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Luci Carlos de Andrade Luci Carlos de Andrade Inserção das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação no Ensino Inserção d a s N ova s Tecnologia s d a Inform a ção e C om unica ção no E nsino 1ª Edição / Novembro / 2012 Impressão em São Paulo - SP 1ª Edição / Novembro / 2012 Impressão em São Paulo - SP Inserção das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação no Ensino Luci Carlos de Andrade Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 A553i Andrade, Luci Carlos de. Inserção das novas tecnologias da informação e Comunicação no ensino. / Luci Carlos de Andrade – São Paulo Know How, 2012. 141 p. : 21 cm. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-8065-178-2 1. Tecnologia da informação. 2. Comunicação. 3. Educação e tecnologia. 4. Mídia. 5. Ensino. I. Título. CDD 371.334 Inserção das novas TecnologIas da Informação e comunIcação no ensIno Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Grisiela Reis Professor Responsável Luci Carlos de Andrade Projeto Gráfico, Capa e Diagramação Giulia Paolillo Revisão Ortográfica Vanessa Almeida Coordenadora Pedagógica de Cursos EaD Esp. Maria de Lourdes Araujo 1ª Edição: Novembro de 2012 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publicação pode ser re- produzida por qualquer meio sem a prévia au- torização desta instituição. Parabéns! Você está recebendo o livro-texto da disciplina INTRO- DUÇÃO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFOR- MAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO, construí- do especialmente para este curso, baseado no seu perfil e nas necessidades da sua formação. A finalidade deste livro é disponibilizar aos alunos da EAD conceitos e exercícios referentes às Tecnologias, no contexto da Educação Esco- lar, bem como conceitos, perspectivas e possibilidades dos meios de informação e comunicação e suas contribuições para o campo da educação escolar, tendo em vista o desen- volvimento e a aprendizagem do educando. Estamos constantemente atualizando e melhorando este material, e você pode nos auxiliar, encaminhando suges- tões e apontando melhorias, via monitor, tutor ou profes- sor. Desde já agradecemos a sua ajuda. Lembre-se de que a sua passagem por esta disciplina será também acompanhada pelo Sistema de Ensino EaD Know How, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Ambiente Virtual de Aprendizagem. Entre sempre em contato conosco quando surgir alguma dúvida ou dificuldade. Participe dos bate-papos (chats) marcados e envie suas dúvidas pelo Tira-Dúvidas. Toda equipe está à disposição para atendê-lo (a). Seu desen- volvimento intelectual e profissional é o nosso maior objetivo. Acredite no seu sucesso e tenha bons momentos de estudo! Equipe EaD Know How. Introdução sumário CARTA DO PROFESSOR PLANO DE ESTUDOS UNIDADE 01 A Escola e os Meios de Comunicação Social UNIDADE 02 As Tecnologias de Informação e Comunicação no Espaço Escolar UNIDADE 03 Educação Tecnológica UNIDADE 04 Educação, Infância e Mídia UNIDADE 05 Educação: Tecnologia e Interatividade UNIDADE 06 A Criança e a Mídia: Reflexões, Contextos e Avanços BIBLIOGRAFIA GABARITO 9 11 13 35 59 77 101 121 145 151 9 Carta do Professor Prezado(a) aluno(a), É com grande satisfação que apresentamos a referida disciplina como forma de colaborar, com uma formação cada vez mais sólida e condizente com o mercado de trabalho, tendo em vista a preparação e o aprimoramento dos estudos para uma aplicabilidade eficiente na sua área de atuação profissional. É necessário que a escola hoje, enquanto espaço formativo esteja articulda com os meios de informação e comunicação para atender às demandas sociais da criança e do jovem, cujo objetivo é oferecer um ensino que contem- ple as exigências da atualidade e a dos educandos, cujas ne- cessidades, estão ligadas a conexão com o mundo virtual. A Educação apoiada na Tecnologia traz susten- tação para a educação escolar e subsidia o professor nas suas ações pedagógicas, quando oferece novos meios de aprendizagem através da utilização da mídia nos espaços da escola. As tecnologias de informação e comunicação estão presentes no cotidiano das pessoas e podem ser amplamente utilizadas no trabalho educativo, conside- rando, os desafios atuais presentes na sociedade digital. Nosso objetivo é principalmente oferecer às ati- vidades acadêmicas a base para a prática pedagógica e a sustentação teórica necessária para o enfrentamento dos desafios profissionais. Desejamos êxito e sucesso nos es- tudos para alcançar as metas propostas pela disciplina. Atenciosamente, Professora Luci Carlos de Andrade 11 Plano de Estudos Conteúdo O conteúdo da disciplina concentra-se no estu- do teórico sobre Introdução das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino. Apresentaremos conceitos, princípios e a importância do uso das tecnolo- gias aliado ao trabalho educativo na escola. Estudaremos a importância dos meios de comunicação no processo de ensino e aprendizagem do aluno, e a presença da mídia na vida da criança, bem como a aplicação das tecnologias em sala de aula, e a utilização do computador e do vídeo como apoio didático ao professor. Faremos uso de textos e exercícios como recursos didáticos. Competências Ao término desta disciplina o aluno deverá ser capaz de compreender a importância dos meios de comunicação social na escola, identificar e anali- sar as novas tecnologias aplicadas ao ensino. Deverá compreender também as contribuições da tecnologia à educação escolar. Discutiremos também aspectos referentes à infância e ao aprendizado da criança co- nectado às mídias presentes na sociedade. A ESCOLA E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Caro (a) Aluno (a) Nesta unidade estudaremos os meios de comunicação social nos espaços es- colares. Entatizaremos a importância da tecnologia na prática do professor, bem como o domínio do professor me- diante as linguagens tecnológicas. Bom Estudo! Unidade 1 Objetivos da Unidade Ao final desta unidade, você deverá ter condições de: ▪ Refletir sobre as tecnologias de infor- mação e comunicação. ▪ Compreender a importância do uso da tecnologia no espaço escolar ▪ Compreender o novo contexo educa- tivo com o uso da tecnologia. Conteúdos da Unidade → A Educação na era da informática → A Tecnologia na prática escolar → As linguagens tecnológicas 17 1. A Educação na Era da Informática A tecnologia sempre interagiu com o homem. Desde os tempos mais remotos da história da humanidade. Constantemente, o homem busca inovar e aperfeiçoar o seu trabalho