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Tópicos de Atuação Profissional - Unidade I

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Autores: Prof. Alexandre Saramelli
 Profa. Divane Alves da Silva
Colaboradores: Profa. Elisabeth Alexandre Garcia
 Prof. Maurício Felippe Manzalli
Tópicos de Atuação 
Profissional
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Professores conteudistas: Alexandre Saramelli / Divane Alves da Silva
Alexandre Saramelli
Nascido na cidade de São Paulo, é contador formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e mestre 
profissional em Controladoria pela mesma universidade. 
Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio a grande porte como contador em áreas de custos e orçamentos e foi 
consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP. Atualmente é professor adjunto na Universidade Paulista 
e consultor empresarial. 
Entusiasta de tecnologia da informação e ambientes altamente informatizados, é um incentivador da pesquisa, difusão e uso eficiente 
e intensivo das modernas ferramentas de gestão, “transferência de conhecimento”, ensino a distância e audiovisual. 
É conteudista de materiais para ensino a distância, redige livros didáticos e atividades de apoio educacional e instrucional, 
elabora avaliações e grava aulas em estúdio audiovisual, além de ser radialista e apresentador de televisão com DRT. 
Divane Alves da Silva
Nascida na cidade de São Paulo, é mestre em Contabilidade pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998), especialista em 
Controladoria e Contabilidade Gerencial pela Faculdade Santana São Paulo (1992), especialista em Didática do Ensino Superior pela 
Universidade Presbiteriana Mackenzie (1996), especialista em Ensino a Distância – EaD (2011), graduada em Ciências Contábeis 
pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Tibiriçá (1990) e em Filosofia – Bacharelado e Licenciatura pela Universidade 
Presbiteriana Mackenzie (2009).
Possui dois livros editados sobre a área contábil, além de participações em congressos tanto na área contábil quanto na 
educacional, inclusive em EaD.
Tem as seguintes funções empresariais na área técnica: controller, contadora, auditora e consultora; na área acadêmica, é 
atualmente coordenadora de curso de Ciências Contábeis nas modalidades presencial e a distância na Universidade Paulista – UNIP 
e professora de pós-graduação em nível lato sensu nas Instituições de Ensino Superior – IES Universidade Presbiteriana Mackenzie, 
Universidade Paulista – UNIP e Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU e em diversos cursos e disciplinas correlatas à formação. 
Também atua ministrando curso in company.
Além disso, é conteudista de materiais para o ensino a distância, incluindo gravações de aulas.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S243t Saramelli, Alexandre.
Tópicos de atuação profissional / Alexandre Saramelli, Divane 
Alves da Silva. - São Paulo: Editora Sol, 2015.
184 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXI, n. 2-166/15, ISSN 1517-9230.
1. Contabilidade ambiental. 2. Ética empresarial. 3. Ciência 
atuarial. I.Título.
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Cristina Fraracio
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Sumário
Tópicos de Atuação Profissional
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA CONTÁBIL PARA A SOCIEDADE ..................................................... 11
1.1 O surgimento das organizações empresariais, definições e objetivos ............................ 11
2 O PAPEL DO CONTADOR PERANTE A REALIDADE SOCIAL BRASILEIRA E INTERNACIONAL .......... 16
2.1 O novo contador como centro dos interesses divergentes ................................................. 16
2.2 O conceito de empresa para os contadores ............................................................................. 20
3 CONTABILIDADE AMBIENTAL ...................................................................................................................... 30
3.1 Entender o problema em um contexto social e histórico: a detecção da 
ameaça aos seres humanos .................................................................................................................... 30
3.2 Desenvolvimento sustentável ........................................................................................................ 34
3.3 Desenvolvimento sustentável nas empresas ............................................................................. 37
3.4 A gestão ambiental empresarial ..................................................................................................... 40
3.4.1 O triple bottom line – as pessoas, o planeta, os lucros ........................................................... 43
3.4.2 ISO 14.000: as ACVs – Avaliações do Ciclo de Vida .................................................................. 46
3.5 Contabilidade Ambiental ................................................................................................................... 52
3.5.1 Conceito de Contabilidade Ambiental ........................................................................................... 53
3.5.2 Elementos patrimoniais e de resultado ambientais.................................................................. 60
3.5.3 Escrituração contábil de operações com elementos patrimoniais e 
de resultado ambientais .................................................................................................................................. 68
3.5.4 Ecobalanço ................................................................................................................................................ 76
3.5.5 Indicadores de desempenho ............................................................................................................... 78
3.5.6 Pobreza e o meio ambiente: ecoimpostos e balanço ambiental público 
(o balanço patrimonial ambiental das nações)...................................................................................... 82
4 LEGISLAÇÃO .......................................................................................................................................................88
4.1 Primeiras legislações ambientais e a evolução dos movimentos ecológicos .............. 88
4.2 Primeiras legislações ambientais contemporâneas: Alemanha e União 
Europeia e o surgimento do Direito Ambiental ............................................................................... 91
4.3 Legislação ambiental brasileira ...................................................................................................... 94
Unidade II
5 ÉTICA ..................................................................................................................................................................102
6 A ÉTICA EMPRESARIAL, PROFISSIONAL E DO CONTADOR ............................................................107
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6.1 A ética empresarial ............................................................................................................................108
6.2 A ética profissional ............................................................................................................................113
6.2.1 Um estudo sobre o código de ética profissional do contador ........................................... 114
7 A CIÊNCIA ATUARIAL ...................................................................................................................................125
7.1 O gerenciamento de riscos e a relação do contador com as ciências atuariais .................125
7.2 As ciências atuariais, o atuário e aspectos históricos ........................................................127
7.3 Esperança Matemática – a diferença entre seguros e jogos ............................................130
7.4 Definições e termos importantes nas ciências atuariais ....................................................132
7.4.1 Seguro, risco e sinistro ....................................................................................................................... 132
7.4.2 Prêmio comercial ................................................................................................................................. 133
7.4.3 Taxa estatística ...................................................................................................................................... 133
7.4.4 Carregamento ou sobrecarga ......................................................................................................... 133
7.4.5 Valor matemático de risco (VMR) ................................................................................................. 133
7.4.6 Custo médio por sinistro (CMS) .................................................................................................... 134
7.4.7 Prêmio estatístico (PE) ...................................................................................................................... 134
7.4.8 Cálculo do prêmio comercial (Pc) ................................................................................................ 135
7.5 Modelos clássicos de seguros: engenharia e aplicações de cálculo nos 
riscos e legislação ......................................................................................................................................136
7.6 Os pilares dos seguros e previdência: os juros .......................................................................139
7.7 Os pilares dos seguros e previdência: probabilidades – demografia .............................140
7.8 Tábuas de mortalidade ou sobrevivência .................................................................................142
7.8.1 Simbologia e notações ...................................................................................................................... 143
7.8.2 Cultura atuarial – histórica e demografia ................................................................................. 145
7.8.3 As probabilidades ................................................................................................................................. 148
7.8.4 As tábuas de mortalidade nas empresas de previdência brasileiras ............................... 148
8 A PREVIDÊNCIA PRIVADA ..........................................................................................................................155
8.1 Previdência pública x privada (ou complementar) ...............................................................155
8.2 Os produtos oferecidos pelas seguradoras – PGBL e VGBL e suas implicações ..................157
8.3 Seguros por sobrevivência ..............................................................................................................159
8.3.1 Seguro dotal puro a prêmio único ............................................................................................... 159
8.4 Rendas ....................................................................................................................................................161
8.4.1 Rendas certas .........................................................................................................................................161
8.4.2 Rendas aleatórias ................................................................................................................................. 162
8.4.3 Rendas por sobrevivência ................................................................................................................. 162
8.4.4 Descrição e classificação das rendas ............................................................................................ 163
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APRESENTAÇÃO
Olá, aluno. 
Parabéns! 
Após anos de estudos você está chegando a uma disciplina que não tem mais a preocupação de te 
ensinar Contabilidade, mas de fazê-lo pensar sobre como agir quando você se deparar com questões 
complexas em um futuro bem próximo. Pense bem! Talvez ninguém tenha te pedido ou solicitado 
formalmente um trabalho sobre Contabilidade Ambiental, ética ou ciência atuarial, mas... será que você 
já não está envolvido(a) com essa problemática? A resposta para essa nossa pergunta é: sim, você já 
está! 
