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HISTÓRIA DO DIREITO E ANTROPOLOGIA JURÍDICA

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HISTÓRIA DO DIREITO E ANTROPOLOGIA JURÍDICA				2020/1
	
DICAS DE OURO:
· Respeitar minhas leis, observar as políticas dos meus relacionamentos e, por fim, ter moral;
· Devo fazer o que está ao meu alcance e somente me preocupar em fazer isso bem, sem perder tempo me preocupando com coisas que não estão ao meu alcance;
· Para mim conquistar virtudes eu preciso de esforço, e só assim eu serei justa;
· Não têm como entendermos o direito sem antes entendermos a sociedade, pois o direito é exercido de maneiras diferentes em cada sociedade;
· Dividimos os códigos em: artigos (do primeiro ao nono de forma ordinal, a partir do dez falamos de forma cardinal), incisos (a mesma coisa, mas em números romanos), parágrafos (eles possuem um sinal de cobrinha / um S na bunda de outro S – números normais) alíneas (letras depois do parágrafo – letras entre aspas) e parágrafo único (caput – cabeça, em latim – no parágrafo único nós falamos só parágrafo único mesmo), respectivamente;
· Roma nasce no ano do episódio piloto de Vikings;
· Geralmente nas sociedades, o poder fica concentrado na mão de quem começou essa sociedade;
QUOTES:
· “O homem é a medida do próprio homem” temos naturezas diferentes;
· “A maior luta do ser humano é por pertencimento”;
· “Quanto mais podre uma sociedade for, mais leis de convivência ela precisará”;
· “O poder é uma ferramenta utilizada para a dominação”;
· “O estudo do Direito Romano é muito importante para a formação teórica prática do jurista brasileiro”;
· “A sociedade é composta de pessoas, e estas estabelecem relações recíprocas que são amparadas pelo Direito”;
DICIONÁRIO:
· Jurisdição = o direito que o Estado diz para a sociedade;
· res = em latim, coisas materiais e imateriais;
· Processo civil = noção de que os particulares não podem fazer justiça com as próprias mãos. Desde que isso foi compreendido como necessário (na Roma antiga), um órgão e determinadas leis foram criadas para que houvesse maior justiça na sociedade. Quem pode fazer justiça é o Estado, a esfera pública;
· Respública = coisa pública;
GRÉCIA ANTIGA
O território da Grécia é composto por ilhas, e o isolamento de cada uma delas foi o que tornou possível a formação das pólis. Essa experiência política que foi a pólis grega é um marco revolucionário na história, pois a partir disso que noções nunca antes vista sobre Direito, poder, política, cidadania foram criadas.
Naquela época, só quem nascia na cidade e tinha parentes morando lá era considerado cidadão, que tinha direitos, ou seja, os direitos ficavam restritos a um pequeno grupo de pessoas.
Na Grécia antiga o direito era consuetudinário, ou seja, ele era oral. Na maioria das vezes, o direito consuetudinário é privado (quando só vale para determinadas pessoas). Para ele funcionar, duas coisas eram necessárias: a habitualidade (um costume) e o fator psicológico (quando as pessoas se sentem mal por não praticar determinados costume).
Posteriormente os romanos copiaram praticamente toda a cultura e religião grega, pois eles conquistaram o território grego.
Os gregos correlacionavam a moral com o dever.
Linkar com conteúdos como: teoria das ideias de Platão, Sócrates, Aristóteles e a justa medida, os filósofos da natureza, sofistas, etc.
ROMA ANTIGA
Chamamos o primeiro período da história romana de realeza, não de monarquia. Pois na realeza o poder passa de um rei para outra pessoa que se mostre capaz de se tornar rei. Já em uma monarquia, o poder passa de pai para filho.
Os descendentes diretos do pater de Roma (Rômulo) eram chamados de patrícios, eles ajudavam o rei a tomar decisões. Lá por 409 d. C os patrícios decidiram que: “não pode o poder ficar concentrado na mão de uma única pessoa, o poder é uma coisa pública” surge aí a Respública = coisa pública.
