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ANATOMIA: SISTEMA NERVOSO 1 Medula Espinhal Anatomia macroscópica A medula espinhal é uma massa cilindroide de tecido nervoso situado no canal vertebral (formado pela sucessão de forames vertebrais das vértebras); mede aproximadamente 45 cm nos homens e 42 cm nas mulheres. Na região caudal, afilia-se, formando o cone medular (fixação aos ossos). A medula espinal, seus vasos sanguíneos e raízes nervosas se localizam no interior de uma bainha meníngea, que ocupa a zona central do canal vertebral e se estende do forame magno, onde ela está em continuidade com os revestimentos meníngeos do encéfalo, até o nível da segunda vértebra lombar (L2). Ela é contínua cranialmente com o bulbo, e se estreita caudalmente no cone medular, do qual desce um filamento de tecido conjuntivo (pia-máter, principalmente), o filamento terminal, que segue para o dorso da primeira vértebra coccígea, ou seja, em um indivíduo formado, a medula espinal não ocupa toda a extensão do canal vertebral. Ao longo da medula, existem 2 dilatações do seu diâmetro, sendo esses aumentos de espessura chamados de intumescências. As intumescências cervical e lombossacral são as fontes do grandes nervos espinais que suprem os membros. A cervical se estende do C3 à T2. Já a lombar, estende-se do L1 até S3. A medula espinal desenvolve 31 segmentos, cada qual com um par de nervos espinais que emergem da medula espinal pelo forame intervertebral. Dois sulcos, a fissura mediana anterior e o sulco mediano posterior, estendem-se ao longo da medula espinal e a dividem parcialmente em porções direita e esquerda. Meninges Os envoltórios da medula espinal são (da região externa para a interna) a coluna vertebral (cada segmento de medula é protegido por uma vértebra) e por 3 tecidos conjuntivos, chamados de meninges, a dura-máter, aracnoide e pia-máter. Dura-máter A dura-máter é a membrana mais externa, ou seja, está mais próxima à coluna vertebral e é formada, principalmente, por tecido conjuntivo denso; há um espaço entre o tecido ósseo e essa membrana chamado de espaço epidural, que é preenchido por tecidos conjuntivos frouxo, fibroso e adiposo, formando um coxim protetor ao redor da medula. A dura-máter da medula é contínua com a do crânio; a única diferença entre elas é que a dura- máter craniana apresenta dois folheto, um que se prende ao osso e um outro que reveste as estruturas nervosas. Esse revestimento forma um fundo-de-saco (chamado de saco dural) ao nível de S2 e vai envolver a cauda equina de L2 até a S2. Além disso, com a projeção dos nervos da medula, a dura-máter vai envolver a parte inicial deles e ser contínua com o epineuro. ANATOMIA: SISTEMA NERVOSO 2 Aracnoide Aracnoide-máter é a meninge mediana (se encontra no meio das outras duas) e trata-se de uma membrana fina e delicada. Entre a aracnoide e a pia- máter, existe o espaço subaracnóideo, o qual contém o líquido cefalorraquidiano. Pia-máter Pia-máter está firmemente ligada aos contornos irregulares da medula; é uma membrana de tecido conjuntivo frouxo altamente vascularizada, com o objetivo de dar suporte aos vasos que nutrem as células subjacentes da medula espinal; extensões laterais da pia-máter ao longo da medula espinal formam os ligamentos denticulados que prendem a medula espinal à dura-máter e estabiliza a medula laterolateralmente. Outrossim, a pia-máter forma o filamento terminal, que perfura o fundo-de-saco dural e continua envolto pelos filamentos de dura- máter espinhal; ao inserir-se no periósteo da superfície dorsal do cóccix, constitui o ligamento coccígeo. Anatomia microscópica A medula é a conexão do sistema nervoso periférico com o central, pois há a enraização de nervos em cada segmento medular em duas raízes, a raiz dorsal (nervos sensitivos) e raiz ventral (nervos motores), entre essa inervação há um nervo associativo. Em uma secção transversa, a medula é dividida e de modo incompleto em metades simétricas por um sulco mediano posterior e uma fissura mediana anterior. Além disso, existem lateralmente na medula sulcos lateral anterior, lateral posterior, intermédio posterior (ver imagem da próxima página). Ela consiste de uma camada externa de substância branca e um centro interno de substância cinzenta. A quantidade de substância cinzenta reflete a quantidade de neurônios, nas intumescências cervical e lombossacral essa quantidade é maior, devido a inervação dos membros. Há, ainda um canal central ao longo de toda medula, contendo líquido cerebrospinal (LCS), com suas paredes