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INTRODUÇÃO A regulação e provisão de profissionais de saúde é uma preocupação antiga e cada vez mais crescente em diversos. Há um padrão que se repete que é a grande diferença na relação médico/habitante com a distribuição territorial. Isso pode ser atribuído, de forma geral, à baixa capacidade de atração e permanência dos profissionais de saúde nas áreas rurais mais remotas, e em locais marcados pelo empobrecimento das populações. Aliás, essa distribuição, em grande parte, é definida pelo mercado. No Brasil, a desigualdade na distribuição de trabalhadores é anterior à implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). A provisão e fixação de médicos é um problema latente em áreas mais desfavorecidas nas capitais e nas regiões mais ricas do interior do Sul e Sudeste, além do litoral do Nordeste. (60% dos médicos segundo esse censo estavam nas capitais) O Decreto nº 7.508, de 2011, define a Atenção Básica deve sustentar "[...] acesso universal, contínuo e de qualidade" e "a integralidade da atenção e do cuidado"; Assim quando visualizamos esse problema ao nível da Atenção Primária à Saúde (APS), o déficit de provimento tem contornos mais drásticos, pois a fluidez de profissionais na rede e mesmo a falta deles criam barreiras para dois pontos cruciais desse programa, respectivamente: A criação de vínculo e a Universalização do Cuidado. Em resposta a esse quadro, ao longo das últimas décadas, o SUS vem sendo reestruturado com ações que priorizam a atenção básica, e iniciativas do Estado brasileiro têm sido realizadas para o provimento emergencial de profissionais de saúde. Assim, diversas estratégias já foram criadas para tentar superar a crise de provimento de profissionais da saúde, principalmente se orientando para suas distribuições em áreas mais remotas. Essas estratégias podem abordar de maneira geral mecanismo de políticas educacionais, com ampliação de vagas de graduação e pós-graduação; políticas de regulação que envolvem a instituição de serviços obrigatórios em áreas carentes e a abertura de vagas em municípios mais pobres; incentivos monetários, que incluem aditivos nos salários dos médicos; Dessa forma, esse trabalho vai fazer uma leitura geral das estratégias de provimento atuais, em outras palavras, sobre as Políticas de Provimento na Atenção Primária à Saúde: Programa Mais Médicos, Programa Médicos Pelo Brasil, e, a nível de estratégia estadual no Espírito Santo, o Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação a Saúde (ICEPi). Frisando de cada programa as específicas leituras da realidade que fomentaram a implantação, como se configuram e o seu impacto. 1 Programa Mais Médicos 1.1 O que é No que diz respeito ao programa Mais médicos, ele é uma política pública do governo brasileiro que tem por objetivo suprir os déficits do recurso humano médico no Sistema Único de Saúde, principalmente nas regiões mais vulneráveis do Brasil, no âmbito da Atenção primária, sendo uma estratégia para viabilizar a garantia mínima de pelo menos um profissional médico em cada município do país, além de aumentar o número de cursos de medicina e fortalecer a Atenção Básica. 1.2 Breve histórico Em 2011, depois da aprovação da Política Nacional de Atenção Básica (Pnab), a Atenção Básica passou a ser prioridade de governo. Aí com relação aos números nesse período o Brasil possuía apenas 1,8 médicos por mil habitantes, índice bem menor do que em países vizinhos como Argentina que tinha 3,2. Além disso, o país sofria com a distribuição desigual de médicos por regiões de modo que 22 estados estavam abaixo da média nacional, sendo que havia municípios sem médicos ou enfermeiros. O governo federal, a partir desse diagnóstico, e atendendo as manifestações populares a esse respeito junto à reivindicação da Frente Nacional de Prefeitos instituiu o Programa Mais Médicos (PMM), convertido em lei em outubro de 2013 (Durante o governo Dilma), que a princípio não teve a adesão necessária de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-11042019000100256&lng=en&nrm=iso médicos brasileiros, de modo que a grande maioria dos participantes foi composta de médicos cubanos. 