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ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 1 FURB – UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - CCSA DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE UNIDADE 1 E 2: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO E BALANÇO PATRIMONIAL Profº. Paulo Roberto da Cunha BLUMENAU– SC 2020 ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO E BALANÇO PATRIMONIAL 2.1 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é a apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado líquido do período, incluindo o que se denomina de receitas e despesas realizadas (IUDÍCIBUS et al., 2010). A DRE tem por objetivo evidenciar, de forma resumida, a composição dos fatores que influenciaram no resultado líquido obtido pela entidade naquele período. A forma de apresentação da DRE é vertical (subtraindo-se ou somando-se). É apresentada de forma dedutível, ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado líquido do período, que pode ser lucro ou prejuízo. 2.1.1 Conceitos e finalidades O Quadro 1 a seguir apresenta conceitos e finalidades da demonstração do resultado do exercício (DRE) difundidas por estudiosos da contabilidade. Quadro 1 – Conceitos e finalidades da DRE Autores Conceitos e objetivos da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Ávila (2006) A Demonstração do Resultado do Exercício visa evidenciar as variações patrimoniais e o resultado econômico de um período administrativo, ou seja, mostrar se houve lucro ou prejuízo no período de apuração. Essa demonstração consiste em uma exposição ordenada de todos os elementos de resultado da empresa em determinado período, com a finalidade de verificação do lucro ou do prejuízo deste. (p. 132). Gonçalves e Baptista (2007) A Demonstração do Resultado do Exercício apresenta, de forma resumida, as operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO. (p. 309). Crepaldi (2008) A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração financeira imprescindível para a elaboração do Balanço Patrimonial. Deve, inclusive, preceder o levantamento deste último. Através da DRE zeram-se todas as contas de resultado (ou diferenciais) que são convertidas a um único valor – lucro ou prejuízo – cujo saldo integra o Balanço Patrimonial. (p. 188). Imbassahy (2008) Na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), as Receitas obtidas pela entidade são confrontadas com as Despesas relacionadas com essas Receitas, ocorridas em um período contábil. O objetivo da DRE é fornecer o Resultado Líquido do Exercício. A DRE é uma demonstração dinâmica, já que retrata os fatos ao longo do período. (p. 12). Marion (2009) [...] o exercício social terá duração de um ano e a cada exercício será apurado o resultado do período, isto é, se houve lucro ou prejuízo. Portanto, em cada final de período, todas despesas e receitas são transferidas para a Demonstração do Resultado do Exercício, e, no próximo período, apurar-se-á despesa e receita começando do zero, ou seja, não se acumulam despesa e receita de um ano para o outro (Independência Absoluta de Períodos). (p. 97). Marion (2009) A demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 3 empresa em determinado período, normalmente 12 meses. É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). (p. 118). Szuster et. al (2009) A Demonstração do Resultado do Exercício é uma forma estruturada de se evidenciar a composição do resultado da entidade, ou seja, é um critério de se organizarem as receitas auferidas e as despesas incorridas no período. (p. 147). Equipe de Professores FEA/USP(2010) A Demonstração do Resultado do Exercício, elaborada simultaneamente com o Balanço Patrimonial, constitui-se no relatório sucinto das operações realizadas pela empresa durante determinado período de tempo; nele sobressai um dos valores mais importantes às pessoas nelas interessadas, o resultado líquido do período, Lucro ou Prejuízo (p. 177). Iudícibus et. al. (2010) A Lei nº 6.404/76 define o conteúdo da Demonstração do Resultado do Exercício, que deve ser apresentada de forma dedutiva, com os detalhes necessários das receitas, despesas, ganhos e perdas e definindo claramente o lucro ou prejuízo líquido do exercício, e por ação, sem confundir-se com a conta de Lucros Acumulados, onde é feita a distribuição ou alocação do resultado. (p. 226). Iudícibus e Marion (2010) A DRE pode ser simples para micro ou pequenas empresas que não requeiram dados pormenorizados para a tomada de decisão, como é o caso de bares, farmácias, mercearias. Deve evidenciar o total de despesa deduzido da receita, apurando-se, assim, o lucro sem destacar os principais grupos de despesas. A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores minúcias para a tomada de decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos etc. (p. 477). Fonte: elaboração própria Observa-se pelos conceitos expostos que a DRE é uma demonstração dinâmica, no qual apresenta de forma resumida as operações da empresa, com o intuito maior de evidenciar o resultado do período. As operações da empresa evidenciadas referem-se às vendas de mercadorias, prestação de serviços, o custo das respectivas vendas, as despesas administrativas e com vendas incorridas no período. Também pela DRE é possível verificar o resultado financeiro líquido, os impostos sobre vendas, devoluções, se houve perda pela recuperabilidade dos ativos, o valor do imposto de renda e contribuição social, entre outros. Enfim, na DRE são evidenciadas as receitas, despesas, ganhos e perdas. Destaca-se que as receitas e despesas são itens ordinários, enquanto os ganhos e as perdas extraordinários. Este conceito remete-se à antiga classificação, em que as receitas e despesas eram consideradas operacionais, ao passo que os ganhos e perdas eram considerados não operacionais. O conceito de operacional refere-se ao período de ocorrência do evento, ou seja, se é normal e recorrente – considera-se operacional, já se é extraordinário e eventual – considera-se eventual. Por exemplo, se uma metalúrgica possui uma receita de aluguel decorrente de um imóvel destinado à locação, mesmo que esta atividade não conste no objeto social da empresa, a receita de aluguel é considerada operacional, por ser normal e recorrente. Porém, não será evidenciada na receita bruta de vendas, mas dentro do grupo de despesas/receitas operacionais. Como perdas, pode-se citar o resultado negativo de uma venda de imobilizado. Na antiga estrutura da DRE (Lei 6.404/76) estes itens são separados, ou seja, os itens extraordinários (ganhos e perdas) são segregados do grupo de despesas operacionais. ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 4 Verifica-se ainda que a DRE evidencia as contas de resultado da empresa, cujos saldos são zerados a cada final de exercício. O resultado deste zeramento é transferido para a conta de lucros/prejuízos acumulados (PL), evidenciado no Balanço Patrimonial. É importante mencionar também que as receitas e despesas são reconhecidas com base no pressuposto da competência. Conforme o regime de competência, as receitas e despesas são reconhecidas quando ocorrem (e não quando caixa ou outros recursos financeiros são recebidos ou pagos) e são lançadas nos registros contábeise reportadas nas demonstrações contábeis dos períodos a que se referem (IUDÍCIBUS et al., 2010). O regime de competência pressupõe a confrontação entre receitas e despesas de um período. Desta forma, ao reconhecer uma receita, deve-se paralelamente reconhecer todas as despesas necessárias pra gerar aquela receita. Assim, ao reconhecer uma venda de mercadorias, reconhece-se as despesas com comissões, fretes, impostos sobre vendas, o custo da mercadoria vendida, etc. Quanto ao reconhecimento das despesas, o pronunciamento conceitual básico (R1) – CPC 00 elenca algumas situações, conforme sintetiza-se a seguir: (i) Item 4.50: As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado com base na associação direta entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontação entre despesas e receitas (regime de competência), envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamente ou conjuntamente das mesmas transações ou outros eventos. (ii) Item 4.51: Quando se espera que os benefícios econômicos sejam gerados ao longo de vários períodos contábeis e a associação com a correspondente receita somente possa ser feita de modo geral e indireto, as despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado com base em procedimentos de alocação sistemática e racional. (iii) Item 4.52: A despesa deve ser reconhecida imediatamente na demonstração do resultado quando o gasto não produzir benefícios econômicos futuros ou quando, e na extensão em que, os benefícios econômicos futuros não se qualificarem, ou deixarem de se qualificar, para reconhecimento no balanço patrimonial como ativo. (iv) Item 4.53: despesa também deve ser reconhecida na demonstração do resultado nos casos em que um passivo é incorrido sem o correspondente reconhecimento de ativo. Desta forma, na