Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@yaasmin.luiza O abdome é a maior cavidade do corpo humano e compreende a região do tronco que fica entre o tórax e a pelve. A divisão entre o tórax e o abdome é demarcada pelo diafragma, enquanto a abertura superior da pelve demarca os limites entre as cavidades abdominal e pélvica. Assim, o abdome comporta órgãos do sistema digestório e algumas estruturas do sistema urinário. A cavidade abdominal comporta estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas e ductos biliares, baço, intestinos delgado e grosso, rins, glândulas suprarrenais e os vasos abdominais, que são ramificações da aorta abdominal. A bexiga urinária, útero, tuba uterina e ovários (em mulheres) são considerados órgãos abdominais e pélvicos. As paredes abdominais são formadas por diversas camadas, que além de se contrair, é capaz de se distender a fim de acomodar as expansões causadas pela ingestão alimentar, gravidez, deposição de gordura e outras doenças. Os órgãos internos são revestidos pelo peritônio, uma membrana serosa que se dobra sobre as vísceras abdominais como uma bolsa, formando a cavidade peritoneal, cujas dobras dão passagem aos vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. A parede abdominal tem três pares de músculos planos e dois pares de músculos verticais, são eles respectivamente: m. oblíquo externo do abdome, m. oblíquo interno do abdome, m. transverso do abdome (planos), m. reto do abdome e m. piramidal (verticais), esses dois últimos são contidos na bainha do músculo reto do abdome. º @yaasmin.luiza Devido ao sua grande atividade, a cavidade abdominal requer boa vascularização. Com isso, o abdome é suprido pela aorta abdominal e suas ramificações, que são: artérias suprarrenais, renais, mesentéricas e ilíacas, que por sua vez irão se ramificar para suprir a pelve e membros inferiores, e o tronco celíaco, que dá origem às artérias hepática comum, esplênica e gástrica esquerda. Assim, o tronco celíaco irriga fígado, estruturas biliares, estômago e parte do pâncreas, a artéria mesentérica superior irriga os intestinos delgado e grosso, até a porção proximal do colo transverso, a mesentérica inferior irriga o restante do intestino grosso e porção proximal do reto. As vísceras abdominais são responsáveis principalmente pela digestão dos alimentos, absorção dos nutrientes ingeridos e eliminação dos resíduos. Assim, o alimento, que entra pela boca, chega pelo esôfago ao estômago, onde é triturado e misturado ao suco gástrico, graças aos movimentos peristálticos, a fim de reduzir o conteúdo alimentar às suas moléculas absorvíveis. Daí, o bolo alimentar é encaminhado para o intestino delgado. O intestino delgado é o principal local de absorção dos nutrientes ingeridos na alimentação, e fica situado entre o estômago e o intestino grosso. É no intestino grosso que ocorre a absorção da maior parte de água que está misturado ao bolo alimentar, que nessa porção do tubo gastrointestinal se torna bolo fecal. Do intestino grosso, o bolo fecal é transportado para o reto e expelido pelo canal anal. Os intestinos são supridos pelas artérias mesentéricas inferior e superior e suas ramificações, enquanto o estômago é suprido principalmente pelas artérias gástricas esquerda e direita, e drenado pelas veias gástricas direita e esquerda, que drenam para a veia porta. Além do tubo gastrointestinal, a digestão depende de glândulas anexas para acontecer, sendo elas o fígado e o pâncreas, que produzem secreções e hormônios que auxiliam nesse processo. O fígado é um órgão macio e altamente vascularizado, visto que recebe uma grande quantidade de sangue imediatamente antes de entrar no coração. A maior parte da irrigação do fígado vem da veia porta hepática e uma porcentagem menor da artéria hepática, enquanto a drenagem é feita pela veia cava inferior (VCI) e pelas veias hepáticas, que não possuem válvulas. É um importante órgão no metabolismo de drogas, síntese de proteínas sanguíneas, armazenamento de nutrientes e secreção da bile, que é armazenada e expelida pela vesícula biliar. O pâncreas, por sua vez, é responsável por sintetizar principalmente a insulina e o glucagon, que regulam a glicemia, mas também produz o suco gástrico que participa da digestão de lipídios e proteínas. Além dos órgãos digestórios, o abdome engloba o baço e a bexiga urinária. O baço é o maior órgão linfático do corpo, participando do sistema de defesa do corpo, e também contém uma grande quantidade de sangue, que é expelida para a circulação pela ação do músculo liso de sua cápsula. Com isso, os vasos esplênicos são mais calibrosos, sendo que a irrigação deste órgão é feita principalmente pela artéria esplênica, ramo do tronco celíaco. @yaasmin.luiza Exame físico: informações limitadas para órgãos praticamente inacessíveis como esôfago, estômago. Anamnese e exame físico geral: informações mais decisivas para qualquer órgão do sistema digestivo, até mesmo o esôfago. Anamnese segmentar: o sistema digestivo, que se inicia na boca e termina no ânus, deve ser avaliado por segmentos, de modo que cada órgão seja individualizado. O estudo segmentar será feito na seguinte abordagem: cavidade oral, esôfago, estomago, duodeno, jejuno e íleo, colos, reto e ânus; fígado e vias biliares, baço e pâncreas. Hipocôndrio Direito: fígado, vesícula biliar, rim direito, flexura hepática docólon. Epigástrio: fígado (lobo esquerdo), piloro, duodeno, cólon transverso e cabeça e corpo do pâncreas. Hipocôndrio Esquerdo: baço, estômago, flexura esplênica do cólon, pâncreas (cauda), rim esquerdo. Flanco Direito: cólon ascendente, jejuno e rim direito. Mesogástrio ou umbilical: duodeno, jejuno, íleo, aorta abdominal, mesentério, linfonodos. Flanco Esquerdo: cólon descendente, jejuno, íleo. Fossa Ilíaca Direita: ceco, apêndice, ovário e tuba uterina direita. Hipogástrio: bexiga, útero, ureter. Fossa Ilíaca Esquerda: cólon sigmoide, ovário e tuba esquerda. Quadrante superior direito: lobo direto do fígado, vesicular biliar, piloro do estômago, duodeno (1a – 3a parte), cabeça do pâncreas, glândula suprarrenal direita, rim direito, flexura hepática direita do colo, parte superior do colo ascendente, metade direita do colo transverso. Quadrante superior esquerdo: lobo esquerdo do fígado, baço, estômago, jejuno e íleo proximal, corpo e cauda do pâncreas, rim esquerdo, glândula suprarrenal, flexura cólica (esplênica) esquerda, metade esquerda do colo transverso, parte superior do colo descendente. Quadrante inferior direito: ceco, apêndice vermiforme, maior parte do íleo, parte inferior do colo ascendente, ovário direito, tuba uterina direita, ureter direito (parte abdominal) funículo espermático direito (parte abdominal), útero (se aumentado) e bexiga (se muito cheia). @yaasmin.luiza Quadrante inferior esquerdo: colo sigmoide, parte inferior do colo descendente, ovário esquerdo, tuba uterina, ureter esquerdo (parte abdominal) funículo espermático esquerdo (parte abdominal), útero (se aumentado) e bexiga (se muito cheia). ANAMNESE E INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO Na anamnese, quando a queixa principal é relativa ao abdome, é importante que se descreva todos os sintomas, especificando: 1. O local de incômodo e irradiação da dor, utilizando como referência as 9 regiões e os 4 quadrantes abdominais. 