A ementa (plano de ensino) da disciplina Tópicos de Atuação Profissional traz os seguintes objetivos: 
proporcionar os conhecimentos necessários para desenvolver nos alunos as seguintes competências: 
pensamento sistêmico e estratégico; orientação para as necessidades dos clientes; consciência 
ética e social; orientação para resultados; comunicação e expressão; senso crítico e capacidade de 
contextualização; desenvolvimento pessoal; trabalho em equipe; capacidade de identificar, analisar e 
solucionar problemas e influenciar pessoas.
Observe que os objetivos da disciplina Tópicos de Atuação Profissional não são diferentes das 
anteriores, principalmente de Contabilidade Integrada e Ciências Contábeis Interdisciplinar. No entanto, 
a diferença é que aqui enfatiza-se o pensamento que você deve ter como contador para atuar em ações 
reais. Para isso, escolhemos três grandes temas avançados dentro da ciência contábil: 
• Contabilidade Ambiental;
• ética;
• ciência atuarial.
Com tudo isso, nossa disciplina é uma conversa, uma reflexão sobre alguns temas avançados que 
já estão presentes no nosso meio e que os autores deste livro-texto, juntamente com o Ministério da 
Educação e as entidades ligadas à profissão contábil no Brasil, acreditam que precisam ser enfatizados, 
entre várias demandas. A você, aluno, além de tentar aprender os conceitos, cabe observar principalmente 
como os conteudistas expõem os temas. 
Não tente, ao se deparar com os problemas, ir direto para os aspectos contábeis, ou seja, “onde eu 
tenho que contabilizar o débitoou o crédito”. Tente entender o que está provocando a necessidade e 
quais são os interesses envolvidos; a partir daí, construa o seu julgamento e decida como você irá 
lidar com a situação, ou, como é muito comum se estiver trabalhando em médias e grandes empresas, 
entenda o porquê das escolhas e julgamentos de outros contadores que fazem parte da equipe onde 
trabalha. 
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Nesta disciplina, mais do que entender “o que fazer”, a ênfase é entender “o por que fazer”. Porte-se 
não mais como aluno, mas como alguém com responsabilidade e coragem de um profissional autônomo. 
Ao final deste livro-texto você certamente terá condições de efetivamente traçar um planejamento 
para o seu trabalho envolvendo essas questões avançadas da profissão contábil.
Bom e entusiasmado estudo! 
INTRODUÇÃO
Discutimos por várias vezes em disciplinas anteriores do curso de Ciências Contábeis da Universidade 
Paulista que a preparação acadêmica do bacharel em Ciências Contábeis estava muito voltada ao “fazer 
Contabilidade”, em que os professores enfatizavam atividades como classificação de contas e escrituração 
mercantil, entre outras – ou seja, o trabalho interno da Contabilidade. Discutimos também que o papel 
do profissional de Contabilidade foi severamente questionado pela sociedade, pelos profissionais de 
áreas correlatas, como os administradores e os economistas, pelos profissionais ligados às áreas de 
tecnologia da informação e pelos próprios contadores.
Ao longo dos nossos diálogos com os alunos, enfatizamos à exaustão que atualmente já não há 
mais espaço para o trabalho de um contador tradicional, levando em conta a palavra tradicional como 
o profissional que se isola em uma sala e passa apenas a realizar um trabalho que entende ser o mais 
correto possível, mas sem se preocupar com as complexidades do trabalho das empresas.
Nunca é demais lembrar que a profissão foi severamente criticada há poucos anos. Johnson e 
Kaplan (1987), no livro Relevance Lost: The Rise and Fall of Management Accounting (O Apogeu e 
Declínio da Contabilidade Gerencial), chegaram ao excesso de declarar que a Contabilidade teria perdido 
completamente a sua relevância, fato que posteriormente foi desmentido e teve a consequência 
positiva de suscitar uma série de reflexões sobre o seu papel. Essas reflexões culminaram com as 
Normas Internacionais de Contabilidade, que efetivamente a tornaram uma linguagem internacional 
dos negócios, com um maior desenvolvimento da Contabilidade para usuário interno (Contabilidade 
Gerencial) e com o entendimento de que o contador que se preocupa apenas com sua atuação pessoal, 
isolada da problemática da empresa e da sociedade... não existe mais. 
Entende-se que, atualmente, o contador é um consultor, cuja árdua tarefa é orientar os profissionais 
de outras áreas. A palavra árdua deve ser entendida neste contexto como o difícil trabalho de antecipar 
o que os gerentes e profissionais das outras áreas vão precisar, e não como o que estão precisando no 
momento.
Nesse sentido, pesquisadores como Miranda e Miranda (2006) enfatizam que o ensino superior 
necessita acompanhar a evolução do árduo trabalho do “novo contador” e prepará-lo para antecipar 
as informações que os usuários irão necessitar para a tomada de decisões. O Conselho Nacional de 
Educação (CNE) considerou em 2004 que uma forma de proporcionar aos contadores conhecimento 
e habilidades para a análise dos fatos pelo “novo” profissional de Contabilidade seria disponibilizar ao 
estudante conhecimentos em outras áreas afins. Esses novos conhecimentos podem ser entendidos 
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como uma atividade de “interdisciplinaridade”; por isso, contamos no nosso currículo com as disciplinas 
Contabilidade Interdisciplinar e Contabilidade Integrada, que visam a esse preparo.
Nota-se que o Parecer CNE/CES n. 776/97 (BRASIL, 1997a), nas orientações gerais para as diretrizes 
curriculares dos cursos de graduação, ponto número 4, diz que elas devem: 
Incentivar uma sólida formação geral, necessária para que o futuro 
graduado possa vir a superar os desafios de renovadas condições de exercício 
profissional e de produção do conhecimento, permitindo variados tipos de 
formação e habilitações diferenciadas em um mesmo programa. 
No mesmo documento, artigo 4, inciso II, entre as competências e habilidades que devem ser 
embutidas na formação de bacharéis, está a de “demonstrar visão sistêmica e interdisciplinar da atividade 
contábil” (BRASIL, 1997a). 
Nas disciplinas Contabilidade Interdisciplinar e Contabilidade Integrada iniciou-se esse diálogo, 
finalizado agora com a disciplina Tópicos de Atuação Profissional. O PPC (Plano Pedagógico do Curso) 
da disciplina apresenta como objetivos discutir a relação teoria-prática diante de casos concretos de 
atuação profissional do graduado em Ciências Contábeis e verificar como a prática questiona a própria 
teoria, por meio da escolha de casos atuais que permitam discutir a atuação profissional do contador, 
inserindo-o no contexto institucional e sociopolítico. 
Portanto, essa disciplina não tem como objetivo trazer novos conhecimentos ao aluno em um degrau 
de formação; trata-se de um diálogo com um aluno que já é um profissional, um colega de trabalho, e 
que já está tão preparado para atuar no mercado como os próprios professores. Por ser um diálogo sobre 
conhecimentos muito avançados dentro da problemática contábil, tem o objetivo de inseri-lo no mundo 
em que irá enfrentar ou já está enfrentando. 
Ao mesmo tempo, este livro-texto não tem o interesse em realizar uma festa. “Olhem, alunos, vocês 
chegaram até aqui, vamos fazer uma comemoração!” Nada disso! Entendemos que se fizéssemos isso 
não estaríamos aproveitando esse precioso espaço para preparar ainda melhor nossos alunos para o que 
vão enfrentar. E, sem querer assustar, mas apenas olhando para a realidade, o que vem por aí não é fácil. 
Como forma de obter os resultados almejados, os professores conteudistas optaram por discutir o 
conhecimento de temas muito avançados, enfatizando a chamada Contabilidade Ambiental, a ética 
empresarial e a ciência atuarial, trazendo uma reflexão não baseada em apenas um caso particular, mas 
no que está surgindo no ambiente empresarial com esses temas avançados. Não se trata de um trabalho 
de consultoria, mas de um caminhar junto a um profissional praticamente formado, com temas com os 
quais ele certamente se envolverá, se já não estiver envolvido. 
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Unidade I
1 A IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA CONTÁBIL PARA A SOCIEDADE
1.1 O surgimento das organizações empresariais, definições e objetivos
A empresa deve gerar lucro, ou morrerá. Mas se tentarmos fazer funcionar 
uma empresa unicamente para obter lucro, ela também morrerá, pois não 
terá outra razão de existir.
Henry Ford (apud LAVILLE, 2009, p. 21).
