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ESTUDOS DISCIPLINARES XI Material Complementar (Só letras)

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Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LETRAS 
 
 
 
MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TOMO XVIII 
 
 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
2 
 
CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP 
 
 
 
 
 
 
LETRAS 
 
 
MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO 
 
Tomo XVIII 
 
 
Christiane Mazur Doi 
Doutora em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Mestra em Ciências 
(Tecnologia Nuclear), Engenheira Química e Licenciada em Matemática, com 
Aperfeiçoamento em Estatística. Professora titular da Universidade Paulista. 
 
Tânia Sandroni 
Doutora em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada), Mestra em 
Ciências da Comunicação (Jornalismo), Bacharela em Comunicação Social 
(Jornalismo) e Licenciada em Letras (Português). Professora titular da 
Universidade Paulista. 
 
 
 
 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
3 
 
Questão 1 
Questão 1.1 
Nas sociedades contemporâneas, textos não são apenas verbais. Há uma variedade de composição de 
textos que articulam o verbal, o visual, o gestual, o sonoro – o que se denomina multimodalidade de 
linguagens. Assim, o ensino da Língua Portuguesa deve considerar o texto em suas muitas 
modalidades: as variedades de textos que se apresentam na imprensa, na TV, nos meios digitais, na 
publicidade, em livros didáticos e, consequentemente, também os vários suportes em que esses textos 
se apresentam. 
Disponível em <https://mec.gov.br>. Acesso em 12 jul. 2017 (com adaptações). 
 
Considerando a concepção de texto apresentada no excerto, avalie as asserções a seguir e a 
relação proposta entre elas. 
I. O ensino que foque no desenvolvimento de novas habilidades linguísticas, aumentando os 
recursos que o usuário da língua já possui, é mais adequado do que uma abordagem 
prescritiva do ensino da língua, mesmo que, em situações práticas, tais concepções não sejam 
excludentes. 
PORQUE 
II. O ensino de língua portuguesa embasado no texto como centro de referência permite que 
se entenda a língua em um processo interlocutivo, por meio do qual a significação é ativada, 
ao passo que a tarefa de estudar o texto implica desvendar as potencialidades da língua em 
situações de interação. 
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. 
B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da 
I. 
C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
E. As asserções I e II são proposições falsas. 
 
 
 
1Questão 28 - Enade 2017 - Licenciatura. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
4 
 
1. Introdução teórica 
 
Os textos nas sociedades contemporâneas 
 
Um texto pode ser considerado uma trama. A palavra “texto”, que provém do latim 
textus, significa tecido. Assim, qualquer texto é o resultado do ato de tecer, de fazer com que 
palavras e/ou as imagens se imbriquem, formando uma trama de significação. 
Nas sociedades contemporâneas, marcadas pelos meios de comunicação e pelas 
tecnologias da informação, lidamos com enorme variedade de textos, que se articulam entre 
si e sob diferentes modalidades de linguagem. As modalidades verbal, visual, gestual e sonora 
são exemplos que convergem na produção e na “consumação” de um vídeo, por exemplo, 
que pode ser produzido, veiculado e consumido por qualquer pessoa conectada às redes 
digitais. 
 Nesse sentido, e em comparação às sociedades modernas (que inventaram a 
comunicação de massa), as sociedades ditas pós-modernas (que criaram uma nova forma de 
comunicação em massa, mas produzida, recebida e experienciada individualmente) oferecem 
uma profusão de textos (e/ou imagens) que chega a ser “iconofágica”, para usar expressão 
de Baitello Jr. (2014). Esse teórico da comunicação entende que nós, hoje, na Era da 
Iconofagia, não só devoramos imagens e textos, mas somos devorados por eles. E, muito 
embora essa tese seja bastante metafórica, ela fundamenta-se em um dado muito concreto 
da realidade. Nós vivemos em meio a telas e dispositivos e, portanto, textos apresentam-se a 
nós sob diferentes maneiras, em diversos suportes. Dessa forma, devoramos os textos e 
somos devorados por eles, ou seja, somos intimados, a todo instante, a consumir algum tipo 
de texto; daí a noção teórica de “consumação mediática” (OLIVEIRA, 2018). 
Embora esse tipo de consumação mediática seja uma característica da 
contemporaneidade, as ciências, em diversas disciplinas, têm mostrado como nós vivemos em 
um mundo de ficção construído pelas linguagens, ou por imagens/textos que brotam do nosso 
imaginário, ao menos desde que o homo erectus ficou em pé na face da Terra (DURAND, 
2012). Em outras palavras, vivemos em um mundo codificado por imagens e textos das mais 
diversas naturezas – tanto de ficção imagética quanto de ficção linear –, que revestem o 
mundo (a biosfera) de significação (o que se chamou de semiosfera). Nós vivemos, pois, em 
uma espécie de segunda natureza, que é a natureza das nossas linguagens (FLUSSER, 2007). 
A linguagem, de modo geral, como afirma Fiorin (1998), é uma instituição social, veículo 
das ideologias, o instrumento de mediação entre os homens e a natureza e entre os homens 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
5 
 
