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psicologia da educacao ESAB

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Psicologia da Educação
Vila Velha (ES)
2018
Escola Superior Aberta do Brasil
Diretor Geral 
Nildo Ferreira
Coordenador do Curso de Administração EAD
Almir da Cruz Sousa
Coordenador do Curso de Administração Pública EAD
Almir da Cruz Sousa
Coordenador do Curso de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos EAD
Almir da Cruz Sousa
Coordenador do Curso de Pedagogia EAD
Maria da Ressurreição da Silva Coqueiro - Marizinha
Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD
Jadson do Prado Rasalfalski
Coordenador do Curso de Ciências Contábeis EAD
Fabrício Conceição das Neves
Secretário Acadêmico
Aleçandro Moreth
Produção do Material Didático-Pedagógico
Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil
Design Gráfico
Rayron Rickson Cutis Tavares
Felipe Silva Lopes Caliman
Diagramação
Rayron Rickson Cutis Tavares
Felipe Silva Lopes Caliman
Equipe Acadêmica da ESAB
Coordenadores dos Cursos
Docentes dos Cursos
Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.
www.esab.edu.br
Apresentação
Caro estudante,
Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio básico 
de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente, a internet. Em 
2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós-graduação a distância, 
via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado Campus Online.
Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da 
portaria MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi 
autorizada a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial, 
conforme portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010.
Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento, 
sendo reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes.
Em 2013 é aprovada para a oferta dos cursos de: Administração (Bacharelado); 
Pedagogia (Licenciatura) e Sistemas de Informação (Bacharelado), todos na 
modalidade EAD, com avaliação máxima das comissões avaliadoras.
Nós estamos familiarizados com o termo “Psicologia”, não é mesmo? Ela está no nosso 
dia a dia. Podemos, então, iniciar o estudo da Psicologia da Educação relacionando 
os nossos conhecimentos sobre a Psicologia, pois, de fato, foi a partir da história do 
surgimento da Psicologia, de seus conceitos básicos e de suas principais abordagens 
teóricas que se promoveram as bases para o nascimento da Psicologia Educacional, 
fazendo com que exista uma relação entre ambas. 
Ressalto que a Psicologia da Educação estuda o que acontece no ambiente 
educacional: quais suas intervenções e qual a influência dos métodos de ensino e as 
práticas gerais de seu entorno. Estuda, portanto, a dinâmica do ensino, ocupando-se 
especialmente dos problemas vividos nos processos de ensino-aprendizagem. O alvo 
de maior preocupação da Psicologia da Educação é auxiliar as pessoas, as crianças e, 
sobretudo, os escolares com dificuldades, problemas e outras especialidades (como é 
o caso dos denominados superdotados) a equilibrarem e a superarem tais condições 
na aprendizagem. Esse material utilizou como base teórica as obras dos autores Bock, 
Teixeira e Furtado (2009), Cool (1995) e Goulart (2009).
Bom estudo!
Equipe Acadêmica da ESAB
Objetivo
O nosso objetivo é introduzir o estudo das atuais abordagens da Psicologia 
da Educação e suas implicações mediante alguns pressupostos filosóficos, 
epistemológicos e teorias subjacentes.
Competências e habilidades
• Conhecer conceitos básicos de Psicologia da Educação, fundamentais para a 
atuação profissional, refletindo sobre a sua implicação na dinâmica do processo de 
ensino e aprendizagem.
• Entender o desenvolvimento da Psicologia da Educação, interpretando e 
relacionando alguns de seus pressupostos filosóficos e teorias subjacentes com 
as atuais abordagens da educação, permitindo o desenvolvimento de respostas 
inéditas, criativas e eficazes para problemas novos.
• Aplicar os fundamentos do processo de ensino e aprendizagem, levando em 
consideração suas implicações em atos, tendências, fenômenos ou movimentos da 
atualidade.
• Articular o conhecimento de psicólogo da educação com os demais saberes para 
solucionar determinadas situações-problema e posicionar-se diante delas com 
outros profissionais que integram as equipes de trabalho.
Ementa
A disciplina visa oportunizar a compreensão dos fundamentos e dinâmica do 
processo de ensino e aprendizagem a partir das principais abordagens teóricas 
da Psicologia, acentuando a importância desta disciplina no curso de formação 
de educadores. Para tanto, inicia-se com uma introdução ao estudo da Psicologia 
de forma a permitir ao egresso conhecimento de conceitos básicos de Psicologia, 
fundamentais para o estudo e atuação do profissional da área de Educação escolar, 
refletindo sobre a natureza humana nas suas dimensões biopsicossocial.
Sumário
1. Levantamento histórico ..................................................................................................7
2. Introdução ao estudo da Psicologia da Educação ..........................................................12
3. O âmbito da Psicologia da Educação .............................................................................17
4. Primeiras definições da Psicologia da Educação ............................................................21
5. Desenvolvimento de um papel ativo do Psicólogo em Educação 
no processo educacional ...............................................................................................25
6. As principais escolas de pensamento na área de Psicologia ...........................................29
7. Relação entre Psicologia da Educação e Desenvolvimento Infantil ................................36
8. Teorias de Freud sobre a constituição do aparelho psíquico ..........................................41
9. Contribuição da Psicanálise Freudiana à educação ........................................................50
10. Freud e a Psicanálise no contexto educacional ..............................................................55
11. Abordagem da Psicologia Humanista na Psicologia da Educação ..................................62
12. A Psicologia Analítica de Jung e a educação ..................................................................67
13. Novas escolas de pensamento e suas contribuições na Psicologia: 
as vertentes cognitivistas ..............................................................................................72
14. A Psicologia Educacional como uma área de pesquisa ...................................................78
15. A natureza da Psicologia Cognitiva ................................................................................83
16. Aspectos do desenvolvimento humano: físico, cognitivo e social ..................................88
17. Aspecto físico-motor .....................................................................................................94
18. Aspectos cognitivos e suas implicações no desenvolvimento humano .........................99
19. Aspectos socioculturais do desenvolvimento social humano .......................................106
20. O conhecimento social e o desenvolvimento de normas e 
valores entre dois e seis anos ......................................................................................111
21. Abordagens conceituais de desenvolvimento .............................................................116
22. As concepções inatista e apriorista de desenvolvimento humano ...............................122
23. A concepção ambientalista de desenvolvimento humano ...........................................126
24. A concepção interacionista de desenvolvimento humano ...........................................130
25. Relações entre aprendizagem e desenvolvimento ......................................................136
26. Teoria do desenvolvimento humano em Piaget ..........................................................14027. Teoria do desenvolvimento humano em Vygotsky ......................................................145
28. Teoria do desenvolvimento humano em Wallon..........................................................150
29. A teoria humanista de Carl Rogers e suas contribuições para o 
processo de ensino e aprendizagem ............................................................................154
30. Aspectos gerais da Teoria do Desenvolvimento Cognitivo Infantil ...............................158
31. Os princípios psicológicos da brincadeira e sua importância 
no desenvolvimento infantil .......................................................................................164
32. Teorias da Aprendizagem e suas características relevantes .........................................169
33. O cérebro humano e as atividades conscientes ............................................................174
34. Processos de socialização, atitudes, mudanças e motivações ......................................178
35. Desenvolvimento da personalidade sob a ótica da Teoria 
Psicanalítica, Teoria Humanista e Perspectiva Social/Cognitiva ...................................182
36. Recursos para a aprendizagem e a ênfase em atividades conscientes .........................186
37. Inteligência, afetividade e emoção .............................................................................192
38. Breve discussão sobre sexo, gênero, sexualidade e diversidade sexual ........................198
39. Diversidade étnica, identidade e ética no espaço escolar ...........................................203
40. O papel e o valor das interações sociais na escola ........................................................207
41. O papel e o valor da relação entre escola e família ......................................................211
42. Adolescência: características fundamentais, processos centrais 
no desenvolvimento e conexões elementares .............................................................215
43. O desenvolvimento dos relacionamentos sociais e as 
relações interpessoais no contexto escolar ..................................................................221
44. Desafios para a Psicologia da Educação: a interatividade e 
contribuições de outras áreas ......................................................................................225
45. Desenvolvimento atípico .............................................................................................230
46. Além da família: o impacto da cultura mais ampla no 
desenvolvimento social humano .................................................................................235
47. Tópicos atuais para especializações na área de Psicologia da Educação .......................240
48. Conclusões do módulo ................................................................................................244
Glossário ............................................................................................................................250
Referências ........................................................................................................................273
www.esab.edu.br 7
1 Levantamento histórico
Objetivo
Problematizar a constituição do desenvolvimento histórico da 
Psicologia como ciência e a introdução de seu estudo.
Para darmos o clique de partida, serão necessários alguns sinalizadores 
importantes sobre a disciplina que você vai começar a estudar! Convido 
você a acompanhar um pouco do desenvolvimento histórico da 
Psicologia como ciência e a introdução ao estudo de seu objeto. 
Qual a importância de se conhecer a história da Psicologia? Ora, 
percorrer as interrogações feitas sobre a natureza humana, desde 
muitos séculos atrás, não só nos oferece a possibilidade de saber sua 
importância e, a partir do conhecimento de sua história, entender os 
processos históricos que redundaram na formulação de todas as teorias 
psicológicas, mas também termos a oportunidade de identificar o seu 
próprio objeto de estudo e adentrar no objetivo específico da Psicologia 
da Educação, que é o foco central deste material didático. 
Figura 1 – O ser humano sempre refletiu sobre si e sobre a vida.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
www.esab.edu.br 8
O ser humano sempre refletiu sobre si próprio, sobre a vida, o 
nascimento e a morte, a origem do medo e das emoções, o bem e o mal, 
o sono e os sonhos, o amor etc. Um dos temas mais apaixonantes com 
que a humanidade sempre conviveu é o “relacionamento entre a mente 
e o corpo”, assunto que, na filosofia da mente, é denominado dualismo. 
