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LÍNGUA PORTUGUESA C

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1
Português
Literatura Colonial
01
Aula 
1C
Apresentação
Podemos dividir a Literatura Brasileira em dois mo-
mentos mais amplos:
 • Literatura Colonial as manifestações literá-
rias ocorridas no Brasil Colônia (1500-1822);
 • Literatura Nacional as manifestações literá-
rias ocorridas no Brasil após a proclamação da 
Independência (1822 – dias atuais).
Por sua vez, cada momento possui suas subdivisões, 
que veremos progressivamente.
Literatura Colonial
Entende-se por Literatura Colonial o conjunto de 
manifestações literárias ocorridas no Brasil Colônia, isto 
é, quando o Brasil ainda era dependente da Metrópole 
(Portugal). Esse período vai de 1500 – ano de Desco-
brimento do Brasil – a 1822, quando foi proclamada a 
nossa independência.
Podemos dizer que, de certo modo, a Literatura 
Colonial representa mais uma produção literária sobre 
o Brasil ou no Brasil do que uma literatura efetivamente 
brasileira. De modo geral, trata-se, portanto, de uma 
literatura transplantada para o Brasil.
Divide-se a Literatura Colonial em três grandes 
momentos:
 • Quinhentismo (1500-1601);
 • Barroco (1601-1768);
 • Arcadismo (1768-1836).
Quinhentismo (1500-1601)
MEIRELES, Vítor. Primeira missa. 1860. 1 óleo sobre tela: color.; 
270 cm x 357 cm. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
A rigor, não se pode falar de uma literatura como arte 
da palavra escrita produzida nessa época no Brasil. Não 
tivemos artistas escrevendo literatura com intenção ou 
valor artísticos. Na realidade, os textos escritos durante 
o Quinhentismo apresentaram pouquíssimo valor ar-
tístico mas grande valor histórico, pois se constituíram 
em documentos valiosos para os futuros pesquisadores 
e em riquíssima fonte de consulta e inspiração para es-
critores de outras estéticas literárias que surgiriam mais 
tarde, como o Romantismo e o Modernismo.
Podemos dividir os textos do Quinhentismo em duas 
modalidades principais:
1. Literatura de informação 
Foi a literatura produzida pelos viajantes, aventureiros 
e cronistas que ao Brasil chegaram com as expedições 
exploradoras. Escritos em forma de cartas, crônicas de 
viagem, tratados descritivos e diários de navegação, esses 
textos tinham como finalidade descrever e narrar a nova 
terra, suas riquezas, potencialidades e seus habitantes, 
enfim, tudo aquilo que interessasse aos governantes 
d’além-mar, em especial, à metrópole portuguesa.
Mesmo não possuindo um enfoque artístico-literário, 
a Literatura de Informação abordou temas que, poste-
riormente, seriam bastante frequentes em nossa letras, 
como: as belezas naturais, o índio, as origens históricas e o 
choque de civilizações.
Principais autores e obras:
• Pero Vaz de Caminha – Carta do achamento do 
Brasil (1500)
• Pero Lopes de Sousa – Diário de navegação (en-
tre 1530 e 1532)
• Hans Staden – Viagem ao Brasil (1557)
• Pero de Magalhães Gândavo – História da Pro-
víncia de Santa Cruz (1576)
• Jean de Léry – Viagem à terra do Brasil (1578)
• Gabriel Soares de Sousa – Tratado descritivo do 
Brasil (1587)
• Padre Fernão Cardim – Tratados da terra e gente 
do Brasil (sem data)
2. Literatura de formação
Foi a literatura produzida pelos padres jesuítas, en-
viados ao Brasil em meados do século 16 com o propó-
sito de catequizar os indígenas e de educar os colonos, 
transmitindo-lhes os conceitos cristãos. Como influência 
da Contrarreforma, os trabalhos dos jesuítas visavam à 
conquista espiritual da nova terra.
No trabalho de evangelização dos silvícolas, os je-
suítas produziram textos teatrais de cunho pedagógico 
(autos de devoção) e alguns poemas. Além disso produ-
ziram ainda cartas, relatórios diversos e alguns estudos 
sobre as línguas indígenas.
Principais autores e obras:
 • São José de Anchieta – o grande nome da literatura 
jesuítica; produziu uma obra diversificada: autos, 
poemas, relatórios, estudos linguísticos, etc. Em suas 
peças, nota-se a adaptação dos conceitos cristãos à 
realidade dos índios: personagens como Deus, Vir-
gem Maria, Diabo e tantos outros são personificados 
em seres da mitologia e da vivência indígenas.
 • Padre Manuel da Nóbrega – obra de destaque: 
Diálogo sobre a conversão do gentio.
Barroco (1601-1768): 
o homem em conflito
VELÁZQUEZ, Diego. As meninas. Sevilha. 1656-1657. óleo 
sobre tela: 316 x 276 cm. Museu do Prado, Madri.
 Nesta tela de Diego Velásquez, notam-se perfeitamen-
te algumas características da estética barroca, como o 
contraste entre luzes e sombras e a riqueza de detalhes.
Contexto
A Contrarreforma, os Tribunais de Inquisição reativados, 
o fim do glamour das Grandes Navegações e o consequente 
desprestígio de Portugal. Esses são apenas alguns dos fatos 
que marcaram o turbulento século 17, no qual o homem 
ocidental se via mergulhado nos seguintes dilemas:
 • O que buscar: o eterno ou o efêmero?
 • Gozar dos prazeres da carne ou almejar as virtudes 
do espírito?
 • Protestantismo ou Catolicismo?
 • Fé ou razão?
A arte barroca expressa muito bem alguns desses im-
passes vivenciados pelo homem seiscentista, o qual oscila-
va entre a visão teocentrista medieval e o antropocentrismo 
renascentista. Logo, o Barroco é a expressão artística que 
atesta um momento de contradição e dualismo.
Na pintura, destacaram-se gênios como Caravaggio, 
Velázquez e Rembrandt; na música, sempre merecem ser 
lembrados os nomes de Bach e Häendel. 
No Brasil, sempre que se menciona a arte barroca, 
destaca-se o nome de Antônio Francisco Lisboa, mais 
conhecido como o Aleijadinho (1730-1814). De fato, foi 
o artista que melhor desenvolveu no Brasil a escultura 
2 Semiextensivo
barroca, principalmente nas cidades mineiras de Ouro 
Preto, Sabará e Congonhas, mas com inovações e 
particularidades. Vale lembrar, porém, que Aleijadinho 
produziu a maior parte de sua obra num momento em 
que já estava em vigor, em nossa literatura, o Arcadismo.
Características do estilo barroco
De modo geral, as características mais representati-
vas do Barroco são as seguintes:
Arte de contrastes
O Barroco se caracteriza por ser uma estética que 
aproxima os opostos, os elementos duais, como:
Teocentrismo Antropocentrismo
Espiritual Carnal
Eterno Efêmero
Salvação da alma Prazeres terrenos
Morte Vida
Céu Terra
Também é muito comum o uso ostensivo de figuras 
de linguagem que demarcam oposições, como antíte-
ses, paradoxos e oxímoros (essas e outras figuras serão 
estudadas nas aulas de Gramática e Redação).
O trabalho com os elementos opostos atinge o seu 
ápice com o fusionismo, que consiste na tentativa de 
não mais, simplesmente, aproximar contrários, mas 
uni-los em um mesmo plano ou numa mesma obra. Há, 
portanto, no Barroco, a fusão de sons, de luz e treva, de 
paganismo com cristianismo (em alguns casos).
Riqueza de detalhes, rebuscamento
Tanto nas artes plásticas (pintura, escultura) como na 
música e na literatura, percebemos um ornamentalismo, 
uma riqueza de detalhes que, por muito tempo e por mui-
tos críticos, foi vista de maneira negativa, como exageros 
desnecessários. Ocorre, porém, que esta é a marca do 
Barroco: o exagero, o requinte, a valorização do detalhe:
 • Na pintura, o trabalho com as linhas curvas e ousadas;
 • Na música, o grande número de notas por compas-
so, além de floreios e trinados;
 • Na literatura, o uso de muitas figuras de linguagem, 
como metáforas, hipérboles, antíteses, paradoxos, 
entre outras, e a sintaxe rebuscada.
Arte baseada na 
imaginação e nos sentidos
Como consequência direta da tentativa de se 
conciliarem elementos contraditórios, há no Barroco 
a prevalência dos impulsos pessoais, subjetivos sobre 
as normas ditadas por modelos preestabelecidos. “Era 
pelos sentidos e pela imaginação, e não pela razão, que 
o Barroco conquistava o homem”, como dizia o crítico 
literário Afrânio Coutinho.
Na literatura, duas linhas: 
Cultismo e Conceptismo
O Cultismo (ou Gongorismo) caracteriza-se pela radica-
lização na riqueza de detalhes: uso intensivo das figuras de 
linguagem, complexas inversões sintáticas,malabarismos 
verbais, repetições e, em muitos casos, certa prolixidade. 
De tendência descritiva e de apelo aos sentidos, esta 
linha procurou valorizar mais a forma e se mostrou mais 
presente na poesia. No Brasil, alguns poemas de Gregório 
de Matos demonstram tais traços cultistas, embora muitas 
vezes apareçam misturados a traços conceptistas.
Já o Conceptismo (ou Quevedismo) se caracteriza 
por apresentar uma série de raciocínios lógicos, tal 
como um jogo de ideias e analogias, valendo-se tam-
bém de uma retórica aprimorada. Vale ressaltar que, 
às vezes, nos textos com profunda influência concep-
tista, percebe-se certa sinuosidade lógica, criada pela 
sobreposição de uma série de conceitos, que envolvem 
o ouvinte-leitor numa rede de argumentos, tentando 
levá-lo a concordar com as ideias defendidas. Logo, esta 
linha apresenta uma tendência mais racional e é mais 
recorrente na prosa. No Brasil, os sermões do Padre 
Antônio Vieira ilustram muito bem a linha conceptista.
Principais autores do Barroco
Bento Teixeira
A publicação de Prosopopeia, em 1601, pode ser 
considerada o marco inicial do Barroco no Brasil. A obra 
é uma tentativa do autor de, imitando Camões, contar 
a história da capitania de Pernambuco. Autor de pouca 
expressividade literária.