Chegou um momento em Roma que existiam escravos públicos, eles ficavam em praça pública e estavam à disposição dos patrícios.
Na república romana quem governava eram os patrícios, eles possuíam cargos dentro do Senado chamados de Magristraturas. Eles faziam leis para os patrícios, mesmo a maioria da população sendo plebeus.
Quando Júlio Cézar morre, o Senado entra em crise. E aí se inicia um novo período na história: surge então o Império Romano. 
O auge do império foi no seu começo, chamado de Alto Império. Isso só se deu porque, ao mesmo tempo, a República ainda existia.
Durante o império, o Senado tinha o poder enfraquecido.
Chega um ponto que um imperador tem 2 filhos e divide o império em 2: ocidental, que tinha como capital Roma e oriental, que tinha como capital Constantinopla.
Em 463 d. C o império romano oriental chega ao fim. O ocidental durou mais 1000 anos (esse período chamamos de Idade Média) e chega ao fim em 1463 d. C
O Cristianismo não foi só um movimento religioso, mas também político e social. Ele trazia a ideia de que o imperador não era um enviado de Deus, de que havia só um Deus, que a religião era uma coisa e que a política era outra, que os deuses gregos não poderiam mais ser adorados, etc.
Quando o império romano acabou, os resquícios de seu direito permaneceram em Portugal, depois disso Portugal veio para o Brasil, sendo assim nós temos um direito português e romano.
O Direito romano exerce uma enorme influência no Direito brasileiro, principalmente no campo do Direito Civil, do Processo Civil e do Direito Penal.
O termo “persona” era utilizado pelos romanos para conceituar pessoas, independente desta ter personalidade jurídica, ou não. Atualmente nós temos pessoas físicas e jurídicas e todas as pessoas possuem personalidade civil. Já na Roma antiga, só os privilegiados possuíam personalidade civil;
Os romanos dividiam seus bens em duas categorias: in patrimonium (coisas materiais) e extra patrimonium (coisas imateriais, ex: os direitos humanos). Ainda existia as categorias res mmobile (coisas que podem se deslocar sem perda ou deterioração de sua essência) e a res immobiles (as que não podem ser deslocadas);
O direito civil romano tinha como característica a individualidade;
IGREJA CATÓLICA POSTÓLICA ROMANA
	Foi fundada pelo imperador Constantino, bem ao estilo romano = politeísta. Porém essa característica fica disfarçada, pois dão o nome de santos para os diversos deuses em que já acreditavam e mudam os nomes deles.
	Pari passu, na parte ocidental do Império a Idade Média começava. E ali a Igreja Católica também dominava.
Os diversos povos que fundaram Roma (que agora não existia mais) perpetuam o movimento Feudalista pela (agora chamada de) Europa. Esse movimento era rural, lutava por terras e por sobrevivência.
Como sabemos, na época de Roma, quem possuía terras possuía uma GRANDEEE extensão de terra, mas agora os tempos são outros, e esse território vai ser cada vez mais divididos entre pessoas, assim formando uma colcha de retalhos.
O movimento Feudalista, assim como a Igreja, possuía muito poder e influência. Não era um movimento propriamente anti-Igreja, mas a Igreja condenava esse movimento. Sabe por quê? Pois a dona Igreja queria cada vez mais adeptos ao catolicismo, porque quem era católico pagava impostos, assim mais dinheiro entrava no caixa da dona Igreja. Além disso, a Igreja também possuía um movimento para conquistar terras, e este foi muito bem-sucedido, tanto é que a Igreja se tornou o maior senhor feudal de toda Europa.
CURIOSIDADE: Quando alguém ficava doente na Idade Média, a família tinha de chamar um padre para rezar pelo doente, isso era cobrado, obviamente. Se não chamassem a Igreja e dessem um chá para o doente, por exemplo, e a Igreja descobrisse, quem deu o chá era considerado herege e ia para o foguinho.
TEORIA DE PESOS E CONTRA PESOS:
Correlacionado com os 3 poderes que existem no Brasil e em diversos outros Estados.