revestidas de cílios (células ependimárias). ANATOMIA: SISTEMA NERVOSO 3 Substância cinzenta A substância cinzenta(interna) é descrita como forma de borboleta ou letra H, que consiste em 4 massas celulares ligadas, os cornos anterior e posterior, direito e esquerdo. Em algumas porções torácicas e lombares, é possível visualizar um pequeno corno lateral entre os cornos anterior e posterior. • Corno posterior: é o local de término das fibras aferentes, que entram na medula por meio de raízes posteriores; essa região contém corpos celulares e axônios de interneurônios e axônios de neurônios sensitivos aferentes. • Corno anterior: contém corpos celulares de neurônios eferentes (neurônios motores somáticos) cujas fibras nervosas (axônios) deixam a medula espinal nas raízes nervosas anteriores. • Corno lateral: vai apresentar os núcleos motores autônomos (neurônios motores viscerais) que regulam a atividade dos músculos liso e cardíaco e das glândulas A substância cinzenta da medula espinhal consiste em uma série de agrupamentos celulares descontínuos associados com seus nervos espinais correspondentes organizados de forma segmentar. Esses agrupamentos formam “camadas”, conhecidas como “Lâminas de Rexed”, que vão de I à X. • Lâminas I-IV: são sensoriais, responsáveis pelas informações exteroceptivas • Lâminas V-VI: área receptora proprioceptiva • Lâmina VII: apresenta os neurônios motores autonômicos e espinocerebelares • Lâminas VIII e IX: apresenta os corpos celulares dos neurônios motores. Neurônios localizados na lâmina VIII inervam a musculatura axial; já os neurônios da lâmina IX inervam para a musculatura apendicular (membros superior e inferior → ou seja, essa lâmina está presente apenas nas intumescências medulares, onde se originam o plexo braquial e o lombossacral) • Lâminas X: circunda o canal central Os neurônios da substância cinzenta são classificados da seguinte forma: • Neurônios radiculares: são os neurônios que projetam seus axônios longos pela região anterior e constituem a raiz ventral (motora); eles podem ser divididos em: o Neurônios radiculares viscerais: são os neurônios pré-ganglionares do SNA; seus corpos se localizam no corno lateral de T1 a L2 ou de S2 a S4; inervam músculos lisos, cardíacos ou glândulas o Neurônios radiculares somáticos (também chamados de neurônios motores inferiores): inervam mm. estriados esqueléticos; seus corpos se localizam nos cornos anteriores. Esse grupo, ainda, pode ser classificado em dois tipos: ▪ Neurônios α: são grandes e apresentam axônio grosso; inervam fibras musculares que contribuem efetivamente para a contração dos músculos, chamadas de fibras extrafusais ▪ Neurônios gama: são menores e possuem axônios finos (fibras eferentes gama), sendo responsáveis pela inervação motora das fibras intrafusais (fibras que passam informações proprioceptivas para o organismo) • Neurônios cordonais: são os axônios que ascendem ou descendem pela substância branca, formando os funículos da medula • Neurônios de axônio curto (ou internunciais): permanecem dentro da substância cinzenta e ANATOMIA: SISTEMA NERVOSO 4 compõem vários arcos reflexos medulares, bem como participam da integração das informações medulares Substância branca A substância brancaé convencionalmente descrita como sendo organizada em 6 grandes massas, os funículos: posteriores, laterais e anteriores, cada um dos quais contendo um número de fascículos. Os dois funículos anteriores estão localizados entre o sulco lateral anterior e a fissura mediana anterior. Os dois funículos posteriores estão localizados entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior. Dois funículos laterais estão localizados entre os sulcos laterais anteriores e sulcos laterais posteriores. A substância branca da medula espinal circunda a substância cinzenta, consistindo, principalmente, de fibras nervosas que seguem longitudinalmente o neuroeixo. Fibras que apresentam funções relacionadas, ou aquelas com origens ou destinos comuns, são agrupadas anatomicamente para formar tratos (fascículos), que podem ser ascendentes, descendentes e propriospinais. • Tratos (Fascículos) ascendentes: contêm fibras nervosas aferentes das raízes posteriores dos nervos espinais ou, então, de fibras derivadas de neurônios da própria medula; os principais fascículos são: o Fascículos grácil: inicia-se no limite caudal da medula e é formado por fibras que penetram na medula pelas raízes coccígea. sacrais, lombares e torácicas baixas, terminando no núcleo grácil, situado no tubérculo do núcleo grácil do