primeira situação tem-se o reconhecimento dos custos dos produtos, das despesas de comissões, os próprios salários do pessoal de vendas e administrativos, que ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 5 trabalharam naquele mês para gerar aquelas receitas. No segundo item, têm-se as despesas de depreciação e amortização; no terceiro pode-se citar a perda pela recuperabilidade de ativos, a estimativa de perda com devedores duvidosos. E o último item tem-se as provisões para garantias de produtos. Desta forma, constata-se que a DRE é uma demonstração que visa demonstrar o resultado do período de uma entidade, por meio da evidenciação das receitas e despesas, que são contabilizadas pelo regime de competência. A DRE é exigida para todos os tipos de entidades, desde as maiores, como, sociedades anônimas, até as pequenas empresas em que normalmente tem sua contabilidade terceirizada. Sua exigência consta na Lei 6.404/76 (art. 176), no CPC 26, na Deliberação da CVM 676/11, na Resolução 1.185/09 do CFC. Estas exigências se estendem às sociedades anônimas de capital aberto e capital fechado e às empresas de grande porte (empresas não S/As com receitas até R$ 300 milhões e/ou ativo até R$ 240 milhões). Ainda a Demonstração do resultado é exigida pelo CPC das pequenas e médias empresas e as respectivas resoluções do Conselho Federal de Contabilidade 1.255/09 (NBC TG 1.000), 1.285/10 e 1.319/10. Nesta categoria enquadram-se empresas com faturamento superior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais), e que não são consideradas de grande porte e que não são constituídas sob a forma de sociedades por ações. Por fim, ainda é exigida no modelo contábil para microempresa e empresa de pequeno porte (Resolução do CFC 1.418/2012). Esta categoria leva em conta o faturamento das empresas do Simples Nacional. A DRE também é exigida pelo regulamento do imposto de renda e pelo código civil. Portanto, sua obrigatoriedade se estende a todos os tipos de organização. 2.1.2 Estrutura da DRE conforme o CPC 26 O CPC 26 (R1) que trata sobre apresentação das demonstrações contábeis, estabelece no seu item 82 que: 82. A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais: a) receitas; b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos; c) lucro bruto; d) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 6 e) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; f) resultado antes das receitas e despesas financeiras g) despesas e receitas financeiras; h) resultado antes dos tributos sobre o lucro; i) despesa com tributos sobre o lucro; j) resultado líquido das operações continuadas; k) valor líquido dos seguintes itens: (i) resultado líquido após tributos das operações descontinuadas; (ii) resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada; l) resultado líquido do período. Desta forma, a estrutura da DRE utilizada pelas empresas é sintetizada no Quadro 2 a seguir: Quadro 2 – Estrutura da DRE conforme CPC 26 RECEITA DE VENDAS E/OU SERVIÇOS RECEITA DE VENDAS E/OU SERVIÇOS (=) CUSTOS DOS BENS E/OU SERVIÇOS VENDIDOS (-) CUSTO DAS VENDAS E PREST. DE SERVIÇOS (=) RESULTADO BRUTO (-) DESPESAS/RECEITAS OPERACIONAIS (-) DESPESAS COM VENDAS (-) DESPESAS GERAIS E ADMINISTRATIVAS (-) PERDAS PELA NÃO RECUPERABILIDADE DE ATIVOS (+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS (- ) OUTRAS DESPESAS OPERACIONAIS (+/-) RESULTADO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL (=) RESULTADO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO E DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO (+/-) RESULTADO FINANCEIRO (+) RECEITAS FINANCEIRAS (-) DESPESAS FINANCEIRAS (=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO (-) PROVISÃO IRPJ (-) PROVISÃO CSLL (=) RESULTADO LÍQUIDO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS (+/-) RESULTADO LÍQUIDO DAS OPERAÇÕES DESCONTINUADAS (=) LUCRO/PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (=) LUCRO POR AÇÃO Fonte: elaboração própria ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 7 Observa-se que as contas destacadas de cor azul, referem-se a grupos próprios, logo, as contas que estão em cor preta, fazem parte de um grupo maior. Por exemplo, receitas financeiras e despesas financeiras fazem parte do grupo “resultado financeiro”. Destaca-se ainda que a CVM recomenda a evidenciação da remuneração com os administradores e baixas de itens do ativo imobilizado/investimentos, além do resultado de equivalência patrimonial e da perda pela recuperabilidade dos ativos. Antes de continuarmos sobre algumas exigências de elaboração e publicação da demonstração de resultado, é necessário revisar alguns conceitos, conforme segue: a) Receita de vendas e/ou serviços: A receita de venda de mercadorias e serviços evidenciada na DRE já é a receita líquida de vendas, ou seja, a receita bruta deduzida dos impostos sobre vendas, devoluções de vendas, abatimentos sobre vendas e descontos incondicionais de vendas. Deste modo, é necessário relembrar estes conceitos. A receita bruta refere-se à venda de mercadorias, prestação de serviços e venda dos produtos fabricados. Neste item consta o faturamento da empresa de acordo com o seu objeto social, incluindo o valor total do faturamento, que a empresa recebeu ou irá receber dos respectivos clientes. Uma das deduções da receita bruta são as vendas canceladas, trata-se de uma conta devedora em que se devem incluir todas as devoluções de vendas. Nesse sentido, tais devoluções não devem ser deduzidas diretamente da conta de vendas, mas registradas nessa conta devedora específica.Esse procedimento é também útil para fins internos da administração para acompanhar o volume das vendas efetuadas, mas devolvidas posteriormente pelos clientes (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 489). Outra dedução da receita bruta são os abatimentos sobre vendas. A conta abatimentos é uma conta de natureza devedora que abrigará os descontos concedidos posteriormente a venda dos produtos, portanto não são destacados na nota fiscal. Estes descontos normalmente são dados por defeitos de qualidades apresentados nos produtos entregues ou por defeitos oriundos do transporte (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 490). Enquanto os descontos incondicionais são destacados na nota fiscal e ocorre no momento da venda. Segundo Imbassahy (2008, p. 410) “eles representam reduções concedidas no preço de venda pelo vendedor que não dependem de condição posterior a ser cumprida pelo comprador. São também chamados de descontos comerciais e registrados na Nota Fiscal de Venda”. Portanto, eles ocorrem no ato da venda das mercadorias se diferenciando do abatimento, e também dos descontos financeiros, sendo que este último ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 8 normalmente é concedido pelo pagamento antecipado do cliente. E como este desconto incondicional é reduzido do preço das vendas, ele estará influenciando na base de calculo dos tributos incidentes das vendas. (IMBASSAHY, 2008). Por fim, têm-se ainda como deduções das vendas os impostos sobre vendas. Segundo Imbassahy (2008, p. 412) “os impostos e contribuições incidentes sobre vendas são aqueles que guardam proporcionalidade com o preço das vendas realizadas ou dos serviços prestados.” Os impostos incidem sobre a receita de vendas, sendo proporcional a este valor, sendo aplicada uma alíquota para cada tributo. Os tributos incidentes sobre as vendas e/ou receitas de prestação de serviços são: ICMS sobre vendas, IPI sobre vendas, PIS sobre faturamento, COFINS sobre faturamento, ISS sobre prestação de serviços e Simples Nacional sobre faturamento. Há a possibilidade também de ser ter o INSS sobre faturamento, dependendo do setor de atuação da empresa. Cunha (2005, p. 7) realiza um comparativo entre devoluções de vendas, abatimentos sobre vendas e descontos incondicionais, conforme se demonstra no Quadro 3 a seguir. Quadro 3 – Comparativo de devoluções de vendas, abatimentos e descontos comerciais Vendas canceladas (devolução) A Cia. Y adquire $ 100 mil de mercadorias da Cia. X. Metade do lote de mercadorias está com defeito e a Cia. Y devolve à Cia. X. 1 DRE – Cia. X Vendas Brutas ..................... $ 100.000 (-) Devolução de vendas ...... $ (50.000) Vendas Líquidas ................... $ 50.000 Ocorre após a venda (após a emissão da nota fiscal) Abatimentos A Cia. Z adquire $ 800 mil de mercadorias da Cia. W. 20% do lote de mercadorias estão com defeito de fabricação. A Cia. W propõe um abatimento de 10% no preço total para a Cia. Z não devolver a mercadoria. A proposta é aceita. DRE – Cia. W Vendas Brutas ..................... $ 800.000 (-) Abatimentos ................... $ (80.000) Vendas Líquidas ................... $ 720.000 Ocorre após a venda (após a emissão da nota fiscal) Descontos Comerciais A Construtora Rio Verde deseja adquirir um lote de 200 milheiros de azulejos da Cia. Azulejista. O preço normal de venda é de $ 50.000 por milheiro. Todavia, argumentando sobre a grande quantidade a ser adquirida, o comprador da Rio Verde solicita um desconto de 35%. A proposta é aceita pela Cia. Azulejista. 