1.3 Justificativa para criação A principal justificativa para a criação do programa foi a constatação de que a falta de profissionais médicos e déficits de acesso e qualidade na atenção básica eram realidades vivenciadas no país e que dificultavam avanços no SUS. Nesse cenário, o país contava com um número de médicos por habitantes abaixo da média de países vizinhos, como o exemplo da Argentina que foi citado e grande concentração desses profissionais nas regiões metropolitanas e de maior renda. Como exemplo dessa realidade vale destacar que mais de 1.900 municípios possuíam menos de 1 médico para cada 3.000 habitantes na atenção básica, esse quadro de ausência de cobertura assistencial médica no Brasil foi fortemente criticada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (Ministério da Saúde, 2017). Dentro desse contexto, percebeu-se a necessidade da criação de um programa que atendesse as demandas das áreas que sofriam com a escassez de assistência médica. 1.4 Pilares do programa (Pâmela) Os pilares do Programa Mais Médicos estão na ampliação da abrangência da assistência médica e na melhoria da qualidade do serviço de atenção básica, visando combater as desigualdades de acesso e garantir a universalidade do serviço e das ações de saúde. Esses pilares se manifestam em três eixos de atuação. O primeiro é o provimento emergencial, que é a provisão emergencial de médicos em áreas vulneráveis, o segundo é o eixo da educação, que visa ampliar e reformar os cursos de graduação em medicina e residências médicas no país, o terceiro eixo é o da infraestrutura e tem como objetivo melhorar a infraestrutura da Atenção Básica, por meio da construção de novas unidades básicas de saúde e reforma e ampliação das unidades já existentes (Governo Federal, 2021). 1.5 Propostas e objetivos Os principais objetivos do Programa Mais Médicos visavam, em linhas gerais, diminuir a carência de assistência médica em municípios menores, áreas remotas e distritos indígenas, através da ampliação da oferta na graduação e residência médica, como também pelo provimento emergencial de médicos e fortalecer a prestação de serviços de atenção básica, aprimorando a formação médica no país e aperfeiçoando os médicos para a atuação nas políticas públicas de saúde; bem como a construção, reforma e ampliação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) 1.6 Dinâmica do funcionamento A dinâmica de ingresso no Programa Mais médicos (PMM) é realizada por meio de dois mecanismos de oferta, sendo estes: por chamada pública e por cooperação técnica profissional, Através da chamada pública, os médicos têm a oportunidade de participação do PMM regida por editais expedidos pelo Ministério da Saúde Já em relação à cooperação técnica, os médicos formados em instituição estrangeira têm acesso à participação no Projeto por recrutamento. Após ingressar no PMM, o Programa Mais Médicos visava um projeto de educação permanente para os médicos ingressantes, acompanhando-os periodicamente por meio de instituições de ensino superior, que desenvolveriam ações de supervisão acadêmica. Mas antes de adentrar mais no assunto sobre a supervisão acadêmica, vou explicar um pouco mais a respeito da educação permanente. Bom, a educação permanente tem como objetivo nortear a formação e a qualificação dos profissionais inseridos nos serviços públicos de saúde, com a finalidade de transformar as práticas profissionais e a própria organização do trabalho com base nas necessidades e dificuldades do sistema. E para ficar mais claro, seria dizer que a educação permanente está centrada no cotidiano do trabalho, articulada entre os diferentes atores e em uma perspectiva multiprofissional e interdisciplinar, colocando o cotidiano do trabalho em saúde ou até mesmoda formação em análise, partindo do pressuposto da aprendizagem significativa que propicia reflexão pelos próprios profissionais, buscando soluções em conjunto com a equipe para os problemas encontrados. E é aí que a supervisão acadêmica entra no programa mais médicos em vista da educação permanente, fazendo o acompanhamento periódico e sistemático aos médicos participantes, fornecendo apoio pedagógico de forma presencial e a distância. Com a implementação da supervisão acadêmica previa-se ações de fortalecimento da política de educação permanente, integrando o ensino-serviço, à medida que o supervisor, que é um médico vinculado a uma instituição supervisora, fornece apoio pedagógico para a consolidação das competências necessárias ao desenvolvimento de ações e qualificação da atenção básica. Esse supervisor daria a assistência in loco mensalmente, e a cada três meses seria realizado um encontro presencial de forma coletiva com os atores participantes de PMM de uma determinada região. E por último também poderia fornecer essa assistência por meios de comunicação como whatsapp, internet e ligação. e além da supervisão acadêmica, o médico também seria matriculado no curso de especialização em atenção básica ofertado