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Rosileide Oliveira História do SUS O SUS foi criado pela constituição federal de 1988, Porém, o debate sobre a necessidade de construir um sistema público e universal de saúde no Brasil já vinha ocorrendo durante as décadas de 1970 e 1980, mobilizado pelo que ficou conhecido como Movimento da Reforma Sanitária Brasileira (MRSB). Período colonial 1550-1822 • Organização sanitária incipiente; • Cada indivíduo é responsável por si; • Autoridades locais cuidavam da higiene das cidades, fiscalizando portos e comércio de alimentos; • Os serviços de saúde das tropas militares eram subordinados ao cirurgião-mor dos exércitos de Portugal; • Primeira Santa Casa instituída em 1543; • Assistência aos pobres por conta da caridade; • Modelo de atenção: exclusão dos doentes para preservar os sãos, e execução de procedimentos como a sangria; • Militares eram cuidados pelas famílias ricas e por cirurgiões-militares sob pagamento de uma taxa anual por parte da colônia; • Chegada da família real no início do século XIX: inicia-se a criação de estrutura sanitária mínima para dar suporte ao Reino. Nesse período, ocorrem os primeiros ínfimos sinais de intervenção, somente para receber a família real portuguesa, a partir de 1808. 1 Período imperial 1822-1889 • Ampliação das estruturas de saúde, mas ainda com organização rudimentar e centralizada; • Ampliação do número de médicos; • Medidas de higiene escolar e proteção de crianças e adolescentes no trabalho fabril; • Primeiras instituições de controle sanitário de portos e epidemias - polícia sanitária; • Modelo incapaz de responder às epidemias e de assegurar assistência à saúde a todos os doentes; • Ricos eram atendidos por médicos particulares; • Pobres eram atendidos pelas Santas Casas, pela caridade e pela filantropia. Século XX Um maior grau de institucionalização da saúde pública pelo estado começa a ser verificado no início do século XX, quando epidemias de febre amarela, de peste bubônica e de varíola comprometem a economia agroexportadora do país. Os governos recorreram, então, a medidas de polícia sanitária, pois a saúde era tratada mais como um caso de polícia, que visava à proteção da economia, do que como uma questão social. Para se ter uma ideia, o órgão que cuidava da saúde pública era o Ministério da Justiça e Negócios Interiores, não havia ministro da saúde. Assim, por meio do combate a vetores e da obrigatoriedade da vacinação o estado começa a intervir mais na saúde pública, sendo estas medidas conhecidas como campanhas sanitárias. Entretanto, o acesso a médicos e a hospitais não era uma prioridade e dependia da capacidade de pagamento. A recorrente concepção liberal de estado indicava que cabia intervir apenas nas situações em que o indivíduo ou a iniciativa privada não fosse capaz de responder. 2 Lei Eloy Chaves A partir da constituição e organização da classe operária que a luta por direitos e as tensões sociais se ampliam e culminam na criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs), por meio da Lei Eloy Chaves, no ano de 1923. A criação das CAPs marca o início da previdência social no Brasil e corresponde a um embrião do sistema de saúde no país. Nesse momento, as categorias profissionais passam a ter acesso a benefícios, como alguma assistência à saúde e aposentadoria, por meio da sua inserção formal no mercado de trabalho. Aos demais, o acesso a serviços médicos e hospitalares somente poderia ser obtido mediante pagamento ou atendimento em instituições filantrópicas, ou em alguns postos e hospitais de estados e municípios. O direito à saúde não estava vinculado à condição de saúde dos indivíduos, e sim ao fato de trabalharem com carteira assinada. As complexas relações público-privadas observadas no SUS nascem nesse momento histórico em que surge a medicina previdenciária por meio das CAPs. Essa organização, em CAPs, posteriormente, se transformou em Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs), conformados por categorias profissionais. Formação de subsistemas de saúde Durante o século XX, foram formados três subsistemas de saúde no Brasil que eram relativamente independentes: saúde pública (estatal, voltada para a coletividade, profilaxia e educação sanitária), medicina previdenciária (previdenciária, liberal ou filantrópica; caráter individual e curativo) e medicina do trabalho (empresas médicas prestadoras de serviços a grandes empresas; medicina de grupo - evitava que os trabalhadores buscassem a assistência médica da previdência social, obtendo dispensa de impostos). Esses três subsistemas foram institucionalizados pelo Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP) na Era Vargas (1930 - 1945) 1950-1960 3 Após a 2º Guerra Mundial, entre os anos de 1950 e 1960, com a aceleração da industrialização, são difundidos consultórios, laboratórios, clínicas e hospitais privados, muitos deles contratados pela previdência social. Nesse contexto, as empresas criavam serviços médicos ou contratavam empresas de medicina de grupo para selecionar e manter a força de trabalho. Por meio desse mecanismo, e com apoio político e econômico do próprio estado, os interesses econômicos privados foram se consolidando no sistema de saúde brasileiro que começava a se formar. Somente no ano de 1953 foi criado um ministério dedicado exclusivamente às políticas de saúde no Brasil. A perspectiva do então criado Ministério da Saúde era reunir campanhas, programas e departamentos, com a finalidade de atender principalmente à população das zonas rurais que não tinha acesso ao mercado formal de trabalho. 1964- golpe civil militar O cenário de crescente participação privada na atenção à saúde, financiada por recursos públicos da previdência, se aprofunda após o golpe civil-militar de 1964. 