Neste nosso primeiro esforço de estudo de tópicos de atuação profissional, e considerando que 
trabalhamos com organizações empresariais, é fundamental entender o que a palavra negócio, tão 
usada no cotidiano das nossas vidas, tem uma origem etimológica bem interessante! Em latim, negócio 
significa a negação do ócio! Isso mesmo! Quando estamos fazendo “negócios”, estamos deixando o ócio 
(ou o fazer nada, a preguiça) de lado e, digamos, tomando uma iniciativa, fazendo algo! De preferência 
algo bom e útil, que irá ajudar a atender alguma necessidade, e não algo supérfluo.
Plantar, colher, trabalhar,cuidar de animais de estimação, cuidar dos filhos, brincar, namorar, fazer 
arte, viajar, fazer turismo, fazer compras, cortar o cabelo, tudo isso e muitas outras coisas sob essa simples 
definição latina seriam “negócios”. No entanto, a evolução da sociedade nos últimos séculos atribuiu a 
essa palavra um significado muito mais forte, remetendo-nos a uma noção de responsabilidade, algo 
sério, importante.
Imaginemos uma cena clássica e comum em qualquer família, e que é muito representada nas artes, 
ora como um drama, ora como uma situação corriqueira: o pai e a mãe de uma criança de colo, bem 
pequena e indefesa, que precisa do apoio deles para sobreviver, ao constatarem que não há um estoque 
de leite e/ou alimentos em casa para alimentar essa criança, tomam uma atitude.
Essa atitude poderá ser algo muito simples, como ir a um supermercado ou a uma loja perto de 
casa e comprar alimentos para repor o estoque. Em algumas situações, se a família não tiver dinheiro 
para comprar alimentos, essa mesma cena poderá se tornar um drama. Talvez esses pais estejam sem 
emprego, talvez tenham que ir a um centro de ajuda social para conseguir comida (se houver). Essa 
mesma situação poderá ter contornos trágicos: se não houver alimentos no país onde essa família 
mora mas existir disponibilidade em um outro país que por qualquer motivo se nega a distribuí-los, 
certamente os pais da criança irão guerrear para obter esses alimentos essenciais para suas vidas. 
Mas não sejamos tão trágicos ou dramáticos. Imaginemos que esses pais tenham dinheiro e que 
a simples visita a um supermercado ou a um centro distribuidor resolva o problema. Eles certamente 
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Unidade I
não conseguirão atender sozinhos a todas as necessidades de seu filho e também às suas próprias 
necessidades. Em poucos anos, a criança precisará ser matriculada em uma escola e precisará de roupas 
mais bem elaboradas do que fraldas e roupinhas de bebê. Os pais precisarão matricular seu filho em uma 
escola credenciada e comprar roupas em lojas especializadas. Mais do que isso, precisarão comprar livros, 
entretenimento, telefonia, produtos de limpeza e uma enorme lista de produtos e serviços. Sozinhos, 
em uma perspectiva de vida moderna, não terão jamais como atender a todas as necessidades de que 
necessitam. 
Para atender às necessidades dessa família, surgem os negócios empresariais ou o conceito 
de empresa. No jargão da economia, empresa é definida por autores como Drucker (2001) 
ou Vasconcellos e Garcia (2008) como um agrupamento de pessoas que reúnem os fatores de 
produção (Terra ou recursos naturais, recursos humanos ou trabalho, capacidade empresarial, 
capital e tecnologia) para produzir bens ou serviços para atender as necessidades humanas. Esse 
trabalho sistemático, sendo bem conduzido socialmente, irá contribuir para o desenvolvimento 
humano. 
Isso tudo não é nenhuma novidade. A origem das empresas ou desses agrupamentos de pessoas 
que têm como objetivo atender às necessidades humanas perde-se com o tempo. Vemos comércio e 
empresas em todos os períodos da história, desde as sociedades de artes e ofícios das Idades Antiga e 
Média, passando pela efervescência da industrialização no século XVIII e da sociedade do conhecimento 
atual. No Brasil, a empresa particular mais antiga é a indústria de bebidas alcóolicas Ypióca, fundada 
em 1846! 
Existem empresas tanto nas sociedades capitalistas como nas socialistas ou mistas. Em Cuba, um 
dos últimos países completamente socialistas do mundo, há uma sorveteria estatal que é muito querida 
pela população e uma das atrações turísticas da cidade de Havana. A sorveteria é um dos poucos luxos 
pós-revolução aceitos no país e a qualquer hora do dia registram-se filas intermináveis de moradores 
locais e turistas com vontade de comprar um sorvete da Coppelia. 
Nesse esforço de bem atender às necessidades humanas, entende-se nas sociedades capitalistas que 
as empresas são formadas com o objetivo principal de gerar lucro e que esse lucro deve ser maximizado 
a qualquer esforço. Há, no entanto, um enorme cuidado ao expor esse assunto. Economistas como 
Drucker (2001) entendem que existe um grande perigo quanto ao pensamento de que o objetivo principal 
de uma empresa seria a maximização absoluta dos lucros (entendendo lucros como um conceito de 
rentabilidade) porque a busca pelo lucro pode ser desvirtuada por conta da ação abusiva de agentes da 
economia. Por essa razão, Drucker prefere dizer que a preocupação ou o objetivo de uma empresa seria 
a de criar clientes.
Em uma perspectiva mais ligada à religiosidade das pessoas, essa preocupação com a deturpação da 
ação humana em busca do lucro é exposta por João Paulo II (1987, p. 60) da seguinte forma: 
Enquanto os indivíduos e as comunidades não virem respeitadas 
rigorosamente as exigências morais, culturais e espirituais, fundadas na 
dignidade da pessoa e na identidade própria de cada comunidade, a começar 
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pela família e pelas sociedades religiosas, tudo o mais – disponibilidade de 
bens, abundância de recursos técnicos aplicados à vida quotidiana e um 
certo nível de bem-estar material – resultará insatisfatório e, com o passar 
do tempo, desprezível. É o que o Senhor afirma claramente no Evangelho, 
ao chamar a atenção de todos para a verdadeira hierarquia dos valores: “Que 
aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?” 
(Mt. 16:26).
Por outro lado, podemos ver em Sayed e El Khatib (2013) que, sob a perspectiva do islamismo, os 
juros ou mesmo o lucro abusivo visto como a geração de dinheiro pelo dinheiro é reprovável. Sayed e El 
Khatib (2013) citam Hayek (1994), que comenta: 
O islamismo tem cinco bases fundamentais, componentes da Sharia: 
a Chahada corresponde ao testemunho de que não há outro Deus que 
não Alá e que Maomé é seu profeta e mensageiro; o Zakat é a doação de 
uma quantia em moeda ou em produto que será distribuída aos pobres 
e necessitados, equivalente a 2,50% do rendimento do indivíduo; o 
Salat é a obrigação de todo o muçulmano de orar cinco vezes ao dia 
voltado para Meca; a Haji corresponde a peregrinação à Meca, a cidade 
santa, por cada muçulmano ao menos uma vez na vida, dadas condições 
financeiras e de saúde propícias, e a Saun é a abstinência durante o 
período conhecido como Ramadan de alimento, bebida, fumo e relações 
sexuais do nascer do sol até o poente.
Assim, entende-se no islamismo que o lucro é necessário e bem-vindo, sendo inclusive uma 
necessidade religiosa das pessoas. Isso porque o muçulmano não deve simplesmente receber os 
benefícios que Deus disponibilizou a todos, deve trabalhar para alcançar sucesso em sua vida; como 
parte desse sucesso foi realizado também com a ajuda de toda a sociedade, deve destinar uma parte de 
seus rendimentos como Zakat.
 Observação
A AAOIFI – Accounting and Auditing Organization for Islamic Financial 
Institution (Organização Contábil e de Auditoria para Instituições 
Financeiras Islâmicas), dentro do grande processo de convergência contábil 
internacional, produziu normas contábeis para empresas que seguem a 
Sharia. 
Adicionalmente, para atender às necessidades dos negócios islâmicos, criou-se um conjunto de 
regras chamadas Finanças Islâmicas; segundo Obaidullah (2005 apud SAYED; EL KHATIB, 2013), elas “são 
formadas por produtos oferecidos por instituições financeiras que seguem a Sharia, que por sua vez é 
definida como [...] o conjunto de leis que regem a vida de um muçulmano”.
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Unidade I
 Observação
Mais adiante, complementando esta discussão, você terá a oportunidade 
de estudar a ética sob os aspectos moral, filosófico, religioso e científico. 