Gregório de Matos Guerra:
É o escritor que melhor evi-
denciou, no Brasil, o espírito bar-
roco – o homem em conflito –, 
tanto em sua poesia quanto 
em sua vida. Seus poemas 
transitavam do sacro ao 
profano com uma habilidade 
incrível e paradoxal. O poeta 
contrito, transmudado em um 
eu lírico arrependido, em busca 
de um Deus perdoador, logo se 
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3Português 1C
transforma em um sátiro desbocado, atacando a tudo e 
a todos de seu tempo, muitas vezes com uma linguagem 
chula, repleta de palavrões, vindo daí o seu apelido de o 
Boca do Inferno ou, ainda, Boca de Brasa.
Utilizou-se de praticamente todos os recursos 
estilísticos do Barroco – inversões, antíteses, paradoxos, 
reiterações, .... –, unindo muitas vezes cultismo e con-
ceptismo.
Toda a produção poética de Gregório de Matos pode 
ser dividida em três eixos principais:
1. Poesia religiosa
É um dos poetas brasileiros que melhor conseguiu 
desenvolver a temática religiosa. Nesses poemas, há o 
estabelecimento de um eu lírico arrependido, que se 
coloca diante de um Deus perdoador e compreensivo.
Os temas da poesia religiosa e filosófica de Gregório 
de Matos são baseados na religiosidade contrarreformis-
ta, abordando normalmente:
 • a brevidade da vida e a fragilidade da formosura;
 • o sentimento de culpa por haver pecado;
 • o arrependimento e a busca do perdão perante a 
figura tolerante de Deus;
 • a vaidade e a inutilidade dos bens materiais.
2. Poesia lírico-amorosa
Em oposição aos apelos de ordem espiritual, a 
lírica amorosa de Gregório de Matos – que às vezes 
traz marcas de uma linguagem mais sensual – prega 
o lema do carpe diem (aproveita o dia, a vida), próprio 
da filosofia pagã. Assim é que aconselha a busca dos 
prazeres da vida, ora de modo mais sutil, ora de modo 
mais explícito.
Além disso, percebemos em seus versos um eu lírico 
dividido entre o desejo dos prazeres carnais e o senti-
mento amoroso platônico, o que demonstra a marcante 
influência recebida do poeta do Classicismo português, 
o grande Luís Vaz de Camões. 
3. Poesia satírica
É na poesia satírica que percebemos a razão do 
apelido de Boca do Inferno – a sátira direta a tudo e a 
todos. É também na poesia satírica que conhecemos os 
versos mais originais de Gregório de Matos, pois fogem 
em parte dos padrões artísticos barrocos, voltando-se 
para a realidade de sua época.
Com uma linguagem ferina e sarcástica, repleta de 
palavrões, ele notabilizou-se como um crítico impla-
cável da vida social, política e econômica de Salvador, 
uma das cidades mais importantes do Brasil Colônia 
no século 17. Ninguém escapava de seus ataques; seus 
alvos preferidos eram: 
 • o clero;
 • os governantes corruptos e incapazes;
 • a pretensa nobreza e seu comportamento ridículo 
e subserviente ao colonizador;
 • a cidade de Salvador, as fofocas, os mulatos ma-
landros, a roubalheira disseminada;
 • mulheres adúlteras, maridos traídos, pessoas do 
povo,... 
Enfim, são inúmeros os alvos de crítica do Boca do 
Inferno. Isso lhe rendeu grande popularidade à época 
e muitos inimigos. Percebemos ainda nesses versos um 
certo sentimento nativista, na medida em que ele expõe 
os problemas e as desigualdades do pacto colonial. É um 
leve despertar de uma consciência crítica local.
Padre Antônio Vieira
O maior orador em Língua Portu-
guesa: Padre Antônio Vieira é até hoje 
conhecido assim, tanto em Portugal 
como no Brasil. Figura de grande re-
levância no século 17, tomou parte – 
por seus sermões e cartas – em várias 
questões religiosas, sociais, políticas e 
econômicas, tanto em Portugal como 
no Brasil, o que lhe rendeu alguns 
dissabores e alguns inimigos.
Dotados de uma retórica aprimorada, totalmente enri-
quecida por elementos até meio teatrais e várias citações 
em latim, os sermões de Vieira – o melhor de sua produção 
– possuem, normalmente, a seguinte estruturação:
 • Tema – O texto bíblico-chave, no qual se baseia o 
sermão.
 • Introito ou exórdio – Antecipação da estrutura 
sequencial das ideias a serem explanadas.
 • Invocação – Pedido de inspiração e sabedoria para 
expor suas ideias (pedido feito normalmente a Virgem 
Maria).
 • Desenvolvimento ou argumento – A defesa de suas 
ideias com base numa argumentação bastante sólida.
 • Peroração ou conclusão – A parte final, na qual 
normalmente convocava os fiéis à reflexão e à ação.
Vale frisar que os sermões do Padre Vieira eram um 
instrumento muito eficiente para se formar a opinião 
dos colonos, entre tão poucos instrumentos disponíveis 
à época. Lembre-se de que o público não tinha a seu 
dispor jornais, revistas ou tantos outros meios de comu-
nicação existentes hoje. O púlpito era, enfim, um centro 
irradiador de ideias; os sermões iam, portanto, muito 
além do mero discurso religioso.
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 1608-1697
4 Semiextensivo
São alguns temas desenvolvidos em seus sermões: 
 • a defesa dos interesses da colônia, mesmo que sub-
missa à metrópole;
 • a exposição das doutrinas cristãs fundamentais;
 • a condenação dos costumes desregrados e imorais 
dos cristãos;
 • a defesa dos índios;
 • o messianismo.
A vasta obra do autor assim está dividida:
 • Profecias – Escritos exagerados, nos quais Vieira 
acreditava ser Portugal um dos cinco grandes 
impérios da humanidade, o que estaria segundo ele 
profetizado nas escrituras sagradas.
 • Cartas – Mais de 500, as quais tratam de assuntos 
diversos relacionados aos cristãos-novos, à situação 
da colônia e outros aspectos históricos. Textos de 
maior valor histórico do que artístico de fato.
 • Sermões – Cerca de 200, que consistem no melhor da 
produção de Vieira. 
Outros autores
Manuel Botelho de Oliveira, Frei Vicente do Salvador e 
Sebastião da Rocha Pita – nomes de pouco valor artístico 
nos dias de hoje e de raríssima ocorrência nos exames 
vestibulares.
 Arcadismo (1768-1836): O homem em liberdade
POUSIN, Nicolas. Pastores da lendária Arcádia (Et Arcadia ego). c. 1638-40. 1 óleo sobre tela: colo.; 85 cm x 121 cm. Tate Gallery, Londres.
 O Arcadismo rende um significativo tributo à cultura clássica.
POUSIN Nicolas Pastores da lendária Arcádia (Et Arcadia ego) c 1638-40 1 óleo sobre tela: colo ; 85 cm x 121 cm Tate Gallery Londres
Século 18: Século das Luzes
Na Europa
No Velho Mundo, a partir da segunda metade do 
século 18, começa a surgir o Iluminismo, uma corrente 
do pensamento que preconizava a razão e a ciência 
como bases para a explicação do universo e de tudo 
nele contido. Logo, a razão se sobrepõe à religiosidade 
e a tudo que se mostre obscuro. Tal mudança de men-
talidade atingirá também as artes. O Barroco, arte tão 
ligada a valoresreligiosos e tão apoiada na imaginação 
e nos sentidos, passa a ser criticado por muitos artistas 
e estudiosos. Surgem, então, novas concepções artís-
ticas, apoiadas em pressupostos mais racionais e mais 
sóbrios.
Aula 01
5Português 1C
E no Brasil?
Por aqui, a descoberta de ouro nas Minas Gerais pro-
move o desenvolvimento acelerado da região, transfor-
mando Vila Rica (atual Ouro Preto) no centro econômico, 
político e cultural da colônia. É na cidade de Vila Rica (e 
adjacências) que os jovens intelectuais, regressando das 
universidades europeias, embebidos de ideias iluminis-
tas e, portanto, mais liberais, vão iniciar um movimento 
(frustrado) contra a exploração de nossas riquezas pela 
Metrópole. Esse movimento denominou-se Inconfidên-
cia Mineira.
Esses jovens, porém, obtiveram êxito com a revolu-
ção estética da qual foram protagonistas. Fundaram em 
nossas letras o Arcadismo, estética bastante influenciada 
pelos pressupostos iluministas e totalmente baseada na 
tradição clássica. 
A busca da clareza e da simplicidade, o ideal de um 
encontro harmonioso e equilibrado com a natureza, a 
valorização dos afetos comuns das pessoas, a busca de 
formas definidas a serem imitadas foram as tônicas do 
Arcadismo. O homem natural, esclarecido, em equilíbrio 
é a imagem do Arcadismo.
No Brasil, misturando as paisagens clássicas com ele-
mentos nacionais, o Arcadismo tem início com a publi-
cação de Obras (também chamada Obras poéticas), de 
Cláudio Manuel da Costa, em 1768, estendendo-se até o 
início do século 19, quando nossas artes passam por um 
período de transição, até o surgimento do Romantismo, 
em 1836.
Principais características
Racionalismo
Predomina, no Arcadismo, uma maior objetividade 
nos textos, além de uma visão mais racional do mun-
do. O lirismo é controlado pela razão, pois um fluxo 
desenfreado de emoção, segundo os árcades, poderia 
comprometer a arte poética. Há emoção, mas com 
moderação; há em certos poemas um derramamento 
de subjetividade, mas com comedimento; fantasia e 
imaginação são elementos deixados em segundo plano.
Simplicidade formal, em 
relação aos modelos barrocos
Quanto ao aspecto formal, observam-se os seguintes 
traços marcantes na poesia árcade:
 • preferência pela métrica mais curta;
 • preferência pelos versos brancos (sem rimas);
 • linguagem marcada pela simplicidade, mas também 
pela correção e sobriedade;
 • uso de formas fixas como o soneto, a écloga (poema 
pastoril) e as liras.
