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SISTEMA DE ENSINO NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II Livro Eletrônico 2 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Sumário Apresentação ................................................................................................................................... 3 Lei n. 13.146/2015 – Parte II .......................................................................................................... 4 Dos Direitos Fundamentais........................................................................................................... 4 Do Direito à Habilitação e Reabilitação ...................................................................................... 6 Do Direito à Saúde........................................................................................................................... 8 Do Direito à Educação ...................................................................................................................15 Do Direito à Moradia......................................................................................................................19 Do Direito ao Trabalho e Emprego ..............................................................................................21 Do Direito à Assistência Social ................................................................................................... 23 Do Direito à Previdência Social .................................................................................................. 26 Do Direito à Cultura, ao Esporte, ao Turismo e ao Lazer ...................................................... 27 Direito ao Transporte e à Mobilidade ....................................................................................... 32 Resumo ............................................................................................................................................38 Questões de Concurso ................................................................................................................. 41 Gabarito ...........................................................................................................................................68 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita ApresentAção Nesta aula do curso de Direitos das Pessoas com Deficiência, vamos abordar o Título II da Lei n. 13.146/2015, que trata dos Direitos Fundamentais das pessoas com deficiência. Esses direitos foram previstos a partir da Constituição Federal, que impõe à República Fede- rativa do Brasil o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, bem como a partir da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que confere inúmeras diretrizes, aos países signatários, no estabelecimento de direitos à pessoa com deficiência. Em última análise, esses direitos visam promover a isonomia, na medida em que impõem um tratamento adequado à condição especial da pessoa com deficiência, de modo que essa “desigualdade” causada pela deficiência seja compensada com um tratamento “desigual” na medida certa. Se uma pessoa sem deficiência tem direito à educação, uma pessoa com de- ficiência também o tem, mas, por exemplo, com tecnologia e comunicação que lhe garanta o entendimento integral daquilo que está sendo ensinado. Por outro lado, a lei coíbe a cobrança de preços diferenciados às pessoas com deficiência, bem como impõe medidas que garantam o acesso a esses direitos. Você verá, em nossa aula, os detalhes de cada um dos direitos previstos na Lei n. 13.146/2015, para que você possa acertar todas as questões relativas a esse tema. Venha comigo! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita LEI N. 13.146/2015 – PARTE II Dos Direitos FunDAmentAis Nesta aula, estudaremos os diversos direitos fundamentais que a Lei n. 13.146/2015 garan- te à pessoa com deficiência. Eles se encontram nos capítulos I a X da referida Lei (arts. 10 a 52). Eles estão dispostos a seguir, para que você tenha uma visão geral de todos os capítulos compreendidos nesse título. São eles: • direito à vida; • direito à habilitação e à reabilitação; • direito à saúde; • direito à educação; • direito à moradia; • direito ao trabalho; • direito à assistência social; • direito à previdência social; • direito à cultura, ao esporte ao turismo e ao lazer; • direito ao transporte e à mobilidade. Antes de adentrarmos no cerne da aula de hoje, cumpre fazer uma rápida observação: aten- te para o fato de que muitos desses direitos também estão previstos na Constituição Federal, de modo que a Lei n. 13.146/2015 os efetiva e os adapta à situação das pessoas com defici- ência. Observe o que nos diz o art. 6º da Constituição: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Agora, sim, vamos abordar cada um desses direitos! Mais do que um direito fundamental da pessoa com deficiência, o direito à vida já se en- contra garantido a todas as pessoas, sendo uma garantia fundamental prevista no art. 5º da Constituição Federal. Deve-se ter em mente que se trata do direito mais básico do ser humano, sendo inviolável e garantido a todas as pessoas, sem qualquer distinção. É em conformidade com essa disposição constitucional que se reforça essa garantia à pessoa com deficiência, conforme estudaremos a seguir. O art. 10 da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência disci- plinou que: Os Estados-Partes reafirmam que todo ser humano tem o inerente direito à vida e tomarão todas as medidas necessárias para assegurar o efetivo exercício desse direito pelas pessoas com deficiên- cia, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita É óbvio que o primeiro direito fundamental do portador de deficiência é o direito à vida, e a uma vida digna. Sem ela, todos os demais direitos inexistem. A pessoa com deficiência tem o direito de lutar pela sua vida e o Estado tem que tomar todas as medidas necessárias para assegurar esse direito em igualdade de oportunidade com as demais pessoas. Também é óbvio que, apesar de ser dever do Estado tomar medidas para garantir a vida da pessoa com deficiência, ela não é obrigada a se submeter a tratamento clínico ou interven- ção cirúrgica ou a ser submetido a qualquer tratamento de forma forçada (art. 11, da Lei n. 13.146/2015). O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa comdeficiência é indis- pensável para a realização de tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa científica (art. 12, da Lei n. 13.146/2015). Há uma hipótese, contudo, em que é desnecessário o consentimento da pessoa com defi- ciência quando a situação envolve direito à vida: atendimento de emergência em saúde e risco de morte (art. 13, da Lei n. 13.146/2015). Se a pessoa portadora de deficiência estiver submetida à curatela, deve-se buscar no maior grau possível a sua participação no processo de decisão acerca da realização do tratamento. Se, contudo, ela não puder expressar sua vontade, esse consentimento poderá ser suprido, na forma da lei: normalmente pelo curador ou com a autorização judicial (como ocorre na Lei n. 9.263/1996). Tutela é o encargo atribuído pela Justiça a um sujeito capaz, para que proteja, zele, guarde, oriente, responsabilize-se e administre os bens de crianças e adolescentes cujos pais são fale- cidos ou estejam ausentes até que completem 18 anos de idade (ou seja, menores de idade). Curatela é o encargo atribuído pelo Juiz a um sujeito capaz, para que proteja, zele, guarde, oriente, responsabilize-se e administre os bens de pessoas judicialmente declaradas incapa- zes (que não sejam menores de idade). Interessante notar que há uma proteção especial na Lei n. 13.146/2015 à pessoa com de- ficiência quanto à sua participação em pesquisa científica em situação de tutela ou curatela. Essa participação somente pode ocorrer: (a) em caráter excepcional, (b) se houver indícios de benefício direto para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e (c) desde que não haja outra opção de pesquisa de eficácia compatível com participantes não tutelados ou curatelados. Diante da imposição da presença desses três requisitos cumulativos, é praticamente im- possível promover pesquisa científica com a participação de pessoas com deficiência tutelada ou curatelada. Outra faceta do direito à vida é a proteção da pessoa com deficiência em situação de vul- nerabilidade. Em determinadas situações, especialmente as de risco, emergência ou estado de calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável e o Poder Público deverá adotar medidas para a sua proteção (art. 10, parágrafo único, da Lei n. 13.146/2015). