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UNIVERSIDADE TIRADENTES ARQUITETURA E URBANISMO DANIELLE FEITOSA SILVA EMYLY FERREIRA LIMA LETÍCIA LEAH SANTOS PEREIRA VERÔNICA CANDEIAS DOS SANTOS ANÁLISE DO PROJETO MORADIAS INFANTIS E CERTIFICAÇÃO A PARTIR DO SELO LEED Aracaju 2020.2 DANIELLE FEITOSA SILVA EMYLY FERREIRA LIMA LETÍCIA LEAH SANTOS PEREIRA VERÔNICA CANDEIAS DOS SANTOS ANÁLISE DO PROJETO MORADIAS INFANTIS E CERTIFICAÇÃO A PARTIR DO SELO LEED Medida de eficiência, elaborada como requisito para a avaliação parcial da AVI da disciplina Conforto Ambiental I, turma N01, orientada pelo Prof. Me. Leonardo Ribeiro Maia do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tiradentes. Aracaju 2020.2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 4 2 FICHA TÉCNICA 5 3 MORADIAS INFANTIS CANUANÃ + FUNDAÇÃO BRADESCO 6 3.1 PARTIDO DO PROJETO, ESCALAS, QUESTÕES SIMBÓLICAS E POÉTICAS 6 3.2 INSERÇÃO DO PROJETO NO TERRITÓRIO PAISAGEM NATURAL E CONSTRUÍDA 7 3.3 SISTEMAS ESTRUTURAIS 9 3.4 MATERIAIS INSERIDOS NA REALIDADE SOCIOCULTURAL 13 4 INTRODUÇÃO AO SELO ‘LEED’ 16 5 ANÁLISE DA EDIFICAÇÃO À PARTIR DOS CRITÉRIOS DO SELO 22 5.1 PONTOS COMUNS ENTRE O SELO E PARÂMETROS DE CONFORTO AMBIENTAL 22 6 PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DAS EXIGÊNCIAS DO SELO 25 6.1 POSITIVOS 25 6.1.1 AMBIENTAIS 25 6.1.2 SOCIAIS 25 6.1.3 ECONÔMICOS 25 6.2 NEGATIVOS 26 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 27 REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS 28 4 1 INTRODUÇÃO O professor e arquiteto Marcelo de Andrade (2001) coloca que “o conceito de desenvolvimento sustentável adquiriu nos dias atuais uma abrangência que corre o risco de banalizá-lo”. Ocorre que atualmente muito se discute sobre arquitetura sustentável, porém pouco se difunde de fato tudo o que o termo ‘sustentável’ engloba. Questionar para alguém hoje o que seria um projeto sustentável, é estar suscetível a receber ‘telhado verde’ como resposta. E não que esteja errado, contudo, ser sustentável vai muito além de colocar grama verde no telhado. A sustentabilidade está relacionada com questões sociais, energéticas e econômicas. Um projeto para ser considerado sustentável precisa ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente diverso. E é justamente por esse motivo que existem os selos e certificações que classificam se uma edificação está de acordo com todos esses aspectos. O relatório apresentado busca fazer um estudo de caso do projeto Moradias Infantis, através de uma análise da edificação em consonância com a certificação do selo LEED. Levando em consideração a importância imprescindível de discutir a sustentabilidade dentro do âmbito da Arquitetura e Urbanismo, na busca de otimizar os recursos naturais de tal modo que se possa minimizar os impactos dos edifícios no meio ambiente e seus habitantes, principalmente no que condiz com os aspectos relevantes a construção civil. Visto que, os resíduos sólidos são um dos maiores responsáveis pela produção de lixo no mundo. O presente trabalho, traz a intenção de observar quais estratégias foram usadas no projeto e de que modo atendem aos critérios do selo. Vale ressaltar, que há diversas estratégias quanto essa questão, no entanto são pouco difundidas dentro do âmbito acadêmico e se minimiza a realidade de que cada dia mais os problemas ambientais afetam a qualidade de vida do homem e a urgência de que precisamos tomar consciência que os recursos naturais podem acabar e seu uso consciente é fundamental para manter uma vida de qualidade para as gerações futuras. O objetivo final do relatório é concluir se a edificação apresentada está apta a receber a certificação LEED de arquitetura sustentável. 5 2 FICHA TÉCNICA Os escritórios responsáveis pelo projeto Moradias Infantis, localizado na Fazenda Canuanã, TO (figura 1), foram Rosenbaum (Marcelo Rosenbaum e Adriana Benguela) e o Aleph Zero (Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes) com a execução realizada por Ita Construtora (Hélio Olga). O projeto teve início em 2015 e sua conclusão foi no ano de 2017, a área do terreno é de 60.000 m² (figura 2), sendo a área construída de 23.344 m², o material predominante é MLC (Madeira Laminada Colada). Alguns diferenciais técnicos são: construção econômica, eficiência energética e sustentabilidade. Figura 01: Localização. Figura 2: Implantação. Fonte: Google maps, 2020. Fonte: ArchDaily Brasil, 2020. O projeto ganhou diversas premiações, sendo elas: ● RIBA International Prize 2018; ● American Architecture Prize 2017 – categoria Habitação Social; ● Arch Daily – Building of The Year 2018; ● 4º Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel 2017; ● 5º Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura – Habitat Sustentável – categoria Edificação Institucional e Melhor Projeto da Edição; ● APCA 2017 – categoria Obra de arquitetura no Brasil; ● Prêmio IBRAMEM A MATA 2018 – categoria Profissional. https://www.architecture.com/awards-and-competitions-landing-page/awards/riba-international-prize https://architectureprize.com/winners/index_a.php