. A mineração também é uma causa de grande impacto no aparecimento das erosões, pois na maioria das vezes ela se faz de forma desordenada, trazendo a instabilidade ao maciço escavado, ou desassoreando em demasia o leito de um rio para a obtenção de areia e cascalho (Figura 6.13). Figura 6.13 − Escavação de mina de pedra – pedreira − para uso em construção. A construção de estradas, sejam rodovias ou ferrovias, também é um fator de desestabilização dos maciços, razão pela qual é preciso bastante cuidado em seu planejamento e construção (Figura 6.14). Figura 6.14 − Trecho de estrada construído sem preocupação com a estabilidade do aterro. A agricultura, principalmente a extensiva, com o emprego de irrigação artificial, provoca erosões de baixo impacto visual, quando o movimento da água causa o carreamento das partículas de solo (Figura 6.15). Figura 6.15 − Plantação de hortaliças com irrigação artificial em agricultura extensiva. Um problema bastante difícil de combater também é a formação de voçorocas, que ocorrem normalmente onde se propicia a passagem da água das chuvas com mais facilidade, como nos vales naturais em que a cobertura vegetal original foi retirada (Figura 6.16). Figura 6.16 − Voçoroca em terreno em que foi retirada a cobertura original. 6.3 Efeitos das erosões Os principais efeitos são os causados ao homem, às vezes diretamente, como nos deslizamentos que provocam soterramentos com mortes, ou indiretamente, como no caso do bloqueio de estradas, com prejuízos econômicos (Figuras 6.17 e 6.18). Figura 6.17 − Deslizamento de encosta com construção indevida. Figura 6.18 − Deslizamento com rochas bloqueando a rodovia. Os aterros sanitários, produzidos como solução para “esconder o lixo” advindo dos aglomerados humanos ocorridos pelo aumento rápido da população, são atualmente um grande desafio, pois após sua construção eles se transformam em áreas de risco, tanto no subsolo quanto no solo. Um grande perigo ocorre no nível do solo, pois são potenciais áreas de invasão para a construção de moradias. Essas construções causam um aumento do peso na superfície, e, como o maciço de lixo não tem estrutura de suporte, ocorrem as erosões, nesse caso especificamente bastante danosas, pois causam a morte de muitos dos moradores que ali se estabeleceram. No caso da agricultura, o efeito provocado pela erosão, é a perda da qualidade do solo, que não consegue reter seus nutrientes. 6.4 Controle das erosões O controle das erosões só é possível com a abordagem correta do uso dos solos e das rochas. Isso equivale a dizer que toda vez que necessitar alterar um processo natural o homem precisa fazer um estudo de viabilização de como trabalhar esses elementos, ou seja, uma vez que a “agressão à natureza” é inevitável, dadas as diversas necessidades como moradia, transporte, energia, entre outras, o homem precisa planejar corretamente para que não cause danos à natureza e nem sofra as consequências. Exemplos desse cuidado são, na construção de estradas, obras de drenagem desde o fundo das cavas onde deverão ocorrer os aterros, e, na contenção de encostas, a construção de estruturas de suporte, como
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