2. Início, frequência, duração e horário preferencial dos sintomas. (Ex: Refere dor abdominal 2 vezes ao dia, por cerca de 5 minutos, há uma semana, sem horário preferencial). 3. Intensidade dos sintomas, que deve ser graduada em cruzes. (Ex: +++/4+, ou seja, 3 cruzes em 4). 4. Tipo de dor: em pontada, em aperto, latejante – é aconselhável colocar entre parênteses as palavras que o paciente utilizar para descrever a dor. 5.Quantidade de vezes de ocorrência do evento. (Ex: Refere ter vomitado 3 vezes nas últimas 24h). 6. Fatores desencadeantes: são as causas da dor atribuídas pelo paciente. (Ex: refere dor quando se senta). 7. Fatores de melhora e piora: farmacológicos e não farmacológicos. (Ex: chás). O interrogatório sistemático do abdome inclui perguntas sobre os aparelhos gastrointestinais e gênito-urinário, e ajuda a identificar sinais e sintomas menos graves que o paciente não refere espontaneamente. É importante que se comece descrevendo os sinais positivos, caracterizando da forma mais completa possível as queixas do paciente, e em seguida descrever os sinais negativos. Além disso, recomenda-se evitar a repetição de palavras, utilizando “nega” para relatar todos os dados negativos (Ex: Nega tosse, dispneia e escarro.) Sobre o aparelho gastrointestinal é importante que o médico questione se o paciente apresenta: apetite ou inapetência, intolerância alimentar, disfagia, dispepsia, regurgitação, ânsia de vômito, vômito, vômito em jato (não associado à náuseas), pirose, constipação/obstipação, plenitude gástrica, hematêmese, diarreia, esteatorreia, melena, tenesmo, hematoquezia, hemorroidas ou enterorragia. Nesse ponto também é fundamental relatar o ritmo intestinal do paciente, perguntando sobre número de evacuações e características das fezes (consistência, quantidade e odor), avaliando alterações no hábito intestinal. Sobre o aparelho gênito-urinário deve-se questionar se há disúria, poliúria, polaciúria, nictúria, oligúria, anúria, enurese, urgência ou incontinência urinária, hematúria e alterações de coloração e/ou odor da urina. Em pacientes homens, é importante perguntar se houve redução do calibre ou força do jato urinário, hesitação e gotejamento pós- miccional. @yaasmin.luiza HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL E INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO Disfagia: dificuldade na deglutição, mais relacionada com doenças do esôfago. Odinofagia: dor no ato da deglutição. Soluço: contrações espasmódicas do diafragma, concomitantes com o fechamento da glote, acompanhadas de um ruído rouco. Pode ser isolado ou em crises. Hematêmese: vomito de sangue que, diferentemente da epistaxe e da hemoptise, é derivado das vias digestivas. Dor: pesquisar localização e demais características semiológicas. Dispepsia: conjunto de sintomas constituído de desconforto epigástrico, empanzinamento, sensação de distensão por gases, náuseas, intolerância a certos alimentos. Pirose (azia): sensação de queimação retroesternal. Náuseas: sensação de mal estar que precede o vômito, ou vontade de vomitar. Pesquisar o horário em que aparece e relações com a ingestão de alimentos. Vômitos: ato de expelir conteúdo digestivo pela boca. Diarreia: aumento no teor líquido das fezes, frequentemente associado ao aumento no número das evacuações e do volume fecal das 24 h. Esteatorreia: aumento da quantidade de gorduras nas fezes. Disenteria: tipo de diarreia. Distensão abdominal: sensação de gases no abdome. Flatulência: eliminação de gases pelo ânus. Eructações: eliminação de gases pela boca. Melena: presença de sangue nas fezes perceptível através da eliminação de fezes negras, semelhante a borra de café, resultantes da decomposição bacteriana sofrida pela hemoglobina na luz intestinal. Hematoquezia: eliminação de sangue vivo pelo ânus, indicando, comumente, sangramentos maciços normalmente superiores a 1000 ml, acompanhados de transito intestinal rápido. Enterorragia: eliminação de sangue por meio do ânus, também decorrente do sistema digestivo. Obstipação: alteração no transito digestivo em que o paciente apresenta uma dificuldade para evacuar. Tenesmo: sensação falsa de querer evacuar ou manutenção do desejo de evacuar, mesmo depois de defecar. Sangramento anal: sangue oriundo da própria região anal, e não de estruturas profundas. Prurido: coceira que se apresenta como sintoma inespecífico, mas que se manifesta, principalmente, em doenças de obstrução das vias biliares. Icterícia: coloração amarelada da pele secundária a um aumento de bilirrubina no sangue. Perda ponderal: sinal inespecífico muito importante para o exame físico do aparelho digestivo, uma vez que a função deste aparelho é promover a nutrição do indivíduo. @yaasmin.luiza Anemia: perda de sangue que pode ser causada por uma má absorção de alimentos. Febre: relacionada não só a processos infecciosos, mas que pode estar presente em afecções neoplásicas do sistema digestivo, bem como nas hemorragias digestivas. Desorientação: sinal inespecífico que pode ocorrer por afecções no aparelho digestivo (como por exemplo, nas doenças hepáticas crônicas descompensadas). Crescimento abdominal: pode se dar por ascite, distensão abdominal ou aumento de qualquer órgão do abdome. INSPEÇÃO Por meio da inspeção, que deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal com as pernas estendidas, são observadas as alterações de superfície cutânea, forma e volume do abdome. É importante pontuar que todo o exame físico é feito à direita do paciente, e o mesmo deve estar em decúbito dorsal e com os braços ao lado corpo. A inspeção do