Com tudo isso, vemos que para atender às necessidades da família do nosso exemplo ou das 
famílias em geral as empresas geram interesses, direitos e obrigações. Naturalmente, a ciência do direito 
estabeleceu que uma empresa ou um negócio é um instrumento de direito à propriedade privada, mas 
que não se limita a isso. As empresas cumprem ainda uma função social das mais relevantes, sendo 
também um direito à iniciativa econômica das pessoas no campo dos direitos humanos.
Entende-se que ninguém deve ser vedado ao direito à iniciativa econômica, de criar ou juntar-se a 
uma empresa e fazer “negócios”, sair do ócio, trabalhar.
 Observação
Esse aspecto do direito à iniciativa econômica das pessoas, como uma 
condição de direitos humanos fundamentais, também é citado por João 
Paulo II (1987).
A ciência do Direito criou uma especialização do Direito Empresarial na qual entende-se empresa 
como uma atividade econômica exercida de forma profissional por alguém (muitas vezes denominado 
empresário para a produção ou circulação de bens ou serviços, dentro de uma condição social, 
produzindo para o bem comum). É o que expõe Coelho (2010, p. 12-13): 
Se empresário é o exercente profissional de uma atividade econômica 
organizada, então empresa é uma atividade; a de produção ou circulação de 
bens ou serviços. É importante destacar a questão. Na linguagem cotidiana, 
mesmo nos meios jurídicos, usa-se a expressão empresa com diferentes 
e impróprios significados. Se alguém diz “a empresa faliu” ou “a empresa 
importou essas mercadorias”, o termo é utilizado de forma errada, não 
técnica. A empresa, enquanto atividade, não se confunde com o sujeito de 
direito que a explora, o empresário. É ele que fala ou importa mercadorias. 
Similarmente, se uma pessoa exclama “a empresa está pegando fogo!” ou 
constata “a empresa foi reformada, ficou mais bonita”, está empregando 
o conceito equivocadamente. Não se pode confundir a empresa com o 
local em que a atividade é desenvolvida. O conceito correto nessas frases 
é o de estabelecimento empresarial; este sim pode incendiar-se ou ser 
embelezado, nunca a atividade. Por fim, também é equivocado o uso da 
expressão como sinônimo de sociedade. Não se diz “separam-se os bens da 
empresa e os dos sócios em patrimônios distintos”, mas “separam-se os bens 
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sociais e os dos sócios”; não se deve dizer “fulano e beltrano abriram uma 
empresa”, mas “eles contrataram uma sociedade”.
Somente se emprega de modo técnico o conceito de empresa quando 
for sinônimo de empreendimento. Se alguém reputa “muito arriscada a 
empresa”, está certa a forma de se expressar: o empreendimento em questão 
enfrenta consideráveis riscos de insucesso, na avaliação desta pessoa. Como 
ela se está referindo à atividade, é adequado falar em empresa. Outro 
exemplo: no princípio da preservação da empresa, construído pelo moderno 
Direito Comercial, o valor básico prestigiado é o da conservação da atividade 
(e não do empresário, do estabelecimento ou de uma sociedade), em virtude 
da imensa gama de interesses que transcendem os dos donos do negócio e 
gravitam em torno da continuidade deste; assim os interesses de empregados 
quanto aos seus postos de trabalho, de consumidores em relação aos bens 
ou serviços de que necessitam, do fisco voltado à arrecadação e outros.
 Observação
Mais adiante você irá estudar também a legislação e os aspectos 
jurídicos que envolvem a área ambiental. 
Apesar de todos esses importantes aspectos econômicos, sociais, religiosos e jurídicos que estudamos, 
o entendimento que prevalece (no sentido de que tomam a maior parte do tempo dos profissionais e 
suas preocupações) se baseia no fato de que nas sociedades capitalistas o lucro é crucial para qualquer 
negócio individual, sendo então um motor que impele os empresários a agir. 
Voltando à família que mencionamos em nosso exemplo, dentro do conceito de ciclo econômico 
essa família (e todas as famílias de uma economia) irá tentar minimizar os seus gastos para atender às 
suas necessidades enquanto as empresas irão tentar convencê-los a adquirir seus bens e serviços pelo 
maior preço. Temos então uma lei da procura e oferta, uma espécie de competição a que as empresas 
estão sujeitas se quiserem atuar no mercado. 
Por sua vez, para melhor agir no mercado, sabendo também que há ali vários concorrentes, as 
empresas irão tentar estabelecer estratégias para sobreviverem no mercado. Conforme vemos em 
Hussein (2002), essas estratégias são, basicamente, gerar lucro, vencer a concorrência e satisfazer os 
clientes. 
Nesse sentido, França (2007) traça as atuais condições de mercado para as empresas. Além de seus 
executivos se preocuparem nas estratégias descritas por Hussein (2002) (recordando: gerar lucro, vencer 
a concorrência e satisfazer os clientes), cada vez mais se impõe a necessidade de se fazer isso com 
profundo respeito socioambiental. É o que França (2007, p. 15) nos diz: 
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Unidade I
Qualquer líder empresarial que esteja no comando de uma organização não 
tem dúvida dos efeitos da pressão que essa competitividade exerce na rotina 
dos negócios, tendo uma influência direta nas ações e decisões dos seus 
dirigentes e indivíduos de uma maneira geral. 
Entretanto, há outra fonte de pressão sobre as organizações que vem 
ganhando vulto nos últimos tempos a ponto de hoje ser considerado um 
dos mais importantes temas presentes na agenda dos executivos de alto e 
médio escalão, que é a questão do desenvolvimento sustentável, da ética 
nos negócios e da responsabilidade social e ambiental nas empresas. Essa 
pressão da sociedade para uma mudança de postura das empresas em 
relação aos impactos que suas atividades exercem entre o equilíbrio social 
e ambiental do planeta tem como origem a constatação de que, apesar de 
todo o progresso tecnológico e econômico que o mundo vem tendo nos 
últimos anos, a humanidade não conseguiu resolver os problemas mais 
sérios do ponto de vista ambiental e social. 
Ou seja, se antes tínhamos um conceito social e religioso que foi ouvido pela ciência jurídica, agora as 
famílias estão verdadeiramente preocupadas com a questão ambiental e social. Tanto estão preocupadas 
que somaram essa preocupação na relação custo x benefício e na relação procura x oferta. 
Como diz França (2007), as famílias não estão dispostas a pagar mais pelos bens e serviços que 
consomem, elas exigem que esses bens e serviços sejam oferecidos com profundo respeito ao meio 
ambiente e a questões sociais com o mesmo preço e se possível mais baratos. Mas é possível esse 
equilíbrio? 
É com essa dúvida que convido você a prosseguir em nossos estudos, pois iremos estudar onde nós 
contadores estamos inseridos na resolução desse problema e o que podemos (e devemos) fazer. 
2 O PAPEL DO CONTADOR PERANTE A REALIDADE SOCIAL BRASILEIRA E 
INTERNACIONAL 
2.1 O novo contador como centro dos interesses divergentes
O novo contador, expressão utilizada neste livro-texto com o objetivo de diferenciar o contador com 
perfil tradicional, ligado exclusivamente ao próprio trabalho da Contabilidade e a questões tributárias, 
deve, conforme Nasi (1994, p. 5): 
[...] estar no centro e na liderança, pois, do contrario, seu lugar vai ser 
ocupado por outro profissional. O contadordeve saber comunicar-se com as 
outras áreas da empresa. Para tanto, não pode ficar com os conhecimentos 
restritos aos temas contábeis e fiscais. O contador deve ter formação 
cultural acima da média, inteirando-se do que acontece ao seu redor, na 
sua comunidade, no seu estado, no seu país e no mundo. O contador deve 
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ter um comportamento ético-profissional inquestionável, deve participar de 
eventos destinados a sua permanente atualização profissional, deve estar 
consciente de sua responsabilidade social e profissional.
Analisemos com um olhar cético e crítico essa afirmação. O que faz o ilustre professor Antonio 
Carlos Nasi, contador e pesquisador de inestimável valor para a Contabilidade brasileira e internacional, 
produzir um pensamento no qual afirma que contadores devem ter “formação cultural acima da média”, 
preocupação com o que ocorre ao seu redor e comportamento ético inquestionável? Por quê? Não seria 
um exagero afirmar isso? Podemos nos dar o direito ou tomar a obrigação de termos um desenvolvimento 
pessoal acima dos padrões de outros profissionais e das outras pessoas? Para quê? 
