Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
processo administrativo • Conjunto de atos solenes, voltados ao alcance de uma finalidade, submetendo-se ao princípio do devido processo legal, especialmente ao contraditório e à ampla defesa. • Tratamento normativo o Não possui sistema único de regulamentação, cabendo a cada ente federado dispor de normas processuais no âmbito administrativo o Âmbito federal → lei 9.784/99 – Administração Pública Direta e Indireta e à atividade administrativa do Poder Legislativo e Poder Judiciário • Princípios: o Art. 2º, lei 9.784/99: princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência → rol exemplificativo, podendo ser complementado por outros princípios constitucionais. ▪ Devido processo legal (art. 5º, LIV, CF) → garantir o cumprimento das exigências legais ▪ Publicidade → direito das partes e interessados conhecerem os atos processuais, tendo ciência antes e depois da realização deles (art. 37, CF; art 2º, V, lei 9.784/99; art. 5º, XXXIII e XXXIV, CF – direito de informação e certidão) • Nem todo processo administrativo é público. Ex: PAD, é sigiloso, só é público depois de acabado. ▪ Oficialidade → início de ofício os processos, não sendo necessária a provocação de terceiros, como ocorre no processo judicial. A condução do processo ocorre de ofício, fundada na verdade real (art 2º, XII, §único, lei 9.784/99 e art 2º, NCPC) • Princípio específico do processo administrativo • Se refere tanto ao início do processo quanto à sua condução. • Processo administrativo não é angular como o processo judicial (autor – juiz – réu), é um processo bilateral (Estado juiz – parte). Ao mesmo tempo em que o Estado é parte, também é juiz. Então, ele tem o dever de, em várias situações, agir de ofício para iniciar e dar andamento ao processo, independentemente de provocação. O próprio Estado pode diligenciar na produção de provas. ▪ Informalismo procedimental → confere à Administração discricionariedade diretiva, não sendo os atos processuais rigidamente dispostos em lei. Ausência de forma sistematizada. • Administração tem uma certa margem de análise de conveniência e oportunidade para realizar os atos administrativos. • Quando a lei exige uma formalidade específica, a administração deve cumpri-la. Entretanto, se a lei não exige formalidade específica, a administração tem certa liberdade para praticar os atos que considere mais adequados à situação. • Processo deve seguir uma forma simples, que garanta a compreensão de todas as partes. Mas, ao mesmo tempo, deve garantir ao administrado adequado grau de certeza, de segurança jurídica, não podendo existir surpresas dentro do processo. ▪ Verdade material → não só ao que está no processo se atém a comissão processante, podendo diligenciar atos e determinar a produção de provas em busca da verdade material (real), ultrapassando a verdade formal, garantindo a ampla defesa e o contraditório. A atuação em busca da verdade material é limitada ao âmbito processual, como no processo judicial clássico. • Próprio estado pode diligenciar na produção de provas, sem necessidade de provocação, não se atendo às provas que estão contidas no processo. Mas uma vez diligenciado, tudo deve estar no âmbito do processo. • A jurisprudência tem aceitado o uso da prova emprestada, desde que regularmente produzida. Emprestada tanto de outros processos administrativos quanto de processos judiciais. o Prova sigilosa necessita de autorização judicial para que seja realizada e emprestada. Administração é responsável pela manutenção do sigilo dessa prova. • A prova ilícita e decorrentes dela não tem sido aceitas pelos Tribunais, vigorando a teoria dos frutos da árvore envenenada. • Admite-se a teoria da desconsideração da pessoa jurídica no âmbito da atuação administrativa, a fim de responsabilizar pessoas físicas que se utilizam de pessoas jurídicas para cometer ilícitos. • Quebra do sigilo bancário → necessário autorização judicial, conforme disposto no §1º do art. 3º da LC 105/2001. ▪ Motivação → o administrador-julgador deve fundamentar a decisão, explicitando os pressupostos de fato e de direito que o conduziram ao resultado final (§único, VI e VII, art. 2º da lei 9.784/99) • Sempre que a decisão trouxer limites ao uso de algum direito ou interesse precisa ser motivada. • Sempre que for uma decisão discricionária do Estado esta deve ser motivada. ▪ Moralidade → atuação dos julgadores conforme padrões éticos de moralidade, decoro e boa-fé. Ampliado a todos os interessados processuais, já que o processo administrativo visa o interesse público, que deve ser perseguido por todos (§único, IV, art. 2º, lei 9.784/99) • Características especiais do processo administrativo (lei 9.784/99) o Instrumentos democráticos e