pelo UNASUS logo após seu ingresso. E é válido ressaltar que o período contratual dos médicos no PMM seria de 3 anos, mas caso o médico manifestasse interesse de continuar, o tempo de permanência seria de novamente três anos. e ai a gente tem aqui alguns dos principais assuntos mais abordados durante a supervisão, a fim de que certas competências sejam enfatizadas no processo de educação permanente, qualificando dessa forma os supervisionados a trabalharem em uma unidade básica. Agora, depois de falarmos do eixo de provimento emergencial, tem se também o eixo de formação médica, em que foram estabelecidas novas diretrizes curriculares nacionais para o curso de medicina, objetivando a atualização da formação médica aos desafios da educação contemporânea, integração do ensino-pesquisa-extensão e a formação do médico fundamentalmente dirigida para as reais necessidades de saúde da população e do sistema de saúde. Mas agora falando a respeito das residências médicas, o programa mais médicos apontava a necessidade de mudança do modo de definir onde e quais especialidades seriam abertas novas vagas de residência. Só que como as informações relacionadas as atuações de médico especialistas eram poucas, determinou-se então criar um cadastro nacional de especialistas, que permitiria combinar esses registros, a fim de pactuar critérios para identificar a necessidade de especialistas para cada região e, por fim, quanto ao objetivo de melhoria na infraestrutura da unidades básicas de saúde, até junho de 2015, o PMM financiou a execução e a conclusão de 21511 ubss, dentre as quais para a ampliação, construção, reforma, e até mesmo UBSs fluviais. 1.7 Impacto na saúde da população O PMM causou impactos positivos na saúde da população no sentido que aumentou o acesso e a equidade nos serviços contribuindo para a permanência de equipes completas em regiões de alta rotatividade profissional, como por exemplo locais com população Quilombola. Houve também um incremento necessário à expansão da Estratégia Saúde da Família, observado pelo aumento na produção dos serviços e na produtividade das equipes. Também foi observado uma cobertura qualificada, uma vez que os profissionais cumprem a carga horária preconizada, possuem formação para atuar na Atenção Básica e estão em constante processo de aprendizagem em serviço. E também contribuiu para a integralidade e longitudinalidade dos serviços, demonstrados pelas práticas e ações em saúde na perspectiva da atenção integral e uma concepção ampliada do processo saúde-doença. 1.8 Avanços e desafios (Ana Luíza) Com relação aos avanços do Programa é possível destacar a melhoria nos processos de trabalho por meio de uma maior integração do profissional, o que ampliou a capacidade de diagnóstico dos problemas do território e trouxe mais agilidade e continuidade no tratamento dos usuários. Também houve uma melhora na organização e oferta dos serviços a grupos populacionais específicos, como a comunidades indígenas, com destaque para o conhecimento dos médicos sobre plantas medicinais e as visitas domiciliares com uma visão mais holística. Como desafios, foram feitas críticas no sentido de o PMM ser considerado como uma resposta aos problemas estruturais do SUS, no sentido de que, respostas temporárias como o PMM, não são suficientes para enfrentar problemas estruturais, os quais exigem medidas estruturantes e de longo prazo, com maior disponibilidade de recursos para a área da saúde como um todo, com investimento em infraestrutura, recursos humanos, tecnologia, entre outros. Outro desafio é o fato de o Brasil apresentar um contexto mais adverso que outros países, pois, somado às desigualdades regionais de distribuição de médicos, está a disputa acirrada com o setor privado. Além disso, com o PMM ficou evidente a impossibilidade dos municípios implementarem a Atenção Básica com qualidade, sustentabilidade e cobertura da população, porque somente com a interferência direta do MS, foi possível contratar e fixar médicos ao SUS em curto tempo. 2 Médicos Pelo Brasil 2.1 O que é O Programa Médicos pelo Brasil foi criado pelo governo Bolsonaro em agosto de 2019 em substituição ao Mais Médicos, criado no governo de Dilma Rousseff. Esse novo programa também tem a finalidade prestar serviços médicos em locais de difícil acesso ou alta vulnerabilidade. Uma das principais novidades do Médicos pelo Brasil é a contratação dos profissionais pelo regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) pela Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (ADAPS) e a exigência de CRM para a contratação. O programa também promete formar médicos especialistas em Medicina de Família e Comunidade nas unidades pré-definidas, recebendo uma bolsa-formação de 12 mil reais mensais e gratificação para locais remotos. Também serão contratados especialistas em Medicina de Família e Comunidade ou de Clínica Médica para a função de Tutor Médico, com salários que variam de 18 a 31 mil reais. 