abdome deve se iniciar observando a pele da região, à procura de manchas, lesões e cicatrizes, especialmente cicatrizes cirúrgicas – a cicatriz umbilical também deve ser descrita, indicando se é centralizada ou descentralizada e protrusa ou intrusa. Com isso, deve-se observar a conformação do abdome, identificando se ele é plano, escavado ou globoso. Abdome escavado normalmente é sinal de desnutrição, enquanto o abdome pode ser globoso às custas de panículo adiposo, ascite, gases, tumores, etc, sendo importante sinalizar quando é globoso às custas de panículo adiposo e ascite. E além da conformação, é importante sinalizar se o abdome é simétrico ou não e se apresenta deformidades, utilizando as regiões e quadrantes para descrever a localização das anormalidades. Na inspeção também deve se observar a presença de circulação colateral, peristalse e pulsações visíveis. A circulação colateral pode ser do tipo porta ou do tipo veia cava inferior, e indicam hipertensão portal. Hipertensão portal é uma condição em que o sistema porta apresenta aumento da resistência ao fluxo de sangue, o que pode ser causado por doenças dentro do fígado, obstrução da veia esplênica ou portal e fluxo venoso hepático insuficiente. A principal causa de hipertensão portal é a cirrose alcoólica, que é caracterizada por hepatomegalia e superfície com aspecto nodular. A cirrose é provocada pela destruição progressiva dos hepatócitos, que são substituídos por gordura e tecido fibroso, e por isso o aumento da resistência ao fluxo sanguíneo, visto que o tecido fibroso circundando os vasos hepáticos torna o fígado mais firme, impedindo a circulação. Sinais de Hipertensão Portal: • Ascite • Edema de membros inferiores • Hematêmese • Varizes esofágicas • Hemorroidas Na inspeção, também é preciso avaliar a presença de hérnias, e para isso se realiza a manobra de Valsalva, que nada mais é do que solicitar ao paciente que sopre o punho fechado. Com isso, aumenta-se a pressão intra-abdominal, forçando o aparecimento das hérnias que podem estar presentes. Hérnia é definida como uma protrusão parcial ou total de um ou mais órgãos por um @yaasmin.luiza orifício que se abriu, o que pode ocorrer por enfraquecimento da parede abdominal ou por má formação e a depender de sua localização, recebe diferentes nomenclaturas. Os principais pontos semiológicos a serem abordados na inspeção são: Forma do abdome: é necessário avaliar o caráter do abdome como um todo, avaliando, também, a sua simetria. Um abdome assimétrico é encontrado nas hepatoesplenomegalias, neoplasias, hérnias da parede,megacólon e síndromes obstrutivas. Normal (atípico): geralmente é plano ou levemente abaulado e simétrico. Globoso: pode ser fisiológico, como na obesidade; ou patológico, como na ascite, pneumoperitônio, obstrução intestinal, grandes tumores ou hepatoesplenomegalia, Ventre de batráquio: caracteriza a ascite, em que, em decúbito dorsal, o líquido tende a escorrer pelos flancos; Pendular: caracteriza a gravidez; Em avental: caracteriza a obesidade, Escavado: como em doença consuptiva ou emagrecimento. Presença de abaulamentos: podem indicar a presença de massas abdominais no abdome superior (pâncreas, fígado, estômago ou cólon transverso) ou no abdome inferior (bexigomas, gravidez, massas ovarianas ou de cólon). O abdome na gravidez é descrito como abaulamento piriforme. Para diferenciar se uma massa ou tumor está localizado (a) na parede abdominal ou na cavidade abdominal, solicita ao paciente para realizar contrações musculares. Se a massa ficar melhor distinguida, significa que está na parede. Caso contrário, está localizada na cavidade abdominal, em algum órgão interno. Presença de depressões (retrações): Retração generalizada: abdome escafoide ou escavado (má-nutrição, marasmo, caquexia, peritonite difusa- rigidez muscular). Retração localizada: bridas pós-cirúrgica. Movimentos respiratórios: é importante avaliar a movimentação da parede abdominal com a respiração. Nos processos inflamatórios agudos intraperitoneais (peritonite aguda), pode haver contratura muscular, cessando os movimentos respiratórios abdominais. O normal seria: Homens e crianças: respiração abdominal ou tóraco-abdominal. Mulheres: respiração torácica. Peritonite aguda: movimentos respiratórios são limitados ou desaparecem. Circulação colateral: em indivíduos normais, as veias abdominais geralmente não são visíveis. Quando há obstrução do sistema venoso porta ou @yaasmin.luiza veia cava, os vasos superficiais podem se mostrar distendidos. Obstrução na circulação porta (circulação colateral tipo porta): desenvolvimento da cabeça de medusa (caput medusae), que se irradiam a partir do umbigo. Obstrução da veia cava inferior (circulação colateral tipo cava inferior): veias evidentes de fluxo ascendente (caudal-cranial) que surgem devido a uma trombose da veia cava inferior. Obstrução da veia cava superior (circulação colateral tipo cava superior): veias dilatadas e evidentes de fluxo descendente (craniocaudal) na superfície da parede torácica. Determinação da direção do fluxo: localize um segmento da veia e a comprime com os dois indicadores, esvaziando-as. Depois, solte um dos dedos para observar se houve enchimento vascular, o que determinará o sentido do fluxo. Repita a técnica soltando, desta vez, o outro dedo para testar a veracidade. Ondas peristálticas: os movimentos peristálticos do intestino delgado, que normalmente não são observados à inspeção, podem tornar-se visíveis em pacientes caquéticos, com adelgaçamento da parede abdominal, ou em condições patológicas, como nas síndromes obstrutivas. É possível observar as contrações peristálticas gástricas na síndrome de estenose pilórica, e o peristaltismo exacerbado do intestino delgado, quando existe um obstáculo ao livre transito em sua luz. Indivíduos normais: não visível. Obstrução pilórica: no epigástrio, do rebordo costal esquerdo para o direito. Obstrução intestinal: peristalse irregular ao redor do umbigo. Lesões cutâneas: Erupções cutâneas: quando acompanhadas de diarreia, sugere febre tifoide – roséolas Coloração: Condições normais: pigmentação abdominal mais clara que o restante do corpo; Hipofunção adrenocortical crônica; Doença de Addison: hiperpigmentação na linha do cinturão; Sinal de Cullen: pigmentação azulada ao redor do umbigo; denota hemoperitônio; Sinal de Turner: pigmentação azulada nos flancos; denota hemoperitônio (pancreatite hemorrágica); Estrias: podem acontecer