2 DRE – Cia. Azulejista Vendas Brutas ..................... $ 10.000.000 (-) Descontos comerciais ....... $ (3.500.000) Vendas Líquidas ................... $ 6.500.000 Ocorre antes da emissão da nota fiscal. ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 9 Não confundir com descontos financeiros (despesas financeiras - no grupo do resultado financeiro) que ocorrem após as vendas. Fonte: Cunha (2005, p. 7). Salienta-se que normalmente os descontos comerciais não são contabilizados. Já se contabiliza o total da nota fiscal como receita de vendas. Aconselha-se averiguar a necessidade de cada empresa, caso tenha interesse em adotar procedimento distinto. Depreende-se novamente que as receitas de vendas evidenciadas na DRE já são as receitas líquidas, obedecendo aos preceitos dos pronunciamentos contábeis vigentes. b) Custo das vendas e prestação de serviços: Segundo Imbassahy (2008, p. 413) "o custo das mercadorias vendidas (CMV) representa o custo de aquisição das mercadorias que foram vendidas. Integram o CMV os fretes e seguros pagos na aquisição dos bens, os gastos com armazenamento, assim como os impostos não recuperáveis”. De acordo Iudícibus et al. (2010, p. 504) “A apuração dos custos das mercadorias vendidas está diretamente relacionada aos estoques da empresa, pois representa a baixa efetuada nas contas do estoques por vendas realizadas no período.” Portanto, esta conta receberá os valores correspondentes à baixa no estoque de mercadorias para revenda. Desta maneira, será acrescido ao valor do CMV tudo o que foi gasto para colocar a mercadoria à venda dentro da empresa. Desse modo tem-se a fórmula simplificada de sua apuração: CMV= Estoque Inicial (EI) + Compras líquidas – Estoque Final (EF). c) Despesas com vendas: Para Borinelli e Pimentel (2010) essa conta engloba todas as despesas para divulgar e entregar o produto, mercadoria ou serviço ao comprador. As despesas de vendas representam os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa, bem como os riscos assumidos pela venda. Constam nesta categoria despesas como: despesas com pessoal da área de vendas; marketing; fretes e distribuição; comissões sobre vendas; propaganda e publicidade; gastos estimados com garantia de produtos vendidos; perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa (IUDÍCIBUS et al., 2010). De modo geral, as despesas de vendas são mais bem identificáveis com as receitas correspondentes, como é o caso das comissões de vendas. d) Despesas gerais e administrativas: Conforme Iudícibus e Marion (2010, p. 230) “as despesas administrativas são aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa. De maneira geral, são gastos nos escritórios que visam à direção ou à gestão da empresa”. ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 10 Iudícibus et al. (2010) complementam que estas despesas constituem-se de várias atividades gerais que beneficiam todas as fases do negócio ou objeto social. Constam nessa categoria itens como honorários da administração (Diretoria e Conselho), salários e encargos do pessoal administrativo, despesas legais e judiciais, material de escritório, despesas de energia elétrica, água e esgoto, telefone, material de expediente, PIS e COFINS sobre atividades acessórias, entre outras. Sua contabilização é feita no final do mês em que se recebeu a utilidade ou serviço. Tem com contrapartida as contas do passivo quando forem pagas no período posterior ao reconhecimento, ou diminuirá diretamente do ativo quando forem pagas no mesmo período do reconhecimento da despesa. E se for despesa antecipada como é o caso das despesas com seguros, aluguéis pagos antecipadamente, diminuirá a conta do ativo – despesa antecipada quando se fará o reconhecimento da despesa. Já a despesa de depreciação tem como contrapartida a conta redutora do ativo – depreciação acumulada. Salienta-se que há inúmeras contas comuns, tanto para as despesas com vendas, como para as despesas gerais e administrativas. São exemplos de contas comuns as despesas com pessoal, utilidades e serviços, despesas com aluguel, depreciação, entre outras. Iudícibus et al. (2010) explicam que para as contas comuns, as despesasdevem ser apropriadas adotando um de dois critérios possíveis: (i) identificação direta – como por exemplo, despesas de pessoal da área de vendas – pela folha de pagamento, depreciação a partir dos bens de cada departamento; (ii) por rateio: como por exemplo, energia elétrica, telefone, aluguel, etc. e) perda pela recuperabilidade dos ativos: A partir da Lei 11.638/2007 e do CPC 01 – Redução ao valor recuperável dos ativos - sempre que os ativos (investimentos, imobilizado, intangível) estiverem avaliados por valor superior ao valor recuperável por meio do uso ou da venda, a entidade deverá reduzir esses ativos ao seu valor recuperável, reconhecendo no resultado a perda referente a essa desvalorização (IUDÍCIBUS et al., 2010). Desta forma, sempre que houver alguma indicação que de houve a desvalorização do bem, a empresa deverá submeter o ativo ao teste de recuperabilidade. Estas indicações podem advir de fontes internas (relatos internos que o desempenho econômico financeiro de um determinado ativo esteja comprometido; dano físico ou indício de obsolescência; possibilidade de descontinuidade de uma operação, etc) ou de fontes externas (mudanças significativas no ambiente tecnológico; aumento da taxa de juros no mercado; indicações de sensíveis modificações no valor de mercado de um ativo, etc). (CPC 01, 2010). ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 11 Sempre que o valor recuperável for menor que o valor contábil, a perda deverá ser reconhecida por essa desvalorização. As bases utilizadas para o registro das despesas de depreciação e seus novos prazos de vida útil ser revistos sempre que se registrar perda por desvalorização. (CPC 01, 2010). f) resultado de equivalência patrimonial: É a alteração do valor contábil das participações societárias registradas no grupo de Investimentos (participações em controladas/ coligadas) decorrentes do resultado das empresas investidas. Desta forma, sempre que tenho um investimento em uma coligada e/ou controlada, o mesmo é avaliado pelo método de equivalência patrimonial. Para esta disciplina, vamos adotar que os investimentos com 20% ou mais são avaliados por este método. Em contabilidade avançada é que se estudarão as exceções e regras mais detalhadas. Desta forma, sempre que uma empresa tem um investimento em uma coligada ou controlada, o valor de seu investimento mudará quando houver uma alteração no patrimônio líquido da investida. Assim, o lucro ou prejuízo da investida irá refletir na DRE da investidora, por meio da conta de resultado de equivalência patrimonial. Sabe-se ainda que o resultado de equivalência patrimonial não entra na base de cálculo do imposto de renda e contribuição social. g) outras receitas/outras despesas: Nesta categoria enquadram-se receitas e despesas que não foram classificadas em itens anteriores, tais como: receitas de locação que não conste no objeto social da empresa, resultado da venda de imobilizado/investimento – sendo que estes deverão ser evidenciados em uma conta específica, receitas de sinistro, etc. h) receitas financeiras: Iudícibus et al. (2010, p. 515) explicam que as receitas financeiras englobam: (i) Descontos obtidos - oriundos normalmente de pagamentos antecipados de duplicatas de fornecedores e de outros títulos; (ii) Juros recebidos ou auferidos - conta em que se registram os juros cobrados pela empresa de seus clientes, por atraso de pagamento, postergação de vencimento de títulos; (iii) Receitas sobre outros investimentos temporários - em que são registradas as receitas totais nos demais tipos de aplicações temporárias de caixa, tal como depósitos a prazo fixo, fundo de investimento de renda fixa ou variável, etc; (iv) Variação cambial ativa, conta que é lançada todas as variações cambiais incorridas pela atualização periódica dos saldos a receber de clientes no exterior, dos empréstimos e financiamentos pagáveis em moeda estrangeira, no caso do ganho; ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 12 i) despesas financeiras: Para Iudícibus et al. (2010, p. 515) são consideradas despesas financeiras: (i) Juros de empréstimos, financiamentos, descontos de títulos e outras operações sujeitas a despesa de juros; (ii) Descontos concedidos a clientes por pagamentos antecipados de duplicatas e outros títulos; (iii) Comissões e despesas bancárias, que são despesas cobradas pelos bancos e outras instituições financeiras nas operações de desconto, de concessão de crédito, etc; (iv) Variação cambial passiva, conta que é lançada todas as variações cambiais incorridas pela atualização periódica dos empréstimos e financiamentos pagáveis em moeda estrangeira, no caso da perda; j) Provisão para IRPJ e CSLL: Borinelli e Pimentel (2010, p. 164 e 165) explicam que “o imposto de renda de pessoa jurídica (IRPJ) e a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) são os encargos sobre o lucro auferido pela entidade, ou seja, a parte que é direcionada para o grande sócio da organização: o governo”. Portanto, trata-se de uma despesa de IRPJ e uma despesa de CSLL, que são calculadas sobre o resultado da empresa com algumas adições e exclusões. O termo provisão não é o mais adequado, uma vez, que provisões referem-se a obrigações com data de vencimento ou valor incerto. Portanto, o termo provisões refere-se a passivos e não contas de resultados. Entretanto, por questão de legislação a despesa com estes tributos é evidenciada na DRE com o termo “Provisão do IRPJ” e “Provisão da CSLL”. k) lucro por ação: O art. 187 da Lei nº 6.404/76, em seu item VII, determina a indicação do montante do lucro ou prejuízo por ação do capital social, mais comumente denominado lucro por ação. O cálculo de modo geral será aplicado na disciplina, no qual é realizado tomando como base o lucro líquido do período, dividindo-o pelo número de ações. 