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Trabalho escrito sobre a Política Nacional de Saúde Integrada LGBT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CENTRO DE CIÊNCIA DA SAÚDE 
COLEGIADO DE MEDICINA 
 
BEATRIZ GOMES DA FONSECA 
BIANCA GARCIA SARDI 
CARLOS EDUARDO DE NADAI 
DANIEL MARIANI FAVALESSA 
GUILHERME MARQUES NUNES MAMEDE 
JOÃO MAGNO VIANA TELLES 
LUCAS BRUMATTI SETUBAL 
MATHEUS GONÇALVES SANTOS 
NATHÁLIA MOREIRA MARQUES 
VICTÓRIA PAGANI SAMORA SOUSA 
 
 
POLÍTICAS NACIONAIS DE SAÚDE INTEGRAL LGBT: 
Processo Transsexualizador 
 
 
Vitória 
2021 
BEATRIZ GOMES DA FONSECA 
BIANCA GARCIA SARDI 
CARLOS EDUARDO DE NADAI 
DANIEL MARIANI FAVALESSA 
GUILHERME MARQUES NUNES MAMEDE 
JOÃO MAGNO VIANA TELLES 
LUCAS BRUMATTI SETUBAL 
MATHEUS GONÇALVES SANTOS 
NATHÁLIA MOREIRA MARQUES 
VICTÓRIA PAGANI SAMORA SOUSA 
 
POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL: 
Processo Transsexualizador 
 
Relatório apresentado à disciplina Saúde e 
Sociedade do Departamento de Medicina 
Social do curso de Medicina da 
Universidade Federal do Espírito Santo, 
como requisito parcial para avaliação. 
 
Orientadoras: Profª. Drª. Patrícia Duarte 
Deps e Profª. Drª. Maria Angélica Carvalho 
Andrade. 
 
 
Vitória 
2021 
1. INTRODUÇÃO 
1.1. Conceitos Importantes 
A Sigla LGBTQIA+ 
● L - Corresponde à população lésbica, ou seja, mulheres que se atraem por 
mulheres. 
● G - Corresponde à população gay, ou seja, homens que se atraem por homens. 
● B - Corresponde à população bissexual, que são homens e mulheres que se 
atraem por ambos os sexos. 
● T - Corresponde à população transgênero, que são as pessoas que não se 
identificam com seu sexo biológico. Essas pessoas podem receber ainda 
outras nomenclaturas de orientação sexual. 
● Q - Corresponde à população queer, serve para designar pessoas fora das 
normas de gênero, seja pela sua orientação sexual, identidade, expressão de 
gênero ou características sexuais. 
● I - Corresponde à população interssexual e descreve pessoas que 
naturalmente desenvolvem características sexuais que não se encaixam nas 
noções típicas de sexo feminino ou masculino, não se desenvolvem 
completamente como nenhuma delas ou desenvolvem naturalmente uma 
combinação de ambas. 
● A - Corresponde à população assexual, que não se atrai por nenhum gênero. 
● + - Corresponde à outra parte da comunidade, engloba os pansexuais, não-
binários e etc. 
1.2. Definição 
● Sexo Biológico - Corresponde ao sexo de nascença do indivíduo e está ligado 
à sua manifestação genotípica, podendo ser homem, mulher ou andrógeno. 
● Orientação Sexual - Corresponde ao que a pessoa é atraída, podendo ser 
heterossexual, homossexual, bissexual, panssexual, assexual, entre outros. 
● Identidade de Gênero - Corresponde ao gênero com o qual a pessoa se 
identifica, podendo ser cisgênero ou transgênero. 
○ Cisgênero - Quando a identidade de gênero da pessoa é a mesma do 
seu sexo biológico 
○ Transgênero - quando a pessoa se identifica com outro gênero que é 
diferente ao seu de nascença. 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
2.1. A Luta pelo Direito à Saúde 
Diversos movimentos foram necessários para que o direito à saúde fosse 
garantido a todos os grupos pertencentes ao grupo LGBTQIA +. Dentre eles, 
destacam-se alguns, assim como algumas épocas as quais foram marcadas por 
conquistas específicas: 
O Grupo Somos é reconhecido como precursor da luta homossexual; 
Ao surgir a epidemia HIV/Aids, no início dos anos 80, à época fortemente 
relacionada aos gays, o governo brasileiro apoiou mobilizações da população 
homossexual masculina na prevenção da doença; 
Até 1980, mulheres lésbicas e bissexuais eram invisíveis politicamente, sendo 
excluídas até mesmo do plano de prevenção ao HIV; 
2003: 12ª Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 2004): Direitos LGBT 
sendo pautado pelo SUS; 
2007: 13ª Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 2008): a orientação sexual 
e a identidade de gênero são incluídas na análise da determinação social da saúde. 
 