em condições fisiológicas (gravidez, adolescência, etc.) ou em condições patológicas (denotando Síndrome de Cushing). Cicatriz cirúrgica: perguntar sobre as cirurgias as quais o paciente foi submetido. Avaliar as características da cicatriz. Distribuição dos pelos pubianos: a quantidade pode ser modificada por doença hepática crônica e anormalidades endócrinas. @yaasmin.luiza Mulheres: púbicos (distribuição triangular), com base voltada para a sínfise púbica. Homens: formato de diamante, com pelos continuando no abdome. Presença de hérnias: é comum nos pacientes com ascite ou depois de operações abdominais. Podem ser confirmadas por meio da manobra de Valsalva. Diástase dos Mm. retos abdominais: separação visível das fibras do músculo reto abdominal que é confirmada na palpação superficial. Cicatriz umbilical: normalmente é plana ou pouco deprimida (normotrusa), localizada na linha mediana no abdome. Contudo, pode apresentar-se retrusa ou protrusa. Um abaulamento da cicatriz pode sugerir um aumento da pressão intra-abdominal, aumento de órgão abdominal, etc. Pulsações epigástricas: podem ser fisiológicas quando visíveis em pessoas magras, mas podem apresentar-se na hipertrofia ventricular direita ou em casos de aneurisma da aorta abdominal. PALPAÇÃO Antes de iniciar as manobras de palpação, é importante perguntar ao paciente se ele sente alguma dor abdominal, se está com a bexiga cheia e se defecou no dia do exame (assim como na percussão). Essa parte do exame é realizada em dois momentos: palpação superficial e palpação profunda. Na palpação superficial, deve-se palpar todos os quadrantes, com apenas uma mão, sem excluir as regiões laterais, buscando áreas sensíveis e/ou alteração de consistência durante a palpação. Na palpação profunda são palpados as mesmas regiões, também buscando áreas sensíveis e alterações de consistência, mas nessa manobra devem se usar as duas mãos, uma apoiada sob a outra, pesquisando a presença de massas. É importante saber que algumas estruturas podem ser palpadas mas que não indicam anormalidades patológicas, como a aorta, a borda do fígado, alguns linfonodos, bexiga distendida, polo inferior do rim direito, músculo reto abdominal e seus tendões, cólon e fezes. A palpação do fígado pode ser feita utilizando duas técnicas. Na técnica habitual, deve-se posicionar a mão por debaixo do paciente, paralela às 11ª e 12ª costelas, apoiando-as. Com isso, faz-se a compressão da mão esquerda para frente, palpando o fígado com a outra mão. Deve-se posicionar a mão direita à direita do abdome do paciente, lateralmente ao músculo reto, com as pontas dos dedos bem abaixo da borda inferior hepática. Nessa parte, deve-se fazer uma compressão suave para dentro e para fora, solicitar ao paciente que respire fundo, e na expiração deve sentir a borda do fígado, quando ela descer ao encontro dos dedos do médico. Nesse momento, deve-se diminuir a pressão na mão que está palpando e deslizar a ponta dos dedos para palpar a superfície anterior do fígado. É importante observar a presença de alguma hipersensibilidade ao toque e tentar delimitar as bordas medial e lateral do fígado. A outra técnica para palpar o fígado é a mão em garra, que é muito útil em pacientes @yaasmin.luiza obesos. Nessa manobra, deve-se posicionar as duas mãos, lado a lado, do lado direito do abdome, logo abaixo da borda do fígado. Em seguida, faz-se uma pressão com os dedos, para dentro e para cima, em direção ao rebordo costal, e nesse momento solicita-se ao paciente que respire fundo. Quando palpado, a borda do fígado saudável é mole, nítida e regular, e a superfície é lisa. Quando o baço está aumentado, ele começa a ser palpado abaixo do rebordo costal. O baço fica acoplado no diafragma, na altura da 9ª, 10ª e 11ª costelas, ocupando grandeparte da região posterior à linha axilar média esquerda. Porém, em alguns adultos é possível palpar a ponta do baço normal abaixo do rebordo costal esquerdo. A técnica para palpar o baço é semelhante à técnica habitual de palpação do fígado: o médico deve segurar o paciente com a mão esquerda, apoiando e comprimindo para frente a região inferior da caixa torácica e dos tecidos moles adjacentes; com a mão direita, por baixo do rebordo costal esquerdo, faz-se pressão para dentro, na direção do baço. Então, inicia-se a palpação em um nível baixo suficiente que seja capaz de detectar um possível aumento, e nesse momento deve se solicitar ao paciente que inspire profundamente; quando o baço descer de encontro aos dedos do examinador, este deve palpar a margem ou ponta do baço, pesquisar sensibilidade ao toque e avaliar o contorno esplênico e a distância entre o ponto mais baixo do baço e o rebordo costal esquerdo. Após isso, deve-se repetir a mesma manobra com o paciente em decúbito lateral direito (ou seja, de frente para o examinador), pois nessa posição, a gravidade desloca o baço para um local mais acessível para palpação. Essa posição também é chamada de posição de Schust. Os rins normalmente não são palpados, mas é importante que se domine esta técnica também. Para palpar o rim direito, o médico deve posicionar a mão esquerda atrás do paciente, logo abaixo e paralela à 12ª costela, com as pontas dos dedos no ângulo costovertebral. Com isso, deve-se elevar a mão tentando deslocar o rim para a frente, e colocar a mão direita para devagar no quadrante superior direito, lateral e paralelamente ao músculo reto. Nesse momento, é solicitado ao paciente que respire fundo, e no pico da inspiração, comprime-se a mão direita profundamente ao quadrante superior direito, abaixo do rebordo costal, tentando capturar o rim entre as mãos. Nesse momento, o paciente deve expirar e ficar em apneia em curto período, com isso, o médico deve liberar lentamente a compressão exercida pela mão direita simultaneamente, tentando sentir o deslizamento do rim e seu retorno à posição que estava durante da expiração. Caso seja possível palpar o rim, é importante que se descreva seu tamanho, contorno e presença de sensibilidade ao toque. Existem ainda algumas técnicas de palpação/percussão que auxiliam na pesquisa de ascite. As principais são as técnicas de macicez móvel, semi-círculo de skoda e pesquisa do sinal de piparote. Ascite consiste no acúmulo anormal de líquido na cavidade abdominal, que além de causar aumento do volume abdominal, pode gerar aumento de peso, desconforto @yaasmin.luiza abdominal e dispneia. Normalmente, a ascite está associada à doenças