2.1.3 Evidenciação da composição da receita líquida Conforme mencionado anteriormente, as receitas de vendas constante na demonstração do resultado aparecem pelo valor das vendas líquidas. Vide exemplo de divulgação da nota explicativa da Cia Hering referente ao ano de 2012: Quadro 4 – Nota explicativa da composição da receita Cia Hering – em milhares de reais ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 13 Fonte: Hering (2012, p. 57). Nota-se que a receita bruta da Cia Hering, já deduzidas as devoluções, são de R$ 1.790.522.000,00. Entretanto, na demonstração de resultado do exercício o valor que consta no item receitas de vendas é de R$ 1.488.361.000,00. A nota explicativa é necessária para demonstrar a composição desta receita líquida, evidenciar a natureza das receitas (venda mercado interno, venda mercado externo, receitas de royalties, vendas em lojas próprias). Para fins de complemento, o Quadro 5 apresenta a nota explicativa da composição da receita da Metalúrgica Riosulense S/A: Quadro 5 – Nota explicativa da composição da receita Metalúrgica Riosulense – em milhares de reais Fonte: Riosulense (2012, p. 23). ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 14 Deste modo, observa-se ainda a necessidade de contabilização da receita bruta de vendas em uma conta específica, visto a necessidade de controle interno e norma de evidenciação em notas explicativas. Tal necessidade também está presente na Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações) e no Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), porém, este último apresenta uma divergência. Conforme Iudícibus et al. (2010, p. 485) “a Lei nº 6.404/76, em seu art. 187, itens I e II, estabelece que as empresas deverão, na Demonstração do Resultado do Exercício, discriminar “a receita bruta de vendas e serviços, as deduções das vendas, dos abatimentos e dos impostos” e “a receita líquida das vendase serviços”. Deste modo, a contabilização das vendas deverá ser feita por seu valor bruto, inclusive impostos, sendo que tais impostos e as devoluções e abatimentos deverão ser registrados em contas devedoras como redutoras das vendas. (IUDÍCIBUS et al., 2010). Por sua vez, Iudícibus et al. (2010, p. 485) explicam que “ o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99 art. 280) define a receita líquida como a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas”. Sendo assim, observa-se que a legislação fiscal seguiu a mesma orientação da Lei das Sociedades por Ações, com uma exceção: a IN do SRF nº 51/78 e o parágrafo único do art. 31 da Lei 8.981/1995, acrescentou que “na receita bruta não se incluem os impostos não cumulativos, cobrados do comprador ou contratante (IPI – Imposto sobre Produto Industrializado) e do qual o vendedor dos bens seja mero depositário”. (IUDÍCIBUS et al., 2010). Com isso criou-se a seguinte situação: para fins de Impostos de Renda, o ICMS faz parte das Receitas Brutas, mas o IPI não. Para fins da lei das Sociedades por Ações, ambos fazem (IPI e o ICMS). Borinelli e Pimentel (2010, p. 153) explicam que uma forma prática utilizada para conciliar esse problema é separar o faturamento bruto (com IPI) do faturamento líquido (sem IPI), que é a receita bruta da demonstração de resultado. Faturamento Bruto 105,00 (-) IPI sobre faturamento Bruto (5,00) Receita bruta de vendas de produtos e serviços 100,00 ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 15 Outra forma adotada na prática é de constar o IPI como conta devedora no mesmo grupo que o ICMS. Quando for elaborar a Declaração de Rendimentos para fins de Imposto de Renda – DIPJ, deve-se excluir o IPI da Receita Bruta, chegando à Receita Bruta no conceito fiscal. (IUDÍCIBUS et al., 2010). No nosso plano de contas apresentado na Unidade 1, o IPI consta como dedução da receita bruta. I - Receita bruta de vendas e serviços 1. Venda de Produtos Mercado nacional Mercado Externo 2. Venda de Serviços II – Deduções da Receita bruta 1. Venda canceladas e devoluções 2. Abatimentos 3. Descontos comerciais 4. Impostos incidentes sobre as vendas 4.1 IPI 4.2 ICMS 4.3 ISS 4.4 PIS sobre receita bruta 4.5 COFINS sobre receita bruta III – Receita Líquida Agora vamos a um caso prático e elaborar a Demonstração do Resultado de acordo com as exigências do CPC 26 e CVM. Caso Prático: Elaboração da Demonstração do Resultado: Parte I Determinada empresa comercial apresentou as seguintes informações referente receitas e despesas incorridas no período de janeiro de 2013: Conta Contábil Valores (em R$) Conta Contábil Valores (em R$) Abatimento s/ vendas 20.000,00 Custo da mercadoria vendida 270.000,00 COFINS sobre faturamento 51.300,00 Despesas com Perdas estimadas para crédito de liquidação duvidosa 8.000,00 Comissões de vendas 25.000,00 PIS s/ faturamento 11.137,50 Custo na venda de imobilizado 16.000,00 Propaganda e publicidade 30.000,00 Depreciação e amortização 50.000,00 Receita de venda de imobilizado 15.000,00 Descontos concedidos 500,00 Receita mercado externo 150.000,00 Despesas com materiais gerais 15.000,00 Receita mercado interno 710.000,00 Despesas com viagens 22.000,00 Remuneração dos administradores 38.000,00 Devoluções de vendas 35.000,00 Resultado positivo de equivalência patrimonial 11.000,00 Energia elétrica 40.000,00 Salários e ordenados e encargos sociais 70.000,00 ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 16 Fretes s/ vendas 10.000,00 Serviços de terceiros 25.000,00 ICMS sobre vendas 89.000,00 Telefone 7.800,00 Juros pagos 2.300,00 Variação cambial ativa 7.800,00 Juros recebidos 5.400,00 Variação cambial passiva 2.700,00 Sabe-se ainda que: a) A empresa possui 25.000 ações. b) As despesas comuns são rateadas nas seguintes proporções: Conta Contábil Despesa Administrativa Despesa Comercial Depreciação e amortização 50% 50% Despesas com materiais gerais 60% 40% Despesas com viagens 30% 70% Energia elétrica 45% 55% Salários e ordenados e encargos sociais 60% 40% Serviços de terceiros 30% 70% Telefone 40% 60% O primeiro procedimento para elaboração da Demonstração do Resultado é a apuração e evidenciação da receita de vendas, sendo esta a receita líquida. Depois é necessário elaborar as notas explicativas da composição desta receita. Por momento, vamos elaborar a DRE até o seu lucro bruto, ou seja, até o resultado após os custos das vendas. Desta forma, o início da DRE do período seria apresentado desta maneira: DRE de 01/01/2013 a 31/01/2013 (+) Receita de Vendas 653.562,50 (-) CPV -270.000,00 (=) Resultado Bruto 383.562,50 Nota-se que a receita de vendas já é a líquida, o que exige um complemento em notas explicativas conforme segue: ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 17 OBS: Nos exercícios elaborados em sala, não será necessário elaborar as notas explicativas da composição da receita líquida, desde que: (i) O aluno ao elaborar a DRE demonstrará a receita bruta e as respectivas deduções, chegando à receita líquida; e/ou (ii) no exercício não conste tal exigência. Assim, se na questão tiver o seguinte enunciado “elabore a DRE de acordo com os pronunciamentos contábeis vigentes e elabore as respetivas notas explicativas” será necessário adotar tal procedimento. Entretanto, é sempre oportuno lembrar que nas demonstrações contábeis publicadas, sempre o valor das receitas de vendas e serviços é o valor da receita líquida. E há o detalhamento da composição deste valor nas respectivas notas explicativas. 2.1.4 Forma de apresentação das despesas Existem duas formas possíveis de apresentação das despesas na demonstração do resultado: por natureza ou por função. Sobre este assunto, o CPC 26 (R1) (2011) estabelece que: 99. A entidade deve apresentar uma análise das despesas utilizando uma classificação baseada na sua natureza, se permitida legalmente, ou na sua função dentro da entidade, devendo eleger o critério que proporcionar informação confiável e mais relevante, obedecidas as determinações legais. 101. As despesas devem ser subclassificadas a fim de destacar componentes do desempenho que possam diferir em termos de frequência, potencial de ganho ou de perda e previsibilidade. Essa análise dever ser proporcionada em uma das duas formas descritas a seguir, obedecidas as disposições legais. ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 18 102. A primeira forma de análise é o método da natureza da despesa. As despesas são agregadas na demonstração do resultado de acordo com a sua natureza (por exemplo, depreciações, compras de materiais, despesas com transporte, benefícios aos empregados e despesas de publicidade), não sendo realocados entre as várias funções dentro da entidade. Esse método pode ser simples de aplicar porque não são necessárias alocações de gastos a classificações funcionais. Um exemplo de classificação que usa o método da natureza do gasto é o que se segue: Receitas X Outras Receitas X Variação do estoque de produtos acabados e em elaboração X Consumo de matérias-primas e materiais X Despesa com benefícios a empregados X Depreciações e amortizações X Outras despesas X Total da despesa (X) Resultado antes dos tributos X 103. A segunda forma de análise é o método da função da despesa ou do “custo dos produtos e serviços vendidos”, classificando-se as despesas de acordo com a sua função como parte do custo dos produtos ou serviços vendidos ou, por exemplo, das despesas de distribuição ou das atividades administrativas.No mínimo, a entidade deve divulgar o custo dos produtos e serviços vendidos segundo esse método separadamente das outras despesas. Esse método pode proporcionar informação mais relevante aos usuários do que a classificação de gastos por natureza, mas a alocação de despesas às funções pode exigir alocações arbitrárias e envolver considerável julgamento. Um exemplo de classificação que utiliza o método da função da despesa é a seguinte: Receitas X Custo dos produtos e serviços vendidos (X) Lucro bruto X Outras receitas X Despesas de vendas (X) Despesas administrativas (X) Outras despesas (X) Resultado antes dos tributos X ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 19 104. As entidades que classificarem os gastos por função devem divulgar informação adicional sobre a natureza das despesas, incluindo as despesas de depreciação e de amortização e as despesas com benefícios aos empregados. 105. A escolha entre o método da função das despesas e o método da natureza das despesas depende de fatores históricos e setoriais e da natureza da entidade. Ambos os métodos proporcionam uma indicação das despesas que podem variar, direta ou indiretamente, com o nível de vendas ou de produção da entidade. Dado que cada método de apresentação tem seu mérito conforme as características de diferentes tipos de entidade, este Pronunciamento Técnico estabelece que cabe à administração eleger o método de apresentação mais relevante e confiável, atendidas as exigências legais. Entretanto, dado que a informação sobre a natureza das despesas é útil ao prever os futuros fluxos de caixa, é exigida divulgação adicional quando for usada a classificação com base no método da função das despesas. Denota-se que as despesas tanto podem ser apresentadas pelo método da natureza quanto pelo método da função, cabe à entidade optar pelo melhor método. No método pela natureza, as despesas são evidenciadas pela sua essência, pelas suas características principais. Enquanto o método pela função agrupa as despesas basicamente em quatro classificações: custo dos produtos e serviços vendidos, despesas com vendas, despesas gerais e administrativas e outras despesas. Neste sentido, se a empresa optar pela evidenciação pelo método da função, não é possível saber pela demonstração do resultado qual é o valor dos salários da entidade, da depreciação, etc, uma vez que estes valores podem estar no custo, nas despesas gerais e administrativas e nas despesas com vendas. É prática comum as empresas optarem pelo método da função, uma vez, que as informações permanecem mais sintetizadas. Entretanto, há um complemento em notas explicativas evidenciando a composição dos itens principais destas despesas. Vide a evidenciação da Cia Hering referente ao ano de 2012 da natureza das despesas, lembrando que a publicação na DRE é pelo método da função. ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 20 Quadro 6– Nota explicativa da natureza das despesas Cia Hering – em milhares de reais Fonte: Hering (2012, p. 58). ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 21 Nota-se que há divulgação da composição dos itens do custo dos produtos vendidos, das despesas com vendas e das despesas gerais e administrativas. Verifica-se que a despesa com propaganda também pode estar classificada nas duas categorias de despesas. Classifica- se como administrativa quando a propaganda está relacionada com a imagem da empresa e como comercial, quando a essência é a divulgação do produto. A empresa também evidenciou a natureza das outras despesas e do resultado financeiro líquido, conforme demonstra-se no Quadro 7 a seguir. Quadro 7– Nota explicativa da natureza das despesas Cia Hering – em milhares de reais ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 22 Fonte: Hering (2012, p. 59-60). Após esta explanação, vamos voltar ao nosso caso prático: agora vamos elaborar a DRE até o item “resultado antes dos tributos sobre o lucro”. Vamos elaborar a DRE pelo método da função das despesas e em notas explicativas evidenciaremos a respectiva natureza destas despesas. Cabe salientar que pela estrutura do CPC 26, os itens extraordinários não são separados do grupo “despesas operacionais” como estabelecido pela estrutura da Lei 6.404/76. Na DRE o que é segregado é o resultado financeiro líquido, que vem após as despesas operacionais, num grupo específico. Caso Prático: Elaboração da Demonstração do Resultado: Parte II Continuando a elaboração da nossa demonstração do resultado, temos o seguinte: DRE de 01/01/2013 a 31/01/2013 (+) Receita de Vendas 653.562,50 (-) CPV -270.000,00 (=) Resultado Bruto 383.562,50 (+/-) Despesas Operacionais -330.800,00 ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 23 (-) Despesas com vendas/comerciais -191.580,00 (-) Despesas gerais e administrativas -111.220,00 (-) Remuneração dos administradores -38.000,00 (-) Perda pela recuperabilidade de ativos 0,00 (+) Resultado de Equivalência Patrimonial 11.000,00 (-) Prejuízo na venda de Imobilizado -1.000,00 (=) Resultado antes do resultado financeiro e dos tributos 52.762,50 (+/-) Resultado Financeiro líquido 7.700,00 (=) Resultado antes dos tributos s/ lucro 60.462,50 Observa-se pela DRE elaborada, que as despesas foram agrupadas nos seguintes grupos: “despesas com vendas”, “despesas gerais e administrativas” e “resultado financeiro líquido”. Nota-se também que há destaque na evidenciação do resultado de equivalência patrimonial, do prejuízo na venda de imobilizado conforme exigido pelo CPC e pela CVM. Optou-se em segregar também a remuneração dos administradores (executivos da entidade), uma vez que a CVM exige a divulgação desta despesa. A mesma poderia ser agrupada no grupo de “despesas gerais e administrativas” e a divulgação ocorrer por meio de notas explicativas. Observa-se ainda que não houve perda pela recuperabilidade dos ativos e que o resultado financeiro foi segregado do grupo de despesas operacionais. Constata-se também que há despesas comuns para os dois grupos: despesas com vendas e despesas administrativas. A alocação destas despesas foi feita via rateio, conforme percentuais estabelecidos no início do exemplo. Por fim, a divulgação das notas explicativas poderia ocorrer da seguinte forma: Nota X – Despesas por natureza A seguir evidenciam-se as despesas por natureza: a) Despesas comerciais Despesas comerciais Valores (em R$) Comissões de vendas -25.000,00 Despesas com Perdas estimadas para crédito de liquidação duvidosa -8.000,00 Fretes s/ vendas -10.000,00 Propaganda e Publicidade -30.000,00 Depreciação e amortização -25.000,00 Despesas com materiais gerais -6.000,00 Despesas com viagens -15.400,00 Energia Elétrica -22.000,00 Salários e ordenados e encargos sociais -28.000,00 Serviços de terceiros -17.500,00 Telefone -4.680,00 TOTAL -191.580,00 ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 24 b) Despesas gerais e administrativas Despesas gerais e administrativas Valores (em R$) Depreciação e amortização -25.000,00 Despesas com materiais gerais -9.000,00 Despesas com viagens -6.600,00 Energia Elétrica -18.000,00 Salários e ordenados e encargos sociais -42.000,00 Serviços de terceiros -7.500,00 Telefone -3.120,00 TOTAL -111.220,00 c) Resultado financeiro líquido Descrição Valores (em R$) (+) RECEITAS FINANCEIRAS 13.200,00 Juros recebidos 5.400,00 Variação cambial ativa 7.800,00 (-) DESPESAS FINANCEIRAS -5.500,00 Descontos concedidos -500,00 Juros pagos -2.300,00 Variação cambial passiva -2.700,00 (=) RESULTADOFINANCEIRO LÍQUIDO 7.700,00 OBS: Nos exercícios elaborados em sala, não será necessário elaborar as notas explicativas da natureza das despesas, desde que: (i) O aluno ao elaborar a DRE demonstrará as despesas pelas respectivas naturezas e não pelo método da função. Para tanto, as naturezas evidenciadas poderão seguir o nosso plano de contas, evidenciando os grupos: despesas variáveis de venda, despesas com pessoal fixo, despesas com ativo permanente, despesas gerais e administrativas, e assim sucessivamente; e/ou (ii) no exercício não conste tal exigência. Assim, se na questão tiver o seguinte enunciado “elabore a DRE de acordo com os pronunciamentos contábeis vigentes e elabore as respetivas notas explicativas” será necessário adotar tal procedimento. Entretanto, é sempre oportuno lembrar que nas demonstrações contábeis publicadas, normalmente as despesas são publicadas pelo método da função e em notas explicativas são evidenciadas as respectivas naturezas destas despesas. ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 25 2.1.5 Apuração do imposto de renda e contribuição social Borinelli e Pimentel (2010, p. 164) explicam que basicamente, uma empresa pode se enquadrar em uma das quatro formas de tributação: simples nacional, lucro presumido, lucro real e lucro arbitrado. A forma mais comum para empresas de grande porte é o lucro real e para as empresas de médio e pequeno porte, o lucro presumido e simples. No Brasil, as empresas optantes ou enquadradas no lucro real são tributadas a uma alíquota de 15%, podendo chegar até 25%, no caso do IRPJ, por conta do adicional de 10% sempre que a base de cálculo ultrapassar R$ 20.000,00 mês. A base de cálculo do IRPJ nessa opção de tributação não é necessariamente igual à base do resultado contábil, ou seja, a empresa apura o lucro contábil e inclui e exclui algumas despesas e receitas e chega-se a uma base tributável, que é conhecida como lucro real. A essa base é aplicada a alíquota de 15% (chegando a 25%). O cálculo da CSLL é bem semelhante, sendo que a alíquota é de 9%. (BORINELLI; PIMENTEL, 2010, p. 164-165). Para as empresas optantes pelo lucro presumido ou pelo simples nacional, a forma de cálculo é diferente. Em vez de apurar o valor do imposto e da contribuição sobre o lucro gerado no período, toma-se como base de cálculo o valor do faturamento, e sobre este, aplica- se a alíquota definida em lei, que pode variar em função de alguns fatores como, por exemplo, o porte da empresa. (BORINELLI; PIMENTEL, 2010, p. 165). Na disciplina vamos calcular o imposto de renda e a contribuição social tomando-se sempre com base empresas do lucro real. Para tanto, usaremos os seguintes procedimentos para fins didáticos: I) Sempre aplicaremos a alíquota de 15% para o IRPJ e 9% para a CSLL. Não utilizaremos o adicional de IRPJ, visto que o intuito da disciplina é mencionar que existe esta forma de tributo, seu respectivo reflexo na DRE e no balanço patrimonial e sua contabilização. O cálculo com o respectivo adicional será visto na disciplina de Contabilidade Tributária. II) Conforme foi exposto, a base de cálculo de tais tributos não é o resultado contábil (receitas – despesas). Existem algumas adições e exclusões estabelecidas no regulamento do imposto de renda. Na disciplina de Contabilidade III, só vamos considerar duas adições: o resultado negativo de equivalência patrimonial e a perda pela recuperabilidade dos ativos e uma exclusão: o resultado positivo de equivalência patrimonial. Desta forma, tais contas não entram na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, porém, são evidenciados na DRE. ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 26 OBS: Todas as contas de resultado são evidenciadas na DRE, independente de serem aceitas pelo fisco como dedutível. Todas, absolutamente todas as receitas e despesas devem constar na DRE do seu respectivo período. O cálculo do IRPJ e CSLL é contabilidade tributária – são controles à parte e atividades distintas. Desta forma a base de cálculo do IRPJ e da CSLL se dará pela seguinte forma: BC IRPJ/CSLL = Total das receitas – Total das despesas + Resultado negativo de equivalência patrimonial + perda pela pecuperabilidade dos ativos – Resultado positivo de equivalência patrimonial A contabilização da despesa de IRPJ deve ocorrer a débito de Provisão para IRPJ (Resultado) e crédito de IRPJ a Recolher (Passivo). A contabilização da despesa de CSLL deve ocorrer a débito de Provisão para CSLL (Resultado) e crédito de CSLL a Recolher (Passivo) Caso Prático: Elaboração da Demonstração do Resultado: Parte III Agora vamos calcular e contabilizar o IRPJ e CSLL do nosso caso prático. O primeiro procedimento é o cálculo do imposto a partir da aplicação da fórmula. BC IRPJ/CSLL = Total das receitas – Total das despesas + Resultado negativo de equivalência patrimonial + perda pela pecuperabilidade dos ativos – Resultado positivo de equivalência patrimonial. Logo: BC IRPJ/CSLL = 899.200,00 – 838.737,50 + 0,00 + 0,00 – 11.000,00 BC IRPJ/CSLL = 49.462,50 IRPJ= 49.462,50 * 15% IRPJ= 7.419,38 D- Provisão IRPJ R$ 7.419,38 C- IRPJ A Recolher R$ 7.419,38 CSLL= 49.462,50 * 9% IRPJ= 4.451,63 ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 27 D- Provisão CSLL R$ 4.451,63 C- CSLL A Recolher R$ 4.451,63 Nota-se na fórmula que primeiramente somam-se todas as receitas e todas as despesas. Depois é que se faz as adições e exclusões. No nosso caso prático, o resultado de equivalência patrimonial é positivo, logo, é uma receita. Assim, ele é considerado receita, é evidenciado na DRE, porém, é retirado da base de cálculo do IRPJ e CSLL. As receitas consideradas na fórmula foram: juros recebidos, receita de venda de imobilizado, receita mercado externo, receita mercado interno, resultado positivo de equivalência patrimonial e variação cambial ativa. As demais contas foram consideradas despesas. Agora podemos terminar nossa demonstração, visto que não temos nenhuma operação descontinuada. (+) Receita de Vendas 653.562,50 (-) CPV -270.000,00 (=) Resultado Bruto 383.562,50 (+/-) Despesas Operacionais -330.800,00 (-) Despesas com vendas/comerciais -191.580,00 (-) Despesas gerais e administrativas -111.220,00 (-) Remuneração dos administradores -38.000,00 (-) Perda pela recuperabilidade de ativos 0,00 (+) Resultado de Equivalência Patrimonial 11.000,00 (+) Lucro na venda de Imobilizado -1.000,00 (=) Resultado antes do resultado financeiro e dos tributos 52.762,50 (+/-) Resultado Financeiro 7.700,00 (=) Resultado antes dos tributos s/ lucro 60.462,50 (-) Provisão IRPJ -7.419,38 (-) Provisão CSLL -4.451,63 (=) Resultado líquido das operações continuadas 48.591,50 (+/-) Resultado líquido das operações descontinuadas 0,00 (=) Resultado Líquido do Exercício 48.591,50 (=) Lucro por ação 1,94 DRE de 01/01/2013 a 31/01/2013 Para cálculo do IRPJ e da CSLL deve-se partir do resultado antes dos tributos sobre o lucro, que é o resultado entre o total das receitas menos despesas, e aí adicionar e/ou excluir o resultado de equivalência patrimonial. Observe que o resultado antes dos tributos sobre o lucro (R$ 60.462,50) não é a base de cálculo dos respectivos tributos (R$ 49.462,50). ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 28 2.1.6 Resultado de operações continuadas versus operações descontinuadas Na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é segregado o resultado das operações continuadas do resultado das operações descontinuadas. O CPC 31 (2009) estabelece no seu item 32, que: Uma operação descontinuada é um componente da entidade que foi baixado ou está classificado como mantido para venda e: a) representa uma importante linha separada de negóciosou área geográfica de operações; b) é parte integrante de um único plano coordenado para venda de uma importante linha separada de negócios ou área geográfica de operações; ou c) é uma controlada adquirida exclusivamente com o objetivo da revenda. Deste modo, uma operação descontinuada é quando a empresa decide encerrar uma unidade geradora de caixa. Conforme pronunciamentos contábeis vigentes, uma unidade geradora de caixa é o menor grupo de ativos identificáveis que gere caixa independente. Desta forma, uma máquina numa indústria, provavelmente não gera caixa de forma isolada, ela gera caixa com outros ativos, logo, esta máquina não pode ser considerada uma unidade geradora de caixa de forma isolada. Assim, se a empresa resolver vendê-la, o resultado desta venda estará evidenciado nas despesas operacionais, e não segregados em operações descontinuadas. Em operações descontinuadas estarão evidenciados apenas os resultados de encerramento de uma planta, de uma loja, de parte de um segmento da empresa, uma linha de produto, o encerramento de uma controlada adquirida exclusivamente com o objeto de revenda. Para tanto, é necessário que esta operação represente uma linha separada de negócios ou área geográfica das operações da empresa. Na DRE, sempre que tiver uma operação descontinuada, todo seu resultado (receitas de vendas, impostos sobre vendas, custo, despesas com vendas, administrativas, etc) referente a esta operação será evidenciado após o resultado líquido das operações continuadas. E o detalhamento da composição deste resultado será feito em notas explicativas. Vide a seguir uma nota explicativa da Celulose Irani referente a uma operação descontinuada: ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 29 Quadro 8– Nota explicativa operação descontinuada Celulose Irani– em milhares de reais Fonte: Celulose Irani (2012, p. 71). 