Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ 
CURSO: História 
DISCIPLINA: Hist. Moderna II 
PROF. Dr.: Denis Melo 
ALUNA: Amanda Freire Mesquita 
 
 As flores do mal – Charles Baudelaire 
O RELÓGIO 
Relógio! Deus sinistro, hediondo, indiferente, 
Que nos aponta o dedo em riste e diz: “Recorda! 
A Dor vibrante que a lama em pânico te acorda 
Como num alvo há de encravar-se brevemente; 
Vaporoso, o Prazer fugirá no horizonte 
Como uma sílfide por trás dos bastidores; 
Cada instante devora os melhores sabores 
Que todo homem degusta antes que a morte o afronte. 
Três mil seiscentas vezes por hora, o Segundo 
Te murmura: Recorda! – E logo, sem demora, 
Com voz de inseto, a Agora diz: Eu sou o Outrora, 
E te suguei a vida com meu bulbo imundo! 
Remenber! Souviens-toi! Esto memor!(Eu falo 
Qualquer idioma em minha goela de metal.) 
Cada minuto é como uma ganga, ó mortal, 
E há que extrair todo o ouro até purificá-lo! 
Recorda: O Tempo é sempre um jogador atento 
Que ganha, sem furtar, cada jogada! É a lei. 
O dia vai, a noite vem; recordar-te-ei! 
Esgota-se a clepsidra; o abismo está sedento. 
Virá a hora em que o Acaso, onde quer que te aguarde, 
Em que a augusta Virtude, esposa ainda intocada, 
E até mesmo o Remorso(oh, a última pousada!) 
Te dirão: Vais morrer, velho medroso! É tarde! 
 
 
 O Livro “As flores do mal” do francês Charles Baudelaire, publicado pela primeira 
vez em 1887, é considerado como uma transição do “romantismo” pra o que se pode 
chamar de “Simbolismo literário”. Por questões consideradas “fora da moral e dos bons 
costumes” alguns poemas sofreram censura e foram tirados da publicação. Em meio às 
transformações que passava a sociedade Francesa da época, o desenvolvimento das 
cidades e do capitalismo vai influenciar sua escrita. Assim, o tema principal de seus 
poemas é a cidade, como, por exemplo, no trecho do poema “OS SETE VELHOS” onde 
ela expressa sua visão e descrição de Paris: 
 “ A Vitor Hugo 
Cidade formigante, e que ao sonho se aviva, 
Em que o fantasma ao sol nos agarra o pescoço! 
O mistério por tudo é seiva que deriva 
Nos estreitos canais do poente colosso. 
 
No entanto, uma manhã em que na rua feia 
As casa, a que a névoa emprestava brancor, 
Simulavam dois cais de um rio em plena cheia, 
E em que, decoração como a da alma do ator, 
Suja e amarela bruma enchia todo o espaço, 
Eu ia, os nervos meus com heróicas tensões, 
E discutindo com meu espírito lasso, 
Pela viela a vibrar dos graves carroções.” (pág. 51) 
 
 
 Vivendo como Boêmio, se apaixonando por uma garota de programa e tendo uma 
vida desregrada, o poeta tirou das ruas as suas inspirações, e dela também os seus 
sujeitos marginalizados, que continuando o poema dos sete velhos podemos percebe- 
los: 
(...) 
 De repente um ancião cujas pobres sacolas 
Imitavam a cor de um céu a tempestear, 
A cujo aspecto só choveriam esmolas, 
Se não fosse o rancor que ardia em seu olhar, 
 
Surgiu tendo no fel suas pupilas molhadas; 
Enquanto aguça a neve, a das noites mais rudas, 
A sua barba imensa, esquia como espadas, 
Projetava-se assim como a barba de Judas. 
 
Não era curvo mas alquebrado, a sua espinha 
Dava com sua perna exato ângulo reto, 
Tanto que seu bastão, que o seu cariz sublinha, 
Ia-lhe dando o ar, como o passo incorreto, 
 
De um mórbido muar, de um judeu de três patas. 
Metias os membros seus na nevada e no lodo, 
Como quem está a pisar mortos com as sapatas, 
Lançando ao universo o arreganho do apôdo. 
Vinha outro: barba, olhar, costas, bastão, molambos, 
Eram em tudo iguais, do mesmo inferno oriundos, 
Centenários os dois, visões barrocas ambos, 
Iam com passo igual a misteriosos mundos. 
 
