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Aula 8 - 25-08-2010 - Projeto Ultramarino Port.- Expansão Portuguesa nos Quatrocentos

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Aula 8 - 25/08/2010 - Projeto Ultramarino Português: Expansão Portuguesa nos Quatrocentos
Texto
	GODINHO (1944) - A expansão quatrocentista portuguesa
	BOXER (2002) - O império marítimo portugues
Ainda dentro do projeto ultramarino portugues, vamos falar do processo de expansão vivido nos quatrocentos, já com estado nacional formado.
B - Expansão Portuguesa nos Quatrocentos
Possibilidade que se forma a partir das características da formação do Estado portugues (relação entre coroa, nobreza, clero e burguesia comercial).
Portugal já é um país formado e consolidado desde o fim do século XIII (1297). Portugal passa por uma revolução em 1385 (séc. XIV - revolução de Avis, revolução burguesa x nacional) sobrepondo-se à dinastia de Borgonha. A expansão começa em 1415, com a tomada de Ceuta.
Motivações
Causas econômias
	- lucro via comércio (monopólio ítalo-mulçumano)
Territoriais
	- expansão da nobreza
	- 2/3 dos solos eram rochosos, o que impedia a agricultura e levava a permanente falta de 		cereais.
Políticos 
	-consoludação da dinastia de Avis
	- experiência militar da nobreza
Religiosas
	- espírito de Cruzada
Ponto de partida da expansão: tomada de Ceuta (1415)
 	- Zonas de comércio (ouro do Sudão, tecidos, etc)
 	- Zona de produção e criação (cereais, cavalos, cabras)
 	- Resultou em isolamento (portugueses foram “com muita sede ao pote”)
Políticas de Expansão
 	A - Caminho do levante (via comércio - mundo “mediterrâneo” já ocupado)
 	B - Ocupação de Marrocos (via territorialidade)
 	C - Caminho da costa africana (via comércio - mundo Atlântico: ouro, escravos)
Império Colonia Português
Atinge sua configuração aurea na segunda 1/2 do sec. XVI, sendo que no sec. XVII inicia o recuo. Segundo Boxer, a principal caract. do império estava na dispersão (principalmente ao longo do atlântico, europa, áfrica, am. do sul). O que obviamente levava a uma enorme dificuldade da metrópole de se controlar do império, especialmente dada a baixa quantidade de recursos populacional.
O início da expansão é focado onde o lucro é mais facilmente alcançado: comécio. Nesse momento o Braisl não é considerado atraente suficiente (e por tanto não consta como parte dos títulos dos nobres).
A-Talassocracia x B-Territorialidade
Ao invés de se relacionar simplesmente “comércio” o professor prefere o termo talassocracia, que por definição é estado cujo poder reside no domínio marítimo.
Talassocracia: feitorias, costa africana e asiática
Territorialidade: expansão de Marrocos (Tanger), donatarias das ilhas atlânticas
- Donatarias (espécie de capitainias) para se povoar/colonizar as diversas regiões da coroa ao redor do globo (relativamente grande, dando dificuldades administrativas). Vantagem dado o caráter da vitalidade e do absenteísmo (atrair pessoal).
Desenvolvimento comercial
- Feitorias na África Ocidental (ocorre posteriormente no Brasil, por exemplo Fernando de Noronha).
- No Oceano Índico (portugueses enfrentam resistência, porém saem com vitórias importantes).
O Império do Oriente
Principais pontos estratégicos: Goa, Malaca, Ormuz (insucesso: Áden)
Dada o “monopólio mulçumano do comércio no Oceano Índico”, a única forma dos portugueses concorrerem era através da brutalidade (imposição do medo e da violência através da força).
Montam pontos fortivicados que serviam de base navais e entrepostos comerciais (também para arrecadação de impostos).
 	- Destaque para o governo de Afonso Albuquerque (1509 a 1515)
Boxer destaca que os árabes/mulçumanos que dominavam o comércio índico eram frágeis: seus navios mercantis não possuiam preparação bélica. Apenas os chineses foram capazes de confrontá-los, mas eles se limitavam a defender seu território (ordens imperiais).
Caract. do modelo de talassocracia portuguesa: violência, dispersão geográfica, fiscalismo, drenagem demográfica (saída de portugueses de Portugal).