acautelatórios ▪ Quando presente risco iminente, a Administração Pública pode, motivadamente, de forma discricionária, estabelecer providências acautelatórias sem ouvir a parte interessada (inaudita altera pars) – art. 45, lei 9.784/99. Essas medidas são: a realização de audiências públicas e de consultas públicas. • Audiência pública → considerando a relevância da questão, debates sobre a matéria do processo (art. 32, lei 9.784/99) o Quem comparece à audiência pública tem o direito de receber da administração resposta fundamentada aos questionamentos feitos, ainda que seja comum a todas as alegações substancialmente iguais (reposta padrão) o O simples comparecimento à audiência pública e a realização de perguntas não conferem ao indivíduo a condição de interessado no processo. • Consulta pública → destinada para situações que envolvam interesse geral, mediante: 1. Despacho motivado, abre-se período de consulta publica para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, 2. Desde que não represente prejuízo para a parte interessada (art. 31, lei 9.784/99) o Publicidade → tanto a audiência pública quando a consulta pública devem ser divulgadas em meios oficiais, garantindo o acesso aos autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas. • Motivação da decisão → art. 50, lei 9.784/99 o É obrigatória a motivação nas decisões que: ▪ Neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses ▪ Imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções ▪ Decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública ▪ Dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório ▪ Decidam recursos administrativos ▪ Decorram de reexame de ofício ▪ Deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais ▪ Importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo ▪ Esse rol não é taxativo, existem outras situações que exigem motivação da decisão o Requisitos da motivação: ▪ Explícita, clara e congruente, podendo remeter a fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte integrante do ato (fundamentação per relacionem, AI 738982, AgR) • Recursos administrativos o Ao menos um recurso hierárquico, limitado a no máximo três instâncias administrativas, salvo disposição de lei especial em contrário. o O recurso deve apresentar os motivos de legalidade e de mérito pelos quais se está impugnando determinada decisão o Dirigido à autoridade que proferiu a decisão, abrindo a possibilidade de reconsideração Mantida a decisão, encaminhado à autoridade hierarquicamente superior (recurso hierárquico) o A autoridade que decide e aquela a quem o recurso hierárquico é dirigido não podem ser a mesma pessoa, ainda que ocupem cargos distintos. o Regras dos recursos administrativos: ▪ Não cabe exigência de caução ▪ Tem efeito meramente devolutivo, ou seja, a decisão impugnadatem execução imediata (autoexecutoriedade dos atos administrativos) ▪ Prazo de 10 dias, em regra, da publicação do ato ▪ Prazo de 30 dias (de acordo com a lei geral) para decidir o recurso pela autoridade decisória. É possível a prorrogação fundamentada desse prazo. ▪ Se intempestivo ou interposto por parte ilegítima a Administração conhece do conteúdo do recurso fundado na autotutela administrativa. Pode, inclusive, alterar sua decisão com base nas informações conhecidas. ▪ Recurso de revisão/revisão de ofício pela Administração → pode ser feito a qualquer tempo, quando a decisão a ser revista aplique alguma sanção. • A revisão advém de fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. • Não cabe agravamento da decisão no recurso de revisão (art. 65, lei 9.784/99) • A revisão é aplicável inclusive caso se trate de uma situação de prescrição administrativa. o Limites da reforma da decisão ▪ O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, ........ art. 65, lei 9.784/99 ▪ Cabe reformatio in pejus, seja por circunstâncias de legalidade seja por circunstâncias de interesse público. Necessário anterior cientificação e alegações da parte prejudicada (§único, art. 64, lei 9.784/99) ▪ Se a autoridade identificar que a decisão precisa ser modificada mas o processo já saiu do âmbito de competência dela, deve encaminhar para a autoridade competente que deve decidir no prazo de 30 dias ▪ Decisão administrativa que contrariar súmula vinculante: além do recurso administrativo, é passível de reclamação no STF. • Caso a reclamação seja procedente no STF que identificou que de fato houve violação a súmula vinculante, o tribunal deve dar ciência à autoridade prolatora da decisão e ao órgão competente para o julgamento do recurso, para adequar as futuras decisões, em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal (art. 64-B, lei 9.784/99) • Coisa julgada administrativa o A coisa julgada administrativa