https://boty.archdaily.com/us/2018?fbclid=IwAR28_rcYAazwwVVuMHTDl0Rb43qd9VKuEkryE0hYiaBhTZyjnYNS42qYkWI https://www.institutotomieohtake.org.br/premios/premio-de-arquitetura-instituto-tomie-ohtake-akzonobel-1 http://www.premiosaintgobain.com.br/edicoes-anteriores http://www.premiosaintgobain.com.br/edicoes-anteriores https://www.facebook.com/AssociacaoPaulistadeCriticosdeArtes/posts/2024241284522791 https://www.facebook.com/premioibramemamata/posts/vencedores-do-pr%C3%AAmio-ibramem-amata-2018finalmente-temos-em-m%C3%A3os-a-lista-dos-proj/895699603941118/6 3 MORADIAS INFANTIS CANUANÃ + FUNDAÇÃO BRADESCO O projeto Moradias Infantis Canuanã é uma escola rural em regime de internato mantida através de subsídios da Fundação Bradesco, construída em 2017. É um espaço que acolhe crianças e jovens entre 7 e 18 anos, oferecendo alojamento para aproximadamente 540 crianças e mais que isso, é um espaço que cumpre múltiplas funções: é casa, família, abrigo, laboratório e sala de aula. O lugar, na verdade, era uma antiga fazenda que foi adaptada para se tornar uma escola, então, alguns blocos são novos, como os blocos onde são realizadas as aulas e onde fica a casa de alguns professores. A arquitetura da escola remete que o trabalho realizado pelo profissional Arquiteto e Urbanista, pode sobretudo, ser uma ferramenta de transformação social. Eles trabalharam de perto com as crianças para identificar suas necessidades e desejos para a escola, na intenção de criar um ambiente que pudesse ser uma casa longe de casa, onde as crianças pudessem desenvolver um forte senso de individualidade e pertencimento em relação ao espaço. 3.1 Partido do projeto escalas questões simbólicas e poéticas O ponto de partida deste projeto foi a mudança do conceito de alojamento para o conceito de morada, que fez com que toda a plasticidade do projeto estivesse imersa nas características do cerrado, a infinitude do céu e os saberes culturais da população. A proposta é aliar a materialidade à beleza do povo que lá habita, buscando um resgate cultural das técnicas construtivas locais, da beleza indígena e seus saberes, aliado à construção da noção de pertencimento, que se fez necessária para o desenvolvimento infantil e juvenil na escola de Canuanã. Ao se fazer uma análise mais espirituosa do projeto, quanto a sua composição, fica evidente que a edificação possui uma poética e semiótica de muita leveza com seus volumes, planos, superfícies, cheios e vazios, porosidades, transparências, tramas e ripados, plantas, sombras e brisas, são tão uniformes visualmente, que com a dinâmica com a cobertura emoldura um penetrável prisma na paisagem. A cobertura (figura 3) é de tamanha leveza que rememora uma pipa pronta para que os ventos que amenizam o calor dos trópicos ajudem as crianças a empinarem, mas ainda presa ao solo por pilares que não quebram essa leveza. 7 Figura 3: Perspectiva Moradias infantis. Disponível em: <http://rosenbaum.com.br/projetos/fundacaobradescocanuana/sobre-o-projeto/>. Acesso em: 22 set. 2020. 3.2 Inserção do projeto no território Paisagem natural e construída Formoso do Araguaia, localiza-se a uma latitude 11°48'09" sul e a uma longitude 49°31'42" oeste, estando a uma altitude de 240 metros. Sua população estimada em 2012 era de 18.369 habitantes. Já a edificação está localizada na zona rural do município de Formoso do Araguaia (figura 4), no estado do Tocantins. A Escola da Fazenda está inserida na maior extensão territorial que é parte da reserva Terra Indígena Parque do Araguaia, sob a responsabilidade da Funai. O território onde o projeto Moradias Infantis está inserido engloba três biomas: o cerrado, a floresta amazônica e o Pantanal. Tratando-se de parâmetros climáticos, há a predominância do clima tropical úmido e quente e possui área de 23.344 m². Figura 4: Mapa topográfico Formoso do Araguaia, altitude e relevo. Disponível em: <https://pt-br.topographic-map.com/maps/gi4l/Formoso-do-Araguaia/>. Acesso em: 23 set. 2020. 8 Tal clima é caracterizado por apresentar chuvas durante o verão e estação seca no inverno. A temperatura média da cidade é de aproximadamente 24ºC, sendo a mínima de 15ºC em meses mais frios e a máxima de 35ºC entre os meses mais quentes. Além disso, como pode ser visto na figura 5, em meses como fevereiro, março, abril e dezembro, a cidade atinge uma média de umidade relativa superior a 80%. Já entre os meses de julho e agosto, essa média pode chegar a 35%. Vale ressaltar que a variação de temperatura noturna neste clima não é tão significativa, ou seja, não é suficiente para causar sensação de frio, mas pode proporcionar grande alívio térmico. Figura 5: Gráfico de umidade relativa em Formoso do Araguaia. Fonte: projeteee.mma.gov.br Para a arquiteta Anésia Barros (2001), conhecer o clima de um lugar é fator de extrema importância na hora de projetar e construir espaços que permitam ao seu usuário condições de conforto. Entendendo como o clima do município de Formoso do Araguaia funciona, é possível adotar estratégias bioclimáticas para que esse nível de conforto seja atingido (figura 6). Figura 6: Estratégias bioclimáticas ideais para o município de Formoso do Araguaia. Disponível