1975- Criação do sistema nacional de saúde Consolida-se, no período ditatorial, uma lógica de atenção à saúde excludente e ineficiente. Chegou a ser criado, em 1975, o Sistema Nacional de Saúde, e abriu-se espaço para algumas políticas sociais compensatórias. Contudo, a crise do setor de saúde era inequívoca, dada a existência de um sistema descoordenado, mal distribuído e inadequado. Próximo da metade dos anos de 1970, o regime militar já dava sinais de declínio, constituindo uma conjuntura favorável ao avanço da organização da sociedade civil em torno do debate da saúde como direito. A proposição do SUS advém de um movimento da sociedade civil. Assim, tanto o Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira (MRSB) quanto o SUS estão vinculados aos anseios e necessidades da sociedade, devendo ser reconhecidos como iniciativas de governos ou partidos. 4 O SUS é uma conquista da sociedade brasileira. Durante a ditadura, praticamente todos os IAPs foram unificados, e assim foi formado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) 1977- Criação do INAMPS O Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), criado em 1977. O INPS privilegiou a compra de serviços de saúde no setor privado, em vez da expansão estatal. Grandes empresas, de medicina de grupo e cooperativas médicas, aderiam ao convênio com o INPS, sendo dispensadas de parte da contribuição de impostos. Mesmo no período conhecido como “Milagre Econômico”, com subsídios à construção de hospitais privados, facilidades para a compra de equipamentos e, em paralelo, indicadores de saúde alarmantes, com aprofundamento das desigualdades sociais, o desempenho na atenção à saúde da população foi pífio. As desigualdades implicadas nesse modelo de sistema ocorriam também em nível regional. Quanto mais se desenvolvia a economia do estado, com mais relações formais de trabalho, maiores eram os recursos recebidos do INAMPS. As regiões Sul e Sudeste receberam mais recursos do que as regiões mais pobres. 1986- 8ª conferencia nacional de saude A 8º Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, é considerada o grande fato político que viabilizou a construção da Reforma Sanitária Brasileira (RSB). Foram mais de cinco mil participantes, entre autoridades e técnicos do governo,sociedade civil e representantes de empresas de saúde. Foi o relatório final da conferência que inspirou o capítulo “Saúde”, da CF/88, que reconhece a saúde como direito de todos e dever do estado. 1988- CF Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 5 promoção, proteção e recuperação. QUESTÕES 01. Analise o texto a seguir: “[...] Se a criação das caixas determinar, como tudo leva a crer, um melhor entendimento entre empresários e trabalhadores, as consequências dessa harmonia serão a maior eficiência e regularidade do serviço ferroviário e a abolição das greves [...] [...] Até agora, os funcionários das ferrovias do país não têm nenhuma garantia para seus dias de velhice e para arrimo de sua família em caso de morte. É verdade que em algumas companhias existem sociedades beneficentes com ação limitada a socorros médicos e medicamentos, mas isso não basta. Estamos em novos tempos. As classes menos favorecidas aspiram mui justamente a um maior quinhão de vida e de conforto. Cumpre atendê-las com espírito liberal e amigo [...]” (WESTIN, 2019). A qual antecedente histórico do Sistema Único de Saúde esse texto se refere? A criação do Sistema Nacional de Saúde. A implementação das medidas de polícia sanitária. A criação do Instituto Nacional de Previdência Social. A publicação da Lei Eloy Chaves. Gab D 6 02. Analise a situação a seguir: “Mário, 71 anos, ao cair em sua residência e relatar fortes dores nas costas é levado pelo neto a uma unidade de urgência e emergência de seu bairro. Ao chegar à unidade, Mário é prontamente atendido passando na frente de alguns indivíduos que estavam aguardando atendimento, mas que não apresentavam quadro clínico tão grave”. Baseado nas características do SUS, essa situação exemplifica a aplicação do(a): Princípio doutrinário da equidade. Diretriz organizativa da hierarquização. Diretriz organizativa da descentralização. Princípio doutrinário da integralidade. Gab A 03. Analise a seguir o trecho da reportagem: MINISTÉRIO DA SAÚDE AMPLIA OFERTA DO TRATAMENTO PARA AIDS COM MEDICAMENTO INOVADOR “[...] Todas as pessoas que vivem com HIV e Aids no Brasil terão acesso ao dolutegravir, medicamento mais moderno e eficaz. O anúncio da expansão deste tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) foi feito nesta sexta-feira (29) pelo Ministro da Saúde, Ricardo Barros, no encerramento do 11º Congresso de HIV/Aids e 4º Congresso de Hepatites Virais (HepAids 2017), em Curitiba/PR [...]”. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). Essa reportagem exemplifica a seguinte atribuição do SUS: 7 Vigilância epidemiológica. Vigilância em saúde. Formação de recurso humano. Assistência às pessoas. Gab D 4. Analise a situação a seguir: Osvaldo é o novo secretário de saúde do município de Lagoa Vermelha. É sua primeira gestão e está no cargo há 1 ano e meio. Durante esse período, Osvaldo entendeu que cada ente federado apresenta atribuições comuns e específicas. A partir desse entendimento, Osvaldo tem clareza que entre suas atribuições está: A ordenação da formação de recursos humanos. A coordenação das redes assistenciais. A prestação de serviços de assistência à saúde. A avaliação e o controle das ações e dos serviços de saúde. GAB C 05. No processo de planejamento o gestor de saúde pode utilizar diferentes recursos para a tomada de decisão. Entre esses recursos está uma ferramenta eletrônica disponibilizada pelo Ministério da Saúde que pode ser utilizada na identificação das necessidades de saúde e orientação do planejamento integrado dos entes federativos. Essa ferramenta é: A Comissão Intergestora. A Diretriz Terapêutica. 8 O Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde. O Mapa da Saúde. 9
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