e outros homens. O ensino de língua portuguesa e dessa concepção de linguagem, quando 
embasado no texto como centro de referência, evidencia o aspecto interacional e mediador 
da língua: coloca em evidência tanto a sua materialidade sintática quanto a sua virtualidade 
semântica – campo da significação. Esse tipo de ensino passa, portanto, pelas potencialidades 
da própria língua em funcionamento, ou seja, ele considera o texto em suas muitas 
modalidades e nos diversos meios: na imprensa, na TV, nos meios digitais, na publicidade, 
em livros didáticos etc. É por meio de textos que produzimos sentido. 
A produção de sentido, por sua vez, não está predeterminada por propriedades da 
língua, mas depende de relações constituídas nos/pelos textos. A produção de sentido, tanto 
individual quanto coletiva, acontece, então, em contexto de multimodalidade de linguagens. 
Como quer Eni Orlandi (2013, p.10): “com as novas tecnologias de linguagem, à memória 
carnal das línguas ‘naturais’ juntam-se as várias modalidades da memória metálica, os 
multimeios, a informática, a automação”. 
Nessa direção, o ensino que foque no desenvolvimento de novas habilidades linguísticas 
mostra-se adequado para o século XXI. Esse tipo de ensino, pode-se dizer, pós-moderno, 
passa a ser uma alternativa ao tipo de ensino moderno – típico da Modernidade –, e cuja 
principal característica é a prescrição – a lógica do dever ser. A abordagem prescritiva do 
ensino da língua é sintomática desse período e, por isso, pode ser repensada à luz das novas 
formas de linguagem, na contemporaneidade. 
 
2. Análise das asserções 
 
I – Asserção verdadeira. 
JUSTIFICATIVA. O excerto refere-se ao ensino da Língua Portuguesa, que deve considerar o 
texto em suas muitas modalidades, nos diferentes suportes, visando à prática 
sociocomunicativa. Se pensada à luz das novas formas de linguagem do contemporâneo, a 
proposição ganha ainda mais sentido. 
 
II – Asserção verdadeira. 
JUSTIFICATIVA. O ensino de língua portuguesa, quando embasado no texto como centro de 
referência, “permite que se entenda a língua em um processo interlocutivo, por meio do qual 
a significação é ativada, ao passo que a tarefa de estudar o texto implica desvendar as 
potencialidades da língua em situações de interação”. A língua, nesse sentido, funciona mesmo 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
6 
 
como um sistemavirtual carregado de potencialidade e de significação, que “coloca junto” ou 
que serve à mediação de uns com os outros, e com a natureza. 
 
Relação entre as asserções. As duas asserções não mantêm relação de causa/consequência 
entre elas. 
 
Alternativa correta: B. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
● BAITELLO JR., N. A era da iconofagia. Reflexões sobre imagem, comunicação, mídia e 
cultura. São Paulo: Paulus, 2014. 
● DURAND, G. As estruturas antropológicas do imaginário. Introdução à arquetipologia geral. 
Trad. Hélder Godinho. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012. 
● FIORIN, J. L. Linguagem e ideologia. São Paulo: Editora Ática, 1998. 
● FLUSSER, V. O mundo codificado. São Paulo: Cosac Naify, 2007. 
● OLIVEIRA, F. Por uma teoria da consumação: correspondências entre comunicação, 
consumo e imaginário. Signos do Consumo. São Paulo, v. 10, n. 2, p. 92-104, jul./dez. 
2018. Disponível em <https://www.revistas.usp.br/signosdoconsumo/ 
article/view/141446/141626>. Acesso em 28 mai. 2021. 
● ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes 
Editores, 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
7 
 
Questão 2 
Questão 2.2 
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem 
número 
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro 
Bebeu 
Cantou 
Dançou 
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. 
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (com adaptações). 
 
Considerando o poema, avalie as afirmativas a seguir. 
I. A ausência de um sobrenome convencional e de um número no barracão propicia a 
ampliação de sentidos do poema. 
II. O discurso jornalístico imbricado no discurso poético comprova que a matéria-prima 
utilizada em ambos pode misturar-se. 
III. O poema, retomando o registro jornalístico, tem o objetivo de narrar em 3ª pessoa a 
veracidade de um acontecimento cotidiano nas grandes cidades. 
IV. O que caracteriza o poema como tal é o fato de não contemplar todas as perguntas 
básicas da notícia, já que não há um porquê para o fato. 
É correto o que se afirma apenas em 
A. I e II. 
B. I e III. 
C. III e IV. 
D. I, II e IV. 
E. II, III e IV. 
 
1. Introdução teórica 
 
Discurso literário e discurso jornalístico 
 
Os textos literários e os textos jornalísticos, ainda que tenham como objeto um mesmo 
tema ou um mesmo fato, apresentam várias distinções constitutivas e diferentes objetivos. 
 O objetivo do jornalismo é, em essência, reportar ao leitor os acontecimentos do mundo 
que sejam considerados relevantes para sua vida. Para isso, entre os inúmeros fatos do dia a 
 
2Questão 21 - Enade 2017 - Licenciatura. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
8 
 
dia, são selecionados aqueles que atendem aos critérios de noticiabilidade, que determinam 
o grau de interesse público de um acontecimento. Uma morte na Lagoa Rodrigo de Freitas, 
por exemplo, apresenta os elementos para se tornar uma notícia ou, ao menos, uma nota no 
jornal. Nesse caso, a finalidade é informar o leitor. 
 A notícia, embora carregue o germe de uma narrativa, não a desenvolve no sentido 
clássico como a conhecemos, com apresentação, conflito, clímax e desfecho. De acordo com 
os manuais de redação, que seguem os paradigmas norte-americanos de produção 
jornalística, uma notícia inicia-se com os elementos essenciais do fato, constituindo-se, assim, 
o lead do texto. No primeiro parágrafo, costumam figurar os elementos: o quê, quem, quando, 
onde, como e por quê. Na sequência, aparecem informações consideradas secundárias. 
 Além disso, o relato jornalístico é marcado pelo efeito de objetividade, conseguido pelo 
apagamento das marcas do sujeito da enunciação, pelo pouco uso de palavras valorativas e 
pela precisão. É importante que, na notícia, figurem os nomes completos das pessoas 
envolvidas e outros dados referentes a elas, ao fato, ao tempo e ao lugar. 
 Embora seja uma construção da realidade, o relato jornalístico tem compromisso com 
a verdade, por isso é grande seu grau de referencialidade. No jornalismo, predomina a função 
referencial da linguagem, como definiu Roman Jakobson. 
 A literatura, por sua vez, não tem como intuito a informação, mas a formação. Nas 
palavras de Antonio Candido (1995, p.180), “a literatura desenvolve em nós a quota de 
humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a 
sociedade, o semelhante”. 
 