Esse conceito nos indica a suposição de que os fenômenos mentais, 
em alguns aspectos, são algo não físico, imateriais, existindo assim a 
completa separação entre mundo mental e mundo físico. É o mesmo que 
dizer: mente e corpo são duas coisas diferentes. 
Figura 2 – O dualismo cartesiano.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
Comecemos nosso estudo com um resumo das ideias dos considerados 
maiores pensadores que fecundaram as bases da Psicologia até esta 
atingir o status de ciência. Nesse caminho, não vou me ater à organização 
temporal do relato histórico, certo? As coisas que acontecem no mundo 
não são lineares, numa ordem como de 1 a 10. Elas acontecem o tempo 
todo e em todos os lugares! 
www.esab.edu.br 9
A Psicologia não surgiu como uma disciplina separada, até o final de 
1800. Sua primeira história pode ser rastreada ao tempo dos gregos 
antigos, mas suas raízes estão lá no convencimento de que o ser humano 
das épocas primitivas tinha nele um certo espírito, pensamento que 
caracterizava o nó gerador do pensar sobre a noção de alma e corpo. 
Com o passar do tempo, veio a necessidade de se debruçar sobre o estudo 
da alma, considerada então uma substância material sutil, fluida, como a 
fumaça! Vejamos, a seguir, alguns dos mais importantes pensadores que 
tomaram para si essa árdua tarefa do pensar humano. 
• Hipócrates (Grécia, 460-370 a.C.): foi precursor da medicina, 
desenvolveu uma medicina baseada na experiência clínica, 
rompendo com a prática apoiada na magia e na religião. Buscou 
criar uma teoria que relacionasse o tipo físico com a personalidade 
das pessoas – corpo e mente.
• Platão (Grécia, 428-348 a.C.): concebia o corpo como a matéria e 
a alma como o imaterial, o divino. A razão está acima do sensível, 
que só existe a partir do inteligível. Platão pensou no poder do 
espírito sobre a matéria: o ser humano é superior se dotado da razão. 
• Aristóteles (Grécia, 384-322 a.C.): para este pensador, as coisas 
sensíveis são objeto dos sentidos e as coisas inteligíveis são objeto 
do pensamento, da inteligência, da razão. A alma humana é o 
espírito, a racionalidade, a inteligência, o pensamento, e tem a 
atividade fundamental de conhecer.
• Sócrates (Grécia, 469-399 a.C.): possui ideias muito próximas às de 
Platão. Entende corpo e alma separados, mas que interagem. A alma 
é indivisível, dotada de movimento próprio, pensante e conhecedora, 
semelhante ao divino, ao imortal; o corpo é material e se divide em 
partes; é mortal, sensível, em mudança constante, parecendo ao que 
é humano. 
• René Descartes (França, 1596-1650): marcou profundamente a 
vida humana. Introduziu uma versão moderna do pensar humano: 
o dualismo espírito-corpo. Para Descartes, mente e corpo são 
entidades distintas que interagem para formar a experiência humana. 
Mecanicista convicto e defensor do raciocínio calculativo, exclui 
todas as outras forças que não as mecânicas. O corpo, uma porção de 
www.esab.edu.br 10
matéria com a propriedade essencial de ser espacialmente estendida 
é uma máquina, cujas operações são explicadas pelos mesmos 
princípios e leis físicas aplicadas ao mundo inorgânico; o corpo é 
ligado à mente, uma propriedade essencial que pensa. 
• Outros notáveis pensadores que influenciaram a história da 
Psicologia – Thomas Hobbes (Inglaterra, 1588-1679), John Locke 
(Inglaterra, 1632-1704), David Hume (Reino Unido, 1711-1776)e Immanuel Kant (Prússia, 1724-1804): Criticaram a “Psicologia” 
metafísica vigente até então, defendendo que a alma é produto de 
nossa fantasia e a intervenção da experiência nos fornece, a rigor, 
apenas uma ou outra percepção; de forma alguma nos oferece a 
sensação de uma alma, na forma de uma substância especial. Ou 
seja, prevalece a pura razão.
Psicologia vem do grego psykhé: psique, alma, espírito, mente; e de logos: palavra, 
razão ou estudo. A natureza não foi o único objeto das interrogações do homem. Este 
sempre refletiu sobre si próprio, sobre a vida humana. E é destas experiências vividas 
que nasceu a ideia de “alma”. Encarada como “sopro de vida”, como “força interior” que 
dirige e alimenta o corpo, a alma foi objeto das mais diversas reflexões. É importante ter 
essas informações para entender que, desde seus primórdios, o ser humano apresenta 
uma complexidade de comportamentos, emoções e sentimentos, e estudá-lo compete 
também à ciência Psicologia. Dessa forma, mediante o acesso a alguns dados sobre a 
história da Psicologia através dos tempos, melhor se compreende seu desenvolvimento 
até chegar à Psicologia da Educação.
Veja bem, durante séculos, psicologia e filosofia foram indissociáveis! 
Sempre que forem colocadas “psicologia” e “filosofia” com iniciais 
minúsculas, estaremos nos referindo a ambas ainda não como ciências, 
mas como campos do conhecimento. Com a sistematização feita, por 
Platão e Aristóteles, da filosofia, que se tornou metódica, organizada, 
é que a psicologia vai ter alicerces para se constituir numa ciência e 
elaborar seus conceitos, chegando ao seu estatuto científico. 
O conceito “psicologia” somente surge no século XVI meio por 
acaso, ao organizar as obras de Aristóteles, com o filósofo, médico e 
físico alemão Rodolfo Goclenius (1547-1628), mas a composição do 
www.esab.edu.br 11
domínio de saberes desta ciência só se deu na contemporaneidade. No 
século XVIII ocorreu a divisão em psicologia racional e psicologia 
empírica: a primeira tinha seu método baseado na especulação (herança 
da metafísica) e a segunda na experiência, se ocupando dos fatos e 
em estabelecer a mesma relação com o método de estudo das ciências 
naturais, pois, até então, a psicologia estava no âmbito da filosofia. 
Como ciência mesmo, a psicologia só surge nos anos finais do século 
XIX, meados dos anos 1800, com o fisiologista alemão Wilhelm Wundt 
(1832-1920), cujo feito histórico foi a criação, em 1879, do primeiro 
laboratório experimental de Psicologia na Alemanha, destinado à 
investigação experimental de fenômenos da consciência, utilizando os 
mesmos métodos experimentais das ciências naturais, particularmente 
as técnicas utilizadas pelos fisiologistas. Wundt desenvolveu um sistema 
amplo da nova ciência, desde a Psicologia Experimental Fisiológica 
até a Psicologia dos Povos. Sua concepção de psicologia era orientada 
pela Física e, por essa razão, tal como o físico e o químico estudam os 
elementos fundamentais da matéria, ele aspirava encontrar os elementos 
e processos elementares da consciência (experiência imediata), suas 
combinações e relações, a partir dos quais pudesse ter as condições para 
construir a alma como um todo. Tudo como se fosse uma experiência, 
usando o método científico.
Fizemos um rápido estudo sobre a origem e evolução histórica da 
psicologia. Finalmente, posso dizer que a conceituação da Psicologia 
como a ciência que trata do comportamento e dos processos 
mentais é ainda recente. A Psicologia, como tentativa de conhecer o 
comportamento humano, tem sido, através dos tempos, uma atividade 
natural do ser humano, praticada informal e assistematicamente no 
cotidiano das pessoas, nas situações mais curiosas e com vários sentidos. 
Muitas outras questões ainda são debatidas pelos psicólogos de hoje, 
enraizadas em antigas tradições filosóficas. Vamos fazer novas abordagens 
a respeito disso no decorrer das próximas unidades.
www.esab.edu.br 12
2 Introdução ao estudo da Psicologia da Educação
Objetivo
Contextualizar as bases teóricas da Psicologia da Educação em suas 
diferentes correntes e respectivas implicações para a educação.
Vimos, na unidade 1, que a mente, desde os tempos mais remotos, é 
considerada um enigma instigador de relevantes estudos ao longo do 
tempo, principalmente de filósofos e psicólogos. Com o passar dos 
anos, os avanços científicos trouxeram novas explicações e propostas 
para elucidar a natureza da mente, que foi ganhando contornos e 
questionamentos ainda mais desafiadores. Na segunda metade do século 
XIX, com o acesso a experimentos, surgiu a necessidade de estudos mais 
precisos dos fenômenos físicos e de utilizar na prática as leis teóricas 
da ciência. Estreando o método experimental, a Psicologia vai estudar 
todos os atos e as reações observáveis, os sentimentos, as emoções, as 
atitudes, as representações mentais, as fantasias, a personalidade, a 
memória, a inteligência, a comunicação interpessoal, o desenvolvimento, 
o comportamento sexual, a agressividade, o comportamento em grupo, os 
processos psicoterapêuticos, o sono e o sonho, o prazer, a dor, entre outros. 
Tendo em vista que sempre foi interesse de filósofos, políticos, 
educadores e psicólogos pela educação, entre outros, assim, a Psicologia 
estreitou também sua relação com a educação como as demais ciências 
humanas da época. Mas tínhamos, até então, uma psicologia científica. 
A história da origem e da evolução da Psicologia da Educação confunde-
se por isso mesmo com a história da própria Psicologia científica de um 
modo ou e de outro com a evolução do pensamento educativo. 