Convenções clássicas: 
daí o nome Neoclassicismo
Os autores árcades espelhavam-se no estilo e nos 
princípios dos escritores clássicos, quer voltando à 
Antiguidade greco-romana, quer imitando os autores 
do Renascimento – considerados como modelos de 
equilíbrio, harmonia, correção, perfeição e sobriedade.
O poeta-referência? O romano Horácio (65 a.C.-8 a.C.), 
um dos maiores poetas da cultura romana e também 
filósofo. Em sua obra Arte poética e em outros textos, 
Horácio formalizou os princípios fundamentais do bem 
escrever, consagrados como indispensáveis à literatura 
de feições clássicas.
As principais convenções clássicas seguidas eram as 
seguintes:
 • Inutilia truncat – O que é inútil, corte.
Para combater o excessivo verbalismo barroco e sua 
linguagem confusa e rebuscada, o Arcadismo propõe 
uma arte mais natural, numa linguagem e estilo mais 
simples (quando comparado ao Barroco). Clareza e 
ordem direta se sobrepõem ao rebuscamento e às inver-
sões barrocas. Observe o texto a seguir:
Que busco, infausta Lira,
Que busco no teu canto,
Se ao mal, que cresce tanto,
Alívio me não dás?
A alma que suspira,
Já foge de escutar-te:
Que tu também és parte
De meu saudoso mal.
Cláudio Manuel da Costa
 • Carpe diem – Colha o dia.
Os árcades, assim como os barrocos, tinham a consci-
ência sobre a brevidade da vida e das coisas deste mundo. 
Logo, não há tempo para desperdícios ou irracionalidades; 
se a vida é fugaz, o homem tem de vivê-la intensamente e 
da melhor forma possível, valorizando o tempo presente. 
Observe tal convenção no texto a seguir:
Minha bela Marília, tudo passa;
a sorte deste mundo é mal segura;
se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça.
Tomás Antônio Gonzaga
6 Semiextensivo
 • Fugere urbem et locus amoenus quarere – Fugir da 
cidade e procurar um lugar ameno, agradável
Para os árcades, a vida no meio urbano era incapaz 
de proporcionar ao homem a harmonia plena consigo 
mesmo e com a natureza. Qual a solução? A fuga da 
cidade, em busca de um local mais ameno, simples e 
agradável: o campo. 
Os arcadistas defendiam o bucolismo, ou seja, um 
estilo de vida em que personagens apaixonados e de 
espírito elevado passam a viver no ambiente tranquilo 
do campo, apropriado a um saudável isolamento e às 
expansões líricas. Há a valorização da natureza e até 
certa idealização da paisagem. Observe:
Sou pastor, não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados;
Cláudio Manuel da Costa
 • Aurea mediocritas – Equilíbrio de ouro
Dentro da cosmovisão árcade, o “segredo” da vida está 
no comedimento, no equilíbrio, no bom senso. Logo, a 
estética árcade apregoa a vida simples, de posse não do 
luxo, mas sim do essencial para se viver bem. Observe:
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto:
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
e mais as finas lãs de que me visto.
 Graças, Marília bela,
 graças à minha Estrela!
Tomás Antônio Gonzaga
Uso de pseudônimos: 
fingimento poético
De acordo com a mitologia grega, a Arcádia era uma 
região da Grécia que, segundo a mitologia, era habitada 
pelo deus Pã e por pastores, todos em plena harmonia. 
Para melhor incorporarem essa atmosfera pastoril, dando 
maior verossimilhança aos ambientes retratados, os 
poetas árcades – que não eram pastores, frise-se bem – 
assumem uma identidade poética de pastores, adotando 
pseudônimos extraídos da mitologia greco-romana.
Assim, temos uma espécie de “paradoxo” árcade: 
poetas intelectuais e sofisticados, entusiastas da civi-
lização, criadores de eus líricos pastores, tão ligados à 
simplicidade e perfeição da natureza.
A seguir, eis os principais pseudônimos do Arcadis-
mo brasileiro:
AUTOR PSEUDÔNIMO
Cláudio Manuel da Costa Glauceste Satúrnio
Tomás Antônio Gonzaga Dirceu
Basílio da Gama Termindo Sipílio
Silva Alvarenga Alcindo Palmireno
Alvarenga Peixoto Alceu /Eureste Fenício
Pré-Romantismo
Em vários autores e obras, notam-se manifestações 
sentimentais que os aproximam do Romantismo. Essas 
manifestações se referem principalmente ao nativismo 
(certo prenúncio do indianismo), à valorização da 
natureza e a certo nacionalismo latente. O apelo à natu-
reza, tornando-a confidente e testemunha dos pesares 
amorosos do eu lírico, está presente no Arcadismo, com 
predomínio da racionalidade, e também no Romantis-
mo, quando a emotividade vai ser mais forte. 
Principais autores e obras
Cláudio Manuel da Costa 
(Glauceste Satúrnio)
Fundador do Neoclassicis-
mo no Brasil, com a publicação 
de seu livro Obras (1768), 
Cláudio Manuel escreve poe-
mas ainda muito próximos ao 
ideário Barroco: percebemos 
em seus versos o culto aos con-
trastes e certo rebuscamento, 
características rejeitadas pelos 
árcades.
Especializou-se em escrever sonetos – nítida influên-
cia recebida de seu mestre Camões –, sendo conside-
rado um dos melhores poetas em língua portuguesa a 
desenvolver essa modalidade poética.
Mas é na temática que vai surgir, de fato, o árcade 
Cláudio Manuel da Costa: contemplou o amor, criando 
um eu lírico pastor, que vive numa paisagem campes-
tre – uma espécie de refúgio para as dores do mundo 
– e tenta sensibilizar sua pastora amada, normalmente 
chamada de Nise. Às vezes, Cláudio canta o desencontro 
amoroso e o sofrimento provocado por ele.
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01
5.
 Dig
ita
l.
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Aula 01
7Português 1C
Além dos poemas líricos, Cláudio ainda escreveu o 
poema épico Vila Rica, no qual aborda fatos históricos 
da colonização mineira. 
Tomás Antônio Gonzaga
Nascido em Portugal, lá 
também completou seus estu-
dos de Direito, partindo para o 
Brasil para exercer em Vila Rica 
o cargo de Ouvidor. Ficou noivo 
de Maria Doroteia, com quem 
pretendia casar-se em 1789. En-
tretanto, naquele ano, ocorreu 
a Inconfidência Mineira, e Gon-
zaga, acusado de envolvimento 
na conspiração contra a Metrópole, acabou sendo preso 
e posteriormente exilado em Moçambique, onde veio a 
morrer. Deixou-nos duas obras representativas: 
Cartas chilenas (sátira)
Escrita anônima sob a forma de cartas, cujo emissor 
seria Critilo e o receptor, Doroteu (prováveis pseudôni-
mos para Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da 
Costa, respectivamente), relata os mandos e desmandos 
de um certo Fanfarrão Minésio, um suposto governador 
chileno. Entretanto, Chile, Fanfarrão Minésio são recur-
sos para driblar a censura da época, pois tal governante 
chileno era, na realidade, Luís da Cunha Menezes, gover-
nador da Província de Minas Gerais.
A obra traz uma série de críticas a tudo aquilo que 
acontecia na cidade de Vila Rica; uma espécie de grito 
contra os desmandos, a desordem, a corrupção que se 
abatiam sobre a colônia. O livro é composto de vários 
poemas satíricos, escritos em versos decassílabos bran-
cos (sem rimas), com uma acentuada e viva descrição 
dos costumes.
Marília de Dirceu (lírico-amorosa) 
Obra-prima do Arcadismo brasileiro, na qual se 
percebem fortes traços autobiográficos: Dirceu, o eu 
poético que se dirige a sua amada Marília, tem muito do 
próprio Tomás, e Marília, da noiva Maria Doroteia. O livro 
é dividido em três partes:
 • PRIMEIRA – Gonzaga, transmudado em Dirceu, es-
creve seus versos em liberdade. Logo, são inúmeras 
as liras que retratam o presente feliz e um futuro de 
realização total, ao lado da amada, mesmo quando a 
velhice chegar, estando Marília ainda jovem.
 • SEGUNDA – Escrita na prisão, antes de seguir exilado 
para Moçambique. Os poemas exprimem a solidão 
de Dirceu (Tomás), saudoso de Marília (Maria Do-
roteia). Nesta parte, encontramos a melhor poesia 
de Tomás Antônio Gonzaga, pois as convenções 
árcades, embora ainda presentes, não sustentam 
todo um equilíbrio próprio do Neoclassicismo. O tom 
confessional, o sentimentalismo e o pessimismo (em 
alguns momentos) são traços considerados como 
pré-românticos. 
 • TERCEIRA – Muitos autores colocam em dúvida al-
guns versos desta parte. Além disso, não há nada de 
tão diferente em relação aos poemas apresentados 
na primeira e na segunda partes. 
Basílio da Gama 
O Uraguai, sua obra-prima, é a mais importante 
epopeia do Arcadismo. Escrito em 1769, este poema 
lírico-narrativo aborda os acontecimentos da Guerra das 
Missões ocorridos logo após o Tratado de Madri (1750).
A tomada das Missões por uma expedição luso-
-espanhola é narrada em versos brancos que se esten-
dem longamente por 5 cantos. Seguidor do Iluminismo 
pombalino, Basílio da Gama, nesta obra, tece louvores 
a Pombal, destaca o heroísmo indígena e coloca os 
jesuítas como os vilões da história, inimigos do grande 
ministro e enganadores dos índios.
Santa Rita Durão
Escreveu Caramuru em 1781, obra épica de inspi-
ração religiosa que segue o modelo camoniano. Como 
a lenda de Caramuru, náufrago recolhido pelos índios 
que passa a viver com eles e a catequizá-los, tem pouco 
assunto, o autor preenche os doze cantos com a História 
do Brasil desde o descobrimento até o século XVIII.
Enquanto O Uraguai focaliza o presente histórico, 
Caramuru mostra o passado jesuítico e colonial que se 
opõe ao século das luzes e, por isso, é considerado mais 
nativista que o primeiro. Dentro de um esquema camo-
niano modificado pela presença do maravilhoso cristão 
em lugar da mitologia pagã, Caramuru rende tributo à 
tradição colonial e barroca.