através de novos instrumentos que facilitam seu modo de viver no mundo globalizado que o cerca. Dentro de um contexto de mudança da sociedade industrial para a sociedade informatizada, a utilização dos recursos computacionais implica em redimensionamento da conduta do homem perante os desafios do momento, que o leva através dessa tecnologia a uma educação de qua- lidade para todos. O uso das tecnologias, cada vez mais presente no cotidiano, cria novas relações, novos conhecimentos e novas maneiras de aprender e de pensar, que transforma o mundo numa grande aldeia globalizada e socializada. Assim a edu- cação especial assegurada na LDB, deve ser atendida dentro dos princípios, e da política que dá direito a todo o cidadão com necessidades educacionais especiais que estimulem o aprender a aprender não se detendo frente a sua deficiên- cia, mas avançando dentro das suas potencialidades. Dentro desta perspectiva, Valente (2005, p. 20) afirma: As observações de Piaget contribuíram muito para clarificar a relação entre ação e desenvol- vimento intelectual. Piaget observou que de fato as ações que o indivíduo realiza no ambiente onde vive são responsáveis pelo seu desenvol- vimento cognitivo.Entretanto, a própria ação 18 é intermediada pelo conhecimento e pelo pen- samento e não pré-requisito. Portanto, agir no ambiente é uma atividade cognitiva que por sua vez contribui para o desenvolvimento cognitivo e não meramente perceptomotor. Em termos pedagógicos cumpre observar que a utilização do computador não pode ser reduzida a um simples instrumento para fornecer instruções ao educando, mas os novos recursos da informática podem redimensionar toda a referência da educação como um todo. O aluno durante o período escolar necessita de vários estímulos a cada passo para que não desista, princi- palmente quando está desenvolvendo um trabalho marca- do por um forte sentimento de incapacidade presente em todas as suas realizações. Não se pode deixar de fazer uma reflexão sobre o tratamento dado ao erro na aprendizagem. O erro oferece a (re) construção do conhecimento, quando olhado do aspecto cognitivo. No entanto, pelo lado afetivo, esquecer que o acerto é necessário, estaria em outro erro, faz-se necessário buscar o equilíbrio entre o cognitivo e o afetivo, para que a prática pedagógica seja coerente. A interação, entre o aluno e o computador, pre- cisa ser mediada por um profissional que tenha conhe- cimento do processo de ensino/aprendizagem através da construção do conhecimento. Os educadores de hoje precisam estar afinados com as ferramentas tecnológicas para utilizá-las da melhor forma possível, de maneira a fa- 19 zer com que o aluno avance no crescimento educacional, interagindo consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Para tanto, é necessário conduzir o professor para uma re- flexão de sua prática, revendo continuamente a fundamen- tação teórico-metodológica que embasa as suas ações. O objetivo deste trabalho é refletir sobre as no- vas tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas na área educacional. Visando analisar como as utilizações das tecnologias computacionais podem ofere- cer tanto ao professor quanto aos alunos, oportunidades interessantes e incursões na construção e reconstrução do conhecimento do aluno. A atualidade mostra que o homem vive rodeado pela informática em todos os momentos de sua vida. Po- demos dizer que esta é a era da comunicação, que traz de forma intensa para a sociedade contemporânea, a televisão, o computador e a conexão em rede. É preciso entender o que representa esses meios de informação e comunicação cada vez mais presentes, mesmo em diferentes comunida- des e culturas. Na área da Educação tais recursos utilizados de forma adequada pelos professores, favorecem diferentes conhecimentos, apontando infinitas possibilidades de contato com o mundo. Os avanços tecnológicos podem mediar e disponibilizar esses conhecimentos para a socie- dade. (Lévy, 1993). O papel da educação que tem como objetivo promover a formação integral do homem precisa repen- sar as ações educativas com o intuito de explorar estes re- cursos da vida moderna em aplicação efetiva no processo 20 de ensinar e aprender. A escola, além de um espaço formativo, é também um ambiente sociocultural que faz parte da sociedade em que vivemos, não pode desconsiderar a busca pelas novas tecnologias, para apresentar e preparar o aluno, de forma vivenciar a era da informática no seu dia a dia, em interação com o outro e com o mundo. A educação hoje se caracteriza por uma socieda- de interconectada, pelos meios de comunicação. As for- mas de ensinar sofreram alterações, tantos os professores como os alunos percebem que muitas aulas convencio- nais estão ultrapassadas. Ensinar, hoje, se apresenta como um desafio constante. As informações estão cada vez mais rápidas e de longo alcance, o que exige novos olha- res para a educação, no sentido de alterar metodologias em novos modos de ensinar. Ao considerar que “Conhe- cer significa compreender todas as dimensões da realidade, captar e saber expressar essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral” (MORAN, 2000, p. 01). A escola deve estar ajustada e articulada com os atuais meios de infomação e comunicação característicos desse século. A construção do conhecimento na socieda- de da informação se dá forma mais livre, em um processo de leitura rápida, criando diferentes interpretações e in- terconexões no aprendizado humano. Vejamos tais con- siderações evidenciadas na fala do professor Luis Carlos de Menezes, docente na Universidade de São Paulo, para a Revista Nova Escola/Maio/2012: 21 Tecnologia na Educação: Quanto e Como Utilizar A escola deve se valer cada vez mais de recursos que facilitam a comunicação e o acesso à informação sem, porém, se tornar refém deles. As tecnologias de informação e comunicação (TIC) estão transformando a vida em sociedade, mudando os ser- viços e equipamentos usados em casas, indústrias, empresas, lojas, escritórios, bancos e hospitais. É ilusório imaginar que elas não interferirão cada vez mais nas escolas, cuja função, é claro, inclui informar e comunicar. Mas quanto e de que forma lançar mão delas? Essa é uma questão discutida em todo o mundo. Já tratamos do tema nesta coluna, quando sugerimos às redes de ensino o uso delas para simplificar a ro- tina de educadores e escolas, como no controle de frequência e desempenho de alunos. A o discutir o assunto, é preciso lembrar a dispa- ridade de condições entre as escolas do país, pois, enquanto algumas já trocam