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ENSINO A DISTÂNCIA DESENHO TÉCNICO BÁSICO Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do Centro Universitário Avantis - UNIAVAN Maria Helena Mafioletti Sampaio. CRB 14 – 276 CDD 21ª ed. 604.2 – Desenho técnico. Provenzano, Thaís Lohmann. P969d Desenho técnico básico /EAD/ [Caderno pedagógico]. Thaís Lohmann Provenzano. Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. 148 p. il. Inclui Índice ISBN: 978-85-5456-129-1 ISBNe: 978-85-5456-168-0 1. Desenho técnico. 2. Desenho técnico - Projetos. 3. Projetos - Representação. 4. Desenho técnico - Ensino a Distância. I. Centro Universitário Avantis - UNIAVAN. II. Título. PLANO DE ESTUDO Ao apresentar a organização da disciplina de Desenho Técnico Básico, inicialmente apresento a ementa que se refere ao conteúdo pretendido explorar no caderno; seguidos dos objetivos que se deseja alcançar com a disciplina; e tão logo relacionar as competências e habilidades pretendidas na preparação do aluno para o mercado de trabalho. Esta disciplina tem como objetivo apresentar as principais informações que dizem respeito ao Desenho Técnico Básico e os conhecimentos necessários para o aproveitamento ideal do conteúdo. A intenção é apresentar aos estudantes uma base técnica para sua vida profissional, com informações claras sobre as normas e atividades que orientam sua profissão. No que diz respeito à organização da disciplina, cabe comentar alguns aspectos iniciais para o bom andamento dos trabalhos. A apostila é composta por 4 unidades, sendo que todas as unidades iniciam por uma breve introdução e na sequência o desenvolvimento do conteúdo, que será ilustrado por imagens, livros, artigos e outras mídias. Cada unidade poderá possuir uma leitura complementar e encerra com as considerações finais. EMENTA: Introdução ao desenho técnico, equipamentos de desenho técnico, geometria básica, normas técnicas. Sistema de representação: projeção cilíndrica ortogonal, sistema de cotagem, escalas, cortes e seções, sinais convencionais, leitura e interpretação de desenhos de conjuntos e detalhes. OBJETIVOS DA DISCIPLINA: • Entender a importância do Desenho Técnico para a profissão. • Identificar quais as Normas Técnicas aplicadas ao Desenho Técnico. • Reconhecer os instrumentos básicos de desenho e como são utilizados. • Entender os princípios da geometria básica. • Aprender a identificar os tipos de Projeções Ortogonais e como utilizá-las para representação de objetos. • Reconhecer os conceitos de Escala. • Aprender como utilizar o Escalímetro. • Identificar as diferentes escalas utilizadas em desenhos técnicos. • Identificar os principais símbolos e itens que compõem a representação gráfica de um desenho. • Entender os conceitos básicos das normas pertinentes. • Compreender a importância dos traçados e das hierarquias de linhas. • Aprender a diferenciar plantas baixas de cortes e vistas. • Desenhar plantas baixas, cortes e vistas de objetos. • Entender os conceitos e métodos básicos para dimensionamento. • Identificar as normas e regras para dimensionar e cotar um desenho técnico. • Aprender como representar graficamente os variados tipos de cotas. • Compreender a importância do uso das cotas para o entendimento do desenho. • Aprender a aplicar as cotas no desenho técnico. O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ESTUDANTE Com esta disciplina o (a) acadêmico (a) será capaz de empregar na sua prática profissional os conhecimentos básicos de desenho técnico para a interpretação, a elaboração e apresentação de seus projetos. Desta forma, a disciplina de Desenho Técnico Básico busca capacitar o acadêmico para a compreensão e elaboração de desenhos bidimensionais de objetos, comunicação de ideias através de linguagem técnica, composição de linhas e elementos gráficos para a representação de um objeto tridimensional em superfície bidimensional. Além disso, desenvolverá habilidades de desenho e o domínio da geometria, de suas aplicações e de outros meios de expressão e representação gráfica. PROFESSORA SOBRE A AUTORA (2019) THAÍS LOHMANN PROVENZANO Graduada no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2003). Possui Mestrado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2006), na área de Sistemas Construtivos. Durante o mestrado foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, e representante discente. Desde 2004 até o presente momento trabalha como arquiteta autônoma. Entre 2009 e 2017 trabalhou na construtora PJ Engenharia, empresa especializada em projeto e execução de estruturas metálicas, localizada em Itajaí/SC. Nesta empresa ocupava o cargo de Gerente Comercial, sendo responsável pelo atendimento ao cliente, venda e fechamento de obras, compatibilização de projetos arquitetônicos com projetos de estruturas metálicas, acompanhamento financeiro das obras e acompanhamento das obras. Possui Especialização em Pós-Graduação Lato Sensu em Ensino à Distância: Docência e Tutoria, pela Faculdade Avantis. Atualmente faz Especialização em Master BIM: Ferramentas de Gestão e Projeto, no Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG. Desde 2015 atua como docente no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Uniavan, nas disciplinas de Arquitetura em Projetos Complementares, Ética e Legislação Profissional, Gestão do Canteiro de Obras, Estágio Supervisionado - Obras, Patrimônio e Legislação Profissional, Desenho Técnico I e Instalações Hidráulicas e Sanitárias. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1310866636749192 E-mail: thais.provenzano@avantis.edu.br SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO......................................................................11 INTRODUÇÃO À UNIDADE ........................................................................................................................................12 1 INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO ...........................................................................................................12 1.1 NORMAS TÉCNICAS ............................................................................................................................................. 16 1.1.1 Qual é a atuação da ABNT? .....................................................................................................................................17 1.1.2 Como surgiu a ABNT? .................................................................................................................................................17 1.1.3 Como são classificadas as Normas ABNT? ...............................................................................................17 1.1.4 Quais são as vantagens de utilizarmos as Normas ABNT? ......................................................... 18 1.1.5 O que significa NBR? .................................................................................................................................................. 18 1.1.6 Qual o objetivo das NBRs? ..................................................................................................................................... 19 1.1.7 NBR é obrigatória? ........................................................................................................................................................ 19 1.1.8 Diferença entre NBR e NR ......................................................................................................................................20 1.1.9 Normas Brasileiras e o Desenho Técnico ..................................................................................................20 1.2 EQUIPAMENTOS DE DESENHO TÉCNICO .................................................................................................251.2.1 Materiais Mais Utilizados No Desenho Técnico – Modalidade Instrumental ...............26 1.3 FÓRUM .......................................................................................................................................................................33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................33 EXERCÍCIO FINAL ....................................................................................................................................................... 34 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................... 35 UNIDADE 2 - ELEMENTOS GRÁFICOS DO PROJETO ....................................................................37 INTRODUÇÃO À UNIDADE ...................................................................................................................................... 38 2 ELEMENTOS GRÁFICOS DO PROJETO .......................................................................................................... 38 2.1 GEOMETRIA BÁSICA .......................................................................................................................................... 39 2.1.1 Ponto .......................................................................................................................................................................................39 2.1.2 Reta .........................................................................................................................................................................................40 2.1.3 Plano ......................................................................................................................................................................................40 2.1.4 Espaço ...................................................................................................................................................................................41 2.1.5 Face ........................................................................................................................................................................................42 2.1.6 Aresta ....................................................................................................................................................................................42 2.1.7 Vértice ..................................................................................................................................................................................42 2.2. SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO DE PROJEÇÕES ORTOGONAIS ............................................. 