Tinha eu diante do olhar um enredo poluto, 
Ou era a humilhação de um acaso perverso? 
Sete vezes contei, de minuto em minuto, 
A multiplicação e velho tão diverso. 
(...) 
 
 Baudelaire foi crítico de artes, foi o primeiro a cunhar “modernidade” para se referir 
ao período em que estava vivendo. Ele também traduziu “O corvo” de Edgar Allan Poe, 
escritor também de “O Homem na multidão”, que vai influenciar sua escrita. Outro 
grande artista que influencia Baudelaire é Constanti Guys ( 1802- 1892), na qual tece 
críticas em “O Pintor da Vida moderna”, dentre os assuntos sobre a beleza, a moda 
também o coloca o pintor como alguém em meio a multidão: 
 A multidão é seu universo, como o ar é dos pássaros, como a 
agua, o dos peixes. Sua paixão e profissão é desposar a multidão. Para 
o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso júbilo 
fixar residência no numeroso, no ondulante, no movimento, no 
fugidio, no infinito. Estar fora de casa, e contudo sentir- se em casa 
onde quer que se encontre; Ver o mundo, estar no centro do mundo e 
permanecer oculto ao mundo, (...) (BAUDELAIRE, 1996. p. 18) 
 
MODERNIDADE EM BAUDELAIRE 
 Ao comparar o artista com um flâneur, alguém em meio á multidão. Mais adiante ele 
espera mais do artista, como diz que o homem na qual descreveu tem o “objetivo mais 
elevado do que um simples flâneur” (p. 22), em que esse algo em que procura pode- se 
chamar “Modernidade”. Então, a Modernidade em Baudelaire é efêmera, é a capacidade 
de “extrair o eterno do transitório”. (BAUDELAIRE, 1996. p. 18) 
 
 
O HOMEM NA MULTIDÃO E A UMA MENDIGA RUIVA 
“O observador é um príncipe que frui por toda parte do fato de estar incógnito”
1
. Em o 
Homem da multidão, de Edgar Allan Poe, o observador que estava sentado no café D. 
começou a olhar pela janela e contemplar a multidão que se aglomerava fora do hotel, 
olhando de longe via apenas as muitas cabeças juntas, mas ao aproximar- se começou a 
observar a variedade de figura, roupas, ar, porte e expressão
2
. E, a partir das 
características delas, ele poderia saber sua classe social, profissão e ocupação: como, 
por exemplo, os jogadores – que são mais fáceis de identificar-, com trajes variados, 
coletes de veludo, o lenço no pescoço, as correntes de ouro e os botões enfeitados. (p.2) 
 Ainda olhando a multidão, viu um homem que chamou sua atenção, um velho de, 
aproximadamente, sessenta e cinco anos, que o deixou fascinado pelas suas expressões. 
O observador pôs- se a analisar a figura e a acompanhar - lo pela cidade. O sujeito tinha 
trajes rasgados e sujos. 
 O homem que sozinho caminhava pela multidão não se deu conta do observador, que 
ao longo do percurso seguindo aquele homem estranho também observava a cidade, os 
prédios, as luzes, seus moradores diversos. Por fim, o homem da multidão não tinha 
destino certo, no outro dia caminhava novamente pela cidade entre as pessoas e sem 
nenhuma pretensão. 
 A UMA MENDIGA RUIVA 
Ruiva e branca a aparecer, 
Cuja roupa deixar ver 
Por seus rasgões a pobreza 
Como a beleza, 
 
A mim, poeta sofredor, 
Teu corpo de um mal sem cura 
Todo manchas de rubor, 
Só tem doçura. 
 
E calças (muito mais bela 
Que a Rainha da Novela 
Com os seus coturnos brancos) 
Os teus tamancos. 
 
Em vez de molambos, mal 
Não teiria a roupa real, 
Cegando as ondulações 
Até os talões; 
 
 
 
 
Em vez de meia de crivos, 
Para os olhos dos lascivos 
Um punhal na perna linda 
Brilhasse ainda; 
 
E laços mal apertados 
Mostrem aos nossos pecados 
Os teus seios a brilhar 
Como um olhar; 
 
Para seres desnudada 
Tu te faças de rogada. 
Possam expulsar teus braços 
Dedos devassos; 
 
Pérolas formosas, ou 
Poema do mestre Belleau 
Que os galantes na prisão 
Sempre te dão, 
 
A chusma dos rimadores 
Dedicando-te primores, 
Contemplando-te o escarpim 
No varandim, 
 
Muito pagem a sonhar 
E muito senhor Ronsard 
Olhariam com sigilo 
Teu fresco asilo! 
 