hepáticas graves associadas à hipertensão portal e déficit na síntese de albumina, que causam desequilíbrio entre as pressões osmótica e coloidosmótica, forçando o extravasamento de líquido para o terceiro espaço (vasos linfáticos) A palpação do abdome pode ser de dois tipos: a palpação superficial (feita de forma mais delicada, em que se pesquisa possíveis alterações na parede abdominal) ou a palpação profunda (feita de maneira mais profunda, com mais força, para pesquisar possíveis alterações nos órgãos abdominais). A palpação pode ser mono ou bimanual e mono ou bidigitial. De modo geral, a palpação monomanual é utilizada para avaliar a parede, e a bimanual para avaliar o conteúdo abdominal. Para a palpação bimanual, as duas mãos podem atuar de modo ativo ou uma ativa e outra passiva. A mão passiva serve para relaxar a parede, estabelecer um ponto de apoio e, com isso, ajudar a mão ativa na palpação profunda. A palpação com as mãos superpostas (a dominante sobre a não- dominante) é útil para avaliação do conteúdo abdominal em pessoas com obesidade ou para vencer uma contratura voluntária da parede abdominal. O normal do abdome à palpação é ser flácido. Se for dolorido ou não, classifica-se com abdome com dor ou sem dor. Palpação superficial: tem o objetivo de avaliar a sensibilidade, a integridade anatômica e o grau de distensão da parede abdominal. Os pacientes com dor abdominal devem ser solicitados a localizá-la. Só então inicia-se a palpação, sempre começando de fora da área indicada como mais sensível para a área de mais dor. Deve ser feita com uma mão (unimanual) à 45o ou duas mãos superpostas, sempre levemente postas sobre a parede abdominal do paciente. É aconselhável esquentar um pouco as mãos antes de usá-las na palpação, uma vez que mãos frias podem causar contratura da musculatura. É preferível espalmar a mão sobre o abdome do paciente e fazer movimentos sutis, de baixo para cima, em todos os quadrantes. Por meio da palpação superficial, avalia-se: Tensão abdominal: é testada palpando-se delicadamente a parede com as falanges distais dos dedos com o paciente em decúbito dorsal. Devem ser avaliadas hipertonia muscular localizada (que acompanha processos inflamatórios viscerais que comprometem o peritônio parietal) ou generalizada (abdome em tábua, encontrada em perfurações de vísceras ocas). Deve-se distinguir ainda a tensão de origem parietal do de origem intra-abdominal. No primeiro caso, geralmente acompanha-se de contratura muscular, que é determinante do quadro. Entretanto, o aumento de tensão de origem intra-abdominal, usualmente, não é acompanhado de contratura muscular, exceto de houver irritação do peritônio parietal. As ascites volumosas, as massas intra-abdominais e as distensões intestinais, entre outras causas, constituem exemplos de situações em que a tensão abdominal está aumentada sem que haja contratura da musculatura. As peritonites difusas com irritação do peritônio parietal e as lesões do neurônio motor central ou dos nervos intercostais @yaasmin.luiza causam aumento de tensão associado à contratura muscular. Deve-se ainda diferenciar se a contratura é voluntária (psicomotora) ou involuntária (reflexo viscero-motor). Para diferenciá-las pede-se para o paciente respirar com a boca semiaberta e fletir as pernas, procedimentos que distraem o paciente, para só então palpar a área. O aumento patológico da tensão abdominal pode ter um significado semiológico importante, quando produzido por um reflexo víscero-motor que leva a um estado de contração tônica dos músculos parietais, denominado defesa abdominal. Sensibilidade da parede abdominal: por meio do toque, verificar o aumento da sensibilidade que pode manifestar-se sob a forma de hiperestesia cutânea ou dor. A hiperestesia cutânea é pesquisada deslizando-se suavemente as pontas dos dedos ou um objeto pontiagudo sobre a pele. Hiperestesia cutânea (testada com os dedos os objetos pontiagudos sobre a pele) reflete irritação de neurônio (radiculopatias, reflexo víscero- sensitivo). Em caso de dor, discriminar pontos dolorosos. Pontos dolorosos: são pontos na parede abdominal que têm a particularidade de se tornarem hipersensíveis quando há comprometimento dos órgãos a eles correspondentes e devem ser pesquisados. São eles: Ponto epigástrico: na metade da linha xifo- umbilical. Mostra-se sensível na úlcera péptica em atividade. Ponto cístico: situa-se no ângulo formado pela reborda costal direita com a borda externa do músculo reto abdominal, bem na intersecção da linha hemiclavicular com o rebordo costal direito. Desperta dor nos processos inflamatórios da vesícula biliar. A colecistite aguda pode ser pesquisada pelo sinal de Murphy durante a palpação profunda. Ponto apendicular (Ponto de McBurney): união do terço externo com os dois terços internos da linha que une a espinha ilíaca anterossuperior à cicatriz umbilical. A dor neste ponto sugere apendicite aguda, especialmente quando há sinais de reação peritoneal. A dor na descompressão significa a presença do sinal de Blumberg, verificado na palpação profunda. Pontosureterais: localizam-se na borda externa dos músculos retos abdominais em dois níveis: na interseção com uma linha horizontal que passa pela cicatriz umbilical e outra que liga as duas espinhas ilíacas anterossuperiores. A maior sensibilidade nestes pontos é encontrada na cólica nefrética durante a migração de um calculo renal. Presença de nodulações: discriminar a localização das nodulações e as características das mesmas. Presença de herniações: vísceras que ultrapassam a parede abdominal (são bem evidenciadas fazendo uso do sinal de Valsalva). Espessura da parede: põe-se a parede abdominal pinçada entre os dedos indicador e polegar. A espessura do tegumento cutâneo encontra-se aumentada na obesidade, pelo aumento do panículo adiposo, e quando há edema, nos casos @yaasmin.luiza de anasarca. A diminuição da espessura pode ser por perda de tecido adiposo, nos pacientes emagrecidos, ou devida à desidratação. Temperatura: identificar áreas com temperaturas acima ou abaixo do normal. Áreas com maior espessura e aumento da temperatura sugerem abscessos. Continuidade da parede: é avaliada tocando-se a mão por toda a superfície da parede. Deste modo é possível reconhecer diástases ou hérnias. A diástase mais comumente encontrada é a dos músculos abdominais e consiste na separação destes músculos, criando-se, na linha mediana, uma brecha por onde os dedos