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GEOGRAFIA AGRÁRIA

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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rodrigo César de Vasconcelos dos Santos 
 
Graduado em Engenharia Ambiental e Sanitária pela Universidade Federal de Lavras 
(UFLA) (2016), Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pelo Centro 
Universitário de Lavras (UNILAVRAS) (2016), Mestre em Engenharia Agrícola pela 
Universidade Federal de Lavras (UFLA) (2016) e Doutor em Recursos Hídricos pela 
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) (2020). Atualmente é bolsista de pesquisa no 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) atuando no mapeamento e diagnóstico 
do setor de mineração brasileiro. Participa como membro do Núcleo de Estudos em 
Educação de Valores Humanos – Pelotas/RS. 
GEOGRAFIA AGRÁRIA 
 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 
 
 
 
 
 
 
© 2021, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem 
Autorização escrita do Editor. 
 
 
‘ 
 
 
Teodoro, Jorge Benedito de Freitas, 1986 - . 
Introdução à filosofia / Jorge Benedito de Freitas Teodoro. – 1. ed. Ipatinga, 
MG: Editora Única, 2020. 
113 p. il. 
 
Inclui referências. 
 
ISBN: 978-65-990786-0-6 
 
1. Filosofia. 2. Racionalidade. I. Teodoro, Jorge Benedito de Freitas. II. Título. 
 
CDD: 100 
CDU: 101 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. 
Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um 
com uma função específica, mostradas a seguir: 
 
 
 
São sugestões de links para vídeos, documentos científi-
co (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou 
links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e 
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo 
abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações 
importantes nas quais você deve ter um maior grau de 
atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em 
cada unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de 
determinados termos/palavras mostradas ao longo do 
livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões 
citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, 
seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA AGRÁRIA ................................................. 8 
1.1 FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA AGRÁRIA ....................................................... 8 
1.2 MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS DO CAMPO PARA A CIDADE ............................ 9 
1.3 TRANSFORMAÇÕES EM CURSO DA GEOGRAFIA AGRÁRIA NO MUNDO 
CONTEMPORÂNEO ............................................................................................ 11 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 13 
MOVIMENTOS SOCIAIS, CONFLITOS PELA TERRA E REVOLUÇÕES NA 
AMERICA LATINA ................................................................................... 18 
2.1 MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO ................................................................ 18 
2.2 CONFLITOS MARCANTES PELA TERRA NO BRASIL ............................................ 23 
2.3 REVOLUÇÕES NA AMÉRICA LATINA ................................................................. 26 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 29 
GEOGRAFIA AGRÁRIA NO BRASIL E EM MINAS GERAIS ...................... 34 
3.1 CONCENTRAÇÃO DE TERRAS NO BRASIL ......................................................... 35 
3.2 REFORMA AGRÁRIA BRASILEIRA ....................................................................... 36 
3.3 MOVIMENTOS SOCIAIS CAMPONESES EM MINAS GERAIS ............................. 39 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 45 
AGRICULTURA SOB DIFERENTES MODOS DE PRODUÇÃO ..................... 50 
4.1 AGRICULTURA CONVENCIONAL ...................................................................... 51 
4.2 AGRICULTURA FAMILIAR ................................................................................... 52 
4.3 AGRICULTURA ORGÂNICA ................................................................................ 53 
4.4 AGRICULTURA AGROECOLÓGICA ................................................................... 54 
4.5 PECUÁRIA ........................................................................................................... 56 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 58 
AGRO 4.0 E AGRONEGÓCIO ................................................................ 64 
5.1 TECNOLOGIAS ADOTADAS NA AGRICULTURA 4.0 .......................................... 64 
5.2 AGRICULTURA DE PRECISÃO ............................................................................. 66 
5.3 PECUÁRIA 4.0 ..................................................................................................... 67 
5.4 AGRO 5.0: O PRÓXIMO PASSO? ...................................................................... 68 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 69 
TÓPICOS IMPORTANTES EM GEOGRAFIA AGRÁRIA ............................. 74 
6.1 AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE ...................................................................... 74 
6.2 REVOLUÇÃO VERDE ........................................................................................... 77 
6.3 DIVERSIDADE SOCIOCULTURAL DO RURAL BRASILEIRO .................................. 80 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 82 
 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................... 88 
 
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 89 
 
 
UNIDADE 
01 
UNIDADE 
02 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
UNIDADE 
05 
UNIDADE 
06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
A Unidade 01 introduz a geografia agrária, trazendo conceitos 
básicos sobre o tema. Brevemente mostra alguns problemas 
ocorridos no campo, os quais acarretaram em movimentos do 
campo para a cidade. Também retrata as transformações da 
geografia agrária no mundo contemporâneo. 
A Unidade 02 Explora os movimentos sociais no campo, de seus 
surgimentos até suas diversas lutas em prol da posse de terras no 
Brasil e em outras localidades da América Latina. 
 
 
A Unidade 03 mostra a problemática da concentração e divisão 
de terras no Brasil e em contrapartida um dos caminhos para uma 
maior igualdade, onde trata da Reforma Agrária de forma crítica. 
Também mostra alguns movimentos camponeses de Minas Gerais. 
A Unidade 04 apresentade forma geral agricultura sob diferentes 
modos de produção, como a convencional, familiar, orgânica, e 
faz um apanhado sobre a agroecologia e também da pecuária. 
 
 
A Unidade 05 trata do agronegócio e também das tecnologias 
que vem sendo desenvolvida e utilizadas para aumento da 
quantidade e qualidade da produção no campo. Portanto, fala 
do agro 4.0, da pecuária 4.0 e do avanço da agricultura 4.0 para 
a tão almejada 5.0. 
A Unidade 06 traz diversos temas importantes relacionados à 
geografia agrária, como o cuidado com o meio ambiente que os 
produtores rurais devem tomar, a revolução ver e algumas de suas 
implicações e das mudanças social e cultural das atividades 
agrícolas e dos camponeses. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
INTRODUÇÃO 
Este livro agrupa estudos e pesquisas que envolvem as diversas abordagens 
temáticas e regionais no âmbito da Geografia Agrária brasileira. Dessa forma, o 
autor analisa ao longo das Unidades de Aprendizagem, diversos contextos, 
conflitos, disputas e alternativas territoriais existentes no campo brasileiro desde a 
antiguidade até os tempos atuais. 
Nesse sentido, este livro está organizado em seis unidades: introdução à 
geografia agrária; movimentos sociais, conflitos pela terra e revoluções na América 
Latina; geografia agrária no Brasil e em minas gerais; agricultura sob diferentes 
modos de produção; agro 4.0 e agronegócio e tópicos importantes em geografia 
agrária. Com o propósito de tornar o aluno mais preparado para dissertar, 
comentar e lidar com temáticas de elevada importância para a área de 
conhecimento. 
Este livro apresenta conteúdos básicos, com links, figuras e tabelas que lhe 
auxiliaram na compreensão dos itens. Há sugestões de material para aprofundar 
seus conhecimentos, fique atento às dicas. 
 
BONS ESTUDOS! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA 
AGRÁRIA 
 
 
 
O aumento populacional e o processo de urbanização propiciam vários 
problemas, especialmente agrários, como a aumento da produção de alimentos 
em um mundo desigual e faminto, o que exige expansão territorial do agronegócio 
frente a um cenário mundial de crise ambiental e à escassez de recursos (solo, 
água, energia). Isso acarreta conflitos de terras, o que leva a expulsão das 
comunidades rurais tradicionais de seus territórios e não em raras ocasiões levam 
muitas pessoas a óbito por meio da violência. 
Mesmo um tema tão necessário e contemporâneo, como é o caso das 
questões agrárias, muitas pessoas, principalmente os jovens, demonstram muita 
falta de interesse, visto que, estão cada vez mais envoltos à cultura urbana. Dessa 
forma, se torna imprescindível analisar o processo histórico da realidade. 
 
 
 
1.1 FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA AGRÁRIA 
A geografia agrária é um dos ramos da ciência que estuda as relações 
sociais, econômicas e ambientais do campo visando o desenvolvimento da 
agricultura. A Geografia Agrária brasileira tem passado por um processo de 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
transformação no qual a tecnologia é a grande precursora das mudanças. 
Jovens e adolescentes estão cada vez mais envolvidos em uma cultura 
essencialmente urbana, há uma falta de interesse sobre a questão agrária. Torna-se 
imprescindível o envolvimento dos jovens e adolescentes em temas que retratam a 
vida no campo. 
Tem ocorrido a expansão do capitalismo no campo, onde quem tem maior 
poder aquisitivo compram as pequenas parcelas de terras dos agricultores 
familiares. Isso favorece a concentração de terra nas mãos de poucos e 
proporciona a ida de muitas pessoas para as cidades. Com isso, cada vez menos 
pessoas no campo. Isso ainda causa um agravo social nas cidades, pois muitas 
dessas pessoas que saem do campo e vão para a cidade acabam tendo sub 
empregos, moradias precárias e sofrem problemas dos mais diversos. 
Agravo ocorre com a grande mídia televisiva sempre mostrando que o 
agronegócio é vantajoso, a qual até tem o slogan “Agro é tech. Agro é pop. Agro é 
tudo”. 
 
1.2 MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS DO CAMPO PARA A CIDADE 
Podemos notar na Imagem 1, um aumento expressivo da população urbana, 
na década de 1872 era de 9.930.478 pulando para 94.508.583 na década de 1970 e 
190.755.799 nos anos de 2010. Uma considerável transformação social e mudanças 
de dinâmica populacionais importantíssimas, fazendo com que as cidades 
brasileiras cresçam de maneira desordenada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
Figura 1: Urbanização da década de 1872 até 2010. 
 