2.2 Breve histórico Em 2019 o governo prometeu 18 mil vagas para médicos. São sete mil vagas a mais do que o Mais Médicos, de acordo com o Ministério da Saúde. Nesse período o programa tem tido dificuldades de ocupar todas as vagas disponíveis, o que mina o objetivo do programa. Com isso, o ciclo do Mais Médicos foi prorrogado. 2.3 Justificativa para criação A justificativa para criação do programa Médicos pelo Brasil se deu pelo contexto que se encontrava o país. Houve a instalação de uma crise no provimento de médicos na APS consequente à retirada dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos e, por outro, por um grave quadro de agudização do desfinanciamento do SUS, com uma dotação orçamentária, em 2019, inferior à do ano de 2018. 2.4 Pilares do programa Os pilares deste programa estão na maior oferta de médicos em municípios onde há os maiores vazios assistenciais do Brasil, na formação de médicos especialistas em medicina de família e comunidade por meio do Sistema Único de Saúde e a prioridade para médicos brasileiros ao participarem do programa. 2.5 Propostas e objetivos Assim como o seu antecessor, seu principal objetivo incentivo à carreira médica para atuação na Atenção Primária à Saúde (APS). Ele tem como foco principal o provimento de médicos, sem, no entanto, apresentar outros elementos importantes para a fixação profissional. No entanto, o Programa Médicos Pelo Brasil propõe algumas mudanças que diferem do Programa Mais Médicos como: obrigatoriedade de registro no Conselho Regional de Medicina para ingresso no programa; distribuição de vagas com prioridade para as cidades pequenas e distantes; a contratação dos profissionais é via Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)e ele também promove formação qualificada em Medicina de Família e Comunidade (MFC), permitindo a titulação dos médicos após dois anos. 2.6 Dinâmica do funcionamento Então, o programa é implementado através da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps) que é uma figura jurídica privada sem fins lucrativos criada pelo governo, e ela que vai contratar, por meio de processo seletivo público, médicos com registro no CRM e tutores especialistas em MFC ou clínica médica. Esse processo seletivo incluirá curso de especialização com duração de dois anos e ao final dele, o médico tem que realizar uma prova que o habilite ao título. O que se espera com isso, a princípio, é que ocorra um rápido aumento do quantidade de MFC’s no Brasil e que também aumente a demanda pela especialidade, como forma de tornar ela mais comum no cotidiano da atenção à saúde da população. Esse curso de especialização é de sessenta horas semanais (40h assistenciais somadas a 20h de atividades teóricas). Os médicos em formação são supervisionados por um tutor clínico, com quem passarão uma semana a cada dois meses em supervisão contínua. Durante esse curso, o candidato recebe bolsa-formação e após aprovação na prova de especialização ele seria contratado pelo regime CLT. 2.7 Impacto na saúde da população Como é um programa recente, e considerando o cenário de Pandemia de COVID-19, as ações do Programa Médicos pelo Brasil ainda não apresentam resultados suficientes para realizar uma análise concreta de seus impactos na saúde da população. Entretanto, algumas consequências podem ser previstas. Os médicos que aderirem ao programa serão designados para uma ESF específica, garantindo a oferta de serviços para a população mais vulnerável, e assim tende a abranger uma maior parcela da população, diferentemente do Programa Mais Médicos, em que o profissional era alocado de acordo com o planejamento do gestor municipal. Os médicos na contratação CLT terão um componente de pagamento por desempenho, incentivando e recompensando a qualidade dos profissionais que melhor atenderem a população, e assim, a qualidade dos serviços prestados à população tende a melhorar. Além disso, através da criação da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (ADAPS), o programa abre margem para a privatização dos serviços de APS e do Sistema Único de Saúde como um todo já que abre precedentes para a mercantilização da saúde, o que impactaria diretamente na saúde da população. 