podem aprofundar-se. A diástase dos retos abdominais é mais frequente acima da cicatriz umbilical. Palpação profunda: tem como objetivo palpar o conteúdo abdominal, procurando visceromegalias ou tumorações. Para que a palpação profunda atinja seu objetivo, é necessário que a musculatura parietal esteja relaxada. Por isso, é aconselhável palpar na fase expiratória. Nessa fase, a pressão intra- abdominal é menor e a musculatura da parede encontra-se mais flácida. Na palpação profunda das vísceras, se faz bimanualmente, com as mãos superpostas. Tenta-se ir um pouco mais fundo do que a palpação superficial, usando a técnica do deslizamento: desliza-se as mãos na superfície abdominal em movimentos de vai-e-vem, pois existem estruturas que não são fixas, mas são móveis. É necessário avaliar fígado, baço, estômago e intestino. Normalmente, as estruturas não são palpáveis. A avaliação dos pontos dolorosos vem por último, aproveitando para avaliar os sinais e evitar a contratura indesejada do abdome. Órgãos não-palpáveis incluem corpo e antro gástrico, duodeno, vesícula biliar, baço, alças jejunais, cólon ascendente, cólon descendente, bexiga, útero, trompa, ovários. Órgãos palpáveis incluem a borda inferior do fígado, piloro, ceco, cólon transverso, cólon sigmoide, polo inferior Rim D (mulher), coluna vertebral. Palpação do fígado: é importante para encontrar a borda inferior do fígado, abaixo da 12a costela direita. Para ter noção da localização do fígado, pode-se percutir a região a procura da macicez hepática. A palpação do fígado pode ser feita por meio das seguintes manobras: Método de Mathieu: o examinador posiciona- se à direita do tórax do paciente com as costas voltadas para o rosto do paciente. A seguir, tenta agarrar com os dedos fletidos das duas mãos (em paralelo, formando uma garra) a borda anterior do fígado durante a inspiração profunda, com se estivesse procurando o fígado abaixo das costelas (no hipocôndrio direito). Antes de chegar a região subcostal, deve-se iniciar a garra desde a região umbilical, para avaliar casos de expansão hepática. Método de Lemos Torres: com a mão esquerda espalmada sobre a região lombar direita (no dorso) do paciente, o examinador tenta evidenciar (com esta mão) o fígado para frente e, com a mão direita espalmada sobre a parede anterior do abdome, tenta palpar a borda hepática anterior, durante a inspiração @yaasmin.luiza profunda, com as falanges distais dos dedos indicador e médio ou em forma de gancho com o polegar e indicador. Localização do limite inferior do fígado: Mão direita aberta e espalmada na fossa ilíaca direita e subindo, por meio de movimentos telegrafados ascendentes, chega ao hipocôndrio direito, procurando a margem anterior do fígado abaixo do rebordo costal. Outra manobra é realizar uma garra, colocando os dedos indicador e polegar, em garra, na região do hipocôndrio direito para tentar palpar o fígado durante a inspiração profunda. Depois de achada a borda inferior do fígado, deve-se verificar a espessura do órgão. O fígado sem patologia pode ou não ser palpável. Se palpável, é macio, tem superfície lisa, borda fina e, usualmente, é pouco doloroso. Contudo, podemos achar os seguintes parâmetros: borda fina ou romba; avaliar a regularidade da superfície; sensibilidade; consistência: elástica ou normal; firme ou aumentada; diminuída; presença de nodulações hepáticas; características da vesícula biliar. Palpação do baço: normalmente, não é um órgão palpável. O baço é palpável quando atinge duas ou três vezes o seu tamanho normal. Esplenomegalia reflete em abaulamento do flanco esquerdo. Para palpá-lo, o médico se posiciona à esquerda (ou a direita) do paciente, e com a mão direita em garra, procura sentir o polo inferior esplênico durante a inspiração profunda, abaixo ou junto ao rebordo costal, esquerdo. O mesmo procedimento anterior é repetido com o paciente em posição de Shuster: em posição intermediária entre o decúbito lateral direito e o dorsal, o paciente estende a perna direita e flexiona a esquerda; e põe o braço esquerdo por traz da cabeça. Isso faz com que a ação da gravidade desloque o baço para diante e para a direita, facilitando a sua palpação. Esplenomegalia – causas: Hipertensão portal, infecção ou parasitose (mononucleose, hepatite viral, febre tifoide, malária, esquistossomose), hematológica (anemia hemolítica, policitemia Vera, leucemia), neoplásica (linfomas sim e não de Hodgkin), metabólica (reticuloendoteliose), colagenose (artrite reumática, lúpus eritematoso), cistos, amiloidose. @yaasmin.luiza Palpação do estômago: avalia-se apenas na região epigástrica, com movimentos telegrafados acima da cicatriz umbilical. Palpação da vesícula biliar: a vesícula biliar em condições normais não é palpável. Entretanto, é possível percebê-la, quando for sede carcinoma ou estiver distendida em consequência de colecistite ou obstrução biliar por carcinoma pancreático. A sensibilidade da vesícula deve ser avaliada por meio do sinal de Murphy no ponto cístico. Palpação do intestino: segue-se a moldura do intestino, da fossa ilíaca direita à fossa ilíaca esquerda a procura de nodulações ou fecalomas. Palpação da bexiga: acima da sínfise púbica. Pesquisa dos sinais nos pontos dolorosos: Sinal de Murphy: o examinador toca o fundo da vesícula no ponto cístico e solicita a inspiração forçada do paciente. O sinal de Murphy é positivo se o paciente reagir com uma contratura de defesa e interrupção da inspiração. Sugere colecistite aguda. Manobra da descompressão súbita e Sinal de Blumberg: comprime-se o ponto de McBurney (ponto apendicular), na fossa ilíaca direita, até o máximo tolerado, descomprimindo subitamente. Esse sinal é positivo quando ocorre um aumento súbito da dor após a descompressão. Sugere, geralmente, apendicite aguda com inflamação de peritônio. Inicialmente, esta manobra foi descrita para a fossa ilíaca direita nos casos de apendicite aguda supurada, no entanto, ela é positiva em todos os casos de irritação peritoneal que qualquer que seja a causa. Sinal de Rowsing: realiza-se a palpação profunda e ascendente, desde o colon descendente (na fossa ilíaca esquerda), seguindo a moldura do intestino grosso, levando o ar, em sentido contrário ao trajeto do bolo fecal, até o apêndice. Este movimento estimula o deslocamento do ar desde a fossa ilíaca esquerda até a região do apêndice.A distensão do apêndice sugere uma apendicite aguda. Manobra de Valsalva: para exame de hérnia. Com