bulbo. Conduz, portanto, impulsos provenientes dos membros inferiores e da metade inferior do tronco, como propriocepção consciente, tato discriminativo, sensibilidade vibratória, estereognosia o Fascículo cuneiforme: formado por fibras que penetram pelas raízes cervicais e torácicas superiores, terminando no núcleo cuneiforme, situado no tubérculo do núcleo cuneiforme do bulbo. Conduz, portanto, impulsos originados nos membros superiores e na metade superior do tronco o Fascículo espinotalâmico anterior: as fibras nervosas terminam no tálamo e levam impulsos de pressão e tato leve o Fascículo espinotalâmico lateral: conduz impulsos de temperatura e dor o Fascículo espinocerebelar posterior: leva impulsos de propriocepção inconsciente originados em fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos para o cerebelo o Fascículo espinocerebelar anterior: informam também eventos que ocorrem dentro da própria medula, relacionados com a atividade elétrica do trato corticoespinhal. Assim, através do trato espinocerebelar anterior, o cerebelo é informado de quando os impulsos motores chegam à medula e qual sua intensidade. Essa informação é usada pelo cerebelo para controle da motricidade somática. • Tratos descendentes: contêm fibras que descem a partir do córtex cerebral ou dos núcleos do tronco encefálico para controlar a atividade dos neurônios espinais. As fibras descendentes podem terminar em: o Neurônios pré-ganglionares do corno lateral (vias descendentes viscerais) o Neurônios da coluna posterior o Neurônios motores somáticos da coluna anterior (vias motoras descendentes somáticas). Essas vias formam os seguintes fascículos: ▪ Fascículo cortiçoespinhal: está relacionado com a motricidade voluntária e cruzam suas fibras na decussação das pirâmides; esse fascículo está localizado no funículo lateral da medula ▪ Fascículo rubroespinhal: se liga a neurônios localizados lateralmente na coluna anterior (relacionados à musculatura distal); está contido no funículo lateral ▪ Fascículo corticoespinhal anterior ▪ Fascículo tetoespinhal: relacionado a reflexos que ocorre de estímulos visuais ANATOMIA: SISTEMA NERVOSO 5 ▪ Fascículo vestibuloespinhal: se liga a neurônios internunciais e está relacionado com a manutenção da postura básica e equilíbrio (coordenação da musculatura axial) ▪ Fascículo reticuloespinhais pontino e bulbar: fazem sinapses com neurônios internunciais; o primeiro promove a contração da musculatura extensor (antigravitária) do membro inferior; já o bulbar faz o relaxamento dessa musculatura. • Tratos propriospinais: contêm os axônios dos neurônios que estão localizados inteiramente na medula espinal, formando fibras de associação; eles contêm componentes ascendentes e descendentes, que mediam a coordenação intersegmental. As duas metades da medula espinal são unidas por uma comissura, constituída de uma parte central de substância cinzenta circundada por comissuras brancas anterior e posterior. Nesse local ocorre o cruzamento de fibras nervosas de um lado para o outro da medula espinhal. Raízes espinais Em suma, há 31 pares de nervos espinais (8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais, 1 coccígeo), que contêm uma mistura de fibras sensoriais e motoras. Eles se originam da medula espinal como séries contínuas de radículas nervosas posteriores e anteriores. Grupos adjacentes de radículas se fundem, formando raízes posteriores e anteriores, que se unem então formando os nervos espinais propriamente ditos. As raízes posteriores dos nervos espinais contêm fibras nervosas aferentes de corpos celulares localizados em gânglios da raiz posterior. As raízes anteriores dos nervos espinais contêm fibras eferentes de corpos celulares localizados na substância cinzenta espinal. Elas incluem os neurônios motores que inervam os músculos esqueléticos e neurônios pré ganglionares autônomos. Na imagem abaixo, é possível visualizar a conformação de saída das raízes medulares e sua relação com as vértebras adjacentes. Na clínica, é possível saber relativamente a posição de uma lesão medular seguindo as seguintes regras: • Entre C2 e T10 → se a lesão for em um nível de processo espinhoso P, o nível medular lesionado será P+2; por exemplo, se a lesão for em processo espinho de T5, a lesão será no nível medular de T7. • Entre T11 e T12 → compreende os 5 segmentos lombares da medula (L1 a L5) • Em L1: compreende os 5 segmentos sacrais da medula • Abaixo de L1: será na cauda equina ANATOMIA: SISTEMA NERVOSO 6
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