por tablets os notebooks com que os alu- nos acessam a internet e a intranet, outras carecem de meios elementares, como espaço - mas fazem um trabalho digno nas condições em que atuam. Não esqueçamos que discussões em torno de recur- sos técnicos são antigas, como usar ou não calculadoras ao estudar aritmética, questão que pode se repetir agora, com relação à utilização do editor de texto no aprendizado de or- tografia. Evitemos, contudo, posicionamentos radicais, pró ou contra. O essencial, naturalmente, é que o tecnológico esteja a serviço do pedagógico, e não o contrário. Certos recursos devem ser rapidamente incorpora- 22 dos ao instrumental educativo, pois permitem, por exemplo, ver células vivas em três dimensões, observar galáxias distan- tes por meio de um telescópio em órbita e acessar exposições de arte e ciência em museus de todo o mundo. Em janeiro, em Londres, uma feira mostrou as mais recentes novidades em tecnologia voltada à Educação, que ainda não estão, ob- viamente, disponíveis nas redes brasileiras. No entanto, es- colas públicas já contam com telões, retroprojetores e, mais recentemente, tablets - e não é justo negar aos nossos jovens oportunidades de contato com o conhecimento universal, pois o custo disso é cada vez menor. À medida que a nova cultura de comunicação vai sendo incorporada à vida escolar, uma série de procedimen- tos de rotina se altera para melhor, assim como outros sur- gem. Pode-se incrementar a comunicação entre escolas e fa- mílias, de certa forma restaurando um diálogo que foi maior no passado. Outra possibilidade é partilhar com estudantes ou entre eles orientações e sugestões de trabalho. Além disso, fica facilitado o intercâmbio entre escolas de diversas regiões e mesmo de diferentes países, contribuindo para a formação de uma cidadania global, em que ocorram intercâmbios cul- turais contínuos e o exercício de solidariedade em desastres naturais e outras situações críticas. Trata-se, enfim, de inserir a escola em uma inevitável transformação de alcance mun- dial, mais do que levá-la a aderir a uma tendência transitó- ria. Ao educar para o uso dessas tecnologias, há aspectos que são de natureza socioafetiva, e não simplesmente cogniti- va. Um jovem que tenha centenas de “amigos ou seguidores” numa rede social pode carecer de amigos com quem parti- 23 lhe sentimentos olhando nos olhos, troque observações sobre questões sociais ou ambientais e faça arte, experimentações ou esportes coletivos. Por isso, a escola deve ser um contraponto real ao mundovirtual, promovendo aulas participativas, projetos sociais, grupos teatrais, hortas coletivas e campeonatos espor- tivos, além de manter seus laboratórios sempre abertos. Nem tudo é possível ao mesmo tempo, mas em cada atividade as tecnologias estarão a serviço da vida escolar, que, sem ser sua refém, se beneficia delas. Seria impensável, isso sim, ignorar a onda tecnológica que nos alcança. Se não aprendermos a surfar nela, acabaremos submergindo. 1.1. A Tecnologia na Prática Escolar O atual cenário tecnológico exige profissionais educadores cada vez mais habilitados a trabalhar na pers- pectiva das tecnologias, com uso das multimídias no pro- cesso de ensinar. Os meios de comunicação presentes no nosso cotidiano fazem toda diferença na prática pedagó- gica do professor. A relação da criança e do jovem com as multimídias é impressionante do ponto de vista da habili- dade dos mesmos em operá-las. O professor precisa estar atento a essas novas possibilidades educativas. O educador deve acompanhar a evolução dos tempos, incorporando a utilização das máquinas, sem, contudo, atribuir a estas a responsabilidade do fazer pe- dagógico. A realidade na sociedade atual evidencia uma 24 escola e uma sala de aula conectada à Internet e cada alu- no com um notebook. Nesse contexto, o professor pre- cisa rever suas habilidade e competências, além de refletir constantemente sobre sua prática, conectado à realidade virtual, na qual o aluno é um sujeito hiperdinâmico. O computador, por exemplo, proporciona uma forma di- ferente para a realização de uma ação educativa, sendo incapaz de dar soluções mágicas para as possíveis atribu- lações na relação aluno-professor. É preciso salientar que a presença do computa- dor na sala de aula não reduz os problemas educacionais e não substitui a relação afetiva necessária entre o educador e seu aluno. Estas questões auxiliam o educador a não super- valorizar o emprego da informática na prática pedagógica. Segundo Valente (2005, p.23) Nesse aspecto, a experiência pedagógica do pro- fessor é fundamental. Conhecendo as técnicas de informática para a realização dessas atividades e sabendo o que significa construir conhecimen- to, o professor deve indagar se o uso do computa- dor está ou não contribuindo para a construção de novos conhecimentos. O professor precisa sempre estar revendo e re- fletindo sua prática, e no caso da utilização do computa- dor nas atividades pedagógicas mais ainda. A tecnologia vem auxiliar a educação para direcionar os objetivos com o processo de ensino-aprendizagem. Não pode ser uti- 25 lizada como um fim em si mesmo. Devendo levar em conta a realidade de cada lugar, de cada escola. Observa-se a importância do uso da tecnologia no sentido de apresentar meios, instrumentos para colabo- rar no desenvolvimento do processo de aprendizagem, que engloba professores e alunos e suas interações propiciando colaboração mútua na construção do conhecimento. O computador pode funcionar como uma fer- ramenta, um meio, um caminho com desafios e possibi- lidades em que o aluno “aprende fazendo”, facilitando as ações educativas, motivando o aluno para as descobertas. Tanto professor quanto aluno podem usufruir das infi- nidades de opções que esta máquina oferece, de forma a contribuir para a construção do conhecimento. “As facili- dades técnicas oferecidas pelos computadores possibilitam a exploração de um leque ilimitado de ações pedagógicas, permitindo uma ampla diversidade de atividades que pro- fessores e alunos podem realizar” (VALENTE, 2005, p.23). Para este autor, a experiência pedagógica do pro- fessor é de suma importância. Porque, sabendo o que signi- fica construir conhecimento, e em posse das técnicas de in- formática, pode observar se realmente o computador está contribuindo para a aquisição de novos conhecimentos ou se está apenas oferecendo informações ao aluno. Conside- rando que o meio em que vivemos é inteiramente informa- tizado, não se pode negar a existência de uma ferramenta que pode se tornar valiosa no processo de