o paciente em pé, solicita-o para soprar contra a mão, o que faz com que aumente a pressão abdominal e a hérnia se torna palpável. PERCUSSÃO Para essa parte do exame físico, é importante que o médico esteja com as unhas cortadas e aqueça as mãos. Antes de começar as manobras, é importante perguntar ao paciente se ele está sentindo alguma dor @yaasmin.luiza abdominal, se está com a bexiga cheia e se defecou no dia do exame (ou se estar com vontade de ir ao banheiro). Durante a percussão, especialmente naqueles pacientes que referirem dor, é necessário que o profissional pesquise sinais de desconforto na expressão do paciente. A percussão é usada para fazer a hepatimetria, ou seja, mensuração do tamanho do fígado, percussão do espaço de Traube, a fim de identificar visceromegalia (VCM) e percussão geral para identificar se o som é timpânico (normal) ou maciço, indicando que há massas sólidas anormais na cavidade abdominal. A hepatimetria é feita utilizando os dedos como medida. Começando na região abaixo do umbigo, deve-se percurtir em direção ao fígado até que o som mude de timpânico (abdominal normal) para maciço, indicando a margem inferior do fígado. Após isso, deve-se percurtir da região hemiclavicular direita na altura dos pulmões em direção ao fígado, até o som mude de som claro pulmonar (atimpânico) para maciço, indicando o início do fígado. Com isso, mede-se a distância entre esses dois pontos (início e margem inferior do fígado), considerando que cada dedo tenha 1 cm de largura. Vale pontuar que a percussão normalmente fornece estimativas inferiores à realidade e o fígado pode ser deslocado para baixo pelo diafragma em pacientes com DPOC. A esplenomegalia pode ser identificada através de duas técnicas: percussão da região inferior esquerda da parede torácica anterior (espaço de Traube) e verificação da presença do sinal de percussão esplênica. O espaço de Traube fica entre a área de atimpanismo pulmonar e o rebordo costal abaixo, e ao percurtir esse espaço, deve-se ouvir som timpânico, indicando que não há visceromegalia, ou seja, que o espaço de Traube está livre. Para verificar o sinal de percussão esplênica, deve percurtir o espaço intercostal mais abaixo da linha axilar anterior esquerda, região que costuma ser timpânica. Em seguida, é importante solicitar ao paciente que respire fundo e percutir novamente esta região. Quando o tamanho do baço está normal, o som timpânico à percussão se mantém mesmo com a respiração funda. O baço cresce em direção ao umbigo (sentido anterior, inferior e medial), e muitas vezes substitui o timpanismo do estomago e do cólon pela macicez de órgão, que é sólido (assim como o fígado). Então deve-se percutir nesse sentido (direção do umbigo) para mensurar o tamanho deste órgão, lembrando que isso só é possível quando já há esplenomegalia, pois o baço não deve ser palpado abaixo do rebordo costal esquerdo. Por intermédio da percussão, pode-se identificar a presença de ar livre, líquidos e massas intra-abdominais. O método é digito- digital, assim como se realiza a percussão no exame do aparelho respiratório. A exemplo da palpação, a percussão deve ser sempre iniciada fora da área de maior sensibilidade, estendendo-se a todo o abdome com a mesma intensidade. @yaasmin.luiza Som normal: maciço (baço e fígado), timpanismo (vísceras ocas), submaciço (quando há conteúdo alimentar no intestino). Som de órgão maciço: zona hepática, espaço de Traube ocupado (6ª a 10ª costelas), vísceras sólidas aumentadas, vísceras ocas repletas de líquido, ascite (macicez de declive), gravidez, tumores. Percussão normal: Macicez hepática no hipocôndrio direito; timpanismo (presença de ar na víscera oca) no espaço de Traube (que inclui as regiões epigástrica e hipocôndrio esquerdo); timpanismo nas demais regiões. Em alguns casos, é comum encontrar macicez também nos flancos, além do hipocôndrio direito, compatível com órgão maciço ou víscera oca com conteúdo sólido ou líquido. As massas abdominais sólidas ou líquidas (como na ascite) e os hematomas também se revelam maciços à percussão. Hipertimpanismo: aerofagia com meteorismo; gastrectasia, meteorismo, obstrução intestinal, pneumoperitônio. O timpanismo indica a presença de ar livre na cavidade peritoneal ou no interior de víscera oca ou formação cística. Timpanismo generalizado: como em casos de obstrução Timpanismo localizado: em casos de perfuração, volvo. A presença de líquidos na cavidade peritoneal, em volume superior a 1,5 litros, pode ser detectada pela percussão, que revela macicez, cuja localização é constante (macicez fixa) ou variável, de acordo com a mudança da posição do paciente (macicez móvel). Na macicez móvel, revelada em casos de ascite de médio volume, quando o paciente está em decúbito dorsal, o líquido se acumula nas regiões laterais do abdome e as alças intestinais aproximam-se da parede anterior, revelando timpanismo na região anterior e macicez nos flancos e região lombar. Quando o paciente adota decúbitos laterais, o líquido desloca-se para a região mais baixa, determinando o aparecimento de som maciço, enquanto que na parte oposta obtém-se som timpânico. Portanto, nestes casos, ao mudar o decúbito, as áreas de macicez e de timpanismo se invertem. Macicez fixa: sugere tumores; plastrões. Macicez móvel: sugere a presença de líquidos, sendo uma das maneiras de verificar ascite (juntamente do sinal do Piparote e do semicírculo de Skoda. Paciente em decúbito dorsal: havendo ascite, encontra-se timpanismo no mesogástrio e macicez nos flancos. Paciente em decúbito lateral demonstra inversão dos sons. Esta inversão não ocorre em casos de cistos de ovário. Abordagem semiológica da ascite: a ascite é a acumulação excessiva de fluidos na cavidade do peritônio. Essa condição patológica deve ser avaliada por meio das seguintes manobras: Sinal de macicez móvel: é avaliado por meio da percussão nos flancos direito e esquerdo e mesogástrio com o paciente em decúbito dorsal e depois, em decúbito lateral. Em decúbito dorsal, percute-se macicez nos flancos e timpanismo do @yaasmin.luiza mesogástrio, devido ao depósito de líquido nos flancos. Contudo, em decúbito lateral esquerdo, o timpanismo encontra-se em flanco direito e mesogástrio, mas com macicez no flanco correspondente ao decúbito (por estar repleto de líquido que se concentrou na região). Semicírculos de Skoda: serve para diferenciar uma ascite de pequeno volume de nodulações na região do hipogástrio. Com o