OUTROS AUTORES
Também citamos: Silva Alvarenga, autor do livro 
Glaura, composto de poemas eróticos, e Alvarenga Pei-
xoto, nomes de pouquíssima relevância nos vestibulares.
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 1744-1810
8 Semiextensivo
Assimilação
01.01. (UDESC) – O movimento literário que retrata as 
manifestações literárias produzidas no Brasil à época de seu 
descobrimento, e durante o século XVI, é conhecido como 
Quinhentismo ou Literatura de Informação. Analise as propo-
sições em relação a este período:
I. A produção literária no Brasil, no século XVI, era restrita às 
literaturas de viagens e jesuíticas de caráter religioso. 
II. A obra literária jesuítica, relacionada às atividades cate-
quéticas e pedagógicas, raramente assume um caráter 
apenas artístico. O nome mais destacado é o do padre 
José de Anchieta. 
III. O nome Quinhentismo está ligado a um referencial crono-
lógico – as manifestações literárias no Brasil tiveram início 
em 1500, época da colonização portuguesa – e não a um 
referencial estético. 
IV. As produções literárias neste período prendem-se à literatura 
portuguesa, integrando o conjunto das chamadas literaturas 
de viagens ultramarinas, e aos valores da cultura greco-latina. 
V. As produções literárias deste período constituem um pai-
nel da vida dos anos iniciais do Brasil colônia, retratando 
os primeiros contatos entre os europeus e a realidade da 
nova terra. 
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
b) Somente a afirmativa II é verdadeira. 
c) Somente as afirmativas I, II, III e V são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 
01.02. (UNIOESTE – PR) – Assinale a alternativa abaixo que diz 
respeito à poesia de Gregório de Matos Guerra:
a) Exploração, na poesia sacra, do tema do pecador arrepen-
dido;
b) Sentimento de solidariedade pelos governantes da Bahia;
c) Poesia revolucionária e social, a favor da independência 
política e literária;
d) Extrema simpatia pelos negros e mulatos, oprimidos pelos 
senhores brancos;
e) Valorização do indígena como elemento formador da 
nacionalidade brasileira.
01.03. (UPF – RS) – Leia as seguintes afirmações sobre o Padre 
Antônio Vieira e a sua obra:
I. O autor é considerado, por vários escritores e críticos lite-
rários posteriores a ele, como um dos maiores mestres da 
língua portuguesa.
II. Seu espírito contemplativo e sua vocação religiosa impedi-
ram-no de abordar, em seus escritos, as questões políticas 
e sociais de sua época.
III. O Sermão da Sexagésima expõe a sua arte de pregar.
Está correto apenas o que se afirma em
a) I c) I e III e) III b) I e II d) II e III
01.04. (UNIOESTE – PR) – Assinale a alternativa cujo verso faz 
parte do soneto que alude a procedimento semelhante ao 
descrito a seguir:
Malversações das verbas públicas, falta de ética, 
roubos, falcatruas, disfarces de conduta – práticas 
comuns na política brasileira, hoje denunciadas pela 
mídia –, já se faziam presentes no século XVII, nos 
poemas satíricos de Gregório de Matos Guerra.
a) “Nos mares da vaidade, onde peleja”;
b) “Se basta a vos irar tanto pecado”;
c) “Incêndio em mares de água disfarçado”;
d) “Estupendas usuras nos mercados”;
e) “Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada”.
01.05. (FAG – PR) – Assinale a alternativa que não se refere 
ao Arcadismo: 
a) Época do Iluminismo (século XVIII) – Racionalismo, clareza, 
simplicidade;
b) Volta aos princípios clássicos greco-romanos e renascentistas 
(o belo, o bem, a verdade, a perfeição, a imitação da natureza);
c) Ornamentação estilística, predomínio da ordem inversa, 
excesso de figuras;
d) Pastoralismo, bucolismo, suaves idílios campestres;
e) Apoia-se em temas clássicos e tem como lema: inutilia 
truncat (“corta o que é inútil”). 
Aperfeiçoamento
01.06. (PUCCAMP – SP) – Texto:
(...) a pré-história das nossas letras interessa como 
reflexo da visão do mundo e da linguagem que nos 
legaram os primeiros observadores do país.É graças 
a essas tomadas diretas da paisagem, do índio e dos 
grupos sociais nascentes, que captamos as condições 
primitivas de uma cultura que só mais tarde poderia 
contar com o fenômeno da palavra-arte.
Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira. S. Paulo: Cultrix, 1970, p.15
O período caracterizado, no trecho acima, como a pré-história 
das nossas letras, representa-se sobretudo em textos
a) dissertativos, que argumentam a favor do processo colonial.
b) marcados por uma preocupação narrativa, de tom épico.
c) dramatúrgicos, nos quais se encenam os anseios de uma 
emancipação.
d) marcados por uma preocupação eminentemente descritiva.
e) poéticos, nos quais a natureza é idealizada segundo os 
padrões clássicos.
Testes
Aula 01
9Português 1C
01.07. (UFV – MG) – Sobre a produção escrita sem o predomí-
nio da imaginação poética e ficcional no Brasil do século XVI, 
é correto afirmar que
a) constitui o acervo do Barroco brasileiro junto com os Ser-
mões do Padre Antônio Vieira.
b) faz parte dos denominados textos de informação, como a 
Carta de Pero Vaz de Caminha.
c) possui caráter propriamente literário, a exemplo da poesia 
e do teatro de José de Anchieta.
d) interessa ao estudioso da literatura como textos literários 
sem intenções práticas ou razões políticas.
01.08. (UCS – RS) – O século XVIII, na Europa, foi o berço do 
movimento árcade. O nome Arcadismo vem da “Arcádia”, que 
era uma região campestre do Peloponeso, na Grécia Antiga. 
Sobre o período árcade é correto afirmar que
a) o escritor árcade busca a inspiração nos clássicos, por isso a 
linguagem usada nos seus textos é baseada no conceptismo 
barroco.
b) uma das características do Arcadismo é seu espírito realista, 
acentuado pela busca de uma vida simples, na cidade.
c) as ideias de liberdade, igualdade social e justiça constituem 
a temática da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio 
Gonzaga.
d) Cláudio Manuel da Costa, poeta lírico árcade, escreveu as 
obras Vila Rica e Cartas chilenas.
e) o poema épico árcade O Uraguai foi escrito por Basílio da 
Gama e apresenta como temática a luta de portugueses e 
espanhóis contra índios e jesuítas.
01.09. (UEPA) – Texto:
LXII
Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico e fino.
Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que ‘té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.
O campo como locus amoenus, livre de mazelas sociais e 
morais, foi o grande tema literário à época neoclássica, quando 
a literatura também expressou uma resistência à Cidade, con-
siderada então violento símbolo do poder monárquico e da 
corrupção moral. Interprete as opções abaixo e assinale aquela 
em que se sintetiza o modo de resistência expresso nos versos 
de Cláudio Manuel da Costa acima transcritos:
a) Apego à metrificação tradicional;
b) Bucolismo e paralelismo;
c) Aurea mediocritas;
d) Inutilia truncat;
e) Fugere urbem.
01.10. (UNIPAR – PR) – Assinale a alternativa correta sobre 
Gregório de Matos:
a) No seu esforço de criação da comédia brasileira, realiza um 
trabalho de crítica que encontra seguidores no Romantismo 
e mesmo no restante do século XIX.
b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: 
ainda tem os torneios verbais do humanismo português, 
mas combina-os com a paixão das imagens pré-românticas.
c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais 
liberal, o que mais claramente manifestou as ideias do 
Iluminismo.
d) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa nas Minas do 
chamado ciclo do ouro é prova de que seu talento não se 
restringia ao lirismo amoroso.
e) Teve grande capacidade em fixar os vícios, os ridículos, os 
desmandos do poder local, valendo-se para isso do engenho 
artificioso que caracterizava o estilo da época.
01.11. (UCS – RS) – Observe a reprodução do quadro As me-
ninas (1656), do artista espanhol Diego Velázquez, e o trecho 
do soneto Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência 
da dama a quem queria bem, de Gregório de Matos:
Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/img/arte/ 
219- arte-01.jpg Acesso: 04 abr. 2013
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela. Literatura Brasileira. 
São Paulo: Moderna, 2005, p. 172
10 Semiextensivo
Baseado no trecho do poema e na reprodução do quadro 
de Velázquez, assinale a alternativa correta:
a) A pintura pode ser considerada uma representação 
da arte barroca, tendo como característica principal o 
Cultismo.
b) O fragmento do soneto de Gregório de Matos apresenta 
como figura de linguagem predominante a hipérbole.
c) Tanto a pintura como o poema sugerem o conflito inte-
rior pelo qual passa o homem do século XVI.
d) O jogo claro/escuro, sugerido na pintura, e as antíteses, 
no trecho do poema, denotam os sentimentos contra-
ditórios da época.
e) O quadro de Velázquez ressalta a beleza das mulheres 
da época, idealizadas pelos poetas e pintores barrocos.
01.12. (UFPR) – Leia os dois poemas de Gregório de Matos:
SONETO 1 
O todo sem a parte não é todo, 
A parte sem o todo não é parte, 
Mas se a parte o faz todo, sendo parte, 
Não se diga, que é parte, sendo todo.
Em todo o Sacramento está Deus todo, 
E todo assiste inteiro em qualquer parte, 
E feito em partes todo em qualquer parte, 
Em qualquer parte sempre fica o todo.
O braço de Jesus não seja parte, 
Pois que feito Jesus em partes todo, 
Assiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte deste todo, 
Um braço, que lhe acharam, sendo parte, 
Nos disse as partes todas deste todo.
SONETO 2 
Carregado de mim ando no mundo, 
E o grande peso embarga-me as passadas, 
Que como ando por vias desusadas, 
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo 
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas, 
Que as bestas andam juntas mais ornadas, 
Do que anda só o engenho mais profundo. 
Não é fácil viver entre os insanos, 
Erra, quem presumir que sabe tudo, 
Se o atalho não soube dos seus danos. 
O prudente varão há de ser no mundo, 
Que é melhor neste mundo em mar de enganos 
Ser louco cos demais, que ser sisudo.