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Antes de passar para o próximo tópico, leia com atenção os dispositivos da Lei n. 13.146/2015 acima mencionados: Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida. Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado de calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua proteção e segurança. Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização forçada. Parágrafo único. O consentimento da pessoa com deficiência em situação de curatela poderá ser suprido, na forma da lei. Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa com deficiência é indispensável para a realização de tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa científica. § 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação de curatela, deve ser assegurada sua partici- pação, no maior grau possível, para a obtenção de consentimento. § 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência em situação de tutela ou de curatela deve ser realizada, em caráter excepcional, apenas quando houver indícios de benefício direto para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e desde que não haja outra opção de pesquisa de eficácia comparável com participantes não tutelados ou curatelados. Art. 13. A pessoa com deficiência somente será atendida sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de morte e de emergência em saúde, resguardado seu superior inte- resse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis. Do Direito à HAbilitAção e reAbilitAção O Brasil se obrigou no cenário internacional, ao assinar a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a: Tomar medidas apropriadas para promover a recuperação física, cognitiva e psicológica, inclusive mediante a provisão de serviços de proteção, a reabilitação e a reinserção social de pessoas com deficiência que forem vítimas de qualquer forma de exploração, violência ou abuso. (art. 16, item 4). A habilitação e a reabilitação da pessoa com deficiência são objetivos tão importantes para a Convenção que foi dedicado um capítulo específico para esse tema no art. 26 do tratado in- ternacional. Nesse artigo, os parâmetros para a promoção da habilitação e da reabilitação são: • promover a autonomia; • promover a plena capacidade física, mental, social e profissional; • inclusão em todos os aspectos da vida (educação, emprego, serviços sociais etc.); • ampliação dos serviços e programas de habilitação e reabilitação; • início de forma mais precoce possível; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita • avaliação multidisciplinar das necessidades; • identificação das potencialidades da pessoa; • proximidade do tratamento com a comunidade onde vive a pessoa com • deficiência; • capacitação contínua dos profissionais envolvidos; • desenvolvimento e disponibilidade de tecnologias assistivas. Na Lei n. 13.146/2015, o direito à habilitação e à reabilitação é garantido no art. Os objetivos do processo de habilitação e reabilitação são assim expressos na lei: Art. 14, Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabilitação tem por objetivo o desenvol- vimento de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicos- sociais, atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com deficiência e de sua participação social em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas. Perceba que, assim como na Convenção Internacional, a busca pela autonomia e pelo de- senvolvimento das potencialidades da pessoa com deficiência são os principais objetivos da habilitação e da reabilitação. A lei também informa que a avaliação da pessoa com deficiência deve ser promovida por equipe multidisciplinar, observando as seguintes diretrizes (art. 15, da Lei n. 13.146/2015): I – diagnóstico e intervenção precoces; II – adoção de medidas para compensar perda ou limitação funcional, buscando o desenvolvimento de aptidões; III – atuação permanente, integrada e articulada de políticas públicas que possibilitem a plena participação social da pessoa com deficiência; IV – oferta de rede de serviços articulados, com atuação intersetorial, nos diferentes níveis de com- plexidade, para atender às necessidades específicas da pessoa com deficiência; V – prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa com deficiência, inclusive na zona rural, respeitadas a organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas do Sistema Único de Saúde (SUS). Essas diretrizes seguem a lógica de que, quanto mais cedo o diagnóstico e a intervenção,maiores as chances de habilitação e reabilitação. Noutro giro, a atuação dos profissionais multidisciplinares deve ser permanente e articulada com políticas públicas, deve atender dife- rentes níveis de complexidade e devem ocorrer em local próximo ao domicílio da pessoa com deficiência. Também decorre das características da habilitação e da reabilitação, inseridas na Conven- ção Internacional, o art. 16 da Lei n. 13.146/2015, pois esse dispositivo informa que são ga- rantidos, nos programas e serviços de habilitação e reabilitação, a acessibilidade, a tecnologia assistida e a capacitação continuada dos profissionais. Veja: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de reabilitação para a pessoa com deficiência, são garantidos: I – organização, serviços, métodos, técnicas e recursos para atender às características de cada pessoa com deficiência; II – acessibilidade em todos os ambientes e serviços; III – tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação, materiais e equipamentos adequados e apoio técnico profissional, de acordo com as especificidades de cada pessoa com deficiência; IV – capacitação continuada de todos os profissionais que participem dos programas e serviços. Por fim, o último dispositivo que trata da habilitação e da reabilitação (art. 17, da Lei n. 13.146/2015) envolve a atuação dos serviços do SUS e do SUAS, que são os Sistemas de Saú- de e de Assistência Social, respectivamente. Para a lei, o SUS e o SUAS devem dar informações e orientações adequadas para propor- cionar o acesso das pessoas com deficiência às políticas públicas disponíveis, de forma que essas pessoas tenham plena participação na vida social. E essas informações devem ser dis- ponibilizadas em todas as áreas: De saúde, de educação, de cultura, de esporte, de lazer, de transporte, de previdência social, de assis- tência social, de habitação, de trabalho, de empreendedorismo, de acesso ao crédito, de promoção, proteção e defesa de direitos e nas demais áreas que possibilitem à pessoa com deficiência exercer sua cidadania. (parágrafo único do art. 17 da Lei n. 13.146/2015). Do Direito à sAúDe Quando se fala de saúde da pessoa com