43 2.2.1 Modelo ..................................................................................................................................................................................45 2.2.2 Observador ......................................................................................................................................................................45 2.2.3 Plano de Projeção .....................................................................................................................................................46 2.2.4 Projeção Ortográfica - Ponto ............................................................................................................................48 2.2.5 Projeção Ortográfica – Segmento de Reta ............................................................................................49 2.2.6 Projeção Ortográfica – Figura Plana ...........................................................................................................51 2.2.7 Projeção Ortográfica – Sólidos Geométricos .......................................................................................53 2.2.8 Projeção Ortográfica – Vista Frontal ...........................................................................................................54 2.2.9 Projeção Ortográfica – Vista Superior .......................................................................................................56 2.2.10 Projeção Ortográfica – Vista Lateral .........................................................................................................56 2.2.11 Projeção Ortográfica – Prisma Retangular ........................................................................................... 57 2.3 ESCALA .................................................................................................................................................................... 60 2.3.1 Escala Gráfica ..................................................................................................................................................................61 2.3.1 Escala Numérica ..........................................................................................................................................................62 2.3.3 Escalímetro ou Régua de Escala ...................................................................................................................65 2.3.4 Utilizando o Escalímetro ou Régua de Escala ....................................................................................68 2.4 FÓRUM .....................................................................................................................................................................72 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................72 EXERCÍCIO FINAL ........................................................................................................................................................73 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................75 UNIDADE 3 - REPRESENTAÇÃO DO PROJETO .....................................................................................77 INTRODUÇÃO À UNIDADE .......................................................................................................................................78 3. REPRESENTAÇÃO DO PROJETO ......................................................................................................................78 3.1 TRAÇADO À MÃO LIVRE ....................................................................................................................................79 3.2 LINHAS TÉCNICAS .............................................................................................................................................. 81 3.3 CALIGRAFIA TÉCNICA ...................................................................................................................................... 83 3.4 PLANTAS BAIXAS ...............................................................................................................................................87 3.4.1 Planta Baixa – Passo 1 .............................................................................................................................................89 3.4.2 Planta Baixa – Passo 2 ...........................................................................................................................................90 3.4.3 Planta Baixa – Passo 3 ...........................................................................................................................................90 3.4.4 Planta Baixa – Passo 4 – Final ..........................................................................................................................91 3.5 CORTES ....................................................................................................................................................................95 3.5.1 Corte – Passo 1 ............................................................................................................................................................. 103 3.5.2 Corte – Passo 2 ..........................................................................................................................................................104 3.5.3 Corte – Passo 3 ..........................................................................................................................................................105 3.5.4 Corte – Passo 4 ..........................................................................................................................................................106 3.4.5 Corte – Passo 5 .......................................................................................................................................................... 107 3.5.6 Corte – Passo 6 ..........................................................................................................................................................108 3.5.7 Corte – Passo 7 ...........................................................................................................................................................109 3.5.8 Corte – Passo 8 ........................................................................................................................................................... 110 3.5.9 Corte – Passo 9 .............................................................................................................................................................111 3.5.10 Corte – Passo 10 ........................................................................................................................................................112 3.5.11 Corte – Passo 11 – Final .........................................................................................................................................113 3.6 VISTAS OU FACHADAS.....................................................................................................................................114 3.6.1 Vista – Passo 1 ............................................................................................................................................................... 116 3.6.2 Vista – Passo 2 .............................................................................................................................................................117 3.7 FÓRUM .....................................................................................................................................................................118 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................119 EXERCÍCIO FINAL ......................................................................................................................................................120 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................122 UNIDADE 4 - DIMENSIONAMENTO DO DESENHO TÉCNICO .......................................123 4 DIMENSIONAMENTO DO DESENHO TÉCNICO .......................................................................................124 4.1 COTAS .......................................................................................................................................................................125 4.1.1 Método de Execução das Cotas ...................................................................................................................... 128 4.1.2 Limite da Linha de Cota ....................................................................................................................................... 129 4.1.3 Métodos de Execução das Cotas ................................................................................................................... 131 4.2 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS COTAS ...............................................................................................132 4.2.1 Método 1 ............................................................................................................................................................................ 