Com base nos dois sonetos, considere as seguintes afirma-
tivas: 
1. A insistência numa das mais conhecidas formas de lirici-
dade, que é o soneto, deixa explícita a influência clássica 
na obra do poeta. 
2. Ambos os poemas ilustram a tonalidade sarcástica e 
pessimista típica do Barroco. 
3. No poema 1, há um jogo simbólico de metonímias e 
paradoxos com os quais o eu lírico argumenta a aceitação 
da tradição religiosa com indagações renovadoras. 
4. No poema 2, o eu lírico faz um balanço de sua experiência 
existencial, desdenhando de sua própria loucura. 
Assinale a alternativa correta:
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira. 
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. 
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 
e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Aprofundamento
01.13. (UFSM – RS) – A Carta de Pero Vaz de Caminha é 
o primeiro relato sobre a terra que viria a ser chamada de 
Brasil. Ali, percebe-se não apenas a curiosidade do europeu 
pelo nativo, mas também seu pasmo diante da exuberância 
da natureza da nova terra, que, hoje em dia, já se encontra 
degradada em muitos dos locais avistados por Caminha. 
Tendo isso em vista, leia o fragmento a seguir:
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta 
que mais contra o sul vimos, até outra ponta que 
contra o norte vem, de que nós deste ponto temos 
vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou 
vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longodo 
mar, em algumas partes, grandes barreiras, algu-
mas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima 
é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. 
De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã 
e muito formosa. 
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito 
grande, porque a estender d’olhos não podíamos 
ver senão terra com arvoredos, que nos parecia 
muito longa. 
Nela até agora não pudemos saber que haja 
ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou 
ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito 
bons ares, assim frios e temperados como os de 
Entre-Douro e Minho, porque neste tempo de ago-
ra os achávamos como os de lá. 
As águas são muitas e infindas. E em tal ma-
neira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo 
dará nela, por causa das águas que tem.
CASTRO, Sílvio (org.). A Carta de Pero Vaz de Caminha. 
Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 115-6
Aula 01
11Português 1C
Esse fragmento apresenta-se como um texto 
a) descritivo, uma vez que Caminha ocupa-se em dar um 
retrato objetivo da terra descoberta, abordando suas 
características físicas e potencialidades de exploração. 
b) narrativo, pois a “Carta” é, basicamente, uma narração da 
viagem de Pedro Álvares Cabral e sua frota até o Brasil, 
relatando, numa sucessão de eventos, tudo o que ocorreu 
desde a chegada dos portugueses até sua partida.
c) argumentativo, pois Caminha está preocupado em 
apresentar elementos que justifiquem a exploração da 
terra descoberta, os quais se pautam pela confiabilidade 
e abrangência de suas observações.
d) lírico, uma vez que a apresentação hiperbólica da terra 
por Caminha mostra a subjetividade de seu relato, carre-
gado de emotividade, o que confere à “Carta” seu caráter 
especificamente literário.
e) narrativo-argumentativo, pois a apresentação sequencial 
dos elementos físicos da terra descoberta serve para dar 
suporte à ideia defendida por Caminha de exploração 
do novo território.
01.14. (UNIFOR – CE) – No período colonial, verificaram-se 
os seguintes fenômenos de nossa vida literária:
a) Constituição de um exigente público leitor e surgimento 
das primeiras editoras nacionais;
b) Manifestação de sentimentos nacionalistas e consolidação 
do romance de temática urbana;
c) Surgimento dos nossos primeiros grandes críticos literá-
rios e consolidação de um público de leitores;
d) Reflexos de princípios estéticos do Barroco e do Arcadismo 
europeus e manifestação de sentimentos nativistas;
e) Surgimento dos primeiros manifestos românticos e ex-
ploração de temas indianistas.
01.15. (UFPR) – Considerando a poesia de Gregório de Matos 
e o momento literário em que sua obra se insere, avalie as 
seguintes afirmativas:
1. Apresentando a luta do homem no embate entre a carne 
e o espírito, a terra e o céu, o presente e a eternidade, os 
poemas religiosos do autor correspondem à sensibilidade 
da época e encontram paralelo na obra de um seu con-
temporâneo, Padre Antônio Vieira.
2. Os poemas erótico-irônicos são um exemplo da versati-
lidade do poeta, mas não são representativos da melhor 
poesia do autor, por não apresentarem a mesma sofistica-
ção e riqueza de recursos poéticos que os poemas líricos 
ou religiosos apresentam.
3. Como bom exemplo da poesia barroca, a poesia do autor 
incrementa e exagera alguns recursos poéticos, deixando 
sua linguagem mais rebuscada e enredada pelo uso de 
figuras de linguagem raras e de resultados tortuosos.
4. A presença do elemento mulato nessa poesia resgata para 
a literatura uma dimensão social problemática da socie-
dade baiana da época: num país de escravos, o mestiço 
é um ser em conflito, vítima e algoz em uma sociedade 
violentamente desigual.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
01.16. (UFSM – RS) – No Sermão do Bom Ladrão, Pe. 
Antônio Vieira, entre outros aspectos, critica a maneira 
como os exploradores portugueses agiam em suas 
viagens:
Conjugam por todos os modos o verbo 
rapio (...). Tanto que lá chegam, começam a 
furtar pelo modo indicativo, porque a primei-
ra informação que pedem aos práticos é que 
lhes apontem e mostrem os caminhos por onde 
podem abarcar tudo. Furtam pelo modo im-
perativo, porque, como têm o mero e misto 
império, todo ele aplicam despoticamente às 
execuções da rapina. (...) Furtam pelo modo 
infinitivo, porque não tem fim o furtar com o 
fim do governo, e sempre lá deixam raízes em 
que se vão continuando os furtos. Estes mes-
mos modos conjugam por todas as pessoas; 
porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as 
segundas os seus criados e as terceiras, quantas 
para isso têm indústria e consciência. Furtam 
juntamente por todos os tempos, porque do 
presente (que é o seu tempo) colhem quanto 
dá de si o triênio; e para incluírem no presente 
o pretérito e o futuro, do pretérito desenterram 
crimes de que vendem os perdões, e dívidas 
esquecidas de que se pagam inteiramente; e 
do futuro empenham as rendas e antecipam os 
contratos (...) Finalmente, nos mesmos tem-
pos não lhes escapam os imperfeitos, perfeitos, 
mais que perfeitos, e quaisquer outros, porque 
furtam, furtaram, furtavam, furtariam e have-
riam de furtar mais se mais houvesse. (...) E 
quando eles têm conjugado assim toda a voz 
ativa, e o miserável povo suportado toda a pas-
siva, eles, como se tiveram feito grandes servi-
ços, tornam carregados de despojos e ricos; e 
elas ficam roubadas e consumidas.
Considerando o fragmento, é correto afirmar sobre a 
prosa de Vieira:
a) Apresenta poucos recursos expressivos, coerentemen-
te com o estilo barroco.
b) Joga com os possíveis sentidos das palavras, amplian-
do o efeito crítico do sermão.
c) Critica, apenas de forma indireta e tímida, os explora-
dores portugueses.
d) Tem como característica predominante o culto do 
contraste.
e) Utiliza a nomenclatura gramatical no sentido próprio.
12 Semiextensivo
Discursivos
01.19. (UFMG) – Leia estes trechos: 
TRECHO 1
Colombo sabe perfeitamente que as ilhas já têm nome, de uma certa forma, nomes naturais (mas em 
outra acepção do termo) as palavras dos outros, entretanto, não lhe interessam muito, e ele quer rebatizar os 
lugares em função do lugar que ocupam em sua descoberta, dar-lhes nomes justos a nomeação, além disso, 
equivale a tomar posse.
TODOROV, Tzevetan. A conquista da América, São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 27
TRECHO 2 
[...] e a quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buchos e neste dia, a horas 
de véspera, houvemos vista de terra, a saber: primeiramente dum grande monte mui alto e redondo, e de 
outras serras mais baixas ao sul dele, e de terra chã com grandes arvoredos: ao qual monte alto o Capitão pôs 
nome o Monte Pascoal, e à terra a Terra da Vera Cruz.
CAMINHA. Pero Vaz de. Carta ao Rei Dom ManueI. Belo Horizonte: Crisálida, 2002. p. 17. 
01.18. (UPF – RS) – Antônio Cândido, em sua Formação da 
literatura brasileira, afirma que o Brasil careceu, do século 
XVI até meados do século XVIII, de um sistema literário, 
verificando-se, nesse período, tão somente a existência de 
manifestações literárias isoladas, mais ou menos efême-
ras. Segundo Cândido, só se pode falar de uma literatura 
nacional propriamente dita, no país, quando se observa a 
emergência de um conjunto de obras ligadas por denomi-
nadores comuns. Esses denominadores englobam, além das 
características internas das obras (língua, temas, imagens), 
os seguintes elementos:
a) Um grupo de escritores com certa consciência de seu 
papel; um grupo de leitores com interesses variados; uma 
linguagem traduzida em estilos;
b) Um grupo de escritores com certa consciência de seu 
papel; um grupo atuante de críticos literários; uma rede 
de bibliotecas públicas;
c) Um grupo de leitores com interesses variados; um grupo 
atuante de críticos literários; uma rede de escolaspúblicas;
d) Um grupo de leitores com interesses variados; uma rede 
de escolas públicas; um número significativo de editoras 
e livrarias;
e) Um grupo atuante de críticos literários; uma linguagem 
traduzida em estilos; um número significativo de editoras 
e livrarias.
01.17. (UCS – RS) – O Barroco caracteriza-se pelo dualismo 
ideológico e estilístico, representado pelo conflito entre 
razão e fé. O maior expoente desse movimento no Brasil é 
Gregório de Matos, autor dos excertos abaixo, pertencentes 
ao poema “Aos vícios”:
Eu sou aquele que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.
(...)
Quantos há, que os telhados têm vidrosos,
E deixam de atirar sua pedrada
De sua mesma telha receosos.
Seleção de obras poéticas de Gregório de Matos. Belém: UNAMA. p. 8-9. 
Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 28 mar. 14
Considere as seguintes afirmativas sobre o excerto de Gre-
gório de Matos:
I. O eu poético nos versos transcritos elogia o caráter da-
queles que evitam apontar as falhas alheias.