não é imutável. Ela pode ser revista pelo poder judiciário e pela própria administração em recurso de revisão. o Mas, no âmbito administrativo, excluída a hipótese de recurso de revisão, há uma vedação à Administração de rever suas próprias decisões me nome da segurança jurídica → imutabilidade relativa. Diferenciação entre os processos administrativos e judicial Judicial Administrativo Exercício da função jurisdicional Exercício da função administrativa De regra, existência de conflito de interesses. Pode haver ou não conflito de interesses Relação, no mínimo, trilateral, angular Relação bilateral, interessado x Estado, ou com o mesmo interesse ou com interesses distintos, no caso do processo punitivo. O Estado, ao mesmo tempo que é parte, também é julgador. Decisão qualificada pelo trânsito em julgado, decisão imodificável A decisão é modificável. Cabe ser revista pelo Poder Judiciário e pela Administração em recurso de revista Iniciado por provocação das partes Iniciado de ofício pela Administração ou por requerimento/denúncia do interessado De regra, limita-se à verdade formal, não podendo ir além do que consta no processo Busca a verdade material, fazendo com que a própria Administração diligencie e determine a realização de provas. • Rito processual administrativo - lei 9.784/99 o Início → de ofício ou por provocação do administrado ▪ Requerimento ou denúncia não anônimas ou apócrifas → necessária a identidade do interessado e o domicílio para o recebimento de comunicados e eventual penalização em ilícito penal. Exceção: PAD, Súmula 611, STJ ▪ Requerimento deve ser escrito ou, se oral, reduzido a termo, contendo: órgão ou autoridade administrativa a que se dirige, apresentação dos pedidos, fatos e fundamentos, data e assinatura. ▪ Preenchidos esses requisitos mínimos, a Administração está proibida de não receber o requerimento imotivadamente. • Se não receber, deve orientar o administrado do que está faltando, oportunizando a ele suprir os defeitos do requerimento. o Legitimados ▪ Pessoas físicas ou jurídicas titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação ▪ Aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada ▪ Organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos ▪ Pessoas ou associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos o Instrução probatória Súmula 611 - Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração. http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27611%27).sub.#TIT1TEMA0 http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27611%27).sub.#TIT1TEMA0 http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27611%27).sub.#TIT1TEMA0 http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27611%27).sub.#TIT1TEMA0 ▪ Provas → podem ser requeridas ou realizadas de ofício pela Administração • Só poderão ser recusadas se ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias, mediante decisão fundamentada. • Inadmissível provas obtidas por meios ilícitos e as decorrentes destas • A intimação da produção da prova ou diligências deve ser realizada no prazo de 3 dias antes da realização delas. • Lei 9.784/99 proíbe que acusado escute o depoimento de coacusado. Entretanto, a jurisprudência já autoriza, como elemento de ampla defesa, que um acusado acompanhe e escute o interrogatório ou depoimento de coacusado (HC 0012971-70.2015.4.03.0000/SP) o Manifestação das partes ▪ Vem depois da instrução probatória, que é quando a Administração dá ciência à parte da produção das provas ▪ Prazo de 10 dias a contar dessa citação, podendo requerer novas provas, impugnar as produzidas e defender-se • Se houver mais de um acusado o prazo é comum de 20 dias ▪ Ou produz-se provas, se requeridas e deferidas, ou passa-se para a confecção de relatório conclusivo o Manifestação do órgão jurídico ▪ Se houve só defesa, sem requerimento de produção de provas, o processo volta para a comissão julgadora, para que ela elabore o relatório conclusivo. Relatório deve ser conclusivo, tem que trazer a resposta para a questão, devidamente fundamentado. ▪ Depois de realizado o relatório, o processo é encaminhado para a assessoria jurídica da entidade, que vai fazer uma verificação de legalidade e legitimidade do processo. • O prazo para essa análise é de 15 dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo. o Decisão final ▪ Depois da manifestação do órgão jurídico acerca da legalidade e legitimidade do processo, ele é encaminhado para a autoridade competente para julgamento. • O prazo para a decisão é, em regra, 30 dias. INSTAURAÇÃO De ofício ou a requerimento da parte. Notificados os interessados. INQUÉRITO 1. Instrução probatória 2. Defesa do interessado 3. Relatório conclusivo 4. Encaminhamento para o órgão jurídico DECISÃO DA