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PARASITOLOGIA- DOENÇA DE CHAGAS: · · ETIOLOGIA: - Causada pelo trypanossma cruzi (é um protozoário flagelado e de ciclo heteróxeno: passa pelo homem e pelo barbeiro para cumprir o seu ciclo); - Também chamada de tripanossomíase americana; - Carlos Chagas mandou os barbeiros para o Oswaldo Cruz; esses sugaram o sangue de macacos e um mês após isso observou-se no sangue deles formas tripomastigotas; nas fezes do barbeiro foram encontradas formas epimastigotas; - T. cruzi possui três formas de vida: · Tripomastigotos: encontrada no homem e em hospedeiros vertebrados silvestres; · Epimastigotos: intestino médio do barbeiro; · Amastigotos: encontrada no hospedeiro vertebrado e no sangue do barbeiro quando ele acabou de sugar; - Existem cepas heterogêneas do agente causador-> diferem em suas características fisiológicas e bioquímicas e pelo seu comportamento; · CLASSIFICAÇÃO DO T.CRUZ -> Tipo 1: multiplicação rápida, parasitemia alta, formas delgadas e tropismo por macrófagos; -> Tipo 2: é a que mais acomete o homem; multiplicação relativamente lenta; parasitemia com picos irregulares; mortalidade alta; formas mais largas no início; tropismo por miocárdio; -> Tipo 3: multiplicação lenta, parasitemia elevada e tardia, tropismo por músculos esqueléticos; -> Zimodemas: a análise das proteínas totais por eletroforese acaba separando e classificando essas pt. Pelo seu peso molecular; 1 e 3: encontradas em animais silvestres naturalmente infectados; -> Zimodema 2: infecção humana, formas cardíacas e digestiva; -> Tripomastigota: Cinetoplasto (organela extracromossomal com conteúdo de DNA que define uma ordem taxonômica); ->Epimastigota: membrana ondulante mais posterior; implantação do flagelo depois do núcleo e do cinetoplasto; ->Amastigota: flagelo interno-> essa célula fica dentro de uma célula humana, assim não precisa “nadar”; · VETOR NATURAL: - Barbeiro: vetor natural e hospedeiro intermediário; - Pertence a três gêneros: triatoma (mais comum), panstrongylus e rhodnius; - Inseto, hemíptero, Reduviidae, Triatominae; - São insentos hemimetabolos-> sofrem metamorfose com ninfas-> precisa sugar sangue para se desenvolver (Hematofagia com habito noturno em matos ou moradias de pau a pique); * Outros hospedeiros naturais: Tatu, paca, gambá; · EPIDEMIOLOGIA: - É uma doença da América; - 4,2% de sorotipos no Brasil, especialmente em MG, RS e GO; -É uma doença sociocultural: relacionada com habitat do vetor e moradias; - Muitos animais domésticos são infectados: 5 a 10%; - A domiciliação do vetor assegura a presença da doença da América; · TRANSMISSÃO: - A principal via é por meio de dejetos ou fezes do vetor na pele com a solução de descontinuidade (pele precisa estar furada-> isso ocorre na hora que o barbeiro suga o sangue); em mucosas integras o t.cruzi passa direto; - Vias excepcionais: forma congênita; transfusão e transplante; digestiva; leite materno: formas tripomastigotas; acidente- ocular, cutânea e digestiva; · PATOGÊNESE: - CICLO DO PARASITA: barbeiro defeca formas tripomastigotas-> penetra nas células: amastigotas-> predileção por musculatura cardíaca e digestiva-> se multiplicam por fissão binaria nas células infectadas-> ninhos de amastigotas-> se transformam em tripomastigotas quando saem para a corrente sanguínea-> penetra em novas células; - BARBEIRO: forma tripomastigota transforma em epimastigota em seu intestino médio-> intestino posterior: tripomastigotas metaciclicos-> barbeiro deixa suas fezes com essa forma; - Infecção inicial: Parasitemia (tripomastigota) e parasitismo celular no exame direto (formas amastigotas); - Reação inflamatória local onde o barbeiro picou: Edema e necrose-> Sinal de Romanã; - Após a fase aguda: focos cicatriciais em tecidos que não se regeneram; - Início da fase crônica: parasitemia reduz pela imunidade do hospedeiro-> o parasita só é demonstrado pelo xenodiagnóstico (espécies de barbeiros que não transmitem doença sugam a pessoa-> se ela estiver infectada nas fezes do