II. O eu lírico afasta-se da temática centralmente abordada 
pela poesia barroca, o conflito entre matéria e espírito, 
com uma preocupação em satirizar os vícios sociais.
III. Os versos acima assumem um viés lírico, uma das facetas 
assumidas pelo poeta, ao preocupar-se com o futuro 
do Brasil.
Das afirmativas acima, pode-se dizer que
a) apenas II está correta.
b) apenas III está correta.
c) apenas I e II estão corretas.
d) apenas I e III estão corretas.
e) apenas II e III estão corretas.
Aula 01
13Português 1C
Explicite, comparando os dois trechos, a relação existente entre os atos de nomear e tomar posse. 
Instrução: leia o trecho do Sermão do Bom Ladrão, de Padre Vieira, para responder à próxima questão:
O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu 
trato, são outros ladrões de maior calibre e de mais alta esfera; os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo 
predicamento distingue muito bem São Basílio Magno. Não só são ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, 
ou espreitam os que se vão banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente me-
recem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das províncias 
ou a administração das cidades, os quais já com mancha, já com forças roubam cidades e reinos: os outros 
furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo: os outros se furtam, são enforcados, estes furtam 
e enforcam.
01.20. (UFTM – MG) – Com base na leitura, explique
a) os tipos de ladrões apresentados por Vieira. Defina-os com exemplos do texto.
b) em que medida o viés conceptista do Barroco está presente no texto.
 
14 Semiextensivo
Gabarito
01.17. a
01.18. a
01.19. Além da acepção de “dar nome aos se-
res”, o verbo “nomear” pode ser enten-
dido como designar alguém para um 
cargo, dar direito de posse. É com este 
sentido que Todorov o utiliza para anali-
sar o comportamento do colonizador ao 
apoderar-se das terras que pertenciam a 
povos com culturas e linguagens dife-
rentes. Ao substituir os nomes originais 
dos aborígines pelos dos dominadores, 
impõe-se ao dominado a necessidade 
do ensino da nova língua que passa a 
ser usada como instrumento para posse 
do novo território.
01.20. a) No texto do Pe. Vieira, há dois tipos 
de ladrões: aquele que furta para 
comer, “que não vai nem leva ao in-
ferno”; e aqueles de calibre maior, 
poderosos, “que não só vão como 
levam ao inferno”.
b) Há uma argumentação bem concep-
tista, na medida em que Padre Vieira, 
usando-se de comparações entre 
dois tipos de ladrões, procura explici-
tar de forma contundente o pior dos 
ladrões: o governante corrupto ou 
tomado pelo mal.
01.01. c
01.02. a
01.03. c
01.04. d
01.05. c
01.06. d
01.07. b
01.08. c
01.09. e
01.10. e
01.11. d
01.12. b
01.13. a
01.14. d
01.15. c
01.16. b
Aula 01
15Português 1C
Contextualização
Na virada do século 18 para o 19, surge, na Europa, 
uma nova estética, que ficou conhecida como Romantis-
mo, fruto de uma série de transformações ocorridas àque-
la época, nas quais a nova classe que surgia, a burguesia, 
teve um papel fundamental. A ligação entre a burguesia e 
o Romantismo foi bastante significativa, fato que levou o 
historiador Nelson Werneck Sodré a afirmar que
“(...) burguesia e Romantismo, pois, são sinô-
nimos, o segundo é a expressão literária da plena 
dominação da primeira”.
Logo, para bem compreendermos esta estética, 
vamos observar alguns fatos históricos.
Com a Revolução Francesa (1789), o poder acaba 
trocando de mãos na França; a nobreza, que vinha 
sistematicamente perdendo sua força e prestígio ao 
longo dos anos, vê-se subjugada pela burguesia, classe 
que ascendia rapidamente e impunha sua visão sobre a 
economia, a política e os costumes de sua época.
Surge o Liberalismo, ideologia com uma série de des-
dobramentos no contexto geopolítico e social e que, entre 
outros aspectos, preconizava um novo estilo de vida, que 
valoriza a livre iniciativa, os méritos pessoais de cada indi-
víduo, independentemente de seus títulos ou da grandeza 
de seus antepassados. Os ideais de liberdade, igualdade 
e fraternidade se espalham pelo mundo, servindo de ins-
piração a movimentos de independência, principalmente 
nas Américas.
Era evidente que a mudança de mentalidade nesse perí-
odo iria desembocar nas artes. É a burguesia, fortalecida pela 
industrialização, que se torna causa e objeto do Romantismo. 
Embora tenha surgido primeiramente na Inglaterra e na Ale-
manha, foi a partir da França que o Romantismo se espalhou 
por outros países da Europa e pelo mundo.
No Brasil, o Romantismo teve como marco inicial a 
publicação da obra Suspiros poéticos e saudades, de 
Gonçalves de Magalhães, em 1836, e se estendeu até 
1881, quando teria início o Realismo, com a publicação de 
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
Aspectos centrais
Liberdade
Como consequência 
direta do Liberalismo, 
o Romantismo 
mostra-se como 
uma arte libertária 
por excelência. 
A liberdade de 
pensamento e 
de criação faz do 
romântico um opositor 
natural do Classicismo, 
sobretudo nos momentos 
iniciais dessa nova estética. O 
artista procura desvencilhar-se das 
normas rígidas da arte clássica. E o ciclo se 
repete, da luta do novo contra o velho: o Romantis-
mo se opõe ao Arcadismo ou Neoclassicismo.
Deste modo, o Romantismo apresenta uma grande 
revolução formal, perceptível em todos os gêneros. 
Observe:
 • Na poesia (gênero lírico), surgem novas formas e 
novos temas, inclusive com o emprego frequente de 
versos brancos e, em alguns casos, de versos livres. 
Algumas formas fixas – como ode, canção, elegia, 
lira, balada e tantas outras – sofreram imensas 
transformações-desfigurações ou simplesmente 
deixaram de ser utilizadas.
 • Na prosa (gênero narrativo), surge o romance ou 
prosa de ficção, como conhecemos hoje. Aliás, se o 
romance – longa narrativa em prosa – é hoje o for-
mato literário mais difundido no mundo ocidental, 
isso se deve em grande parte ao Romantismo, escola 
que o fundiu e dele extraiu o seu próprio nome 
(Romantismo vem de romance).
 • No teatro, os modelos clássicos da tragédia e da 
comédia vão tendo, cada vez mais, a companhia e 
a concorrência do drama, que é, basicamente, uma 
fusão das outras duas modalidades.
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Português
16 Semiextensivo
Romantismo I: introdução e poesia
Aula 02
Subjetividade
O Liberalismo, como a própria palavra insinua, 
defende a liberdade sob vários enfoques. A liberdade 
de criação e de expressão torna a arte uma atividade 
essencialmente pessoal, produto da inspiração, da 
emoção, da imaginação e da individualidade do artis-
ta. O escritor revela a realidade conforme seu ponto de 
vista e de acordo com a sua interpretação.
Essa subjetividade faz com que o escritor românti-
co enxergue tudo a partir de seu mundo pessoal e isto, 
muitas vezes,causa insatisfação, porque as coisas nem 
sempre são como ele gostaria que fossem. Resultado: 
ou ele se rebela, protesta, prega reformas sociais, luta 
por liberdade e justiça; ou então, sentindo-se desloca-
do e marginalizado, fecha-se em si mesmo, viaja nas 
fantasias e cria um mundo ideal, onde tudo é como ele 
acha que deveria ser, desembocando numa atitude de 
escapismo, de evasão, enfim, de fuga da realidade.
Sentimentalismo
Como consequência da valorização da subjetivi-
dade, há no Romantismo uma supervalorização do 
amor e de outros sentimentos afluentes. O coração 
é a medida da existência; a razão se subordina aos 
sentimentos.
Assim, o amor justifica grandes renúncias, so-
frimentos terríveis, privações, angústias, e sua falta 
ou não correspondência podem levar o indivíduo à 
loucura, ao tédio e até mesmo à morte.
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Expressão dos valores 
burgueses
A literatura romântica obedece à lei da oferta e da 
procura. É necessário que o leitor encontre nos livros 
uma resposta às suas fantasias e aos seus ideais. Como 
a grande maioria dos leitores são da classe alta, as 
obras românticas procuram corresponder aos anseios 
de luxo, conforto, aventura, exotismo, convívio social e 
realização plena de todos os sonhos da burguesia, so-
bretudo dos jovens desta classe, que formam o grande 
público leitor das obras românticas.
Por conta desta preocupação, a linguagem será 
acessível; os temas, populares; os enredos, fáceis; e as 
soluções, óbvias e ingênuas, para que nada perturbe 
a emoção nem impeça os suspiros e fantasias dos 
leitores.
O moralismo e a religiosidade também fazem parte 
dos ideais burgueses e, por isso, são essenciais: o casa-
mento religioso, a virgindade, a nobreza de caráter, a 
vitória do bem, entre outros.
Agora, vale frisar que as obras românticas, tam-
bém, em alguma medida, traziam uma reflexão crítica 
sobre a sociedade de sua época, pois o idealismo 
romântico não tolerava injustiças, crueldades ou 
maiores desvios ético-morais. Logo, há também, em 
algumas obras, críticas ao comportamento burguês, 
embora tais críticas não visassem à transformação 
radical da sociedade.
E no Brasil...
A proclamação de nossa Independência 
política em 1822 deu sustentação aos 
anseios nacionais de independência cul-
tural, que vão se expressar através de um 
nacionalismo quase radical, sobretudo 
nos primeiros momentos. Irrompe um 
sentimento de lusofobia, com a rejeição de tudo o que 
lembra a colonização.
Observação:
Há uma diferença entre estado de alma romântico e o movimento literário denominado Romantismo. 
Vejamos:
 • Um estado de alma romântico é quase que uma constante universal, presente em praticamente todas as 
manifestações artísticas ao longo dos tempos. Caracteriza-se pela supervalorização dos sentimentos, pela 
idealização da realidade e por apoiar-se na imaginação e na fantasia.
 • O movimento literário denominado Romantismo representa a escola literária, o estilo de uma época, que 
teve um início (final do século 18 na Europa e início do século 19 no Brasil) e um fim (segunda metade 
do século 19, na Europa, e final do século 19, no Brasil). Vale dizer que, durante a vigência do movimento 
literário denominado Romantismo, houve também uma manifestação bastante intensa do estado de 
alma romântico.