SISTEMA COMMON LAW X CIVIL LAW:
	O Direito surgiu da necessidade de haver regimentos sociais nos primeiros agrupamentos humanos. Desde então, vem se aprimorando cada vez mais. As sociedades vêm moldando o direito de acordo com suas necessidades, e é isto que traz a característica de adaptável ao Direito.
	Existem dois sistemas jurídicos,são eles:
Common Law:
	Também chamado de Direito Comum, esse sistema é baseado em costumes, precedentes e no Direito Costumeiro. Isso quer dizer que não existem códigos nesse sistema, apenas jurisprudências para guiar a tomada de decisões dos juízes.
	As jurisprudências formam os precedentes, ou seja, da próxima vez que uma situação semelhante acontecer, o juiz já vai ter um precedente para se BASEAR na sua tomada de decisão. Isso não quer dizer que o juiz é obrigado a decidir da mesma forma. Outro fato interessante é que os juízes devem tomar suas decisões já em mente que ela pode ser usada em casos futuros, ou seja, ela vai criar um precedente.
	Os países que adotam esse sistema também possuem leis, mas os casos são julgados de acordo com precedentes. A jurisprudência possui maior peso do que a lei, diferentemente do sistema Civil Law. O Direito nesse sistema é não escrito, ou parcialmente escrito. 
Ele se desenvolveu na Inglaterra entre os séculos XII e XIII. Atualmente, é adotado em países que possuem a língua inglesa. As decisões judiciais, portanto, são para tais países que adotam a Common Law, fontes imediatas do direito
Direito romano clássico / Direito anglo-saxão = Common Law;
Civil Law: 
É o sistema adotado pelo Brasil, ele é totalmente baseado em normas positivadas, ou seja, escritas; em códigos; na constituição; em documentos, etc.
Os países que adotam esse sistema possuem todo seu ordenamento jurídico codificado, escrito em códigos. Por exemplo, no Brasil existe o Código Civil, o Código Penal, etc.
Nestes códigos estão especificadas as formas que os juristas devem agir e as decisões que devem tomar diante de inúmeras situações da vida. Por exemplo, se um sujeito comete um crime ele receberá um castigo já previsto em lei.
Esse sistema jurídico surge na Europa Ocidental no século XIII, após as universidades de Direito sentirem uma necessidade de retomarem seus estudos sobre o Direito Romano. Uma das características primordiais desse sistema é a positivação dos direitos. Por isso foi muito utilizado após a Revolução Francesa, pois sob influência deste grande marco histórico, o Direito era entendido como a expressão da vontade do povo, e para garantir seus direitos, o povo começou a entender que o melhor seria escrevê-los. Linkar com a Revolução dos Bichos, quando Napoleão e sua trupe apagavam as normas já escritas e as alteravam.
Direito Justiniano = Civil Law;
AULA DO DIA 17/04:
1. Outros povos já haviam pisado no BR antes dos portugueses
Os espanhóis já haviam chega na América e haviam explorado, levado riquezas. Os portugueses vieram para cá para EXPLORAR, principalmente nos primeiros 32 anos.
Ate os anos 70 / 80 nós não tínhamos historia do brasil escrita. Foi na ditadura militar que a historia brasileira começou a ser escrita, pois o estado regulava tudo. Por isso, as conquistas dos negros, dos indígenas foram escondidas. Na verdade, o que existia eram contadores de historia, não historiadores.
2. Eles tinham rota traçada para o BR, não foi um erro de calculo
3. Chegaram 100 portugueses e haviam 1 milhao de índios.
Os índios possuíam uma organização social, um senso de justiça e uma organização disso.
CONSTITUIÇÕES DO BRASIL
Entende-se por Constituição – ou Carta Magna – o conjunto de princípios fundamentais que regem todas as leis do país.
Na história das constituições brasileiras, houve uma alternância entre regimes mais fechados e mais democráticos. O caráter dos governos teve uma repercussão na aprovação das Cartas, que foram ora impostas, ora aprovadas por Assembleias Constituintes.
