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SISTEMAS OPERACIONAIS Ramiro Córdova Júnior Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Desenvolver arquivos/scripts no Windows. � Executar arquivos/scripts no Linux. � Identificar scripts em sistemas operacionais. Introdução Neste capítulo, você vai estudar um mecanismo muito útil para admi- nistradores de sistemas Windows e Linux, os scripts. Os scripts são cons- tantemente utilizados pelos administradores de sistemas para agilizar as tarefas rotineiras otimizando a produtividade. O entendimento dos scripts se torna um diferencial na qualidade dos profissionais administradores de sistemas, mas como os scripts utilizam lógica de programação, algumas vezes os administradores evitam utilizar esse recurso em prol de soluções baseadas em softwares com interfaces mais amigáveis. Existem peculiaridades no desenvolvimento de scripts para os siste- mas operacionais Windows e Linux. Porém, em ambos o ambiente de desenvolvimento são os editores básicos de texto e os resultados obtidos na prática podem ser os mesmos. Arquivos/scripts no Windows Na administração de sistemas é bastante comum a utilização de scripts, que podem ser definidos como um conjunto de comandos a serem executados em uma sequência específica. Em alguns casos, o administrador de sistema neces- sita que sejam executados mais de um comando, ou seja, um lote de comandos. Nessas situações, os scripts são indicados pela facilidade e praticidade. Em vez de gastar recursos com desenvolvimento de softwares para execução de tarefas do sistema operacional, os administradores de sistemas utilizam os scripts como uma ferramenta de gerenciamento de atividades, como a realização de backups e a criação/ordenação dos logs de registros do sistema. Quando se trata do desenvolvimento de scripts para o sistema operacional Windows, a ferramenta mais simples e prática para desenvolvimento é o bloco de notas, também conhecido como Notepad++. A extensão utilizada nos arquivos de scripts para o ambiente Windows é a .bat. Essa extensão permite identificar os arquivos que realizam a execução de comandos em lote. Estes arquivos .bat, que contêm os comandos a serem executados, têm na realidade como conteúdo textos simples que utilizam a codificação ASCII, o que garante que os scripts possam ser editados em qualquer editor de textos simples. Alguns editores de textos podem reconhecer alguns comandos utiliza- dos em scripts e destacá-los com cores diferentes, o que facilita o desenvolvi- mento e a edição dos scripts. Como exemplo de editor com essa característica, pode-se citar o Notepad++, que não vem instalado no Windows, mas pode ser instalado gratuitamente via download. Para visualizar o conteúdo de um arquivo .bat, basta acessar o explorador de arquivos do Windows e, quando encontrar o script, é necessário clicar com o botão direito do mouse no ícone referente ao arquivo .bat e escolher a opção Editar. A Figura 1 apresenta a tela com um exemplo de ativação do modo de edição. Figura 1. Opção de edição do script. Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais2 Para que seja possível criar ou editar um script no Windows, é necessário o conhecimento de alguns comandos que auxiliam no desenvolvimento dos scripts. O Quadro 1 apresenta uma lista de comandos comuns para scripts Windows. Outra opção para consulta de comandos para Windows é a busca na internet. Comando Função ECHO Escreve na tela ECHO OFF Oculta informações e código executado pelo sistema ECHO ON Exibe informações e código executado pelo sistema ECHO. Salta uma linha @ECHO Faz com que o prompt fique oculto durante toda execução SET Cria variável que pode ser referenciada por meio de %variável%. CLS Limpa a tela IF e ELSE Estruturas condicionais GOTO Avança até determinado trecho do lote de comandos FOR Estrutura de repetição PAUSE Faz uma pausa e exibe a frase “Pressione qualquer tecla para continuar” REM Utilizado para fazer comentários START Inicializa um aplicativo ou programa MOVE Move (recorta) um arquivo de um diretório para outro Quadro 1. Comandos comuns para scripts Windows Para que seja possível entender o funcionamento dos scripts no Windows, vamos criar um script simples de teste. Para isso, é necessário acessar o software Bloco de Notas. Nesse script de teste, vamos inserir uma sequência de comandos com o objetivo de exibir na tela o conteúdo da pasta C:\Users existente no Windows. Para isso, vamos editar o arquivo no Bloco de Notas, inserindo o conjunto de comandos apresentado