aprendizagem, porém com bastante cautela por parte do educador. Valente (2005) afirma que é necessário que o professor esteja preparado para lidar tanto com a parte 26 técnica quanto com o pedagógico, um complementando o outro. E que o próprio domínio das técnicas vai se apri- morando à medida que o pedagógico exige e vice-versa. Não é mais possível ignorar a presença do com- putador na escola, pois já faz parte da vida do homem. A educação como via de formação do cidadão pertencente a uma sociedade informatizada, e precisa encarar que o computador, assim como a Internet, recursos multimídia etc., auxiliem de forma dinâmica os caminhos educativos, o que já fazem parte da vida do aluno. Muitas escolas ainda não possuem o computador como instrumento de ensino, mas as crianças já conhecem esta máquina através dos jogos eletrônicos, dos heróis, das máquinas calcula- doras, por meio da televisão ou de um amigo. O aluno não pode ficar alheio a esta realidade, dentro do meio sociocultural onde está inserido. O com- putador, o vídeo, os recursos multimídias, podem ser uma fonte de estímulos e de desafios que atendam as necessi- dades e interesses do próprio aluno, no processo de apren- dizagem. Com ações organizadas a partir da reflexão do professor. Porque é preciso estar atento no sentido de que a partir das informações o aluno possa interagir com o mundo e com as pessoas e nesse processo construir seu conhecimento. De acordo com Valente (2005, p.24). O que significa conhecimento e como ele dife- re da informação? A informação será tratada aqui como os fatos, os dados que encontramos 27 nas publicações, na Internet ou mesmo aquilo que as pessoas trocam entre si. Assim, passamos e trocamos informações. O conhecimento é o que cada indivíduo constrói como produto do pro- cessamento, da interpretação, da compreensão da informação. É o significado que atribuímos e representamos em nossa mente sobre a nossa realidade. É algo construído por cada um, mui- to próprio e impossível de ser passado – o que é passado é a informação que advém desse conhe- cimento, porém nunca o conhecimento em si. Por isso a necessidade da reflexão constante da es- cola e do professor como mediadores da educação do ho- mem. O objetivo maior dessa educação é a construção do conhecimento que deve ser baseada e encaminhada por meio das inovações pedagógicas. Pois, o mundo está em constan- te transformação e a escola tem que acompanhar este ritmo apresentando currículos flexíveis e métodos participativos voltados para a realidade de cada lugar. Com um ensino cen- trado no aluno, na estruturação do seu conhecimento. O professor torna-se estimulador e coordena- dor desse processo com ações pedagógicas criativas e contextualizadas para favorecer a formação e aquisi- ção de valores. Uma educação que tenha como meta as gerações futuras. É possível abrir caminho para novas relações do aluno por meio da mediação pedagógica e isso inclui, os materiais, o próprio contexto, com seus companheiros de aprendizagem, com o professor, 28 1.2. As Linguagens Tecnológicas Este contexto tecnológico exige que o sistema de ensino tenha a capacidade de redirecionar suas ações para atender as demandas atuais, cujas expectativas por parte dos alunos estão ficando cada vez mais aceleradas em função da informatização. Desta forma, amplia-se a necessidade de oferecer uma educação baseada em mui- tas linguagens, para capacitar o aluno de acordo com as exigências próprias da sociedade. Verifica-se nesse con- texto a importância de cada unidade educacional desen- volver o seu próprio projeto pedagógico, para que seja o consigo mesmo e com seu futuro. O professor tem um importante papel como agente promotor do processo de aprendizagem do aluno, que constrói o conhecimento num am- biente que o desafia e motiva para a exploração, a reflexão, a depuraçãode idéias e a descoberta de novos conceitos. (VALENTE, 1998, p.162) No entanto, as possibilidades abertas com esses re- cursos tecnológicos são infinitas e a escola precisa estar atenta e explorar esses dispositivos pedagógicos de forma inteligente e responsável visando um objetivo maior que é o de buscar novos conhecimentos e não como máquinas divertidas e agradáveis para passar o tempo. (VALENTE, 1998). 29 mais adequado possível de forma a atender toda a comu- nidade escolar específica de cada escola. Diferenciadas linguagens tem sido veiculadas pelos meios de informação e comunicação e a escola tem que trabalhar a construção do conhecimento do aluno na perspectiva de incorporar esse novo modo de inte- ragir e se relacionar no cotidiano. Estamos vivenciando de forma acelerada aos mecanismos da informatização em que são produzidas novas maneiras de comunicação. “As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar de termos educadores maduros, intelectuais e emocional- mente curiosos, que saibam motivar e dialogar”. (MO- RAN, 2000, p. 01). As propostas educacionais e os currículos de- vem proporcionar flexibilidade e criatividade nas práticas pedagógicas frente aos novos tempos da era da informa- ção. É necessário pensar outra forma de construção do conhecimento diferente da educação tradicional. Não mais impor e transmitir o conhecimento, mas construir uma relação recíproca de aprendizagem no contexto de linguagens novas e características da tecnologia. O pro- fessor ao ensinar precisa ter a consciência desse novo momento, e assim redirecionar a metodologia de trabalho tendo em vista a necessidade do aluno frente aos aparatos telemidiáticos, conforme aponta Moran: Os meios de comunicação, principalmente os áudio-vídeo-gráficos, desenvolvem formas so- fisticadas de comunicação, de superposição de linguagens e mensagens, que facilitam a apren- 30 dizagem e condicionam outras formas de espaço e comunicação. (1997, p.32). Sabemos que o homem está sempre em proces- so de construção do conhecimento e que a aprendiza- gem se dá através da inter-relação do ser com o objeto, partindo, na maioria das vezes, do concreto para o abs- trato. Dessa forma, aprendizagem ocorre mesmo antes do nascimento e se prolonga pela vida afora, sendo um processo dinâmico, contínuo, global, pessoal e que gra- dativamente vai acumulando saberes a vida de cada um. Portanto, o ser humano é um eterno aprendiz, e a cada construção ocorrem transformações que vão estruturan- do as aquisições para novos conhecimentos. A construção do conhecimento na sociedade da informação deve habilitar o aluno a compreender todas as dimensões da realidade, captando, interagindo e ex- pressando essa totalidade de forma cada vez