2. Análise das afirmativas 
 
I - Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A falta de um sobrenome e sua substituição por “Gostoso” retiram a 
referencialidade comum nas notícias. 
 
II - Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O título do poema já indica que a matéria-prima dele pode ser um fato 
jornalístico. 
 
 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
9 
 
III - Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Nenhuma obra literária, ainda que tenha base em acontecimentos, tem por 
objetivo narrar a veracidade de um fato. 
 
IV - Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A mera ausência de elementos do fato não configura um poema. Se assim 
fosse, uma notícia mal apurada seria um poema. 
 
Alternativa correta: A. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
● CANDIDO, A. O direito à literatura. In: Vários escritos. Duas cidades/Ouro sobre Azul, 
1995. 
● SODRÉ, M.; FERRARI, M. H. Técnicas de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. 
São Paulo: Summus Editorial, 1986. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
10 
 
Questões 3, 4, 5 e 6 
Questão 3.3 
 
Disponível em <http://avepalavra1.blogspot.com.br>. Acesso em 14 out. 2017 (com adaptações). 
 
Os gêneros (tanto da literatura quanto da língua), ao longo dos séculos de sua existência, acumulam 
as formas de uma visão do mundo e de um pensamento. Se o escritor-artesão serve-se do gênero 
como clichê externo, o grande artista, por sua vez, revela as virtualidades do sentido latente no gênero. 
Shakespeare explorou e passou à sua obra os imensos tesouros de um sentido potencial que, em sua 
época, não podia ser descoberto nem compreendido em sua plenitude. 
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003 (com adaptações). 
 
Tomando como referência o texto apresentado e considerando o cartum, avalie as afirmativas 
a seguir. 
I. Os elementos estéticos que organizam a linguagem no cartum põem em evidência 
aspectos que singularizam o texto e conferem-lhe, mesmo que de maneira indireta, o 
status de gênero literário. 
II. O valor literário não emerge de simples peculiaridades formais expressas, como as 
ilustradas no diálogo entre as personagens do cartum, pois, no gênero literário, os 
elementos da expressão articulam-se com o plano do conteúdo, recriando novas formas 
de expressão. 
III. O efeito sonoro presente no diálogo das personagens do cartum é uma peculiaridade 
do gênero poesia e constitui recurso estético que visa à desautomatização da 
linguagem, conferindo ao plano da expressão certo ritmo intensificador. 
 
3Questão 21 - Enade 2017 - Licenciatura. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
11 
 
É correto o que se afirma em 
A. I, apenas. 
B. III, apenas. 
C. I e II, apenas. 
D. II e III, apenas. 
E. I, II e III. 
 
Questão 4.4 
TEXTO 1 
A avaliação dos textos literários (sua comparação, sua classificação, sua hierarquização) deve ser 
diferenciada do valor da literatura em si mesmo. Mas é claro que os dois problemas não são 
independentes: um mesmo critério de valor (por exemplo, o estranhamento, ou a complexidade, ou a 
obscuridade, ou a pureza) preside, em geral, à distinção entre textos literários e não literários, e à 
classificação dos textos literários entre si. 
COMPAGNON, A. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte: UFMG, 2003 (comadaptações). 
 
TEXTO 2 
A constituição da linguagem literária e do discurso que a configura pode ser entendida como resultado 
de um acto discursivo próprio, propondo a uma comunidade de leitores um texto que essa comunidade 
reconhecerá como texto literário. 
REIS, C. O conhecimento da literatura: introdução aos estudos literários. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2001 (com 
adaptações). 
 
Considerando os fragmentos de texto apresentados, avalie as asserções a seguir e a relação 
entre elas. 
I. A definição de um texto como texto literário depende não só da observação das 
especificidades da linguagem literária, mas também da própria conceituação do que é 
literatura. 
PORQUE 
II. Na avaliação e na classificação de textos literários, não se devem ignorar aspectos 
extrínsecos (sociais, históricos, políticos etc.) que, em determinado momento, 
condicionam a percepção de um texto como literário por parte de uma comunidade de 
leitores. 
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. 
A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II justifica a I. 
B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não justifica a I. 
C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
E. As asserções I e II são proposições falsas. 
 
4Questão 33 - Enade 2017 - Bacharelado. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
12 
 
Questão 5.5 
TEXTO 1 
O processo de canonização não pode ser isolado dos interesses dos grupos que foram responsáveis 
por sua constituição, e, no fundo, o cânon reflete estes valores e interesses de classe. 
O cânon é um evento histórico, visto ser possível rastrear a sua construção e a sua disseminação. Não 
é suficiente repensá-lo ou revisá-lo, lendo outros e novos textos, não canônicos e não canonizados, 
substituindo os “maiores” pelos “menores”, os escritores pelas escritoras e assim por diante. Tampouco 
basta –ainda que seja extremamente necessário – dilatar o cânon e nele incorporar outras formações 
discursivas, como a telenovela, o cinema, o cordel, a propaganda, a música popular, os livros didáticos 
ou infantis, a ficção científica, buscando uma maior representatividade dos discursos culturais. O que 
é problemático, em síntese, é a própria existência de um cânon, de uma canonização que reduplica as 
relações injustas que compartimentam a sociedade. 
REIS, R. C. In: JOBIM, J. L. (Org.). Palavras da crítica. Rio de Janeiro: Imago, 1992 (com adaptações). 
 