2.1.7 Destinação do resultado Com o advento da Lei 11.638/2007 foi extinta a possibilidade de manutenção e apresentação de saldos a título de “lucros acumulados” no Balanço Patrimonial, mas apenas para o caso das sociedades por ações, o que não significa que a referida conta deverá ser eliminada dos planos de contas dessas entidades (IUDÍCIBUS, et al., 2010, p. 363). A conta lucros ou prejuízos acumulados continuará sendo utilizada pelas companhias para receber o resultado do período, se positivo, e destiná-lo de acordo com as políticas da empresa, servindo de contrapartida para as constituições e reversões de reservas de lucros, assim como para a distribuição de dividendos. Mas, no balanço patrimonial, no encerramento ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 30 do exercício, só poderá aparecer quando tiver saldo negativo, e será denominada de prejuízos acumulados. Nas demais sociedades poderá aparecer também com saldo positivo e terá seu nome completo de lucros ou prejuízos acumulados ou simplesmente lucros acumulados. (IUDÍCIBUS, et al., 2010, p. 363). Destarte, que a conta lucros acumulados continua existindo, entretanto, é uma conta transitória para as sociedades anônimas, uma vez, que estas possuem obrigatoriedade de realizar a destinação do resultado do período. Para as demais sociedades, não há a obrigatoriedade de destinar todo o resultado. Salienta-se que somente pode-se constituir reservas e distribuir dividendos se não houver prejuízos acumulados. Em casos de prejuízos, o mesmo deverá ser absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e reserva legal, e por último pelas reservas de capital. Desta maneira, somente existirá saldo em prejuízos acumulados se a empresa não tiver nenhum saldo em nenhuma das reservas. A obrigatoriedade da destinação dos lucros acumulados encontra-se na Lei 6.404/76, em alguns artigos, como tais: Art. 176. § 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembleia-geral. Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a provisão para o Imposto sobre a Renda. Parágrafo único. o prejuízo do exercício será obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem. Art. 192. Juntamente com as demonstrações financeiras do exercício, os órgãos da administração da companhia apresentarão à assembleia-geral ordinária, observado o disposto nos artigos 193 a 203 e no estatuto, proposta sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício. Art. 202. § 6o Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a 197 deverão ser distribuídos como dividendos. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) Entretanto, volta-se a enfatizar que tal obrigatoriedade serve apenas para as sociedades anônimas (capital aberto e capital fechado). Neste sentido, o Conselho Federal de Contabilidade procurou manifestar-se a respeito por meio da Resolução 1.159/2009, conforme evidencia-se a seguir: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10303.htm#art2 ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 31 46. Com a nova redação dada pela Lei nº. 11.638/07 ao art. 178 (alínea d) da Lei nº. 6.404/76, não há mais a previsão da conta “Lucros ou Prejuízos Acumulados” como conta componente do Patrimônio Liquido, tendo em vista que o referido artigo previu apenas, como uma das contas componente do Patrimônio Líquido, a conta de “Prejuízos Acumulados”. 47. É válido ressaltar, todavia, que a não-manutenção de saldo positivo nessa conta só pode ser exigida para as sociedades por ações, e não às demais sociedades e entidades de forma geral. 48. Dessa forma, a nova legislação societária vedou às sociedades por ações apresentarem saldo de lucros sem destinação, não sendo mais permitido, para esse tipo de sociedade, apresentar nas suas demonstrações contábeis, a partir da data de 31/12/08, saldo positivo na conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. 49. É válido ressaltar ainda que a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados deve permanecer no Plano de Contas de todas as entidades, haja vista que o seu uso continuará sendo feito para receber o registro do resultado do exercício, bem com as suas várias formas de destinações (constituição de reservas, distribuição de lucros ou dividendos, etc.). (CFC, 2009). Quanto à contabilização do resultado do período, Ribeiro (2009) explica que se o resultado do exercício corresponder a prejuízo, deverá apenas debitar a conta Prejuízos Acumulados e creditar a conta Resultado do Exercício. Os Prejuízos poderão ser assumidos pelos sócios, ou compensados com saldos de reservas, mas o valor referente a esses prejuízos deverão transitar por essa conta. Se o resultado do exercício corresponder a lucro, esse lucro deverá primeiro cobrir os prejuízos apurados em anos anteriores, à constituição de reservas e a distribuição aos acionistas em forma de dividendos. Antes de fazer as destinações do lucro líquido, deve-se transferir o saldo credor da conta Resultado do Exercício para a conta Lucros Acumulados. (RIBEIRO, 2009). Marion (2009) comenta que a destinação do lucro pode ser utilizada de várias maneiras: (i) para aumento do capital da empresa; (ii) para a constituição de reservas, como reserva legal, reservas estatutárias, reservas para contingências, reservas de lucros para expansão, reservas orçamentárias, reservas de lucros a realizar, reservas de incentivos fiscais, reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído; e (iii) para distribuição de dividendos. É importante mencionar que estas reservas possuem regras e finalidades específicas. No entanto, seu conteúdo não será objeto de estudo nesta unidade. O grupo do patrimônio líquido é o últimoassunto a ser estudado em Contabilidade III. Entretanto, cabe mencionar que as sociedades anônimas possuem regras quanto à constituição das reservas, diferente das empresas limitadas, em que não há previsão de constituição de reservas específicas. ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 32 Nas sociedades anônimas, normalmente está estabelecido nos respectivos estatutos o valor mínimo a ser destinado para os dividendos obrigatórios. Caso o estatuto for omisso, este valor é de 50% do lucro ajustado conforme preceitos do art. 202 da Lei 6.404/76. Nos casos, em que a administração decidir distribuir dividendos além do mínimo obrigatório, estes deverão ser contabilizados numa conta denominada “Dividendos Adicionais Propostos”, que permanece no patrimônio líquido até a aprovação das contas pela assembleia geral. Deste modo, contabiliza-se e reconhece como passivo (Dividendos a Pagar) somente o mínimo obrigatório, que de fato é uma obrigação presente, que será aprovada pela assembleia geral devido a sua obrigatoriedade. Já os dividendos adicionais propostos, ainda não se configuram como obrigação presente, por este motivo, permanece no patrimônio líquido. Tal posicionamento está presente na Interpretação Técnica ICPC 08 (R1). 2.2 BALANÇO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial é a única demonstração estática, uma vez, que demonstra os saldos de determinado momento/período, sem mostrar como se chegou naquele saldo. Por exemplo, ao levantar o Balanço Patrimonial de 28/02/2014, estarão evidenciados os saldos do caixa deste dia, assim, como, o saldo de fornecedores a pagar, de clientes. No entanto, não demonstrará como se chegou no saldo do caixa, como se apurou o saldo dos clientes. Esta demonstração evidencia a situação financeira e patrimonial da entidade. Borinelli e Pimentel (2010, p. 106) explicam que o “o balanço patrimonial é a demonstração contábil que representa quantitativa e qualitativamente o patrimônio de uma entidade, evidenciando, portanto, o conjunto dos bens, direitos e obrigações desta”. Castilho, Castilho e Castilho (2010, p. 139) explicam que o balanço patrimonial tem por finalidade apresentar a posição, em determinada data, dos recursos patrimoniais aplicados pela empresa. Os autores inferem que: a) O ativo representa a posição, naquela data, do saldo das contas do Balanço Patrimonial, correspondente aos recursos aplicados, ou no aguardo para sua aplicação (moeda corrente), pertencentes à empresa. Exemplos: caixa, aplicações financeiras, estoques, máquinas, móveis e utensílios, clientes, PIS a recuperar, despesas antecipadas, etc. b) O passivo representa a posição, naquela data, do saldo das contas do Balanço Patrimonial, correspondente às dívidas ocorridas em função dos recursos obtidos pela ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 33 empresa junto a terceiros. Exemplos: empréstimos e financiamentos, fornecedores, salários a pagar, INSS a recolher, ICMS a recolher, telefone a pagar, dividendos a pagar, etc. c) O patrimônio líquido representa a posição, na mesma data, dos recursos próprios da empresa, obtidos por investimentos realizados pelos seus proprietários e por lucros realizados. O artigo 178 da Lei 6.404/76 menciona o