mais am- pla e integral. O desenvolvimento dessas habilidades é fundamental para a compreensão do mundo. Para Moran (2000), a construção do conhecimento, mediante as pos- sibilidades da multimídia, é mais livre e tem mais flexibili- dade passando pelo sensorial, emocional e pelo racional. Essas diferentes formas de linguagens da informação e da comunicação estarão presentes no processamento se- quencial, hipertextual ou multimídico, facilitando a com- preensão do aluno. Assim, explica Moran: A informação dá-se de várias formas, segundo 31 o nosso objetivo e o nosso universo cultural. A forma mais habitual é o processamento lógico- -seqüencial, que se expressa na linguagem falada e escrita, na qual o sentido vai sendo constru- ído aos poucos, em seqüência concatenada. A informação de forma hiper-textual, contando histórias, relatando situações que se interlaçam, ampliam-se, nos mostrando novos significados importantes, inesperados. É a comunicação “linkada”. A construção do pensamento é lógica, coerente, sem seguir uma única trilha, como em ondas que vão ramificando-se em diversas ou- tras. Hoje, cada vez mais processamos as infor- mações de forma multimídia, juntando pedaços de textos de várias linguagens superpostas, que compõem um mosaico ou tela impressionista, e que se conectam com outra tela multimídico. Uma leitura em flash, uma leitura rápida que cria significações provisórias, dando uma inter- pretação rápida para o todo, através dos interes- ses, percepções, do modo de sentir e relacionar-se de cada um.(2000, p. 02). Ficam evidentes para nós as novas configura- ções processadas pela tecnologia que estão sendo di- namicamente incorporadas pela criança e pelo jovem. O professor tem necessariamente que ter o domínio dessas linguagens para que possa trabalhar com os alunos nesse novo contexto que apresenta novas for- mas de ensinar e aprender. 33 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. Segundo Moran (2000): “Conhecer significa compreender todas as dimensões da realidade, captar e saber expressar essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral”. Esclareça, de acordo com sua opinião, o papel da Tecnologia no contexto acima. 2. “A relação da criança e do jovem com as mul- timídias é impressionante do ponto de vista da habilida- de dos mesmos em operá-las. O professor precisa estar atento a essas novas possibilidades educativas”. Comente sobre o papel do professor nessa realidade tecnológica. 3. Em sua opinião, de que forma o professor pode obter o domínio das linguagens tecnológicas? 4. Apresente sua interpretação sobre a presença da Internet na vivência escolar do educando. 5. O que são as TICs? O ENSINO NO CONTEXTO TECNOLÓGICO Caro (a) Aluno (a) Nesta unidade apresentamos as consi- derações e estudos sobre as novas for- mas de ensinar e aprender mediante as novas tecnologias. Refletimos sobre a necessidade da flexibilidade do currícu- lo no contexto da informatização. Bom Estudo! Unidade 2 Objetivos da Unidade Ao final desta unidade, você deverá ter condições de: ▪ Conhecer as novas formas de apren- der por meio das tecnologias. ▪ Refletir sobre a educação no novo contexto de aprendizagem. ▪ Refletir sobre o currículo na realidade tecnológica. Conteúdos da Unidade → A aprendizagem e a informática → O currículo escolar frente às inova- ções tecnológicas 39 2. A Aprendizagem e a Informática A educação e a escola que visam à forma-ção integral do indivíduo precisam cami- nhar juntamente com os avanços da sociedade moderna, procurando explorar todos os recursos que a informática oferece. Desconhecer o valor e a utilização do computador nas salas de aula pode comprometer o direcionamento no processo de ensino e aprendizagem, fragmentando a pró- pria construção do conhecimento, causando uma distância entre a real vivência do aluno. Pois, o ambiente sociocultu- ral do indivíduo atualmente é rodeado pela informática nas mais diversas situações do cotidiano. Ensinar deixa de ser o ato de transmitir in- formação e passa a ser o de criar ambientes de aprendizagem para que o aluno possa interagir com uma variedade de situações e problemas, auxiliando-o em sua interpretação para que consiga construir novos conhecimentos (VA- LENTE, 2005, p.24). A informática traz ricas contribuições no campo educacional porque viabiliza um ambiente al- tamente construtivo para a aprendizagem, uma vez que é uma ciência abrangente e dinâmica com apli- cações a todas as áreas do conhecimento, com usos ilimitados. Estas características são de suma impor- tância no campo do ensino para a formação da crian- 40 ça. As ferramentas virtuais disponíveis são de extre- ma valia no processo educacional, tanto das crianças quanto dos jovens. Ensinar é organizar situações de aprendi- zagem, criando condições que favoreçam a compreensão da complexidade do mundo, do contexto, do grupo, do ser humano e da própria identidade. Diz respeito a levantar ou incentivar a identificação de temas ou problemas de investigação, discutir sua im- portância, possibilitar a articulação entre diferentes pontos de vista, reconhecer distin- tos caminhos a seguir na busca de sua com- preensão ou solução, negociar redefinições,incentivar a busca de distintas fontes de in- formações ou fornecer informações relevan- tes, favorecer a elaboração de conteúdos e a formalização de conceitos que propiciem a aprendizagem significativa. Criar ambien- tes de aprendizagem com a presença da TIC significa utilizá-la para a representação, a articulação entre pensamentos, a realização de ações, o desenvolvimento de reflexões que questionam constantemente as ações e as sub- metem a uma avaliação contínua. (ALMEI- DA, 2005. p. 72). Dessa forma, não há como ignorar a presença 41 da Internet na vivência escolar do educando. O aluno hoje está envolvido pela realidade tecnológica, e esse contexto favorece a construção de uma dimensão cul- tural e social e amplia os conhecimentos através prin- cipalmente do computador. Portanto, a prática pedagógica realizada com o apoio do computador pode estimular o interesse e a motivação pela descoberta do conhecimento, pois a tec- nologia tem o papel de trazer inúmeros desafios e assim atrair a atenção da criança que é movida pelo aprender- -fazendo. As experiências com a informática despertam o prazer pela descoberta, e provocam mudanças de com- portamento no aluno, desenvolvendo capacidades lógicas e de raciocínio, com a rapidez e flexibilidade necessárias para a transformação desejada no campo educacional. Moran (2000) pode complementar essa ideia: O computador permite cada vez mais pesquisar, simular situações, testar conhecimentos especí- ficos, descobrir novos conceitos, lugar e idéias. Com a Internet pode-se modificar mais facil- mente a forma de ensinar e aprender. Procurar estabelecer uma relação de empatia com os alu- nos, procurando conhecer seus interesses, forma- ção e perspectivas para o futuro. É importante para o sucesso pedagógico a forma de relaciona- mento professor/aluno. Descobrir as competên- cias dos alunos motivá-los para aprender, para participar de aulapesquisa e para a tecnologia que será usada entre elas a Internet (p. 06). 