132 4.2.2 Método 2 ......................................................................................................................................................................... 134 4.2.3 Comparativo Entre Método 1 e Método 2 .............................................................................................. 135 4.2.4 Cotando Diâmetros e Raios ............................................................................................................................. 135 4.2.5 Cotando em Série ou Paralelo ........................................................................................................................137 4.2.6 Cotando Ângulos e Elementos Chafrados ........................................................................................... 138 4.2.7 Cotando em Perspectivas ................................................................................................................................. 139 4.3 APLICAÇÃO DAS COTAS ..................................................................................................................................141 4.3.1 Cotas em Planta Baixa ........................................................................................................................................... 141 4.3.2 Cotas em Corte .......................................................................................................................................................... 143 4.3.3 Cotas de Nível .............................................................................................................................................................144 4.4 FÓRUM ....................................................................................................................................................................145 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................................146 EXERCÍCIO FINAL ...................................................................................................................................................... 147 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................148 1 unidade INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO 12 DESENHO TÉCNICO BÁSICO INTRODUÇÃO À UNIDADE O desenho técnico é uma forma de comunicação que se dá através da representação gráfica de qualquer tipo de objeto, informando suas formas e dimensões. É necessário desenvolver diversas habilidades para a elaboração de um desenho que seja compreendido e interpretado corretamente por todos os profissionais envolvidos no processo de projeto e execução de determinado objeto. Na prática podemos entender que, para interpretarmos um desenho técnico, é necessário termos visão espacial, ou seja, a capacidade de entender uma forma tridimensional a partir de uma figura plana. A unidade 1 deste caderno de estudos aprenderemos sobre a introdução ao desenho técnico, normas técnicas importantes e instrumentos básicos de desenho. Ao final desta Unidade 1 você deve desenvolver os seguintes aprendizados: • Entender a importância do Desenho Técnico para a profissão. • Identificar quais as Normas Técnicas aplicadas ao Desenho Técnico. • Reconhecer os instrumentos básicos de desenho e como são utilizados. 1 INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO A comunicação sempre foi uma ferramenta fundamental para que as pessoas se enten- dam, seja verbalmente, textualmenteou graficamente. Silva (2006, p. 03) afirma que: A comunicação gráfica é tão antiga quanto o homem e tem, ao longo dos tempos, um desenvolvimento paralelo ao desenvolvimento da tecnologia. Desde a antiguidade o homem se comunica e se expressa usando simbologias variadas. O homem primitivo usava a pintura para retratar aspectos da sua vida quotidiana. Os desenhos mais antigos de que há conhecimento datam de 12000 a.C. Sem dúvida que o desenho precedeu a escrita na comunicação de conhecimentos. O povo egípcio, por exemplo, desenvolveu uma escrita baseada em símbolos. A palavra DESENHO origina-se do latim DESIGNARE “marcar, notar, traçar, desenhar; 13 DESENHO TÉCNICO BÁSICO indicar, designar; dispor, ordenar, regular, imaginar”. Na língua portuguesa DESENHAR significa “traçar com linhas e afins”. É classificado como qualquer representação gráfica – colorida ou não – de formas. Portanto, desenho é a expressão gráfica da forma, e não se pode desenhar sem conhecer as formas que serão representadas. Mas você pode estar se perguntando: Quais os tipos de desenhos? Como são classificados? Podemos classificar o desenho como Livre ou Técnico. Silva (2006, p. 03) afirma que: A distinção entre os dois tipos de desenho — o desenho técnico e o desenho livre — pode ser feita de um modo diferente. O desenho técnico deve ser perfeitamente perceptível e sem ambiguidades na forma como descreve determinado objeto; o desenho livre pode ter, para diferentes indivíduos, várias interpretações e significados do mesmo objeto. A Figura 1 mostra um exemplo de desenho livre, conhecido como ilustração. Figura 1: “Sketch . Draw . Illustrate” de Kyle Kurokawa. Fonte: https://ccsearch.creativecommons.org/photos/2e38e677-5978-47ec-a569-2507f00c0700 - Li- cença https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 - licença CC BY-NC-ND 4.0 – Acesso em: 15/04/2019 Já a figura 2 mostra um exemplo de Desenho Livre (a) e de Desenho Técnico (b) da mesma peça, apresentado as diferenças entre os tipos de representação gráfica. 14 DESENHO TÉCNICO BÁSICO (a) (b) Figura 2: Desenho Livre (a) e Desenho Técnico (b) Fonte: Autora (2019) Segundo CRUZ (2014), o desenho técnico é uma maneira formal e precisa de prover informações sobre formato e dimensões de objetos físicos. Considerando estas afirmações, entendemos, portanto, que, para a elaboração de projetos, a ferramenta de desenho se mantém fundamental, sendo que a forma de se comunicar acontece através do Desenho Técnico, que deve ser entendido por todos os profissionais que trabalham no mesmo ramo. O Desenho Técnico é derivado da Geometria Descritiva, que é a ciência que tem por objetivo representar objetos tridimensionais por meio de desenhos bidimensionais, utilizando Projeções Ortogonais. A Geometria Descritiva foi idealizada por Gaspar Monge – Matemático / Desenhista Francês (1746-1818), e permite a representação de qualquer tipo de objeto no plano bidimensional. O desenho técnico é um desenho operativo, ou seja, após sua confecção segue-se uma operação de fabricação e/ou montagem. Desta forma, para fabricarmos ou montarmos qualquer tipo de equipamento ou construção civil, em todas as áreas da indústria, sempre precisaremos de um desenho técnico. Portanto, todo profissional de Engenharia deve saber fazer e ler Desenhos Técnicos para conseguir desempenhar a sua profissão adequadamente, saber como representar determinada forma, desenvolver a capacidade de interpretar linhas e símbolos e visualizá-los claramente no espaço, em 3 dimensões. Não há na linguagem escrita ou falada uma capacidade de transmissão de informações tão rica e rigorosa como no desenho e, no caso particular das informações que tem a ver com diversos ramos 15 DESENHO TÉCNICO BÁSICO da engenharia, a forma mais clara de transmitir informação reside no desenho técnico (MONTEIRO, 2005, p. 03). Quando tratamos de projeto de engenharia, podemos identificar várias fases durante o processo. Dentre elas podemos identificar normalmente: levantamento das necessidades, coleta de informações, critérios do projeto, restrições do projeto, especificação e apresentação final do projeto para o cliente. É na fase de especificações que são criados os desenhos e detalhes técnicos do projeto. O projeto de engenharia constitui, de fato, a solução de um problema. Na verdade, pode ser definido como “uma abordagem estruturada da solução de problemas. O projeto consiste, basicamente, em identificar um problema, pesquisar e definir exaustivamente o problema para compreendê-lo melhor, gerar soluções criativas para resolvê-lo, avaliar possíveis soluções para verificar se são viáveis, fazer uma escolha racional e implementá-la. (LEAKE, 2015, p. 02). O desenho técnico pode ser representado de diversas formas de representação gráfica, sendo as perspectivas e vistas as mais utilizadas, conforme figuras 3 e 4 apresentadas a seguir. Figura 3: Representação em perspectiva de um objeto Fonte: Autora (2019) Figura 4: Representação em vistas múltiplas de um objeto Fonte: Autora (2019) Ambas representações são importantes, porém são recomendadas em situações específicas, conforme a informação que devem apresentar. As perspectivas são utilizadas 16 DESENHO TÉCNICO BÁSICO normalmente para ilustrar uma visão tridimensional do objeto, já as vistas são projeções ortogonais, comentadas anteriormente, e que serão aprofundadas nas próximas unidades. PARA REFLETIR “Prefiro desenhar do que falar. O desenho é mais rápido e deixa menos espaço para mentiras”. Analise a frase de Le Corbusier, arquiteto, urbanista, escultor e pintor de origem suíça e natu- ralizado francês em 1930. O que você consegue analisar sobre este pensamento? Você concorda que o desenho é mais importante que a fala no desenvolvimento e apresentação de um projeto? 