	Constituição
	Legitimidade
	Período
	1824
	Imposta por Dom Pedro, Imperador
	Império
	1891
	Aprovada por Assembleia Constituinte
	República Velha
	1934
	Aprovada por Assembleia Constituinte
	Era Vargas
	1937
	Imposta por Getúlio Vargas, ditador
	Era Vargas
	1946
	Aprovada por Assembleia Constituinte
	Democracia Populista
	1967
	Aprovada no Congresso por exigência do Regime
	Regime Militar
	1988
	Aprovada por Assembleia Constituinte
	República Contemporânea
CONSTITUIÇÃO DE 1824:
Foi feita logo após a declaração da independência do Brasil, realizada por Dom Pedro I. Além de a independência do Brasil ter sido realizada por interesses políticos o Brasil também se tornou uma monarquia, posicionamento político e governamental bem distinto dos demais países que estavam tendo suas independências no mesmo período, pois estes estavam se tornando repúblicas. 
O Imperador Dom Pedro I era um líder autoritário, sendo assim nossa primeira constituição foi conservadora em seu conteúdo e autocrática em seu funcionamento.
OBS: autocrática = que se caracteriza pelo autoritarismo; tirânico.
	Nossa primeira Assembleia Constituinte foi realizada em 1823 e a constituição que ela deu origem foi apelidada de Constituição da Mandioca, pois apenas grandes latifundiários possuíam direito ao voto. Não bastando isso, era necessário ser produtor de mandioca, pois apenas quem possuísse 150 alqueires de plantação de mandioca poderia votar.
	É importante ressaltar que naquela época o Brasil era um país totalmente agrário, sendo assim a elite brasileira era composta de latifundiários. Já existiam comerciantes bem-sucedidos, mas estes não eram vistos com bons olhos pelos latifundiários nem pelo governo. Nem preciso comentar sobre a obvia exclusão dos pobres e escravos. Deste modo podemos perceber que a imposição dos 150 alqueires de plantação de mandioca foi uma estratégia muito bem pensada, pois assim as classes sociais que não interessavam à elite não participariam das eleições de nenhuma forma.
	Entretanto, em 12 de novembro de 1823, na também conhecida como Noite da Agonia, Dom Pedro I deu um golpe de Estado dissolvendo a Constituição da Mandioca, pois esta dava limites ao seu poder fazendo com que ele, o grande Imperador, ficasse submetido ao Parlamento.
	Meses depois ele outorgou a Constituição de 1824 que lhe concedia poderes ilimitados via Poder Moderador. Uma curiosidade sobre esta constituição é que ela durou por mais 60 anos, sendo a de maior duração até os dias de hoje.
OBS 2: constituição outorgada = sem participação do povo, mesmo que indiretamente.
A Constituição de 1824 estabelecia, principalmente:
· Monarquia constitucional e hereditária;
· Voto censitário (para ser eleitor era necessário ter uma determinada renda mínima) e descoberto, ou seja, não secreto;
· União entre a Igreja e Estado, sendo a católica sua religião oficial;
· Quatro poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário e Moderador.
O Poder Moderador era exercido pela pessoa do Imperador e possuía encargos como: fechar a Câmara e o Senado se achasse necessário; se houvesse um conflito entre os outros poderes, ele que decidiria qual deles tinha razão; nomear senadores. Vale lembrar que o Imperador exercia dois poderes nesta Constituição: o Moderador e o Executivo.
Além disso, a primeira constituição brasileira proibia o voto de mulheres, escravos, criados e qualquer pessoa que possuísse renda anual inferior a 100 mil-réis. O autor Laurentino Gomes, em seu livro 1808, realiza a conversão aproximada dessa quantia para o Real e estabelece que 100 mil-réis equivaliam a cerca de R$ 12.300.
Como a Constituição determinava que o Estado era oficialmente católico, a construção de templos identificáveis de outras religiões era expressamente proibida. Os cultos não católicos deveriam ser realizados apenas em ambiente doméstico, sem serem vistos abertamente pela sociedade.