Até o final do século XIX, as relações entre Psicologia e Educação 
eram mediadas pela Filosofia (e a Psicologia); não se falava de uma 
Psicologia da Educação, pelo menos até os idos de 1890. No final 
desse ano já se abrem várias perspectivas para essa ramificação e para 
as atuações profissionais. Nesse terreno fértil nasce a Psicologia da 
www.esab.edu.br 13
Educação, área que vai tratar dos estudos e das pesquisas que objetivam 
descrever os processos psicológicos implícitos na educação. A interação 
Psicologia-Educação surgiu da necessidade de avaliar e explicar aspectos 
relevantes do processo de aprendizagem e subsidiar o planejamento e 
desenvolvimento de estratégias e ações pedagógicas, no início do século 
XX, com as primeiras publicações e a fundação de institutos de pesquisa, 
que invocavam uma área específica de conhecimento psicológico para 
o tratamento e solução de problemas educacionais. Assim surgiu a 
Psicologia da Educação (COLL; MARCHESI; PALACIOS, 1987), 
assentada em três eixos: 
• teorias da aprendizagem; 
• psicologia da criança; e 
• medidas das diferenças individuais. 
Mas o rumo a ser dado, considerando-se a educação uma prática 
tão complexa, responsável pela formação de gerações, fez com que a 
Psicologia, em particular, a Psicologia da Educação, descesse de um 
pedestal em que era considerada, no dizer de Coll, Marchesi e Palacios 
(1995, p. 19), “[...] a rainha das ciências da educação” até o nível de uma 
disciplina que apenas buscasse regularizar as questões educacionais, para 
alguns psicólogos, psicologizar a educação. 
No campo da Psicologia da Educação, duas questões impactaram 
inicialmente: 
• como pensar separadamente as teorias do desenvolvimento e da 
pedagogia? 
• como os dois discursos, psicológico e pedagógico, poderiam se 
constituir mutuamente? 
Conhecer então as posições filosóficas envolvidas na evolução da 
Psicologia da Educação e suas relações com as abordagens atuais, sem 
perder de vista as implicações na educação, auxiliam na compreensão 
dessas questões e possibilitam competências de base também para 
identificar e avaliar conflitos contemporâneos. Analisemos agora algumas 
dessas posições, fundamentadas nos autores indicados como base desta 
disciplina.
www.esab.edu.br 14
a) Naturalismo
Enfatiza que a hereditariedade física e psicológica (natural) determina 
o comportamentode maneira similar ao que ocorre com os animais, 
motivo das inúmeras comparações entre humanos e animais. A vida 
interior é movida pelo instinto. O psicólogo naturalista estuda as 
atividades das crianças, fazendo observações sistemáticas sobre como 
elas se comportam espontaneamente no seu meio habitual. Quanto à 
educação, o professor é visto como um facilitador, um guia dos alunos. O 
objetivo da educação é educar crianças respeitando seu processo natural. 
O currículo escolar deve abranger atividades em contato com a natureza 
para desenvolver os sentidos e a curiosidade. 
Figura 3 – Visão naturalista.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
b) Realismo
Tentativa de trazer a objetividade da ciência ao psiquismo, seguindo 
determinadas leis da realidade física. No realismo são considerados 
processos psicológicos básicos:
• a memória; 
• a atenção; 
• a aprendizagem; e 
• a emoção. 
Educar é “transmitir” conhecimento. A psicologia realista enfatiza 
a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento 
humano. O papel do professor é proporcionar experiências necessárias 
www.esab.edu.br 15
para desenvolver a capacidade dos alunos, transmitir conhecimentos 
e “prová-los”, organizar e apresentar o conteúdo de forma sistemática 
dentro de uma disciplina e demonstrar critérios na tomada de 
decisões. O currículo escolar deve enfatizar o mundo físico (ciências e 
matemática), incluindo, além do conhecimento, habilidades e atitudes 
para que os alunos demonstrem a capacidade de pensar criticamente e 
cientificamente por meio da observação e experimentação. Os métodos 
de ensino se concentram no domínio de fatos e habilidades básicas por 
meio de demonstração e recitação. 
c) Idealismo
O objetivo da educação é descobrir e desenvolver as habilidades de cada 
indivíduo, a fim de melhor servir a sociedade. Como seres espirituais, 
os alunos devem alcançar a perfeição moral, que é o objetivo final da 
educação. O papel do professor é se tornar um modelo de caráter a ser 
seguido, devendo se esforçar para “transmitir” motivação ao aluno. A 
ênfase curricular está nos assuntos da mente, destacando-se a literatura, 
história, filosofia e religião. Intuição, introspecção, insight e toda a parte 
lógica são usados para trazer à consciência as formas ou os conceitos que 
estão latentes na mente.
d) Pragmatismo (ou experimentalismo)
Busca as consequências práticas do pensar. Nessa abordagem, somente 
as coisas que são vivenciadas ou observadas são reais. A escola deve 
desenvolver ativamente o pensamento crítico no aprendiz, que não pode 
ser um ser passivo no processo de educação e deve aprender a aprender. 
Essa instituição deve funcionar como um laboratório e o seu currículo 
preparar as crianças para a vida e os seus problemas, enriquecidas de 
conhecimento, habilidades, destrezas e valores que permitam reconstruir 
a existência. A rigidez deve ser evitada nas exigências escolares, e o 
método experimental deve ser flexível, exploratório, tolerante com o 
novo, com a curiosidade. O papel do professor durante os primeiros anos 
deve ser dar ênfase à natureza psicológica e sociológica. 
www.esab.edu.br 16
e) Existencialismo
O ser humano é aquilo que tenta ser pelas escolhas que faz. O mundo 
físico não tem nenhum significado fora da existência humana. 
Educar é transformar o indivíduo num ser autêntico. Importa mais o 
desenvolvimento da capacidade afetiva do que o homem pensativo. 
A pergunta do existencialismo é: quem sou eu e o que devo fazer? O 
assunto da sala de aula deve ser uma questão de escolha pessoal. As 
respostas reais vêm de dentro do aluno e não da autoridade externa. Para 
isso, os alunos devem ser envolvidos em experiências de aprendizagem 
genuínas e os educadores devem se opor a pensar nos alunos como 
objetos a serem medidos, monitorados ou padronizados; ao contrário, 
devem iniciar o ensino a partir da vivência do estudante e não a partir do 
conteúdo curricular. 
Ressaltamos que essas importantes posições filosóficas estão na base do 
estudo da Psicologia da Educação, possibilitando o aparecimento de uma 
série de correntes e escolas de pensamentos que iremos estudar mais à 
frente. 
www.esab.edu.br 17
3 O âmbito da Psicologia da Educação
Objetivo
Definir os termos para situar a Psicologia da Educação em relação 
a outras disciplinas de Psicologia e de Ciências da Educação, 
esclarecendo o seu objeto de estudo, objetivos e domínio de 
intervenção.
Para você se situar melhor quanto ao trabalho da Psicologia da Educação, 
vamos fazer algumas considerações sobre como esse ramo da psicologia 
foi se afirmando até compor seu estatuto teórico e delimitar seu objeto de 
estudo, seus objetivos e domínio de intervenção. 
Vimos que no século XIX a Psicologia começou a se distanciar e a ganhar 
autonomia em relação à Filosofia. Ora, o mesmo vai ocorrer com a teoria 
educativa, que passou a buscar uma fundamentação científica para si 
mesma. No caso da Psicologia da Educação, comumente relacionada 
a outros nomes, tais como Psicologia Educacional, Psicologia Escolar, 
Psicologia da Aprendizagem, Psicologia Pedagógica, e outros mais, 
aconteceu uma dificuldade na imprecisão em saber quais seus objetos 
de estudo, objetivos e domínio de intervenção. Vale dizer que tantas 
denominações não se trata apenas de uma semelhança de termos, mas são 
possibilidades que se sobrepõem, tendo cada uma dessas ramificações da 
psicologia suas próprias definições. Vamos entender isso?
3.1 Conceituação 
Até quase a década de 1950, a Psicologia da Educação era um ramo 
especial que se apresentava como a área de aplicação da Psicologia na 
Educação. Enfatizava o interesse por natureza, condições, resultados, 
avaliação e retenção da aprendizagem escolar, obstinada na perseguição 
de resultados, de meios, mergulhada numa visão bastante instrumental. 
Não era ainda uma disciplina autônoma, com sua própria teoria e 
metodologia. 
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Durante essa mesma década, ocorreu uma mudança nesse cenário. 
Começou-se a duvidar da aplicabilidade educativa das grandes teorias 
da aprendizagem elaboradas durante a primeira metade do século XX. 
Prenunciavam-se crises sucessivas quando os psicólogos começaram a 
considerar que o comportamento do ser humano se desenvolve não 
apenas no âmbito do biológico, mas também no complexo contexto 
do ambiente social. Surge ainda certo desconforto perante a falta de 
independência entre a Psicologia e a Pedagogia, como se suas teorias 
fossem as mesmas. Fica também evidente que a Psicologia por si só não 
poderia fornecer diretamente as conclusões pedagógicas e vice-versa. 
Surgiram então novas disciplinas educativas tão importantes à educação 
quanto a Psicologia da Educação, e esta precisaria ceder espaço a outras 
áreas que buscariam examinar de outros modos os objetivos e as tarefas 
da educação, bem como a relação desta com a Psicologia, e ainda as 
condições para que os objetivos e as tarefas da educação pudessem 
realizar-se. Em decorrência disso, na década de 1970, a Psicologia da 
Educação assume o seu caráter multidisciplinar, o qual conserva até hoje, 
deixando de ser simplesmente considerada como a Psicologia aplicada à 
Educação.