AUTORIDADE COMPETENTE Deve ser motivada RECURSO Encaminhado inicialmente à autoridade decisória, possibilitando reconsideração. Caso mantenha a decisão, encaminha para autoridade superior. Prazo de 10 dias – efeito devolutivo DECISÃO DA AUTORIDADE SUPERIOR Garantia de ao menos uma instância recursal hierárquica e no máximo três. Pode agravar a sanção RECURSO DE REVISTA A requerimento ou de ofício A qualquer tempo, desde que fundado em fato novo ou fato antigo que não podia ser conhecido na época, a decisão condenatóriapode ser revista. Não pode agravar a sanção. • Processo administrativo disciplinar o Verificação de cometimento de ilícito pelo agente público e eventual sanção o Fundamenta-se no sistema disciplinar e hierárquico, relacionado à função do agente público. o No âmbito federal, é regido pela lei 8.112/90. Mas no âmbito estadual e municipal, pode existir norma que disponha de modo diferente. o Até a publicação, é sigiloso o Processo administrativo disciplinar propriamente dito (PAD) → art. 148, lei 8.112/90 ▪ Processo ordinário, tem por finalidade verificar se houve alguma infração funcional do servidor público e punir. ▪ Prazo de 60 dias para ser realizado, podendo ser prorrogado por mais 60 dias (+20d para a decisão – STF entende que o prazo para julgamento está fora do prazo de 60d + prorrogação) ▪ Descumprimento do prazo não gera anulação do PAD, mas mera irregularidade. ▪ Meio pelo qual necessariamente precisa passar a investigação para que haja demissão ou suspensão por mais de 30 dias do servidor público. ▪ Deve ser oportunizado o contraditório e a ampla defesa. ▪ Instauração do PAD interrompe a prescrição do ilícito até a conclusão do respectivo PAD. o Sindicância ▪ Procedimento sumário, voltado a verificar atos infracionais do servidor público que gere uma aplicação de penalidade de advertência ou de suspensão por até 30 dias. Deve ser oportunizado o contraditório e a ampla defesa. • Prazo de 30 dias, prorrogável por mais 30d (+20d para decisão – STF entende que o prazo para julgamento está fora do prazo de 60d + prorrogação) ▪ Também existe o sentido de sindicância como fase instrutória, investigação prévia, preparatória, anterior à abertura do PAD. Nesse caso, não precisa de contraditório e de ampla defesa. o Procedimento (comum ao PAD e à sindicância) ▪ Início → de ofício ou por provocação ▪ Como é um processo da Administração Pública, haverá a constituição de comissão, mas existe o entendimento de que os atos apuratórios e investigatórios, podem ser delegados. Entretanto, o ato de julgar é uma competência que não pode ser delegada. ▪ Instauração → publicação por autoridade competente do ato (portaria) que constituir a comissão (investigado) • Administração analisou a denúncia e verificou que de fato é uma situação que precisa ser investigada, instaurando, assim, o processo administrativo. • A autoridade competente vai publicar uma portaria instaurando o processo e constituindo a comissão que vai investigará e conduzirá o processo administrativo. • Constituição da comissão julgadora: o Conduz o processo e a dilação probatória o Formada por três servidores designados pela autoridade competente o Presidente deve ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível do investigado ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do investigado o Impedidos: cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau do investigado. o Solenidade: reuniões registradas em atas, detalhando as deliberações adotadas. As reuniões acontecem em caráter reservado e devem ser reduzidas a termo (art. 150, lei 8.112/90) → corroborar com a condição de sigilo do PAD. • A partir da instauração há um investigado (não é acusado ainda). Na primeira reunião da comissão, esta decidirá pelo encaminhamento de uma notificação ao investigado informando-o que está fazendo uma investigação com base nos elementos constantes na portaria, que será encaminhada junto com a notificação. ▪ Inquérito administrativo • Instrução → pessoa ainda é investigada. Acompanha a produção de provas, sendo notificado até 3 dias antes. No final, é feita a indiciação (feita por ato de indiciação), que indicará a materialidade e a autoria. Depois disso, o interessado é citado e passa a ser indiciado. o Os autos da sindicância integram o PAD quando: (I) for meio investigatório; (II) da sindicância se concluir por uma penalidade mais grave. o Produção de provas pode ser feita de ofício (oficialidade). Podem ser realizados: ▪ Tomada de depoimentos ▪ Acareações ▪ Investigações e diligências cabíveis ▪ Quando necessário, pode recorrer a técnicos e peritos. o Testemunha → depoimento por escrito (só para autoridades: art. 221, CPP – Presidente e vice da República, presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do STF) ou oral, reduzido a termo. Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administração. Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões terão caráter reservado. ▪ Se for um servidor, deve ser expedido mandado pelo presidente da comissão para comunicação ao chefe da repartição. ▪ É possível que a testemunha consulte apontamentos durante o seu depoimento. o Interrogatório do investigado → último ato da instrução probatória ▪ A comissão pode chamar o investigado novamente para outro interrogatório ▪ Se há suspeita de insanidade mental do investigado, a comissão pode propor à autoridade competente para instaurar um procedimento (próprio, apartado do PAD) em que haja a submissão do investigado a exame por junta médica oficial com ao menos um médico psiquiatra. o Indiciação → após a instrução, conclui-se ou não da infração disciplinar. Se positiva, o servidor é indiciado, com a especificação dos fatos a ele imputado e as respectivas provas. Então, cita-se o indiciado para apresentação de defesa. Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. § 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente. § 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e das respectivas provas. § 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. § 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vinte) dias. § 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para diligências reputadas indispensáveis. § 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas. • Defesa → prazo de 10 dias a partir da citação. Se for mais de um indiciado, o prazo é comum de 20 dias. o Se o réu estiver em local incerto e não sabido, há citação por edital, com o prazo de defesa de 15 dias. o Regularmente citado e não apresentar defesa, é considerado revel → a autoridade instauradora do processo designa um servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. o Na defesa, é possível que o indiciado peça novas provas (que podem ser recusadas de forma motivada se forem impertinentes, protelatórias, desnecessárias, etc.), impugne as provas já produzidas e pode se defender estritamente. o Após o prazo para defesa, a comissão julgadora apresenta o relatório. • Relatório → caráter conclusivo, deve se manifestar acerca da inocência ou da responsabilidade, recomendando assim o arquivamento ou a aplicação de sanção. o No relatório deve ser indicado o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, as circunstâncias agravantes e atenuantes, a sanção devida e as razões. o Esse ato finaliza as atividades da comissão processante e a segunda faseprocessual (inquérito administrativo) o Concluído o relatório, este é mandado para o órgão jurídico da entidade, que analisa a legalidade e legitimidade do processo. o A atuação da comissão processante acaba com a apresentação do relatório final. ▪ Julgamento → prazo de 20d, sendo possível a prorrogação • Inicia-se com a remissão do relatório final da comissão, com parecer jurídico, para a autoridade competente. • Autoridade competente para julgar também faz uma análise de legalidade e legitimidade do processo. Se for anular parte do processo, ele é retomado a partir de onde foi anulado. Se for anular todo o processo, é constituída nova comissão para refazer o processo. • Pode ser per relacionem, ou seja, remeter os fundamentos ao relatório da comissão processante. • Pode contrariar o relatório da comissão processante se este for contrário às provas constantes no processo. Essa decisão contrária ao relatório deve ser devidamente fundamentada. Súmula Vinculante 5. A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. • Descumprimento do prazo de 20d para o julgamento é mera irregularidade. Se há prescrição, há responsabilização do servidor (civil, penal e administrativa) • Se a penalidade a ser aplicada for superior à competência da autoridade que instaurou o processo, ela encaminhará à autoridade competente, que decidirá no mesmo prazo. • Se durante o processo for apurado atos possíveis de serem classificados como crime, deve-se dar ciência ao MP através de encaminhamento dos autos para análise. • Se foi decidido pela inocência, arquiva-se o processo administrativo. o Servidor que responde a processo administrativo disciplinar, a partir do momento que ele for indiciado, ele não pode exonerado nem aposentado voluntariamente. Esses atos só são possíveis após a conclusão do processo e após eventual cumprimento da penalidade. ▪ Pena de demissão: se o servidor já foi exonerado, converte-se em demissão. Se era ocupante de cargo em comissão e foi exonerado, também se converte em destituição. Se já aposentado, é cassada a aposentadoria do servidor. INSTAURAÇÃO A autoridade competente publica a portaria que constitui a