deficiência, é necessário remeter você ao direito constitucional brasileiro, por ser a saúde uma garantia fundamental e decorrência direta do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana. O cidadão possui a garantia de viver em ambiente adequado com condições sadias, e in- cumbe ao Estado adotar as políticas sociais adequadas para a redução de doenças, bem como garantir o acesso universal de forma igualitária para os serviços de saúde. No caso do direito à saúde da pessoa com deficiência, é necessário “abrir o olho”, pois a lei estabelece normas para que essa pessoa tenha um atendimento integral, em todos os níveis de complexidade, de caráter preventivo e de tratamento, sem discriminação, sem custos adi- cionais, com o direito a acompanhante, em ambientes acessíveis, sem se submeter a qualquer tipo de discriminação ou violência. Em sentido lato, a saúde é prevista e assegurada pela Carta Magna do país na parte dos direitos fundamentais em seu art. 196, vejamos: Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e eco- nômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Seguindo a linha da Constituição Federal, vamos analisar o art. 18 da Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência. A política que o Estado adota no Brasil é o Sistema Único de Saúde (SUS). Esse é um sistema de prestação de serviço público gratuito pelo Estado, custeado com o direito dos tributos dos contribuintes. O SUS é de responsabilidade dos três entes federati- vos (União, Estados e Municípios). A iniciativa privada pode participar do SUS, mas em caráter complementar (por isso que você vê hospitais privados atendendo pelo SUS). A lei que regulamenta o SUS é a Lei n. 8.080/1990, mas o foco aqui é outro: a Lei n. 13.146/2015. Desse modo, como essa lei traz o SUS para dentro da realidade da pessoa com deficiência? Lei o art. 18 da Lei n. 13.146/2015: Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário. § 1º É assegurada a participação da pessoa com deficiência na elaboração das políticas de saúde a ela destinadas. § 2º É assegurado atendimento segundo normas éticas e técnicas, que regulamentarão a atuação dos profissionais de saúde e contemplarão aspectos relacionados aos direitos e às especificidades da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua dignidade e autonomia. § 3º Aos profissionais que prestam assistência à pessoa com deficiência, especialmente em servi- ços de habilitação e de reabilitação, deve ser garantida capacitação inicial e continuada. § 4º As ações e os serviços de saúde pública destinados à pessoa com deficiência devem assegu- rar: I – diagnóstico e intervenção precoces, realizados por equipe multidisciplinar; II – serviços de habilitação e de reabilitação sempre que necessários, para qualquer tipo de deficiên- cia, inclusive para a manutenção da melhor condição de saúde e qualidade de vida; III – atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento ambulatorial e internação; IV – campanhas de vacinação; V – atendimento psicológico, inclusive para seus familiares e atendentes pessoais; VI – respeito à especificidade, à identidade de gênero e à orientação sexual da pessoa com defici- ência; VII – atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito à fertilização assistida; VIII – informação adequada e acessível à pessoa com deficiência e a seus familiares sobre sua condição de saúde; IX – serviços projetados para prevenir a ocorrência e o desenvolvimento de deficiências e agravos adicionais; X – promoção de estratégias de capacitação permanente das equipes que atuam no SUS, em todos os níveis de atenção, no atendimento à pessoa com deficiência, bem como orientação a seus aten- dentes pessoais; XI – oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, medicamentos, insumos e fórmu- las nutricionais, conforme as normas vigentes do Ministério da Saúde. § 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também às instituições privadas que participem de forma complementar do SUS ou que recebam recursos públicos para sua manutenção. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Como todo cidadão tem direito a ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o cida- dão com deficiência não poderia ficar de fora.A Lei deixa claro que esse atendimento à pessoa com deficiência deve alcançar todos os níveis de complexidade, ou seja, não é só um atendi- mento superficial e raso. Além disso, o acesso é universal (a todas as pessoas) e igualitário (todos devem ser tratados igualmente). No § 1º do art. 18, garante-se às pessoas com deficiência a participação na elaboração de políticas de saúde. O intuito da lei é que elas sejam ouvidas em suas reclamações, seus dese- jos e por entenderem e conhecerem mais do que outra pessoa o corpo, o estado psicológico e as dificuldades que elas enfrentam. O § 2º desse artigo confere, ainda, aos portadores de deficiência o atendimento de sua saúde por profissionais da área da saúde pautados em normas éticas e técnicas. Esse atendi- mento ético deve observar tanto os direitos das pessoas com necessidades especiais quanto o de promover atendimento adequado para as necessidades específicas que precisam, respei- tando sua autonomia. Para complementar, o § 3º prevê o treinamento e capacitação inicial e continuada para os profissionais que atendem pessoas com deficiência, especialmente aqueles especializados em serviços de habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência. A ideia é que os profis- sionais estejam atualizados e acompanhem o desenvolvimento científico, tecnológico e técni- co que estão em constante melhoramento. O parágrafo subsequente trata do direito das pessoas com deficiência em terem diagnós- tico e intervenção precoce, que seja realizado por equipe multidisciplinar para o melhor trata- mento, evitando complicações fatais que possam prejudicar a vida afetiva, profissional, social e, principalmente, a parte psicológica que normalmente é mais frágil, estando previsto trata- mento psicológico, inclusive para familiares e quem os atende. Aborda ainda a garantia de tra- tamento ambulatorial, internação, campanhas de vacinação, identidade de gênero, orientação sexual e reprodutiva com direito à fertilização assistida, oferta de próteses, meias auxiliares, medicamentos, fórmulas nutricionais, entre outros. O principal objetivo do § 4º é proporcionar uma maior qualidade de vida, uma inserção do paciente na sociedade baseado nos desejos, vontades e necessidades que permitem um me- lhoramento na qualidade de vida. O último parágrafo do art. 18 estipula que as diretrizes nele previstas devem ser aplicadas para instituições privadas que participam de forma complementar do SUS ou que recebam recursos públicos para a manutenção do serviço, da estrutura etc. É uma forma de ampliar serviços para ofertar saúde para todos. O art. 19 da Lei n. 13.146/2015 continua tratando de como o SUS deve atender a pessoa com deficiência. A palavra-chave desse dispositivo é uma só: prevenção. Esse artigo prevê as competências do SUS para prevenir deficiências por causas evitáveis, ou seja, ações e medi- das que podem ser tomadas para evitar acidentes que podem ocasionar lesões que tornem o indivíduo deficiente ou ações que previnam doenças que podem causar deficiência. Observe: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações destinadas à prevenção de deficiências por causas evitáveis, inclusive por meio de: I – acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com garantia de parto humanizado e seguro; II – promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, prevenção e cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição da mulher e da criança; III – aprimoramento e expansão dos programas de imunização e de triagem neonatal; IV – identificação e controle da gestante de alto risco. Esse dispositivo caminha na esteira do art. 198, II, da Constituição, pois lá está definido que uma das diretrizes do SUS é o atendimento integral com prioridade para ações preventivas, ou seja, com foco em evitar doenças, inclusive aquelas que possam redundar numa deficiência. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade. § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional n. 29, de 2000) A ideia de prevenção é essencial para a manutenção da sociedade com boa qualidade de vida para o desenvolvimento do país. Estão previstas na lei medidas de prevenção como: • o acompanhamento da gravidez (no caso do “zika vírus”, evita e previne o nascimento de bebês com microcefalia); • o incentivo de práticas alimentares adequadas e saudáveis, principalmente com mulhe- res e crianças; • o aprimoramento e expansão de programas de imunização (vacinação) e de triagem neonatal; e • melhor identificação de gestantes com gravidez de alto risco, garantindo que não haja deficiência por falta de monitoramento adequado. Essa preocupação com a prevenção também consta no art. 25, b, da Convenção Internacio- nal sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: b) Propiciarão serviços de saúde que as pessoas com deficiência necessitam especificamente por causa de sua deficiência, inclusive diagnóstico e intervenção precoces, bem como serviços proje- tados para reduzir ao máximo e prevenir deficiências adicionais, inclusive entre crianças e idosos; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Muitos dos dispositivos relacionados ao direito à saúde da pessoa com deficiência fazem questão de promover a isonomia no atendimento deles e das demais pessoas sem deficiência, de modo a não excluir a atenção ao primeiro grupo. Isso ocorre, por exemplo, no art. 20 da Lei n. 13.146/2015, que obriga as seguradoras e operadoras de plano de saúde a garantirem às pessoas com deficiência serviços iguais aos ofertados aos outros clientes. Tal dispositivo evita que haja discriminação e cobrança elevada dos planos para pessoas que tenham alguma deficiência, por serem prováveis usuários de maiores serviços. Isso também consta no art. 25, e, da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pesso- as com Deficiência: e) Proibirão a discriminação contra pessoas com deficiência na provisão de seguro de saúde e seguro de vida, caso tais seguros sejam permitidos pela legislação nacional, os quais deverão ser providos de maneira razoável e justa; Esse dispositivo é complementado pelo art. 23, que trata da vedação à discriminação dos pacientes com deficiência, inclusive quanto ao valor diferenciado por planos de saúde e se- guro. Isso garante que sua condição não seja motivo para um tratamento diferenciado e mais caro, o que feriria o princípio da isonomia e acabaria por significar uma limitação ao exercício do direito à saúde pela pessoa com deficiência. Art. 20. As operadoras de planos e seguros privadosde saúde são obrigadas a garantir à pessoa com deficiência, no mínimo, todos os serviços e produtos ofertados aos demais clientes. Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saúde da pessoa com deficiência no local de residência, será prestado atendimento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de tratamento, garantidos o transporte e a acomodação da pessoa com deficiência e de seu acompanhante. Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em observação é assegurado o direito a acompa- nhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições adequadas para sua permanência em tempo integral. § 1º Na impossibilidade de permanência do acompanhante ou do atendente pessoal junto à pessoa com deficiência, cabe ao profissional de saúde responsável pelo tratamento justificá-la por escrito. § 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º deste artigo, o órgão ou a instituição de saú- de deve adotar as providências cabíveis para suprir a ausência do acompanhante ou do atendente pessoal. Art. 23. São vedadas todas as formas de discriminação contra a pessoa com deficiência, inclusive por meio de cobrança de valores diferenciados por planos e seguros privados de saúde, em razão de sua condição. O art. 21 Lei n. 13.146/2015 reflete o caráter integral da prestação à saúde da pessoa com deficiência. Quando o atendimento em domicílio a essa pessoa não for mais suficiente e for preciso o seu deslocamento a algum hospital ou clínica, deve ser assegurado o transporte e acomodação, inclusive para seu acompanhante, para fins de diagnóstico e tratamento. Tal me- dida visa evitar que a dificuldade de locomoção seja um empecilho para o atendimento à saúde da pessoa com deficiência. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita O art. 22 reforça a necessidade de promover a presença de um acompanhante para a pes- soa com deficiência, especialmente quando esta estiver internada ou em observação, o que deve se dar em tempo integral. É uma forma de dar segurança e atenção especial ao portador de deficiência. Em caso de impossibilidade da permanência do acompanhante, deve o profissional de saúde responsável pelo tratamento justificar por escrito. Nessa situação, a instituição ou órgão fica obrigado a tomar todas as medidas cabíveis para suprir as necessidades geradas pela ausência do acompanhante ou atendente pessoal. Há, ainda, algumas características específicas para a prestação de saúde à pessoa com deficiência: • ampla informação, inclusive com o uso de tecnologia assistiva; • acessibilidade, com eliminação de barreiras nos espaços de serviços de saúde; • atuação firme contra suspeita de violência contra a pessoa com deficiência. Veja a redação dos últimos artigos desse capítulo. Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o acesso aos serviços de saúde, tanto públicos como privados, e às informações prestadas e recebidas, por meio de recursos de tecnologia assisti- va e de todas as formas de comunicação previstas no inciso V do art. 3º desta Lei. Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: III – tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, meto- dologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social; V – comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sina- lização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da infor- mação e das comunicações; Esse artigo valoriza a compreensão e autonomia do deficiente, bem como incentiva a me- lhoria de tecnologias para oferecer assistência ao paciente, para que o deixe independente. Assim, em um hospital deve haver, por exemplo, indicações em braile para os cegos terem autonomia. Outra medida ligada à acessibilidade, mas agora relacionada à locomoção e à comunica- ção, é a trazida pelo art. 25 da Lei n. 13.146/2015, que assim dispõe: Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto públicos quanto privados, devem assegurar o acesso da pessoa com deficiência, em conformidade com a legislação em vigor, mediante a remo- ção de barreiras, por meio de projetos arquitetônico, de ambientação de interior e de comunicação que atendam às especificidades das pessoas com deficiência física, sensorial, intelectual e mental. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita IV – barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a parti- cipação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao públi- co ou de uso coletivo; b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados; c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes; d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comporta- mento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação; e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas; f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias; Nesse contexto, os espaços destinados à saúde e seu tratamento devem possuir facilida- de de acesso, conforto interno para que a comunicação atenda a todas as deficiências, seja ela física, sensorial, mental ou intelectual. Por fim, o atendimento à saúde à pessoa com deficiência impõe um dever adicional a todo aquele profissional da saúde que atenda essa pessoa: o de denunciar em caso de suspeita ou de confirmação de prática de violência contra o portador de deficiência. Leia, com ATENÇÃO, o disposto no art. 26 da Lei em destaque: Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação de violência praticada contra a pessoa com defici- ência serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autori- dade policial e ao Ministério Público, além dos Conselhos dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra a pessoa com deficiência qualquer ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que lhe cause morte ou danos ou sofrimento físico ou psicológico. O último artigodesse tópico prevê que o serviço de saúde público ou privado que tiver conhecimento de suspeita ou de prática de violência contra pessoa com deficiência deve dar conhecimento: • à polícia; • ao Ministério Público; e • ao Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiência. E violência, para efeito da Lei, não é apenas violência física ou morte, é também sofrimento psicológico. Lembre-se, ainda, de que a violência pode ser causada por ação ou omissão. A pessoa com deficiência pode se ver em uma condição de vulnerabilidade na qual a mera omis- são já significa uma tortura psicológica que deve ser coibida e denunciada. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Do Direito à eDucAção O art. 27 da Lei n. 13.146/2015 contempla o direito à educação, o qual é também objeto de tutela da Convenção Internacional em seu art. 24, observe: Art. 24. Os Estados-Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para efe- tivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados-Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos: Para a realização desse direito, os Estados Partes assegurarão que: a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino primário gratuito e compulsório ou do ensino secundário, sob alegação de deficiência; c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais sejam providenciadas; Além disso, a garantia do direito à educação já é prevista constitucionalmente como um direito de todos, em seu art. 205. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. No que se refere às pessoas com deficiência, esse direito também encontra assento cons- titucional no art. 208, onde se estabelece a sua prestação como um dever do Estado. Veja o que diz o inciso III desse artigo: Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: (...) III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Visto isso, passaremos a analisar agora o que diz a Lei n. 13.146/2015, começando pelo art. 27. Leia-o atentamente e, em seguida, acompanhe os comentários: CAPÍTULO IV DO DIREITO À EDUCAÇÃO Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurado sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. O que é mais importante compreender nesse artigo é que ele sedimenta a garantia de um sistema educacional inclusivo, que atenda à pessoa com deficiência de modo satisfatório e com O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita qualidade. Isso significa que não basta simplesmente matricular o aluno em uma instituição e considerar isso, por si só, a inclusão de que trata o artigo. Trata-se aqui, na verdade, da obrigato- riedade de se efetivarem medidas de acessibilidade no acesso à educação, evitando, por exem- plo, barreiras físicas nas instalações do ambiente escolar e na adaptação do transporte. Além disso, deve-se promover a capacitação dos professores e funcionários para que pres- tem atendimento adequado aos alunos com deficiência, especialmente, quando se comprome- te a comunicação, fazendo-se necessário o uso de linguagens “especiais”, como o “braille” ou a língua de sinais (ex.: libras). Outro aspecto relevante a ser observado na educação inclusiva é a eliminação das barrei- ras de inclusão social, promovendo-se uma convivência harmônica com os demais alunos. É importantíssimo ter em mente que, quando se fala em sistema educacional inclusivo, o que se pretende é promover a ideia da obrigatoriedade ou do dever se concretizar, em todas as esferas educacionais, e a possibilidade de pleno acesso para a pessoa com deficiência, sem qualquer restrição. A educação inclusiva consiste, portanto, no esforço de se adaptar o ambiente educacional, levando em consideração não somente o nível de dificuldade sensorial ou motora, mas tam- bém, a dificuldade de integração que a pessoa venha a enfrentar em razão da sua deficiência. Se a educação é inclusiva, obviamente seu objetivo é evitar a segregação das pessoas com deficiência. Vamos retomar o conceito dado pela Lei para entender o que isso realmente significa: Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natu- reza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. O principal obstáculo da pessoa com deficiência, especialmente no que se refere à educa- ção, muitas vezes é a dificuldade de se relacionar. Nesse sentido, a escola tem extrema rele- vância na vida e na cidadania da pessoa com deficiência, devendo favorecer a sua integração na comunidade, superando a questão da deficiência. Mas a quem cabe o dever de assegurar a educação inclusiva, os aspectos acima mencio- nados, para a pessoa com deficiência? Essa indagação é respondida pelo parágrafo único do art. 27. Preste atenção aos trechos em destaque: Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. Note que a Lei faz questão de ressaltar que essa deve ser uma educação de qualidade, livre de qualquer forma de violência, negligência ou discriminação, reforçando a ideia de inclusão também no aspecto social. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Em seguida, a Lei n. 13.146/2015 enumera uma série de deveres impostos ao Poder Públi- co para se efetivar a garantia do direito e do acesso à educação. Vamos a eles: Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompa- nhar e avaliar: I – sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; II – aprimoramento dos sistemas educacionais, visando garantir condições de acesso, permanên- cia, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidadeque eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; Repare que no inciso I do art. 28, a Lei reforça a ideia do sistema educacional inclusivo, estabelecendo-o em “todos os níveis e modalidades”. Dessa forma, pode-se dizer que não se restringe à educação obrigatória, mas a toda forma de ensino, seja ela profissionalizante, su- perior, tecnológica etc. Vamos ao próximo inciso: I – projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; Aqui, se estabelece que o projeto pedagógico deve contemplar as necessidades e caracte- rísticas específicas dos alunos. Note como isso é importante e reflete uma grande mudança de paradigma: a escola deve se adaptar ao aluno, e não o contrário! Isso nos remete à defi- nição trazida pela Convenção Internacional para o conceito de “adaptação razoável”. Vamos relembrar? Artigo 2º Definições Para os propósitos da presente Convenção: “Adaptação razoável” significa as modificações e os ajustes necessários e adequados que não