2.2. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bixessuais, 
Travestis e Transsexuais 
É um documento norteador e legitimador das necessidades e especificidades 
da população LGBTQIA +, em conformidade aos postulados de equidade previstos na 
Constituição Federal e na Carta dos Usuários do Sistema Único de Saúde. 
Esse documento seguiu as diretrizes de governo expressas no Programa 
"Brasil Sem Homofobia" - Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) -. A 
Política LGBT é composta por um conjunto de diretrizes cuja operacionalização requer 
planos contendo estratégias e metas sanitárias, além de sua execução requerer 
desafios e compromissos das instâncias de governo. 
Assim, o programa tem como objetivos: 
1. Garantir o uso do nome social; 
2. Qualificar e ampliar o acesso da população LGBT aos serviços de saúde 
do SUS; 
3. Criar iniciativas para a redução de danos e riscos à saúde da população 
LGBT; 
4. Oferecer atenção e cuidado à saúde de adolescentes e idosos 
pertencentes à população; 
5. Oferecer atenção integral na rede de serviços do SUS para a população 
LGBTQIA+ nas Doenças Sexualmente Transmissíveis; 
6. Reduzir os problemas relacionados à saúde mental, drogas, alcoolismo, 
depressão e suicídio, atuando na prevenção, promoção e recuperação 
da saúde. 
 
2.3. O Plano Operativo da Política Nacional de Saúde Integral LGBT: 
Desenvolvido entre 2012 a 2015, possui como principais objetivos a criação de 
estratégias para as gestões federal, estadual e municipal no que se refere ao 
enfrentamento às desigualdades em saúde da população LGBTQIA +, com o intuito 
de garantir a equidade e a integralidade. Nesse projeto, há a verificação das regiões 
da saúde e mapa da saúde, referentes ao espaço geográfico e a distribuição de 
recursos humanos, bem como ações e serviços ofertados pelo SUS e iniciativa 
privada. Na gestão solidária e participativa, há equipes interdisciplinares, identificando 
o contexto social e a qualidade de vida dessas populações, visando não apenas a 
maior vigilância e atenção básica à saúde, mas também cuidados especializados, 
urgência e emergência. Para a execução do plano, há quatro eixos: 
O primeiro consiste no acesso da população LGBT à atenção integral à saúde no que 
tange ao combate ao preconceito e a discriminação nos serviços de saúde, além do 
direito ao uso do nome social. Ademais, há também a ampliação do processo 
transsexualizador e a articulação entre Estados e Municípios. 
O segundo diz respeito às ações de promoção e vigilância em saúde da população 
LGBT quanto o aperfeiçoamento dos instrumentos de vigilância em saúde, incluindo 
orientação sexual e identidade de gênero, informações sobre a coleta de 
processamento de dados específicos da população LGBT, suas necessidades e 
especificidades. 
O terceiro eixo consiste na educação permanente de profissionais de saúde acerca 
da orientação sexual e de gênero, na inserção de temáticas LGBT e produção de 
material educativo e no desenvolvimento de pesquisas com esse grupo social. 
O quarto e último eixo se refere ao monitoramento e a avaliação das ações de saúde 
para a população LGBT com base nas propostas supracitadas, nos indicadores 
baseados na mortalidade dessa parcela social minoritária, bem como ao acesso 
destas populações à atenção integral à saúde. 
 2.4. Diretrizes Nacionais para o Processo Transsexualizador no SUS. 
Criada com a necessidade de estabelecer critérios, estruturar serviços, regular, 
avaliar e controlar a atenção especializada no que concerne ao Processo 
Transsexualizador. Com isso, a Portaria nº 457, de 19 de agosto de de 2008, é a 
responsável por especificar tais diretrizes, com o objetivo de estabelecer critérios, 
estruturar serviços, regulação, avaliação e controle da atenção especializada no que 
concerne a esse processo. 
 