paciente em decúbito dorsal, com o leito inclinado em torno de 30o, percute-se a região infra-umbilical de forma radiada, em direção às fossas ilíacas e hipogástrio. Em casos de ascite, observa-se alteração do timpanismo característico da região do mesogástrio e nas fossas ilíacas. Sinal do Piparote: para a palpação da ascite de grau importante. O médico, posicionado do lado direito do paciente, percute o lado direito do abdome com pequenos golpes com a ponta dos dedos (como “petelecos”) enquanto a outra mão (a esquerda), fica posicionada no lado oposto às batidas. Se houver líquidos, a mão esquerda capta os choques das ondas líquidas ocasionadas pelos piparotes. Sinal de Torres-Homem: realiza-se punho- percussão na região da loja hepática. Qualquer sinal de dor, caracteriza a presença de abscesso inflamatório hepático. Sinal de rechaço hepático: serve para avaliar ou encontrar o fígado em pacientes com ascite volumosa. Para isso, realiza-se compressões na região do hipocôndrio direito do paciente. Ao se encontrar o fígado, o médico, ao soltar a compressão, sente o retorno hepático contra a sua mão. Sinal de Giordano: percute-se estesinal por meio de golpes leves na região lombar (dorsal) do paciente sentado. Os golpes serão concentrados na região da loja renal. O desencadeamento de dor por este tipo de percussão (que geralmente faz o paciente retirar o corpo da posição normal), sugere afecções inflamatórias retroperitoniais (refletindo dor renal ou uretérica). Sinal de Jobert: encontro de timpanismo ao nível da linha axilar média sobre a área hepática ou no próprio hipocôndrio direito, indicando a presença de ar livre na cavidade peritoneal (pneumoperitônio), via de regra decorrente de perfuração de víscera. AUSCULTA A ausculta abdominal visa identificar dois principais sinais: ruídos hidroaéreos (RHA) e sopro nas artérias abdominais – aorta, artérias renais e artérias ilíacas. Para isso, é preciso posicionar o estetoscópio em 7 pontos. A ausência de sopros pode ser confirmada quando não se ouve nenhum ruído nos pontos abaixo. Para ouvir os RHA basta posicionar o estetoscópio em áreas difusas do abdome, permanecendo por cerca de 2 minutos – ouvir um ruído já exclui a possibilidade de íleo paralítico e não é necessário ficar os 2 minutos inteiros caso se ouça antes disso. Íleo paralítico é um doença causada por defeitos ou ausência da motilidade intestinal (peristalse). Isso gera inapetência, obstipação grave, vômitos, obstrução intestinal, que causa muito desconforto para o paciente, além de muita flatulência e risco de peritonite @yaasmin.luiza e sepse, visto que o conteúdo intestinal fica paralisado, gerando aumento das microbiota residente. Auscultam-se os quatro quadrantes, inicialmente, de forma superficial e delicada para avaliar os ruídos hidroaéreos. Para avaliar alterações no fluxo aórtico (sopros ou aneurismas), aprofunda-se mais o diafragma do estetoscópio ao longo do trajeto mediano da aorta e de seus ramos. Os ruídos intestinais são produzidos pela interação do peristaltismo com os líquidos e gases. A ausculta normal do abdome revela ruídos hidroaéreos que refletem o deslocamento dos gases misturados ao bolo alimentar ao longo de uma víscera oca. O melhor local para auscultar os ruídos hidroaéreos é na fossa ilíaca esquerda. De um modo geral, a exacerbação do peristaltismo é menos significativa que a redução. As exceções ocorrem na fase final da obstrução intestinal, nas hemorragias digestivas intraluminares e nas gastroenterites agudas não complicadas. As principais alterações a serem pesquisadas durante a ausculta são: Presença de ruídos hidroaéreos: descrever sua tonalidade, intensidade, timbre e frequência (normal entre 5 e 10 por minuto). Burburinhos: som de gases e líquido passando por dobras intestinais. Peristaltismo da luta: obstrução. Sopros: sugerem aneurismas e compressões, arteriais, fístulas arteriovenosas. O sinal de Corvoisier-Terrier é caracterizado por três sinais: icterícia, vesícula palpável e indolor, ausência de irritação peritoneal. Estes três sinais em conjunto indicam neoplasia obstrutiva das vias biliares. A tríade de Charcot é caracterizada por icterícia (baixa intensidade), vesícula dolorosa (palpável ou não) e febre. Indica colangite (inflamação nas vias biliares). @yaasmin.luiza Modelo de descrição de exame físico normal do abdome de um adulto (Inspeção) Abdome plano, simétrico, ausência de lesões, cicatrizes, circulação colateral, peristalse e pulsações visíveis; cicatriz umbilical intrusa. (Ausculta) RHA presentes, ausência de sopros. (Percussão) Predomínio de som timpânico à percussão geral, hepatimetria 9 cm na linha média clavicular (LMC) e 4 cm na linha médio esternal (LME = nível do apêndice xifoide), espaço de Traube livre. (Palpação) Indolor à palpação superficial e profunda, ausência de VCM, Giordano negativo (em alguns casos é importante negar outros sinais). SINAIS E SINTOMAS ABDOMINAIS Sinal de Cullen corresponde à coloração azulada ao redor do umbigo, sugestivo de hemorragia retroperitoneal. Sinal de Grey Turner é referente à equimoses não traumáticas nos flancos, que pode indicar pancreatite hemorrágica, estrangulamento intestinal ou abcessos com extravasamento de sangue. Sinal de Murphy corresponde à dor profunda à palpação da área subcostal direita, que sugere colecistite. Sinal de Blumberg é referente à dor à compressão e principalmente à descompressão súbita da fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney (ponto apendicular), sugestivo de apendicite aguda. Essa manobra também pode identificar peritonite, que também pode ser pesquisada pinçando e puxando uma parte do abdome, e caso o paciente sinta dor quando soltar rapidamente a pinça, é sugestivo de peritonite. Sinal de Rovsing refere-se à dor no quadrante inferior direito quando há compressão do @yaasmin.luiza quadrante inferior esquerdo, e esta manobra é utilizada para identificar apendicite. Sinal do Psoas é positivo quando o indivíduo sente dor ao realizar o movimento de extensão do quadril, sendo um indicativo de apendicite. Sinal do Obturador também é investigado para diagnóstico de apendicite e consiste na elevação da perna direita, flexionando-a até 90º. O sinal é positivo quando o indivíduo sente dor ao realizar esse movimento, visto que o músculo obturador fica próximo ao apêndice cecal. Sinal de Giordano é positivo quando se tem dor à punho percussão das lojas renais, o que sugere pielonefrite.
Compartilhar