1.1 NORMAS TÉCNICAS Com o objetivo de procurar assegurar a compreensão e legibilidade de qualquer Desenho Técnico, foram criados padrões de Representação Gráfica que são utilizados mundialmente. Existem uma série de regras internacionais que compõem as normas gerais de desenho técnico, cuja regulamentação no Brasil é feita pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. A importância da utilização das Normas ABNT se deve ao fato de podermos relacionar a uniformização da produção, a redução do consumo e o aumento da produtividade, dentre outros (ABNT, 2019). É importante consultar o site da ABNT eventualmente para verificar se foram publicadas normas novas, ou se foram substituídas, revisadas ou canceladas. Figura 5: Logotipo da ABNT Fonte: http://abnt.org.br/ - Acesso em: 15/04/2019 17 DESENHO TÉCNICO BÁSICO 1.1.1 Qual é a atuação da ABNT? Entidade sem fins lucrativos, a ABNT é a representante oficial da Organização Internacional de Padronização (ISO - International Organization for Standardization) e, por meio do estabelecimento das NBR, ajuda na promoção do desenvolvimento tecnológico do país com a padronização de processos produtivos, documentos e afins. 1.1.2 Como surgiu a ABNT? Fundada em 1940 a partir de um grupo de engenheiros e técnicos, a ABNT foi a primeira entidade a difundir normas técnicas no Brasil, sendo reconhecida como entidade de utilidade pública em 1962 por meio da Lei 4150. 1.1.3 Como são classificadas as Normas ABNT? As Normas elaboradas se classificam em sete tipos: • Classificação Ordenam, distribuem ou subdividem conceitos ou objetos, bem como critérios a serem adotados. • Especificação Fixam padrões mínimos de qualidade para os produtos. • Método de ensaio Determinam a maneira de se verificar a qualidade das matérias-primas e dos produtos manufaturados. A verificação é feita por meio de ensaios. A norma descreve como eles devem ser realizados para a obtenção de resultados confiáveis. • Procedimento Orientam a maneira correta de: empregar materiais e produtos; executar cálculos e projetos; instalar máquinas e equipamentos;realizar o controle dos produtos. 18 DESENHO TÉCNICO BÁSICO • Padronização Fixam formas, dimensões e tipos de produtos, como porcas, parafusos, rebites, pinos e engrenagens, que são utilizados com muita frequência na construção de máquinas, equipamentos e dispositivos mecânicos. Com a padronização, evita-se a fabricação de produtos com variedades desnecessárias tanto de formas quanto de dimensões. • Simbologia Estabelecem convenções gráficas para conceitos, grandezas, sistemas, ou parte de sistemas etc., com a finalidade de representar esquemas de montagem, circuitos, componentes de circuitos, fluxogramas etc. • Terminologia Definem, com precisão, os termos técnicos aplicados a materiais, máquinas, peças e outros artigos. 1.1.4 Quais são as vantagens de utilizarmos as Normas ABNT? As principais vantagens da Normalização, segundo ABNT (http://www.abnt.org.br/ normalizacao/o-que-e/o-que-e) são: • Tornam o desenvolvimento, a fabricação e o fornecimento de produtos e serviços mais eficientes, mais seguros e mais limpos; • Facilitam o comércio entre países tornando-o mais justo; • Fornecem aos governos uma base técnica para saúde, segurança e legislação ambiental, e avaliação da conformidade; • Compartilham os avanços tecnológicos e a boa prática de gestão; • Disseminam a inovação; • Protegem os consumidores e usuários em geral, de produtos e serviços; e • Tornam a vida mais simples provendo soluções para problemas comuns. 1.1.5 O que significa NBR? NBR significa NORMA BRASILEIRA. São normas técnicas e possuem inúmeras aplicações para padronização de documentos, processos produtivos e procedimentos de 19 DESENHO TÉCNICO BÁSICO gestão. São estabelecidas de acordo com um consenso entre pesquisadores e profissionais da área e aprovada por um organismo nacional ou internacional, no caso do Brasil, a ABNT. 1.1.6 Qual o objetivo das NBRs? Por meio do estabelecimento de regras, diretrizes, características ou orientações acerca de determinado material, processo, produto ou serviço, as NBRs têm por objetivos o aumento da produtividade das empresas, melhoria da qualidade do produto final e aumento da competitividade do produto no mercado. E para acompanhar as tendências de mercado, que é extremamente dinâmico e cada vez mais competitivo, as normas são atualizadas com certa frequência, para que os padrões sejam inovadores, eficientes e melhorem, de fato, o dia a dia das organizações que fazem uso das NBR. 1.1.7 NBR é obrigatória? A princípio as NBRs não são obrigatórias, visto que são elaboradas por uma instituição privada e não pelo Poder Público. Porém, existem leis brasileiras e normas regulamentadoras que exigem o cumprimento de algumas NBR. Nesse caso, seu cumprimento passa a ser obrigatório. Dessa forma, é interessante sempre consultar a legislação e procurar saber quais leis sua empresa precisa cumprir, bem como as normas atreladas a ela. IMPORTANTE!! É senso comum que todos sigam as NBRs existentes para que a comunicação entre profissionais seja clara e padronizada, diminuindo os riscos de erros nas interpretações, execuções e fabricações dos objetos. 20 DESENHO TÉCNICO BÁSICO 1.1.8 Diferença entre NBR e NR As Normas Regulamentadoras - NR, elaboradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, são relativas à segurança e medicina do trabalho. São de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta. 1.1.9 Normas Brasileiras e o Desenho Técnico A seguir são destacadas as Normas Técnicas Brasileiras relacionadas ao assunto estudado nesta disciplina de Desenho Técnico, incluindo as normas canceladas, conforme constam no Catálogo da ABNT: NBR 10647 / 1989 Norma geral de Desenho Técnico • Objetivo: define os termos empregados em desenho técnico • Status: Cancelada em 29/07/2005 - Substituída por: ABNT NBR ISO 10209-2:2005 NBR ISO 10209-2 / 2005 Documentação técnica de produto - Vocabulário Parte 2: Termos relativos aos métodos de projeção • Objetivo: Esta parte da ABNT NBR ISO 10209 estabelece e define termos relativos aos métodos de projeção usados na documentação técnica de produto, abrangendo todos os campos de aplicação. • Status: Cancelada em 04/03/2013 - Esta Norma foi cancelada devido ao cancelamento de sua equivalente na ISO – Não possui substituição. NBR 6492 / 1994 Representação de projetos de arquitetura • Objetivo: fixa as condições exigíveis para representação gráfica de projetos de arquitetura, visando à sua boa compreensão. • Status: Em vigor. Esta norma encontra-se em fase de Revisão. 21 DESENHO TÉCNICO BÁSICO NBR 10067 / 1995 Princípios gerais de representação em desenho técnico - Procedimento • Objetivo: fixa a forma de representação aplicada em desenho técnico. • Status: Em vigor. NBR 8196 / 1999 Desenho técnico - Emprego de escalas • Objetivo: fixa as condições exigíveis para o emprego de escalas e suas designações em desenhos técnicos. • Status: Cancelada em 29/08/2016, sem substituição. NBR 8402 / 1994 Execução de caractere para escrita em desenho técnico - Procedimento • Objetivo: fixa as condições exigíveis para a escrita usada em desenhos técnicos e documentos semelhantes • Status: Em vigor. NBR 8403 / 1984 Aplicação de linhas em desenhos - Tipos de linhas - Larguras das linhas - Procedimento • Objetivo: fixa tipos e o escalonamento de larguras de linhas para uso em desenhos técnicos e documentos semelhantes. • Status: Em vigor. NBR 10068 / 1987 Folha de desenho - Leiaute e dimensões - Padronização • Objetivo: padroniza as características dimensionais das folhas em branco e pré- impressas a serem aplicadas em todos os desenhos técnicos. • Status: Em vigor. Os Formatos de folhas mais utilizados para Desenho Técnico são da série “A”, e seguem as dimensões em milímetros conforme a Tabela 1: 22 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Tabela 1: Dimensões de Folhas da série “A”, das margens e legendas. FORMATO DIMENSÕES MARGEM COMPRIMENTO DA LEGENDA ESPESSURA LINHAS DAS MARGENS ESQUERDA OU MARGEM DE ARQUIVO OUTRAS A0 841 x 1189 25 10 175 1,4 A1 594 x 841 25 10 175 1,0 A2 420 x 594 25 7 178 0,7 A3 297 x 420 25 7 178 0,5 A4 210 x 297 25 7 178 0,5 Fonte: NBR 10.068/1987 / Adaptado pela Autora (2019) Uma observação importante é destacar que a Legenda possui largura fixa, mas a altura depende da quantidade de informações que devem constar na mesma, uma vez que o número de linhas não é limitado. Outro ponto importante é que a Legenda deve estar posicionada sempre no canto inferior direito da folha, independente do seu tamanho, para que as informações da prancha fiquem visíveis, sem a necessidade de desdobrar completamente a folha. NBR 10126 / 1998 Cotagem em desenho técnico – Procedimento • Objetivo: fixa os princípios gerais de cotagem a serem aplicados em todos os desenhos técnicos. • Status: Em vigor. NBR 10582 / 1988 Apresentação da folha para desenho técnico - Procedimento • Objetivo: fixa as condições exigíveis para a localização e a disposição do espaço para desenho, espaço para texto e espaço para legenda, e respectivos conteúdos, nas folhas de desenhos técnicos. • Status: Em vigor. Como regra geral deve-se organizar os desenhos distribuídos na folha, de modo a ocupar toda a área, e organizar os textos acima da legenda junto à margem direita, ou à esquerda da legenda logo acima da margem inferior. 23 DESENHO TÉCNICO BÁSICO NBR 13142 / 1999 Desenho técnico - Dobramento de cópia • Objetivo: fixa as condições exigíveis para o dobramento de cópia de desenho técnico. • Status: Cancelada em 13/06/2017, sem substituição. Independente da Norma ter sido cancelada, adotam-se que todos os tamanhos de folhas serão dobrados até as dimensões do formato A4, com o intuito de facilitar a fixação e arquivamento dos projetos em pastas. As figuras 6 até 9 exemplificam como dobrar as folhas maiores do que o tamanho padrão A4.Figura 6: Dimensões e Dobramento de Folha A0 Fonte: Autora (2019) Figura 7: Dimensões e Dobramento de Folha A1 Fonte: Autora (2019) 24 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 8: Dimensões e Dobramento de Folha A2 Fonte: Autora (2019) Figura 9: Dimensões e Dobramento de Folha A3 Fonte: Autora (2019) NBR 13273/ 1999 Desenho técnico - Referência a itens • Objetivo: fixa as condições exigíveis para a referência a itens em desenho técnico. • Status: Cancelada em 13/06/2017, sem substituição. NBR 12298 / 1995 Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico – Procedimento • Objetivo: fixa as condições exigíveis para representação de áreas de corte em desenho técnico. • Status: Em vigor. 