2.8 Avanços e desafios Como avanços do programa, temos: A qualificação dos critérios de vulnerabilidade dos municípios utilizando uma metodologia que priorizará as cidades mais distantes e com menor porte, distritos indígenas, equipes ribeirinhas, fluviais e quilombolas para receber médicos em todas as suas ESF. O modelo de contratação dos médicos com a proposta de uma carreira médica para atuação na APS. Além disso, o valor da remuneração superior ao PMM e a diversificação desta em componentes fixos e outras variáveis são elementos para atração de profissionais. Entretanto, vários outros pontos do programa são desestimuladores, como a inflexibilidade do contrato de trabalho que possui uma carga horária semanal superior ao programa anterior e um suporte educacional que compreende apenas os 2 primeiros anos de bolsa formação. O PMB não apresenta nenhum elemento que desse seguimento ao incentivo e financiamento da qualificação estrutural das UBS. Não se observa também, medidas além do provimento imediato de médicos, como ações relacionadas a abertura de faculdades de medicina e programas de residência médica. Além disso, o Programa Médicos pelo Brasil aposta na suficiência de médicos brasileiros para preencher suas vagas, não contando com médicos estrangeiros em seu planejamento, o que leva a um risco de manter a desassistência que já existe em muitos municípios desde a saída dos cubanos. 3 Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi) 3.1 O que é O Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi) caracteriza-se por uma instituição cujas atribuições englobam, dentre várias outras, investimentos em inovação tecnológica e pesquisa científica, formação de trabalhadores para o SUS e fortalecimento de gestões municipais a fim de ampliar o acesso da sociedade. (SESA, 2021) 3.2 Breve histórico O ICEPi surge por meio da Lei Complementar Estadual nº 909, de 26 de abril de 2019, enquanto unidade administrativa da Secretaria de Estado de Saúde (SESA). Caracteriza-se como “Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação nos termos da Lei Federal nº 10.973, de 02 de dezembro de 2004, da Lei Complementar Estadual nº 642, de 15 de outubro de 2012” e como “Escola de Governo em Saúde, nos termos do § 2º do art. 39 da Constituição Federal” (Espírito Santo, 2019). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm http://www3.al.es.gov.br/Arquivo/Documents/legislacao/html/lec6422012.html#lec642 http://www3.al.es.gov.br/Arquivo/Documents/legislacao/html/lec6422012.html#lec642 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 3.3 Justificativa para criação O ICEPi foi criado em função da percepção da necessidade de aumentar a eficácia e a qualidade dos serviços prestados pelo SUS no âmbito da Atenção Primária. Para isso, ficou a cargo desse órgão a formação, o desenvolvimento de pessoal e a pesquisa básica e aplicada. Suas áreas de atuação estão relacionadas, como já foi dito, com a formação e o desenvolvimento de mão-de-obra para o SUS, instituição de uma educação permanente desses trabalhadores, ademais com a integração entre o ensino ofertado, os serviços ofertados e a comunidade a qual será contemplada por esses serviços. O Instituto também foca no desenvolvimento de pesquisas científicas e inovação tecnológica, com destaque no uso das tecnologias da informação no âmbito da saúde. Para tal, ficou sob sua responsabilidade desenvolver programas de concessão de Desenvolvimento Tecnológico e Estímulo à Inovação, Pesquisa científica e tecnológica e de Formação; estimular o desenvolvimento e a gestão dos sistemas informatizados dentro do estado a fim de usar as informações obtidas no direcionamento do cuidado propriamente dito e também no delineamento de estratégias de gestão. Em resumo, os incentivos devem focar no desenvolvimento e na modernização de todo o complexo produtivo e do aparato tecnológico da APS, fortalecendo toda a capacidade operacional, tecnológica e gerencial da SESA e das Secretarias Municipais de Saúde. A necessidade de regular o eixo ensino-serviço-comunidade com o fito de garantir a qualidade do SUS está relacionada, em grande parte, à necessidade de estímulos à incorporação de práticas em saúde referenciadas nas necessidades sociais, ambientais, epidemiológicas, clínicas e de gestão do SUS; à elaboração de estudos relacionados à força de trabalho para posterior diagnóstico das necessidades de formações, aperfeiçoamentos e provimento de profissionais a fim de garantir o devido funcionamento do sistema no estado e nos municípios; bem como a pactuação de acordos de cooperação e intercâmbio com