CONSTITUIÇÃO DE 1891
	Após o Brasil se tornar independente em 1822, se sucederam os períodos denominados Primeiro e Segundo Reinado. O Primeiro Reinado foi aquele protagonizado por Dom Pedro I, sendo ele mesmo quem declarou a independência e instituiu a monarquia, assim se tornando o imperador. Foi neste período também que a primeira constituição brasileira foi promulgada, a Constituição da Mandioca, depois veio a Constituição de 1824 em que havia o Poder Moderador.
	Já o Segundo Reinado foi marcado pelo golpe da maioridade que Dom Pedro II deu para poder assumir o governo, em 1840. Em1889 Dom Pedro II proclamou a República brasileira. 
Nos 30 primeiros anos do Segundo Reinado houve uma estabilidade política no país. Entretanto, a partir de 1870 alguns setores sociais começam a ficar descontentes com a monarquia e a fazer pressão para o fim do Império. Esses grupos sociais eram os militares que lutaram na Guerra do Paraguai e ficaram tristes pois não tiveram o reconhecimento que queriam; a elite agrária, composta principalmente pelos cafeicultores paulistas, que desejavam mais autonomia na política, coisa que eles nunca iriam conseguir com a monarquia, por isso eles defendiam muito a imposição da República; a igreja católica; os fazendeiros escravocratas que ficaram muito bravos com a abolição da escravidão em 13/05/1888. Deste modo, o Império perdeu as pernas.
Em novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca aceitou liderar o movimento que derrubaria o Império, sem nenhuma participação popular. 
Surge então o período que chamamos de República Velha (1889 – 1930). Assim que surgiu a República, foi preciso elaborar uma nova Constituição. A nova Carta Magna foi promulgada em 1891 e era inspirada no modelo norte-americano.
Principais características da nova constituição:
· República federativa liberal, com sistema presidencialista de governo;
· Três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo que o Poder Moderador foi extinto;
· Fim do voto censitário ou por renda: seriam eleitores todos os cidadãos. Por outro lado, analfabetos, mendigos, soldados e membros de ordens religiosas não eram considerados eleitores e eram impedidos de votar;
· Separação entre Estado e Igreja;
· Autonomia dos estados, conforme almejava a elite agrária ao apoiar o republicanismo.
Não havia nenhuma referência sobre o voto feminino nesta constituição, então foi considerado que mulheres não poderiam votar. não havia nem menção sobre o sufrágio feminino, pois já era subtendido que isso não era cabível.
Na República Velha, o voto era descoberto, ou seja, não secreto. Essa situação acabou favorecendo o chamado “voto de cabresto”, ou seja, os coronéis ameaçavam a população, que era inteiramente rural naquela época, para que votassem no candidato de interesse dos coronéis. Os coronéis eram personalidades muito influentes no meio agrário e que normalmente estavam ligadas ao governo, se assemelham com os prefeitos de hoje em dia. Essa influência passou a ser denominada, mais tarde, de coronelismo.
CONSTITUIÇÃO DE 1934
Os trinta primeiros anos do século XX foi um período de fortalecimento de setores sociais e políticos que foram determinantes para o enfraquecimento da Primeira República no Brasil – os militares, os grandes latifundiários e principalmente os produtores de café em SP e os produtores de leite em MG. Importante lembrar que uma das principais características da República Velha eram as oligarquias.
Mais uma vez certos grupos sociais estavam descontentes com o governo da época – nesse período houve uma ampliação da indústria brasileira e, consequentemente, dos operários. Estes estavam muito descontentes com as péssimas condições de trabalho e por vezes fizeram greves. Os jovens militares de baixa patente estavam igualmente descontentes com a situação política do país e organizaram o movimento tenentista que teve como protagonista Luís Carlos Prestes, líder da Coluna Prestes. Havia também as oligarquias dissidentes. Essa expressão engloba latifundiários, geralmente exportadores de produtos secundários para a economia, que, apesar de ocuparem o poder em seus estados, não se sentiam representados por um sistema político preocupado em proteger, acima de tudo, o café. Assim, essas oligarquias passaram a reclamar do predomínio absoluto exercido por São Paulo e Minas Gerais na esfera federal e acabaram se aliando ao tenentismo e outros grupos sociais para fazer oposição ao governo.