25 DESENHO TÉCNICO BÁSICO SAIBA MAIS Site: Para você pesquisar mais sobre a ABNT e Normas Técnicas acesse: http:// abnt.org.br/ 1.2 EQUIPAMENTOS DE DESENHO TÉCNICO A representação gráfica de um desenho deve ser precisa e bem executada para que seja legível e compreendida por todos os envolvidos no projeto. As técnicas e ferramentas podem ser variadas, mas os resultados devem ser similares, seguindo as Normas Técnicas específicas para cada tipo de desenho e projeto. Em relação ao Desenho Técnico, existem três modalidades: • Instrumental (régua, compasso, esquadros) • À mão livre • Computadores Cada uma dessas modalidades difere apenas quanto à maneira de execução, sendo idênticos os seus princípios fundamentais. Enquanto o “desenho instrumental” é utilizado em desenhos finais, de apresentação, o “esboço à mão livre” é o desenho que o Engenheiro e o Arquiteto utilizam para dar rapidez e agilidade e que permitem acompanhar e implementar a evolução do processo mental. Os avanços tecnológicos permitiram o surgimento de ferramentas digitais para elaboração dos projetos através do uso de computadores e softwares especializados. Tanto para o desenho instrumental quanto para o desenho por computadores, o profissional deve conhecer as opções e ferramentas disponíveis que o auxiliarão no desenvolvimento do projeto. 26 DESENHO TÉCNICO BÁSICO 1.2.1 Materiais Mais Utilizados No Desenho Técnico – Modalidade Instrumental Neste caderno você vai conhecer os equipamentos utilizados na modalidade Instrumental e como aprender a manuseá-los da forma mais adequada para um resultado final de qualidade garantida. São eles: Lapiseira: Empregada em todo o processo de projeto, desde o desenvolvimento dos croquis até o projeto executivo, a lapiseira é amplamente utilizada devido a sua variada opção de espessuras do grafite, facilitando o desenho com traços uniformes e que sigam as hierarquias de linhas do projeto. Antes de decidir qual lapiseira comprar, devemos identificar quais as características dos grafites que precisamos: espessura e dureza. Encontramos lapiseiras com grafite nas espessuras 0.3; 0.5, 0.7e 0.9 milímetros. Com relação à dureza, o grafite recebe a classificação de Duros: 8H 7H 6H 4H (duros); Médios: 3H 2H H F HB B e Moles: 2B 3B 4B 5B 7B. Cada espessura e/ou dureza do grafite possui uma função específica para a representação gráfica do desenho técnico, sendo os grafites 0.3 e 0.5 e com dureza “H” para desenhos iniciais e mais claros, e os grafites 0.7 e 0.9 com dureza “B” para desenhos finais e mais fortes. Figura 10: Minas de Grafites Fonte: http://www.faber-castell.com.br/Curiosidades/FabricacaoDoEcolapis - Acesso em: 16/04/2019 Lápis: O lápis não é muito utilizado como ferramenta de desenho técnico uma vez que necessita ser apontado frequentemente para manter a mesma espessura de linha, condição fundamental para a correta graficação do projeto. Esta ferramenta acaba sendo utilizada mais no desenvolvimento dos croquis e desenhos a mão livre. Esquadros: Segundo classificação de Ching (2011, p. 07), “Esquadros são instrumentos de desenho utilizados para guiar o traçado de linhas verticais e linhas em ângulos específicos. Eles 27 DESENHO TÉCNICO BÁSICO têm um ângulo reto e dois de 45° (figura 11) ou um ângulo de 30° e outro de 60° (figura 12).” Os esquadros mais utilizados são os de acrílico transparente, sem marcação de régua, que permite a visão completa do desenho que fica por baixo dele. Figura 11: Esquadro Isóceles - 45° Fonte: Autora (2019) Figura 12: Esquadro Escaleno - 30° / 60° Fonte: Autora (2019) O uso combinado dos dois esquadros citados acima permite a elaboração de linhas nos mais variados ângulos, conforme figura 13 a seguir: Figura 13: Combinação de Esquadros para desenho em ângulos Fonte: Autora (2019) Escalímetro: Instrumento destinado à marcação de medidas proporcionais, reduzidas ou ampliadas dos desenhos. Segundo Ching (2011, p. 13) “em desenho, “escala” refere-se a uma proporção que determina a relação entre uma representação e o tamanho real daquilo que é representado.” Existem escalímetros com várias escalas diferentes. As escalas mais utilizadas normalmente são de 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e 1:125. 28 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 14: Escalímetro Fonte: ID 605667362 - https://www.shutterstock.com/pt/download/confirm/605667362?src=H1nmiBuK_pI- fopZaogruUw-1-105&studio=1&size=medium_jpg – Acesso em: 18/05/2019 Gabaritos: O gabarito é uma ferramenta útil para o traçado de formas pré-existentes, como por exemplo círculos de diversos diâmetros, conforme figura 15. Figura 15: gabarito de círculos Fonte: Autora (2019) Borracha: A borracha deve ser do tipo acrílica, macia e com capa protetora, própria para apagar grafite de desenho técnico. Folhas de desenho: As dimensões das folhas de desenho técnico seguem o padrão ABNT, da série A, conforme explicado no item NBR 10068 / 1987 - Folha de desenho - Leiaute e dimensões – Padronização (figura 16). 29 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 16: folhas da série “A” – Dimensões em Milímetros Fonte: Autora (2019) Em relação ao tipo de papel das folhas para desenho técnico, os papéis que possuem certa transparência são considerados ideais pois permitem sobreposições de desenhos para transferência de informações entre projetos. Os tipos mais recomendados são o papel vegetal e o papel manteiga, que possuem variações na transpa rência e na qualidade de acabamento. O papel manteiga geralmente é mais fácil de trabalhar, uma vez que o papel vegetal tende a sujar com mais facilidade com o grafite e borrachas. Compasso: É utilizado principalmente na construção circunferências, arcos e transportes (cópias) de distâncias. 30 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 17: compasso Fonte: ID - 315983126 -https://www.shutterstock.com/download/confirm/315983126?src=zOx3vyNb- cU71Ue1OJ5xOtQ-1-18&studio=1&size=huge_jpg - Acesso em: 03/06/2019 Réguas Paralelas: São sistemas de cabos e roldanas, que se deslocam paralelamente sobre a prancheta (mesa) para permitir que o desenho seja executado com maior precisão e rapidez. Figura 18: régua paralela instalada em prancheta (mesa). Fonte: ID – 796726174 - https://www.shutterstock.com/download/confirm/796726174?src=0yedIUdBTqX79gF- Tj3lcVw-1-30&studio=1&size=huge_jpg - - Acesso em: 03/06/2019 31 DESENHO TÉCNICO BÁSICO “Para que os traçados realizados com lapiseira ou lápis tenham uma espessura uniforme nos desenhos, é importante que o instrumento seja rotacionado gradualmente enquanto se desenha. Ao se utilizar o lápis ou a lapiseiras, estes devem ser puxados, e nunca empurrados, ao se fazer os traçados. No desenho realizado com régua ou esquadro, deve-se manter a lapiseira ou os lápis ligeiramente inclinados para o lado destes instrumentos, assim, evita-se que o grafite os suje e provoque borrões.” (CRUZ, 2014, p. 26). EXERCÍCIO Para fixar as dimensões das folhas mais utilizadas em desenho técnico a su- gestão é você providenciar uma folha dos seguintes tamanhos: A0, A1, A2, A3 e A4, e aplicar os conceitos das Normas NBR 10068 (Folha de desenho - Leiaute e dimensões – Padro- nização) e NBR 13142 (Desenho técnico - Dobramentode cópia). Você deve desenhar em cada folha as seguintes informações, sempre utilizando os instru- mentos de desenho recomendados neste caderno: • Margens • Legenda • Marcar os pontos de dobramento de cada folha Após desenhar todas as informações sugeridas acima, o desafio agora é dobrar as folhas para que elas fiquem com o tamanho final no formato A4, com o intuito de facilitar a fixação e arquivamento dos projetos em pastas. SUGESTÃO DE LIVRO LEAKE, James M., BORGERSON, Jacob L. Manual de De- senho Técnico para Engenharia - Desenho, Modelagem e Visualização. 2ª edição. LTC, 01/2015. Este livro é útil para todos os estudantes e profissionais que utilizam desenho técnico como ferramenta de trabalho. Possui informações comple- mentares a este caderno, agregando muito mais conhecimento ao leitor. 32 DESENHO TÉCNICO BÁSICO SUGESTÃO DE VÍDEO Quando alguém quer transmitir um recado, pode uti- lizar a fala ou passar seus pensamentos para o papel na forma de palavras escritas. Quem lê a mensagem fica conhecendo os pensamentos de quem a escreveu. Quando alguém desenha, acontece o mesmo: passa seus pensamentos para o papel na forma de desenho. A escrita, a fala e o desenho representam ideias e pensamentos. Escaneie o QR Code acima para assistir um vídeo complementar sobre “O que é Desenho Técnico?” Mega da Engenharia BR. Desenho Técnico - Aula 01 - O que é o Desenho Técnico? . Publi- cado em 10 de abril de 2015. Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=oZCGLXIuCKM SAIBA MAIS Desenho técnico nível básico a mão livre: um instrumento didático CURTIS, Maria do Carmo Gonçalves e ROLDO, Liane Artigo de Jornal Publicado em 2015 Acesso: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/148934#? O artigo também se encontra disponível na plataforma da disciplina. SAIBA MAIS Desenho e representação gráfica: T.01 - Introdução ao desenho técnico MARQUES, Pedro Filipe Lima e FLORES, Paulo Publicação Pedagógica - Mestrado Publicado em 09/2017 Acesso: http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/46987#? O artigo também se encontra disponível na plataforma da disciplina. 