outros segmentos da sociedade para garantir aquilo que compete ao ICEPi. No caso das pactuações, uma que convém ser citada é a que foi instituída em 2019 entre o ICEPi e a Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (SOBRAMH). Essa aliança foca em uma maior integração entre os serviços prestados na APS e no nível ambulatorial. Os campos focados nessa cooperação são: desenvolvimento de projetos e atividades voltadas para a estimulação da formação e desenvolvimento de trabalhadores para o SUS, desenvolvimento e difusão de tecnologia, pesquisa científica e inovação tecnológica, planejamento e desenvolvimento institucional abrangendo as áreas de ensino, pesquisa, extensão e inovação em saúde. Como pode-se perceber, todas essas áreas já fazem parte do ideal do próprio ICEPi, mas as cooperações são justamentepara fortalecer a busca por melhorias nos serviços de saúde. Em resumo, o ICEPi representa a necessidade da coesão entre diversas áreas a fim de garantir um bom provimento na APS no SUS, principalmente através do eixo ensino-serviço-comunidade com base no desenvolvimento científico, na incorporação e na difusão do uso de tecnologias, com destaque para as tecnologias de informação e comunicação e na inovação do próprio sistema. 3.4 Pilares do programa Os pilares são, inovação, tecnologia e ciência. 3.5 Propostas e objetivos De modo geral, o objetivo do ICEPi é reestruturar a atenção em saúde no Estado, fortalecendo as gestões municipais e melhorando a qualificação do cuidado em saúde para ampliar o acesso da população. De modo mais específico, alguns objetivos são: ● desenvolver programas de formação em saúde (cursos de capacitação e residências médicas); ● estimular a realização de pesquisas aplicadas ao SUS ● desenvolver infraestrutura tecnologia (sistemas informatizados e bancos de dados); ● fortalecer a política de educação permanente; ● fazer uma análise da força de trabalho no SUS pra realizar provimento e fixação de profissionais. A proposta é pagar bolsas para cursos de aperfeiçoamento e especialização, além de desenvolver outras atividades de ensino, pesquisa e extensão, com o objetivo de ampliar a oferta de profissionais para prestar serviços na área da saúde. 3.6 Dinâmica do funcionamento Portanto, uma competência importante do ICEPi é auxiliar nas áreas de formação e desenvolvimento dos trabalhadores para o SUS. Pensando nisso, sob coordenação do ICEPi, existem alguns programas de formação, como o Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (Qualifica APS), que para diminuir a carência de profissionais e aperfeiçoar a formação desses profissionais do SUS, atuam da seguinte forma: 1. O ICEPi coordena o programa e oferta os cursos, e os municípios pagam as bolsas de formação para os participantes. 2. É assinado um Termo de Adesão entre ICEPi e o município. 3. Os participantes serão selecionados por meio de editais e chamadas públicas. Um ponto importante desse programa é o uso da estratégia de educação permanente em saúde. Educação Permanente em Saúde (EPS) Aprendizagem cotidiana e coletiva no SUS. O SUS é visto como uma escola, local onde você aprende diariamente e sempre (por isso, PERMANENTE) e coletivamente (existe troca de saberes entre os profissionais, existe interdisciplinaridade). 3.7 Impacto na saúde da população 3.8 Avanços e desafios CONCLUSÃO As estratégias de provimentos apontadas no decorrer do trabalho são resultados de leituras específicas da realidade, mas que trabalham à favor, variando em seus métodos de ação, no aumento de recursos humanos e distribuição equânime deles território brasileiro e, no caso do ICEPI, estadual. Entende-se, de início, que analisando os dados demográficos existe uma urbanização da classe médica, que realmente tem origem no fato que os médicos de hoje são, em sua maioria, filhos de classe média urbana, de profissionais liberais urbanos. Portanto, várias têm sido as políticas que tentam promover convencimento suficiente para que se busque fazer medicina fora do circuito urbano. Mas é claro que a oferta de salários mais altos para áreas do interior não é suficiente para um provimento efetivo com a fixação desejada. Aliás, as relações para permanência residem em questões estruturais do trabalho, de articulação com centro de ensinos onde se promova o aprimoramento e o incentivo continuado. Assim, para vislumbrar mudanças governamentais nesse sentido seria adotado medidas que transformassem as regiões com menores índices de provimento em locais com recursos técnicos e científicos que seriam capazes de estimular os médicos a exercer a profissão fora da