A resposta a essas questões passa por um entendimento do que vem ocorrendo na sociedade 
atualmente e que confia ao contador uma missão difícil que jamais lhe foi confiada na história. Para 
ajudar a responder a essas questões, trazemos a interpretação de Iudícibus et al. (2010, p. 8-9) que faz 
um reconhecimento ao grau de qualidade que já existe entre os atuais contadores de nível universitário 
no Brasil. Esses contadores precisam ter, “além das capacidades técnicas e profissionais inerentes, alta 
dose de ética, de prudência, de zelo, de severidade de costumes e de integridade”. 
Iudícibus et al. (2010) enfatizam o papel da profissional de Contabilidade após as alterações na 
Lei das Sociedades por Ações e a entrada em vigor da Lei nº 11.941/08, abrindo uma nova era com 
as Normas Internacionais de Contabilidade. Com a finalidade de conferir às demonstrações contábeis 
maior transparência, que redunda em menor custo do capital e menores riscos nas decisões, essas 
normas trazem como um pilar básico a “prevalência da essência sobre a forma” (IUDÍCIBUS et al., 2010, 
p. 10), o que impele ao contador um comportamento totalmente diferente do que vinha tendo há anos 
(ou séculos). 
Se antes o contador se limitava a cumprir as formalidades legais e contratuais, sem analisar ou 
mesmo criticar o efetivo significado e conteúdo dos documentos, com o comportamento da “essência 
sobre a forma” o contador passa a ter a obrigação de analisar e interpretar documentos e registrar as 
operações como de fato elas ocorreram. 
 Observação
No universo do futebol, um goleiro ao enfrentar um atacante no 
momento de um pênalti, não é responsabilizado pela derrota de um time 
se não conseguir agarrar a bola. Já o contador não! Caso não perceba um 
contrato ou uma situação que não corresponda com a verdade, ele será 
responsabilizado.
Ainda de acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 10), há operações no mercado que são de uma certa 
forma “encenadas” por interesses diversos e muitas vezes por costumes e orientações legais, mas que 
não expressam a realidade dos fatos. Essas situações precisam ser interpretadas pelos contadores e 
exibidas aos usuários na forma real. 
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Unidade I
Os autores expõem uma típica operação “encenada” e que precisa ser relatada em sua essência pelo 
contador: 
Se uma entidade precisa de um financiamento e o consegue, mas desde que transfira, temporariamente, 
a titularidade jurídica de um imóvel ao financiador, para reavê-lo quando da liquidação da dívida, 
normalmente produz um contrato de venda, com cláusula de recompra após um certo período, e 
adiciona um contrato de “aluguel” durante esse período. Os aluguéis e o valor da recompra são nada 
mais nada menos do que o valor original da dívida e seus encargos financeiros. 
Ora, o registro desses contratos conforme essa formalização não evidencia o que de fato está 
ocorrendo: não há aluguel efetivamente nenhum, o financiado não tem nenhum interesse em vender o 
imóvel e nem o financiador de maior garantia jurídica do financiador. Logo, para representar melhor o 
balanço e o resultado da entidade, mostrando o que de fato economicamente é a realidade, é necessário 
que o contador faça com que a essência econômica dos fatos prevaleça sobre essas formas jurídicas 
quando estas não se casam com aquelas. Assim, o contador precisa registrar, na verdade, uma operação 
de financiamento tomado, com o devido reconhecimento ao longo do tempo dos juros, e pagamento 
final da dívida, e não uma venda, um aluguel e uma recompra (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 11-12). 
Iudícibus et al. (2010, p. 10) relatam ainda que haverá uma participação de toda a entidade no 
processo de produção e na responsabilidade da informação contábil, o que o torna “o centro do processo, 
mas não o único a dele participar”. O contador passa, então a participar do processo decisório. 
Surge aqui um aspecto que exige muita atenção: Iudícibus et al. (2010, p. 13), ao constatar o contador 
como “o centro do processo, mas não o único a dele participar” e sua atuação no processo decisório, este 
será também o centro dos interesses divergentes. 
Contador
Usuário
Usuário
Usuário
Usuário
Usuário
Usuário
Usuário
Usuário
Disputa
Disputa
Compra!
Vende!
Aumenta!
Diminui!
Faz!
Não faz!
Contrata!Não 
contrata!
Figura 1 – Representação artística do contador como centro de processo e, por isso, centro dos interesses divergentes
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Os interesses dos empresários frequentemente são de postergar ou diminuir o pagamento de 
impostos. O governo, por sua vez, tem uma postura contrária: a de exigir que os impostos sejam 
pagos em dia e no valor que entende que deva ser. Dentro das organizações, os gestores têm 
interesse em apresentar um bom resultado, ainda que nem sempre a apuração real indique que o 
resultado foi bom. 
Nesse sentido, o contador, ainda conforme Iudícibus et al. (2010, p. 13), estará sob constante pressão, 
o que exige “muita ética profissional e pessoal e uma capacidade de comunicação, de resistência a 
pressões e de viver sob pressão”. 
 Observação
Estudaremos ética mais adiante.
No Pronunciamento Conceitual Básico (BRASIL, [s.d.], a), quanto a características qualitativas nas 
demonstrações financeiras, há uma orientação a respeito da necessidade do comportamento neutro do 
contador, para que as informações possam fazer diferenças para as decisões do usuário. 
Um retrato neutro da realidade econômica é desprovido de viés na seleção ou 
na apresentação da informação contábil-financeira. Um retrato neutro não 
deve ser distorcido com contornos que possa receber dando a ele maior ou 
menor peso, ênfase maior ou menor, ou qualquer outro tipo de manipulação 
que aumente a probabilidade de a informação contábil-financeira ser 
recebida pelos seus usuários de modo favorável ou desfavorável. Informação 
neutra não significa informação sem propósito ou sem influência no 
comportamento dos usuários. A bem da verdade, informação contábil-
financeira relevante, por definição, é aquela capaz de fazer diferença nas 
decisões tomadas pelos usuários.
Simplificando-se e interpretando esses conceitos, neutralidade é a ideia de que o contador deve 
sempre falar a verdade, não dando ouvidospara interesses transversais que invadem o negócio. Para 
isso, precisa ter enorme capacidade de comunicação e saber lidar com sentimentos e expectativas. 
 Observação
Imagine uma fábrica onde o diretor industrial quase atinge uma meta 
de produção que se não for alcançada resultará na demissão de dezenas de 
funcionários. O contador deverá ser neutro e publicar o dado correto, sem 
alteração. 
Na área contábil ambiental, como vimos anteriormente, as empresas estão sofrendo uma enorme 
pressão para melhorarem sua qualidade social e ambiental, mas não podem contar com mais recursos 
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para tal; o consumidor, ao contrário, não abre mão também de preço baixo. Sendo assim, a pressão sobre 
o contador também é muito grande nesse aspecto. 
 Observação
Um bom exemplo de situação em que o contador sofre ou pode vir a sofrer 
pressões em questões ambientais é o relacionamento com a publicidade 
ligada a interesses sociais e ambientais, o chamado greenwashing, que 
estudaremos mais adiante. 
2.2 O conceito de empresa para os contadores 
Segundo Crepaldi (2008, p. 34),
Uma empresa é uma associação de pessoas para a exploração de negócio 
que produz e/ou oferece bens e serviços, com vistas, em geral, à obtenção de 
lucros. Ela pode ser particular, governamental ou de economia mista, além 
de poder ter diferentes formas jurídicas.
Essa definição simples e direta, com suas variações, é o que vemos na maioria dos livros sobre 
Contabilidade. De certa forma, em quatro dezenas de palavras, substitui ou sintetiza tudo o que 
estudamos neste livro-texto até aqui. Poderíamos inclusive começar este material deste ponto, caso 
nossa intenção fosse a de proporcionar uma “explicação rápida”. Curiosamente, os contadores tendem 
a comentar bastante sobre os problemas e situações que as empresas enfrentam, mas não se dão ao 
trabalho, não gostam de definir o que seria empresa e muito menos entender o que envolve essa 
manifestação da cultura e da sociedade humanas. 
É isso o que vemos em Iudícibus et al. (2010), obra da equipe de professores da USP, os maiores 
doutrinadores da Contabilidade no país, um trabalho tipicamente brasileiro e que continua sendo o livro 
de Contabilidade mais vendido nas livrarias, com milhares de exemplares comercializados. A ideia está 
presente também em Griffin (2012), autor de origem norte-americana. 
É certo que o pragmatismo da escola contábil norte-americana nos faz ir direto ao que interessa, 
sem maiores delongas. Assim, não importa muito para os contadores definir o que é empresa, importa 
partir logo, ansiosamente, para entender como fazer Contabilidade. Esse mesmo pragmatismo é o que 
vemos no Brasil, porque temos forte influência da escola contábil norte-americana. 