Disponível em: https://bit.ly/39M2zAt . Acesso em: 05 mar. 2021. 
 
No ano de 2010, dos 190 milhões de brasileiros, apenas 29,8 milhões estão no 
meio rural, ou seja, apenas 15,6% da população brasileira (IBGE, 2010). 
Segundo dados do IBGE, 2010, entre os anos 2000 e 2010, o êxodo rural 
diminuiu muito, tanto em número de migrante como em termos de sua influência na 
urbanização. Pela baixa renda e pelo tamanho de sua população, o Nordeste é a 
região que tem grande potencial migratório. De maneira, geral o nordeste é a 
região do Brasil, onde mais pessoas migram do campo para as cidades. 
É complexo avaliar as circunstancias e decisões individuais para a migração 
de famílias do rural para o urbano, de maneira geral, esse deslocamento ocorre em 
busca de oportunidades para melhorar suas condições de vida. A seca, falta de 
terras férteis, falta de empregos no meio rural e pressões por dividas são fatores que 
auxiliam a explicar tal fenômeno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
1.3 TRANSFORMAÇÕES EM CURSO DA GEOGRAFIA AGRÁRIA NO MUNDO 
CONTEMPORÂNEO 
As atividades agrícolas vêm sofrendo grandes alterados, a cada dia uma 
nova tecnologia é desenvolvida e assim, contribui para a melhora da qualidade de 
vida no meio rural. A manutenção dos jovens no campo é de sua importância para 
a sociedade, para que esse jovem queira lá permanecer, tecnologias, atrações e 
incentivos devem chegar até ele. 
Atualmente, com o avanço da internet no meio rural, e com os 
equipamentos eletrônicos cada vez mais potentes e populações, a juventude rural, 
está conectada diretamente com os acontecimentos na cidade. Se o campo não 
ofertar qualidade de vida, tecnologias, escolas de qualidade, saúde e lazer, esses 
jovens irão atrás de oportunidades nas grandes cidades. Com isso, continuaram 
inchando as periferias. 
O trabalho no campo é de fundamental importância para a manutenção 
dos alimentos nas cidades e também para a garantia dos recursos naturais ao 
longo do tempo, quando praticada uma agricultura com foco na sustentabilidade 
econômica, social e ambiental. Quando um jovem decide permanecer no campo, 
uma nova oportunidade se abre, com novos pensamentos, novos conceitos e uma 
visão diferente daquela praticada pelo seu antecessor. 
A manutenção desse jovem no meio rural é uma importante maneira de 
fomentar o desenvolvimento social e econômico do país. Pois, o envelhecimento 
da mão de obra no campo faz com que as atividades fiquem prejudicadas, 
naturalmente pela falta de energia dos adultos com idade mais avançadas. 
A união entre a experiência, daqueles que passaram por grandes 
dificuldades no passado para produzir alimentos, sobreviver e dar manutenção a 
sua família com a juventude e vitalidade, dos sucessores pode ser a chave para o 
desenvolvimento sustentável das atividades agrícolas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. Nos países industrializados, a migração campo-cidade tem como causa 
fundamental: 
 
a) carência de melhores condições sociais no campo. 
b) baixa produtividade agrícola. 
c) pressão demográfica no campo. 
d) dificuldade de aquisição de terras. 
e) substituição de mão de obra pela mecanização. 
 
2. Nas regiões subdesenvolvidasocorrem dois tipos de êxodo rural: 
 
I – aquele provocado pela modernização da agricultura e consequente 
liberação da mão de obra; 
II – aquele provocado pela manutenção de formas antiquadas de produção, 
que detêm como consequência o empobrecimento geral da população. 
 
A respeito dos dois tipos de emigração, pode-se dizer que: 
 
a) No segundo tipo predomina uma agricultura comercial especulativa que 
emprega numerosa mão de obra. 
b) No primeiro tipo há perda de população, mas a produtividade agrícola se 
eleva. 
c) Tanto o primeiro como o segundo tipo resultam de processos de inovação da 
agricultura. 
d) Só ocorre imigração rural quando as condições de vida da população atingem 
níveis de pobreza absoluta. 
e) Tanto um tipo quanto o outro são provocados pelo impacto da industrialização 
ao atingir a agricultura 
 
3. Em 2011, cerca de 52,1% da população mundial vivia em áreas urbanas, em 
2030 serão 59,9% e em 2050, 67,2%. Nas áreas mais pobres, a população rural é 
superior a população urbana, sendo que, nas áreas mais ricas e desenvolvidas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
ocorre o inverso. (SILVA A. C.; OLIC N.B.; LOZANO R. Geografia contextos e redes. 
V. 2.São Paulo: E. Moderna p.182, 2013). 
 
De acordo com o tema em destaque e fatores relacionados ao mesmo, marque (V) 
para verdadeiro ou (F) para falso, e em seguida, assinale a alternativa que 
apresenta a sequência correta. 
 
( ) O Brasil como um país emergente e apresentando cidades povoadas como 
São Paulo e Rio de Janeiro, caminha para ser um país urbano. 
( ) No Paraná é comum observarmos o fenômeno da conurbação, situação 
típica das regiões metropolitanas de Curitiba, Maringá e Londrina. 
( ) A tendência é que as cidades mais populosas do mundo tenham como área 
de ocorrência os países pobres e emergentes, onde nem sempre se 
tem investimentos disponíveis. 
( ) O crescimento desordenado das cidades aumenta os problemas urbanos 
ligados a pouca ou a falta de infraestrutura contribuindo para piorar a vida de 
grande parte dos seus habitantes. 
( ) O crescimento urbano sem planejamento é o principal culpado dos 
problemas de mobilidade urbana vivido nas grandes cidades brasileiras. as 
cidades médias são as melhores para se morar no século XXI por não 
apresentarem tal problemática. 
 
a) V, V, V, V, V 
b) V, F, F, V, V 
c) F, V, V, V, V 
d) V, V, F, V, F 
e) F, V, V, V, F. 
 
4. O gráfico representa a relação entre o tamanho e a totalidade dos imóveis rurais no Brasil. 
Que característica da estrutura fundiária brasileira está evidenciada no gráfico 
apresentado? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
a) A concentração de terras nas mãos de poucos. 
b) A existência de poucas terras agricultáveis. 
c) O domínio territorial dos minifúndios. 
d) A primazia da agricultura familiar. 
e) A debilidade dos plantations modernos. 
 
5. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) 
estuda a criação de uma rede em torno da cadeia produtiva de alimentos no 
Brasil para conter o desperdício. O país é considerado um dos dez que mais 
desperdiçam comida em todo o mundo, com cerca de 30% da produção 
praticamente jogados fora na fase pós-colheita. 
 
Uma ação capaz de solucionar o problema apresentado no texto é: 
 
a) a diminuição da produção de culturas. 
b) o melhoramento da rede de distribuição. 
c) o investimento no comércio externo. 
d) a redução do consumo interno. 
e) aumentar a área de plantio. 
 
6. Leia abaixo o trecho: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 “Nosso sítio era pequeno 
Pelas grandes fazendas cercado 
Precisamos vender a propriedade 
Para um grande criador de gado 
E partimos para a cidade grande 
A saudade partiu ao meu lado 
A lavoura virou colonião 
E acabou-se o meu reino encantado” 
REIS, V.; MACHADO, V. P. Meu reino encantado. 
São Paulo: Warner Music Brasil, 2000 (fragmento) 
 
O processo evidenciado na canção traz como consequência para o campo, no 
Brasil, o(a): 
 
a) declínio da pecuária leiteira. 
b) ampliação dos créditos rurais. 
c) redução das áreas de monocultura. 
d) aumento da concentração de terras. 
e) ampliação da agricultura familiar 
 
7. Na agricultura, as máquinas, os insumos e as novas técnicas de produção 
elevam a produtividade do trabalho, permitindo que um número cada vez 
menor de pessoas produzam a mesma (ou maior) quantidade de mercadorias. 
A utilização desses recursos tecnológicos na atividade descrita tem como uma 
de suas consequências a redução do(a) 
 
a) quantidade de empregos no campo. 
b) taxa de lucratividade dos produtos. 
c) mercado consumidor interno. 
d) carga horária de trabalho. 
e) exportação de produtos agrícolas 
 
8. A modernização do campo, proposta no regime militar, elevou as expectativas 
de vida e trabalho da sociedade brasileira. Dentre as consequências dessa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
modernização, é correto afirmar que houve o aumento do/de: 
 
a) Qualidade de vida. 
b) Salário mínimo. 
c) Êxodo rural. 
d) Distribuição de terras. 
e) Exportação de petróleo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
MOVIMENTOS SOCIAIS, CONFLITOS 
PELA TERRA E REVOLUÇÕES NA 
AMERICA LATINA 
 
 
 
A questão da má distribuição da terra é motivadora de questões de conflito 
no campo. Por não haver uma reforma agrária realmente efetiva, muitas famílias 
prejudicadas no processo, resolvem se unir a movimentos de reivindicações por 
terras. Nesta unidade serão trabalhados os movimentos sociais no Brasil, alguns 
conflitos marcantes e históricos pela terra no Brasil e algumas revoluções no campo 
na América Latina. 
Os confrontos pela terra são inesgotáveis, e denotam um despreparo das 
políticas públicas, governos e judiciário nessa temática. Vários países do mundo 
fizeram suas reformas agrárias há muito tempo, porém no Brasil esse assunto se 
arrasta por décadas, ao passo que indica muito mais medidas para beneficiar 
alguns interesses do que realmente, uma política séria de distribuição mais justa das 
terras. Com a finalidade de diminuir a desigualdade social no país e estabelecer 
condições de vida mais dignas para famílias sem-terra. 
 