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Aula 02
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o Quase que simultaneamente, 
nasce no povo e na arte um forte 
sentimento de ufanismo (orgulho 
patriótico). Tal sentimento valori-
za as nossas coisas acima das de 
quaisquer outros países: nossas 
várzeas têm mais flores, nossos 
bosques têm mais vida, nossa 
vida mais amores.
Esse patriotismo ardente leva 
ainda à valorização da origens da 
Pátria, enquanto os autores ro-
mânticos se afirmam como arau-
tos dos novos tempos, profetas 
das glórias futuras e modeladores 
da alma nacional.
Tal nacionalismo se manifesta, 
principalmente, por duas caracte-
rísticas importantes:
Culto à natureza
Na Europa, a natureza era vista pelos românticos 
como a antítese da civilização, sendo esta essencialmen-
te opressora. Assim, um encontro com a natureza era, 
em última medida, um encontro consigo mesmo, além 
de fazer com que os indivíduos voltassem seus olhos 
para Deus, o criador de tão perfeita natureza.
No Brasil, além de ser encarada da mesma forma, a 
natureza exótica, exuberante e riquíssima vai ser assunto 
constante nas obras românticas. Ela é fonte de inspiração, 
motivo de orgulho, refúgio onde o escritor busca confor-
to e identidade, espelho que reflete o estado de alma do 
artista, além de uma inesgotável fonte de metáforas. A 
todos esses sentimentos, alia-se a religiosidade, que vê a 
natureza como expressão da força divina.
Indianismo
Na Europa, o Romantismo realiza a tendência nacio-
nalista através dos romances históricos em que surgem 
os heróis da pátria: cavaleiros andantes, cruzados, 
conquistadores, guerreiros e outros.
No Brasil, sem personagens históricos 
para serem transformados em heróis, 
os românticos encontram no índio 
a figura do herói nacional: valoroso, 
nobre, cortês, defensor e servidor 
da mulher amada.
Essa idealização do índio torna-o 
um personagem legendário, irreal, 
mítico, com características de 
herói branco. Logo, o índio ro-
mântico brasileiro às vezes mais 
parece um cavaleiro medieval do 
que propriamente um indígena.
 A poesia: 3 gerações
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 Pátria, índio, natureza e sentimentos: temas fundamentais da poesia romântica brasileira
A diversidade de tendências e de maneiras de se expressar levou a crítica literária a dividir a poesia romântica em 
algumas fases ou gerações. A classificação que adotaremos é a divisão em 3 gerações, que se aplica à poesia mas, para 
os romances e romancistas, não é muito apropriada.
Logo, as três gerações da poesia romântica brasileira são as seguintes:
1.ª geração: indianista
A primeira fase romântica corresponde ao período de implantação do Romantismo em nossas letras, que vai de 
1836, quando Gonçalves de Magalhães publica Suspiros poéticos e saudades, até 1851, quando Gonçalves Dias 
publica Últimos cantos, fechando o período mais produtivo de sua carreira literária.
18 Semiextensivo
Notam-se, nesta fase, os seguintes traços caracterís-
ticos:
 • Predomínio do nacionalismo e patriotismo: os 
elementos tipicamente nacionais – belezas natu-
rais, índio, particularidades locais, nosso passado 
histórico – são exaltados e ampliados pelo prisma 
da idealização; daí o sentimento de ufanismo, o que 
é compreensível, pois era um novo país que estava 
nascendo, e a empolgação era inevitável.
 • Exaltação da natureza: as belezas naturais do país 
ocupam lugar de destaque na poesia desta geração, 
sempre retratadas em sua exuberância, grandio-
sidade e exotismo, sendo uma constante fonte de 
metáforas nos textos. Vale lembrar que a exaltação 
da natureza também era uma forma de expressar um 
amor à terra natal, um patriotismo.
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 • Indianismo: já que nascia uma nova nação, era 
necessário haver um símbolo, um herói que a repre-
sentasse. O indígena será representado como tal: 
tomado como lenda e mito do passado colonial ou 
anterior à descoberta, é encarado como elemento 
genuinamente brasileiro e promovido à categoria 
de herói nacional; seria o equivalente nacional ao 
cavaleiro medieval europeu, o modelo de virtudes 
adotado pelos românticos do Velho Continente.
 • Forte religiosidade, que identifica as possibilidades 
da poesia romântica com o sentimento cristão, em 
oposição ao “paganismo” da poesia neoclássica, 
ligada à tradição greco-latina.
 • Poesia amorosa, idealizante e fortementesen-
timental: marcada por certa influência da lírica 
medieval portuguesa. Em muitos versos, ressalta-se 
o amor belo, puro, santo e, muitas vezes, impossível.
Os principais autores desta geração são:
Gonçalves de Magalhães
Médico, professor, deputado, Gonçalves de Maga-
lhães permanece lembrado principalmente porque foi o 
introdutor do Romantismo no Brasil.
Em 1836, publicou, na França, o livro de poemas intitu-
lado Suspiros poéticos e saudades, obra que introduziu 
no Brasil a nova estética. Fundou nesse mesmo ano a 
Revista Niterói, que possuía a epígrafe “Tudo pelo Brasil e 
para o Brasil” e na qual expunha as novidades culturais eu-
ropeias, divulgando sobretudo as ideias românticas. Logo 
depois, no afã de ser o primeiro também na epopeia e no 
teatro românticos, publica A confederação dos tamoios e 
a tragédia Antônio José ou O poeta e a Inquisição.
Sua poesia é artificial, sem maior refinamento estéti-
co significativo. Autor de importância mais histórica do 
que artística.
Gonçalves Dias 
Principais obras publicadas 
 • Primeiros cantos (1846); 
Segundos cantos (1848), Úl-
timos cantos (1851) – lírica
 • Os timbiras (1857) – épica
 • Leonor de Mendonça 
(1846) – teatro
Alguns poemas representativos de Gonçalves Dias
 • “Marabá”; “O canto do Piaga”; “Canção do Tamoio”; 
“Leito de folhas verdes”.
Aspectos centrais da obra
 • A frustração amorosa, o amor impossível – Pas-
sividade, subserviência, melancolia, desespero e 
desilusão são sentimentos constantes na poesia 
amorosa do autor, a qual traz íntima relação com 
os sentimentos vivenciados por ele em sua vida. 
 • Saudosismo, nacionalismo – Gonçalves Dias esteve 
na Europa em várias ocasiões: a estudo, a trabalho 
ou a tratamento médico. As saudades dos amigos, 
da família, dos amores e da pátria inspiraram-lhe 
belos poemas saudosistas, dentre os quais o mais 
famoso ficou sendo a Canção do exílio, imitado e 
parodiado dezenas de vezes até os dias de hoje:
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
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Aula 02
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Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
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 • No indianismo de Gonçalves Dias, o elemento 
indígena é imaginado a partir do ideal cavalheiresco 
do Romantismo europeu. De espírito nobre, seus 
valores são sobretudo a honra, a coragem, a hones-
tidade e a lealdade. Às forças morais da coragem, e 
do senso do dever alia-se uma força física imbatível, 
oriunda da perfeita harmonia entre o homem e a 
natureza. Leiamos alguns fragmentos do poema 
I-Juca Pirama, um dos nossos mais célebres poemas 
indianistas:
IV
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte.
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
2.ª geração: ultrarromantismo
Ao final da década de 1840, com jovens 
artistas que iniciavam suas breves carreiras 
literárias (a maioria morreria muito jovem), 
outros temas começam a ser desenvolvidos 
na poesia romântica brasileira.
Os versos que cantavam a natureza, o 
índio e a pátria, de forma tão extrovertida, 
começam a ser sucedidos por poemas com uma acentu-
adíssima subjetividade melancólica e pessimista.
Nossos poetas da 2.ª Geração foram muito influen-
ciados pela leitura de poetas europeus como Musset, 
Lamartine e, principalmente, Lord Byron (daí também o 
outro nome para esta geração: Byronismo).
Portanto, são características marcantes:
 • Individualismo exacerbado, centrando-se numa 
temática emotiva de amor e morte, dúvida e ironia, 
que muitas vezes se mostra como um marcante 
egocentrismo.
 • Fuga da realidade (também chamada de evasão ou 
escapismo), que se mostra de algumas formas, como: 
idealização da infância, sonhos com virgens puras e 
inacessíveis e exaltação da morte. Forte tendência 
para o devaneio, o erotismo, a melancolia e o spleen (= 
tédio, insatisfação, desencanto pela vida, pessimismo).
 • Constantes alusões à ideia da morte e tudo rela-
cionado a tal tema: morbidez, satanismo, poesia 
“cemiterial”, entre outros aspectos.
 • Exposição, nos versos, do medo de amar: os poetas 
cantavam um amor ao qual não podiam se lançar 
plenamente, por recearem tantos infortúnios.
Álvares de Azevedo
Este jovem poeta paulista-
no deu início à sua atividade 
poética na Faculdade de 
Direito da cidade (hoje USP), 
casando as letras com as leis. 
Mas foi também nessa época 
que sentiu os primeiros sinto-
mas da tuberculose, doença 
que o afligiria para o resto de 
sua curta vida, uma vez que 
morreu aos vinte anos.
Toda a curta produção literária de Álvares de Aze-
vedo foi publicada postumamente. Eis o melhor de sua 
produção: 
 • Lira dos vinte anos – Poesias, o melhor da produção 
do autor.
 • Noite na taverna – Contos macabros, narrados por 
estudantes, que contam as suas bizarras aventuras: 
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20 Semiextensivo
histórias marcadas pelo mistério, pela morte, pelo 
incesto e tantos outros temas escandalosos.
 • Macário – Drama teatral inacabado, com forte acento 
autobiográfico.
Adolescente dilacerado por seus conflitos íntimos, 
Álvares de Azevedo representa a experiência humana e 
literária mais dramática no nosso Romantismo. Sua obra 
poética gira em torno da morte, do amor impotente e 
do tédio, temas abrandados somente quando fala a 
respeito de sua mãe, de sua irmã ou da infância.