TEXTO 2 
Uma vida inteira pela frente. O tiro veio por trás. 
MOSCOVICH, C. Uma vida inteira pela frente. IN: FREIRE, M. (Org.) Os cem menores contos brasileiros do século. 2. ed. 
Cotia: Ateliê Editorial, 2004 (com adaptações). 
 
Considerando a discussão sobre o cânon literário apresentada no texto 1 e o gênero do 
miniconto, exemplificado no texto 2, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. 
I. A forma literária do miniconto, por ser semelhante à da crônica, deve ser considerada 
expressão literária de valor para que a seleção de obras que integram o cânon seja 
democrática. 
PORQUE 
II. A formação do cânon é derivada de valores estéticos e políticos, e a sua existência 
promove a valorização justa de obras e a manutenção da divisão social. 
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II justifica a I. 
B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não justifica a I. 
C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
E. As asserções I e II são proposições falsas. 
 
Questão 6.6 
TEXTO 1 
A dedução, feita a partir da definição de literatura como uma escrita altamente valorativa, de que ela 
não constitui uma entidade estável, resulta do fato de serem notoriamente variáveis os juízos de valor. 
Assim como uma obra pode ser considerada como filosofia num século, e como literatura no século 
seguinte, ou vice-versa, também pode variar o conceito do público sobre o tipo de escrita considerado 
como digno de valor. Até as razões que determinam a formação do critério de valioso podem se 
 
5Questão 19- Enade 2017. 
6Questão 29 - Enade 2017 - Licenciatura. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
13 
 
modificar. Isso, como disse, não significa necessariamente que venha a ser recusado o título de 
literatura a uma obra considerada menor: ela ainda pode ser chamada assim, no sentido de pertencer 
ao tipo de escrita geralmente considerada como de valor. Não existe uma obra ou uma tradição literária 
que seja valiosa em si, a despeito do que se tenha dito, ou se venha a dizer, sobre isso. Valor é um 
termo transitivo: significa tudo aquilo que é considerado como valioso por certas pessoas em situações 
específicas, de acordo com critérios específicos e à luz de determinados objetivos. 
EAGLETON, T. Teoria da literatura: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2006 (com adaptações). 
 
TEXTO 2 
Solicitamos que alunos separassem de um bloco de textos, que iam desde poemas de Pessoa e 
Drummond até contas de telefone e cartas de banco, textos literários e não literários, de acordo com 
suas definições mais tradicionais. Um dos grupos não fez qualquer separação. Questionados, os alunos 
responderam: “Todos são não literários, porque servem apenas para fazer exercícios na escola”. E 
Drummond? Responderam: “Drummond é literato, porque vocês afirmam que é, eu não concordo. 
Acho ele um chato. Por que Zé Ramalho não é literatura? Ambos são poetas, não é verdade? 
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília, 2000 
(com adaptações). 
 
À luz do que se discute no texto 1, constata-se que o texto 2 faz um relato de experiência 
escolar na qual a atividade proposta aos alunos propicia a discussão de questões que, no 
âmbito da Teoria da Literatura, estão relacionadas 
A. ao método de escolarização da leitura literária. 
B. ao conceito de poeta e poesia na modernidade. 
C. ao processo de canonização de autores e obras. 
D. ao papel do professor no ensino da fruição estética. 
E. à função do autor na construção do sentido do texto literário. 
 
 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
14 
 
1. Introdução teórica 
 
1.1 O que é literatura? 
 
Etimologicamente, a palavra “literatura” vem de “littera”, que significa “letra”. Assim, 
na origem, a literatura está relacionada ao texto escrito. 
Os dicionários apontam uma série de significados para o vocábulo, mas aqui tomamos 
aquele que se refere às obras literárias em sentido estrito, como a arte feita com palavras. 
Adotando essa definição, vem à tona o problema de como conceituar essa arte, de como 
determinar os critérios de classificação das obras. Em outros termos, pergunta-se por que 
determinados livros são considerados literatura e outros não são. 
A questão sobre quais os critérios que devem definir o que é literatura é antiga e está 
na base de diversos estudos. Roberto Acízelo de Souza (2018) afirma que a pergunta “o que 
é literatura?” pode ser encarada como “tola” para o senso comum, pois a resposta parece 
óbvia. Para os estudiosos de Letras, por sua vez, a pergunta soa bastante complexa. 
 Muitas vezes, o termo “literatura” aparece, no dia a dia, vinculado à escrita ficcional. A 
oposição entre “realidade” e “imaginação” estaria na base da distinção entre um texto literário 
e um texto não literário. Essa definição, no entanto, é falha, pois há obras literárias com 
conteúdo “verídico” e há obras ficcionais que não podem ser chamadas de literárias. 
 Ainda como resposta à pergunta, algumas pessoas apresentam apenas exemplos de 
textos literários. Isso, entretanto, não resolve o problema da definição de literatura, pois a 
listagem de obras assim consideradasnão forma um conceito. 
 Dessa forma, a problematização da definição de literatura é um elemento que está na 
base da teoria literária. Nas palavras de Acízelo de Souza (2018, p.13), “teorizar sobre algo é 
transformá-lo em objeto problemático, isto é, de interesse para um estudo de caráter metódico 
e analítico”. 
 A produção literária tem despertado estudos desde a Antiguidade. Em Platão e 
Aristóteles, é possível notar certa propensão ao normativismo, apesar da livre reflexão 
proposta em suas obras. Essa mesma tendência normativa é observada na Idade Média e 
acentuada na Renascença. Dessa forma, durante séculos, prevaleceram os estudos que 
propunham modelos e preceitos para os gêneros literários. 
No século XIX, com o Romantismo, há mudança de percepção: a obra literária é vista 
como uma criação singular de um indivíduo dotado de genialidade e, assim, não pode ser 
submetida a um receituário. Nessa perspectiva, 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
15 
 
rejeitado o normativismo, a reflexão sobre as letras e seu cultivo torna-se 
francamente especulativa, favorecendo o desenvolvimento das mais diversas 
teorias, empenhadas tanto em reinterpretar as obras antigas como em propor 
explicações adequadas para os rumos da produção literária romântica e pós-
romântica, crescentemente múltiplos e destoantes dos padrões clássicos. 
(SOUZA, 2028, p.20) 
 