Nesse ponto, é importante remetermos ao que diz David Ogilvy. O autor, segundo Laville (2009, 
p. 301): 
desaconselhava a seus clientes a utilização de cartazes à beira de avenidas 
e estradas, assinalando o fato de que um motorista passando por ali não 
teria nunca tempo de ler mais do que seis palavras sem o risco de correr um 
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acidente e insistindo sobre o fato de que seis palavras são suficientes para 
um slogan mas não permitem passar uma informação verdadeiramente 
interessante.
Em analogia, aplicando esse pensamento proposto por Ogilvy, os contadores brasileiros (e norte-
americanos) teriam que ser rápidos e práticos porque os empresários estão em carros trafegando em 
alta velocidade em uma autoestrada em busca de seus interesses e não têm muito tempo para pensar 
em nada a não ser dirigir seus negócios. No entanto, questiona-se: os motores desses carros estão 
funcionando bem, a ponto de levar esses empresários aos objetivos que almejam? E afinal de contas, 
para onde essa autoestrada os está levando? 
Felizmente, vemos a escola europeia de Contabilidade, principalmente a italiana, a francesa e a 
alemã, se preocuparam em estudar com mais profundidade a empresa. Temos na Itália a escola contábil 
aziendalista, que significa uma “fazenda” ou uma empresa, e na Alemanha há a Betriebswirtschaft ou o 
estudo econômico da empresa, em que o fenômeno desta como manifestação da cultura e da sociedade 
humanas é estudado com mais cuidado. 
Alguns dos pesquisadores brasileiros que mais estudaram a Contabilidade europeia foram Francisco 
D’Auria e, mais recentemente, o Prof. Dr. Antônio Sá. O professor Sá, morto há poucos anos, escreveu 
um livro sobre Luca Pacioli que nos mostra a verdadeira saga que foi o desenvolvimento da Summa de 
Arithmetica, Geometria, Proportioni e Proportionalità, obra de 1494 que iniciou uma nova era para o 
ensino e a difusão da Contabilidade. 
Segundo Sá (2004), o Frei Luca Bartolomeu Pacioli di Sansepolcro, da Ordem Católica dos Franciscanos, 
muito cedo foi educado por um emérito pintor e matemático, Piero Della Francesca. Aos 20 anos, foi 
à efervescente Veneza, onde trabalhou com o comerciante Judeu Antônio Rompiaci e continuou seus 
estudos na escola de Domenico Bragantino, um especialista em matemática que lhe deu concessão 
para o magistério. Após receber a batina, por fé em São Francisco, sua inquietude cultural o fez produzir 
várias obras sobre matemática. 
 Saiba mais
Sobre esse assunto, leia a seguinte obra:
SÁ, A. de. Luca Pacioli, um mestre do Renascimento. Brasília: Fundação 
Brasileira de Contabilidade, 2004. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/
uparq/Livro_lucapacioli.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2013.
Sá (2004, p. 54) diz que Luca Pacioli tornou-se amigo pessoal de Leonardo Da Vinci, um dos 
maiores gênios da humanidade. Muitos pesquisadores dão a essa amizade o fato de a Ceia Sagrada 
ter proporções inspiradas no pensamento de Luca Pacioli em sua obra Divinas Proporções, na qual 
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Unidade I
Pacioli conceituava que “numa reta, dividida em dois segmentos desiguais, a parte menor estará 
sempre para a maior como esta para o todo”. Essas proporções foram inspiradas nas ideias de 
Platão (na obra O Timeu) e de Euclides. 
É esse mesmo Frei, tão inquieto pela ciência, que vivia em um ambiente de efervescência 
científica e cultural que era a Veneza dos séculos XV e XVI, que se interessou em saber como os 
comerciantes agiam, ganhavam dinheiro, controlavam seus bens, conheciam os seus resultados 
e desempenho no mercado e faziam novos negócios. Embora a Contabilidade já fosse milenar, 
coube ao Frei Luca Pacioli montar uma obra que tivesse, assim como o autor, forte conotação de 
difusão cultural. A súmula de Luca Pacioli não foi um trabalho feito para ficar como referência 
nas prateleiras de uma biblioteca. 
Mas o que moveu o Frei Luca Pacioli, ainda de acordo com Sá (2004), a se inteirar a respeito da 
Contabilidade foram as partidas dobradas, ou os critérios para evidenciar causa e efeito de um ou mais 
fenômenos empresariais, os registros contábeis e os conceitos de patrimônio (exprimir algo amealhado 
no intuito de suprir as necessidades humanas), o que por sua vez impõe um processo para impor à 
razão do homem o controle pela memória dos fatos, criando o conceito de conta contábil (que reúne 
qualidade e quantidade das coisas). 
Assim, a evolução do conceito de débito e crédito e a curiosidade sobre os estudos sobre o controle 
do patrimônio difundiriam, conforme vemos em Sá (2004, p. 30): 
[...] as obras difundiriam a Partida Dobrada [iniciada com a de Paciolo] e 
atribuiriam o “caráter pessoal” às contasmateriais, ou seja, evocando uma 
“personalidade” delas, como é exemplo o texto: “Faça de conta que a caixa é 
uma pessoa que a ela se debita tudo o que lhe dá por recebimento e que se 
credita por tudo que dela recebe, por pagamento.“
A partir de tudo o que já estudamos, vemos que o contador, no esforço de estudar as modificações 
que ocorrem no patrimônio de uma empresa, a considera como uma pessoa de carne e osso, ou, em 
outras palavras, como um ator considera o seu personagem. Se os administradores e advogados utilizam 
os conceitos de pessoas físicas e jurídicas de forma técnica, a fim de melhor estudar e trabalhar e 
separando o que é de uma pessoa física e o que é da conta de sua empresa, o contador estabelece para 
as empresas uma “personalidade”, em um relacionamento estreito. 
A empresa, para o contador, é um objeto de estudo dos mais importantes, com o qual acaba por criar 
um conhecimento, uma relação ou mesmo uma afeição que pode até ser maior do que a relação que 
possui o próprio empresário ou o criador dessa empresa. Certamente, o contador se coloca no ponto de 
vista da empresa, interpretando, representando e expressando a situação patrimonial, como se ele fosse, 
de certa forma, a própria empresa. 
Então, o que se vê na realidade é que para o contador o conceito de empresa é muito forte, muito 
estreito, bem mais significativo daquilo que expressa em uma primeira e rápida leitura o conceito de 
Crepaldi (2008) que apresentamos anteriormente. Se, por exemplo, existem problemas relacionados 
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
ao meio ambiente, o contador age como um médico que se preocupa em entender qual doença o 
paciente apresenta e busca um remédio ou tratamento, mesmo que os próprios sócios/acionistas ou 
administradores não solicitem ou talvez nem saibam o que está ocorrendo.
Ao longo do tempo, os governantes e reis logo viram o comprometimento dos contadores com as 
empresas e os valorizaram, dando títulos importantes. Esse mesmo prestígio continua a ser observado 
até os dias atuais. Em muitas ocasiões, os agentes públicos confiam mais nos contadores, considerando-
os como parceiros. 
Da mesma forma, muitos investidores e usuários no mercado também têm essa visão. Sentem-se 
muitas vezes mais confortáveis com uma informação que foi elaborada por um contador do que pelo 
principal executivo ou empresário. 
O governo federal sancionou a Lei nº 12.846/13 (BRASIL, 2013), “[...] sobre a responsabilização 
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional 
ou estrangeira, e dá outras providências”.
Nessa lei, entende-se que “A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade 
individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou 
partícipe do ato ilícito”. Ou seja, o contador deve observar se estão ocorrendo atos contra administração 
pública nacional ou estrangeira e avisar às autoridades competentes. Esses atos são expostos a seguir: 
Atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira praticados pelas 
pessoas jurídicas, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, 
contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais 
assumidos pelo Brasil
I – prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente 
público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;;
II – comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar 
a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;;
III – comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar 
ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados;;
IV – no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o 
caráter competitivo de procedimento licitatório público;;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório 
público;;
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c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem 
de qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação 
pública ou celebrar contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou 
prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização 
em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos 
contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico financeiro dos contratos celebrados 
com a administração pública;
V – dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes 
públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos 
órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional. 
Fonte: Brasil (2013a).