2.1 MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO 
Começo este texto com uma frase de José de Souza Martins, exemplificando 
de maneira muito peculiar e emblemática o contexto dos escritores de obras, textos 
e casos à cerca do assunto. O autor exemplifica que muitas obras a respeito desse 
relevante tema que não são escritas por quem realmente vivenciou a realidade das 
lutas no campo e sentiu na pele as dores da injustiça social e econômica que 
nascem juntamente com o Brasil, desde seus primeiros dias de exploração colonial 
europeia. E sim, por pessoas que vivem a realidade urbana, mesmo aqueles 
simpatizantes e defensores ferrenhos das causas camponesas. 
“A história brasileira, mesmo aquela cultivada por alguns setores de 
esquerda, é uma história urbana — uma história dos que mandam e 
particularmente uma história dos que participam do pacto político.” (MARTINS, 1981, 
p. 26) 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
A recuperação das lutas dos camponeses ainda é um grande desafio nos 
dias atuais. São poucos os registros, sendo que boa parte deles se encontra dispersa 
e em fragmentos. A própria trajetória desses camponeses, os quais são explorados e 
subordinados politicamente aos grandes proprietários de terras e muitas vezes 
excluídos de direitos políticos e sociais essenciais, dificulta a preservação de sua 
memória social. A imagem que se tem hoje em dia dos trabalhadores rurais é uma 
versão construída pelos vencedores deste processo histórico. Desse modo, por 
longos períodos, somos levados a pensar os camponeses sendo passiveis, submissos 
e incapazes de formular seus próprios interesses e de lutar por eles. 
Ainda assim, algumas revoltascontra determinados acontecimentos que 
prejudicavam suas condições de existência ou mesmo suas lutas em busca de 
melhores condições de vida e trabalho digno foram registrados ao longo de nossa 
história. 
No período compreendido entre 1945 a 1964, surgiram diversos conflitos no 
campo e com isso se procurou, pela primeira vez, dar-lhes uma articulação maior, 
através de bandeiras de luta comuns. Nesse período, a sociedade brasileira viveu 
seu primeiro ensaio democrático, embora marcado por restrições à liberdade de 
organização partidária, pela presença de um sindicalismo vinculado ao Estado, por 
sucessivas crises políticas e principalmente pela negação aos trabalhadores do 
campo do direito de organização e de direitos sociais já há algum tempo 
conquistados pelos trabalhadores urbanos. Nessa época o país estava vivendo uma 
grande industrialização, e portanto, foram colocados em discussão, por diferentes 
forças sociais, projetos de desenvolvimento para o país, onde tinha lugar de 
destaque o debate sobre o lugar de uma agricultura considerada atrasada e 
pouco capaz de responder às necessidades que a indústria colocava. E nesse 
quadro que as lutas emergiram, politizando determinadas bandeiras e impondo a 
necessidade do reconhecimento político dos trabalhadores do campo (MEDEIROS, 
1989). 
Ainda de acordo com Medeiros (1989), várias organizações apareceram 
com várias reivindicações e conquistaram alguns direitos trabalhistas e colocou-se a 
questão da reforma agrária na ordem do dia. Estes movimentos tiveram como 
objetivo a extensão dos direitos trabalhistas conquistados na cidade para o campo, 
cuja vitória foi alcançada no ano de 1963, com o Estatuto do Trabalhador Rural. 
Esse período, de grande efervescência social e política, encerrou-se com o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
golpe militar de 1964. O golpe militar de 1964 é um marco importante na luta pela 
terra, muitos movimentos sociais no campo haviam tomado força nos anos que 
antecederam o golpe. Com a tomada do poder pelos militares, esses movimentos 
são fortemente coibidos e combatidos, tornando a luta ainda mais difícil e desigual. 
A partir dos anos de 1970-80, há o ressurgimento dos novos movimentos 
sociais, entre os movimentos que surgiram neste período, muitos ainda estão 
atuantes até hoje, e o que mais se destaca é o MST (Movimento dos Trabalhadores 
Rurais sem-terra). Estes movimentos sociais passaram também a acontecer nas 
cidades, o que demonstrava o final dos tempos de repressão e uma maior 
articulação entre os movimentos rurais e urbanos em defesa da luta pelos direitos 
dos trabalhadores. As organizações sociais retomaram pelas grandes 
transformações que ocorreram na forma e nas relações de produção. 
No campo, consolidou-se uma agricultura moderna, a qual foi responsável 
pela integração do setor rural na economia internacional. Nisso, os movimentos 
sociais camponeses contestaram fortemente o processo de modernização da 
agricultura, bem como e sugeriram diferentes práticas e ações agrícolas, um novo 
modelo de produção, que os tirassem da marginalidade e possibilitasse sua 
permanência no campo e reconhecimento social (MARTINS, 2020). 
A constituição Federal de 1988 trouxe muitos benefícios políticos e sociais 
para os brasileiros. Porém, muitos desses benefícios ainda permaneciam no papel e 
seria necessária uma luta incansável para assegurar tais direitos políticos e sociais na 
prática das pessoas que historicamente foram excluídas. Com isto, aumenta-se as 
reivindicações dos trabalhadores rurais, querendo mais do que a terra, salário e 
moradias, mas também exigindo educação, saúde, lazer e cultura. 
 
 
 
No Brasil, os movimentos camponeses formaram por meio de duas frentes 
principais, sendo elas: as Ligas Camponesas, entre as décadas de 1940 e 1960, e o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), criado na década de 1980. Tais 
movimentos foram fortemente afrontados durante o período militar, porém 
voltaram-se com durante o processo de redemocratização, voltando às lutas 
camponesas e reivindicando uma reforma agrária para todo o território brasileiro. 
Dessa forma, no ano 1984, em Cascavel no Paraná PR, diversos camponeses e 
trabalhadores rurais se uniram e deram início ao MST. 
Então, a partir da década de 1980 muitos outros movimentos se 
estabeleceram no campo e lutaram em prol da reforma agrária e pelos direitos da 
população camponesa. Dentre os mais notáveis, pode-se citar: o Movimento das 
Mulheres Camponesas, o Movimento Camponês Popular e o Movimento dos 
Pequenos Agricultores. Também tiveram-se os movimentos pautados na religião, tais 
como a Caritas Brasileira, o Conselho Indigenista Missionário e a Comissão Pastoral 
da Terra. Tiveram também os movimentos com viés de trabalho e sindicalismo rural, 
a exemplo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e da 
Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar 
do Brasil. O Movimento dos Atingidos por Barragens e a Articulação dos Povos 
Indígenas do Brasil também estão na luta reivindicando seus direitos. 
Atualmente o principal movimento social relacionado as questões agrárias é 
o MST, representado em todos as regiões brasileiras e com importantes exemplos de 
atuação no campo, como podemos citar o arroz Terra Livre, no quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
Figura 2: Trabalhador Rural Sem-Terra em atividade de colheita da cultura do arroz. 
 
Disponível em: https://bit.ly/3fMeiTy . Acesso em: 05 mar. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
Figura 3 : Frente da primeira Marcha das Margaridas, em 2000. 
 
Disponível em: https://bit.ly/3cVNf6u . Acesso em 17 mar. 2021. 
 
2.2 CONFLITOS MARCANTES PELA TERRA NO BRASIL 
No dia 17 de abril de 1996, aconteceu o Massacre de Eldorado dos Carajás, 
onde foram assassinados 21 trabalhadores rurais. Nas Figuras 3 e 4, podem-se 
observar o tamanho do ocorrido. Alguns meses antes deste triste e violento 
massacre, aproximadamente 3.500 famílias prepararam seus acampamentos às 
margens da Rodovia PA-150, na cidade de Eldorado dos Carajás, sudeste do 
estado Pará. Nas proximidades da Fazenda Macaxeira, os trabalhadores 
demandavam aquelas terras, as quais eram consideradas como improdutivas pelos 
fazendeiros. 
Depois desse massacre, o dia 17 de abril passou a ser considerado o Dia 
Mundial da Luta pela Terra e ocorreu a desapropriação da fazenda Macaxeira, a 
qual se tornou o assentamento 17 de Abril. Hoje, o palco deste massacre passou a 
ser sagrado pelo movimento dos trabalhadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
Figura 4: Velório das vítimas do Massacre de Eldorado dos Carajás em 1996. 
 
Disponível em: https://bit.ly/3mp6gkK . Acesso em: 10 mar. 2021. 
 
Figura 5: Notícia vinculada ao jornal do Brasil, referente ao Massacre de Eldorado de 
Carajás. 
 
Disponível em: https://bit.ly/3ukP8iK . Acesso em: 10 mar. 2021. 
 