 Surge, então, uma corrente que defende a fruição subjetiva da obra literária, conhecida 
como impressionismo crítico, que tem Anatole France (1844 – 1924) como seu maior 
representante. Essa tendência vai contra o esforço de se atingir objetividade científica nos 
estudos literários, defendida, por exemplo, pelos estudos com viés determinista, influenciados 
pelo positivismo. 
 Contra a imprecisão e o subjetivismo de interpretações impressionistas, começaram a 
ganhar força correntes de postura rigorosa, atenta à imanência do texto. 
 
1.2 Os formalistas russos e a literariedade 
 
Já no início do século XX, os formalistas russos propuseram o olhar para a realidade 
material do texto, definindo a literatura como uma organização particular da linguagem. Vitor 
Chklovski (1893-1984) apontou que a arte em geral deve causar estranhamento. Segundo ele, 
a obra literária, por meio da aplicação de técnicas e artifícios, deve ser algo original e singular, 
de modo a modificar a percepção do leitor. 
 
Em sua essência, o formalismo foi a aplicação da linguística ao estudo da 
literatura; e como a linguística em questão era do tipo formal, preocupada com 
as estruturas da linguagem e não com o que ela de fato poderia dizer, os 
formalistas passaram ao largo da análise do "conteúdo" literário (instância em 
que sempre existe a tendência de recorrer à psicologia ou à sociologia) e 
dedicaram-se ao estudo da forma literária. (EAGLETON, 2006, p.16). 
 
Os formalistas russos, na verdade, não procuravam definir a literatura, mas a 
literariedade. Nas palavras de Roman Jakobson (1896-1982), “o objeto do estudo literário não 
é a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo que torna determinada obra uma obra literária” 
(apud SOUZA, 2018, p.23). Ela estaria no uso dos artifícios de linguagem, que provocariam 
estranheza, distanciando a linguagem literária da linguagem comum. Esses artifícios incluem 
sons, imagens, ritmo, sintaxe, métrica, rima e técnicas narrativas. Na fala cotidiana, as nossas 
percepções da realidade tornam-se automatizadas; a linguagem literária atua no sentido da 
“desfamiliarização”. 
Para Roman Jakobson, a literatura é a escrita que representa “uma violência organizada 
contra a fala comum” (EAGLETON, 2006, p.3). 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
16 
 
Os formalistas não consideravam a forma como a expressão do conteúdo. Para eles, o 
conteúdo era simplesmente a "motivação" da forma, uma ocasião ou pretexto para um tipo 
específico de exercício formal. 
 
1.3 O cânone literário 
 
Cânone é o conjunto de textos tidos como clássicos da literatura ocidental, considerados 
esteticamente superiores (SOUZA, 2018). Em outros termos, trata-se de obras/autores que, 
por seu valor literário, devem ser lidos por quem se interessa por literatura. Isso significa que 
o cânone integra, tradicionalmente, o conteúdo estudado nas escolas. 
Como aponta o texto 1 da questão 5, o processo de canonização “não pode ser isolado 
dos interesses dos grupos que foram responsáveis por sua constituição, e, no fundo, o cânon 
reflete estes valores e interesses de classe” (REIS, 1992). 
A existência desse conjunto pressupõe a universalidade de valores, pois se julga que 
determinadas obras apresentam qualidade estética e são capazes de expressar as experiências 
humanas independentemente da época e do lugar de sua produção. Assim, por exemplo, 
estudantes brasileiros do século XXI devem conhecer obras como “Os Lusíadas”, de Camões, 
ou “Hamlet”, de Shakespeare. 
Recentemente, com o surgimento de novas abordagens nos estudos literários, a 
constituição e a adoção do cânone têm sido contestadas. O crescimento dos Estudos Culturais 
tem exercido importante papel no fato de a literatura ensinada hoje incluir obras de grupos 
historicamente marginalizados. Autores dessa corrente apresentam críticas ao universalismo 
e propõem o relativismo cultural e a ênfase no particular. Essa perspectiva permite 
compreender, por exemplo, o compositor Bob Dylan como ganhador do Prêmio Nobel de 
Literatura em 2016. 
Celso Frederico relata como essa discussão tem ganhado relevo. 
 
A defesa do cânon ocasionou uma ilustrativa polêmica na Universidade de 
Stanford. Um dos professores da escola, preocupado com a preservação da 
cultura ocidental, propôs uma mudança na grade curricular para garantir um 
ano de estudos dedicados à leitura de 15 obras de pensadores clássicos (Platão, 
Homero, Dante etc.). Levada a um plebiscito, a proposta foi derrotada e em 
seu lugar foi aprovada outra que privilegiava as obras das culturas não 
ocidentais, bem como a literatura produzida por mulheres, afroamericanos, 
hispânicos, asiáticos e aborígenes americanos. (FREDERICO, 2020, p.8) 
 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
17 
 
O autor ainda aponta que a palavra cânon surgiu como regra estabelecida por um 
conselho eclesiástico ou como “conjunto de livros da Bíblia aceitos pela Igreja como genuínos 
e inspirados”, o que já a torna suspeita de autoritarismo. 
Deve-se observar, ainda, que as produções do chamado Terceiro Mundo tendem a ficar 
em posição de inferioridade quando se estabelece uma “alta cultura ocidental”. Dessa forma, 
entende-se que a postura da desconstrução pós-colonial tenha reagido ao cânone. 
Celso Frederico comenta o caso exposto na questão 6, afirmando que a resposta do 
aluno aborda as ideias de Foucault, referentes à presença nos micropoderes na malha social, 
e a defesa de que o universalismo desconsidera outras culturas. 
 