Atualmente, já é possível delinear uma conceituação para a Psicologia 
da Educação. Vemos nela uma distinção, ainda que tênue, do âmbito da 
denominada Psicologia Educacional, que nos parece mais preocupada 
com a relação processo educacional - processos de aprendizagem, seu 
alvo central de interesse. Segundo Coll, Marchesi e Palacios (1995), é 
ocupação da Psicologia da Educação estudar os processos de mudança 
que se produzem nas pessoas, resultantes de seu envolvimento em 
atividades educacionais; mas esse mesmo autor alerta para o fato de 
que essa afirmação sucinta requer algumas considerações adicionais 
que ajudem a compreender e a valorizar melhor seu alcance e suas 
implicações. 
Se ficou clara para você esta abordagem que foi feita, será bem mais fácil 
discernir o objeto de estudo da Psicologiada Educação e seu domínio 
de intervenção. Vamos ver? 
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3.2 Objeto de estudo
Foi o psicólogo americano John Broadus Watson (1878-1958) o 
fundador da corrente científica designada por Behaviorismo (behaviour, 
em inglês, significando também conduta, comportamento), que 
promoveu a emancipação definitiva da Psicologia em relação à Filosofia, 
colocando a Psicologia em seu próprio lugar. No sentido de alcançar a 
objetividade (atributo próprio das ciências) para a Psicologia, Watson 
propôs como seu objeto de estudo o comportamento, definido por meio 
de respostas e estímulos – e só o comportamento! Entenda por estímulo 
tudo o que vem de fora, do ambiente, que provoca um excitamento, uma 
reação, uma resposta! 
Assim é que, genericamente, a Psicologia como disciplina científica é 
definida como a ciência que estuda os comportamentos e os processos 
mentais, entendendo-se o comportamento como algo que fazemos, como 
uma ação que podemos observar. Decorre daí que os processos mentais 
serão vistos como experiências internas e subjetivas que deduzimos a 
partir do comportamento, como as sensações, as percepções, os sonhos, 
as lembranças, os pensamentos, as crenças etc. Desse modo, essas 
experiências constituirão objetos de estudo da Psicologia, conferindo a 
ela o estatuto de ciência e possibilitando o aparecimento de uma série de 
outras correntes que abordaremos na unidade 6, como o Estruturalismo, 
o Behaviorismo o Gestaltismo e outras mais. 
Mas e daí? Qual é mesmo o objeto de estudo específico da Psicologia 
da Educação? Estarão sua conceituação e seu objeto de estudo ainda 
sustentados na contribuição de Watson, de cunho essencialmente 
comportamentalista?
Pense comigo: se a Psicologia da Educação representa um ramo da 
Psicologia e tem dela as características necessárias para atuar como 
uma ciência, uma psicologia da educação, é interessante saber que sua 
concepção avançou no sentido de tentar se desvincular das fortes “garras” 
behavioristas, como aconteceu com a própria Psicologia, a ponto de 
podermos hoje dizer que este campo tem por objeto de estudo todos 
os aspectos das situações da educação que estão sob a ótica psicológica, 
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a exemplo da forma como os alunos aprendem e se desenvolvem e as 
condições mediante as quais o fazem, levando em conta, nessa atuação, os 
diferentes fatores que determinam a aprendizagem, o desenvolvimento e 
os modos possíveis de trabalhar com esses fatores, e até mesmo mudá-los.
3.3 Domínio de intervenção e objetivo
O domínio da Psicologia da Educação é, assim, constituído pela análise 
psicológica de todas as facetas da realidade educativa e das possíveis 
intervenções sofridas por ela, e não apenas pela aplicação da psicologia 
à educação, como era entendido no princípio. O maior objetivo da 
Psicologia da Educação é constatar, compreender e explicar o que se passa 
no centro das relações existentes a partir das situações educacionais. 
Também cabe a esta disciplina contribuir para o desenvolvimento de 
uma teoria dos processos educacionais (seu desempenho teórico), bem 
como desenvolver modelos e programas de intervenção psico-educativa 
(seu nível técnico-tecnológico) e encaminhar a prática educativa coerente 
com o referencial teórico (seu ponto de vista prático).
Feitas essas reflexões e ponderações, é possível reconhecer que tanto 
psicólogos quanto pedagogos podem possuir tal especialização 
profissional, uma vez que a Psicologia da Educação não mais se resume 
a um simples campo de emprego da Psicologia, devendo, ao contrário, 
atender simultaneamente ao trabalho de estreitamento de vínculos entre 
os processos psicológicos e as características das situações educativas, 
sendo a Psicologia da Educação um dos componentes específicos das 
ciências da Educação, tal como a Sociologia da Educação ou a Didática. 
Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de 
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discussões. Lá você poderá interagir com seus 
colegas e com seu tutor de forma a ampliar, 
por meio da interação, a construção do seu 
conhecimento. Vamos lá?
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4 Primeiras definições da Psicologia da Educação
Objetivo
Considerar a natureza das primeiras definições da Psicologia 
da Educação, por serem explicativas da necessidade de seu 
desenvolvimento.
Já vimos antes, nas unidades 2 e 3, que a Psicologia da Educação é 
claramente identificável como uma disciplina de caráter científico, com 
seus saberes teóricos e práticos, relacionando-se a outros ramos e a outras 
especialidades da Psicologia e das ciências da educação, mas sendo, ao 
mesmo tempo, distinta delas. Essas características têm sua origem na 
compreensão crescente de que a educação e o ensino podem aperfeiçoar-
se e avançar sensivelmente com a utilização adequada dos conhecimentos 
psicológicos. 
Essa evolução foi objeto de múltiplas interpretações, abrangendo 
desde as primeiras definições da Psicologia da Educação, calcadas 
no behaviorismo, que prioriza as questões ligadas ao estudo do 
comportamento e à relação estímulo-resposta, até as definições mais 
recentes, como a conceituação que expusemos na unidade anterior. 
Chega-se ao reconhecimento da Psicologia da Educação como área, 
ramo ou especialidade da Psicologia, preocupada em estudar a relação 
entre os processos educacional e de aprendizagem e todos os fenômenos 
implicados, ocupando-se dos processos de mudança que se produzem nas 
pessoas, resultantes de seu envolvimento em atividades educacionais e, 
mais recentemente, além delas (família, outras instituições etc.). 
Percorrendo historicamente o caminho trilhado pela Psicologia da 
Educação, nos é mostrado com mais clareza que essas diferentes 
interpretações e definições marcaram e distinguiram momentos da 
evolução ao longo do século XX, contribuindo de forma bastante 
decisiva para sua configuração atual. Ressaltando os nomes de John 
Locke (1632-1704), William James (1842 -1910), Alfred Binet (1857-
www.esab.edu.br 22
1911), John Dewey (1859 -1952), Jean Piaget (1896-1980) e Burrhus 
Frederic Skinner (1904-1990) como fi guras importantes na história da 
Psicologia Educacional e bases para as suas definições, indico alguns 
nomes e suas concepções sobre a Psicologia da Educação, com base em 
Coll, Marchesi e Palacios (1995).
a. Edward Thorndike (1874-1949): a Psicologia da Educação tem 
como finalidade oferecer o conhecimento da natureza humana aos 
estudiosos da teoria da Educação.
b. Charles Hubbard Judd (1873-1946): a Psicologia da Educação 
tem como fim tornar os professores cientes do necessário estudo do 
desenvolvimento mental com bases científicas. 
c. John D. Mayer (1846-1923): caberia à Psicologia da Educação 
relacionar a Psicologia com a responsabilidade de estudar como as 
pessoas aprendem e se desenvolvem, e a Educação, consistindo em 
essência a ajudar as pessoas a aprender e a desenvolver-se.
d. Allport W. Gordon (1897-1967): a Psicologia da Educação é a 
aplicação dos métodos e dos fatos conhecidos da psicologia às 
questões que surgem em pedagogia.
e. David Paul Ausubel (1918-2008): a Psicologia da Educação é 
certamente uma disciplina aplicada, mas não é uma Psicologia 
(Geral) aplicada a problemas de educação; as teorias da Psicologia 
da Educação são tão básicas como as teorias existentes na Psicologia 
Geral, mas são formuladas em um alcance de menor abrangência 
e têm relevância mais direta e mais aplicabilidade em relação aos 
problemas práticos em seus aspectos particulares.
f. Cesar Coll: (1950-): a Psicologia da Educação se ocupa de estudar 
os processos de mudança produzidos nas pessoas, em consequência 
de sua participação em atividades educacionais. 
g. James, Dewey, Stanley Hall (1844-1924), Édouard Claparède 
(1873-1940), Binet, Charles Hubbard Judd (1873-1946), entre 
outros pensadores, concebiam a Psicologia da Educação como um 
resultado proveniente da tendência de dois âmbitos de discurso 
e tipos de problemáticas: 1) a necessidade de fixara identificação 
da ainda principiante Psicologia da Educação com o estudo do 
www.esab.edu.br 23
desenvolvimento, da aprendizagem e das diferenças individuais, 
reconhecidamente em bases científicas; 2) a vigência na época do 
reformismo social consolidado nos argumentos de preocupação 
com o bem-estar humano e com os campos de ação da política, da 
economia, da religião e da filosofia.
Essas definições – e teriam muitas outras – correspondentes a diferentes 
formas de pensar também expressam momentos históricos que registram 
diferentes concepções, reações e posturas adotadas diante da Psicologia 
da Educação, as quais culminaram em uma gama de visões, muitas vezes 
contrapostas, como dizem Coll, Marchesi e Palacios (1995). Ainda, 
segundo estes autores (1995, p. 22), é válido assinalar que: 
Embora cada uma dessas oposições tenha sua própria história e matizes singulares, 
todas contribuem, em maior ou menor medida, conforme os casos, para perfilar as 
diferentes concepções da psicologia da educação, de certo modo acabam confluindo 
no que constitui o ponto crucial em torno do qual tal diferença se concretiza e mostra 
seu verdadeiro alcance e sua significação (Coll, 1988a; 1990a; 1998a; 1998b): a 
importância relativa atribuída aos componentes psicológicos no esforço para explicar 
e compreender os fenômenos educacionais.