acar- retem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com as de- mais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; A partir desse conceito, são elencados, nos demais incisos, diversos ajustes e modifica- ções a serem implementados, para que a pessoa com deficiência possa usufruir em iguais condições do direito à educação. Leia atentamente: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita I – oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; II – adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvi- mento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino; III – pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de ma- teriais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva; IV – planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional especia- lizado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva; V – participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas instâncias de atu- ação da comunidade escolar; VI – adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos, cul- turais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com deficiência; VII – adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento educacional especializado; VIII – formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio; IX – oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação; XI – acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportuni- dades e condições com as demais pessoas; XII – inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento; XIII – acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a atividades recrea- tivas, esportivas e de lazer, no sistema escolar; XIV – acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da educação e demais integrantes da comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as moda- lidades, etapas e níveis de ensino; XV – oferta de profissionais de apoio escolar; XVI – articulação intersetorial na implementação de políticas públicas. Cabe também às escolas e demais instituições de ensino privadas a observância obrigató- ria de vários desses dispositivos, sendo PROIBIDO cobrar valores adicionais para se implemen- tarem tais medidas! É o que diz o § 1º, observe: § 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Temos ainda, no § 2º deste artigo, determinações especiais para a contratação de professores: § 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo, deve-se observar o seguinte: I – os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação básica devem, no mínimo, possuir ensino médio completo e certificado de proficiência na Libras; II – os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível superior, com habilitação, prio- ritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras. Para finalizar este capítulo, passamos ao estudo do artigo 30, já que o art. 29 foi vetado. Leia-o com atenção: Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas institui- ções de ensino superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e privadas, devem ser adotadas as seguintes medidas: I – atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependências das Instituições de Ensino Superior (IES) e nos serviços; II – disponibilização de formulário de inscrição de exames com campos específicos para que o can- didato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva necessários para sua participação; III – disponibilização de provas em formatos acessíveis para atendimento às necessidades especí- ficas do candidato com deficiência; IV – disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva adequados, previamen- te solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência; V – dilação de tempo, conforme demanda apresentada pelo candidato com deficiência, tanto na realização de exame para seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante prévia solicitação e comprovação da necessidade; VI – adoção de critérios de avaliação das provas escritas, discursivas ou de redação que conside- rem a singularidade linguística da pessoa com deficiência, no domínio da modalidade escrita da língua portuguesa;VII – tradução completa do edital e de suas retificações em Libras. Do Direito à morADiA O capítulo seguinte vai dos arts. 31 ao 33 e versa sobre o direito à moradia. Conforme temos estudado e tem sido bastante reiterado, a Lei n. 13.146/2015 tem como um de seus principais objetivos garantir o máximo de autonomia e dignidade aos cidadãos brasileiros aco- metidos por alguma doença incapacitante ou deficiência. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Dessa forma, um dos direitos mais básicos que servem a esse propósito é o direito à mo- radia, que vem assim contemplado no art. 31, da Lei. Vejamos: CAPÍTULO V DO DIREITO À MORADIA Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à moradia digna, no seio da família natural ou substitu- ta, com seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou em moradia para a vida independente da pessoa com deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva. § 1º O poder público adotará programas e ações estratégicas para apoiar a criação e a manutenção de moradia para a vida independente da pessoa com deficiência. § 2º A proteção integral na modalidade de residência inclusiva será prestada no âmbito do Suas à pessoa com deficiência em situação de dependência que não disponha de condições de autos sus- tentabilidade, com vínculos familiares fragilizados ou rompidos. Aqui, é importante fixar certos conceitos-chave, para melhor compreensão do disposto no art. 31. Por exemplo, fala-se em “moradia inclusiva” ou “residência inclusiva”, que são incum- bências do Poder Público por meio de programas governamentais dentro do âmbito da saúde pública. Exemplos disso são as “residências terapêuticas”, que visam promover a reinserção de pessoas com deficiência mental. Esse dispositivo vem em conformidade com o art. 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que assim dispõe, em seu § 1º: Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. Em seguida, a Lei nos traz os critérios para a implementação de programas ou políticas governamentais de moradia e habitação, reforçando a obrigatoriedade de certos parâmetros que garantam a acessibilidade em tais moradias e no entorno das residências: Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa com deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia pró- pria, observado o seguinte: I – reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais para pessoa com defici- ência; II – (VETADO); III – em caso de edificação multifamiliar, garantia de acessibilidade nas áreas de uso comum e nas unidades habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de adaptação razoável nos demais pisos; IV – disponibilização de equipamentos urbanos comunitários acessíveis; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita V – elaboração de especificações técnicas no projeto que permitam a instalação de elevadores. § 1º O direito à prioridade, previsto no caput deste artigo, será reconhecido à pessoa com deficiência beneficiária apenas uma vez. § 2º Nos programas habitacionais públicos, os critérios de financiamento devem ser compatíveis com os rendimentos da pessoa com deficiência ou de sua família. § 3º Caso não haja pessoa com deficiência interessada nas unidades habitacionais reservadas por força do disposto no inciso I do caput deste artigo, as unidades não utilizadas serão disponibilizadas às demais pessoas. O art. 33 estipula ao Poder Público o dever de promover a efetiva concretização de tudo o que foi previsto no tocante ao direito à moradia. É sua tarefa viabilizar de modo detalhado as orientações contidas, tanto