na Figura 2 e vamos salvar esse arquivo com o nome teste.bat. 3Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais Figura 2. Exemplo de script. Vamos agora interpretar cada linha do script criado para que seja possível o entendimento deste. � Linha 1 (echo off ): oculta o código executado. � Linha 2 (cls): limpa o conteúdo da tela. � Linha 3 (echo “SCRIPT .BAT de teste SAGAH”): exibe o texto entre aspas na tela. � Linha 4 (pause): pausa execução e apresenta a seguinte mensagem na tela: Pressione qualquer tecla para continuar. � Linha 5 (cd\users): acessa o diretório \users. � Linha 6 (dir): lista o conteúdo do diretório users. � Linha 7 (pause): pausa execução e apresenta a seguinte mensagem na tela: Pressione qualquer tecla para continuar. Para a execução do script, teremos que localizar o arquivo teste.bat no explorador do Windows e dar um duplo clique. Após a execução, será apre- sentada na tela a lista dos arquivos e diretórios existentes na pasta C:\Users, ou seja, serão listados os usuários do Windows. A Figura 3 apresenta a tela com a saída do script teste.bat. Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais4 Figura 3. Resultado do script. Arquivos/scripts no Linux A partir da utilização do interpretador de comandos bash ou shell, é possível realizar a criação de scripts para o ambiente Linux. Esses scripts propiciam a economia de tempo por parte dos administradores de sistemas Linux, pois possibilitam a automatização das tarefas a serem realizadas no sistema ope- racional. Como exemplo de tarefas corriqueiras, pode-se citar a execução automática de programas e o esvaziamento de diretórios temporários. No Linux, é importante que antes de iniciar a criação de um script, o usuário se certifique de que não esteja logado no sistema operacional como root. Isso é importante, pois logado como usuário root, qualquer ação realizada por engano pode causar problemas ao sistema operacional. Essa verificação pode ser realizada visualizando no terminal de comandos do Linux qual o símbolo ao lado do cursor. O símbolo $ significa que o usuário ativo é um usuário comum, já o símbolo # significa que o usuário ativo é o root. Caso o usuário ativo seja o root, basta executar o comando exit para alterar para usuário comum. Para que seja possível criar um script no Linux, devemos inicialmente acessar o editor de textos vi. Por exemplo, para criarmos um script chamado teste.sh, podemos executar a linha de comando a seguir. 5Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais Após a execução desse comando, será aberto o editor de texto no prompt de comando do mesmo terminal. Outro modo possível de realizar a criação do arquivo de script teste.sh é por meio do comando touch, conforme é apre- sentado a seguir. Uma vez que o arquivo está criado, é necessário definir a permissão de execução para o arquivo. Isso pode ser feito por meio do comando chmod do Linux, conforme é apresentado a seguir. Para dar início à edição do script, é importante que na linha de cabeçalho seja inserido o texto #!/bin/bash. Essa linha de cabeçalho é responsável por informar ao sistema operacional Linux que o interpretador de comandos utilizado nessescript é o bash. É bastante comum a utilização de comentários no código dos scripts e isso é possível no Linux utilizando o caractere # no início da linha a ser comentada no script. Todas as linhas com o caractere # no seu início não serão executadas pelo interpretador de comandos. É possível então colocar nessa linha um texto que explique o que está sendo realizado naquele trecho do script ou até mesmo a função do script. Também são bastante utilizados os recursos de impressão na tela para que seja realizada alguma interação com o usuário. Nesses casos, é utilizado o comando echo. A seguir, segue um exemplo do comando. No caso do exemplo anterior, será apresentada na tela a mensagem Este é um exemplo de script. A combinação do comando echo com os comandos utilizados no terminal do Linux possibilitam o desenvolvimento de scripts mais elaborados. A seguir, segue um exemplo de script para Linux. Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais6 Quando este for executado, serão apresentados na tela a data e a hora do sistema operacional (comando date), o espaço do disco utilizado (comando df ) e os usuários que estão logados no sistema operacional naquele momento. Também é possível criar scripts que exijam algum tipo de informação por parte do usuário. Vejamos a seguir um exemplo de script (baseado no anterior) que solicita a confirmação do usuário para sua execução. Neste caso, é utilizado o comando read para efetuar a leitura da informação digitada pelo usuário. Essa informação é armazenada na variável chamada resposta e, após isso, o comando test faz uma checagem nessa variável, afim de verificar se ela tem o valor n e, caso seja verdadeira a checagem, o comando exit é executado e os demais comandos não são executados, finalizando o script. Nesse script, foi utilizado o operador lógico &&, que executará o segundo comando somente se o primeiro for verdadeiro, caso contrário, ele executa a próxima linha do script. É bastante comum em scripts Linux a utilização de variáveis, que são artifícios de programação que permitem armazenar valores durante a exe- cução de um script. Esses valores podem ser utilizados em diferentes pontos do script, facilitando assim a criação. Para definição dos valores de uma variável, é utilizado o caractere =. O comando unset é responsável por limpar o conteúdo de uma variável. 7Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais Scripts em sistemas operacionais Nos sistemas operacionais, a identificação dos scripts se dá facilmente pela extensão dos arquivos que contém o código do script. No caso dos scripts desenvolvidos no ambiente do sistema operacional Windows, convencionou-se a extensão .bat para utilização em scripts. Já no caso do sistema operacional Linux, a extensão que identifica os scripts é .sh. Em ambos os sistemas operacionais é importante que o arquivo do script tenha permissão de execução. No Windows, isso ocorre automaticamente com o salvamento do arquivo. Já no Linux, é necessário utilizar o comando chmod para definir a permissão de execução. Para executar um script no Windows, basta dar um duplo clique no arquivo e então este será executado. Já no Li- nux, é necessário chamar a execução via terminal de comandos inserindo os caracteres ./ antes do caminho do arquivo. Porém, em muitas situações, os scripts são criados para serem executados de forma automática por meio do agendador de tarefas. O Windows tem uma aplicação do sistema que permite agendar tarefas a serem realizadas e que pode ser acessada por meio do menu Iniciar, como indica a Figura 4. Ao abrir o agendador de tarefas, basta escolher a opção Criar Tarefa Básica, que fica na coluna da direita, para iniciar o assistente que auxilia no agendamento da tarefa. Nesse assistente, deve ser definida a frequência da tarefa, bem como o horário. Em determinado ponto do assistente, é apresen- tado um campo para que seja procurado o script a ser executado, conforme é apresentado na Figura 5. As próximas etapas do assistente se referem à conclusão do agendamento. Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais8 Figura 4. Acesso ao agendador de tarefas no Windows 10. Fonte: Gusso (2016, documento on-line). Figura 5. Localizando o script para agendamento. Fonte: Gusso (2016, documento on-line). 9Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais Em ambientes Linux, o comando crontab é o responsável pelo agendamento das tarefas e permite que sejam agendadas as execuções de scripts. Para efetuar o agendamento, é necessário editar o arquivo de agendamento por meio do comando crontab –e. A edição do agendamento deve ter o formato exibido a seguir. Vejamos um exemplo de utilização do crontab no Linux. Nesse exemplo, o script backup.sh será executado às 22h30min., nos dias 1 e 15, em todos os meses e em todos os dias da semana. GUSSO, L. Usando o Agendador de Tarefas do Windows. 10 ago. 2016. Disponível em: <https://www.profissionaisti.com.br/2016/08/usando-o-agendador-de-tarefas-do- -windows/>. Acesso em: 17 dez. 2018. Leituras recomendadas CARVALHO, B. A. A. Introdução a arquivos .BAT e programação em lotes. 2012. Disponível em: <http://www.devmedia.com.br/introducao-a-arquivos-bat-e-programacao-em- -lotes/24800>. Acesso em: 17 dez. 2018. JARGAS, A. M. Introdução ao Shell Script. 2004. Disponível em: <http://www.geocities. ws/reimlima/apostila-introducao-shell.pdf>. Acesso em: 17 dez. 2018. MEDEIROS, L. Guia de criação de scripts em Batch: variáveis. 30 jan. 2017. Disponível em: <https://lucasmedeirosblog.wordpress.com/2017/01/30/guia-de-criacao-de-scripts- -em-batch-variaveis-2/>. Acesso em: 17 dez. 2018. NEVES, J. C. Programação Shell Linux. 7 ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2008. Referência Serviços fundamentais e edição de arquivos de configuração em sistemas operacionais10 Conteúdo:
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