A Psicologia da Educação, que surgiu ora vista como um mero campo de 
aplicação da psicologia e ora como disciplina-ponte de natureza aplicada, 
situando-se no meio do caminho entre a psicologia e a educação 
(COLL; MARCHESI; PALACIOS), segue até seu no panorama atual, 
envolvendo o estudo de como as pessoas aprendem, incluindo temas 
como os resultados apresentados por alunos, seus processos de instrução 
e de aprendizagem, as diferenças individuais na aprendizagem, o trabalho 
com alunos talentosos e com dificuldades de aprendizagem. Este ramo 
da psicologia não ficou restrito apenas aos processos de aprendizagem da 
infância e adolescência, mas inclui ainda os processos sociais, emocionais 
e cognitivos que estão envolvidos na aprendizagem ao longo da vida 
inteira. O campo da psicologia educacional incorpora uma série de 
outras disciplinas, como a psicologia do desenvolvimento, a psicologia 
comportamental e a psicologia cognitiva.
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Importa dizer que a Psicologia e a Psicologia da Educação foram 
cada vez mais tentando se distanciar de suas raízes behavioristas, o 
que ainda é muito frequente na psicologia norte-americana, ainda 
bastante impregnada dessa tendência. Foi com a escola de pensamento 
cognitivista, que surgiu mais tarde, que essas áreas alçaram voo em 
direção a outros horizontes, mais para fora dos domínios da escola de 
pensamento comportamentalista, sobretudo da visão mecanicista.
Agora que avançamos um pouco mais neste assunto, podemos seguir em 
frente. Na próxima unidade estudaremos melhor o papel do psicólogo da 
educação. 
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5
Desenvolvimento de um papel 
ativo do Psicólogo em Educação no 
processo educacional
Objetivo
Identificar em que consiste o trabalho do psicólogo educacional para 
definir sua identidade como profissional, encontrando um sentido 
cada vez mais significativo para a melhor compreensão da sua 
atuação.
Durante as três primeiras décadas do século XX, a psicologia aplicada 
à educação teve enorme desenvolvimento, como vimos nas últimas 
unidades. Exemplo disso é que nos Estados Unidos se manifestou a 
necessidade de um novo profissional, diferenciado, bem mais capacitado 
teoricamente para atuar como intermediário entre a Psicologia e a 
Educação. De outro modo, a Psicologia como ciência passa a abranger 
e a resolver mais e mais tarefas vinculadas à psicologia pedagógica por 
meio da experiência, assim como entrelaça cada vez mais suas raízes com 
as questões psicológicas envolvidas no ensino e na aprendizagem. Em 
virtude disso, três áreas muito significativas se destacaram e passaram a 
exigir mais atenção dos psicólogos da educação: 
a. as pesquisas experimentais da aprendizagem; 
b. o estudo e a dimensão das diferenças individuais; e 
c. a psicologia da criança. 
Psicologia e Educação, juntas, constituem um vasto campo de ação. 
Nesse contexto, situa-se a importância do psicólogo da educação, um 
profissional que passará a atuar na escola, na universidade, na sala de 
aula, contribuindo na formação de crianças, jovens e adultos, cada vez 
mais envolvidos com as questões pertinentes às relações entre as teorias 
psicológicas e as necessidades educativas. O psicólogo da educação atuará 
também como formador de professores nas licenciaturas, em formação 
de psicólogos, em capacitações e qualificações afins à Psicologia da 
Educação, na supervisão de estágios etc. 
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Enfim, os psicólogos da educação vão estar nas instituições educacionais 
escolares, espaços de atividade profissional no qual confluem especialistas 
diversos como psicólogos, pedagogos, assistentes sociais etc., e que 
incorporam aportes de diferentes disciplinas, como a Didática, a 
Psicologia da Educação, a Psicologia Clínica Infantil, a Psicologia Social 
etc. Esses profissionais estarão ainda nos movimentos sociais, em todos 
os espaços educativos não formais, em todos os lugares onde se faz 
necessária a inserção de atividades de pesquisa e de elaboração teórica da 
Psicologia da Educação no esforço de inovar e de aperfeiçoar as práticas, 
pois o maior interesse do psicólogo da educação é a forma como os 
alunos aprendem e se desenvolvem. 
Assim é que, muitas vezes, ao atuarem trabalhando diretamente com 
alunos, pais, professores e gestores, eles aprendem e aprimoram os 
resultados esperados. A partir do aprendizado dos estudantes, os 
psicólogos da educação terão como papel: conhecer os processos 
educativos com o objetivo de contribuir para a elaboração de uma 
teoria explicativa desses processos; trabalhar na dimensão projetiva 
ou tecnológica, estudando os processos educativos com o objetivo de 
elaborar modelos e programas de intervenção voltados para a prática 
educativa; atuar na dimensão prática ou aplicada, estudando os processos 
educativos com o objetivo de colaborar para a construção de um 
desempenho educativo coerente com as propostas teóricas formuladas.
Na escola, o papel do psicólogo da educação necessita ficar mais específico em relação 
ao do psicólogo em geral, mas uma coisa é certa: esse desempenho precisa ser 
diferenciado do modelo clínico encontrado nos consultórios, uma vez que na escola 
não é permitido fazer terapia, nem teria sentido; se assim o fosse, todos os objetivos do 
psicólogo da educação perderiam o seu foco. 
Em síntese, como buscam nos esclarecer a respeito Coll, Marchesi 
e Palacios (1995), os psicólogos da educação deixaram de se ver 
como cientistas e acadêmicos comprometidos exclusivamente com o 
desenvolvimento de sua disciplina, isolados no seu reduto, e começam a 
perceberem-se também como cientistas sociais com a responsabilidade 
www.esab.edu.br 27
de colaborar na busca de soluções para os problemas educacionais que se 
formulam na prática, aliando-se constantemente aos conhecimentos de 
outras áreas que se fizerem necessários.
Concluímos esta unidade. Espero que você tenha percebido quão 
fundamental é a atuação do psicólogo da educação para a contribuição 
no desenvolvimento de recursos da personalidade das crianças e de sua 
aprendizagem, visando à formação de indivíduos autônomos, pensantes, 
solidários e mais senhores de seus atos. 
A presença do psicólogo da educação no dia a dia da escola pode criar 
espaços de diálogo e reflexão, a fim de contribuir para a construção 
de uma escola que atenda de uma forma mais efetiva, dinâmica e 
responsável às exigências da educação nestes novos tempos tão cheios 
de desafios ao educador, aos pais, aos administradores, às crianças e aos 
jovens. 
Na próxima unidade, estudaremos as principais escolas de pensamento 
da Psicologia. É relevante conectar o estudo que fizemos com o 
próximoque faremos por adiantarem novas possibilidades à construção 
do papel do psicólogo da educação. Este profissional, que desponta 
de uma especialização ainda recente, precisa ampliar e aprofundar 
constantemente suas referências teóricas e metodológicas para que 
compreenda as relações de extrema complexidade e contradição que 
envolvem o cotidiano da escola, pleno de tensões de todo tipo, a 
poderem intervir de forma mais competente e colaborativa junto a outros 
profissionais com os quais atuar.
www.esab.edu.br 28
Figura 4 – Carl Gustav Jung.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma 
alma humana, seja apenas outra alma humana” – Carl Jung (1875-1961).
Estudo complementar
Nesta unidade, estudamos a necessidade do 
desenvolvimento de um papel ativo do 
psicólogo em educação para bem atuar nessa 
área. Sobre essa abordagem, sugiro a leitura 
do texto “Relações entre a Educação e a 
Psicologia da Educação no Brasil”, clicando 
aqui. Boa Leitura.
http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/10521/psicologia-da-educacao
https://revistas.ufpi.br/index.php/epeduc/article/view/10756/6200
www.esab.edu.br 29
6 As principais escolas de pensamento na área de Psicologia
Objetivo
Analisar a importância da influência das diferentes escolas de 
pensamento da Psicologia, em seu estatuto epistemológico, 
fundamentais à delimitação de sua metodologia específica de 
investigação e bases para o advento da própria Psicologia da 
Educação.
Vamos ver agora algumas das principais escolas de pensamentos que 
influenciaram e ainda influenciam a Psicologia da Educação: estruturalismo, 
funcionalismo, associacionismo, gestaltismo ou psicologia da forma, 
psicanálise e behaviorismo ou comportamentalismo. Comentaremos de 
forma sintética seus métodos próprios, suas limitações e seus avanços. 
6.1 Estruturalismo 
Surgiu com o inglês Edward Bradford Titchener (1867-1927), que foi 
discípulo de Wundt. 
• Objeto de estudo: experiência consciente (vivências, observação): 
tudo é melhor percebido pela pessoa que tem a experiência, a 
vivência. 
• Método: observação, introspecção (autoanálise) e uso da 
experimentação; envolve a observação, experimentação e medição; 
a questão é investigar “o quê”, o “como” e o “por que” das coisas 
para solucionar os problemas que aparecerem mediante conflitos 
(discussões para solucionar um problema).
• Avanços: buscou a multidisciplinaridade; enfatizou a importância da 
comunicação e da auto-observação.
• Limites: deu ênfase ao dualismo e ao método baseado na 
introspecção.
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6.2 Funcionalismo
William James foi um de seus pioneiros, considerado ainda hoje por 
muitos como o maior psicólogo americano.
• Objeto de estudo: a “utilidade” dos processos mentais para o 
organismo nas suas constantes tentativas de se adaptar ao meio 
(função do comportamento e função adaptativa da consciência, 
considerada como instrumento de adequação ao ambiente).