na Lei n. 13.146/2015, como na Convenção Internacional de Direi- tos das Pessoas com Deficiência. Veja: Art. 33. Ao Poder Público compete: I – adotar as providências necessárias para o cumprimento do disposto nos arts. 31 e 32 desta Lei; e II – divulgar, para os agentes interessados e beneficiários, a política habitacional prevista nas legis- lações federal, estaduais, distrital e municipais, com ênfase nos dispositivos sobre acessibilidade. Do Direito Ao trAbAlHo e emprego Prosseguimos, então, o estudo, adentrando agora no direito ao trabalho e ao emprego. O mais importante a se destacar no estudo deste capítulo é a questão da não discrimina- ção no ambiente de trabalho em relação à pessoa com deficiência. Assim como vimos no di- reito à educação, verificamos a partir do art. 34, da Lei n. 13.146/2015, que o trabalho também deve ser inclusivo, permitindo que a pessoa com deficiência tenha efetiva liberdade de escolha quanto à profissão ou trabalho que deseje exercer. Para que se efetive essa liberdade de escolha, é necessário que as condições de inclusão e de acesso ao trabalho estejam sempre presentes. Por isso, o § 1º estabelece a obrigatoriedade de pessoas jurídicas de qualquer natureza (de direito público ou privado) oferecerem garantia de acessibilidade e inclusão. Além disso, você deve ter sempre ter em mente o caráter de não discriminação pregado pela Lei. Por isso, o § 2º reitera o emprego da isonomia em tais relações trabalhistas, de modo que a pessoa com deficiência JAMAIS poderá ser tratada de modo diferente em razão de sua deficiência. Isso inclui aspectos como oferta de oportunidades, condições favoráveis de traba- lho e remuneração. CAPÍTULO VI DO DIREITO AO TRABALHO Seção I Disposições Gerais Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em am- biente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita § 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qualquer natureza são obrigadas a garan- tir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos. § 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por trabalho de igual valor. § 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qualquer discriminação em razão de sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames ad- missional e periódico, permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação profissional, bem como exigência de aptidão plena. § 4º A pessoa com deficiência tem direito à participação e ao acesso a cursos, treinamentos, edu- caçãocontinuada, planos de carreira, promoções, bonificações e incentivos profissionais oferecidos pelo empregador, em igualdade de oportunidades com os demais empregados. § 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência acessibilidade em cursos de formação e de capacitação. Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas de trabalho e emprego promover e garantir condições de acesso e de permanência da pessoa com deficiência no campo de trabalho. Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empreendedorismo e ao trabalho autônomo, incluí- dos o cooperativismo e o associativismo, devem prever a participação da pessoa com deficiência e a disponibilização de linhas de crédito, quando necessárias. Seção II Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional Art. 36. O poder público deve implementar serviços e programas completos de habilitação profissio- nal e de reabilitação profissional para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu interesse. § 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base em critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, programa de habilitação ou de reabilitação que possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua capacidade e habilidade profissional ou adquirir novas capacidades e habilidades de trabalho. § 2º A habilitação profissional corresponde ao processo destinado a propiciar à pessoa com de- ficiência aquisição de conhecimentos, habilidades e aptidões para exercício de profissão ou de ocupação, permitindo nível suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso no campo de trabalho. § 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissional e de educação profissional devem ser dotados de recursos necessários para atender a toda pessoa com deficiência, indepen- dentemente de sua característica específica, a fim de que ela possa ser capacitada para trabalho que lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir. § 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissional e de educação profissional deverão ser oferecidos em ambientes acessíveis e inclusivos. § 5º A habilitação profissional e a reabilitação profissional devem ocorrer articuladas com as redes públicas e privadas, especialmente de saúde, de ensino e de assistência social, em todos os níveis e modalidades, em entidades de formação profissional ou diretamente com o empregador. § 6º A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por meio de prévia formalização do con- trato de emprego da pessoa com deficiência, que será considerada para o cumprimento da reserva de vagas prevista em lei, desde que por tempo determinado e concomitante com a inclusão profis- sional na empresa, observado o disposto em regulamento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita § 7º A habilitação profissional e a reabilitação profissional atenderão à pessoa com deficiência. Seção III Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no trabalho a colocação competiti- va, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho. Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de tra- balho com apoio, observadas as seguintes diretrizes: I – prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com maior dificuldade de inserção no cam- po de trabalho; II – provisão de suportes individualizados que atendam a necessidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e de apoio no ambiente de trabalho; III – respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com deficiência apoiada; IV – oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, com vistas à definição de estratégias de inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais; V – realização de avaliações periódi- cas; VI – articulação intersetorial das políticas públicas; VII – possibilidade de participação de organizações da sociedade civil. Art. 38. A entidade contratada para a realização de processo seletivo público ou privado para car- go, função ou emprego está obrigada à observância do disposto nesta Lei e em outras normas de acessibilidade vigentes. Do Direito à AssistênciA sociAl O Capítulo VII da Lei n. 13.146/2015 dispõe sobre o direito à assistência social. Mas o que vem a ser Assistência Social, professor? Trata-se de um conjunto de medidas institucionalizadas de assistência gratuita, prestada a quem quer que dela precise. Em linhas gerais, esse é um direito que diz respeito aos benefícios concedidos por meio de políticas públicas de governo às pessoas que deles necessitarem, seja por condição temporária ou permanente e independentemente de qualquer contrapresta- ção pecuniária. Para que isso fique bem claro, para ter direito à assistência social, o cidadão sequer precisa pagar impostos. É sempre bom lembrar que a assistência social faz parte de um conjunto de políticas so- ciais denominado Seguridade Social. Esse conjunto é composto por um tripé, formado por Previdência, Assistência e Saúde Pública, conforme dispõe de modo muito claro a Constitui- ção Federal: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Pode- res Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Lembre-se da tecla SAP do seu controle remoto: Obs.: � Seguridade Social = SAP (Saúde + Assistência + Previdência). Assim, não podemos confundir Assistência Social com Previdência Social ou mesmo com Seguridade Social. Seguridade Social é o gênero, do qual Assistência e Previdência são espé- cies. Tais institutos servem para amparar o cidadão em face de situações de doença, velhice ou desemprego. Mas o que significa garantir Assistência Social à pessoa com deficiência? Significa que o cidadão terá o direito de se integrar à vida comunitária e dela fazer parte em plena igualdade de condições com as demais pessoas, sem qualquer obstáculo em virtude da deficiência, seja ela física ou mental. Em outras palavras, significa um auxílio com o propósito de eliminar ou reduzir as vulnerabilidades sociais em que essas pessoas se encontrem em decorrência de sua deficiência. Como já vimos, esse direito está listado como um dos Direitos Sociais do art. 6º da Cons- tituição Federal. Mas a Constituição, no que se refere à pessoa com deficiência, foi ainda mais específica no dever de prestar assistência social a ela. Leia com a ATENÇÃO os seguintes inci- sos do art. 203, da CF, que traz os objetivos da assistência social: Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contri- buição à seguridade social, e tem por objetivos: IV – a habilitação e reabilitaçãodas pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua inte- gração à vida comunitária; V – a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Assim, é objetivo da assistência social “habilitar e reabilitar” as pessoas portadoras de deficiência, para reintegrá-las à vida comunitária, e garantir um “salário-mínimo de benefício mensal” à pessoa com deficiência que não tenha meios de prover a sua manutenção. Quanto à garantia de “um salário-mínimo de benefício mensal”, a Lei n. 13.146/2015 assim o regulamenta: Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não possua meios para prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua família o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Não é toda pessoa com deficiência que fará jus a esse benefício! Somente a pessoa com deficiência hipossuficiente, isto é, aquela que não possui condições financeiras suficientes para prover o seu sustento ou cuja família não possa provê-lo. Agora, vamos a outro dispositivo da Lei n. 13.146/2015 relacionado à assistência às pes- soas com deficiência. Preste bastante atenção na semelhança entre os objetivos listados na Constituição e no caput do art. 39 da Lei n. 13.146/2015: CAPÍTULO VII DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os benefícios no âmbito da política pública de as- sistência social à pessoa com deficiência e sua família têm como objetivo a garantia da segurança de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desenvolvimento da autonomia e da con- vivência familiar e comunitária, para a promoção do acesso a direitos e da plena participação social. § 1º A assistência social à pessoa com deficiência, nos termos do caput deste artigo, deve envolver conjunto articulado de serviços do âmbito da Proteção Social Básica e da Proteção Social Especial, ofertados pelo Suas, para a garantia de seguranças fundamentais no enfrentamento de situações de vulnerabilidade e de risco, por fragilização de vínculos e ameaça ou violação de direitos. § 2º Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa com deficiência em situação de depen- dência deverão contar com cuidadores sociais para prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais. Essa preocupação da Lei de prestar assistência social à pessoa com deficiência deriva do que já havia sido estipulado pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a qual estabelece que deve haver um “adequado padrão de vida e proteção social”. No que diz respeito à assistência social, isso quer dizer que o Estado tem o dever de amparar as pessoas com deficiência, sobretudo aquelas que se encontrem em situação de hipossufici- ência financeira. Veja o seguinte dispositivo da Convenção: Artigo 28 Padrão de vida e proteção social adequados 2.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à proteção social e ao exer- cício desse direito sem discriminação baseada na deficiência, e tomarão as medidas apropriadas para salvaguardar e promover a realização desse direito, tais como: c) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência e suas famílias em situação de pobreza à as- sistência do Estado em relação a seus gastos ocasionados pela deficiência, inclusive treinamento adequado, aconselhamento, ajuda financeira e cuidados de repouso; Se você leu o art. 39, § 1º, da Lei com atenção, percebeu que a assistência social à pessoa com deficiência “deve envolver conjunto articulado de serviços do âmbito da Proteção Social Básica e da Proteção Social Especial, ofertados pelo SUAS”. Mas o que vem a ser essa “Prote- ção Social Básica” e a “Proteção Social Especial” no âmbito do SUAS? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 69www.grancursosonline.com.br Lei 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Daniel Mesquita Em primeiro lugar, “SUAS” é o Sistema Único de Assistência Social, ele dá os parâmetros básicos da política de assistência social no Brasil, e tem por funções a proteção social, a vigi- lância socioassistencial e a defesa de direitos. Essa política organiza-se sob a forma de siste- ma público não contributivo, descentralizado e participativo. Já a “proteção social básica” são serviços de assistência que se destinam à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos − relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). Prevê o desenvolvimento de serviços, programas e projetos lo- cais de acolhimento, convivência e socialização de famílias e de indivíduos, conforme identifi- cação da situação de vulnerabilidade apresentada. Deverão incluir as pessoas com deficiência de modo a inseri-las nas diversas ações ofertadas. A “proteção social especial”, por sua vez, são serviços de assistência que se destinam a famílias e indivíduos cujos direitos tenham sido violados e/ou ameaçados. São serviços que requerem o acompanhamento familiar e individual e maior flexibilidade nas soluções proteti- vas. Da mesma forma, comportam encaminhamentos efetivos e monitorados, apoios e pro- cessos que assegurem qualidade na atenção protetiva. Na Proteção Social Especial, estão previstos níveis de complexidade diferenciados: média e alta complexidade (fonte: <www.mds. gov.br/suas>). Do Direito à previDênciA sociAl Vamos falar agora de previdência social da pessoa com deficiência. O Capítulo VIII da Lei n. 13.146/2015 nos traz um outro direito, também garantido na Cons- tituição Federal, que é o direito à previdência social. Veja o que diz a Lei em seu art. 41: Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) tem direi- to à aposentadoria nos termos da Lei Complementar n. 142, de 8 de maio de 2013. A Lei Complementar n. 142/2013 garante a concessão da aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência, com redução de até 10 anos de contribuição, conforme o grau da deficiência aferido em avaliação médica e social, conforme verificamos a seguir: Art. 3º, I – aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave; II – aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada; III – aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mu- lher, no caso de segurado com deficiência leve; ou – aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do grau de deficiência, desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e comprovada a existência de deficiência durante igual período. 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