Nas eleições para presidente de 1930, as oligarquias dissidentes apresentaram uma chapa de oposição ao candidato paulista, Júlio Prestes. O nome dessa chapa era Aliança Liberal, composta por integrantes mineiros, gaúchos e paraibanos. Seu candidato à presidência foi o governador do Rio Grande do Sul Getúlio Vargas. Suas propostas eram basicamente a anistia aos exilados, o voto secreto e as reformas sociais, de modo que conquistou o apoio dos grupos de oposição já apresentados anteriormente. Mesmo assim, nas eleições, Júlio Prestes saiu vitorioso.
Com a derrota nas eleições, as oligarquias dissidentes e os outros grupos passaram a cogitar uma revolta armada, que se concretizou após o assassinato de João Pessoa, político paraibano da Aliança Liberal. Embora esse assassinato tenha ocorrido por motivos de ordem pessoal, a culpa foi atribuída ao governo. Iniciou-se uma revolução em vários estados do Brasil e, em apenas um mês de luta, o então presidente Washington Luís foi deposto. Getúlio Vargas assumiu o comando do Governo Provisório (1930-1934). Encerrava-se, assim, a República Velha e começava o período da História brasileira denominado Era Vargas (1930-1945).
A elite paulista, a principal beneficiada pela “máquina” da República Velha, foi também a mais prejudicada pela vitória da Revolução de 1930. Vargas, ao assumir o poder, depôs os governadores estaduais da época e passou a nomear interventores à sua maneira, de modo a eliminar o coronelismo. Assim, poucos meses depois da revolução, os paulistas organizaram uma revolta que buscava derrubar Vargas e seus aliados do poder. Era a chamada revolução constitucionalista, para os paulistas, ou a contrarrevolução, para os getulistas, movimento que recebeu apoio da oligarquia cafeeira.
Mesmo Vargas já estando na presidência ele ainda não havia promulgado uma nova Constituição. Então, em 1934, após muitas reinvindicações dos paulistas, uma nova constituição foi criada. A Assembleia Constituinte foi composta por diversas categorias sociais, o que fez da Constituição de 1934 a mais democrática que o Brasil já tivera em sua história até aquele momento.
Principais características da nova constituição:
· Voto secreto;
· Voto feminino;
· Legislação trabalhista (previdência social, jornada de trabalho de 8 horas diárias, salário mínimo, férias, etc.);
· Autonomia dos sindicatos (na prática, porém, havia corporativismo e cooptação de sindicatos e suas lideranças);
· Medidas nacionalistas defendendo as riquezas naturais do país;
· Criação da Justiça Eleitoral;
· Obrigação de as empresas manterem, no mínimo, dois terços de empregados brasileiros.
CONSTITUIÇÃO DE 1937 – a polaca
	A constituição de 1934 durou apenas 3 anos, sendo a constituição de menor tempo em vigor no Brasil até hoje.
	Uma nova constituição foi outorgada por Vargas em um intervalo de tempo tão curto pois ele deu um golpe de Estado. Com esta nova constituição, que foi apelidada de polaca, pois era inspirada na Carta Magna polonesa semifascista, o Poder Executivo possuía poderes absolutos LEGITIMADAMENTE, ao passo que, frequentemente, direitos humanos eram violados através da Polícia Especial. Assim se iniciava o Estado Novo.
	Vargas deu um golpe pois estava com medo de sofrer um golpe das classes sociais mais baixas.
Principais tópicos da nova constituição:
· Fechamento do Poder Legislativo nos três níveis (Congresso Nacional, Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais);
· Poder Judiciário subordinado ao Executivo;
· Total liberdade de ação à Polícia Especial;
· Propaganda a favor do governo no rádio mediadas pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda);
· Eliminação do direito de greve;
· Reintrodução da pena de morte;
· Estados seriam governados por interventores nomeados por Vargas.