Perguntado por que o texto de Drummond era considerado um texto literário, 
respondeu: “é literato porque vocês afirmam que é, e eu não concordo. Acho 
ele um chato. Por que Zé Ramalho não é literatura? Ambos são poetas, não é 
verdade?” Sem muita consciência, ele exprimiu a suspeita do saber/poder 
foucaultiano e o relativismo cultural… (FREDERICO, 2020, p.9) 
 
 No caso do Brasil, observam-se reflexos do pensamento desconstrutivista 
nos Parâmetros Nacionais Curriculares para o Ensino Médio, que passaram a orientar o ensino 
de literatura também pela leitura de obras não canônicas e por outros gêneros textuais. 
Segundo Celso Frederico, até pouco tempo, esse ensino baseava-se em “critérios autoritários 
e arbitrários, fruto de ‘lutas classificatórias’ e das ‘legitimações sociais’ que valorizam 
determinadas obras (as canônicas), pois elas representariam o poder econômico e simbólico 
de certos grupos sociais” (FREDERICO, 2020, p.11). 
 
3. Análise das afirmativas e das asserções 
 
Questão 3.I - Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Os quadrinhos, ironicamente, questionam o fato de que a mera presença de 
um recurso estilístico torna o texto literário. Dessa forma, a linguagem utilizada, mesmo que 
explore recursos sonoros, não torna o cartum um gênero literário. 
 
II - Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. No texto apresentado no enunciado, Bakhtin cita o exemplo de Shakespeare, 
que “explorou e passou à sua obra os imensos tesouros de um sentido potencial que, em sua 
época, não podia ser descoberto nem compreendido em sua plenitude”. Nos quadrinhos, o 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
18 
 
diálogo das personagens, apesar da presença da aliteração, não é literário, pois o recurso não 
se articula ao plano de conteúdo, ou seja, não contribui para a expressão de algum 
pensamento. 
 
III - Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O diálogo das personagens é marcado pela aliteração, que é um recurso 
sonoro que, na poesia, pode ter efeito de desautomatizar a linguagem, conferindo ritmo ao 
plano da expressão. 
 
Alternativa correta: D. 
 
Questão 4. 
 
I - Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. As definições sobre o que torna um texto literário não são estáticas. 
 
II - Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Como afirma Reis, no texto 2 do enunciado, o reconhecimento de texto como 
literário, por uma comunidade, depende da construção de um ato discursivo próprio. Esse 
discurso está atrelado aos aspectos sócio-históricos. 
 
Relação entre as asserções. A consideração dos aspectos extrínsecos ao texto implica que não 
basta a simples análise dos recursos linguísticos. 
 
Alternativa correta: A. 
 
Questão 5. 
 
I - Asserção falsa. 
JUSTIFICATIVA. Considerando a discussão sobre o cânone proposta pelo texto 1 do 
enunciado, a substituição de “gêneros maiores” por “gêneros menores” (a simples existência 
de um conjunto de obras canônicas) “reduplica as relações injustas que compartimentam a 
sociedade”. 
 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
19 
 
II - Asserção falsa. 
JUSTIFICATIVA. A existência do cânon não promove a valorização justa das obras. Como 
afirma o texto 1, o cânon reflete valores e interesses de classe. 
 
Alternativa correta: E. 
 
Questão 6. 
 
Quando o aluno, durante a atividade, considera que a obra de Drummond é literatura porque 
os professores assim afirmam, ele faz referência ao que se entende por obras canônicas e ao 
poder de quem as classifica assim. 
 
Alternativa correta: C. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
● COMPAGNON, A. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte: UFMG, 
2003. 
● EAGLETON, T. Teoria da literatura: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2006. 
● FREDERICO, C. Estudos culturais e crítica literária. A terra é redonda, 2020, disponível em 
<https://aterraeredonda.com.br/estudos-culturais-e-critica-literaria/>. Acesso em 10 ago. 
2021. 
● LAJOLO, M. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense. 
● REIS, C. O conhecimento da literatura: introdução aos estudos literários. 2. ed. Coimbra: 
Almedina, 2001. 
● SARTRE, J. P. O que é a literatura? Petrópolis: Vozes, 2015. 
● SOUZA, R. A. Teoria da literatura. Trajetória, fundamentos, problemas. São Paulo: É 
Realizações, 2018. 
 
 
 
 
 
 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
20 
 
Questões 7, 8, 9 e 10 
Questão 7.7 
Tanto a fala como a escrita se dão num contínuo de variações, surgindo saí semelhanças e 
diferenças ao longo de dois contínuos sobrepostos, tal como ilustra a figura a seguir. 
 
 
MARCUSCHI, L. A. Oralidade e escrita. Signótica, n.9, p.137, 1997 (com adaptações). 
 
Considerando o exposto, avalie as afirmativas a seguir. 
I. Ao comparar o texto de uma exposição acadêmica com o de uma conversação 
espontânea, percebe-se que, embora os dois sejam representantes da linguagem oral, 
o primeiro apresenta características muito próximas da linguagem escrita. 
II. A proposta de perceber a fala e a escrita por meio de um contínuo reafirma a 
necessidade de que sejam referendadas algumas dicotomias entre essas duas 
modalidades, tais como: descontextualização (na fala) x contextualização (na escrita), 
não planejamento (na fala) x planejamento (na escrita). 
III. De acordo com o contínuo apresentado, está equivocada a perspectiva teórica que 
considera a fala como dialogada e a escrita como monologada, já que o diálogo e o 
 
7Questão 29 - Enade 2017 - Bacharelado. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
21 
 
monólogo correspondem a formas de textualização presentes nas duas modalidades de 
língua. 
É correto o que se afirma em 
A. I, apenas. 
B. II, apenas. 
C. I e III, apenas. 
D. II e III, apenas. 
E. I, II e III. 
 