33 DESENHO TÉCNICO BÁSICO 1.3 FÓRUM Com base nos estudos da Unidade 1 deste caderno, utilize a plataforma on-line e socialize com os seus colegas da disciplina a respeito dos seguintes questionamentos: 1. Quais são as principais características do desenho técnico? 2. Quais são as duas formas mais usuais de representação de objetos em desenho técnico? 3. Qual a importância das Normas Técnicas e sua aplicação profissional? 4. Por que os instrumentos de desenho são fundamentais para a execução de um Desenho Técnico adequado? 5. Que vantagens você aponta no profissional que domina totalmente a linguagem do desenho técnico em comparação com aquele que possui fracos conhecimentos de desenho? CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta primeira unidade estudamos sobre a introdução ao desenho técnico, normas técnicas importantes e instrumentos básicos de desenho. Entender a importância que o desenho técnico possui para os profissionais da área é fundamental para que a representação gráfica seja feita de uma forma a ser compreendida e interpretada corretamente por todos os envolvidos no processo de projeto e execução de determinado objeto. As habilidades de desenho devem ser desenvolvidas com os instrumentos adequados, juntamente com as Normas Técnicas que direcionam e padronizam as informações. Com estes conhecimentos adquiridos na primeira unidade é possível evoluirmos agora para uma nova etapa que é compreender os princípios de geometria de desenho e iniciar a prática efetiva de tudo o que foi estudado até o momento. Ao final desta unidade I você deve fazer os seguintes questionamentos: • Consegui entender a importância do Desenho Técnico? • Consegui identificar quais as Normas Técnicas aplicadas ao Desenho Técnico e por que elas são fundamentais para a profissão? • Aprendi a identificar e utilizar os instrumentos básicos de desenho técnico? 34 DESENHO TÉCNICO BÁSICO EXERCÍCIO FINAL Com base na leitura da Unidade 1, responda às questões: 1. (CONHECIMENTO) Cortando-se uma folha de papel formato A2 ao meio, obtêm- se duas folhas formato: A. A6 B. A5 C. A3 D. A2 E. A1 2. (CONHECIMENTO) Assinale a alternativa referente a seguinte afirmativa: “são instrumentos de desenho utilizados para guiar o traçado de linhas verticais e linhas em ângulos específicos”: A. Régua Paralela B. Escalímetro C. Gabaritos D. Esquadros E. Lapiseiras 3. (ANÁLISE) Em relação às Normas Técnicas de Desenho Técnico, analise as informações as seguir: I. Compartilham os avanços tecnológicos e a boa prática de gestão; II. Permitem que os profissionais criem seus próprios padrões de representação, evitando concorrências. III. Possuem aplicações limitadas para padronização de documentos, processos produtivos e procedimentos de gestão. IV. Tornam o desenvolvimento, a fabricação e o fornecimento de produtos e serviços mais eficientes, mais seguros e mais limpos; V. São estabelecidas de acordo com um consenso entre pesquisadores e profissionais da área e aprovada por um organismo nacional ou internacional, no caso do Brasil, a ABNT. Estão corretas as afirmativas: A. I e II 35 DESENHO TÉCNICO BÁSICO B. II e IV C. III, IV e V D. I, IV e V E. I, II, III, IV e V REFERÊNCIAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Catálogo de normas técnicas. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/ Acesso: 15/04/2019 ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Definição de Normalização. Disponível em: http://www.abnt.org.br/normalizacao/o-que-e/o-que-e Acesso: 15/04/2019 ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6.492 - Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8.196 - Desenho técnico - Emprego de escalas. Rio de Janeiro: ABNT, 1999. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8.402 - Execução de caractere escrita em desenho técnico – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8.403 - Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas - Larguras das linhas – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1984. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.067 - Princípios gerais de representação em desenho técnico – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1995. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.068 - Folha de desenho - Leiaute e dimensões – Padronização. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.126 - Cotagem em desenho técnico – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1998. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 10.209-2 - Documentação técnica de produto - Vocabulário Parte 2: Termos relativos aos métodos de projeção. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.582 - Apresentação 36 DESENHO TÉCNICO BÁSICO da folha para desenho técnico – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1988. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.647 - Norma geral de Desenho Técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1989. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12.298 - Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1995. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.142 - Desenho técnico - Dobramento de cópia. Rio de Janeiro: ABNT, 1999. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.273 - Desenho técnico - Referência a itens. Rio de Janeiro: ABNT, 1999. CHING, Francis K. Representação gráfica em arquitetura. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. CRUZ, Michele da. Projeções e Perspectivas para Desenhos Técnicos. Érica, 06/2014. CRUZ, Michele da. Desenho Técnico. Érica, 06/2014. LEAKE, James M., BORGERSON, Jacob L. Manual de Desenho Técnico para Engenharia - Desenho, Modelagem e Visualização. 2ª edição. LTC,01/2015. SILVA, Arlindo, RIBEIRO, Carlos Tavares, DIAS, Joáo, SOUSA, Luís. Desenho Técnico Moderno. 4ª edição. LTC, 09/2006. 37 DESENHO TÉCNICO BÁSICO 2 unidade ELEMENTOS GRÁFICOS DO PROJETO 38 DESENHO TÉCNICO BÁSICO INTRODUÇÃO À UNIDADE Olá! Esta segunda unidade da apostila tem o objetivo de apresentar os métodos e tipos de Representação Gráfica através dos conceitos de Projeções Ortogonais e Escalas. Ao final desta unidade, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Entender os princípios da geometria básica. • Aprender a identificar os tipos de Projeções Ortogonais e como utilizá-las para representação de objetos. • Reconhecer os conceitos de Escala. • Aprender como utilizar o Escalímetro. • Identificar as diferentes escalas utilizadas em desenhos técnicos. 2 ELEMENTOS GRÁFICOS DO PROJETO O desenvolvimento de um projeto requer que o profissional possua várias habilidades, desde a capacidade de concepção de ideias até a representação do desenho, seja para apresentação ao cliente ou para execução da obra. Um dos primeiros conceitos que o profissional deve dominar é como representar graficamente a sua ideia, de forma que o desenho seja compreendido por todos os envolvidos no processo do projeto, permitindo uma comunicação eficiente e evitando o máximo de erros de interpretação. Como vocês estudaram na unidade anterior, o Desenho Técnico é derivado da Geometria Descritiva, que é a ciência que tem por objetivo representar objetos tridimensionais por meio de desenhos bidimensionais, utilizando Projeções Ortogonais. A re presentação gráfica, portanto, é tão importante quanto as demais etapas de projeto, pois é o ato de utilizar técnicas de representação de algo (objeto ou ideia), através do uso de linhas em uma determinada superfície. Através das técnicas e conceitos de representação gráfica e projeções ortogonais é possível desenvolver o raciocínio espacial e a compreensão de como desenhar os objetos. O estudo destes fundamentos propicia o desenvolvimento da capacidade de organização e apresentação das ideias através do desenho. 39 DESENHO TÉCNICO BÁSICO 2.1 GEOMETRIA BÁSICA Antes de iniciarmos os estudos mais aprofundados de Projeções Ortogonais, vocês devem compreender os conceitos iniciais sobre os entes geométricos. As noções primitivas da Geometria são o modo como compreendemos os elementos matemáticos que dão base para a construção dos conhecimentos geométricos. Esses elementos são: • Ponto • Reta • Plano • Espaço São noções aceitas sem definição, pois temos apenas conceitos primitivos sobre esses elementos, ou seja, não existe uma definição precisa para eles. Como exemplo podemos analisar as frases abaixo: • Aqueles postes estão em linha reta. • O tampo desta mesa é plano. • A mesa está ocupando o espaço do sofá. Nas frases citadas, vocês podem perceber que as noções de ponto, reta, plano e espaço são puramente intuitivas e, ao contrário do que ocorrem com os conceitos de forma e dimensão, “emprestam” sua concepção para descrever determinadas situações. Vamos aprofundar um pouco mais sobre o assunto Entes Geométricos? 2.1.1 Ponto • O ponto é a figura geométrica mais simples. • Não tem dimensão, isto é, não tem comprimento, nem largura, nem altura. • Pode ser representado por uma simples marca feita com a ponta de uma lapiseira no papel ou com linhas cruzadas: as interseções das linhas marcam um ponto. • Para identificá-lo, usamos letras maiúsculas do alfabeto latino. 40 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 19: Representação Gráfica de um Ponto. Fonte: Autora (2019) 2.1.2 Reta A reta possui uma única dimensão: o comprimento. As retas são identificadas por letras minúsculas do alfabeto latino. Figura 20: Representação Gráfica de uma Reta. Fonte: Autora (2019) 2.1.3 Plano • Podemos ter uma ideia do que é o plano observando uma parede ou o tampo de uma mesa. • O plano é uma superfície plana, portanto sem espessura, mas, com largura e comprimento, ou seja, é bidimensional. • Os Planos são identificados por letras do alfabeto grego. 