Na madrugada do dia 09 de agosto de 1995, ocorreu o massacre dos 
camponeses em Corumbiara, no estado de Rondônia. Conforme Mesquita (2002), 
centenas de famílias de camponeses ocuparam uma pequena parcela da fazenda 
Santa Elina no município de Corumbiara. Os camponeses, durante 25 dias, 
permaneceram esperançosos com a terra prometida, porém, repentinamente se 
depararam com uma violência descomunal, onde homens foram assassinados a 
sangue frio, mulheres foram usadas como escudos humanos por policiais e por 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
jagunços; pessoas foram torturadas por muitas horas e o acampamento foi 
destruído e incendiado. 
Segundo a CPT (2000), foram constatados pela perícia execuções entre os 
mortos e de espancamento entre as pessoas que conseguiram sobreviver. 
Narrativas dos camponeses mostram que as pessoas foram arrastadas, pisoteadas e 
torturadasalém de receberem tiros na orelha e em outras partes do corpo, até 
mesmo as pessoas que apresentavam necessidades especiais. Até o final da 
década, foram intensas as mobilizações pelo julgamento e para que o massacre de 
Corumbiara não fosse esquecido. 
 
 
 
Figura 6: Missionária Irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005. 
 
Disponível em: https://bit.ly/2PVGxnQ . Acesso em: 11 mar. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
2.3 REVOLUÇÕES NA AMÉRICA LATINA 
A história da América Latina e Caribe, arrasada através do memoricídio, 
genocídio e etnocídio, tomada pelos colonizadores e mais tarde construída em 
muitas fases de exploração e espoliação, nos nega uma aproximação real à 
complexidade presente ao longo do processo histórico (BAEZ, 2010). Nesse item da 
unidade, iremos abordar basicamente, a revolução Mexicana e a revolução 
Cubana, ambas não são totalmente camponesas, mas utilizam de seu apoio para 
serem levadas adiante. 
Em 1910, o México sendo comandado politicamente por Porfírio Díaz, que 
teria instituído uma ditadura militar no México entre os anos 1876 e 1880 e também 
1884 a 1911, ficando portanto por mais de 30 anos no poder. A revolução Mexicana 
ocorreu no ano de 1910, iniciada no sul do México e oi liderada pelo Exército 
Libertador do Sul contra os latifundiários que monopolizavam as terras e os recursos 
hídricos para produção da cana-de-açúcar. 
Foi liderada por Emiliano Zapata e Pancho Villa líderes revolucionários 
mexicanos e até hoje considerados heróis para muitas pessoas do México. O 
zapatismo chamou muita atenção e despertou solidariedade dos operários, dos 
grupos revolucionários, dos sindicalistas, dos anarcosindicalistas e dos socialistas, 
que inclusive viviam fora das fronteiras do México. 
A Revolução Mexicana venceu a hegemonia da oligarquia, sucedendo-a 
por uma burguesia agrária, proporcionando mudanças relevantes na economia, na 
política, na diplomacia, nos campos social e cultural e nas relações entre Estado e 
Igreja. Dessa maneira, o alcance da Revolução Mexicana ultrapassou, de longe, as 
suas fronteiras físicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
Figura 7: Emiliano Zapata, vestindo seu traje típico. 
 
Disponível em: https://bit.ly/2Ram6nQ . Acesso em: 11 mar. 2021. 
 
O significado da Revolução Cubana para a América Latina tem sido 
avaliado das mais diferentes formas. É evidente que o impacto da revolução incidiu 
de maneira mais direta nos segmentos sociais de esquerda, sobretudo entre os 
comunistas. Entretanto, o fato do exemplo de Cuba ter adquirido grande 
notabilidade no interior dos círculos marxistas latino-americanos não implica em 
dizer que foi apenas nesses meios de esquerda que incorreram os desdobramentos 
do processo revolucionário cubano (FERREIRA, 2009). 
A Revolução Cubana, ocorrida em 1959, foi um movimento guerrilheiro que 
derrubou o governo ditatorial de Batista. Implementou em Cuba o regime 
socialista e vinculou a ilha caribenha política e economicamente à União Soviética. 
Fidel Castro estava no México, quando organizou um grupo de guerrilheiros, com o 
apoio de revolucionários como: Ernesto “Che” Guevara, Camilo Cienfuegos e do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
seu irmão Raul Castro. 
A revolução cubana modificou o cenário agrário de Cuba, 150 mil famílias 
tornaram-se proprietárias com a Reforma Agrária, proclamada por Fidel em 17 de 
maio de 1959. 
A partir de Cuba alinhou ao modelo socialista, diversas intervenções foram 
feitas no âmbito da saúde e da educação do país, as quais são consideradas 
referências hoje em dia. Mas o modelo cubano também sofre de muitas críticas 
pela falta de liberdade de expressão e pelas condições de pobreza que muitos 
cubanos estão submetidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pronunciamento de Fidel Castro em 1962: 
 
“Não pretendemos que A História me absolverá seja uma obra clássica do marxismo. Ela 
é expressão de um pensamento avançado, de um pensamento revolucionário ainda 
em evolução. Não é manifestação de um marxista, mas de um jovem que se 
encaminha para o marxismo e começa a atuar como marxista. Mais do que o valor 
teórico, tanto do ponto de vista econômico como político, seu valor permanente reside 
na denúncia viva de todos os horrores e crimes da tirania, em ter posto a nu o regime de 
Batista, cruel e covarde, tirânico e assassino” (CASTRO, 1986). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. “Trabalhadores rurais ligados à Confederação Nacional dos Trabalhadores na 
Agricultura (Contag) e à Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da 
Agricultura Familiar (Fetraf) fazem uma manifestação na Esplanada dos 
Ministérios desde as 9h30 desta quarta-feira (20). Eles reivindicam a 
implementação da reforma agrária e de melhorias no campo. (…) 
O secretário de formação e organização social da Contag, Jurassi Souto, 
afirmou que os trabalhadores rurais lutam também pela segurança no trabalho, 
pela geração de emprego no campo e a fiscalização nas empresas. "A reforma 
agrária no Brasil é fundamental para a geração de empregos e na venda e 
produção de alimentos", disse. "Precisamos avançar e não retroceder." 
 
G1 – Distrito Federal, 20 mai. 2015. Adaptado 
 
O argumento em favor da reforma agrária associa a sua implementação ao 
aumento da produção de alimentos por intermédio: 
 
a) da ocupação de latifúndios não produtivos. 
b) do controle do Estado sobre a produção agrícola. 
c) da redução da produção para o mercado externo. 
d) da obrigatoriedade em produzir grãos em terras doadas. 
e) do combate ao desperdício em propriedades rurais. 
 
2. Sabemos que a Reforma Agrária no Brasil tem sido alvo de grandes 
manifestações a favor de agricultores desprovidos de terras para plantar. Entre 
essas manifestações, muitas delas são promovidas por movimentos que se 
agrupam para reivindicar terras ao Governo. Assinale a alternativa abaixo que 
indica um movimento criado com o propósito de reivindicar terras para 
agricultores que não tem onde plantar. 
 
a) Movimento dos Sem Teto 
b) Movimento dos Sem Terras 
c) Movimento dos Sem Emprego 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
d) Movimento de Libertação dos Sem Terras 
e) Movimento dos Agricultores Aposentados 
 
3. Sobre concentração fundiária, reforma agrária e lutas sociais no campo 
brasileiro, analise as assertivas abaixo: 
 
I. Os camponeses se organizam como uma forma de resposta à expansão 
capitalista sobre o seu território. 
II. Os sem-terra surgem como um novo sujeito social e organizado. 
III. A luta pela terra desemboca na ocupação de minifúndios. 
IV. A emergência dos conflitos no campo brasileiro indica que os camponeses não 
estão inseridos nas políticas governamentais. 
V. A luta pela terra e a criação de assentamentos de sem-terra interferem na 
organização espacial e na reconfiguração regional. 
 
Quais estão corretas? 
 
a) Apenas I e II. 
b) Apenas IV e V. 
c) Apenas I, II e V. 
d) Apenas II, III, IV e V. 
e) I, II, III, IV e V. 
 
4. Acerca do Movimento dos Sem-Terra (MST) e da Reforma Agrária no Brasil, é 
CORRETO afirmar que: 
 
a) o MST não recebe o apoio da Igreja e da Pastoral da Terra por invadir e destruir 
laboratórios de pesquisa de empresas reflorestadoras e áreas produtivas. 
b) organismos de países capitalistas avançados se opõem ao financiamento das 
marchas do MST em função dos interesses ligados ao Fundo Monetário 
Internacional. 
c) a imprensa e a mídia brasileira em geral não divulgam as invasões, confrontos e 
mortes ligados à luta pela terra, temendo alarmar o público. 
d) a Constituição de 1988 estabeleceu ser obrigação do governo realizar a reforma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
agrária e, diante da inoperância governamental, o MST articulou ações de 
ocupação de terras 
e) De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, cabe a população realizar a 
reforma agrária5. Visualize com atenção a imagem do chargista Latuff, e analise as proposições. 
 
Disponível em: https://bit.ly/3dCEFIN . Acesso em: 16 dez. 2020. 
 
I. A igualdade de forças entre os dois personagens da imagem está bem 
demarcada pela enxada na mão da mulher e a arma de fogo apontada pelo 
jagunço. 
II. A presença da balança na mão do atirador representa de que lado a justiça 
pende diante dos confrontos entre latifundiários e movimentos sociais de luta 
pela terra. 
III. A presença feminina, na charge, faz jus à histórica participação das mulheres 
nos movimentos sociais de ocupação pela terra. 
IV. A justiça está representada com uma venda no olho, indicando sua 
imparcialidade diante dos problemas de disputas de terra no Brasil; ela atua 
sempre do lado da legalidade, nesse caso, a favor da concentração de riqueza 
e de propriedade nas mãos de uns poucos. 
V. O chapéu representando o latifúndio simboliza os movimentos sociais que 
incluíram a questão da terra como pauta de luta. 
 