barbeiro após 1 mês serão encontrados tripomastigotas); - Fase crônica: amplo comprometimento visceral com baixo parasitismo; extensas lesões (relacionadas com a alta imunidade humoral e celular e reações de hipersensibilidade tardia, especialmente do tipo IV; modelos propostos abordam: mimetismo molecular- miocardiocitos apresentariam antígenos semelhantes aos do t. cruzi-> nossa imunidade ataca o coração já que a doença já havia sido identificada; formação de neoantígenos em neurônios intramurais: antígenos do parasita anexados nestes-> imunidade ataca esses neurônios-> desnervação parassimpática-> gânglios parassimpáticos que estão perto ou dentro do órgão acometido: REAÇÃO FOCAL): · ORIGEM NERVOSA PARA A PATOGENIA DE CHAGAS: - Alteração e redução dos neurônios do plexo intramural da musculatura lisa e cardíaca; - Desnervação parassimpática se inicia ainda na fase aguda; - Manifestações tardias morfofuncionais da doença são explicadas por um regime parassimpaticoprivo (esôfago para de contrair-> retenção de alimentos no esôfago); - Processo inflamatório explicado pela alta imunidade; · DESNERVAÇÃO PARASSIMPÁTICA NO ESOFAGO: - Diminui o peristaltismo e reflexo de abertura: retenção alimentar-> dilatação, hipertrofia, hiperplasia e atonia (incapacidade de contração do esôfago); · NO CÓLON: - Incordenação motora no cólon sigmoide ou reto-> acalasia final do sistema digestório-> estagnação fecal e dilatação do reto sigmoide: Megacólon; - MEGACÓLON E ESÔFAGO: presença de muito conteúdo solido-> é raro ter ectasia (dilatação) fora desses dois-> esfíncteres perdem a capacidade de abrir ou fechar em decorrência do problema parassimpático; · MIOCARDITE CHAGÁSICA CRÔNICA - É multifatorial: · Lesão direta do tecido pelo parasita; · Destruição de células ganglionares parassimpáticas, reação de hipersensibilidade, auto-imunidade anti-miocárdio; · Alterações vasculares-> Lesões isquêmicas secundárias; · PATOLOGIA: -> Fase aguda: ninhos de amastigotas em órgãos e tecidos; infiltrado linfocitário com histioplasmolinfomonocitária; fibras cardíacas degeneradas separadas por edema; degeneração neural do coração se inicia; -> Fase crônica: · CORAÇÃO- menor parasitismo e menor inflamação devido ao equilíbrio parasita e hospedeiro; coração aumentado, flácido e globoso: característico das miocardias; lesão apical com fibrose degenerativa, aneurisma mioendocardio, válvulas com insuficiência funcional (são afastadas umas das outras-> podem deixar de fazer o movimento para fechar); inflamação difusa, fibras necróticas atro ou hipertrofiadas, áreas de fibrose depende da idade da infecção; destruição neuronal; a pesquisa parasitaria é normalmente negativa; · DIGESTIVO: - Comprometimento especial de esôfago e cólon com grandes dilatações nesses segmentos; - Degeneração neuronal do plexo mioentérico; - Infiltrado histiolinfoplasmocitário; - Granulomas e achados raros do parasita; · CLASSFICAÇÃO CLÍNICA DA DOENÇA DE CHAGAS: - Fase aguda: normalmente passa despercebida, dependendo do número de parasitas presentes no organismo; baixa letalidade; tratada com tripanosomicidas; a evolução é normalmente para a fase indeterminada com cura aparente; 1 ou no máximo na 2° década de vida; - Fase crônica: forma digestiva, cardíaca e outras; destruição neuronal, inflamação e auto-imunidade; * Cardiopatia chagásica crônica: classificada em 4 períodos relacionados com a gravidade: -> 1° período: se inicia logo após a fase aguda; indivíduos de baixa idade; miocárdio sem lesões e bom prognostico; -> 2° período: paciente na 3° década de vida; exame clinico normal; exame radiológico com raros aumentos na área cardíaca; bom prognostico, mas podem ocorrer algumas mortes súbitas; -> 3° período: maior número de mortes súbitas; é o período intermediário; 4° década de vida e sintomatologia; moderado aumento da área cardíaca com muitos tipos de anormalidades no ECG; -> 4° período: prognostico de sobrevida é desfavorável- média de 1 a3 anos; fase avançada da cardiopatia; insuficiência cardíaca, arritmias graves e