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ABA – ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA TEA – Transtorno do Espectro Autista O TEA – Transtorno do Espectro Autista é uma condição de saúde caracterizada por déficit em duas importantes áreas do desenvolvimento: comunicação social e comportamento. É classificado pelo grau de dependência e/ou necessidade de suporte como: leve, moderado e severo. O diagnóstico é essencialmente clínico. A partir dos primeiros sinais notados pelos pais ou cuidadores, é mais do que necessário procurar a ajuda especializada de um pediatra ou neuropediatra. No diagnóstico clínico do TEA os sintomas estão divididos em dois grupos: Déficits persistentes na comunicação e interações sociais. Quanto mais rápido os traços de TEA forem identificados, mais rapidamente será iniciada a estimulação e mais efetivos serão os ganhos no desenvolvimento neuropsicomotor. É muito importante as observações serem feitas conforme ao desenvolvimento correspondente a fase cronológica da criança. O diagnóstico de autismo traz sempre sofrimento para toda a família. Por isso, todos precisam conhecer as características do espectro e aprender técnicas que facilitam a auto-suficiência e a comunicação da criança. O Autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento e como tratamento precisamos desenvolver habilidades básicas para sua autonomia como pessoa dentro da sociedade. Após a avaliação e um bom plano terapêutico multidisciplinar uma ferramenta muito utilizada é o ABA - A Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis). O papel do psicopedagogo diante do diagnostico de autismo é de tentar preparar ou remediar a falta de conhecimento familiar e educacional e contribuir na aquisição da aprendizagem, no desenvolvimento da autoestima e na formação da personalidade humana. Ajudando a criança autista a se sentir pertencente e inserida no contexto escolar, integrada na família e na sociedade. Outro papel muito importante agora no ambiente escolar é nas adaptações curriculares, criando estratégias e critérios de atuação do docente, levando em conta que o processo de ensino-aprendizagem pressupõe atender à diversificação de necessidades individuais de cada aluno. Deve investigar, intervir e ter a sensibilidade nas causas que limitam o aprendizado, atuar na orientação dos familiares e todos os profissionais envolvidos com a criança visando proporcionar um ambiente mais favorável para o aprendizado. O que é ABA e quais suas características? Ao longo de mais de 50 anos de pesquisas científicas, controladas e confiáveis, foram descobertos diversos princípios básicos que influenciam o comportamento humano. Por exemplo, foi descoberto que diferentes tipos de consequências aumentam ou diminuem a probabilidade de comportamentos ocorrerem no futuro. Também foi descoberto que diferentes tipos de condições antecedentes, motivadoras ou não, aumentam ou diminuem as chances de determinados comportamentos ocorrerem. Aonde tem comportamento pode ser analisado e aplicado ABA. Quando falamos de autismo, estamos diante de um diagnóstico baseado em déficits e excessos comportamentais, por exemplo, ausência de comunicação. Quando falamos de déficits e excessos comportamentais, nós pensamos em formas de desenvolver tais déficits e diminuir tais excessos. O ABA não é um método fechado, é uma analise do comportamento, uma ciência muito ampla. O que faz um analista do comportamento? O analista do comportamento é um profissional que estuda a ciência do comportamento e pode atuar em escolas, hospitais, empresas, consultórios, na área jurídica, atendendo crianças e adultos, dependendo da sua especialização. Basicamente, sua função é fazer avaliações dos indivíduos, identificando seus pontos fortes e aqueles que precisam ser desenvolvidos. No Brasil não há uma legislação de quem pode trabalhar com análise do comportamento, se é psicólogo ou psicopedagogo. Tem que ter uma pós graduação no nosso caso estamos habilitados a análise de comportamento voltado para aprendizagem. Quais os objetivos das intervenções baseadas em ABA? São dois. O primeiro é ampliar o repertório comportamental e de conteúdos curriculares, de modo que a criança melhore a interação e a comunicação social, aprendendo a pedir, explicitar o que não quer, ler, ir ao banheiro etc. O segundo tem a ver com diminuir a frequência de comportamentos disruptivos (se bater e morder, bater e morder o outro, gritar, arremessar objetos, etc). O que é feito na prática para alcançar esses objetivos? O trabalho deve ser planejado com base em aprendizagem sem erros, pois assim são diminuídas as chances de haver atrasos no desenvolvimento da criança, a desmotivação do indivíduo (o que poderia ocorrer com aprendizagem baseada na tentativa e erro). Outros dois conceitos essenciais: dicas (para que a criança consiga emitir o comportamento correto) e feedbacks imediatos (para mantê-la motivada, engajada, e volte a fazer novamente, queira aprender). Como as dicas são usadas? Lavar as mãos depois de ir ao banheiro, por exemplo –, é dada uma dica verbal, física, gestual ou auditiva para que a pessoa com autismo possa realizá-lo de modo favorável. Com o passar do tempo, a dica vai sendo retirada para que ele seja capaz de cumprir a tarefa sozinho, conquistando autonomia. Os feedbacks imediatos