 2.5. Desafios enfrentados por pessoas trans para acessar o processo 
transsexualizador do Sistema Único de Saúde 
 Para a população trans (transexuaise travestis) a transformação do corpo pode 
se constituir em um determinante social à saúde, já que isso representa para eles a 
produção de uma coerência entre as estruturas físico-corporais e as expectativas de 
gênero que desejam viver. Para que isso seja possível, eles precisam recorrer a 
procedimentos cirúrgicos, hormonioterapias, entre outros procedimentos que devem 
ser ofertados com qualidade pelo serviço público independente do seu status social. 
 Apenas em 2008, o Ministério da Saúde (MS) criou o Processo Transsexualizador 
do SUS (PTSUS) por meio da Portaria 1707/200811, passando a permitir o 
faturamento dos procedimentos transgenitalizadores, incorporando-os na tabela de 
procedimentos do SUS. O programa foi redefinido e ampliado pela Portaria 
2803/201312, passando a incorporar como usuários do processo transsexualizador 
do SUS os homens trans e as travestis, tendo em vista que até então apenas as 
mulheres trans eram assistidas pelo serviço. 
 É notório que a criação do processo trasngeneralizador no SUS representa um 
avanço em direção a uma real universalização do serviço público, contudo ainda 
apresenta muitos desafios que serão abordados a seguir. 
 
 2.5.1. 1° Desafio: Distribuição geográfica das unidades habilitadas para a 
oferta do processo transsexualizador do SUS 
 Até 9 de Setembro de 2018 haviam apenas 10 estabelecimentos habilitados 
,conforme as portarias do SUS, a ofertar ambas modalidades do processo 
transsexualizador, os quais estavam distribuídos da seguinte forma entre as regiões 
brasileiras: região sudeste com seis das dez unidades, seguida da região Sul, com 
duas unidades, Nordeste e Centro-Oeste, com uma unidade habilitada cada e a região 
Norte sem nenhuma. 
 É preciso ressaltar a importância da existência das duas modalidades de 
habilitação: ambulatorial, que oferece “acompanhamento clínico, acompanhamento 
pré e pós-operatório e hormonioterapia”, e hospitalar, com “realização de cirurgias e 
acompanhamento pré e pós-operatório”, haja vista que todas as etapas são essenciais 
para o sucesso do procedimento e não se pode exigir que o usuário do serviço público 
custeie as despesas inerentes a esse processo. 
 Nesse sentido, também é importante lembrar que população trans é vítima de 
marginalização social, descriminalização e violência, o que muitas vezes significa 
perda do apoio familiar, dificuldades em se inserir no mercado de trabalho formal e no 
convívio social, dessa forma não é coerente cobrar desse indivíduos a obtenção de 
recursos financeiros para a transformação do próprio corpo. 
 Somado a isso, a escassez de unidades habilitadas pelo SUS gera uma barreira 
geográfica que muitas vezes se torna intransponível devido às dificuldades financeiras 
envolvidas nesse processo, sendo assim aqueles que habitam áreas isoladas podem 
não ter acesso a tais especialistas e acabam procurando outras maneiras de fazer sua 
transição. Essas formas alternativas envolvem automedicação e a utilização de 
silicone industrial, as quais comprometem significativamente a saúde da população 
trans. 
 