em: projeteee.mma.gov.br 9 Nos ambientes de clima tropical quente e úmido, a ventilação é um dos processos utilizados para promover o conforto térmico. Para isso, as aberturas precisam ser grandes o suficiente para permitir a ventilação nas horas do dia em que a temperatura externa for inferior à interna. Porém, é preciso que essas aberturas estejam protegidas da radiação solar direta. Por exemplo, a vegetação pode ser utilizada para criar sombra, desde que a mesma não se torne um obstáculo quanto a entrada de ar no ambiente. As construções não devem ter inércia muito alta, pois isso dificulta a saída do calor interno acumulado durante o dia. Em relação às coberturas, os materiais devem possuir inércia média. O ideal é que exista espaços de ar ventilado, permitindo que esse ar diminua o calor que atravessa as telhas, diminuindo assim o ganho de calor interno. Já as cores externas das construções devem ser preferencialmente claras, pois irão refletir mais a radiação solar. Na figura 7 é possível ver um exemplo de edificação presente no Estado de Tocantins, local onde o projeto Moradias Infantis foi inserido. A mesma foi utilizada como referência de arquitetura e cultura no momento da concepção do projeto. Figura 7: Arquitetura local usada como referência no projeto Fonte: rosenbaum.com.br 3.3 Sistemas Estruturais Para a iniciação do projeto, foram necessários 14 dias de uma metodologia de comunicação em conjunto com as crianças. Elas se expressaram por meio de textos, desenhos (figura 8) e encenações desenvolvidos baseados no tema “O que faz de Canuanã minha casa?”. A propósito, a organização dos dormitórios em volta dos pátios partiu de um desejo comum entre as crianças, assim como a composição deles. 10 Figura 8: Desenho a mão feito pelas crianças. Disponível em: < https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.204/6809>. Acesso em 24 set. 2020. “Diferenciando-se do projeto antigo, as moradias não se localizam mais no centro da fazenda, deixando este para ambientes educacionais. A construção das duas vilas nas extremidades também teve como objetivo guiar o futuro crescimento da fazenda” (ARCHDAILY, 2017). Para trazer a ideia de lar e acolhimento, os arquitetos buscaram entender como as crianças ocupavam os espaços em suas casas e quais as suas necessidades (figura 9). Figura 9: Programa de Necessidades. Disponível em: <https://www.imed.edu.br/Uploads/AlumniReunions/ALANA%20BRAMBATTI%20CHAPANA(1).pdf>. Acesso em 24 set. 2020. O zoneamento manteve a ideia original da divisão dos dormitórios em dois blocos idênticos: um feminino e outro masculino. Além disso, visando o conforto e consequentemente uma melhora na condição de vida e desempenho escolar, o número de crianças em um dormitório foi reduzido para 6 e o número de unidades aumentou para 45. Localizados no primeiro pavimento (figura 10), os 9 retângulos de dormitórios foram distribuídos ao redor de 3 pátios abertos. Com intuito de criar uma dinâmica entre os espaços íntimos e sociais, as portas e varandas dos dormitórios ficamligadas diretamente a estes pátios. https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.204/6809 https://www.imed.edu.br/Uploads/AlumniReunions/ALANA%20BRAMBATTI%20CHAPANA(1).pdf 11 Figura 10: Zoneamento do Primeiro Pavimento da Moradia. Disponível em: <https://www.imed.edu.br/Uploads/AlumniReunions/ALANA%20BRAMBATTI%20CHAPANA(1).pdf>. Acesso em 24 set. 2020. Cada pátio (figura 11) possui 25 metros de lado e são preenchidos com diversas vegetações nativas, criando um microclima resultante do encontro dos 3 biomas da região – Cerrado, Amazônia e Pantanal. O espaço promove a interação entre os jovens, tanto de forma educativa como social. Para Rosenbaum e Benguela (2018), “o espaço organiza as relações entre o público e o privado, criando espaços de convívio coletivo a natureza e o indivíduo, reconectando as crianças e os jovens às suas origens como humanidade, com ligação viva em seu ecossistema de entorno”. Figura 11 – Pátio sem cobertura e com vegetação nativa. Disponível em: https://www.itaconstrutora.com.br/portfolio/fundacao-bradesco/. Acesso em 24 set. 2020. “No segundo pavimento (figura 12), acima dos dormitórios, ficam os ambientes sociais, onde pode-se assistir televisão, participar de jogos, os espaços de leitura e os redários” (ARCHDAILY, 2017). O espaço é completamente vazado com divisórias de madeira à meia altura (figura 13), permitindo que a ventilação circule sem muitos obstáculos. https://www.imed.edu.br/Uploads/AlumniReunions/ALANA%20BRAMBATTI%20CHAPANA(1).pdf 12 Figura 12: Zoneamento do 2º Pav. da Moradia. Figura 13: Divisórias vazadas de madeira. A cobertura (figura 14) é uma grande estrutura metálica composta por vigas apoiadas sobre 288 pilares com seção de 15 centímetros, possuindo somente uma água com inclinação de 5%. Seus beirais de 4 metros e sua estrutura de proteção suspensa, juntos criam um espaço de transição entre o interior e o exterior da edificação, dando o efeito de uma grande varanda com pé-direito atingindo até 8 metros de altura. Além de permitir a circulação da ventilação, a estrutura proporciona uma grande