Comparação como o Desempenho Espanhol
Portugal teve mais dificuldades com relação aos os espanhóis na América:
- baixo contigente populacional em relação ao vizinho
- os asiáticos eram relativamente mais “defensivos” e preparados com relação aos nativos americanos
- a necessidade de manter as benfentorias exigia um fluxo maior de pessoas deixando o país, o que não acontecia na américa
- os ambientes frequentados pelos portugueses eram pro vezes mais insaubres que dos espanhois
Dada as dificuldades, o “monopólio” português não ocorria necessariamente na esfera comercial direta, porém a Coroa controlava e vigiava as atividades relacionadas: necessidade de autorização para realizar comércio, pagamento de taxas portuárias, etc.
Evolução Histórica (dinastia de Avis)
D João II (1481-1485): tratados com Castela-Aragão, sedimentação da hegemonia marítima atlântica.
D Manuel (1495-1521): prioridade no Oriente, feitorias no Brasil.
D João III (1521-1557): vetores geopolíticos e econômicos desfavoráveis
- mais acentuado a luta contra invasões.
- derrota da frota portuguesa pelos chineses
- espanhóis chegam à Ásia, acontece nova divisão dos territórios portugueses
 -Brasil: monopólio da Coroa, capitanias hereditárias (iniciativas privadas), governo geral (modelo misto: capital privado + capital da Coroa)
as principais rotas começam a ficar “ruins” (fatores diversos, mencionados acima): portugueses começam então a “rever e a calcular” suas prioridades (iniciam uma fase em que as terras americanas passam a ter maior importância). Até então não dava pra se imaginar uma atenção à colonização do Brasil sem o ouro. Sua importância no império portugues é pequena no início do séc. XVI e vai ser grande ao fim do séc.
(NOZOE)
Godinho , VM– A expansão quatrocentista portuguesa
Tema da aula de hoje é o Brasil (de colônia a império) mais especificamente na expansão marítima.
O contexto é que o Brasil em nenhum momento é intenção da coroa portuguesa e renegado a segundo plano por muito tempo (foi uma fatalidade). Depois surge uma idéia de que deveria ser colonizado e tornar-se útil, rentável, gerando receita para a coroa portuguesa.
Para isso lançaremos mão de dois textos (português= Godinho, maior autoridade como historiador econômico português nos séc. XV e XVI, fez sua carreira acadêmica na França, perseguido pelo regime salazarista, exceto pela revolução dos cravos quando voltou para Portugal). O outro é o Boxer (inglês).
Vitorino Magalhães Godinho trata do problema da expansão ultramarina na historiografia portuguesa. Porque Portugal fez esta expansão (início em 1415 com a tomada de Ceuta). Foi escrito em meados do séc XX, pegando os historiadores portugueses como base (todos a partir dos meados do séc XVIII):
Antonio Sergio – realça a crise de subsistência (fome) e crise comercial, com o infante D. Henrique como executor da política de interesse da burguesia comercial, organizando a Escola de Sagres para impedir pirataria, dar acesso ao trigo marroquino, e não tem nada de religioso
Joaquim Bensaude – realça aspectos religiosos, com D. Henrique como libertador da cristandade do pesadelo turco, pelos princípios católicos. Descarta a motivação comercial do infante, e que praticou o plano de ataque ao Islão
Jaime cortesão – enfatiza ordem religiosa, mas chega a indicar motivos políticos (como inibir a expansão de Castela) e econômicos, como reprimir pirataria e obter o ouro do Sudão (diferente de hoje) e obter especiarias das índias
Oliveira Martins – funde todas as alternativas, fé católica, exercício das armas (desinteresse pelo torneio) de ser sagrados em batalhas (mais nobre) e não em torneios, enriquecimento do reino(absorver a riqueza de Ceuta e ouro do Sudão), cobiça comercial, e interesse cientifico para devassar o mar desconhecido (Atlântico)
Godinho mostra que existe uma controvérsia entre motivos de natureza religiosa e natureza econômica entre esses autores. No aspecto religioso, vê a expansão como motivação religiosa, cruzada, cavalaria, pensamento da nobreza. Nobres não tinham trabalho braçal, somente participam de guerras. No aspecto econômico, trata da burguesia, associando elementosde natureza cientifica (ex: oceano atlântico precisa de desenvolvimento cientifico para se navegar, explorar comercialmente). Não obstante essa diferença de motivações que os autores apontam, existem alguns pontos em comum, como o primeiro artífice da expansão foi D Henrique (seja como burguês, cruzado ou religioso), o plano das Índias foi importante para o processo, a ameaça turca. Mas segundo Godinho isso não procede, pois não se deve ao infante D Henrique a expansão, escrito por Zurara (cronista da corte na época) que diz que tudo o que foi feito pelo irmão do D.Henrique foi apagado e transferido para este. Em segundo lugar, não existiam condições mentais e materiais para se conceber esse plano de ir até as Índias (foi concebido somente no reino de D João II, em 1480). Por último, a ameaça turca: o oceano Índico já era bastante movimentado, mais do que se imaginava. Com a chegada dos portugueses às Índias ocorre um enfraquecimento das cidades italianas. Daí tem-se como conseqüência a ameaça turca (ela não foi o motivo da expansão), inclusive com a tomada de Alexandria, que ocorreu um século depois da expansão, não sendo um dos motivos.