Nota-se, assim, que a Constituição de 1937 dava respaldo legal para o regime autoritário do Estado Novo e era um retrocesso, se comparada à anterior, em termos de democracia e direitos humanos. Vale lembrar que os crimes e as perseguições a quem se opôs a essa forma de governo continuaram até o fim do regime e, quando este chegou ao fim, as atrocidades cometidas ficaram impunes.
CONSTITUIÇÃO DE 1946
O governo Vargas foi combater o nazifascismona Europa, ao mesmo tempo que era um regime nazifascista. Isso gerou revoltas. Vargas cedeu e convocou eleições diretas para 1945. Antes disso, foi tirado do poder pelo general Gaspar Dutra, que assumiu a presidência.
Com a mudança do regime ditadura para democracia e com o surgimento de novos partidos políticos se fez necessário haver uma nova constituição.
em 1946, a Assembleia Constituinte aprovou a nova Carta Magna brasileira. Os aspectos da Constituição de 1946 se assemelhavam aos das Cartas Magnas de 1891 e 1934, e incluíam:
· Poder Executivo exercido pelo Presidente da República, eleito pelo povo para um mandato de cinco anos;
· Poder Legislativo constituído pelo Senado Federal e Câmara dos Deputados. Tanto os senadores quanto os deputados eram eleitos pelo povo; os primeiros, na quantia de três por estado, e os segundos, de forma proporcional à população de cada estado;
· Poder Judiciário formado por tribunais federais de cada estado e pelo Supremo Tribunal Federal;
· Autonomia política e administrativa para os estados.
O fato desse curto período democrático ter desmoronado apenas 19 anos mais tarde nos mostra que a nova democracia liberal brasileira apresentava falhas e não possuía bases sólidas que a fizessem mais permanente. Nesse sentido, é importante notar que o candidato à presidência eleito em 1945, o general conservador (PSD) Gaspar Dutra, que veio a assumir a presidência em 1946, havia sugerido, no contexto da Segunda Guerra, que entrássemos no conflito ao lado dos nazistas. Ele também esteve envolvido na montagem do Estado Novo. Por isso, pode-se observar que essa liberalização política do Brasil foi chefiada pelos elementos mais conservadores que haviam apoiado a ditadura varguista, o que revela uma possível contradição.
CONSTITUIÇÃO DE 1967
	O General Gaspar Dutra ficou no poder de 1946 a 1951, ele teve um governo conservador caracterizado pela ampla vigilância sobre os sindicatos, pela repressão aos protestos e por manter o salário mínimo muito baixo. 
	Quem assumiu a presidência em seguida foi Getúlio Vargas, sim, ele de novo agora do lado dos progressistas! Ele tinha o apoio da população que já estava cansada da política elitista de Dutra. – as nuanças políticas da sociedade ao longo do tempo.
	O presidente Vargas era progressista, mas a maioria do seu governo era conservador. Isso gerou muitos impasses entre estes dois grupos, em uma dessas, os militares deixaram de apoiar Vargas.
Entretanto, a retaliação conservadora não demorou para chegar: a grande imprensa, o capital estrangeiro, a burguesia nacional, militares e a UDN se uniram em uma dura ofensiva contra o governo Vargas, sob a liderança do jornalista Carlos Lacerda. Essa campanha tinha por objetivo implantar, já em 1954, um regime militar, fato que Getúlio adiou por dez anos através de seu suicídio.
A notícia de sua morte e a publicação de sua carta-testamento abalaram o país: multidões saíram às ruas nas principais capitais. Amedrontados com essa reação, os conservadores recuaram em seu plano de instalar uma ditadura militar. Assim, concordaram com a posse do vice-presidente Café Filho. Foi assim que a tentativa de golpe fracassou.