área de sombreamento e proteção contra chuvas, resposta direta ao clima típico da região. Figura 14: Cobertura metálica apoiada em pilares de madeira. Disponível em: </https://sustentarqui.com.br/moradias-infantis-projeto-brasileiro-ganha-o-premio- internacional-riba//>. Acesso em 24 set. 2020. O projeto possui simetria partindo de um eixo central (figura 15), ou seja, possui os mesmos elementos em cada lateral. Outro dado visível é o ritmo que a malha de pilares forma Disponível em: <https://www.imed.edu.br/Uploads/AlumniReunio ns/ALANA%20BRAMBATTI%20CHAPANA(1).p df>. Acesso em 24 set. 2020. Disponível em: https://www.itaconstrutora.com.br/portfoli o/fundacao-bradesco/. Acesso em 24 set. 2020 https://www.itaconstrutora.com.br/portfolio/fundacao-bradesco/ https://www.itaconstrutora.com.br/portfolio/fundacao-bradesco/ 13 (figura 16), seguindo linear do início ao fim da fachada. O projeto como um todo pode ser entendido visualmente como vários blocos unidos pelos pilares e cobertura, formando um grande retângulo. Figura 15: Análise de simetria da edificação. Figura 16: Modulação de pilares 3.4 Materiais inseridos na realidade sociocultural Pensando nas estratégias bioclimáticas indicadas para o clima tropical úmido e quente, os materiais foram escolhidos para trabalharem em conjunto com a natureza e não contra ela. Além disso, de acordo com o arquiteto Gustavo Utrabo (2019), foram levadas em conta “as técnicas construtivas locais, a demanda das crianças e o desafio de construir em um local tão remoto como Canuanã”. O projeto foi desenvolvido a partir de recursos locais, aliando estética contemporânea com técnicas tradicionais. Colocando elementos pré-fabricados e leves, em conjunto com materiais de maior massa. O principal material utilizado na edificação é a madeira laminada colada (MLC), totalizando mil metros cúbicos de estrutura produzida com madeira 100% de florestas de reflorestamento (figura 16), tecnologia com baixo impacto ambiental. Motivo que levou o projeto a conquistar o título de maior construção de madeira de eucalipto da América Latina em 2017. O material permite a fabricação de peças em grandes dimensões, além de uma rápida execução e montagem da estrutura, produzindo pouco lixo e materiais residuais durante a obra. Disponível em: <https://www.imed.edu.br/Uploads/AlumniReun ions/ALANA%20BRAMBATTI%20CHAPANA (1).pdf>. Acesso em 24 set. 2020. Disponível em: < https://www.academia.edu/39218005/ENTREG A_FINAL_convertido>. Acesso em 24 set. 2020. 14 Figura 16: Processo de montagem da estrutura. Disponível em: https://www.itaconstrutora.com.br/portfolio/fundacao-bradesco/. Acesso em 24 set. 2020 A vedação foi feita aplicando tijolos de adobe fabricados na obra, utilizando a terra da própria Fazenda Canuanã. Nas paredes das áreas de serviço voltadas para o exterior, alguns tijolos foram assentados em um ângulo de 45º (figura 17) gerando muxarabi, assim como aqueles observados em casas da região (figura 18). Figura 17: Parede de adobe em Canuanã. Figura 18: Parede de argila das comunidades locais. Já as paredes dos dormitórios voltadas para o exterior formam uma antessala de cobogós (figura 19), permitindo a entrada de ventilação natural. Além disso, as paredes são mais grossas, fazendo com que a troca de temperatura com o exterior leve mais tempo, outra característica Disponível em: <http://rosenbaum.com.br/projetos/fundacaobradescocanuana/desenvolvimento/>. Acesso em 24 set. 2020 https://www.itaconstrutora.com.br/portfolio/fundacao-bradesco/ http://rosenbaum.com.br/projetos/fundacaobradescocanuana/desenvolvimento/ 15 observada em construções típicas (figura 20). O piso de cimento queimado também se faz presente no projeto. Figura 19: Dormitório da moradia infantil. Figura 20: Referência arquitetônica usada. Para fechar as referências buscadas na cultura da população de Canuanã, as portas dos dormitórios contêm painéis de palha de buriti trançada (figura 21), todas com gravuras inspiradas em pinturas corporais indígenas (figura 22). Mantendo assim o monocromatismo do projeto, conectando a edificação ao seu entorno. Figura 21: Palha de buriti trançada. Figura 22: Pinturas indígenas usadas como referência. Disponível em: <http://rosenbaum.com.br/projetos/fundacaobradescocanuana/desenvolvimento/>. Acesso em 24 set. 2020. Disponível em: < https://archtrends.com/blog/premio- internacional-riba/>. Acesso em 24 set. 2020 Disponível em: <http://rosenbaum.com.br/projetos/fundacaobr adescocanuana/desenvolvimento/>. Acesso em 24 set. 2020. https://archtrends.com/blog/premio-internacional-riba/ https://archtrends.com/blog/premio-internacional-riba/ 16 4 INTRODUÇÃO AO SELO LEED Leadership in Energy and Environmental Design ou LEED, tem o significado de liderança em energia e design ambiental. O LEED é um sistema de avaliação de sustentabilidade, criado na América do Norte em 1993 e utilizado em mais de 160 países para edificações que tem como objetivo incentivar a sustentabilidade em projetos, certificando que uma determinada edificação está comprometida com os princípios sustentáveis na construção civil, antes das obras, durante a sua execução e