No leito dos teus delírios 
Terás mais beijos que lírios 
Tua lei dominará 
Mais de um Valois! 
 
Porém segue a tua lida, 
Só por sobras de comida 
Jogadas por distanciadas 
Encruzilhadas; 
 
E só quer teu sonho louco 
Jóias que valem bem pouco 
Que eu nem posso, ó Deus clemente, 
Dar de presente. 
 
Nada te orna neste instante, 
Perfume, rubim, diamante, 
Só tua nua magreza! 
Minha beleza! 
 
 A uma mendiga ruiva, pobre e bela. Com manchas na pele, que não tirava sua 
beleza e que sonhava em ter a roupa da rainha da novela, na qual cairia bem nela. A 
tensão sensual do seu corpo que terá mais beijos do que lírios. Ganhando poemas dos 
rimadores e dos belos homens da prisão. A pobreza e a busca por comida a fez sonhar 
em ser rica, mas sem dinheiro não usava perfume, nem rubi, e nem diamante, só tinha a 
magreza! Minha a beleza? 
 Como uma de suas marcas, Baudelaire traz um sujeito marginalizado da sociedade, 
fala de seus trajes, expressão, sua beleza que é outro tema recorrente em sua poesia. Os 
dois textos são diferentes, mas podem ser correlacionados. Em ambos tem a descrição 
dos sujeitos, suas roupas, suas vidas parecidas. O homem na multidão e a Mendiga 
Ruiva são sujeitos da cidade, criados por ela, e suas vidas são esquecidas em meio ao 
cotidiano apressado e caótico das cidades em desenvolvimento. Suas existências são 
apagadas da história, não tem rosto, nem vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOTAS 
1. BAUDELAIRE, Charles. Sobre a Modernidade: O pintor da vida moderna. 
(Organizador Teixeira Coelho). Rio de Janeiro: Paz e terra, 1996- Coleção 
literatura). 
 
2. POE, Edgar A. O Homem na multidão. Tradução de Dorothée de Bruchard. 
Edição Bilíngue. Porto Alegre: Paraula, 1993, 51p. 
 
BIBLIOGRAFIA 
BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Quadros Parisienses. TRADUÇÃO: 
Mário Laranjeira. São Paulo: Martin Claret. 
POE, Edgar A. O Homem na multidão. Tradução de Dorothée de Bruchard. Edição 
Bilíngue. Porto Alegre: Paraula, 1993, 51p. 
BAUDELAIRE, Charles. Sobre a Modernidade: O pintor da vida moderna. 
(Organizador Teixeira Coelho). Rio de Janeiro: Paz e terra, 1996- Coleção literatura). 
GATTI, Luciano. Experiência da transitoriedade: Walter Bejamin e a modernidade de 
Baudelaire. KRITERION, Belo Horizonte, nº 119, jun./2009, p159- 178. 
 
SITES: 
https://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/baudelaire-e-a-moda/ 
https://www.portalsaofrancisco.com.br/obras-literarias/poesias-charles-baudelaire 
http://leoleituraescrita.blogspot.com/2010/11/uma-mendiga-ruiva-baudelaire.html 
https://www.infoescola.com/biografias/charles-baudelaire/ 
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2008/1147 
YOUTUBE 
O corvo- https://www.youtube.com/watch?v=YhVeNJc7IZ0 
O homem da multidão- https://www.youtube.com/watch?v=YhVeNJc7IZ0 
https://www.youtube.com/watch?v=ltwzkoucn60 
 
 
https://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/baudelaire-e-a-moda/
https://www.portalsaofrancisco.com.br/obras-literarias/poesias-charles-baudelaire
http://leoleituraescrita.blogspot.com/2010/11/uma-mendiga-ruiva-baudelaire.html
https://www.infoescola.com/biografias/charles-baudelaire/
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2008/1147
https://www.youtube.com/watch?v=YhVeNJc7IZ0
https://www.youtube.com/watch?v=YhVeNJc7IZ0
https://www.youtube.com/watch?v=ltwzkoucn60

Mais conteúdos dessa disciplina