41 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 21: Representação Gráfica de um Plano. Fonte: Autora (2019) 2.1.4 Espaço O espaço é o local onde toda a Geometria acontece. É formado pelo alinhamento de planos, que são colocados lado a lado até preencher todo o espaço. Ele é infinito para todas as direções e contém todas as figuras e formas geométricas planas e tridimensionais. Como é formado por planos, o espaço envolve a terceira dimensão. É na terceira dimensão que são construídas figuras que possuem largura, comprimento e profundidade. Figura 22: Representação Gráfica do Espaço. Fonte: Autora (2019) 42 DESENHO TÉCNICO BÁSICO PARA REFLETIR Agora que definimos e visualizamos quais são os entes geométricos, tente imaginar o seguinte: O que acontece quando estes entes geométricos são utilizados em conjunto? Conseguiu imaginar? A partir da união dos entes geométricos temos o surgimento de três novos conceitos: FACE, ARESTA e VÉRTICE. 2.1.5 Face São as superfícies planas que constituem um sólido. 2.1.6 Aresta São os segmentos de reta que são a intersecção (união) de duas faces contíguas (ao lado). 2.1.7 Vértice São os pontos de encontro das arestas. Na figura 23 temos um objeto que apresenta os três conceitos explicados acima. 43 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 23: Representação Gráfica de Face, Aresta e Vértice Fonte: Autora (2019) 2.2. SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO DE PROJEÇÕES ORTOGONAIS Agora que você compreendeu os conceitos de ponto, reta, plano e espaço, além de como estes entes geométricos se comunicam entre si, formando Faces, Arestas e Vértices, podemos evoluir para o conceito de Projeções Ortogonais. Segundo Silva (2006, p. 41), “A noção de que a representação de um objeto pressupõe a representação de pontos (vértices do objeto) a partir dos quais se definem arestas (segmentos de reta) que delimitam as faces (planos) que constituem a sua configuração permite que se generalize para todos os pontos o procedimento para a identificação de um ponto. A identificação, no plano, de um ponto do espaço constitui uma representação plana e resulta de uma projeção desse ponto no plano. A direção definida pelo ponto através de sua projeção plana (e pelo observador) é designada projetante.” 44 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 24: Geometria da projeção ortográfica. Fonte: LEAKE (2015) Segundo a NBR 6492 / 1994, Representação de Projetos de Arquitetura, que fixa as condições exigíveis para representação gráfica de projetos, podemos entender que a correta composição de um conjunto de faces, arestas e vértices é fundamental para transmitir uma ideia com a maior precisão possível, sem erros de interpretações. Neste momento surgem as Projeções Ortogonais ou Ortográfica, que são uma forma de representar graficamente objetos tridimensionais em superfícies planas, de modo a transmitir suas características com precisão e demonstrar sua verdadeira grandeza. Segundo a NBR ISO 10209-2 (2005), trata-se do desenho das faces principais do objeto, de forma que estas faces estejam posicionadas paralelamente aos planos coordenados sobre um ou mais planos de projeção. VAMOS RELEMBRAR? ORTOGONAL Que formam ângulos retos, perpendiculares. 90° (noventa graus) Para você entender como é feita a projeção ortogonal é preciso conhecer três elementos: o modelo, o observador e o plano de projeção. 45 DESENHO TÉCNICO BÁSICO 2.2.1 Modelo É o objeto que será representado em projeção ortogonal, como por exemplo a figura 25. Qualquer objeto pode ser tomado como modelo: uma figura geométrica, um sólido geométrico, uma peça de máquina, um conjunto de peças, até uma edificação. O modelo geralmente deve ser representado na posição que mostre a maior parte de seus elementos e informações. Figura 25: Modelo, Objeto as ser representado Fonte: Autora (2019) 2.2.2 Observador É a pessoa que vê,analisa, imagina ou desenha o modelo. Para representar o modelo em projeção ortográfica, o observador deve analisá-lo cuidadosamente em várias posições, ou como chamamos em desenho técnico, Vistas. As ilustrações da figura 26 mostram o observador vendo o modelo de frente, de cima e de lado. Vendo o Modelo de Frente Vendo o Modelo de Lado Vendo o Modelo de Cima Figura 26: Posições do Observador em relação ao Modelo. Fonte: Autora (2019) 46 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Em projeção ortográfica você deve imaginar o observador localizado a uma distância infinita do modelo. Por essa razão, a direção de onde o Observador está vendo o Modelo será indicada por uma seta, como mostra a figura 27. Figura 27: Representação da direção que o Observador está vendo o Modelo Fonte: Autora (2019) 2.2.3 Plano de Projeção É a superfície onde se projeta o modelo. A tela de cinema é um bom exemplo de plano de projeção. Agora que você aprendeu sobre os três elementos que formam uma projeção ortogonal, podemos nos perguntar: como utilizamos estes três elementos para a representação gráfica de um desenho técnico? Os planos de projeção podem ocupar várias posições no espaço. Em desenho técnico usamos sempre dois planos básicos para representar as projeções de modelos: um plano vertical e um plano horizontal que se cortam perpendicularmente (figura 28). SPVS – Semi Plano Vertical Superior SPVI – Semi Plano Vertical Inferior SPHA – Semi Plano Horizontal Anterior SPVP – Semi Plano Horizontal Posterior Figura 28: Semiplanos de projeção perpendiculares entre si. Fonte: Autora (2019) 47 DESENHO TÉCNICO BÁSICO A união destes dois planos, perpendiculares entre si, dividem o espaço em quatro regiões chamadas DIEDROS. Cada diedro é a região limitada por dois semiplanos perpendiculares entre si, e são numerados no sentido anti-horário, isto é, no sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio, conforme figura 29. Figura 29: Diedros Fonte: Autora (2019) O método de representação de objetos em dois semiplanos perpendiculares entre si, criado pelo desenhista francês Gaspar Monge, é também conhecido como Método Mongeano – Criador da Geometria Descritiva. No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) recomenda a representação de um desenho técnico no 1º diedro. Alguns países, como por exemplo os Estados Unidos e o Canadá, representam seus desenhos técnicos no 3º diedro. Nesta unidade você estudará detalhadamente a representação no 1º diedro, como recomenda a ABNT. Chamaremos a partir de agora o semiplano vertical superior de plano vertical e o semiplano horizontal anterior de plano horizontal, conforme figura 30 a seguir. Figura 30: Plano Vertical e Plano Horizontal Fonte: Autora (2019) Como vimos no início desta unidade, a união dos entes geométricos ponto, reta, plano 48 DESENHO TÉCNICO BÁSICO formam os elementos face, aresta e vértice. Mas como representamos graficamente cada ente geométrico conforme as regras das projeções ortogonais? 2.2.4 Projeção Ortográfica - Ponto Todo sólido geométrico nada mais é que um conjunto de pontos organizados no espaço de determinada forma. • Imagine um Plano Vertical e um ponto A não pertencente a esse plano, observados na direção indicada pela seta, como mostra a figura 31. • Traçando uma linha projetante perpendicular do ponto A até o Plano Vertical, surge o ponto A1, que é onde a perpendicular encontra o plano. Ou seja, você vai transferir a imagem no ponto A para o Plano Vertical, e a partir deste momento denominamos o ponto A de ponto A1, pois ele é uma projeção. Figura 31: Projeção Ortogonal de um Ponto em Plano Vertical Fonte: Autora (2019) Conseguiu compreender? Vamos fazer novamente? Agora no Plano Horizontal: • Imagine um Plano Horizontal e um ponto B não pertencente a esse plano, observados na direção indicada pela seta, como mostra a figura 32. • Traçando uma linha projetante perpendicular do ponto B até o Plano Horizontal, surgirá o ponto B1, que é a projeção do ponto B. 49 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 32: Projeção Ortogonal de um Ponto em Plano Horizontal Fonte: Autora (2019) Agora que você aprendeu a fazer a projeção ortogonal de um PONTO, vamos fazer a projeção de uma RETA? 2.2.5 Projeção Ortográfica – Segmento de Reta A projeção ortogonal de um segmento de reta em um plano depende da posição que esse segmento ocupa em relação ao plano. • Para começar, imagine um segmento de reta AB, paralelo a um Plano Vertical, observado na direção indicada pela seta, como mostra a figura 33. • Traçando duas linhas projetantes a partir das extremidades do segmento, os pontos A e B ficarão determinados, no Plano Vertical, pelos pontos A1 e B1. • Se unirmos estes últimos pontos, temos o segmento A1B1, que representa a projeção ortogonal do segmento AB. Figura 33: Projeção Ortogonal de uma Reta paralela em relação ao Plano Vertical Fonte: Autora (2019) 50 DESENHO TÉCNICO BÁSICO PARA REFLETIR Os segmentos AB e A1B1 são congruentes, isto é, têm a mesma medida, dimensão. A projeção ortográfica de um segmento paralelo a um plano de projeção é sempre um segmento que tem a mesma medida do segmento tomado como modelo. Neste caso, a projeção ortográfica representa o modelo em verdadeira grandeza, ou seja, sem deformações de dimensões. EXERCÍCIO A idéia agora é você fazer o mesmo desenho da figura 33, só que representan- do o segmento de reta no plano horizontal! Vamos lá? Mas então o que acontece quando o segmento de reta é oblíquo (inclinado) em relação ao plano de projeção? Vamos desenhar? • Imagine um Plano Vertical e um segmento de reta AB, oblíquo em relação a esse plano, observados na direção indicada pela seta, como mostra a figura 34. • Traçando as linhas projetantes a partir das extremidades A e B, determinamos, no plano vertical, os pontos A1 e B1. • Unindo os pontos A1 e B1, obtemos o segmento A1B1, que representa a projeção ortográfica do segmento AB. Figura 34: Projeção Ortogonal de uma Reta inclinada em relação ao Plano Vertical Fonte: Autora (2019) 51 DESENHO TÉCNICO BÁSICO PARA REFLETIR Observe, portanto, que o segmento A1B1 é menor que o segmento AB. Isso ocorre porque a projeção de um segmento oblíquo a um plano de pro- jeção é sempre um segmento menor que o modelo. Neste caso, a projeção ortográfica não representa a verdadeira grandeza do segmento que foi usado como modelo. EXERCÍCIO Conseguiu compreender? Vamos fazer novamente? Agora no Plano Horizontal! Veja a figura 35 e tente reproduzir o mesmo desenho! Figura 35: Projeção Ortogonal de uma Reta inclinada em relação ao Plano Horizontal. Fonte: Autora (2019) Agora que você já aprendeu como fazer projeções ortogonais de Pontos e Retas, vamos para a representação gráfica de uma Figura Plana. 