Questão 8.8 
TEXTO 1 
Combina as linguagens verbal e visual, que tornam a comunicação rápida, conquistando leitores de 
todas as idades como meio de diversão. A palavra e a imagem, em geral e na prática, possuem o 
mesmo peso, o que torna o ritmo da leitura mais acelerado ainda. Utiliza alguns recursos icônico-
verbais próprios ou muito recorrentes, com uma morfossintaxe e sintaxe discursivas específicas: o 
desenho, o requadro ou vinheta, o balão, a figura, o uso de onomatopeias e de legendas, a elipse, a 
página ou prancha, conjugando discurso verbal e pictogramas. 
COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2008 (com adaptações). 
 
TEXTO 2 
Geralmente com três ou quatro quadros, apresenta um texto sincrético que alia o verbal e o visual no 
mesmo enunciado e sob a mesma enunciação. Circula em jornais ou revistas, numa só faixa horizontal 
de mais ou menos 14 cm x 4 cm, em geral no caderno de diversões, amenidades ou também conhecido 
como recreativo, onde se podem encontrar cruzadas, horóscopo etc. 
COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2008 (com adaptações). 
 
Os textos 1 e 2 apresentam a definição de dois gêneros textuais distintos. Levando em 
consideração os elementos estruturadores de cada um dos gêneros definidos, sua função e 
circulação, é correto afirmar que as definições correspondem, respectivamente, a 
A. um anúncio e uma caricatura. 
B. uma caricatura e uma HQ. 
C. uma charge e um anúncio. 
D. uma tirinha e uma charge. 
E. uma HQ e uma tirinha. 
 
 
 
 
 
8Questão 28 - Enade 2017 - Bacharelado. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
22 
 
Questão 9.9 
TEXTO 1 
Em nosso dia a dia, no contato com outras pessoas e com as diversas informações que recebemos, 
estamos expostos a várias situações comunicativas, cada uma situada em seu devido contexto. Na 
escrita e na fala, existem algumas estruturas padronizadas que recebem o nome de gêneros textuais. 
No simples ato de abrir um jornal ou uma revista, já estamos expostos aos diversos: nesses dois meios 
de comunicação é possível encontrar artigos, cartas de leitor, artigos de opinião, notícias, reportagens, 
charges, tirinhas, ensaios, e-mails e tantos outros textos que se adequam às necessidades de quem 
os escreve, apresentando finalidades distintas e definidas. Assim são os gêneros, eles existem em 
grande quantidade justamente porque as práticas sociocomunicativas são dinâmicas e variáveis. 
Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br>. Acesso em 7 jul. 2017 (com adaptações). 
 
TEXTO 2 
As reflexões teóricas sobre a noção de gênero do discurso (ou de texto, conforme a perspectiva) têm 
sido ampliadas em vários campos de estudo e assumem especial importância para a metodologia do 
ensino e da aprendizagem da língua portuguesa, considerando os objetivos atualizados nas propostas 
curriculares contemporâneas. 
FURLANETTO, M.M. Gênero do discurso como componente do arquivo em Dominique Mangueneau. In: MEREU, A.B.; 
BONINI, A.; MOTTA-ROTH, D. Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola, 2005 (com adaptações). 
 
Considerando os textos apresentados, avalie as afirmativasa seguir. 
I. Os gêneros textuais são formas relativamente estáveis de um enunciado, determinadas 
sócio-historicamente. 
II. Os gêneros textuais possuem características específicas, que dependem dos usuários 
da linguagem e das necessidades em sua comunicação. 
III. O leitor/produtor de textos é um usuário proficiente da linguagem à medida que recorre 
aos gêneros textuais para, em diferentes situações comunicativas, externalizar os 
sentidos dos textos que lê ou produz. 
É correto o que se afirma em 
A. I, apenas. 
B. II, apenas. 
C. I e III, apenas. 
D. II e III, apenas. 
E. I, II e III. 
 
 
 
9Questão 26 - Enade 2017 - Bacharelado. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
23 
 
Questão 10.10 
TEXTO 1 
 
Disponível em <http://www.pauloleminski.com.br>. Acesso em 15 jul. 2017 (com adaptações). 
 
TEXTO 2 
 
Disponível em <https://twitter.com/marcelinofreire>. Acesso em 15 jul. 2017 (com adaptações). 
 
Com base nos textos 1 e 2, avalie as afirmativas a seguir. 
I. O texto 1 exemplifica uma forma literária poética de origem japonesa, o Haicai, que 
ganhou destaque nas obras de escritores brasileiros e cujas principais características 
são a concisão e a objetividade. 
II. Tanto o texto 1 quanto o texto 2 seguem a recomendação de serem construídos com 
o máximo de 140 caracteres, o que demonstra que o estabelecimento de limites formais 
não interfere no processo de produção literária. 
III. O texto 2 representa um tipo de construção e publicação literária realizada na internet, 
a twitteratura, e estabelece uma relação entre a literatura publicada por meio de um 
suporte impresso e a experiência estética que surge com a utilização do twitter, uma 
das redes sociais da atualidade. 
 
10Questão 32 - Enade 2017 - Bacharelado. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
24 
 
É correto o que se afirma em 
A. I, apenas. 
B. II, apenas. 
C. I e III, apenas. 
D. II e III, apenas. 
E. I, II e III. 
 