• Método: combinação do método introspectivo com outras técnicas 
de obtenção de dados, como a pesquisa fisiológica, os testes mentais, 
questionários e descrições objetivas do comportamento.
• Avanços: ênfase na aplicação dos métodos e das descobertas da 
Psicologia a problemas do mundo real; transferência da ênfase dada 
à estrutura para a função; uma das consequências deste aspecto foi 
a pesquisa sobre o comportamento animal, que não fazia parte da 
abordagem estruturalista e que veio a ser um elemento fundamental 
da Psicologia.
• Limites: ambiente como um dos fatores mais importantes no 
desenvolvimento; ênfase ao caráter utilitário e funcional da 
consciência e do comportamento como meros instrumentos 
destinados a ajustar a ação, ou seja: consciência é um instrumento 
destinado à resolução de problemas.
6.3 Associacionismo
O principal representante é Thorndike, cujas pesquisas prévias 
sobre o reflexo condicionado contribuíram para tornar a psicologia 
objetiva. Outro nome, Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), teve uma 
responsabilidade primordial na mudança: estudar a associação em 
termos de conexões entre “estímulo-resposta”, e não de “ideias”. O termo 
associacionismo originou-se da concepção de que a aprendizagem se 
dá por um processo de associação das ideias, das mais simples às mais 
complexas. 
www.esab.edu.br 31
• Objeto de estudo: o caráter utilitário do conhecimento, ou seja, de 
sempre servir para alguma coisa. 
• Avanços: formulação de uma primeira teoria de aprendizagem 
na Psicologia; desenvolvimento da explicação mais completa dos 
fenômenos psicológicos.
• Método: ênfase à introspecção, na forma de observação interna, mas 
de um modo controlado. Observadores treinados deveriam descrever 
no laboratório as suas próprias experiências resultantes de uma 
situação experimental definida. Os dados eram depois relacionados e 
interpretados por uma equipe de psicólogos.
• Limites: a produção de conhecimento pautada numa visão utilitária, 
de serventia do conhecimento; é pela lei de causa-efeito ou do 
estímulo-resposta que o organismo vai associando situações com 
outras semelhantes, o que é de grande utilidade para a Psicologia 
Comportamentalista. Exemplo: todo o comportamento de um 
ratinho tende a se repetir se nós o recompensarmos (causa) assim 
que ele o emitir. Por outro lado, tende a não acontecer se ele for 
castigado (efeito) após sua ocorrência. 
6.4 Gestaltismo, ou Psicologia da Forma
A psicologia da Gestalt foi uma escola de pensamento que olhou para 
a mente e o comportamento humano como um todo em vez de tentar 
quebrá-lo em partes menores. Ernst Mach (1838-1916) e Christian von 
Ehrenfels (1859-1932) podem ser considerados com os mais diretos 
antecessores da psicologia da Gestalt: o processo de “dar forma”, de 
“configurar” o que é colocado diante dos olhos. 
• Objeto de estudo: os processos psicológicos envolvidos na sensação 
e percepção do movimento; o aprendizado; o pensamento e a 
solução de problemas.
• Método: fenomenológico.
• Avanços: foi além da ênfase à percepção; expandiu suas teorias 
a várias áreas de conhecimento, revolucionando a psicologia e 
www.esab.edu.br 32
influenciando diretamente muitos pensadores; impactou as áreas da 
percepção e da aprendizagem e motivou o interesse pela experiência 
consciente.
• Limites: não enfatiza a sequência estímulo-resposta, mas, em 
compensação, o faz com o contexto ou campo no qual o estímulo 
ocorre e o insight tem origem, quando a relação entre o estímulo 
(um brinquedo) e o campo (ambiente) é percebida pelo aprendiz; os 
gestaltistas não admitem a existência de um espírito, da alma; para 
eles, tudo se reduz à matéria bruta.
6.5 Psicanálise
Sigmund Freud (1856-1939), considerado o precursor do movimento 
psicanalítico, trabalhou sozinho no desenvolvimento da psicanálise. 
Em 1906, juntaram-se a ele alguns colegas, sendo fundada a Associação 
Internacional Psicanalítica. A psicanálise nasceu com objetivos limitados, 
com o fim de compreender algo a respeito da natureza das enfermidades 
nervosas, chamadas “funcionais”.
• Objeto de estudo: comportamento anormal, negligenciado por 
outras escolas de pensamento.
• Método: observação clínica, auto-observação e observação dos 
pacientes. Usava técnicas livres (livre associação) e a análise dos 
sonhos.
• Possibilidades: contribuições sobre o papel da motivação 
inconsciente; importância concedida às experiências infantis na 
plasmação do comportamento adulto e aos mecanismos de defesa; a 
ênfase no sexo ajudou a popularizar as concepções.
• Limites: coletas de dados assistemáticas, incompletas, imprecisas 
e não controladas por método experimental; trabalho a partir de 
anotações, havendo desencontro entre elas; pressupostos obscuros 
sobre o comportamento humano mediante conceitos-chaves como o 
de id, ego e superego.
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6.6 Behaviorismo, Comportamentalismo ou Teoria 
Comportamental 
Surgiu por volta de 1913, com Watson (com o intuito de tornar a 
Psicologia umaciência empírica, estabelecendo como verdade científica 
aquilo que pudesse ser consensualmente observado). Pavlov o adotou em 
seus experimentos sobre o comportamento. Entre 1938 e 1945, Skinner, 
defensor do Behaviorismo radical, tentou desviar o behaviorismo da 
relação estímulo-resposta, sustentando a seleção de comportamentos 
pelas suas respectivas consequências e mantendo a relação causa-efeito, o 
que seria basicamente admitir apenas uma mudança de comportamento. 
Exemplo: depois de ensinar, o professor deveria pedir ao estudante para 
executar o que se ensinou e corrigi-lo imediatamente. A essa sequência de 
eventos, Skinner chamou de ‘contingências do reforço’.
• Objeto de estudo: o comportamento observável, mensurável, 
calculável, que podia ser reproduzido em diferentes condições e em 
diferentes sujeitos.
• Método: análise descritiva; análise experimental do comportamento; 
ensino programado, a clínica psicológica; publicidade e outros mais.
• Avanços: controle e organização da situação de aprendizagem, bem 
como a elaboração de tecnologia de ensino.
• Limites: ênfase no papel do ambiente sobre o comportamento e seus 
aspectos. 
Estes modos de descrever a história do conhecimento sobre o ser humano 
marcaram a constituição das abordagens teóricas, também chamadas 
sistemas da Psicologia. São, por isso, interessantes para o nosso estudo. 
As diferentes escolas de pensamento da Psicologia desenvolveram-se 
durante o curso de sua própria história, tendo sido cada escola uma 
forma de insurgir-se contra a anterior. Cada nova escola usava o seu 
antigo oponente como alvo das investidas para ganhar destaque, valendo 
salientar que elas criavam novos conceitos, mas também não deixavam 
de utilizar os conceitos da escola anterior com uma nova roupagem, uma 
nova proposta.
www.esab.edu.br 34
Resumo
Nas unidades de 1 a 6, o esperado é que você ganhe maior compreensão 
da história da Psicologia, entendendo melhor porque certas temáticas 
precisam ser estudadas, criando a necessidade do surgimento da 
Psicologia da Educação e especificando o papel do psicólogo da 
educação. A história inicial da Psicologia pode ser traçada de volta para 
os gregos antigos, e ela não surge como uma ciência separada até a 
segunda metade do século XIX. 
Descartes introduziu o conceito de dualismo, salientando corpo e 
mente como duas entidades separadas, o que afetou bastante a Filosofia 
e a psicologia que somente vai surgir como um campo separado com 
Wundt, em 1879; uma ciência independente, separada da Filosofia e 
da Fisiologia. Muitas das outras questões que ainda são debatidas por 
psicólogos ainda hoje estão profundamente enraizadas nesses primeiros 
conceitos filosóficos. 
Desde Wundt até hoje, a Psicologia sofreu mudanças dramáticas e 
transições, com inúmeros pontos de vista teóricos surgindo e lutando por 
domínio, colocando o seu estatuto teórico em confronto com uma série 
de questões difíceis, sendo que a primeira poderia ser definida como a 
delimitação do seu lugar em relação à Psicologia científica, e a segunda, a 
delimitação de seu objeto de estudo, objetivos e métodos. 
Pesquisadores e psicólogos têm muitas maneiras diferentes de olhar 
para questões e problemas em psicologia. As perspectivas em Psicologia 
oferecem inúmeras maneiras originais para explicar e predizer o 
comportamento humano, surgindo assim as principais escolas de 
pensamentos e as tentativas de estabelecer a síntese de seus métodos 
próprios, limitações e avanços. Estudos sobre o comportamento e o 
cérebro tiveram um impacto muito significativo sobre a Psicologia 
www.esab.edu.br 35
como é hoje, levando à aplicação de muitas metodologias científicas que 
estudam o comportamento humano e o pensamento. 
A Psicologia evoluiu dramaticamente durante o século XX e a escola 
de pensamento conhecida como behaviorismo tornou-se dominante, 
trazendo uma mudança muito grande em todas as perspectivas teóricas 
anteriores, se esforçando para fazer a disciplina uma forma mais 
científica, enfatizando o comportamento observável. 
Foi assim que surgiu a Psicologia da Educação voltada ao estudo de 
como as pessoas aprendem, incluindo temas como os processos de 
aprendizagem dos alunos, seus resultados, as diferenças individuais na 
aprendizagem, entre outros; como a educação, por sua natureza, recebe 
contribuições de diversas áreas de conhecimento humano.