42 A escola precisa se preparar no sentido de rees- truturar e reorganizar suas ações e equipe pedagógicas, para integrar as novas tecnologias nesse novo contexto de aprendizagem. Veremos a seguir de que forma a escola pode se adequar a essa cultura digital, com uma sugestão da Professora Léa Fagundes para a Revista Nova Escola, em que aponta sete passos importantes para essa integra- ção da escola aos meios tecnológicos: Informática: 7 passos para o futuro Ações simples para inserir a equipe e os alunos em uma verdadeira cultura virtual Que tal trocar a caneta e o papel pelo teclado na hora de elaborar a ata da reunião de planejamento, orga- nizar um espaço de formação tecnológica para os professo- res dentro do horário coletivo de trabalho ou incentivá-los a construir planilhas de acompanhamento do aprendiza- do dos alunos no computador? Essas ações podem quebrar a resistência da equi- pe e criar um ambiente favorável para desenvolver e fortalecer em sua escola o hábito de usar a informática nos processos do dia-a-dia. Os gestores podem e devem favorecer a utilização de novas mídias ao lançar mão de estratégias como essas. Léa Fagundes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lembra que antes de tudo é pre- ciso facilitar o acesso. “Alguns diretores impedem que o laboratório seja usado, com medo de os alunos danifica- rem os equipamentos. Elaborou uma lista de sete passos 43 que podem ajudar sua escola a tomar o rumo do futuro. 1. Colocar máquinas em uso Faça um levantamento dos recursos de que a esco- la dispõe. Relacione computadores, televisores, aparelhos de vídeo e DVD, máquinas fotográficas e de vídeo, gravadores de voz e microfones. Todos esses equipamentos são ferramen- tas de ensino. “Os recursos devem estar na mão de alunos e professores. Não dá para ter um controle autoritário do uso. Empregar novas mídias para favorecer a aprendizagem é fa- lar em processos de criação. Por isso, o ponto de partida é a liberdade de acesso”, destaca Lia Paraventi, coordenadora de informática educativa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. 2. Inserir no projeto pedagógico Na EMEF Pracinhas da FEB, na capital paulista, gestores e professores escolhem, nas reuniões de planeja- mento, as linguagens que serão usadas nos projetos. “Em 2008, trabalhamos a produção de um jornal no computa- dor, do texto à diagramação”, conta Paloma Fernandez, orientadora de Informática Educativa da escola. Os pro- fessores das disciplinas envolvidas se reuniram com ela no horário de trabalho coletivo para juntar conteúdo e tecno- logia. Em História, os alunos produziram notícias sobre a Revolução de 1930 e as guerras mundiais. Em Matemática, criaram um encarte com desafios de lógica, e em Ciências, reportagens sobre higiene e prevenção de doenças. Este ano, as turmas aprenderão a fazer audiovisuais. 3. Formar a equipe Se o mouse ainda é um objeto estranho para a equipe (ou só para você), promova um curso de capaci- 44 tação. Márcia Jubett, diretora da EMEF Marta Warten- berg, em Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre, mal sabia ligar o computador, mas isso não a impediu de in- formatizar a escola. “Criamos um espaço para a forma- ção dentro do horário coletivo de trabalho e passamos a discutir a montagem de projetos didáticos usando novas mídias.” A professora de informática repassa à equipe o que aprende em cursos oferecidos pelas secretarias muni- cipal e estadual. Outra ideia é incentivar os professores que já dominam as linguagens a compartilhar seus sabe- res com o grupo. 4. Mudar a gestão Escola que não tem pessoal suficiente para coor- denar o uso do laboratório de informática pode fazer um projeto com alunos monitores. “Isso ajuda no compro- metimento com as atividades”, analisa Márcia Padilha, coordenadora do Instituto para o Desenvolvimento e a Inovação Educativa, da Organização de Estados Ibero- -Americanos. O essencial é dar condições para que os es- tudantes entrem no laboratório nos horários em que não estão em aula (a escola e a sala de informática têm de estar abertas e em condições de uso), além de acompanhar o trabalho. Os equipamentos precisam de manutenção e atualização. Um bom caminho é definir regras de uso de sites e comunidades virtuais e gerir o acesso e a organiza- ção das atividades dentro e fora do laboratório. 5. Usar a tecnologia todo dia Substituir a correspondência em papel com os pais por e-mails personalizados, colocar os balancetes de gastos numa planilha digital, construir arquivos para o 45 acompanhamento das aprendizagens dos alunos ou criar uma comunidade virtual para compartilhar o resultado das reuniões de planejamento são exemplos de como a in- formática pode estar presente na gestão da escola. Na EE Professora Neuza Maria Nazatto de Carvalho, em Santa Bárbara do Oeste, a 130 quilômetros de São Paulo, a di- retora Sirlei Dantes adotou a digitalização das planilhas com as notas dos 850 alunos. “Para quebrar a resistência dos professores, fizemos um trabalho de formação mos- trando que a mudança facilitaria os processos. Hoje eles editam online esse material. Na direção, acrescentamos outros dados dos estudantes e enviamos por e-mail para a secretaria”, ensina a diretora. 6. Sair do laboratório Ter um espaço reservado para os computa- dores é importante, mas, com o tempo, o laboratório convencional pode se transformar num espaço de pro- dução multimídia com som e imagem. Ganha muito a escola que instala uma rede sem fio e cria ambientes de aprendizagem com computadores portáteis - para o uso dos alunos ou na formação dos professores. 7. Integrar a comunidade É importante criar redes de relacionamento e cooperação com o entorno. “Muitas vezes, a escola é o único lugar onde o aluno tem acesso à tecnologia. Por isso, ela precisa dar a ele os instrumentos para a socialização e inserção no mercado de trabalho”, afir- ma José Manuel Moran, pesquisador em Tecnologias da Educação da Universidadede São Paulo (USP). 