Após Café Filho veio JK que instaurou uma crise econômica no país. Em seguida, Jânio Quadros, que enganou a elite e, após perder o apoio, renunciou. O vice Jango então assumiu em 1961 e em 1964 sofreu o golpe. Importante lembrar que Jango tinha planos de fazer diversas reformas de base no país, como a reforma agrária e tributária, por exemplo.
Com Jango removido do poder, o marechal Castelo Branco assumiu a presidência pouco tempo depois.
Logo após os militares tomarem o poder, a Constituição de 1946 começou a ser invalidada pouco a pouco, através dos Atos Institucionais (AIs), decretos autoritários que davam ao presidente poderes praticamente absolutos, apesar de haver uma Constituição em vigor.
· AI-1: decretado poucos dias após o golpe e redigido pelo autor da Constituição Polaca de 1937, dava ao Executivo poderes para cassar mandatos parlamentares e suspendia os direitos políticos dos cidadãos por 10 anos, principalmente.
· AI-2: também de 1964, decretou o fim dos partidos políticos e decretou que os crimes contra a segurança nacional seriam julgados por tribunais militares.
· AI-3: de 1966, eliminou as eleições diretas para governador.
· AI-4: determinou as regras para que fosse aprovada a Constituição de 1967, projeto dos militares que fortalecia tremendamente o Poder Executivo e que foi aprovada sem discussões.
· AI-5: o mais violento e duradouro de todos os atos baixados pela ditadura, suspendia o habeas corpus, dava ao presidente poderes para fechar o Congresso Nacional por tempo ilimitado e de suspender os direitos políticos de qualquer cidadão. Qualquer pessoa atingida pelos efeitos do AI-5 estava proibida de reclamar na Justiça.
CONSTITUIÇÃO DE 1988 – Constituição Cidadã
O Regime Militar pode ser didaticamente dividido em 2 fases: a de expansão do autoritarismo (1964-1974) e a de abertura política (1974-1985). A abertura política não buscava trazer de volta a Democracia para nosso país, mas sim manter a ditadura por mais tempo. Essa medida foi tomada pelo general Geisel, o então presidente, como forma de contentar minimamente o povo que estava cansada das privações políticas e da crise econômica.
Desse modo, a repressão policial aos poucos diminuiu, os atos institucionais foram suspensos, o movimento estudantil se reorganizou, o sistema eleitoral foi democratizado, a imprensa se libertou da censura, os exilados e presos políticos foram anistiados (perdoados) e permitiu-se a formação de novos partidos políticos.
Em 1985 tivemos eleições indiretas, mesmo com os muitos protestos por eleições diretas. 
Em 1986, durante a presidência de Sarney, houve eleições para o Congresso Nacional (deputados e senadores). Os 559 eleitos formaram a Assembleia Constituinte, que elaborou a nova Constituição entre 1987 e 1988. A maioria dos constituintes eram de partidos do chamado Centro Democrático, partidos como PMDB, PFL, PTB e PDS. O presidente da Constituinte foi o deputado Ulysses Guimarães, do PMDB.
O resultado de mais de 19 meses de assembleia foi a Constituição de 1988, apelidada de cidadã. É uma das mais extensas constituições já escritas, com 245 artigos e mais de 1,6 mil dispositivos. Mesmo assim, ela é considerada incompleta, pois vários dispositivos que dependem de regulamentação ainda não entraram em vigor. 
· Sistema presidencialista de governo, com eleição direta em dois turnos para presidente;
· Transformação do Poder Judiciário em um órgão verdadeiramente independente, apto inclusive para julgar e anular atos do Executivo e Legislativo;
· Intervencionismo estatal e nacionalismo econômico;
· Assistência social, ampliando os direitos dos trabalhadores;
· Criação de medidas provisórias, que permitem ao presidente da República, em situação de emergência, decretar leis que só posteriormente serão examinadas pelo Congresso Nacional;
· Direito ao voto para analfabetos e menores entre 16 e 18 anos de idade;
· Ampla garantia de direitos fundamentais, que são listados logo nos primeiros artigos, antes da parte sobre a organização do Estado.
ANTROPOLOGIA JURÍDICA

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