Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Lívia Mendes – MEDICINA UNIFG 2019.1 FRÊMITO TORACOVOCAL: A maneira correta de pesquisá-lo é colocar a mão direita espalmada sobre a superfície do tórax, comparando-se a intensidade das vibrações em regiões homólogas. O FTV é mais acentuado à direita e nas bases. Melhor sensação se obtém quando se coloca apenas a face palmar correspondente ao 2°, 3° e 4° quirodáctilos. Nas atelectasias e nos derrames pleurais líquidos ou gasosos, por afastarem o pulmão da parede, dificultam a transmissão das vibrações até a superfície, com redução ou mesmo abolição do FTV. EXPANSIBILIDADE: A expansibilidade dos ápices pulmonares é pesquisada com ambas as mãos espalmadas, de modo que as bordas internas toquem a base do pescoço, os polegares apoiem-se na coluna vertebral e os demais dedos nas fossas supraclaviculares. Para avaliar a expansibilidade das bases pulmonares, apoiam-se os polegares nas linhas paravertebrais, enquanto os outros dedos recobrem os últimos arcos costais. Em ambas as manobras, o médico fica atrás do paciente em posição sentada, e este deve respirar profunda e pausadamente. PERCUSSÃO Quando se percutem as faces laterais, o paciente deve colocar suas mãos sobre os ombros. Convém inicia-la pela face anterior, indo de cima para baixo e golpeando, ora de um lado, ora do outro em pontos simétricos. Passa-se em seguida as faces laterais. Conclui-se o exame com a percussão da face posterior. Causas ligadas à parede torácica, como obesidade, massas musculares hipertrofiadas e edema, reduzem a nitidez dos sons normais, fazendo com que ele se torne submaciço ou mesmo maciço. TÉCNICA: Apoia-se o segundo ou terceiro dedo da mão esquerda na parede torácica preferencialmente sobre os espaços intercostais, mantendo-se o dedo na posição horizontal A percussão é realizada com terceiro dedo da mão direita, que golpeia a falange distal do dedo esquerdo apoiado na parede. Aplicam-se dois golpes seguidos, rápidos e firmes, retirando-se instantaneamente o dedo para não abafar o som. TIPOS DE SOM: Claro Pulmonar; Maciço/Submaciço (líquidos ou sólidos) – Pneumonia, derrame pleural ou tumor. Timpânico/Hipertimpânico (ar): Enfisema, pneumotórax, asma; Excetuada as áreas de projeção do fígado, coração, baço e fundo do estomago, no resto do tórax encontra- se o claro pulmonar. AUSCULTA Lívia Mendes – MEDICINA UNIFG 2019.1 O paciente deve estar com o tórax despido e respirar pausada e profundamente, com a boca entreaberta, sem fazer ruído. A ausculta se inicia pela face posterior do tórax, passando, a seguir, para as faces laterais e anterior. SONS RESPIRATÓRIOS NORMAIS: SOM TRAQUEAL E SOM BRÔNQUICO. O som traqueal, audível na região de projeção da traquéia, no pescoço e na região esternal, origina-se na passagem do ar através da fenda glótica e na própria traquéia. O inspiratório consiste em um ruído soproso, mais ou menos rude, após o qual há um curto intervalo silencioso que o separa da expiração, em que o som é um pouco mais forte e prolongado. A respiração brônquica muito se assemelha ao som traqueal, dela se diferenciando apenas por ter o componente expiratório menos intenso. MÚRMURIO VESICULAR: O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tonalidade mais alta em relação ao componente expiratório, que por sua vez, é mais fraco, de duração mais curta e de tonalidade mais baixa (o componente expiratório tende a estar aumentado na asma brônquica e no enfisema, traduzindo a dificuldade de saída do ar). Não se percebe, diferentemente do que ocorre na respiração traqueal, um intervalo silencioso entre as duas fases da respiração. Quando se compara o murmúrio vesicular com a respiração brônquica, o primeiro é mais fraco e mais suave. Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção apenas das regiões esternal superior, interescápulo-vertebral direita e ao nível da 3ª e 4ª vértebras torácicas. Nestas áreas, ouve-se a respiração broncovesicular. A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de numerosas causas, entre as quais ressaltam-se: presença de ar (pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou tecido sólido (espessamento pleural) na cavidade pleural; enfisema pulmonar; obstrução das vias aéreas superiores (espasmo ou edema de glote, obstrução da traquéia); oclusão parcial ou total dos brônquios ou bronquíolos. Quando normais, relata-se: MVUA s/ RA. (murmurios vesiculares universalmente audíveis sem ruídos adventícios). SOM BRONCOVESICULAR: Neste tipo de som, somam -se as características do som brônquico com as do murmúrio vesicular. Deste modo, a intensidade e a duração da inspiração e da expiração têm igual magnitude, ambas um pouco mais fortes que no murmúrio vesicular, mas sem alcançar a intensidade de som brônquico. Lívia Mendes – MEDICINA UNIFG 2019.1 Em condições normais, o som broncovesicular é auscultado na região esternal superior, na interescapulovertebral direita e no nível da terceira e quarta vértebras dorsais. SONS RESPIRATÓRIOS ANORMAIS DESCONTÍNUOS: ESTERTORES FINOS: Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da inspiração, têm frequência alta, isto é, são agudos, e duração curta. Não se modificam com a tosse. Estão presentes na pneumonia e na congestão pulmonar da insuficiência ventricular esquerda e nas doenças intersticiais pulmonares. São mais percebidos no FINAL DA INSPIRAÇÃO; NÃO se MODIFICAM COM TOSSE; a POSIÇÃO DO PACIENTE pode ALTERA-LOS OU ABOLI- LOS; predominam em ÁREAS INFLUENCIADAS PELA FORÇA DA GRAVIDADE. ESTERTORES GROSSOS/BOLHOSOS: Têm frequência menor e maior duração que os finos. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Os estertores grossos parecem ter origem na abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. São comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. São mais percebidos no INICIO DA INSPIRAÇÃO E TODA EXPIRAÇÃO; se MODIFICAM COM A TOSSE; POSIÇÃO DO PACIENTE NÃO O MODIFICA; predominam em TODAS AS ÁREAS DO TORÁX. SONS OU RUÍDOS ANORMAIS CONTINUOS: RONCOS E SIBILOS: Os roncos são constituídos por sons graves, portanto, de baixa frequência, e os sibilos por sons agudos, de alta frequência. Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento destes ductos, seja por espasmo ou edema da parede ou secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, nas bronquites, nas bronquiectasias, asma etc. Aparecem na inspiração como na expiração, mas predominam nesta última. São fugazes, mutáveis, surgindo e desaparecendo em curto período de tempo. Sibilos geralmente são múltiplos e disseminados por todo o tórax, quando provocados por enfermidades que comprometem a arvore brônquica como asma e bronquite. ESTRIDOR: Som produzido quando há obstrução da traqueia ou laringe. Quando a respiração é calma e pouco profunda, sua intensidade é pequena, mas, na respiração forçada, o aumento do fluxo de ar provoca significativa intensificação deste som. SOPROS: É normal um sopro brando durante a ausculta de certas regiões do tórax (7º vertebra cervical no dorso, traqueia, região interescapular), mais longo na expiração que na inspiração. Porém, também ocorre quando o pulmão perde sua textura normal como nas pneumonias bacterianas (hepatização – sopro tubário), brônquio de drenagem permeável (sopro cavitário) e no pneumotórax hipertensivo (sopro anfórico). ATRITO PLEURAL: Os folhetos da pleura nos casos de pleurite, por se recobrirem de exsudato, passam a produzir um ruído irregular, descontínuo, maisintenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado. Representa um som de duração maior e frequência baixa, de tonalidade grave, portanto, o que toma fácil distingui-lo dos estertores. A sede mais comum do atrito pleural são as regiões axilares inferiores, onde os pulmões realizam movimentação mais ampla. O aumento da pressão do receptor do estetoscópio sobre a parede torácica pode tomá-lo mais intenso. Lívia Mendes – MEDICINA UNIFG 2019.1 Sua causa principal é a pleurite seca. A instalação de derrame pleural determina seu desaparecimento. AUSCULTA DA VOZ Para completar o exame físico dos pulmões, auscultam-se a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente vai pronunciando as palavras ‘’trinta e três" enquanto o examinador percorre o tórax com o estetoscópio, comparando regiões homólogas, tal como fez no exame do frêmito toracovocal, usando a mão. Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica constituem o que se chama ressonância vocal. Em condições normais, tanto na voz falada como na cochichada, a ressonância vocal constitui-se de sons incompreensíveis, isto é, não se distinguem as sílabas que formam as palavras. A ressonância vocal é mais intensa no ápice do pulmão direito, nas regiões interescápulo- vertebral direita e esternal superior, ou seja, exatamente nas mesmas áreas onde se ausculta respiração broncovesicular Toda vez que houver condensação pulmonar - inflamatória, neoplásica ou pericavitária -, há aumento da ressonância vocal ou broncofonia. Ao contrário, na atelectasia, no espessamento pleural e nos derrames, ocorre diminuição da ressonância vocal. Observar que o aumento e a diminuição da ressonância vocal coincidem com as mesmas modificações do frêmito toracovocal. Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica. Quando o mesmo acontece com a voz cochichada, denomina-se pectorilóquia afônica, a qual representa a expressão estetoacústica mais clara da facilitação da transmissão das ondas sonoras. Na ausculta da voz podem-se observar: • Ressonância vocal normal • Ressonância vocal diminuída • Ressonância vocal aumentada: Broncofonia: ausculta-se a voz sem nitidez; Pectorilóquia fônica: ausculta-se a voz nitidamente; Pectorilóquia afônica: ausculta-se a voz mesmo se cochichada. Egofonia: É uma forma especial de broncofonia, ou seja, é uma broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. Aparece na parte superior dos derrames pleurais. Pode ser observada, também, na condensação pulmonar SÍNDROMES BRONCOPULMONARES E PLEURAIS ASMA BRÔNQUICA, DPOC, BRONQUIECTASIA, INFECCÕES BRÔNQUICAS: Sintomas: Dispneia e tosse (podem estar ausentes). Inspeção: Dispneia, tórax em posição de inspiração profunda e tiragem. Palpação: FTV normal ou diminuído. Percussão: Normal ou hipersonoridade. Ausculta: Diminuição do MV com expiração prolongada, sibilos respiratórios predominantemente expiratórios em ambos os campos pulmonares. Pode haver roncos e estertores grossos. SD. PARENQUIMATOSA SÍNDROME DE CONSOLIDAÇÃO PULMONAR (PNEUMONIA): Sintomas: Tosse produtiva, dispneia e dor torácica. Inspeção: Expansibilidade diminuída. Palpação: Expansibilidade diminuida e FTV aumentado. Percussão: Submacicez ou macicez Ausculta: Respiração brônquica substituindo o MV, sopro tubário, broncofonia ou egofonia, pectorilóquia e estertores finos. SÍNDROME DE ATELECTASIA (OBSTRUÇÃO): Sintomas: Dispneia, tosse seca. Inspeção: Rotação do hemitorax e tiragem. Palpação: Expansibilidade diminuída e FTV diminuído ou abolido. Ausculta: Som broncovesicular e ressonância vocal diminuída SÍNDROME DA HIPERAFRAÇÃO (ENFISEMA PULMONAR): Sintomas: Dispneia Lívia Mendes – MEDICINA UNIFG 2019.1 Inspeção: Expansibilidade diminuída e tórax em tonel em casos avançados. Palpação: Expansibilidade diminuída, FTV diminuído. Percussão: Sonoridade pulmonar normal no início e hipersonoridade à medida em que a enfermidade se agrava. Ausculta: MV diminuído, fase expiratória prolongada e ressonância vocal diminuída. SÍNDROME DE CONGESTÃO PULMONAR (EAP): Sintomas: Dispneia, tosse seca ou com expectoração rósea. Inspeção: Expansibilidade normal ou diminuída. Palpação: Expansibilidade e FTV normal ou aumentado. Percussão: Submacicez nas bases pulmonares. Ausculta: Estertores finos nas bases dos pulmões, prolongamento do componente expiratório quando há broncoespasmo e ressonância vocal normal. SÍNDROMES PLEURAIS SÍNDROME PLEURÍTICA: Sintomas: Dor torácica ventilatória dependente. Inspeção: Expansibilidade diminuída Palpação: Expansibilidade e FTV diminuídos. Percussão: Sonoridade normal ou submacicez. Ausculta: Atrito pleural, que é o principal dado semiológico. DERRAME PLEURAL: Sintomas: dispneia, tosse e dor torácica. Inspeção: expansibilidade diminuída. Palpação: Expansibilidade diminuída e FTV abolido na área do derrame e aumentado na área do pulmão em contato com o liquido pleural. Percussão: Macicez. Ausculta: MV abolido na área do derrame, egofonia e estertores finos na área do pulmão em contato com o liquido pleural na parte mais alta do derrame PNEUMOTÓRAX: Sintomas: Dispneia e dor torácica. Inspeção: Normal ou abaulamento dos espaços intercostais quando a quantidade de ar é grande. Palpação: Expansibilidade e FTV diminuídos. Percussão: Hipersonoridade ou som timpânico, sendo este o dado que mais chama a atenção. Ausculta: MV diminuído e ressonância vocal diminuída.
Compartilhar