 2.5.2. 2º Desafio: Discriminação e transfobia nos serviços de saúde 
 As Portarias nº 1.820 e nº 2.836 foram instituídas, a fim de garantir a utilização, 
por parte dos profissionais, e a legitimação institucional à autoidentificação e uso de 
nome social no âmbito estrutural. A Portaria nº 1.820, publicada em 13 de agosto de 
2009 e nomeada Carta dos Direitos dos Usuários do SUS, define como direito do 
usuário o “atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação”. Já 
a Portaria nº 2.836, publicada em 1º de dezembro de 2011, instituiu a Política Nacional 
de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, além de 
definir o “uso do nome social de travestis e transexuais, de acordo com a Carta dos 
Direitos dos Usuários do SUS”. 
 O nome social é uma conquista que reafirma a autodeterminação da identidade 
de gênero, prevista na Carta de Direitos aos Usuários do SUS. Portanto, o ato de não 
utilizá-lo deslegitima todo o processo de transição vivido por aquele indivíduo, o que 
pode lhe causar sentimento de negligência e humilhação. Sendo assim, a prática das 
políticas anteriormente citadas não é efetivada, devido à falta de fiscalização, somada 
à discriminação e transfobia institucionais. 
Nesse cenário, aquele que deveria acolher o paciente torna-se seu agente de 
dor, por conta do não reconhecimento do nome social como identificação válida. Tal 
quadro está em desacordo com os facilitadores para um bom atendimento médico, 
como: exercício da empatia e ausência de juízo de valor. 
Outrossim, por receio do preconceito, há resistência, por parte dos transexuais 
e travestis, na procura por atendimento ou até mesmo abandono de tratamentos em 
andamento, o que corrobora a vulnerabilidade social desse grupo. Tais atitudes 
discriminatórias, além de configurarem como violação ética, prejudicam o princípio de 
universalidade do SUS. 
 
 2.5.3. 3º Desafio: O diagnóstico de transsexualismo como requisito para 
o acesso ao processo transsexualizador 
 O acesso aos serviços transsexualizadores no Brasil tem sido condicionado ao 
diagnóstico de transsexualismo e o desejo pela cirurgia de redesignação sexual é 
definido como um fator da transsexualidade verdadeira. 
Dessa forma, durante o processo terapêutico, os pacientes se vêem obrigados 
a reeducar comportamentos e treinar performances de gênero a fim de provar suas 
transsexualidades a fim de convencer a equipe do fornecimento dos laudos de 
transsexual verdadeiro. Portanto, apresentam-se num discurso que não é o seu. 
Assim, pacientes que não se adequam aos ideais de feminilidade e 
masculinidade esperados pelas equipes dos processos transsexualizadores, não 
conseguirão acessar os serviços de saúde oferecidos no âmbito do processo 
transsexualizador. 
Além disso, as resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) e portarias 
do (MS), pautadas nas formulações de Harry Benjamin e John Money, definem o 
paciente transsexual como “portador de desvio psicológico permanente de identidade 
sexual, com rejeição do fenótipo e tendência à automutilação e/ou autoextermínio”. 
Nesse sentido, as transsexualidades vão sendo classificadas como doença, 
anormalidade, transtorno, desvio, o que reforça a marginalização dessa população, 
uma vez que receber um diagnóstico de transtorno “é ser, de certa maneira, 
considerado doente, errado, disfuncional, anormal, é sofrer certo estigma social em 
consequência desse diagnóstico”, contribuindo também para a invisibilidade da 
população transsexual. 
 
 
 