região urbana. E os programas atuais tentaram responder para esse fim. O Programa Mais Médicos, por exemplo, atua dentro de duas diretrizes: a Formação para o SUS e o Provimento Emergencial através do Projeto Mais Médicos pelo Brasil. No entanto, embora os ótimos resultados dentro da Atenção Primária à Saúde apresentados no corpo do trabalho, o vértice de estímulo para fixação de médicos brasileiros ficou comprometido, para ser mais pontual, apenas 21% dos profissionais permanentes eram representados por esse grupo. Isso trouxe a necessidade de trazer médicos estrangeiros para o Brasil, representado majoritariamente por cubanos. Ou seja, o PMM, em curto prazo, atuou com mecanismo emergencial de provimento, e, em longo prazo, para manutenção e adequação da base de ensino e estrutural, a fim de estimular a fixação e provimento . Já o Programa Médicos Pelo Brasil se baseia no PMM para montar o seu arcabouço de funcionamento e tenta superar problemas existentes no programa anterior, focando principalmente no eixo de estímulo à fixação dos médicos brasileiros, uma vez que se abstém da oferta de profissionais cubanos. Tais estímulos estão na promoção de maior estabilidade laboral, por meio da CLT, estipulando um plano de carreira no decorrer do tempo de serviço e com benefícios de acordo com o desempenho da equipe. No que concerne à questão do aprimoramento das estruturas da UBS e na qualificação e ampliação da base de ensino de novos profissionais foi ausente na proposta do programa. No entanto, isso pode ser entendido como uma proposta mais realista, sendo que as atribuições que fogem do escopo de provimento estão sendo contempladas por outras políticas (Wollman,2020). O PMPB pode ter atendido aspecto que PMM poderia ter ousado mais, dando maior atenção para categoria de apoio pessoal e profissional, que tem sua importância afirmada por diversos autores, bem como influencia diretamente na permanência do profissional. Porém, outro ponto para reflexão e para tentar dimensionar o impacto que pode provocar na saúde do Brasil seria a proposta de promover a residência em Medicina de Família e Comunidade com uma bolsa quatro vezes mais alta, permitindo a titulação após 2 anos e metodologia distinta do “padrão outro” do programa de residência. Isso se configura como uma tentativa de escalonar a formação de novos profissionais para conseguir suprir a demanda na APS, já que das 3 mil vagas em programas de residência, dois terço são ociosas para essa especialidade (Wollman,2020). O que realmente pode ser uma via de mão dupla, uma vez que a qualidade do serviço realmente pode ser prejudicada. Além disso, neste trabalho foi apresentado sobre a atuação do ICEPI, uma ferramenta inovadora que se baseia no incentivo a pesquisa e desenvolvimento na saúde do Espírito Santo, ou seja, ajusta as ações da Secretaria de Saúde do Espírito Santo de forma mais eficiente e objetiva, avaliando as necessidade específicas de cada área, atuando talvez em lacunas deixadas pelos programas federais. REFERÊNCIAS 1 Links mandados no grupo: http://maismedicos.bvsalud.org/sobre/ 1 http://maismedicos.bvsalud.org/sobre/ https://pesquisa.bvsalud.org/pmm/resource/pt/biblio-1104440 http://maismedicos.bvsalud.org/wp-content/uploads/2017/11/Vale_este_SUMULA-ICSAP-_el isa-ok-1_revFulvioCristina.pdf https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2180/998 Outros links: http://maismedicos.gov.br/conheca-programa https://www.soulmedicina.com.br/noticia/121/medicos-pelo-brasil-nova-versao-do-programa- mais-medicos/ https://saude.es.gov.br/Not%C3%ADcia/governo-cria-instituto-capixaba-de-ensino-pesquisa- e-inovacao-em-saude-icepi https://saude.es.gov.br/o-que-e https://pesquisa.bvsalud.org/pmm/resource/pt/biblio-1104440 http://maismedicos.bvsalud.org/wp-content/uploads/2017/11/Vale_este_SUMULA-ICSAP-_elisa-ok-1_revFulvioCristina.pdf http://maismedicos.bvsalud.org/wp-content/uploads/2017/11/Vale_este_SUMULA-ICSAP-_elisa-ok-1_revFulvioCristina.pdf https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2180/998 http://maismedicos.gov.br/conheca-programa https://www.soulmedicina.com.br/noticia/121/medicos-pelo-brasil-nova-versao-do-programa-mais-medicos/ https://www.soulmedicina.com.br/noticia/121/medicos-pelo-brasil-nova-versao-do-programa-mais-medicos/https://saude.es.gov.br/Not%C3%ADcia/governo-cria-instituto-capixaba-de-ensino-pesquisa-e-inovacao-em-saude-icepi https://saude.es.gov.br/Not%C3%ADcia/governo-cria-instituto-capixaba-de-ensino-pesquisa-e-inovacao-em-saude-icepi https://saude.es.gov.br/o-que-e
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