comissão A comissão processante é constituída por três servidores estáveis, designados pela autoridade competente - Respeito ao devido processo legal, ampla defesa e contraditório - O investigado tem direito de acompanhar a instrução, pessoalmente ou por procurador - O relatório deve ser conclusivo, pelo arquivamento ou pela aplicação de pena. Se for também ilícito penal, os autos devem ser remetidos ao MP INQUÉRITO ADMINISTRATIVO Compreende a instrução, defesa e relatório. Essa fase é conduzida pela comissão processante. A autoridade cometente acata ao relatório, aplicando a pena ou determinando o arquivamento. Ou, se ao contrário dos autos, decide motivadamente, reduzindo a pena, agravando-a, ou decidindo pelo arquivamento JULGAMENTO O processo retorna para a autoridade que o instaurou com a publicação da portaria o Processo sumário de acumulação de cargo → é um processo disciplinar pois versa sobre uma infração disciplinar prevista na CF que é a acumulação de cargos (salvo as exceções contidas na CF, respeitado o teto salarial e a compatibilidade de horários) ▪ A autoridade que tiver ciência do fato notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para que ele apresente no prazo improrrogável de 10 dias a opção do cargo no qual ele queira permanecer. ▪ Mantendo-se inerte, a autoridade competente instaurará procedimento sumário para apuração da falta e regularização imediata ▪ Esse ato de escolha, se configurada boa-fé do servidor, constituir-se-á em pedido de exoneração do cargo não escolhido. ▪ Esse processo tem o prazo de 30d prorrogável por mais 15d. ▪ O procedimento sumário constitui-se das mesmas fases do processo administrativo, com algumas peculiaridades: • Instauração o Também é feita por portaria, mas a comissão constituída é composta por dois servidores estáveis o No ato da instauração, já deve ser indicado autoria (nome e matricula do servidor) e a materialidade da infração → já há a indiciação, com a citação do acusado para que ele se defenda ▪ A discussão é sobre a legalidade da acumulação dos cargos, pois a acumulação em si já está provada. o Não tem dilação probatória pois a situação já se encontra identificada e provada desde o início, sendo a discussão somente acerca da legalidade da situação. • Defesa o A citação é pessoal ou por chefia imediata para defender-se por documento escrito no prazo de 5 dias, sendo garantido o direito a vista no processo. o Após a defesa, a comissão faz o relatório conclusivo, sendo remetido à autoridade competente após parecer jurídico. • Julgamento o Se a autoridade competente conclui pela acumulação ilegal e provada a má-fé, será aplicada a pena de demissão, destituição ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. o Verdade sabida e termo de declarações → dois procedimentos (não é processo, não tem ampla defesa nem contraditório) que os tribunais hoje consideram inconstitucionais, justamente porque não estão presentes as garantias constitucionais. ▪ Verdade sabida → caberia quando: • A infração disciplinar é conhecida diretamente pela autoridade competente para punir, como um caso de insubordinação. • O ato é de conhecimento público, como uma notícia televisionada, por exemplo. • Por tal forma de acesso à informação a penalização do servidor seria realizada sem o processo administrativo, já que se trata de uma verdade sabida. ▪ Termo de declarações → meio pelo qual o agente confessaria a prática de alguma falta administrativa, submetendo-se à penalidade. Com esse termo, a administração puniria o servidor sem o processo administrativo. ▪ Ambas as formas hoje não são mais aceitas no Direito brasileiro em virtude da clara violação dos princípios constitucionais do devido processo, ampla defesa e contraditório. o Prescrição da ação disciplinar → art. 142, lei 8.112/90 ▪ Se a falta descrita na lei administrativa também for um ilícito penal, aplica-se o prazo prescricional da lei criminal (é preciso inquérito policial ou ação judicial aberta) ▪ Interrompe a prescrição a abertura de sindicância ou instauração de PAD, mantendo-se interrompida até a decisão final no processo proferida por autoridade competente quando, então, volta a correr. ▪ Após a decisão, reinicia o prazo do zero → STF, MS 23299/SP, 06/03/2002: “a instauração do PAD federal interrompe a prescrição a qual recomeça a fluir, por inteiro, depois de transcorrido o prazo de 140 dias, contados da referida instauração”. (140 dias são os 60d, mais a prorrogação de 60d mais os 20d para julgamento) Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido. § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também como crime. § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente. § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
Compartilhar