Nesse mesmo sentido, a Resolução nº 1.445/13 do Conselho Federal de Contabilidade (BRASIL, 
2013a) “dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelos profissionais e Organizações Contábeis, 
quando no exercício de suas funções, para cumprimento das obrigações previstas na Lei nº 9.613/98 e 
alterações posteriores”. 
A Lei nº 9.613/98 (BRASIL, 1998) dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, 
direitos e valores e sobre a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos 
nessa lei, além de criar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Nessa lei, 
devidamente regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade, vemos que o contador tem 
a obrigação de relatar ao Coaf.
Em seu artigo 3º, a Resolução nº 1.445/13 (BRASIL, 2013a) diz que: 
Os profissionais e organizações contábeis devem avaliar a existência de 
suspeição nas propostas e/ou operações de seus clientes, dispensando especial 
atenção àquelas incomuns ou que, por suas características, no que se refere 
a partes envolvidas, valores, forma de realização, finalidade, complexidade, 
instrumentos utilizados ou pela falta de fundamento econômico ou legal, 
possam configurar sérios indícios dos crimes previstos na Lei nº 9.613/98 ou 
com eles relacionar-se (BRASIL, 2013a).
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Todos os contadores devem suspeitar das transações efetuadas pelos gestores e relatar ao Coaf as 
seguintes operações:
Operações de suspeição, que podem vir a ser relatadas ou relatadas de forma 
obrigatória 
Art. 9º. As operações e propostas de operações nas situações listadas a seguir podem 
configurar sérios indícios da ocorrência dos crimes previstos na Lei nº 9.613/1998 ou com 
eles relacionar-se, devendo ser analisadas com especial atenção e, se consideradas suspeitas, 
comunicadas ao Coaf:
I – operação que aparente não ser resultante das atividades usuais do cliente ou do seu 
ramo de negócio;
II – operação cuja origem ou fundamentação econômica ou legal não sejam claramente 
aferíveis;
III – operação incompatível com o patrimônio e com a capacidade econômica financeira 
do cliente;
IV – operação com cliente cujo beneficiário final não é possível identificar;
V – operação ou proposta envolvendo pessoa jurídica domiciliada em jurisdições 
consideradas pelo Grupo de Ação contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do 
Terrorismo (Gafi) de altorisco ou com deficiências de prevenção e combate à lavagem de 
dinheiro e ao financiamento do terrorismo ou países ou dependências consideradas pela 
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) de tributação favorecida e/ou regime fiscal 
privilegiado;
VI – operação ou proposta envolvendo pessoa jurídica cujos beneficiários finais, 
sócios, acionistas, procuradores ou representantes legais mantenham domicílio em 
jurisdições consideradas pelo Gafi de alto risco ou com deficiências estratégicas de 
prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo ou 
países ou dependências consideradas pela RFB de tributação favorecida e/ou regime 
fiscal privilegiado; 
VII – resistência, por parte do cliente ou demais envolvidos, ao fornecimento de 
informações ou prestação de informação falsa ou de difícil ou onerosa verificação, para a 
formalização do cadastro ou o registro da operação;
VIII – operação injustificadamente complexa ou com custos mais elevados que 
visem dificultar o rastreamento dos recursos ou a identificação do real objetivo da 
operação;
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IX – operação aparentemente fictícia ou com indícios de superfaturamento ou 
subfaturamento;
X – operação com cláusulas que estabeleçam condições incompatíveis com as praticadas 
no mercado; e
XI – operação envolvendo Declaração de Comprovação de Rendimentos (Decore), 
incompatível com a capacidade financeira do cliente, conforme disposto em Resolução 
específica do CFC;
XII – qualquer tentativa de burlar os controles e registros exigidos pela legislação de 
prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo; e
XIII – Quaisquer outras operações que, considerando as partes e demais envolvidos, os 
valores, modo de realização e meio de pagamento, ou a falta de fundamento econômico 
ou legal, possam configurar sérios indícios da ocorrência dos crimes previstos na Lei n° 
9.613/1998 ou com eles relacionar-se.
Art.10. As operações e propostas de operações nas situações listadas a seguir devem ser 
comunicadas ao Coaf, independentemente de análise ou de qualquer outra consideração:
I – prestação de serviço realizada pelo profissional ou organização contábil, envolvendo 
o recebimento, em espécie, de valor igual ou superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) ou 
equivalente em outra moeda;
II – prestação de serviço realizada pelo profissional ou organização contábil, envolvendo 
o recebimento, de valor igual ou superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por meio de 
cheque emitido ao portador, inclusive a compra ou venda de bens móveis ou imóveis que 
integrem o ativo das pessoas jurídicas de que trata o Art.1°; 
III – constituição de empresa e/ou aumento de capital social com integralização em 
moeda corrente, em espécie, acima de R$ 100.000,00 (cem mil reais); e
IV – aquisição de ativos e pagamentos a terceiros, em espécie, acima de R$ 100.000,00 
(cem mil reais).
Fonte: Brasil (2013a).
Esses são dois exemplos da expectativa que os governos, usuários externos e internos em geral 
depositam no contador, o que somente é possível porque sabe-se que o este mantém profundo 
envolvimento com a empresa, sendo seu “porta-voz”. 
A aplicação da Resolução nº 1.445/13 do CFC suscitou algumas dúvidas que foram esclarecidas pelo 
CFC. Esse esclarecimento pode ser lido no texto a seguir: 
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Comissão esclarece dúvidas sobre Resolução CFC nº 1.445/13 
Em resposta aos questionamentos que foram feitos ao Conselho Federal de Contabilidade 
quanto à edição da Resolução CFC nº 1.445/13 – “Dispõe sobre os procedimentos a serem 
observados pelos profissionais e organizações contábeis, quando no exercício de suas 
funções, para cumprimento das obrigações previstas na Lei nº 9.613/1998 e alterações 
posteriores” –, os membros da comissão – criada pelo CFC e constituída por representantes 
do CFC, Fenacon e Ibracon – elaboraram um documento com os seguintes esclarecimentos:
“De início, destacamos a nossa compreensão em relação aos questionamentos, uma vez 
que, por se tratar de matéria e regulamentação pouco comum para determinados campos de 
atuação contábil, é preciso esclarecer o contexto e as razões da Resolução do Conselho Federal de 
Contabilidade e, principalmente, os princípios da Lei nº 9.613/98, alterada pela Lei nº 12.683/12.
Analisando a matéria sob a ótica mundial de países e legislações que tratam de lavagem 
de dinheiro, conclui-se de imediato não se tratar de novidade ou “modismo” criado no 
Brasil, ou seja, trata-se de tema que há anos está inserida no contexto da realidade e do dia 
a dia dos profissionais e organizações, inclusive no Brasil.
Portanto, repetimos e insistimos não se tratar de uma peculiaridade brasileira. A realidade 
é muito mais grave e as estatísticas dos órgãos de controle mostra que o Brasil vem se 
transformando em paraíso para o financiamento ao crime organizado e ao terrorismo.
A Lei nº 12.683/12 diminuiu esta defasagem e para os contadores, acabou havendo 
uma particularidade em relação aos outros países. No mundo todo, as autoridades 
regulamentaram as normas para a classe contábil. No Brasil, logo após a promulgação da 
Lei, a comissão formada pelas entidades que representam a classe se mobilizou em busca de 
resguardar a inaplicabilidade imediata das normas.
A Lei nº 12.683/12 modificou de forma relevante a Lei nº 9.613/98, quando inseriu os 
profissionais e organizações contábeis no rol daqueles que devem prestar informações sobre 
operações suspeitas de crimes de lavagem de dinheiro e de outros ilícitos previstos na referida lei. 
A partir daí, visando resguardar as premissas profissionais e o respeito às Leis e tratados 
internacionais, a referida comissão trabalhou sob a coordenação do CFC, órgão regulador da 
profissão, visando viabilizar o cumprimento da Lei nº 12.683/12. 
Durante um ano este grupo recebeu contribuições de inúmeros profissionais, autoridades, 
entidades representativas, resultando na aprovação pelo Plenário do Conselho Federal de 
Contabilidade da Resolução CFC nº. 1.445/2013. Com isto, a classe contábil se juntou a 
outras categorias profissionais, como, por exemplo, os corretores de imóveis e demais 
entidades como os agentes financeiros e até os próprios bancos.
Nota-se que essa nova responsabilidade dos profissionais da área contábil não foi 
criada pelo Conselho Federal de Contabilidade, mas pelo legislativo, sendo sancionada pela 
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Presidente da República. Portanto, trata-se de lei federal, cuja sua aplicação e cumprimento 
não estão à mercê da vontade dos profissionais.