acidentestromboembólicos; - Forma indeterminada: dura de 10 a 20 anos; alguns permanecem a vida toda com essa forma sem uma evidencia de acometimento visceral; · SINAIS E SINTOMAS: -> FASE AGUDA: -Normalmente assintomática; quando sintomática 8 a 12 dias após a penetração do t.cruzi; - Sinal de Romanã: edema indolor nas pálpebras e hemiface, acometimento de linfonodos. Congestão conjutival, secreção e dacrioadenite (inflamação do canal lacrimal); - Chagoma de inoculação: eventualmente ulcera - Febre, mal-estar, astenia, perda de apetite e cefaleia; - Hepato, espleno megalia, linfonodomgealia, edema geral ou na face e membros inferiores; -> FASE CRÔNICA: - Forma cardíaca (arritminas- normalmente associadas-, insuficiência cardíaca global (inicialmente nas câmaras cardíacas esquerdas e depois sistêmica) e tromboembolismo); - Forma digestiva: · Megaesôfago-> 4 estágios: alterações na atividade contrátil, diâmetro, alongamento e retenção; · Disfagia, dor epigástrica, odinofagia, soluço, regurgitação, tosse e sufocação noturna); · Megacólon: obstipação intestinal formando fecaloma (indivíduo não defeca-> como um tumor fecal), distúrbios secretores e de absorção (aumento da secreção das parótidas e hipo ou aclonidria no suco gástrico- >ampla absorção de glicose); · DIAGNÓSTICO: - EXAMES INESPECÍFICOS: -> Fase aguda: alteração dos leucócitos; proteína C reativa positiva; hipoproteinemia; -> Fase crônica: ECG- alterações variadas: extrasistolia ventricular mono ou polimórfica; bloqueio completo do ramo direito e hemibloqueio esquerdo anterior; exame radiológico-> área cardíaca normalmente se encontra normal, pode se apresentar leve ou grandemente alterada com a cronificação tardia; ecodopplercardiograma: alterações contrateis no ventrículo esquerdo-> ápice e parede pôstero-inferior doentes; aneurisma apical com ou sem trombo; hiposinesia ou asinesia da parede posterior do ventrículo, pois o septo está preservado; - Estudo eletrofisiológico intracardíaco: prevê a função do no sinusal; é muito invasivo; -> Forma digestiva: Imaginologia com contraste para a identificação dos 4 estágios: 1°: Atraso no esvaziamento ou eliminação das ingestas 2°: Dilatação moderada com incordenação motora; 3° Hipotonia ou acalasia; 4° Dolicomegaesôfago e atonia: não há mais contração; - EXAMES ESPECIFÍCOS: -> Fase aguda: identificação do parasita no sangue periférico; pesquisa de IgM por IFI, HAI e ELISA; biopsia de chagoma para observar ninho de amastigoto; -> Fase crônica: Sorologia buscando IgG em HAI, IFI e ELISA; - Pode ser feito xenodiagnóstico clássico e artificial; - Hemocultura com baixa sensibilidade; - PCR; - Analise do líquor e pesquisa de parasitas; · TRATAMENTO: -> SINTOMÁTICO: - É feito de acordo com o órgão acometido; - Arritmias: antiarrítmicos-> se necessário: marca passo; - Insuficiencia: medicamentos e transplantes se necessario; - Formas digestivas: medicamentos que aumentam peristaltismo; - Distenção do órgão distal por balão; se houver falha: esofagocardiomiotomia ou esofagectomia com reconstrução; - Megacólon: dieta liquida e fibrosa, laxativos, enemas, colectomia e retossigmoidectomia em casos mais graves; -> ESPECÍFICO: - Benzonidazol: mais efetivo contra as cepas brasileiras e menos toxico que nifurtimox (não é mais usado no Brasil); efetivos contra tripo e amastigotas; 60 dias de tratamento por via oral; - Deve ser usado para indivíduos na forma aguda e crônica recente; reativação da infecção por por IS por transplantes; transplantados com órgãos chagásicos; infecções acidentais; crônicos menores de 18 anos; de 19 a 50 anos é opcional; · PROFILAXIA: - Interromper o ciclo domiciliar do T.cruzi, especialmente no combate ao vetor; - Inseticida para combater o vetor: Piretroides; - Seleção de doadores de sangue; o sangue pode ser desinfetado com luz artificial ultravioleta; - Investigar com sorologia órgãos doados: tratar o doador e o receptor, se necessário; - Tratar neonatos filhos de doentes; - NÃO EXISTE VACINA!!
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