depois de sua conclusão. (SPITZCOVSKY, 2012). Na década de 1980 uniu-se ao USGBC e tiveram como meta priorizar um sistema de avaliação da sustentabilidade, através da ASTM (American Society of Testing and Materials), porém, esta ideia não obteve sucesso e foi abolida.Contudo, três anos depois foi criado um sistema independente onde foram analisados vários sistemas de avaliação, inclusive o sistema do BREEAM, foi aprovado o sistema LEED, com abordagem maior em aspectos energéticos, diferentemente do BREEAM, que dava maior peso a redução na emissão de CO2 (HERNANDES, 2006). Inicialmente o LEED foi inserido nos Estados Unidos como um programa piloto, lançado numa versão 1.0 que tinha como base elaborar um guia de referências para auxiliar os interessados. Esta versão, que era aplicada apenas a novas construções, mostrou limitações em relação aos seus critérios, então foi lançada a versão 2.0, no ano 2000. Que teve um aumento na quantidade de créditos disponíveis necessárias para atingir os níveis certificado, prata, ouro e platina. Também com modificações no guia de referência. Em 2002, a versão 2.1 trouxe o nome LEED-NC (Novas Construções), mas sem alterar os requisitos ou os níveis de certificação. Em 2004, foram lançadas novas versões específicas do LEED: LEED-EB (Existing Buildings, para edificações existentes), LEED-CI (Comercial Interior, para projetos de interiores comerciais) e LEED-CS (Core & Shell, para edificações com unidades comerciais). Houveram pequenas adaptações no conteúdo, esclarecimento de definições e atualização das normas, na versão 2.2, lançada em 2005 (HERNANDES, 2006). Com a evolução do LEED em 2009 uma nova versão v3 foi lançada, contendo um novo processo de desenvolvimento contínuo, onde uma nova versão online, que também, foi lançada e inserida como um programa de certificação de terceiros revisado. Houve um aumento da base de créditos para 100 pontos possíveis, além de 6 pontos adicionais para Inovações em Projetos, e 4 pontos adicionais para Prioridade Regional. Assim, os níveis de classificação ficaram com 17 os limites de créditos: Certificado entre 40 e 49 pontos; Prata entre 50 e 59 pontos; Ouro entre 60 e 79 pontos; Platina para 80 pontos ou mais (Environment and Ecology, 2016). Por fim, a última versão da certificação é a v4, que foi lançada internacionalmente em 2013. Esta versão traz um foco maior nos materiais utilizados na construção e os impactos dos seus componentes, valorizando também a performance da edificação em relação a qualidade do ambiente interno para o seu ocupante, e esclarece a questão de eficiência no uso de água, considerando o consumo do edifício como um todo. Esta versão deu maior flexibilidade quanto aos tipos de projetos certificados, fazendo adaptações para novos setores de mercado, e também trouxe avanços no LEED online, disponibilizando os formulários e a biblioteca de créditos no seu endereço eletrônico (USGBC, 2016). Ocorreram mudanças técnicas e aumento de exigências nesta última versão, principalmente nas exigências em relação aos materiais, como por exemplo a necessidade da análise do ciclo de vida e identificação de compostos químicos tóxicos utilizados de acordo com Santos (2015), foram: • Análise das condições iniciais do terreno, antes do projeto; • Boa mobilidade urbana e prioridade ao transporte público no entorno da construção; • Redução do consumo de água para paisagismo em ao menos 30%; • Redução do consumo de água de hidrossanitários em ao menos 20%; • Desenvolvimento de um plano de gestão de resíduos durante a construção; • Coleta, armazenamento e disposição corretos de resíduos perigosos A Certificação proporciona informações consideráveis, verificadas e comparáveis sobre os aspectos ambientais, de conforto e de saúde com a finalidade de facilitar a análise do grau de sustentabilidade de uma edificação específica. Por isso essa certificação funciona para todos os edifícios e pode ser aplicada a qualquer momento no empreendimento desde que atenda aos pré-requisitos e créditos. O Projeto que busca o selo LEED são analisados a partir dos pré-requisitos (práticas obrigatórias) e créditos (recomendações) à medida que são atendidos, garante a certificação a edificação conforme as tipologias da USGBC. 18 Figura 23: Níveis de certificação do selo LEED. Disponível em <:https://sustentarqui.com.br/certificacao-leed-o-que-e-e-como-funciona>.. Acesso em 24 set. 2020 No Brasil, a indústria da construção civil tem grande participação no desenvolvimento econômico e social. Ao mesmo tempo, esse setor também é responsável por sérios impactos ambientais ligados ao consumo de recursos naturais, energia, poluição e geração de resíduos. Com isso o objetivo do LEED é diminuir esse impacto chegando a um determinado nível de sustentabilidade, além de possuir vantagens para o setor comercial devido a redução dos custos operacionais na obra, que por sua vez, torna-se um atrativo para vender ou alugar as edificações certificadas, consequentemente, gerando um ganho e um ponto positivo para o mercado comercial sustentável. (HERNANDES, DUARTE, 2007). Os níveis de certificação do LEED funcionam