Assinale a alternativa correta: 
 
a) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
b) Todas as afirmativas são verdadeiras. 
c) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras. 
e) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras. 
 
6. (ESA) Quanto aos trabalhadores do campo, os posseiros são ocupantes de terras 
 
a) devolutas ou propriedades inexploradas. 
b) de outros mediante o pagamento de uma renda em dinheiro. 
c) de outros mediante o pagamento de uma renda em produto. 
d) das quais são proprietários formais. 
e) pertencentes ao Governo Federal e que são exploradas mediante contratos 
com o Ministério da Agricultura. 
 
7. (UFRB 2014) Os movimentos sociais se manifestaram/manifestam em diversos 
espaços e escalas, seja no campo ou na cidade, seja nos pequenos grupos 
locais ou nas grandes articulações sociais. Os movimentos sociais, enquanto 
sujeitos políticos coletivos, buscam nas suas atuais formas de atuação: 
 
a) Agir como forma de resistência à exclusão historicamente imposta, buscando 
em suas lutas a inclusão social em sua diversidade e a construção de outro 
projeto de sociedade. 
b) Colaborar com o sistema capitalista, defendendo a construção de projeto 
políticos excludentes e concentradores. 
c) Agir de forma individualista, em prol dos interesses de particulares. 
d) Contribuir para a degradação do meio ambiente, com atividades e ações 
consideradas não sustentáveis. 
e) No caso dos movimentos sociais do campo, estes têm agido como forma de 
aumentar a invisibilidade histórica que lhes negou o acesso à terra, a educação, 
a saúde, os meios de trabalho etc. 
 
8. (UFRB 2014) A Educação do Campo nasceu no âmbito da luta dos movimentos 
sociais pela terra e pela Reforma Agrária. Trata-se de uma política de campo e 
de educação na qual as escolas, além de situadas no campo, possam se 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
constituir enquanto projetos pensados, construídos e executados pelos 
camponeses. A luta pela Educação do Campo configura a luta desses 
movimentos sociais pelos territórios materiais e imateriais, ao qual foram 
historicamente excluídos. São caracterizadas enquanto ações da Educação do 
Campo: 
 
a) Desvalorização da cultura camponesa. 
b) Escolas criadas seguindo os padrões urbanos, com currículos e atividades 
voltadas à vida na cidade. 
c) A construção de projetos políticos pedagógicos coerentes com a realidade das 
discussões realizadas e necessárias ao campo. 
d) Incentivo ao fechamento das escolas do campo e deslocamento dos 
camponeses às escolas situadas na cidade. 
e) Desenvolvimento de uma formação escolar voltada à formação de mão de 
obra para o agronegócio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
GEOGRAFIA AGRÁRIA NO BRASIL E 
EM MINAS GERAIS 
 
 
 
O estuda da geografia, não está limitado ao estudo do espaço entendido 
como o local de atuação da sociedade, mas também com a conotação 
temporal, que imprime uma configuração diferenciada, no decorrer do tempo, a 
cada evento geográfico, seja ele um rio, uma fábrica, uma propriedade agrícola, 
uma cidade. Entender e caracterizar os eventos geográficos também variou no 
tempo e as mudanças nas formas de interpretar o espaço e as distribuições 
espaciais determinaram conjuntos de procedimentos e de temáticas distintos 
(FERREIRA, 2001). 
Dessa forma, a geografia agrária possui uma história muito característica no 
que se refere ao no da geografia, como: entender a superfície terrestre e identificar 
as formas de sua exploração (cultivos, técnicas, tecnologias e etc.) surge como a 
primeira forma de explorar a agricultura. Conceituada como uma atividade 
econômica que é praticada pelo homem e que tem o intuito de produzir alimentos 
e matéria-prima. Da mesma forma que o extrativismo vegetal e a pesca, a 
agricultura é tema muito longevo e comum da geografia. 
Existem muitas polêmicas quanto o assunto é concentração de terras no 
Brasil, reforma agrária brasileira, desigualdades sociais no campo, conflitos agrários, 
movimentos sociais no campo, etc. Quando trabalhados na educação básica, 
costumam gerar discussões mais acirradas, julgamentos com apropriação de causa 
e por muitas vezes sem nenhuma também, críticas embasadas e sem 
embasamento algum, seja os ânimos podem ser alterados de acordo com uma 
vertente ideologia ou outra. 
Como futuro(a) professor(a), você poderá ser alvo de crítica e julgamentos 
ao tratar de temas como esses, visto que estarás na linha de frente na construção 
do conhecimento e de argumentos à cerca destes assuntos. Alunos, responsáveis 
pelos alunos e colegas de trabalho, munidos de informações infundadas como as 
que podem ser veiculadas em jornais, revistas, sites com algum viés político de uma 
ou outra corrente ideológica, podem dificultar a abordagem em sala de aula, visto 
que algumas mensagens de ordem não científica ou até mesmo com veracidade 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
duvidosa podem tornar a discussão argumentativa entre os alunos, em uma troca 
de farpas de viés ideológico e com pouca abordagem com base em fatos 
histórico, dados e ciência. Porém, o debate, mesmo que difícil, deve ser conduzido 
da melhor forma possível, buscando informações à respeito da história brasileira, 
impactos sociais de uma ou outra tomada de decisão, desigualdades sócias e 
econômicas, buscando a construção do conhecimento coletivo, com 
argumentações variadas, respeitando as opiniões e os posicionamentos individuais. 
 
3.1 CONCENTRAÇÃO DE TERRAS NO BRASIL 
A problemática de divisão de terras no Brasil é histórica, perturbada e 
marcada por infinitos conflitos, no âmbito político, social, ambiental e jurídico, 
inclusive com inúmeros crimes e assassinatos. A conquista, disputa e luta pela terra, 
evidencia um cenário de terror, despreparo e denota falta de tomada de decisões 
históricas à cerca do assunto no território brasileiro. Não é exagerado dizer que o 
país apresenta uma das mais injustas estruturas fundiárias do mundo. Áreas de 
grandes extensões estão nas mãos de poucas pessoas, especialmente nas regiões 
Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. 
 
 
 
Em resumo, grande quantidade de terras e os objetivos da colonização 
definiram a forma de adaptação de uma legislação feita para a metrópole para 
ser aplicada à colônia e levaram ao estabelecimento de grandes unidades 
produtivas e grandes latifúndios improdutivos na forma de posses ou sesmarias. 
Mesmo com uma cláusula explícita de cultivo, proporcionar à administração 
colonial os poderes de retomar as terras incultas apropriadas, a parte da legislação 
que coibia o latifúndio improdutivo nunca foi cumprida. Ainda que possuindo suas 
origens no sistema sesmarial, seria injusto responsabilizar a ele a causa da 
persistência do latifúndioimprodutivo em épocas subsequente. Ao finalizar aquele 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
período, somente uma parcela pequena do território nacional estava apropriada e 
restavam grandes quantidades de terras devolutas (SILVA, 1997). 
 
 
 
A ausência de uma legislação que normalizasse o acesso à terra durante o 
tempo que decorreu até 1850 e a continuidade do padrão de exploração colonial 
(agricultura predatória e trabalho escravo) resultou na frutificação, sem qualquer 
controle, do apossamento e multiplicaram-se os latifúndios improdutivos. Em 1850 
surgiu a Lei de Terras, após muitos anos sem nenhuma legislação de acesso à terra. 
Foi estabelecido com a Lei que a aquisição de terras no Brasil seria possível somente 
por intermédio da compra. Importante ressaltar que essa lei foi elaborada pelos 
grandes latifundiários da época, com o objetivo de dificultar o acesso à terras pelos 
negros e pelos imigrantes. Esse fato refletiu não somente no período em questão, 
mas em todo o contexto atual do Brasil. 
Em resumo, a apropriação da terra no Brasil, parte integrante do processo de 
formação do território brasileiro, teve como fato marcante a delimitação das 
capitanias hereditárias e a demarcação de sesmarias, das quais, mais tarde, 
formaram-se os latifúndios. 
 