2.2.6 Projeção Ortográfica – Figura Plana A projeção ortográfica de uma figura plana depende da posição que ocupa em relação ao plano. • Imagine um observador vendo um retângulo ABCD paralelo a um plano de 52 DESENHO TÉCNICO BÁSICO projeção. • Para obter a projeção ortográfica do retângulo ABCD no plano vertical, você deve traçar projetantes a partir dos vértices A,B,C,D. Figura 36: Projeção Ortogonal de uma Figura Plana paralela em relação ao Plano Vertical e ao Plano Horizontal. Fonte: Autora (2019) Mas quando a Figura Plana não é perpendicular ao Plano de Projeção? Quando a figura plana é oblíqua (inclinada) ao plano de projeção, sua projeção ortográfica não é representada em verdadeira grandeza, assim como vimos no exemplo de segmento de reta. • Imagine o mesmo retângulo ABCD oblíquo a um Plano Vertical. • Para obter a projeção ortográfica desse retângulo no Plano Vertical, você deve traçar as projetantes a partir dos vértices, até atingir o plano. • Ligando as projeções dos vértices, você terá um novo retângulo A1B1C1D1, que representa a projeção ortográfica do retângulo ABCD • O retângulo A1B1C1D1é menor que o retângulo ABCD, conforme figura 37. Figura 37: Projeção Ortogonal de uma Figura Plana inclinada em relação ao Plano Vertical. Fonte: Autora (2019) Conseguiu compreender? Agora, imagine se a figura plana ficar perpendicular ao plano de projeção, conforme figura 38. Como será a representação gráfica dela no plano de projeção? 53 DESENHO TÉCNICO BÁSICO • Imagine o retângulo ABCD perpendicular ao Plano Vertical, observado na direção apontada pela seta, como mostra a figura a seguir, e analise sua projeção ortográfica. Figura 38: Projeção Ortogonal de uma Figura Plana perpendicular em relação ao Plano de Projeção. Fonte: Autora (2019) E para finalizar, se unirmos os entes geométricos e formamos um Sólido Geométrico, como seria a representação gráfica em Projeção Ortogonal? 2.2.7 Projeção Ortográfica – Sólidos Geométricos Para compreender o desenho técnico de um determinado objeto, é necessário conhecer todos os seus elementos em verdadeira grandeza (VG). Por essa razão, em desenho técnico, quando tomamos sólidos geométricos ou objetos tridimensionais como modelos, costumamos representar sua projeção ortográfica em mais de um plano de projeção. No Brasil, onde se adota a representação no 1º diedro, além do Plano Vertical e do Plano Horizontal, utiliza-se um terceiro plano de projeção: o Plano Lateral. Este plano é, ao mesmo tempo, perpendicular ao plano vertical e ao plano horizontal, conforme figura 39. 54 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 39: Planos de Projeção, Vertical, Horizontal e Lateral Fonte: Autora (2019) Para facilitarmos a compreensão do Desenho Técnico por todos, definimos as Projeções Ortogonais nos Planos como Vistas (figura 40): • Plano Vertical = Vista Frontal • Plano Horizontal = Vista Superior • Plano Lateral = Vista Lateral Vendo o Modelo de Frente Plano Vertical = Vista Frontal Vendo o Modelo de Lado Plano Lateral = Vista Lateral Vendo o Modelo de Cima Plano Horizontal = Vista Superior Figura 40: Posições do Observador em relação ao Modelo e classificação das Vistas. Fonte: Autora (2019) 2.2.8 Projeção Ortográfica – Vista Frontal Imagine um prisma retangular paralelo a um plano de projeção vertical, visto de frente por um observador, na direção indicada pela seta, como mostra a figura 41 a seguir. Este prisma é limitado externamente por seis faces retangulares: • ABCD e EFGH – faces paralelas ao plano de projeção • ADEH, BCFG, CDEF e ABGH - faces perpendiculares ao plano de projeção Traçando linhas projetantes a partir de todos os vértices do prisma, obteremos a 55 DESENHO TÉCNICO BÁSICO projeção ortográfica do prisma no Plano Vertical (PV). Essa projeção é um retângulo idêntico às faces paralelas em relação ao plano de projeção, e chamaremos de Vista Frontal. Figura 41: Vista Frontal de um Objeto Fonte: Autora (2019) PARA REFLETIR Se fizemos somente a representação da Vista Frontal do Objeto, teremos a noção exata das formas dele? Conseguimos identificar todas as dimensões do objeto somente com uma Vista? Em desenho técnico devemos ter a capacidade de identificar quantas vistas são necessárias para representar determinado objeto, a fim de compreendermos por completo as suas informações, formas e dimensões reais. Para isso necessitamos de várias vistas, que podem ser obtidas por meio da projeção do objeto em outros planos do 1º diedro. Vamos continuar com o Desenho Técnico do Prisma? Já representamos a Vista Frontal do Prisma conforme figura anterior. Vamos aprender a representar as demais vistas a seguir. 56 DESENHO TÉCNICO BÁSICO 2.2.9 Projeção Ortográfica – Vista Superior Imagine, então, a projeção ortográfica do mesmo prisma visto de cima por um observador na direção indicada pela seta, como aparece na figura 42. Figura 42: Vista Superior de um Objeto Fonte: Autora (2019) Traçando linhas projetantes a partir de todos os vértices do prisma, obteremos a projeção ortográfica do prisma no Plano Horizontal (PH). Essa projeção é um retângulo idêntico às faces paralelas em relação ao plano de projeção, e chamaremos de Vista Superior. 2.2.10 Projeção Ortográfica – Vista Lateral Para finalizar a representação do prisma, além das vistas frontal e superior faremos uma terceira vista importante: a Vista Lateral. Imagine, agora, um observador vendo o mesmo modelo de lado, na direção indicada pela seta, como mostra a ilustração da figura 43. 57 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 43: Vista Lateral de um Objeto Fonte: Autora (2019) Traçando linhas projetantes a partir de todos os vértices do prisma, obteremos a projeção ortográfica do prisma no Plano Lateral (PL). Essa projeção é um retângulo idêntico às faces paralelas em relação ao plano de projeção, e chamaremos de Vista Lateral. Vamos unir todas estas informações para ter uma compreensão geral do Desenho? 2.2.11 Projeção Ortográfica – Prisma Retangular VISTA FRONTAL VISTA SUPERIOR VISTA LATERAL Figura 44: Representação Gráfica das Vistas em Projeção Ortogonal de um Prisma Fonte: Autora (2019) 58 DESENHO TÉCNICO BÁSICO • a Projeção Ortogonal do modelo no Plano Vertical dá origem à Vista Frontal. • a Projeção Ortogonal do modelo no Plano Horizontal dá origem à Vista Superior. • a Projeção Ortogonal do modelo no Plano Lateral dá origem à Vista Lateral. Figura 45: Representação Gráfica das Vistas em Projeção Ortogonal de um Prisma Fonte: Autora (2019) Figura 46: Rebatimento das Vistas do Prisma nos Planos. Fonte: Autora (2019) 59 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 47: Representação gráfica final do Prisma em projeções ortogonais. Fonte: Autora (2019) • A projeção A, representada no Plano Vertical chama-se Projeção Vertical ou Vista Frontal. • A projeção B, representada no Plano Horizontal chama-se Projeção Horizontal ou Vista Superior. • A projeção C, que se encontra no Plano Lateral chama-se Projeção Lateral ou Vista Lateral. Para você compreender a importância de representarmos graficamente os objetos em mais de uma vista, analise as projeções dos objetos das figuras 48 e 49. Figura 48: Objetos com formas diferentes e representações gráficas iguais de uma vista frontal. Fonte: Autora (2019) 60 DESENHO TÉCNICO BÁSICO Figura 49: Objetos com formas diferentes e representações gráficas diferentes de uma vista superior. Fonte: Autora (2019) Conseguiu compreender a importância de representarmos graficamente os objetos em mais de uma vista? Para reforçar este assunto, acesse a vídeo aula do QR Code abaixo. SUGESTÃO DE VÍDEO Escaneie o QR Code acima para assistir um vídeo comple- mentar sobre “Projeção Ortográfica” Markoni Heringer Curso de Desenho Técnico. Curso de desenho técnico - Projeção Ortográfica Introdução Aula #1. Publicado em 24 de julho de 2015. Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=JfYCgGiv6PU 2.3 ESCALA No Desenho Técnico, as medidas de um desenho de uma peça qualquer a ser construída devem ser expressas em sua verdadeira dimensão (verdadeira grandeza). Mas o desenho nem sempre poderá ser elaborado nas dimensões reais da mesma. Por exemplo, se for uma peça grande, teremos que desenhá-la com medidas menores, conservando sua proporção, com igual redução em todas as medidas. 61 DESENHO TÉCNICO BÁSICO O termo técnico que utilizamos para identificar o tamanho do desenho versus o tamanho real do objeto chama-se Escala. As escalas são fundamentais e devem ser definidas antes de iniciarmos um desenho, para identificarmos qual o nível de detalhamento que será necessário e quais as dimensões mais adequadas para os papéis que serão utilizados para a representação gráfica. Você vai aprender sobre as escalas existentes, a gráfica e a numérica, normas relacionadas e tipos mais usuais para o desenho técnico de arquitetura. 2.3.1 Escala Gráfica É representada por uma linha estabelecida no sentido horizontal que contém divisões precisas entre seus pontos. Muito utilizada em mapas e tem a função de orientar o leitor sobre as
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