Também em muitos versos do poeta, percebe-se um 
acento irônico bastante representativo. Com relação à 
ideia da morte, Álvares dá a esse tema, em alguns mo-
mentos, um tratamento macabro, povoado de imagens 
satânicas.
Podíamos citar ainda, como autores desta geração: 
Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
3.ª geração: condoreirismo
Final da década de 1860: passara a empolgação ini-
cial com o Brasil independente. Os brasileiros começam 
a perceber que nossa pátria possuía problemas muito 
mais complexos do que se imaginava, que não podiam 
ser resolvidos de forma tão simples.
A literatura acompanha essa mudança de mentalida-
de que se processa em nossa sociedade. Gradativamen-
te, abandona-se o egocentrismo recorrente na geração 
anterior e a poesia se volta para os problemas humanos 
e universais ao seu redor. Surge a 3.ª Geração Romântica, 
que terá como características: 
 • Inspiração no profetismo (tom grandiloquente) do 
escritor francês Víctor Hugo.
 • Também conhecida como Geração Condoreira ou 
Condoreirismo: poesia de estilo grandioso, retórico e 
de participação nas questões sociais de seu tempo – 
é a poesia social e libertária do Romantismo. 
 • A abolição da escravidão, a igualdade entre os po-
vos, o fim da miséria, a importância da educação, a 
implantação da República são temas abordados por 
nossos românticos, ainda que pintados com as tintas 
da emoção, dos sentimentos.
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 • O Romantismo está desmoronando. O amor platô-
nico perde espaços, que vão sendo ocupados por 
manifestações mais sensuais e até eróticas de amor: 
a mulher se apresenta mais real e palpável.
Os principais nomes desta geração foram Tobias 
Barreto, Pedro Luís, Lúcio Mendonça, Sousândrade e...
Castro Alves
Aspectos centrais da obra
Como legítimo poeta condoreiro, sua poesiapossui 
o tom altissonante típico do estilo; versos para serem 
lidos em voz alta, declamada, que se utilizam osten-
sivamente das hipérboles, 
das alusões aos fenômenos 
visuais, do jogo de contrastes 
e de outros recursos retóricos.
 • “Poeta dos escravos” – 
ninguém cantou a causa 
abolicionista como Castro 
Alves. Suas armas de com-
bate ao absurdo chamado 
escravidão foram os seus 
versos, que sensibilizaram 
muitos à causa abolicionis-
ta. Castro morreu sem ver a abolição da escravatura 
tornar-se realidade, mas muito fez para que ela se 
concretizasse. Abraçou também os ideais da Repúbli-
ca, ainda que de forma não muito frequente.
 • Poeta do amor idealizado, porém palpável e 
sensual – Castro Alves não foi apenas o “Poeta dos 
Escravos”. Ele foi muito além: cantou amores pos-
síveis, que se concretizavam e não ficavam apenas 
no plano da idealização-frustração amorosa, como 
ocorria com outros poetas românticos. Seu caso 
– escandaloso para a época – com a atriz Eugênia 
Câmara provavelmente lhe serviu de inspiração para 
poemas ousados e sensuais.
Principais obras publicadas
 • Espumas flutuantes (poesia) – 1870. Único livro 
publicado em vida pelo autor, a obra traz uma série 
de poemas que têm como temas: lirismo amoroso 
e sensual; exaltação de certos heróis da pátria, da 
natureza e de familiares; engajamento em questões 
sociais, como a valorização dos livros e a alfabetiza-
ção.
 • Gonzaga ou A Revolução de Minas (teatro) – 1875
 • A cachoeira de Paulo Afonso (poesia) – 1876
 • Os Escravos (poesia) – 1883
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Aula 02
21Português 1C
Testes
Assimilação
02.01. (UNICISAL – AL) – 
A literatura brasileira teve um longo proces-
so de formação. Um importante momento desse 
processo está relacionado a um movimento artís-
tico-literário que ocorreu no País, após a Procla-
mação da Independência, e foi muito influencia-
do por esse fato histórico, como se pode perceber 
nas obras de seus primeiros autores, que visavam 
elaborar uma literatura genuinamente nacional e 
exaltavam as belezas brasileiras.
O texto evidencia o 
a) Barroco
c) Modernismo
e) Parnasianismo
b) Arcadismo
d) Romantismo
02.02. (UEG – GO) – Texto:
LEMBRANÇA DE MORRER 
[...] 
Eu deixo a vida como deixa o tédio 
Do deserto o poento caminheiro, 
– Como as horas de um longo pesadelo 
Que se desfaz ao dobre sineiro 
[...] 
AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas de Álvares de Azevedo
Este fragmento mostra uma atitude escapista típica do 
Romantismo. O eu lírico idealiza 
a) a vida como um ofício de prazer, destinado à fruição eterna.
b) a morte como um meio de libertação do terrível fardo de 
viver. 
c) o tédio como a repetição dos fragmentos belos e signifi-
cativos da vida.
d) o deserto como um destino sereno para quem vence as 
hostilidades da vida.
02.03. (ESPM – SP) – Leia: 
No plano estético, presencia-se a reação vio-
lenta contra os clássicos: recusando as regras, 
os modelos, as normas... Aos gêneros estanques 
opõem a sua mistura, conforme o livre arbítrio 
do escritor, à ordem clássica, a aventura, ao equi-
líbrio racional, a anarquia, o caos, ao universalis-
mo estético, o individualismo, ao Cosmos, o “eu” 
particular...a Natureza se lhe afigura mera proje-
ção do seu mundo interior. 
Massaud Moisés, Dicionário de Termos Literários, Cultrix. P. 463 
O autor está discorrendo sobre o: 
a) Barroco
b) Arcadismo ou Neoclassicismo
c) Romantismo
d) Naturalismo
e) Modernismo 
02.04. (UNIOESTE – PR) – Com base no poema “Canção do 
exílio”, de Gonçalves Dias, assinale a alternativa improcedente:
a) Escrito em Coimbra, à época em que o poeta lá estudava, 
o poema apresenta certa lusofobia.
b) A valorização da pátria e da natureza faz de Gonçalves 
Dias e Olavo Bilac parceiros do mesmo estilo de época.
c) Mesmo sendo um texto de louvor e exaltação à pátria, obser-
va-se, no poema, a total ausência de adjetivos qualificativos.
d) Produzido na primeira fase do Romantismo brasileiro, o 
poema deixa evidente uma época marcada por um forte 
sentimento nativista.
e) Entre os recursos rítmicos usados estão a redondilha maior 
(verso de sete sílabas) e a utilização de rimas oxítonas, 
com vogais abertas.
02.05. (INSPER – SP) – Texto: 
Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhas
Passam tantas visões sobre meu peito!
Palor de febre meu semblante cobre,
Bate meu coração com tanto fogo!
Um doce nome os lábios meus suspiram (...).
Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos
Nessa passagem, há marcas textuais típicas da função emoti-
va da linguagem. Essas marcas estão associadas a uma carac-
terística fundamental da poesia byroniana brasileira, que é o
a) egocentrismo;
c) medievalismo;
e) nativismo.
b) indianismo; 
d) nacionalismo;
Aperfeiçoamento
02.06. (UNIFESP) – Leia o poema de Almeida Garrett:
SEUS OLHOS
Seus olhos – se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
22 Semiextensivo
Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
Da leitura do poema, depreende-se que se trata de obra do 
a) Barroco, no qual se identifica o escapismo psicológico.
b) Arcadismo, no qual se identifica a contenção do sentimento.
c) Romantismo, no qual se identifica a idealização da mulher. 
d) Realismo, no qual se identifica o pessimismo extremo.
e) Modernismo, no qual se identifica a busca pela liberdade. 
02.07. (FGV – RJ) – Caracteriza o Romantismo, na literatura 
brasileira,
I. o desejo de exprimir sentimentos como orgulho patrió-
tico, considerado, então, algo de primordial importância.
II. a intenção de criar uma literatura independente, diversa, 
de identidade bem marcada.
III. a percepção da atividade literária como parte indispen-
sável da tarefa patriótica de construção nacional.
Está correto o que se afirma em
a) I, II e III; b) II e III, somente;
c) II, somente; d) I, somente;
e) I e II, somente.
02.08. (ESPM – SP) – Leia:
Hora do pôr do sol? – hora fagueira,
Qu’encerras tanto amor, tristeza tanta!
Quem há que de te ver não sinta enlevos,
Quem há na terra que não sinta as fibras
Todas do coração pulsar-lhe amigas,
Quando desse teu manto as pardas franjas
Soltas, roçando a habitação dos homens?
Há i prazer tamanho que embriaga,
Há i prazer tão puro, que parece
Haver anjos dos céus com seus acordes
A mísera existência acalentado!
Gonçalves Dias, trecho de “A tarde”
Os versos acima exemplificam a característica romântica
a) do sentimentalismo romântico que aponta para a desi-
lusão amorosa;
b) do nacionalismo que exalta a beleza exótica da natureza 
brasileira;
c) do escapismo em que a morte representa a libertação da 
vida material;
d) da projeção do estado de espírito do poeta nos elementos 
da natureza;
e) do pessimismo e da melancolia, configurando o chamado 
“mal do século”.
02.09. (UCS – RS) – Os excertos abaixo são cantados por 
Lulu Santos e fazem parte da música “O último romântico”:
Talvez eu seja o último romântico
Dos litorais desse oceano Atlântico
Só falta reunir a zona norte à zona sul
Iluminar a vida já que a morte cai do azul
[...]
Tolice é viver a vida assim sem aventura
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então melhor não ter razão
SANTOS, Lulu. O último romântico. Composição de: Lulu Santos, 
Antonio Cícero e S. Souza. Álbum Tudo azul. 1984. Disponível em: 
< http://www.vagalume.com.br/lulu-santos/o-ultimo-romantico.
html#ixzz396NxiaEM>. Acesso em: 10 out. 14
Como o título da canção indica, é correto afirmar que a 
composição recupera traços do Romantismo ao
a) satirizar os costumes e valores burgueses, marcando as 
distinções sociais, expressas na divisão entre a zona norte 
e a zona sul.
b) enfatizar o conflito entre corpo e alma, expresso na relação 
entre as palavras coração e razão, nos últimos versos.
c) explorar a antítese como recurso para exprimir

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