Implica em dar para a criança algo que ela gosta, sempre que atender a um pedido ou realizar uma tarefa corretamente. O reforço tem de ser retirado ao longo do tempo, caso contrário, a criança se torna dependente dele para seguir adiante – e o objetivo é justamente criar repertório para a conquista da autonomia. A meta é que a aprendizagem passe a ser a própria recompensa, um reforçador natural, e que o comportamento aprendido seja generalizado pela criança e colocado em cena com outras pessoas ou situações. Antecedente, comportamento e consequências Uma das partes mais importantes da aplicação do ABA é entender os antecedentes, ou seja, acontecimentos que costumam preceder os comportamentos; assim como as consequências, basicamente o que ocorre depois do comportamento. Agora, veja um exemplo prático. Primeiramente, a versão negativa: ANTECEDENTE: o pai diz que é hora de guardar os brinquedos e organizar o local COMPORTAMENTO: a criança responde “não quero guardar” CONSEQUÊNCIA: o pai junta os brinquedos sozinho e diz que a brincadeira está encerrada COMPORTAMENTO: a criança fica chorosa e o pai frustrado por não ser obedecido. Agora, uma versão positiva com práticas do ABA aplicadas: ANTECEDENTE: o pai diz que é hora de guardar os brinquedos e organizar o local COMPORTAMENTO: a criança responde um “não” CONSEQUÊNCIA: o pai vai até a criança e diz: “fazemos assim: eu brinco com você por mais 10 minutos e juntos guardamos os brinquedos e te coloco para dormir”. (uma consequência que servirá de antecendente para novos comportamentos da criança. Nosso comportamento é um processo) COMPORTAMENTO: a criança diz “combinado”. CONSEQUÊNCIA: Pai brinca por 10 minutos com o filho Após 10 minutos: ANTECEDENTE: o pai diz “está na hora de guardamos os brinquedos” COMPORTAMENTO: criança insiste em brincar mais CONSEQUÊNCIA: Pai diz: “combinamos que seriam mais 10 minutos, nós dois temos que cumprir nossos combinados, para poder brincar em outros dias” COMPORTAMENTO: criança concorda e juntos eles guardam os brinquedos. CONSEQUÊNCIA: Pai leva filho para cama (criança se sente bem por ter a atenção e cuidado, pai se sente bem por ter conseguido estabelecer limites sem brigas e ressentimentos) Por que usamos reforçadores? O processo do reforçamento ocorre com qualquer indivíduo, no entanto, para cada ser, um grupo de reforçadores é suficiente para o aprendizado. Quando uma criança neurotípica fala as primeiras palavras, por exemplo, os pais costumam sorrir, dar atenção, repetir o que a criança fala, e isso acaba reforçando o comportamento de falar. O reforço social ou recompensa verbal são, geralmente, suficientes para reforçar os comportamentos dessas crianças. No caso de uma criança do espectro autista, ela nãoé sensível ao reforço social e precisamos começar o trabalho com reforçadores tangíveis, ou seja: brinquedos, comida, vídeos, etc. Chamamos esse tipo de reforço de reforçamento arbitrário já que ele não ocorre de maneira natural. O que são Reforçadores Positivos e Reforçadores Negativos? Reforço é tudo aquilo que aumenta a chance do comportamento ocorrer novamente. Pode ser positivo ou negativo. Exemplo de Reforçadores Positivos: - Peço para a criança fazer algo e quando ela faz, eu reforço, dou algo que ela gosta; - Em uma atividade a criança imita um gesto, eu deixo ela brincar alguns minutos. Reforçar o comportamento esperado. Exemplo de Reforçadores Negativos: - A criança quer um sorvete. Ela chora e ganha o sorvete. O sorvete é o reforçador. Quando ela quiser um sorvete de novo, ela vai chorar. (o comportamento foi reforçado) - Entrou em uma loja de doce, a criança se jogou no chão, gritou e ganhou o doce. Quando ganha, reforça a maneira de pedir, de se jogar no chão. A criança faz, porque está ganhando algo. A partir da análise das interações entre as pessoas e o contexto, traçar estratégias para reduzir comportamento inadequados, reduzir fugas, ensinar habilidades e criar estratégias para comunicação alternativa. Mapear os gostos, os interesses, o que ela não gosta, o que ela precisa aprender e reduzir excessos. Para ter um resultado na prática psicopedagógica, essa técnica tem que ser: - Bem aplicada; - Tem que se criar um vínculo com a criança e a família; - O reforço sempre individual, avaliar o que a criança gosta, o que gera prazer; - Reforçar o comportamento esperado; Como podemos usar os Reforçadores na prática Psicopedagógica - Aplicar de forma lúdica para crianças menores; - Buscar sempre a melhor ferramenta para se trabalhar. - Essa técnica vai se adaptar a cada caso. Cada criança é única; Há várias formas de aplicação. O segredo é a individualidade. Exemplo de atividades com Reforçadores - Antes de tentar ensinar qualquer coisa para a criança, gaste um bom tempo apenas ficando com ela e observando-a com os reforçadores. Se ela adora assistir vídeos, seja a pessoa que faz os vídeos acontecerem; se adora comer batata frita, então seja a pessoa que sempre tem batata frita; se ama brincadeiras “brutas” e movimentadas, seja um lutador. - Crie um ambiente atraente para a criança, de maneira que, quando ela entrar na sala, haja alguma coisa divertida que a atraia. Quebra- cabeças, livro para colorir, figurinhas, massinha de modelar, etc... - Torne o ambiente de trabalho divertido.
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