A partir da edição da Lei, coube ao CFC, dentro de sua competência legal e após inúmeras 
e exaustivas reuniões da Comissão, especificamente criada pelo Conselho Federal com a 
participação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) de representantes 
dos CRCs, da Fenacon, do Ibracon e do Banco Central, além de reuniões com o Coaf, 
regulamentar a matéria por meio de Resolução. 
Conforme foi dito, coube à Resolução CFC nº 1.445/13, regulamentar a aplicação da lei 
nos serviços profissionais de Contabilidade quanto aos seus principais aspectos, tornando a 
sua aplicação factível aos profissionais de Contabilidade.
Um dos aspectos mais importantes da Resolução é a proteção aos profissionais e 
organizações contábeis, no sentido de “conhecerem quem são os seus clientes” e não serem 
utilizados por criminososem atividades ilícitas. 
Por outro lado, o profissional que não atendê-la poderá ser equiparado ao criminoso 
na aplicação das penalidades previstas na própria lei. Portanto, a política de prevenção e o 
cadastro de clientes visam atingir esse objetivo.
No que tange à comunicação ao Coaf, é preciso deixar claro que não cabe ao profissional 
ou organização contábil investigar as operações realizadas por seus clientes, mas tão somente 
comunicar ao Coaf as operações que se enquadram nos artigos 9º e 10º da Resolução CFC nº 
1.445/13 e que podem configurar sérios indícios de crimes previstos na referida Lei. 
Nem mesmo ao Coaf cabe tal investigação, uma vez que todas as comunicações acerca 
do assunto fluirão de diversas fontes, como, por exemplo, Banco Central, Receita Federal, 
Polícia Federal, Ministério Público, Cartórios etc., cabendo ao Coaf, evidentemente que 
mantido o necessário sigilo, consolidar e transmitir essa informação ao órgão que tem sob 
sua competência e responsabilidade a investigação.
Embora não seja requerida qualquer investigação para o cumprimento da Lei e da 
Resolução, obviamente, o profissional ou organização contábil deverá estar atento às 
possíveis consequências que o indício identificado pode acarretar no seu trabalho. Por 
exemplo, no caso específico do auditor independente, de forma similar ao que ocorre 
quando o auditor se depara com uma situação de fraude ou de descumprimento de leis 
e regulamentos (efetiva ou suspeita) em um cliente onde tem como responsabilidade a 
auditoria de demonstrações contábeis, o auditor independente deverá considerar o possível 
impacto no seu trabalho, como requerido pelas normas de auditoria.
Outro ponto importante e que deve ser observado é quanto ao sigilo das informações. 
Conforme estabelece a norma, as comunicações serão efetuadas diretamente no sítio 
eletrônico do Coaf, conforme instruções ali definidas, comprometendo-se por lei, a manter 
o sigilo, assumindo, evidentemente, as consequências legais pela sua não observância.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Ressalta-se ainda que, caso o CFC não tivesse exercido sua competência legal e elaborado 
uma Resolução específica, obviamente a Lei (que já está em vigor há muito tempo)teria sido 
regulamentada diretamente pelo Coaf ou outra entidade competente, como foram feitos 
para outras atividades, trazendo responsabilidades não necessariamente condizentes com 
os serviços profissionais de Contabilidade.
Por outro lado, é importante observar que boa parte das solicitações contidas na lei 
e na Resolução é pouco aplicável à maioria das empresas de Contabilidade, desde que, 
evidentemente, não pratiquem atividades ilícitas ou contribua para a lavagem de dinheiro 
de um determinado cliente. 
O fato é que a adoção de medidas para coibir práticas ilegais é um resguardo para o 
profissional. Engana-se o profissional que entende que somente a partir da alteração da 
Lei, em 2012, poderia ser condenado e preso. Uma pesquisa na jurisprudência mostra que 
a classe contábil está cada vez mais exposta a esse risco e que muitos profissionais já vêm 
sendo condenados à pena de prisão. 
A Resolução cria limites e instrui melhor o profissional, ajudando-o a agir para não ser 
confundido com o seu cliente, que eventualmente esteja cometendo o ilícito. A norma não 
foi feita num espírito de proteger os profissionais que prestam serviços a criminosos. Fato 
que por sinal, sempre foi condenado pelo código de ética da profissão. Portanto, aquele 
que presta serviços, auxiliando o cliente a praticar delitos, inclusive a contabilizar caixa 
dois ou dar legitimidade a recursos oriundos de sonegação (entre outros), sempre esteve 
cometendo um crime e sempre esteve sujeito a sanções penais. 
É preciso ficar claro que a Resolução CFC nº 1.445/2013 conseguiu transformar a Lei nº 
12.683/12 num instrumento de valorização profissional, em que a classe se afasta do mau 
cliente e cria uma nova cultura de valores e conduta profissional pautados na legalidade. 
Neste momento em que a sociedade vai às ruas para pedir por mais ética e transparência, 
a Resolução veio ratificar que o profissional da Contabilidade não irá contribuir para a 
realização de crimes como o de lavagem de dinheiro.
A norma não traz qualquer prejuízo ao profissional que possui uma conduta correta e exerce 
sua profissão com respeito, responsabilidade e ética. Não podemos ter receio de afastar os maus 
clientes que, na grande maioria das vezes, deposita no profissional da Contabilidade todas as 
suas falcatruas. Os profissionais da Contabilidade não poderão mais fazer parte da mídia como os 
grandes responsáveis pelas fraudes, corrupção e lavagem de dinheiro. Cabe aos profissionais da 
Contabilidade o papel de cumprir a lei em benefício da profissão.”
A Comissão
Fonte: Conselho Federal de Contabilidade (2013).
Encerrado esse tema, convidamos você a estudar a partir de agora a (complexa) questão ambiental 
aplicada à Contabilidade. 
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3 CONTABILIDADE AMBIENTAL
3.1 Entender o problema em um contexto social e histórico: a detecção da 
ameaça aos seres humanos 
Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento 
sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com 
a natureza.
Princípio 1 da Declaração do Rio (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 
1992).
Existe no folclore norte-americano a figura de Paulo Bunyan (Paul Bunyan) e seu boi azul. Segundo 
Nelson (2005), Paulo Bunyan foi um homem que teria existido de verdade e foi transformado em lenda 
em 1837 após a Rebelião de Papineau. Adonis (2013) resume a complexa e significativa história de Paulo 
Bunyan de forma bem simplificada, como veremos a seguir:
[Paul Bunyan, um lenhador gigante], faz prosperar a região usando a própria 
força e seu machado. Conta com a ajuda de Babe, o boi azul, também 
gigantesco, para irrigar cidades, realizar benfeitorias, evitar calamidades. 
Paul é simpático, humilde, despojado e vive nas montanhas. Encarna o 
espírito livre.
Eis que chega na região a modernidade, na figura de um homenzinho, 
Joe Muffaw, munido de grande avanço tecnológico: uma serra elétrica. 
Ele é antipático, arrogante, janota e vive na cidade. Encarna o espírito do 
progresso. Nasce da descrença o desafio para verificar se aquela invenção 
é realmente tão poderosa quanto trombeteada pelo arauto da tecnologia. 
A disputa visa a estabelecer quem é mais produtivo cortando madeira. De 
um lado, Bunyan e Babe; do outro, Joe com a serra elétrica e a locomotiva. 
No Brasil, a figura folclórica de Paulo Bunyan ficou conhecida a partir de um desenho dos Estúdios 
Disney, de livros e de algumas histórias em quadrinhos, especialmente duas que foram produzidas pela 
Disney, de autoria dos quadrinistas Jack Bradbury e Carl Barks. Nessas histórias em quadrinhos, enquanto 
Jack Bradbury mostrou a história folclórica com mais fidelidade, Carl Barks criou uma historieta em que 
o personagem Tio Patinhas escondeu suas moedas em árvores de uma grande floresta, no intuito de 
evitar o ataque de ladrões “Irmãos Metralha”. No entanto, o governo do Canadá, onde estaria a floresta, 
resolveu desapropriar a área para a construção de uma barragem. Dessa forma, a região tornou-se de 
um momento para o outro uma área pública, sendo que qualquer um poderia explorar legalmente a 
madeira e, claro, o dinheiro que estava escondido. Essa seria uma situação um tanto parecida com a que 
ocorreu de verdade no Brasil com a elevação das águas do lago de Itaipu. Logo, viram-se duas máquinas 
gigantescas com grandes machados,

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