seguinte: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I – passivo circulante; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). A Figura 1 a seguir ilustra os principais grupos do Balanço Patrimonial, conforme preconizado pelo art. 178 da Lei 6.404/76: Figura 1: Principais grupos do balanço patrimonial BALAÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PATRIMÔNIO LÍQUIDO a A CAPITAL SOCIAL INVESTIMENTOS RESERVAS DE CAPITAL IMOBILIZADO INTANGÍVEL AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL RESERVAS DE LUCROS (-) AÇÕES EM TESOURARIA LUCROS/PREJUÍZOS ACUMULADOS Fonte: Iudícibus et. al (2010) ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 34 Denota-se que as contas do ativo são expostas em ordem decrescente de liquidez, do mais líquido para o menos líquido, ou seja, o que é caixa ou que vai se transformar em caixa primeiro. Por este motivo, o primeiro grupo do ativo circulante é “caixa e equivalentes de caixa”, composto por caixa propriamente dito, saldos bancários e aplicações financeiras de liquidez imediata. No passivo, as contas são expostas de ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, do mais exigível para o menos exigível. Neste grupo, as primeiras contas evidenciadas são as que possuem um prazo de obrigação menor. Por isso, o primeiro grupo evidenciado refere-se às obrigações sociais e trabalhistas. Tanto o ativo, quanto o passivo, dividem-se em dois grandes grupos: circulante e não circulante. Esta classificação leva em conta o ciclo operacional ou o prazo de um ano, aquele que for maior. Entende-se por ciclo operacional o tempo decorrido entre a compra da matéria prima, sua transformação, produção e estocagem do produto, venda e o respectivo recebimento. Como o ciclo operacional de muitas empresas é menor que um ano, por isso, considera-se o prazo de um ano para elaboração do balanço patrimonial, visto que este prazo é maior que o ciclo operacional. Sendo assim, no ativo circulante estarão evidenciados os bens e direitos que são caixa ou que se transformarão em caixa até 12 meses. Se elaborarmos o Balanço Patrimonial em 28/02/2014, consideramos no circulante tudo o que se transformará em caixa até 28/02/2015. No CPC 26 (2011), item 66 há a seguinte menção: O ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; (b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou (d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa), a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Borinelli e Pimentel (2010, p. 111) enfatizam que “em suma, o ativo circulante compreende todos os bens e direitos já convertidos em dinheiro ou que se converterão em dinheiro até o final do exercício seguinte. Portanto, correspondem aos recursos aplicados em elementos que estão em constante movimentação, por isso o nome circulante”. Fazem parte deste grupo: caixa e equivalentes de caixa (disponibilidades), aplicações financeiras, contas a ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 35 receber de clientes, estoques, despesas antecipadas, tributos a recuperar, bens destinados à venda, outros créditos. Todos os demais ativos devem ser classificadoscomo não circulantes. O ativo não circulante se divide nos seguintes grupos: realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. De acordo com o art. 179 da Lei 6.404/76, as contas serão classificadas do seguinte modo: II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007). Desta forma, no realizável a longo prazo são incluídos todos os valores a receber de terceiros após o período de um ano, além, dos empréstimos a receber de diretores, sócios, acionistas, empresas ligadas – estes sempre serão classificados no realizável a longo prazo, independente do prazo de recebimento. Os grupos investimentos, imobilizado e intangível possuem a característica de permanência, ou seja, sem a intenção de venda. Os investimentos possuem ainda a característica de rentabilidade, e estão inclusos aqui a compra de ações ou quotas de outras empresas, imóveis destinados à locação e obras de artes. No imobilizado, além da característica de permanência, não destinados à venda, há o fator que referem-se aos bens tangíveis de uso da entidade. A empresa utiliza os bens para suas atividades de produção, administração e vendas. Estão nestes grupos: máquinas e equipamentos, veículos, imóveis, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm#art1 ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 36 móveis e utensílios, equipamentos de informática, entre outros. Por fim, os intangíveis possuem as mesmas características que o imobilizado, no entanto, referem-se a bens intangíveis, não suscetíveis ao toque, como por exemplo, marcas e patentes adquiridas, softwares, concessões de rodovias, etc. Os ativos do bem imobilizado estão sujeitos à depreciação e ao teste de recuperabilidade. Os intangíveis também se sujeitam ao teste de recuperabilidade e estão sujeitos à amortização. O teste de recuperabilidade também se aplica aos investimentos. No passivo circulante serão agrupadas todas as obrigações que deverão ser liquidadas durante o ciclo operacional da entidade ou no período de até doze meses após a data do balanço. São exemplos de passivos: obrigações sociais trabalhistas, fornecedores, obrigações tributárias, empréstimos e financiamentos, provisões, outras contas a pagar. No CPC 26 (2011), item 69 há a seguinte menção: O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; (c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou (d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço (ver item 73). Os termos de um passivo que podem, à opção da contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de instrumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação. Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. Desta forma, as obrigações cujo prazo vencem após 12 meses, são classificadas como passivo não circulante. O patrimônio líquido (PL) é composto pelo capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, lucros/prejuízos acumulados e ações em tesouraria, conforme já estudado em Contabilidade III. Indicações de leituras obrigatórias Capítulo 6: Demonstração do resultado do exercício (p. 142 a 169). BORINELLI, Márcio Luiz; PIMENTEL, Renê Coppe. Curso de contabilidade para gestores, analistas e outros profissionais: de acordo com pronunciamento do CPC, alterações da Lei nº 11.941/2009, alterações da Lei nº 11.638/2007. São Paulo: Atlas, 2010. Número de Chamada: 657 B733c. Capítulo 27: Demonstração do resultado do exercício e demonstração do resultado abrangente do exercício (p. 477 a 484). IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto ESTRUTURA E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2020/2 37 Rubens, SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo : Atlas, 2010. Indicações de leituras complementares Itens 81 a 105. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 26 (R1) – Apresentação das demonstrações contábeis. Disponível em: http://www.cpc.org.br/pronunciamentosIndex.php. Capítulo 28: Receitas de vendas (p. 485 a 503). IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens, SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo : Atlas, 2010. Capítulo 29: Custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados (p. 504 a 508). IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens, SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo : Atlas, 2010. Capítulo 30: Despesas e outros resultados operacionais (p. 509 a 520). IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens, SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo : Atlas, 2010. REFERÊNCIAS ÁVILA, Carlos Alberto de. Gestão contábil para não contadores. Curitiba: Xipbex, 2006. BORINELLI, Márcio Luiz; PIMENTEL, Renê Coppe. Curso de contabilidade para gestores, analistas e outros profissionais: de acordo com pronunciamento do CPC, alterações da Lei nº 11.941/2009, alterações da Lei nº 11.638/2007. São Paulo: Atlas, 2010. BRASIL. Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. In: Presidência da república casa civil. Brasília –DF, 15 dez..1976. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. CELULOSE IRANI S/A. Notas explicativas de 2012. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/>. 2012. CIA HERING. Notas explicativas de 2012. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/>. 2012. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC. Pronunciamento conceitual básico (R1) – estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil- financeiro. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=14>. Acesso em: 03. fev. 2014. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 26 (R1) – Apresentação das demonstrações contábeis. Disponível em:< http://www.cpc.org.br/pronunciamentosIndex.php.>. 2011. Acesso em: 03. fev. 2014. http://www.cpc.org.br/pronunciamentosIndex.php http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm http://www.cvm.gov.br/ http://www.cvm.gov.br/ http://www.cpc.org.br/pronunciamentosIndex.php
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