46 Percebe-se que, mediante a sociedade atual, com uma escola informatizada, não pode mais ser alheia a re- alidade, devendo incorporar em sua rotina todas as con- dições para que a criança e o jovem tenham acesso aos meios tecnológicos como rescursos para o processo de aprendizagem, que só poderá ter bons resultados ao de- senvolverem habilidades com a informática, para respon- derem de maneira eficaz às solicitações e as exigências do mundo moderno. No entanto, para Valente: As questões técnicas e pedagógicas da informática na educação mostram que os grandes desafios des- sa área na combinação do técnico com o pedagó- gico e, essencialmente, na formação do professor para que ele saiba orientar e desafiar o aluno para que a atividade computacional contribua para a aquisição de novos conhecimentos (2005, p. 30). O preparo do professor deve envolver muito mais que a simples habilidade técnica ao utilizar as mul- timídias. Este precisa ter um bom domínio pedagógico ao criar condições para a construção do conhecimento sobre os aspectos computacionais, compreendendo as perspectivas educacionais com relação às diferentes apli- cações da tecnologia, e, de que forma, a mesma pode es- tar integrada à prática pedagógica. Proporcionando um aprendizado aliado às experiências reais do aluno, sempre atendendo às suas necessidades sem deixar de considerar os objetivos pedagógicos propostos. Valente (2005, p.30), 47 pode complementar: Nesse sentido, o desafio dessa formação é enor- me. Ela deve ser pensada na forma de um espiral crescente de aprendizagem, permitindo ao edu- cador adquirir simultaneamente habilidades e competências técnicas e pedagógicas. No entan- to, a preparação desse professor é fundamental para que a educação dê o salto de qualidade e deixe de ser baseada na transmissão da infor- mação para incorporar também aspectos da construção do conhecimento pelo aluno, usando para isso as tecnologias digitais, que estão cada vez mais presentes em nossa sociedade. Observamos que o ensinar e aprender hoje exige muito mais flexibilidade por parte do professor. Os mo- delos de conteúdos fixos já estão ficando ultrapassados, é preciso que os educadores busquem processos mais abertos de pesquisa e comunicação. São grandes os desa- fios do professor, pois é necessário aprender a equilibrar planejamento e criatividade, organização e adaptação a cada situação, aceitar os imprevistos e trabalhar com o inesperado, recriando novos caminhos de apren- dizagem. Nesse sentido, o currículo inclusive preci- sa ser revisto para superar um ensino ultrapassado e tradicional, para que se incorpore efetivamente as tecnologias nos espaços escolares. 48 1.2. O Currículo Escolar Frente às Inovações Tecnológicas As inovações tecnológicas implicam um “re- pensar a educação” em sua estrutura. As diretrizes e propostas curriculares, necessariamente, precisam es- tar articuladas com as possibilidades tecnológicas. É importante a integração de todas as tecnologias na aprendizagem do aluno: as telemáticas, audiovisuais, lúdicas, textuais e musicais. Atualmente, já se fala em webcurrículo. Ou seja, um currículo organizado mediante as tecnologias disponibilizadas. Para integrar as tecnologias de infor- mação e comunicação (TICs) não basta introduzir o computador na escola ou simplesmente disponibilizar materiais didáticos na Internet. É um processo muito mais complexo, quando se considera que a tecnologia digital pode ser desenvolvida em diferentes linguagens. De acordo com a especialista no uso das novas tecnologias em Educação, a Professora Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida (2010, p. 01) escla- rece o que é webcurrículo: É o currículo que se desenvolve por meio das tecnologias digitais de informação e co- municação, especialmente mediados pela Internet. Uma forma de trabalhá-lo é in- formatizar o ensino ao colocar o material didático na rede. Mas o webcurrículo vai, além disso: ele implica a incorporação das 49 principais características desse meio digital no desenvolvimento do currículo. Isto é, im- plica apropriar-se dessas tecnologias em prol da interação, do trabalho colaborativo e do protagonismo entre todas as pessoas para o desenvolvimento do currículo. É uma inte- gração entre o que está no documento pres- crito e previsto com uma intencionalidade de propiciar o aprendizado de conhecimentos científicos com base naquilo que o estudante já traz de sua experiência. O webcurrículo está a favor do projeto pedagógico. Não se trata mais da eventual tecnologia, mas de uma forma integrada com as atividades em sala de aula. Para enriquecer a discussão sobre a questão do currículo no contexto educativo, apresentamos na íntegra a entrevista da referida professora à Revista Nova Escola, em que traz considerações importantes para reflexão e complementação dos estudos. A Tecnologia Precisa Estar na Sala de Aula/Julho/2010 Maria Elizabeth de Almeida fala sobre tecnologia na sala de aula Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida alerta que o currículo escolar não pode continuar dissociado das novas possibilidades tecnológicas 50 Em um mundo cada vez mais globalizado, uti- lizar as novas tecnologias de forma integrada ao projeto pedagógico é uma maneira de se aproximar da geração que está nos bancos escolares. A opinião é de Maria Eliza- beth Bianconcini de Almeida, coordenadora e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Defensora do uso das Tecnologias de Infor- mação e Comunicação (TICs) em sala de aula, Beth Almeida faz uma ressalva: a tecnologia não é um en- feite e o professor precisa compreender em quais situ- ações ela efetivamente ajuda no aprendizado dos alu- nos. “Sempre pergunto aos que usam a tecnologia em alguma atividade: qual foi a contribuição? O que não poderia ser feito sem a tecnologia? Se ele não consegue identificar claramente, significa que não houve um ganho efetivo”, explica. Nesta entrevista para NOVA ESCOLA, a espe- cialista no uso de novas tecnologias em Educação, forma- ção docente e gestão falou sobre os problemas na formação inicial e continuada dos professores para o uso de TICs e de como integrá-las ao cotidiano escolar. O que é o webcurrículo? MARIA ELIZABETH: É o currículo que se desenvolve por meio das tecnologias digitais de infor- mação e comunicação, especialmente mediados pela internet. Uma forma de trabalhá-lo é informatizar o ensino ao colocar o material didático na rede. Mas o 51 webcurrículo vai além disso: ele implica a incorpo- ração das principais características desse meio digital no desenvolvimento do currículo. Isto é, implica