como uma espécie de checklist com alguns critérios a serem seguidos como: • Localização e transporte • Espaço sustentável • Eficiência do uso da água • Energia e atmosfera • Materiais e recursos • Qualidade do ambiente interno • Inovação • Prioridade regional Esses pré-requisitos levam em consideração as ações obrigatórias em qualquer empreendimento que busca a certificação, que por ter uma avaliação global em relação as fases do empreendimento, pode ocorrer uma certificação com alta pontuação numa fase, e em outra com menos critérios atendidos. (COSTA, MORAES, 2013). O sistema LEED possui diferentes tipos de selo, no Brasil, trabalha-se com 9 tipos diferentes e é feita pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil, 2016a) e são determinados de acordo com a tipologia da edificação (figura 24): ● LEED BD+C – para Novas Construções e Grandes Reformas https://sustentarqui.com.br/certificacao-leed-o-que-e-e-como-funciona/ 19 ● LEED ID+C – para interiores ● LEED O+M – para Operações e Manutenção ● LEED ND – para Desenvolvimento de Bairros Figura 24: Tipologias das edificações exigidas pelo LEED. Disponível em: <https://sustentarqui.com.br/certificacao-leed-o-que-e-e-como-funciona/>. Acesso em 24 set. 2020 Os selos têm como função dar pesos diferentes para as dimensões avaliadas, através da quantidade de pontos que pode ser obtida em cada dimensão, conforme seus critérios: Na figura 25 são apresentados, em síntese, os 8 tipos de selo e a pontuação de cada dimensão nos diferentes tipos de selo LEED. Na figura 26 são apresentados os pesos relativos das dimensões dentro de cada tipo de selo. Figura 25: Síntese do selo LEED e suas pontuações. Figura 26: Peso avaliado em cada certificação LEED. A Estratégia é que cada selo atribua pesos de acordo com as tipologias das edificações: Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/ monopoli10018022.pdf >. Acesso em 24 set. 2020. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/m onopoli10018022.pdf >. Acesso em 24 set. 2020. https://sustentarqui.com.br/certificacao-leed-o-que-e-e-como-funciona/ http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10018022.pdf http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10018022.pdf http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10018022.pdf http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10018022.pdf 20 • LEED New Construction & Major Renovation (LEED para Novas construções e Grandes Reformas) - para edificações que serão construídas ou que passarão por reformas que incluam sistema de ar condicionado, envoltória e realocação (GBC Brasil, 2016); • LEED Existing Buildings – Operation and Maintance (LEED para Edifícios Existentes- Operação e Manutenção) - voltado para a eficiênciada manutenção e operação da edificação existente, ajudando na maximização da eficiência e reduzindo custos e o impacto sobre o meio ambiente (GBC Brasil, 2016); • LEED for Commercial Interiors (LEED para Interiores Comerciais) - voltado para escritórios com alto desempenho, que ofereçam ambiente interno mais saudável, o que leva a um ganho na produtividade dos ocupantes, além de redução nos custos de operação e manutenção (GBC Brasil, 2016); • LEED Core & Shell (LEED para Envoltória e Estrutura Principal) - atende edificações com espaços internos que serão comercializados. A avaliação é feita para o espaço comum da edificação, o sistema de ar condicionado e estrutura principal, como elevadores, escadas e fachada. Não são considerados na avaliação detalhes de ocupação, como o mobiliário, por exemplo (GBC Brasil, 2016); • LEED Retail (LEED para Lojas de Varejo) - destinado a lojas de varejo, abrangendo suas características e necessidades, que diferem de uma edificação comercial. (GBC Brasil, 2016); O peso de cada dimensão do LEED para Novas Construções ou Grandes Reformas em Lojas de Varejo, é o mesmo do selo LEED Novas Construções e Grandes Reformas. O peso de cada dimensão do LEED para Interiores Comerciais em lojas de varejo, é o mesmo do selo LEED para Interiores Comerciais. • LEED for Schools (LEED para Escolas) - destinado para melhorar ambientes escolares, aumentando o conforto e saúde de alunos e do corpo docente. Também visa reduzir os custos de manutenção e operação do edifício, além de incentivar a criação de práticas de educação ambiental na escola (GBC Brasil, 2016); • LEED for Neighborhood Development (LEED para Desenvolvimento de Bairros) - voltado para espaços urbanos, que inclui ruas, casas, escritórios, shoppings, mercados e áreas públicas. Nestes espaços são integrados princípios de crescimento planejado e inteligente, urbanismo sustentável e edificações verdes, através de diferentes tipos de edificações. O selo também incentiva o transporte público eficiente e alternativo e a criação de áreas de lazer de alta qualidade (GBC Brasil, 2016). 21 As dimensões avaliadas deste selo têm distribuição de pontos por dimensão avaliada diferentes apresentada na figura 27. Figura 27: Pontuações possíveis para cada dimensão avaliada no LEED ND. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10018022.pdf >. Acesso em 24 set. 2020. LEED for Healthcare (LEED para Hospitais) - atende às necessidades específicas dos hospitais, que diferem das edificações comerciais. A certificação ajuda na criação de ambientes mais saudáveis e naturais, o que ajuda na recuperação de pacientes (GBC Brasil, 2016a) A pontuação para os requisitos e critérios de avaliação varia de acordo com a quantidade existente de nível de atendimento ao crédito, como no crédito de redução no uso de água, que concede 6 pontos para uma redução de 30%; 8 pontos para uma redução de 35% e 11 pontos para redução de 40%, na dimensão Uso racional da água, no LEED para Interiores Comerciais, por exemplo. (GBC Brasil, 2016a) Para atender o pré-requisito é necessário dedicar uma área (ou áreas) de fácil acesso para coleta com depósitos de materiais para reciclagem. Portanto, a coleta deve destinar, no mínimo, para papel, papelão, vidro, plástico e metais. Paralelo a isso, temos créditos para reuso do edifício e materiais, gestão de resíduo da construção, conteúdo reciclado, materiais regionais, materiais de rápida renovação e madeira certificada. No Brasil a prática dessa técnica é usada numa baixa escala, segundo BARROS (2012) em seu estudo, a maior dificuldade constatada em relação a esta dimensão é a falta de fornecedores e projetistas especializados na área e a burocracia excessivas da documentação necessária. Ainda segundo BARROS (2012), também são problemas para implementação de http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10018022.pdf 22 edifícios sustentáveis: a falta de treinamento e educação em projetos e construções sustentáveis, o alto custo inicial das opções para construção e o desinteresse por parte do mercado. A prática da reciclagem enfrenta um obstáculo que é a falta de cultura de reciclagem. Seja por partes das escolhas do cliente de construir ou das empresas construtoras, que deveriam buscar a redução das perdas e geração de resíduos através de métodos construtivos mais racionais; e o governo local, que deve fiscalizar geradores e resíduos, para evitar a destinação inapropriada ou ilegal destes (CORRÊA, 2009). O processo de obtenção do selo ocorre em 5 etapas de acordo com o GBC Brasil (GBC Brasil, 2016c) e está disponível no portal LEED Online, que de fato, dificulta a opção pela construção de edificações sustentáveis, por demandar um alto custo inicial, através de esforços para atender os requisitos de uma certificação e com o custo da própria certificação. 5 ANÁLISE DA EDIFICAÇÃO A PARTIR DOS CRITÉRIOS DO SELO Ainda que a edificação seja tomada como um exemplo pelo seu impacto de transformação social, a mesma ainda é insuficiente em alguns critérios ambientais avaliados pelo LEED, como mostra a tabela abaixo. Tabela 28: critérios do LEED e a edificação. CRITÉRIOS PRESENTE DA EDIFICAÇÃO Espaço Sustentável Sim Energia e Atmosfera Sim Materiais e Recursos Sim Qualidade ambiental interna Sim Localização e transportes - Inovação e Processos - Créditos de Prioridade Regional - Eficiência do uso da água - Fonte: Acervo dos autores, 2020. 5.1 Pontos comuns entre o selo e parâmetros de conforto ambiental As escolhas dos materiais juntamente com as técnicas construtivas utilizadas possibilitam que a edificação se encaixe em alguns dos critérios avaliados pela certificação 23 LEED; são eles: energia e atmosfera, qualidade ambiental interna, espaço sustentável, e materiais e recursos. A energia e atmosfera, e a qualidade ambiental interna são alcançadas a partir de várias soluções aplicadas na edificação. Começando pelo térreo, as paredes grossas feitas com tijolos de adobe aprimorado, fazem com que a mesma demore mais tempo para trocar de temperatura com o ambiente externo, tornando o prédio até 7˚C mais fresco, sem necessidade de uso de ar condicionado. As aberturas feitas com tijolos em 45º em algumas paredes também contribuem para a entrada de ar nos espaços internos. O pátio central o qual integra uma vegetação nativa típica do cerrado, permite um maior conforto térmico promovendo a ventilação e a entrada de luz natural nos ambientes da edificação, agregando pontos positivos no critério espaço sustentável (figura 29). Figura 29: pátio interno Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e- rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018>. Acesso em 23 set. 2020. Em razão do segundo pavimento da edificação ser um andar todo vazado (figura 30), sem paredes e sem vidros, apenas com divisórias de madeira à meia altura, o ar consegue circular livremente nos ambientes internos tornando-os agradáveis e com uma vista livre para o pátio. A cobertura metálica (figura 31) também colabora para o conforto térmico, uma vez que a mesma é esbelta e cria uma grande sombra protegendo as paredes da incidência solar direta. https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 24 Figura 30: Segundo pavimento. Figura 31: cobertura protegendo as paredes. A escolha do uso de materiais regionais como a palha trançada e os tijolos feitos com o solo do próprio local paraa construção da escola, agregam pontos positivos aos critérios de materiais e recursos; as lixeiras de coleta seletiva existentes na escola, mostram que houve uma preocupação com o descarte consciente de resíduos, e também agregam pontos a este mesmo critério. Mas a utilização da madeira laminada (figura 32) colada agrega pontos negativos em localização e transportes, uma vez que a mesma foi executada pela Ita Construtora, que se localiza em São Paulo, gerando uma maior necessidade do uso de meios de transporte para esse material. Figura 32: detalhamento da madeira laminada colada Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e- rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018>. Acesso em 23 set. 