3.2 REFORMA AGRÁRIA BRASILEIRA 
O Brasil é um país cuja história é marcada pela desigualdade na distribuição 
de recursos produtivos. Os altos índices de concentração de terras refletem a 
estrutura agrária criada pela Corte portuguesa e a orientação das políticas dos 
governos brasileiros, que optaram pela modernização conservadora da agricultura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
ao invés de realizar um amplo programa de reestruturação fundiária como 
estratégia de desenvolvimento rural (NEUMANN; DALBIANCO, 2012). 
De acordo com o Estatuto da Terra, a Reforma Agrária é o conjunto de 
medidas conduzidas pelo Poder Público com o intuito de propiciar a distribuição de 
terras entre trabalhadores rurais por meio de alterações no regime de posse e uso, 
atendendo aos princípios de justiça social e aumento da produtividade, conforme 
preconiza a Lei nº 4.504/64. 
O governo de Castelo Branco criou em 1970, o Instituto Nacional de 
Colonização e Reforma Agrária (Incra), ligado ao Ministério da Agricultura. Um dos 
objetivos buscados com a criação do Incra foi o de estimular a consolidação de 
unidades de produção por meio da organização social e econômicas das 
comunidades. Com essas medidas o governo pretendia integrar as populações 
marginalizadas ao processo de desenvolvimento em curso, utilizando nesse 
processo da assistência técnica e extensão rural. 
Para Pimentel (2007), embora fossem criadas instituições de apoio à reforma 
agrária e estabelecidas orientações normativas para sua atuação, o serviço de 
assistência técnica preconizado para os assentados durante os governos militares 
não saiu do papel, tendo ficado restrito a ações pontuais, muitas vezes 
desarticuladas e executadas pelas entidades locais ou regionais. 
Na década de 1980, com o fortalecimento da organização popular e com a 
criação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), voltaram à pautas 
as reivindicações de políticas públicas destinadas a atender os agricultores(as) sem-
terra e os assentados que já viviam em assentamentos da reforma agrária, embora 
não tenha sido realizada uma reforma agrária de fato (NEUMANN; DALBIANCO, 
2012). 
No ano de 1985, no auge da abertura democrática do país, foi substituído o 
presidente da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater) 
e as novas orientações propostas pareciam contemplar as reivindicações dos sem-
terra e assentados. Porém, essa proposta de mudança de orientação das políticas 
governamentais de assistência técnica e extensão rural tiveram poucas 
repercussões. A partir das crises econômicas e políticas do governo Sarney e da 
extinção da Embrater em 1990, pelo governo de Fernando Collor de Mello, a 
responsabilidade pela oferta dos serviços de assistência técnica e extensão rural 
aos agricultores foram repassadas aos governos estaduais e municipais e às 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
empresas privadas. 
 
 
Figura 8: Charge ilustrativa da concentração de terras no Brasil e ausente de Reforma 
Agrária. 
 
Disponível em: https://bit.ly/3mnTsuU Acesso em: 17 dez. 2020. 
 
A luta pela reforma agrária é de grande relevância para a soberania 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
alimentar e para o acesso ao trabalho, da mesma forma que tem o propósito de 
estender a agricultura familiar, com desígnios à efetivação de serviços e direitos 
sociais ao povo do camponês (SPERB, 2017). 
 
3.3 MOVIMENTOS SOCIAIS CAMPONESES EM MINAS GERAIS 
A redemocratização do brasileira no ano de 1945 foi acompanhada por 
referências mais organizadas, na imprensa, a lutas no campo e com o início de uma 
organização dos camponeses. Tem-se dificuldades em certificar se é nesse processo 
que as lutas perduraram ou se em consequência de uma conjuntura política mais 
favorável que elas tornaram-se mais populares e então aumentaram suas 
possibilidades. A realidade é que no meio da década dos anos 40 apareceram 
algumas entidades de representação camponesa nos estado Pernambuco, São 
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (MEDEIROS, 1989). 
Por meio de esforços contrário aos aumentos das taxas de arrendamento 
que nasceram as primeiras ligas camponesas nos estados de Goiás e também no 
Triângulo Mineiro. O primeiro confronto mais sério relacionado à essas questões que 
se tem notícias foram na década de 1950, na cidade de Orizona, estado goiano. 
Resguardados de dispositivo da Constituição do Estado que determinava o limite 
da taxa de arrendamento em 20%, os trabalhadores rejeitaram-se a pagar os 50% 
até então estabelecido pelos donos das propriedades rurais e acabaram saindo 
vitoriosos. 
No ano sequente, os proprietários das terras se organizaram e, no período de 
plantar, recusaram em dar trabalho aos que teriam participado do movimento. 
Ainda nos anos de 1950, foi verificada uma luta com características parecidas em 
Canápolis (MG), na fazenda do Frigorífico Anglo. Logo após foi a vez da fazenda 
Gariroba, em Américo de Campos, São Paulo, envolvendo 400 famílias de 
arrendatários. Nessas ocasiões, as lutas contrárias à expulsão se tornaram lutas pela 
posse da terra. Porém, o que todas tem em comum é que houveram intensas 
repressões. 
Se o Congresso de Belo Horizonte é considerado um divisor de águas entre as 
correntes que disputavam a hegemonia da condução das lutas dos trabalhadores 
rurais, ele guarda outros significados também. Antes de mais nada, ele marcou 
como nenhum outro evento o reconhecimento social e político da categoria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“camponês”, sintetizando um conjunto de forças heterogêneas que lutavam no 
campo. A presença no encontro de personalidades como o governador de Minas 
Gerais, Magalhães Pinto, do primeiro-ministro Tancredo Neves e do próprio 
presidente da República, João Goulart, o destaque que recebeu em toda a 
imprensa, são indicadores de que ele se constituiu num fato político de relevo e um 
termômetro da gravidade que a questão agrária assumia. A representatividade das 
delegações, a diversidade de situações representadas, o caráter das 
reivindicações levantadas e o clima do encontro indicavam que não era mais 
possível tratar a questão agrária com medidas locais, seja de caráter repressivo, 
seja através de soluções parciais negociadas. Realizar transformações profundas na 
estrutura agrária aparecia como uma questão essencial do desenvolvimento 
nacional. Por outro lado, ele deu um novo impulso às lutas no meio rural (MEDEIROS, 
1989). 
Se houve um fortalecimento das organizações dos trabalhadores, o período 
também assistiu a uma revitalização das entidades representativas dos interesses 
dos proprietáriosde terra. Multiplicaram-se as associações de nível municipal, as 
federações estaduais e já no início dos anos 50 surgiu a Confederação Rural 
Brasileira. Essas agremiações, longe de ter um papel decorativo, constituíram-se, 
pelo menos em alguns estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, 
em pólos de debate e de geração de propostas para a agricultura, procurando 
contestar a imagem de atraso que era atribuída a seus associados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 9: Capa do Jornal Novos Rumos, noticiando em destaque o Congresso de Belo 
Horizonte, ano de 1961. 
 
Disponível em: https://bit.ly/3sYySUg . Acesso em: 17 mar. 2021. 
 
Participaram um total de 1.600 delegados, de diversos pontos do país, para discutir os 
seguintes temas, propostos pela entidade que organizou o encontro: soluções para o 
problema da propriedade e do uso da terra no Brasil; medidas imediatas e parciais de 
reforma agrária; formas de arrendamento e parceria; direitos dos pequenos e médios 
proprietários rurais; ajuda aos cultivadores agrícolas, assalariados e semi-assalariados 
rurais; organização das massas trabalhadoras do campo; e reivindicações 
democráticas e sociais. No geral, os estudos sobre os movimentos camponeses nos anos 
50/60 consideram o Congresso de Belo Horizonte como um marco das lutas, ressaltando 
dois aspectos principais: a proposta de reforma agrária radical, “na lei ou na marra” e 
as divergências entre Francisco Julião e o Partido Comunista Brasileiro, em torno da 
validade da luta por medidas parciais de reforma agrária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Já em 1980 surgiram outras experiências de greves, mais localizadas, como 
foi o caso dos apanhadores de café da Bahia e dos canavieiros de Passos, em 
Minas Gerais. Mas foi nas áreas de cana do Nordeste que se concentraram os 
esforços no sentido de aplicar o modelo que se constituía em Pernambuco. 
Em outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais a 
movimentação dos trabalhadores ultrapassou os passos legais e, em algumas 
situações, adiantou-se aos próprios sindicatos. No interior do sindicalismo criavam-
se, assim, novos fatos políticos, que levavam ao questionamento de um modelo que 
muitos viam como ritualizador e burocratizador das greves. Com eles, surgiram 
padrões distintos de ação sindical que, mais do que uma adaptação local de um 
modelo geral, constituíram-se em uma nova concepção sobre o que significava a 
luta sindical. 
A partir de agora iremos trabalhar alguns dados sobre os movimentos 
socioterritoriais no estado de Minas Gerais. Vamos entender por movimentos 
socioterritoriais, aqueles movimentos produtores e construtores de espaços e 
transformadores de espaços em territórios (FERNANDES, 2005). 
Na tabela 2, podemos observar em ordem crescente, os movimentos sociais 
mais atuantes no período de 2000 a 2007, no estado de Minas Gerais, totalizando 
319 ocupações, com mais de 36 mil famílias envolvidas em 164 municípios. O 
movimento mais atuante foi o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), 
com 172 ocupações, equivalendo a 54% do total de ocupações, seguido pela 
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) com, 64 
ocupações e o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), com 21 ocupações. 
 
Figura 10: Movimentos socioterritoriais mais atuantes em Minas Gerais por número de 
ocupações entre 2000 e 2007. 
 
Fonte: GONZAGA (2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A luta e, principalmente, o que tange suas espacializações. Os dois 
movimentos com mais ocupações de terras, o MST e a CONTAG, possuíram 
atuações concentradas em mais de três mesorregiões mineiras, demonstrando a 
força quanto a sua representatividade e potencial de mobilização (Figura 9). 
Podemos observar que na região sul de Minas Gerais, apresenta menores 
números de ocupações, ao passo que a região Norte e Noroeste, apresentam 
maior número de ocupações, com ampla atuação do MST e CONTAG, 
evidenciando a força desses movimentos organizados em relação à totalidade de 
movimentos atuantes no estado. 
 
Figura 11: Minas Gerais: Espacialização municipal dos movimentos socioterritoriais com mais 
ocupações de 2000 a 2007. 
 
Fonte: GONZAGA (2009). 
 