O texto do Boxer parte deste ponto, onde o estado da índia era muito grande. Tenta examinar a formação desse estado e mostrar porque Portugal teve uma instalação tão rápida nesse império. Quatorze anos depois Portugal já esta na china e Japão. A questão é como os portugueses financiaram isso? O que se transacionava (era pimenta do reino). A duração do império da índia foi extremamente curta, finalizando entre 1575 e 1600, quando Portugal ingressa na união ibérica (muitos dizem que foi a queda do estado português). Mas Boxer diz que existiram outras causas, como a ascensão do açúcar, e o fato do império das índias basear-se em pequenas feitorias (cidadelas), que serviam somente para efetuar as transações, num quadro de conflito no oriente. Impérios com essas características (talassocráticos, baseados no mar, ex: império britânico) precisam de marinhas e soldados, que Portugal não possuía, derruba o império português, não porque não era rentável, mas porque outros reinos tinham mais força, como a Holanda.
Godinho trata em sua tese que a expansão deveu-se a: fatores internos a Portugal, como explicam o conflito entre direções e interesses (nobreza quer uma coisa e burguesia outra); a importância de D.Pedro (regente de Afonso); e de D. João II (1481-95) com o plano das Índias.
Para a burguesia interessam rotas de comercio, sem destruir os pontos de comercio, estabelecendo contatos comerciais duradouros, seja por negociação ou imposição, sem interessar-se pelos ataques diretos, logo escolhe pontos estratégicos. Mas para a nobreza, o interesse é fazer batalhas e saques (dos muçulmanos), nesse caso Marrocos é o lugar mais interessante, com a costa cheia de entrepostos comerciais
Tem-se como fator para a expansão a aproximação da burguesia ao rei, com a revolução de Avis em Portugal, com a subida de um rei bastardo em 1380. Porem a nobreza defendia a volta da sucessão legitima, enquanto para a burguesia unir-se ao reino da Espanha seria um retrocesso.
Após a paz com Castela (1414), não se decide invadir Castela pois era católico,com D João se opondo. Mas decide-se atacar Granada, sob domínio mouro, não alcançando objetivos comerciais. Em Ceuta viu-se lucro (Marrocos). Após isso ocorreu uma ocupação metódica do Marrocos, com progressão ao longo da costa atlântica para o sul do Cabo Não.
A estratégia de exposição do Godinho é que conforme o reinado, a estratégia das direções foi definida por fatores internos. A estratégia de expandir para o mediterrâneo foi abandonada no reinado de D. Duarte, devido á oposição local próxima (Veneza, etc.). Sobra a partir daí o atlântico e Marrocos. Porém a tomada de Ceuta não gera os recursos necessários, faltando recursos financeiros para manter a ocupação. Madeiras e Açores são uma experiência para a cana de açúcar (1415) servindo de base para experiência futura do empreendimento no Brasil. Com a tentativa de Portugal avançar em Tanger, acabam fracassando e precisando desistir de Ceuta. 
Logo, a opção de expansão para o atlântico foi interessante. Tomam pulso na regência de D Pedro por imposição da burguesia, com visível despeito da nobreza. Com Afonso V (o africano), faz varias incursões no Marrocos. Morre o infante dom Henrique (1460), antes de chegar-se as índias.
Com Dom João II (1481), assume-se o controle da EXPANSAO, COM COMBATE À NOBREZA, com apogeu da política comercial e marítima de Portugal (rei executa um duque na escadaria de um local publico). O comercio nessa época é triangular: Marrocos envia panos para Lisboa e Guine, Guine envia ouro, escravos e malagueta para Portugal. Nesse mesmo reinado, Bartolomeu dias cruza o cabo da boa esperança, iniciando a navegação no oceano indico (1488). Expedições terrestres no Cairo, Ormuz, Sofala, Abissínia, Preste João. Já sabia-se que era possível chegar as índias pelo mar (viagem de Vasco da Gama). Em resumo a expansão foi um plano para romper o monopólio muçulmano-veneziano e estabelecer o monopólio português.

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