 2.6. Retrocesso atual 
Em que pese o discurso ora realizado, a realidade político-social do Brasil 
sofreu graves retrocessos, recentemente, na luta pela igualdade dos direitos 
LGBTQIA +. Os entraves observados não se resumem ao âmbito legislativo e político, 
especialmente porque repercutem consequências em todos os níveis de uma 
comunidade. 
O primeiro ponto que merece destaque consiste na inexplicável retirada da 
população LGBTQIA + das diretrizes de proteção e promoção de Direitos Humanos 
das pastas ministeriais brasileiras. Essa atuação, diga-se, ocorreu por meio de Medida 
Provisória, o que significa que se trata de uma decisão unilateral do Presidente da 
República, sem perpassar por um debate social ou mesmo parlamentar, corpo que 
representa a vontade de seus eleitores. 
Não bastasse, a atuação do Governo Federal seguiu de encontro à isonomia 
pretendida por esse segmento. Em demonstração discriminatória, suspendeu o 
financiamento, pela Ancine, de filmes com temáticas LGBTQIA + e a participação, em 
editais de concorrência para emissoras públicas de televisão, de séries de igual 
temática. 
Por óbvio, esse cerceio é inconstitucional e constitui uma ofensa gravíssima à 
população LGBTQIA +, na medida em que tolhedessas pessoas uma importante 
representatividade, que contribui tanto para um processo de autoaceitação e 
identidade, quanto para inserção social e promoção de respeito alheio. 
Outro episódio significativo que merece menção trata de pronunciamento da 
Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, autoridade responsável por 
zelar pela proteção dos direitos fundamentais de todos os cidadãos brasileiros, em 
especial minorias e grupos de pessoas historicamente estigmatizados. Com efeito, 
dita executiva expressou que “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”, no intuito 
de traçar uma linha divisória entre gêneros, o que contrasta com todas as noções já 
discorridas neste trabalho, no qual se deixou clara a existência de um variado leque 
de identidades sexuais e de gênero. 
Assim, tem-se que as realizações recentes de eminentes políticos brasileiros 
têm contribuído para um vergonhoso retrocesso na luta pela igualdade de direitos que 
essa população trava. 
Por fim, finaliza-se esta análise mencionando que a letargia na evolução dos 
direitos LGBTQIA + está presente também na seara médica e acadêmica. O maior 
exemplo desse fato consiste no fato de, ainda hoje, a disforia de gênero ainda ser 
tratada como transtorno mental, tanto no CID-10. Essa classificação perpetua um 
estigma preconceituoso acerca das pessoas que nela se enquadram e contribuem 
negativamente para se atingir os objetivos já exaustivamente mencionados. 
 
3. CONCLUSÃO 
Em conclusão, é necessário que o acesso ao processo transsexualizador do 
Sistema Único de Saúde seja garantido à população trans, haja vista que a 
transformação do corpo representa um determinante social para esse grupo, 
influenciando diretamente na qualidade de vida desses indivíduos. Isso deve-se ao 
fato de que a autodeterminação, autoconstrução e a experiência de gênero são 
permeadas por elementos histórico-econômicos, políticos-culturais e geográficos, 
dessa forma, torna-se imprescindível que o SUS abrace as necessidades dessa 
população para que o princípio da universalidade seja, de fato, uma realidade do 
sistema único de saúde do país. 
 
 
 
 
 
 
 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, 
Bissexuais, Travestis e Transexuais. 2013;(1a). Disponível em: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.
pdf 
2. Cardozo Rocon P, Sodré F, Rodrigues A, Barros MEB de, Dettmann Wandekoken 
K. Desafios enfrentados por pessoas trans para acessar o processo transexualizador 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf
do Sistema Único de Saúde [Internet]. 2018. Disponível em: 
https://www.scielo.br/pdf/icse/v23/1807-5762-icse-23-e180633.pdf 
3. Ministério da Saúde. PORTARIA No 457 DE 19 DE AGOSTO DE 2008. Disponível 
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2008/prt0457_19_08_2008.html 
4. Caio. Você sabe a diferença entre transgênero, transexual e travesti? [Internet]. 
2020 [citado 1o de abril de 2021]. Disponível em: https://thepride.com.br/transgenero-
transexual-travesti/ 
5. R. Brown G. Disforia de gênero e transexualismo [Internet]. 2019 [citado 1º de abril 
de 2021]. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ 
transtornos-psiquiátricos/sexualidade-disforia-de-gênero-e-parafilias/disforia-de-
gênero-e-transexualismo 
 
 
 
 
 
 
https://www.scielo.br/pdf/icse/v23/1807-5762-icse-23-e180633.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2008/prt0457_19_08_2008.html
https://thepride.com.br/transgenero-transexual-travesti/
https://thepride.com.br/transgenero-transexual-travesti/
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissiona
	1. INTRODUÇÃO
	2. DESENVOLVIMENTO

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