No que tange a realidade espacial das ocupações de terra, Minas Gerais é 
considerado um dos maiores estados da federação em número de ocupações de 
terras e, evidentemente, apresenta elevada atuação dos movimentos 
socioterritoriais, tanto que, de 1988 a 2007, o estado foi o 4º colocado com maior 
número de ocupações, diante dos outros estados brasileiros (Figura 10), ficando 
atrás de São Paulo, Pernambuco e Paraná. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 12: Os 10 maiores estados em ocupações de terra entre os anos de 1988 e 2007. 
 
Fonte: GONZAGA (2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIXANDO O CONTEÚDO 
1. Leia o trecho abaixo 
 
“Não queremos viver na escravidão 
Nem deixar o campo onde nascemos 
Pela terra, pela paz e pelo pão: 
Companheiros, unidos venceremos. 
Hoje somos milhões de oprimidos 
Sob o peso terrível do cambão 
Lutando, nós seremos redimidos. 
A Reforma Agrária é a solução”. 
Hino do Camponês, fins da década de 1950, apud MEDEIROS, Leonilde Sérvolo de. 
História dos movimentos sociais no campo. Rio de Janeiro: FASE, 1989, p. 70. 
 
Art. 16. Reforma Agrária visa a estabelecer um sistema de relações entre o homem, 
a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o 
progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do 
país, com a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio. Parágrafo único. O 
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será o órgão competente para promover e 
coordenar a execução dessa reforma, observadas as normas gerais da presente Lei 
e do seu regulamento. Lei no 4.504, Estatuto da Terra, de 30 de novembro de 1964. 
 
Considerando as duas fontes, analise as afirmações a seguir: 
 
 I - A política de redistribuição de terras, definida no Estatuto da Terra, 
equacionou os conflitos no mundo rural. 
II - O Estatuto da Terra era um projeto de Estado, que compartilhava a 
responsabilidade sobre a reforma agrária com os atores do campo. 
III - A luta pela reforma agrária, entre os anos 1940 e 1960, contribuiu para a 
afirmação do trabalhador rural como ator político. 
IV - O Hino do Camponês expressa a luta contra o domínio dos latifundiários, 
caracterizado pela superexploração do trabalho no campo. 
 
Estão corretas APENAS as afirmações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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a) I e II 
b) I e III 
c) II e III 
d) III e IV 
e) I, II e IV 
 
2. Sobre o conceito de reforma agrária, é correto afirmar que: 
 
a) a reforma agrária é o processo de redistribuição das propriedades produtivas de 
um determinado país ou região. 
b) a reforma agrária é o processo de redistribuição das propriedades rurais 
improdutivas para camponeses que não possuem terras. 
c) é uma política de incentivo à produção agrária vinculada ao Ministério do 
Desenvolvimento Agrário. 
d) a reforma agrária é o processo de redistribuição das propriedades rurais 
improdutivas que só atende que tem condições para produzir na terra. 
e) a reforma agrária é o processo de doação de terras para o Governo, que 
produzirá alimentos para os mais carentes. Muitos fazendeiros realizam essa 
prática em troca de isenção de impostos. 
 
3. “Não deixa de causar certo desconforto, entre aqueles que têm se dedicado ao 
estudo das transformações no mundo rural, estarmos aqui reunidos, em pleno 
século XXI, para falar de reforma agrária, uma questão que já deveria ter sido 
resolvida no Brasil desde a segunda metade do século XIX. Entretanto, por fazer 
parte da realidade atual, como uma questão importante a ser tratada – 
embora, muitos dos que a defendiam no passado recente não mais pensem 
assim– não podemos e nem temos o direito de ignorá-la, pelo significado que 
ela encerra, seja do ponto de vista sócio-econômico, seja da dimensão política 
que lhe é inerente”. 
(LOPES, E. S. A. A Reforma Agrária no Brasil: um velho problema, esperando uma 
solução que nunca chega? Fundação Joaquim Nabuco. Acesso em: 22 maio de 2015.) 
 
A justificativa principal para a defesa da reforma agrária no Brasil assenta-se 
na existência, no espaço rural do país, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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a) da defasagem dos impostos rurais. 
b) do declínio no êxodo rural atual. 
c) da concentração fundiária. 
d) do decréscimo produtivo agrícola. 
e) da importância dos movimentos sociais do campo. 
 
4. Entre os efeitos de uma eventual realização da reforma agrária no espaço 
geográfico brasileiro, podemos assinalar corretamente: 
 
a) concentração das posses rurais. 
b) favorecimento do êxodo rural. 
c) aumento da agricultura familiar. 
d) extinção dos minifúndios. 
e) cultivo de monocultura. 
 
5. No que se refere à desapropriação para reforma agrária pelo interesse social, 
pode-se afirmar que: 
 
a) Haverá prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de 
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do 
segundo ano de sua emissão. 
b) Cabe a lei ordinária estabelecer procedimento contraditório especial, de rito 
sumário, para o processo judicial de desapropriação. 
c) Não estão isentas de impostos federais as operações de transferência de imóveis 
desapropriados para fins de reforma agrária. 
d) As benfeitorias necessária serão indenizadas em dinheiro, ao passo que as úteis 
não serão indenizadas. 
e) Haverá orçamento semestral para fixar o volume total de títulos da dívida 
agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de 
reforma agraria no exercício. 
 
6. Baseando-se em seus conhecimentos sobre a questão agrária no Brasil, leia 
atentamente as afirmações a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
I. Os movimentos pela reforma agrária ganham força no Brasil a partir dos anos 
de 1950, com a formação das Ligas Camponesas. 
II. A reforma agrária é uma política de reestruturação fundiária, ou seja, de 
definição de regras para a posse da terra, com a finalidade de atender sua 
função social. 
III. No Brasil, os latifúndios (grandes propriedades rurais) são heranças das 
plantations do Brasil colônia. 
 
Podemos considerar corretas a(s) afirmativa(s): 
 
a) apenas I. 
b) apenas II. 
c) apenas III. 
d) apenas l e lll 
e) Todas estão corretas. 
 
7. A Constituição Federal de 1988 legitimou a realização da reforma agrária no 
Brasil. Porém, essa determinação gerou muitos conflitos em virtude da: 
 
a) falha no artigo da Constituição ao não determinar o que é considerado 
propriedade improdutiva, dando margem para diversas interpretações, tanto a 
favor da reforma agrária quanto contra. 
b) falha na execução da lei, uma vez que muitas propriedades produtivas são 
redistribuídas para os camponeses. 
c) falha na execução da lei, já que muitas propriedades improdutivas são 
redistribuídas para grandes latifundiários em vez de serem repassadas para 
trabalhadores sem-terra. 
d) falha no artigo da Constituição, que determina que todas as propriedades 
agrárias estão sujeitas a serem redistribuídas de acordo com a vontade do 
poder público. 
e) falha na execução da lei, que não prevê indenizações para os proprietários das 
terras desapropriadas, causando, assim, muitos conflitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
 
8. No Brasil, a reforma agrária nunca foi plenamente realizada. Um dos principais 
fatores que impedem a sua realização no país é: 
 
a) A falta de interesse dos camponeses em adquirir propriedades, já que o Brasil 
possui diversas propriedades disponíveis para a redistribuição de terras. 
b) O baixo preço pago pelo Governo pelas propriedades desapropriadas 
desincentiva os fazendeiros a entregarem suas terras para a redistribuição 
promovida pela reforma agrária. 
c) A grande corrupção dos movimentos que lutam em prol da reforma agrária, o 
que acaba resultando na não redistribuição das terras conquistadas. 
d) O custo de manutenção dos assentados, pois, mais do que apenas desapropriar 
e redistribuir terras, a reforma agrária tem que dar condições para o camponês 
produzir nas terras adquiridas. 
e) O pequeno número de terras improdutivas no país faz com que não seja possível 
realizar nenhuma redistribuição, já que, segundo a constituição de 1988, 
somente as terras improdutivas podem ser redistribuídas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
 
AGRICULTURA SOB DIFERENTES 
MODOS DE PRODUÇÃO 
 
 
 
O Brasil com sua dimensão continental, influenciado por diferentes povos e 
culturas, se torna um país heterogênio na sua constituição básicas dos conceitos de 
produção rural de alimentos, produtos não-alimentícios e pecuária no campo. A 
ideia de produtor rural varia de pessoa para pessoa, nas diferentes regiões do país. 
O campo brasileiro é diversificado em pensamentos, ideias, construção coletiva ou 
individual, culturais e econômicas e todos esses aspectos influenciam no sistema de 
produção adotado pelos produtores(as) rurais, trabalhadores(as) rurais, homens e 
mulheres do campo. 
Do Arroio Chuí, no extremo Sul do Rio Grande do Sul, ao Monte Caburai em 
Roraima no extremo Norte do Brasil passando pela Serra da Contamana no Acre, 
extremo Oeste e pela Ponta do Seixas na Paraiba, ponto mais extremo ao Leste. 
Observamos povos com diferentes influencias culturais, econômicas, de saberes e 
princípios, não podemos colocar tudo isso no mesmo bolo e padronizar a 
agricultura e as formas de viver no campo, criando um modelo de produtor(a) rural. 
Devemos respeitar suas peculiaridades e trabalhar a agricultura e a pecuária nessas 
diferentes abordagens. 
No mercado tem se notado um aumento na procura por alimentos com 
menos cargas de agrotóxicos por parte do consumidor final, pensando 
principalmente na sua saúde, meio ambiente e estilo de vida. Com isso, muitos 
produtores(as) tem-se mostrado disposto à produzir de maneira menos agressiva ao 
meio ambiente, lembrando que a motivação dos agricultores(as) para ingressar 
nesse processo podem ser outros como: vontade pessoal, insatisfação com o 
modelo convencional, saúde da família envolvida na produção, qualidade de 
vida, manutenção da natureza, não depender de insumos externos, maior 
autonomia de gestão e produtiva, atender a um público do mercado, não perder 
clientes, qualidade nutricional do alimento e etc. 
Levando em consideração os aspectos abordados acima, podemos citar 
algumas abordagens, modelos, formas e maneiras de fazer e viver a agricultura: 
agricultura convencional, agricultura orgânica, agroecologia, agricultura 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 
biodinâmica, agricultura natural, extrativismo, pecuária convencional, pecuária 
orgânica, entre outros. Obviamente, que existem algumas que sobressaem em 
termos de área e número de pessoas envolvidas e outras que estão ganhando 
espaço nas últimas décadas. 
 