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/906263/proj eto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum- vence-o-premio-internacional-riba-2018>. Acesso em 23 set. 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/906263/proj eto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum- vence-o-premio-internacional-riba-2018>. Acesso em 23 set. 2020. https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-e-rosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 25 6 PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DAS EXIGÊNCIAS DO SELO Genericamente, quando se fala na obtenção da certificação LEED apenas são lembrados dos seus benefícios ambientais, como a diminuição dos impactos gerados pelas edificações, no local em que estão inseridas. Mas vale salientar que, as exigências dos selos são muito mais complexas e acabam gerando pontos negativos também. 5.1 Positivos Os pontos positivos das exigências vão muito mais além do que apenas ambientais, eles englobam também benefícios sociais e econômicos para a edificação e seu entorno. 5.1.1 Ambientais Para o meio ambiente, o foco está na redução de impactos, fazendo-se necessária a utilização mínima de recursos naturais ou a utilização o mais racional possível, como a água; recomenda-se também, o uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental, a redução, o tratamento e o reuso dos resíduos gerados pela construção e operação; e pôr fim a mitigação dos efeitos das mudanças climática. 5.1.2 Sociais Para os trabalhadores e ocupantes da edificação há um aumento da satisfação, do bem- estar e da saúde, uma vez que, os ambientes foram projetados para promover o máximo de conforto possível. Há também, um aumento da segurança, da responsabilidade socioambiental e do senso de comunidade dos usuários. 5.1.3 Econômicos As vantagens econômicas estão na diminuição de custos operacionais, como as taxas de energia e de água; diminuição dos riscos regulatórios e da obsolescência, pelo fato de que essas edificações, em sua maioria, são mais modernas e possuem, um certo avanço tecnológico; e por fim há a valorização do imóvel para revenda ou arrendamento. 26 5.2 Negativos Os pontos negativos das exigências começam já na maior complexidade requerida pela construção e nos altos custos iniciais para a inserção de tecnologias sustentáveis no empreendimento, por exemplo: painéis solares fotovoltaicos, e posteriormente, a demora na recuperação desses custos. Há também, uma grande dificuldade para encontrar fornecedores especializados de insumos, logo, a dimensão Materiais e recursos torna-se uma das mais difíceis a se atender na certificação LEED. Outro ponto negativo é falta de acompanhamento dos processos sustentáveis após a construção da edificação, ou seja, se os equipamentos instalados com a finalidade de melhorar a eficiência energética não forem utilizados, o prédio perde a certificação. 27 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando em conta tudo o que engloba ao ser falado sobre arquitetura sustentável, é preciso estar ciente de que o termo abrange muito mais do que só os aspectos ambientais. Portanto, quando usamos uma certificação para analisar se determinado projeto é sustentável ou não, essa avaliação vai além do que só a edificação. A certificação LEED reforça a necessidade de uma boa capacitação de profissionais para a criação de novas tecnologias, disseminação de boas práticas dentro no universo da construção, além de avaliar os impactos urbanos causados pelo projeto. Dito isso, é possível concluir que ao analisar o projeto Moradias Infantis Canuanã, apesar de possuir características sustentáveis quanto a utilização de materiais e impacto social. A edificação não atingiria a pontuação necessária para receber a certificação LEED de arquitetura sustentável. Tal motivo se dá por questões como o uso da Madeira Laminada Colada (MLC), que apesar de ser com madeira 100% de florestas de reflorestamento e tecnologia com baixo impacto ambiental, precisou ser obtida da Ita Construtora Ltda. A empresa fica no interior de São Paulo e precisou percorrer quase 1.600km para levar o material até a construção, indo contra o critério de Localização e Transporte que determina a ‘boa mobilidade urbana e prioridade ao transporte público no entorno da construção”. Outro ponto seria a falta de acompanhamento dos processos sustentáveis após a construção da edificação. 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOMFIM, Camila. 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