apro- priar-se dessas tecnologias em prol da interação, do traba- lho colaborativo e do protagonismo entre todas as pessoas para o desenvolvimento do currículo. É uma integração entre o que está no documento prescrito e previsto com uma intencionalidade de propiciar o aprendizado de co- nhecimentos científicos com base naquilo que o estudante já traz de sua experiência. O webcurrículo está a favor do projeto pedagógico. Não se trata mais do uso eventual da tecnologia, mas de uma forma integrada com as ativida- des em sala de aula. O uso das TICs facilita o interesse dos alunos pelos conteúdos? MARIA ELIZABETH: Sim, pois estamos falan- do de diferentes tecnologias digitais, portanto de novas linguagens, que fazem parte do cotidiano dos alunos e das escolas. Esses estudantes já chegam com o pensamento estruturado pela forma de representação propiciada pelas novas tecnologias. Portanto, utilizá-las é se aproximar das gerações que hoje estão nos bancos das escolas. Como integrar efetivamente essas tecnologias ao currículo escolar e ao projeto pedagógico? MARIA ELIZABETH: A primeira coisa é ter 52 a tecnologia disponível. É por isso que não se obser- vam resultados tão favoráveis quando há apenas um laboratóriopara toda a escola. A tecnologia tem de estar na sala de aula, à mão no momento da neces- sidade. Pode ser um pequeno laboratório na sala ou um computador por aluno. Não estou falando exclusi- vamente de computador, mas de diversas tecnologias digitais. A ideia do computador como o único acesso às TICs é ultrapassada? MARIA ELIZABETH: Sem dúvida! Não que o laboratório não deva existir. Ele precisa estar na escola, mas passa a ser ressignificado. O laboratório é para uma atividade mais sofisticada, que exige recursos de uma re- configuração, digamos, mais pesada e atualizada. Essa tecnologia precisa estar à mão para a produção de conheci- mento dos alunos à medida que surja a necessidade. Isso pressupõe um alto investimento, incompatível com a infraestrutura de muitas escolas. MARIA ELIZABETH: O porcentual de alu- nos em escolas muito precárias é pequeno. Em termos de política pública, não há solução única. É preciso buscar ações diferenciadas. Há que superar esses desa- fios quase simultaneamente e trabalhar em duas fren- tes: recuperar atrasos, alguns bem antigos, e inserir essa nova geração na sociedade digital. 53 Os telefones celulares já são amplamente acessíveis e oferecem muitas possibilidades didáticas - o trabalho com fotos, filmagens, mensagens e mesmo com a inter- net -, mas a maioria das escolas prefere proibi-los. Não é uma atitude retrógrada? MARIA ELIZABETH: Vetar o uso não adianta nada porque o aluno vai levar e utilizar ali, embaixo da carteira. É preciso criar estratégias para que os celu- lares sejam incorporados, pois oferecem vários recursos e não custam nada à escola. A proibição só incentiva o uso escondido e a desatenção na dinâmica da aula. Ge- ralmente os estudantes, inclusive de escolas públicas, têm celular e o levam a todos os lugares. Ele é o instrumento mais usado pela população brasileira. Basta olhar as es- tatísticas. O que o webcurrículo prevê é o uso integrado da tecnologia. Os alunos, com seu celular, podem fazer o registro daquilo que encontram numa pesquisa de cam- po. Podem trabalhar textos e fotos e preparar pequenos documentários em vídeo. Isso precisa estar integrado ao conteúdo. E como enfrentar as questões éticas e desenvolver uma postura crítica em relação a essas mídias? MARIA ELIZABETH: Da mesma forma que nos preocupamos com essas questões em todos os cam- pos. A tecnologia não é uma exceção, até porque ela potencializa o trabalho com diversas mídias, com imagens e textos. Ela facilita a cópia, o plágio. Mas 54 não que isso não existisse antes. O bom é que, assim como simplifica a fraude, também facilita a detecção. E o que nos cabe como educadores? Cabe ajudar o alu- no a entender o que é ético para que ele possa se pau- tar por uma conduta adequada aos dias de hoje, mas baseado em princípios que sempre existiram. A única novidade é o meio. Temos bons exemplos de currículos que já incorporaram a tecnologia? MARIA ELIZABETH: Já temos várias iniciati- vas importantes no país, mas é preciso ter em mente que os resultados, em Educação, não vêm em um curto prazo. Os currículos estão se alterando hoje e a diferença será sentida daqui a algum tempo. Mas a hora da mudança é agora. As pesquisas conseguem demonstrar o impacto do uso das tecnologias no aprendizado dos alunos? MARIA ELIZABETH: É preciso trabalhar com a perspectiva de análise macro, pois ela é importantíssi- ma para ter a ideia do que acontece no todo. Entretanto, é necessário fazer estudos de casos específicos porque assim é possível identificar as inovações, aquilo que aparece de mudança, o que há de diferente. Para detectar os fatores que levaram à aprendizagem, é preciso acompanhar o aluno por algum tempo. Às vezes, ele demonstra um ren- dimento muito bom, mas isso é anterior e não necessaria- 55 mente está relacionado ao uso das TICs. É difícil pegar essas situações. Os xames nacionais e internacionais não são feitos para identificar esses aprendizados. Nós vive- mos uma situação paradoxal. Os sistemas de ensino estão preocupados em desenvolver os alunos para que eles te- nham autonomia para atuar em uma sociedade em cons- tante mudança. Mas o ritmo das escolas é o oposto disso. O que é preciso para que a tecnologia seja integrada ao currículo? MARIA ELIZABETH: O currículo da sala de aula não é apenas o prescrito. Ele se desenvolve do que emerge das experiências de alunos e professores, do diálogo entre eles. Nesse sentido, o uso das TICs pode auxiliar muito porque, quando é desenvolvido um currículo mediatizado, é feito o registro dos processos e com essa base é possível identificar qual foi o avanço do aluno, quais as suas dificuldades e como intervir para ajudá-lo. Isso é pouco aproveitado ainda. 56 57 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. Por que as propostas educacionais e os currí- culos devem proporcionar flexibilidade e criatividade nas práticas pedagógicas atualmente? 2. Em sua opinião, como seria criar ambientes de aprendizagens com a presença das TICs? 3. “Com a Internet pode-se modificar mais fa- cilmente a forma de ensinar e aprender” (MORAN, 2000, p. 06). Comente esta afirmação. 4. Aponte os sete passos para a adequação da escola às tecnologias, confome sugere a professora Léa Fagundes e comente objetivamente sobre cada um deles. 5. Esclareça o que é o webcurrículo.
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