4.1 AGRICULTURA CONVENCIONAL 
Terminada a segunda guerra mundial a indústria mundial tem em mãos 
muitos produtos que sobraram e novos produtos descobertos no período. O que 
fazer com tais produtos? Com isso, começam a ser utilizados e testados na 
agricultura, culminando assim no que chamamos de “Revolução verde”. Teve início 
no México na década de 1950 e é o termo adotado para contemplar o conjunto 
de práticas, eventos e tecnologias que modificaram o panorama e contexto da 
agricultura mundial, elevando drasticamente seus níveis de produtividade para 
patamares jamais vistos até então. 
É o modelo de agricultura predominante no país, a grande maioria dos 
produtos agropecuários nacional é produzida nesta forma, logo a maior partedos 
alimentos que chegam à mesa das famílias brasileiras também são produzidos desta 
maneira. Está relacionado principalmente com produções de larga escala, levando 
em consideração primária a produtividade do sistema, e para isso, se faz uso de 
fertilizantes químicos, agrotóxicos, sementes transgênicas, máquinas agrícolas de 
diferentes tecnologias e tamanhos, de maneira geral a preocupação ambiental se 
torna baixa ou secundária nesse processo. 
Ela se baseia no aumento da sua produção à medida em que se incrementa 
tecnologias. Isso nos conduz ao importante conceito de produtividade agrícola, 
relação entre a produção total e a área cultivada. Por exemplo, se produzimos 350 
toneladas de soja em 100 hectares, a produtividade do nosso empreendimento 
agrícola é de 3.500 kg/ha. A produtividade está sempre relacionada à uma 
unidade de área. Quando falamos de produção agrícola, podemos aumentar a 
produtividade sem aumentar a área plantada, logo, teremos uma produção total 
maior. Tornando a área utilizada mais rentável, pensando sempre se as tecnologias 
implantadas não ultrapassem o valor final de venda do produto. Não podemos 
esquecer que implantar novas tecnologias, grande maioria das vezes, requer 
investimento de capital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
De maneira geral, esse tipo de agricultura é capitalizada, baseada em 
grandes investimentos, porém existem muitos produtores familiares que também 
produzem se baseando nesses conceitos. Por esse motivo, a forma mais palpável de 
se falar em geografia agrária moderna é por meio dos notáveis complexos 
agroindustriais. Há uma incessante troca entre a indústria tecnológica e a 
agropecuária, sendo que a primeira fornece tecnologia e a segunda oferece o 
capital. Finalmente, ainda tem-se o sistema financeiro, o qual é responsável por 
financiar toda essa cadeia produtiva. 
 
 
 
4.2 AGRICULTURA FAMILIAR 
No Brasil a agricultura familiar já recebeu diferentes nomes, mesmo sendo um 
termo utilizado há décadas. Devido à heterogeneidade dos processos agrícolas se 
torna complexo a definição de agricultura familiar. Sendo a agricultura familiar a 
principal responsável pela produção de alimentos que chegam à mesa dos 
brasileiros. 
Conforme, Gasson e Errigton, (1993), na agricultura familiar a gestão é 
realizada pelos proprietários da terra, como o nome mesmo sugere, os responsáveis 
pelo empreendimento estão ligados entre si por laços de parentesco. A mão-de-
obra é fundamentalmente familiar e o conjunto de bens de produção de 
produção, os valores à pagar, valores à receber são pertencentes a família. Os 
membros da família vivem no mesmo local em que produzem e seus bens são 
transferidos de geração em geração dentro do núcleo familiar. 
 
[...] o Decreto nº 9.064, de 31 de maio de 2017, dispõe sobre a 
Unidade Familiar de Produção Agrária, institui o Cadastro Nacional 
da Agricultura Familiar e regulamenta a Lei nº 11.326, de 24 de julho 
de 2006, que estabelece as diretrizes para a formulação da Política 
Nacional da Agricultura Familiar e empreendimentos familiares rurais 
(Brasil, 2017). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
 
Segundo o IBGE (2017), 73% das pessoas que produzem no meio rural 
apresentam laço de parentesco com o produtor e 27% não apresentam laço de 
parentesco com o produtor, indicando uma importante característica do cenário 
agrícola brasileiro. 
A agricultura familiar pode apresentar diferentes formas de produzir seus 
produtos, podendo ser convencional, orgânica, agroecológica, biodinâmica, 
extrativista e até mesmo, sistemas de transição (por exemplo, sistema convencional 
sendo substituído pelo sistema de produção orgânico). Não há regra quanto ao 
sistema de produção, embora muitas vezes sejam ligadas a produção de alimentos 
com menos agrotóxicos de forma intuitiva, mas para essa afirmação ser correta, irá 
depender de como é a forma de produção da propriedade rural familiar que 
produziu aquele produto. Portanto, conhecer a origem do produto se torna 
fundamental para saber sua real procedência. 
 
4.3 AGRICULTURA ORGÂNICA 
Se fizermos uma retrospectiva ampla para esse termo, vamos perceber que a 
agricultura orgânica é uma forma de fazer agricultura que sempre existiu na história 
humana. Quando nasce a agricultura, nasce consigo a agricultura orgânica. Sua 
forma de produção busca respeitar os princípios da vida humana e da natureza, 
por meio de um sistema de produção menos agressivo ao ambiente natural. 
O termo agricultura orgânica é utilizado para todas as formas, maneiras e 
modelos alternativos de produção que não utilizam produtos químicos artificiais. 
Nesses moldes alternativos de agricultura, tem-se: agricultura orgânica, agricultura 
biodinâmica, agricultura biológica e permacultura. Existe também a agroecologia, 
a qual envolve em suas reflexões as questões sociais (BONILLA, 1992). 
Você já notou que nas embalagens de produtos orgânicos, há um selo? Pois 
é, se trata da sua certificação. É uma garantia para o consumidor final de que 
aquele produto passou por uma regulamentação e fiscalização para ser 
comercializado como orgânico e está de acordo com as normas estabelecidas 
pela legislação brasileira para produtos orgânicos. 
Segundo dados do IPEA (2020) a área destinada a produção brasileira de 
orgânicos no ano de 2007 eram de 932.120 ha, alcançando a marca de 1.136.857 
ha no ano de 2017, ou seja, um aumento de 204.737 ha, que representa uma taxa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
 
de crescimento anual de 2,0% em relação ás áreas destinadas à produção de 
alimentos orgânicos no país. 
Houve um crescimento importante na área no que tange a área de 
destinadas à agricultura orgânica. Mas, para que haja uma expansão contínua 
dessas áreas ao longo do tempo, dependerá da superação de alguns desafios, tais 
como: a necessidade de progressivos incrementos nas áreas de solo cultivável de 
manejo orgânico para atender ao consumo crescente, grande concentração da 
demanda mundial e padronização dos critérios de certificação (WILLER; LERNOUD, 
2018). 
 
 
 
4.4 AGRICULTURA AGROECOLÓGICA 
Aqueles que não acreditam no futuro da agricultura conforme os métodos 
convencionais praticados com o uso de fertilizantes químicos, inseticidas, fungicidas 
e herbicidas químicos procuram outros métodos de produção no campo, com a 
motivação de maior equilíbrio e sustentabilidade do agroecossistema local aliado a 
fatores sociais (o que difere da produção de orgânico), essa maneira de produção 
e organização chamamos de agroecologia. Importante ressaltar que muitas vezes 
os alimentos agroecológicos são tratados como alimentos orgânicos pelo 
consumidor final, por falta dessa conceituação básica do entendimento do 
envolvimento social no sistema de produção, ou seja, todo alimento agroecológico 
é orgânico, mas nem todo alimento orgânico é agroecológico. 
A Agroecologia tem sido ratificada como um campo do conhecimento com 
características multidisciplinares, apresentando uma série de princípios, conceitos e 
metodologias que nos permitem dirigir, estudar, desenhar, analisar e avaliar 
agroecossistemas. Os agroecossistemas são considerados as unidades 
fundamentais para o planejamento das intervenções humanas com interesse no 
desenvolvimento rural sustentável (CAPORAL; COSTABEBER, 2002). 
Diferentes autores conceituam o termo Agroecologia, sob uma perspectiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
 
mais ampla do tema podemos considerar que, a Agroecologia agrega ideias 
ambientalmente adequadas e sentimento social a respeito da agricultura, com 
características normativa ou prescritiva que transcendem os limites da agricultura 
propriamente dita (HECHT, 1989). 
Conforme ressalta Altieri (1995), a Agroecologia proporciona as bases 
científicas para apoiar o processo de transição a estilos de agricultura sustentável 
nas suas mais variadas manifestações ou denominações. Sob esta perspectiva,

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