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O conceito de família no século XXI A origem da família está diretamente ligada à história da civilização, haja vista que surgiu como um fenômeno natural, fruto da necessidade do ser humano em estabelecer relações afetivas de forma estável. Porém, sabe-se que a família foi uma instituição que sofreu, ao longo do tempo, grandes modificações e adaptações, consequência de fatores históricos que não podem ser menosprezados, entre eles estão o afastamento do Estado com as interferências da igreja e a promulgação da Lei do Divórcio em 1977. Dessa forma, a concepção tradicional e monopolizada de que a família está relacionada somente aos enlaces sanguíneos e matrimoniais foi afastada da sociedade contemporânea, uma vez que a homoafetividade passou a ganhar mais espaço no cotidiano, entretanto, trouxe consigo tabus. Nesse contexto, é válido ressaltar que o conceito de família sofreu transformações sociais ao decorrer do tempo. Com a ascensão do cristianismo, durante o Império Romano, a Igreja Católica assumiu a função de estabelecer o casamento como princípio, considerando-o como um sacramento. Entretanto, aos poucos, o Estado começou a se afastar das interferências da igreja e passou a disciplinar a família sob o enfoque social e, nesse viés, surgiu a Lei do Divórcio – lei que permitia o rompimento legal do casamento civil. Logo, é notável que, com o passar do tempo, a família deixou de se limitar exclusivamente aos componentes originados do casamento e passou a ser conceituada como um conjunto de pessoas que possuem grau de parentesco entre si e convivem na mesma casa formando um lar, sendo de suma importância para a formação do ser humano e transmitindo para esse os valores morais e sociais que servirão de alicerce em seu processo de socialização. Além disso, cabe pontuar que, no contexto de transformações na instituição familiar, surgiu a luta pelo reconhecimento da união homoafetiva e, por conseguinte, pelo rompimento de seus tabus. Na canção “Flutua”, de Johnny Hooker, o trecho “Ninguém vai poder querer nos dizer como amar” pode ser relacionado ao pensamento de Maria Berenice Dias, advogada gaúcha, que expõe em suas obras que a ideia de que a família é unicamente formada pelo caráter reprodutivo foi extinta e que existe uma nova concepção de família, formada por laços afetivos de carinho e amor. No entanto, infelizmente, é perceptível que ainda existem tabus relacionados ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, um exemplo disso é o preconceito quando o assunto é a adoção de crianças por LGBTQIA+. Dessa forma, é nítida a urgência de uma forma para ampliar a luta por políticas de adoção que visem acolher a comunidade em geral e é perceptível a necessidade fazer com que o afeto prevaleça como a principal condição de família. Portanto, medidas são necessárias para atenuar a problemática. Para que a existência de inúmeros modelos de família seja reconhecida e a intolerância seja superada, o Ministério da Educação deve, por meio de verbas governamentais e do Plano Nacional de Educação, criar campanhas, palestras e projetos mensais sobre “famílias na escola e sua inserção na sociedade”, a partir da participação de pais, responsáveis e alunos, e incluir esse tema como matéria na grade curricular, desde o Ensino Fundamental ao Médio, com professores formados em áreas das ciências sociais e psicólogos, a fim de difundir a pluralidade do conceito de família e construir uma sociedade mais tolerante e justa. Somente assim, o conceito inicial de família – calcado apenas no vínculo biológico – será rompido e, a partir disso, os diversos núcleos familiares serão aceitos e adotados na sociedade atual, desvinculando o pensamento conservador de antigamente. Redação escrita por Maria Cecília Ricardo Ramalho Nunes
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