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7
Relação entre Psicologia da 
Educação e Desenvolvimento 
Infantil
Objetivo
Reconhecer a importância da relação entre a psicologia escolar e a 
Educação Infantil, cuja vinculação é considerada como constituinte 
dos processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
Continuando nossa caminhada, abordemos agora a relação entre a 
Psicologia da Educação e o desenvolvimento infantil. Você vai encontrar 
muitos autores falando sobre isso, mesmo porque essa abordagem 
vem lá de longe, com base naqueles breves flashes das contribuições 
de filósofos que nós apresentamos nas unidades de 1 a 6, e que depois 
foram mais aprofundadas com autores mais modernos, só para destacar 
alguns: Rousseau, Freud, Montessori, Jung, Wallon, Freinet, 
Piaget, Vygotsky, John Dewey, Ausubel, Rogers, Freire e Feuerstein, 
expressivos pensadores em suas relações com a psicologia e a educação 
da criança. Guarde bem esses nomes, pois você irá recorrer a eles quando 
estudar a Educação Infantil.
Mas já antecipamos que todos esses pensadores – e muitos mais que 
vieram após eles – viveram em acirrados debates sobre  a dualidade 
natureza X cultura e natureza X homem, inato e adquirido, que já 
começaram desde Platão, com sua visão de mundo sensível (dos sentidos, 
o mundo concreto no qual vivemos) e mundo das ideias. Em Descartes 
temos a relação de oposição entre corpo-mente que muito vai afetar as 
próximas gerações. Enfim, trata-se de um impasse gerado por se querer 
saber o que determina a existência do ser humano: se as suas disposições 
naturais, genéticas, biológicas é que são determinantes, ou são os fatores 
do meio, o ambiente externo, a cultura, a educação. Isto respingou muito 
na Psicologia e na Educação, fazendo com que até hoje ambas ainda 
estejam procurando uma resposta, não tanto como antes, mas ainda 
encontramos esta inquietação em psicólogos e professores.
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Assinalamos que nos séculos XVIII e XIX se inicia um atendimento 
mais destacado às crianças pequenas. Seria esta uma ‘dádiva’ dada à 
criança? Com a Revolução Industrial na Inglaterra em meados do século 
XVIII, instaurou-se o modo de produção capitalista. Essa é uma velha 
história, mas agora precisamos dela aqui. O capitalismo proporcionou 
transformações muito profundas na sociedade, trazendo entre tantas 
mudanças radicais uma prática que foi marcante nesse sistema social: a 
utilização do trabalho infantil nas fábricas que, junto ao das mulheres, 
constituíam a mão de obra mais barata, com excessiva exploração do 
trabalho infantil. 
Ora, é fácil você entender que havia um interesse de que a criança fosse 
educada, controlada e protegida desde a mais tenra idade, dentro dos 
princípios que regiam a sociedade do trabalho exploratório, você não 
acha? Perfeito para as necessidades da nova sociedade! Naturalmente 
aceitável também que se consolidassem dois tipos de atendimento 
às crianças pequenas: a) um destinado às crianças da elite de melhor 
qualidade e que tinha como característica a “educação” e b) outro que 
servia de guarda, proteção e disciplina para as crianças pobres. Para essas 
últimas, o atendimento era de caráter assistencialista e controlador, pois 
por serem desfavorecidas, o argumento de que deveriam trabalhar era um 
indicativo de que assim superariam a pobreza, a negligência das famílias, 
estariam protegidas do crime e da marginalidade, além de ajudarem no 
orçamento familiar.
Figura 5 - “A Hora da Infância Feliz”, da revista Harper mensal para agosto 1903. 
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
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Não é difícil você pensar sobre oque vamos apresentar agora. 
Reportando-nos a essa forma de como a criança era tratada, será que 
havia uma compreensão de infância como hoje temos? Embora a 
história da infância não seja nosso objeto de análise aqui, uma coisa é 
certa: até então não existia a identidade pessoal da criança. É então 
perfeitamente compreensível que o vínculo inicial estabelecido entre 
a Psicologia e a Educação Infantil inculcasse a definição de normas de 
comportamento, estabelecimento de regras e parâmetros de classificação 
e condições bem delimitadas de normalidade com base no modelo de 
desenvolvimento biológico, tarefa esta que caberá à Psicologia como uma 
ciência detentora de um saber específico imprescindível à Educação. 
Rousseau, notável inatista que concebia uma “natureza boa, pura e 
livre” no ser humano “puro” (BOCK et al., 1999), foi o pensador de 
destaque a intervir na forma de pensar o desenvolvimento da criança, em 
meio àquela realidade dura de trabalhadora e explorada que vivia na era 
industrial. Rousseau (1712-1778) foi um importante filósofo, teórico 
político, escritor e compositor, considerado como o primeiro grande 
pensador a se preocupar com uma identidade da criança. 
Insurgiu com severas divergências quanto aos procedimentos adotados 
à época para a formação das crianças, abrindo um caminho novo para 
inúmeros outros intelectuais saudarem a infância como um período 
específico merecedor de um tratamento diferenciado. Delimitou-
se a partir daí uma faceta nova no imenso território do objeto que a 
psicologia se propõe a analisar, comemorado de um modo pomposo 
por pedagogos, psicólogos e pela própria estrutura social. Dentro desse 
cenário, aumentou a discussão de como se deve educar as crianças. Ele 
idealiza uma educação natural para o desenvolvimento da infância: a 
criança está pronta, ela é um ser bom, inocente, plena de virtudes, o 
adulto é que a corrompe. Rousseau demarca o escolanovismo, assentado 
numa psicologia inicial de cunho inatista, que vem impregnada 
de uma ideia de criança e de seu desenvolvimento profundamente 
naturalizante, o que marcará sua educação dali para a frente de uma 
forma individualista e baseada no princípio minoritário ou elitista. 
Geram-se na sociedade características e atributos diferenciados, muito 
particulares e próprios no campo da educação e da psicologia, para 
explicarem o processo de desenvolvimento, difíceis de superar (até 
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hoje), como, por exemplo: um amplo e complexo campo de símbolos, 
inclusive indicativos de condutas e comportamentos (atitudes, hábitos, 
aptidões, dons, talentos, habilidades, competências etc.); sotaques; gírias; 
estilos de vestimenta; atividades de lazer; cerimônias; rituais; habilidades; 
competências, entre outros. 
Assim é que aos poucos o atendimento infantil vai se tornando mais 
formal, como resposta a essa situação, surgindo instituições para o 
atendimento a crianças desfavorecidas ou crianças cujos pais trabalhavam. 
A concepção dominante propagada pela psicologia do desenvolvimento 
aliada à de Educação Infantil, caracterizada como naturalizante, 
reveste-se de uma ideia de infância fragilizada e, portanto, mostra uma 
criança sem possibilidades de exercitar sua autonomia. Observe bem 
a dimensão desse acontecimento, veja bem no que implica essa forma 
de pensar a criança: a visão naturalizada, por ver o desenvolvimento tal 
como se dá nos processos naturais de ordem biológica e que apresenta o 
desenvolvimento infantil em fases ou estágios como momentos de um 
processo esperado, previsto e natural; abre caminho para a concepção de 
aluno como um corpo vazio ou uma folha de papel em branco, a serem 
preenchidos e modelados. Isso vai trazer sérias consequências ao modo 
de conceber a infância, que será expresso em muitos pensadores e autores 
da educação e da psicologia. 
O processo educativo acaba sendo compreendido, nesse sentido, como 
um mero acompanhamento do desenvolvimento infantil. O papel do 
professor é relegado a um segundo plano, reduzido à tarefa de estimular 
que foi fundamental como base no behaviorismo (você pode rever este 
tema na unidade 6) e de facilitar esse desenvolvimento, respeitando as 
características de cada fase ou estágio do processo. O objeto da disciplina 
Psicologia do Desenvolvimento, que desempenhou historicamente um 
papel central nas relações entre psicologia e educação, e Psicologia da 
Educação e Educação Infantil, investigando sobre as leis que regem o 
desenvolvimento infantil, mostra-se mais como um receituário de passos 
a serem seguidos para classificar os estágios do desenvolvimento infantil 
do que como uma teoria científica consistente. 
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Na busca da identidade da Educação Infantil e de sua relação com a 
Psicologia da Educação, o desafio tem sido afirmar a necessidade de 
se integrar educação e cuidados nas instituições, vistos como funções 
complementares e indissociáveis, mediante esforços no sentido 
de alcançar o desenvolvimento integral da criança num ambiente 
socializador. Considerando a infância em suas especificidades, suas tantas 
e incríveis mudanças físicas, mentais e sociais, aliam-se os estudos na 
Psicologia da Educação e sobre os processos de desenvolvimento infantil, 
a promoverem as modificações desejadas nas políticas educacionais 
públicas, no que diz respeito ao desenvolvimento infantil, que precisam 
ainda ser feitas para um salto de qualidade no ensino e na aprendizagem 
que combatam as ações assistencialistas.
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8 Teorias de Freud sobre a constituição do aparelho psíquico
Objetivo
Apreender as concepções existentes sobre o processo de 
desenvolvimento humano, seu conceito, os princípios que o 
regulamentam e suas implicações para a educação, a partir do olhar 
de Freud.
Abrindo nosso diálogo, nesta unidade, já tendo feito algumas 
considerações importantes sobre os elos estreitados com o tempo entre 
a psicologia e a educação, relação que avançou muito na Educação 
Infantil, vamos estudar algumas contribuições teóricas de Freud, e 
sua Psicanálise, lembrando que estas abordagens se relacionam com a 
educação em geral mediante o estudo do funcionamento do aparelho 
psíquico e dos processos mentais, que nos interessam porque dizem 
respeito à aprendizagem, à organização do saber, a um outro modo de ver 
e entender a prática educativa.