1. Introdução teórica 
 
1.1. Fala e escrita 
 
Fala e escrita são práticas sociais fundamentais à humanidade. Trata-se de duas 
modalidades de uso da língua que apresentam semelhanças e diferenças. 
A fala é desenvolvida em contextos informais do cotidiano. A escrita, por sua vez, é 
aprendida em contextos formais, normalmente escolares, o que implica um caráter prestigioso 
como bem cultural desejável. 
Tradicionalmente, os estudos linguísticos sobre fala e escrita baseiam-se em 
dicotomias, expressas no quadro a seguir. 
 
 
MARCUSCHI, L. A. Oralidade e escrita. Signótica, n.9, 1997, p.127. 
 
Segundo Marcuschi, essa perspectiva 
 
oferece um primeiro modelo que pode ser caracterizado como a visão 
imanentista que deu origem à maioria das gramáticas pedagógicas que se 
acham hoje em uso. Sugere dicotomias estanques com separação entre forma 
e conteúdo, separação entre língua e uso e toma a língua como sistema de 
regras, o que conduziu o ensino de língua ao ensino de regras gramaticais. 
(MARCUSCHI, 1997, p.127) 
 
 O autor defende que “as diferenças entre fala e escrita se dão dentro do continuum 
tipológico das práticas sociais de produção textual e não na relação dicotômica de dois polos 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
25 
 
opostos” (MARCUSCHI, 1997, p.136). Disso, surge um conjunto de variações, não uma 
simples variação linear. O gráfico apresentado no enunciado expressa essa concepção. A 
seguir, temos uma versão genérica dele. 
 
 
MARCUSCHI, L. A. Oralidade e escrita. Signótica, n.9, 1997, p.136. 
 
 No gráfico, observa-se que a fala e a escrita acontecem em dois contínuos; na linha 
dos diversos tipos de texto e na linha das características específicas de cada modalidade. 
 Segundo o autor, 
 
o contínuo tipológico distingue e correlaciona os textos de cada modalidade 
quanto às estratégias de formulação textual que determinam o contínuo das 
características que distinguem as variações das estruturas, seleções lexicais 
etc. Tanto a fala como a escrita se dão num contínuo de variações, surgindo 
daí semelhanças e diferenças ao longo de dois contínuos sobrepostos. 
(MARCUSCHI, 1997, p.137) 
 
1.2 Gêneros textuais 
 
Os gêneros textuais são classificações que pretendem identificar características comuns 
a textos que têm determinado objetivo em uma situação comunicativa. De acordo com 
Marcuschi, 
os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à 
vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para 
ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia. São entidades 
sociodiscursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação 
comunicativa. No entanto, mesmo apresentando alto poder preditivo e 
interpretativo das ações humanas em qualquer contexto discursivo, os gêneros 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
26 
 
não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. 
(MARCUSCHI, 2002, p.21) 
 
 Não se deve confundir o conceito de tipo textual com o de gênero. Marcuschi (2002, 
p.21) explica que o tipo textual se refere a “uma espécie de construção teórica definida pela 
natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações 
lógicas)”. O gênero textual, por sua vez, seria “uma noção propositalmente vaga para referir 
os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam 
características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e 
composição característica”. 
 Essas distinções estão expressas na tabela a seguir. 
 
 
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade, 2002, p. 23. 
 
2. Resolução das questões 
 
Questão 7. 
 
O contínuo apresentado por Marcuschi mostra que gêneros da fala apresentam diferenças 
entre si. Uma exposição acadêmica aproxima-se, em sua linguagem e em sua estrutura, de 
um texto escrito. O autor, com esse quadro, mostra a falibilidade dos modelos dicotômicos, 
que prevaleceram nos estudos linguísticos por muito tempo. Uma dessas dicotomias refere-
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
27 
 
se ao monólogo, apontado como característica da escrita, e ao diálogo, apontado como 
característica da fala. 
 
Alternativa correta: C. 
 
Questão 8. 
 
Uma HQ e uma tirinha apresentam vários elementos constitutivos em comum, mas o tamanho 
é uma das diferenças. A tirinha, que normalmente tem como suporte o jornal, apresenta três 
ou quatro quadros. 
 
Alternativa correta: E. 
 
Questão 9. 
 
Nas palavras de Marcuschi, “os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente 
vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para 
ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia”. 
 
Alternativa correta: E. 
 
Questão 10. 
O haicai é uma forma literária poética, de origem japonesa, que apresenta a concisão como 
característica. De acordo com Angélica Soares (2007, p.33), o haicai “é composto por três 
versos, somando dezessete sílabas, o primeiro e o terceiro com cinco e o segundo com sete”. 
Não tem como limite o uso de 140 caracteres, que é uma das características de textos 
publicados na rede social Twitter. Microcontos publicados em rede receberam o nome de 
twitteratura. 
 
Alternativa correta: C. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
● COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2008. 
Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
28 
 
● MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; 
MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: 
Lucerna, 2002. p. 19-36. 
● MARCUSCHI, L. A. Oralidade e escrita. Signótica, n.9, 1997. 
● SOARES, A. Gêneros literários. São Paulo: Ática, 2007.Material Específico – Letras – Tomo XVIII – CQA/UNIP 
29 
 
ÍNDICE REMISSIVO 
 
Questão 1 Multimodalidades de linguagem e ensino. 
Questão 2 Discurso literário e discurso jornalístico. 
Questão 3 Linguagem e recursos literários. Conceitos de Literatura. 
Questão 4 Texto e linguagem literária. Conceitos de Literatura. 
Questão 5 Cânone e novas formas literárias. 
Questão 6 Cânone e conceitos de Literatura. 
Questão 7 Oralidade e escrita. 
Questão 8 Gêneros textuais. 
Questão 9 Gêneros textuais. 
Questão 10 Gêneros textuais. Haicai e microconto.

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