O termo psicanálise é usado para se referir a muitos aspectos da obra de 
Freud e de investigação, incluindo a terapia freudiana e a metodologia 
de pesquisa que ele usou para desenvolver suas teorias. Freud baseou-
se fortemente em suas observações e estudos de casos de seus pacientes 
quando formou a sua teoria do desenvolvimento da personalidade. Foi 
muito criticado por isso, mas trabalhou assim.
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Figura 6 – Freud e o pequeno Hans (1905).
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
Como teriam começado as investigações de Freud? Certamente, elas 
não surgiram do nada. Veja bem! No século XIX, certos temas gerais, 
como a vontade e o inconsciente, ocupavam grande parte dos países de 
língua alemã. Esses temas podem muito bem ter atingido o seu maior 
desenvolvimento em Freud, como muitos sugerem, mas não começaram 
com ele. Freud teve, na verdade, como fonte inspiradora de suas teorias 
dois grandes filósofos alemães: Nietzsche (1844-1900) e Schopenhauer 
(1788-1860). 
Observe a importância disso! Nietzsche, reservando o agir humano 
às pulsões instintivas (pulsões e instintos), será uma fonte relevante 
aos fundamentos de Freud. Para Nietzsche e outro grande pensador, 
Schopenhauer, criticam a ‘aspereza’ da razão (o racional cartesiano, o 
cálculo, o raciocínio, a prova, você lembra?), que é arbitrária, que mata 
as pulsões, o desejo, a sensibilidade, estirpando o natural corporal do ser 
humano. Ambos, Nietzsche e Schopenhauer, dão primazia à vontade da 
vida, às pulsões naturais, às sensações do ser humano. 
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Foi a partir das ideias desses grandes críticos da razão e do consciente 
que Freudfoi alicerçando suas ideias e seus conhecimentos avançaram 
e culminaram na elaboração da psicologia do inconsciente aplicada às 
ciências mentais. Freud vai propor em sua teoria da psicanálise que os 
seres humanos são regidos por dois instintos básicos: os instintos de 
vida, que servem ao propósito da sobrevivência em que a fome, a sede 
e o sexo se enquadram; e os instintos de morte, ou destrutivos, pois 
supunha especificamente que a pessoa tinha um desejo inconsciente de 
morrer. São a vontade, o desejo, as pulsões.
Trouxemos, nesta breve introdução sobre as origens dos trabalhos de 
Freud, alguns pontos interessantes para compreendermos a sua visão 
sobre a organização da mente. A Psicanálise surge como uma ciência 
que estuda o psiquismo, construída a partir de outras bases para fugir da 
racionalidade e da consciência. 
Agora, você tem uma ideia melhor sobre os fundamentos que Freud 
elaborou para o seu trabalho sobre a organização psíquica, que ele 
denominou de  aparelho  psíquico (ideia emprestada da Física, de 
uma espécie de ‘economia enérgica’, pressupondo algo que funciona), 
e sobre a importância da psicologia e da teoria psicanalítica da mente 
consciente e inconsciente para a Psicologia da Educação. No caso de 
Freud, suas teorias serviram de base para uma escola de Psicologia crescer 
rapidamente e tornar-se uma força dominante para o início da ciência da 
mente e do comportamento. 
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Nos seus primeiros trabalhos, Freud sugeria a divisão da vida mental em duas partes: 
consciente e inconsciente. Sua teoria psicanalítica da mente consciente e inconsciente 
usava uma metáfora do iceberg. A polaridade consciente, caracterizada pela ponta 
visível do iceberg, seria pequena e insignificante, preservando apenas uma visão 
superficial de toda a personalidade. A imensa e poderosa polaridade inconsciente 
– assim como a parte submersa do iceberg – conteria os instintos, ou seja, as forças 
propulsoras de todo comportamento humano. Freud polariza a vida anímica entre “Eros” 
– instinto da vida – e “Thanatos” – instinto de destruição e morte.
Superego e Ego contêm a ‘energia psíquica’ em imensa proporção, no Pré-inconsciente, 
como um bloco flutuante na água cujo maior volume – o inconsciente – fica submerso. 
Esta energia corresponde em sua maior parte ao ‘Ego’, impulsor cego regido pela 
busca do prazer. Em polo oposto está o ‘Superego’, em que estão a normas morais 
(basicamente repressoras).
Inconsciente
Consciente
Pré-consciente
Superego
ID
Ego
Figura 7 – Metáfora do iceberg.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
Para Freud, existem duas teorias tópicas do aparelho psíquico (ou 
intelecto): a primeira faz intervir os sistemas inconsciente, pré-
consciente e consciente; a segunda, as três instâncias, id, ego e 
superego.
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8.1 Teoria do aparelho psíquico dos sistemas 
inconsciente, pré-consciente e consciente
É uma concepção mais passiva de funcionamento psíquico,  abrangendo 
o inconsciente, o pré-consciente e o consciente. Vamos ver como operam 
estes três sistemas.
• Consciente: Por ser a superfície do aparelho mental externo, 
corresponde à “percepção” de caráter mais imediato e certo que 
temos do mundo externo. É uma qualidade momentânea que 
caracteriza as percepções externas e internas no conjunto dos 
fenômenos psíquicos, incluindo tudo do que estamos cientes em 
um dado momento. As experiências que percebemos, incluindo 
as nossas lembranças e ações intencionais, em que a nossa 
consciência funciona de acordo com as regras do tempo e do espaço. 
Corresponde à relação direta com os fatores ambientais que nos 
influenciam! Exemplo: “Eu, para sair no frio, sei que vou precisar de 
um casaco”!
• Inconsciente: Corresponde ao sistema situado mais “atrás”, mais 
“profundo”, como uma ideia latente, dinamicamente reprimida, 
como um conteúdo ausente em dado momento da consciência, mas 
capaz de se tornar consciente. Aí estão elementos instintivos (inatos) 
inacessíveis à consciência e também o material que foi excluído 
dela, que foi censurado e reprimido, não esquecido nem perdido, 
mas que não é “permitido” ser lembrado. Exemplo: a lembrança de 
sua infância, quando liberada à consciência, pode mostrar que não 
perdeu nada de sua força emocional.
• Pré-consciente: Funciona como uma espécie de barreira de contato, 
uma peneira, que seleciona aquilo que pode, ou não, passar para o 
consciente, só tendo acesso a ele se passando pelo pré-consciente, 
submetendo-se a certas modificações. São porções da memória, 
lembranças, que podem ser trazidas à consciência. Exemplo: as 
minhas lembranças do dia de ontem, do meu segundo nome, das 
ruas onde morei, certas datas comemorativas importantes para você, 
seus alimentos prediletos, o cheiro de certos perfumes e muitas 
outras experiências passadas. 
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Para sua reflexão
Observe a figura abaixo e faça sua análise a 
respeito de como nossa mente é normalmente 
concebida pelos mecanicistas, equivalendo ao 
funcionamento de determinadas peças. Reflita 
sobre as implicações decorrentes de quando se 
pensa assim!
Figura 8 - Ideia mecanicista de mente humana.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
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8.2 Teoria do aparelho psíquico das instâncias id, ego 
e superego
Se a Primeira Teoria compreende essencialmente a distinção entre o 
inconsciente, o pré-consciente e o consciente, a Segunda Teoria é um 
modelo estrutural mais ativo, dinâmico, de funcionamento psíquico. 
Este aparelho é formado por um conjunto de elementos distintos, que 
separadamente têm “funções” específicas, mas que não estão dissociados, 
interagindo permanentemente e influenciando-se reciprocamente. Essa 
concepção estruturalista consiste em uma divisão tripartida da mente em 
instâncias: o id, o ego e o superego.
Id (ou Isso)
É o único componente da personalidade que está presente desde o 
nascimento, incluindo os comportamentos instintivos e primitivos. O 
id é concebido como um conjunto de conteúdos de natureza pulsional 
e de ordem inconsciente, impulsionado pelo princípio do prazer, que 
se esforça para a gratificação imediata de todos os desejos, as vontades 
e necessidades e as paixões indomadas. Lembra-se daqueles desenhos 
animados em que aparece um “diabinho” sentado em um ombro e 
um “anjo” sentado em outro, quando alguém está tentando tomar 
uma decisão? Em termos mais simples, o id é o “diabinho”, ou seja, a 
necessidade de satisfação imediata, como quando uma criança bate os pés 
porque quer e quer alguma coisa ali, na hora. 
Ego (ou Eu)
É a porção do id (biológico) que foi modificada pela influência direta do 
mundo externo (ambiente, meio), responsável por lidar com a realidade 
externa mediante a percepção consciente (o sujeito, o eu). Designa a 
pessoa humana como consciente de si e objeto do pensamento e que, 
sem a intervenção do ‘eu’ (ego), se tornaria um joguete das aspirações 
pulsionais, totalmente inconscientes. O princípio da realidade pesa em 
termos de custos e benefícios numa ação, antes de uma pessoa tomar a 
decisão de agir ou de abandonar seus impulsos. No exemplo dado antes, 
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quando alguém está tentando tomar uma decisão, o Ego é o ‘anjo’, ou 
seja, basicamente o ‘cérebro’ tentando encontrar um objeto no mundo 
real que equilibre o que cada um está defendendo e mais objetivamente e 
logicamente, e se possa chegar a uma decisão. 
Superego (ou Supereu)
Representando o resultado de dois fatores importantes, um de natureza 
biológica (como os instintos) e outro de natureza histórica (como a 
educação), o Superego é o aspecto da mente que contém todos os nossos 
padrões morais internalizados e ideais que adquirimos de nossos pais e 
da sociedade; equivale ao nosso senso de “certo” e de “errado”, mediante 
a busca por equilibrar as pulsões do id, as exigências do Superego 
e as do ambiente. No exemplo antes mencionado, o Superego é o 
‘anjo’, agindo como um juiz que fornece orientações para que se possa 
fazer julgamentos.
Essas breves

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