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01 - NOZOE - NOVAIS (1986)

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FES – Aula do dia 13/10/2008 (segunda) 
Brasil: de Colônia a Império
Assuntos de hoje:
Portugal e as crises do séc. XVII e XVIII
D. João no Brasil: os tratados com a Inglaterra e a crise do antigo sistema colonial
Faltou falar sobre o primeiro assunto. O segundo tópico é o mais denso e importante do curso.
Texto de hoje: 
NOVAIS: as dimensões da independência.
NOVAIS: as aproximações: estudos de historia e historiografia (pagina 195-203)
Próximas aulas:
BUESCU. Analisa um inquérito passado pelo governador da Bahia antes da vinda de D Pedro, percebemos como as elites coloniais sentiam a dificuldade de ser uma área colonial.
PANTALEAO: a presença inglesa no Brasil. Vão discutir 3 tratados por volta de 1810.
FURTADO, capítulos 16 a 18. Gestação da economia cafeeira
COSTA: da introdução ao estudo da emancipação política do Brasil. Texto pelo ponto de vista de um historiador sobre a independência do Brasil
Encerrando a aula passada, vamos falar sobre tratado de Methuen, para reforçar Godinho. 
Godinho diverge de Furtado sobre que o desenvolvimento manufatureiro não foi morto pelo tratado de Methuen, mas já estava morto. Além disso, Methuen somente consagrou de fato o que já vinha ocorrendo: que o vinho do porto já era comercializado antes com a Inglaterra, e que o contrabando já introduzia os panos ingleses em Portugal.
Sobre o ouro brasileiro: marca o início de um novo ciclo comercial, juntamente com o Porto e da Madeira, e vazou para o exterior sob a forma de déficits comerciais e contrabando.
Ponto conflitante: efeito de Methuen sobre a manufatura portuguesa, posto que Furtado acompanha a mesma idéia de Simonsen de que o tratado foi catastrófico para a empresa manufatureira portuguesa.
Ponto comum: que o ouro provocou pouca mudança em Portugal.
Furtado complementou com a utilização também pelos religiosos do ouro e os gastos suntuosos da coroa.
Vale observar que as colocações do Jorge Macedo foram mais detalhadas, mas estão de acordo com Godinho. Reforça que a manufatura portuguesa não era industrial, mas rústica (pré-revolução industrial).
Hoje vamos tratar de:
A crise do sistema colonial
Sistema colonial da era mercantilista
Crise do sistema colonial
Implicações do escravismo sobre a economia e a sociedade colonial
Limite “natural” de crescimento do sistema
Setores de produção
Concentração de Y (renda)
Acumulação primitiva
Reduzido estímulo ao crescimento da economia de mercado (interno)
Colônias de povoamento (nova Inglaterra)
Considerações sobre o esquema interpretativo da crise
A percepção da crise pelos governantes lusitanos (como a sociedade portuguesa entendeu a crise?). Eles vão tentar segurar a água com as mãos, mas não conseguem segurar a crise.
O professor fez um esquema dizendo que a crise do sistema colonial teve inicio em 1776, dado pela independência dos EUA e que possuiu duas dimensões:
Estrutural (teórica) – dão a linha de força, a tendência.
Histórica (factual) - para entender o fato, apenas as estruturas não dão força (não explicam porque cada evento aconteceu justamente num determinado momento e não em outro)
Dimensões estruturais da crise:
O professor também define o sentido de Crise que estamos tratando. Não quer dizer que ocorre externamente a um conjunto sobre uma estrutura que funcionava perfeitamente. Para Novais a crise é endógena (de funcionamento). O sistema entrou em colapso é porque o sistema funcionou bem, ensejando o aparecimento outra realidade para a qual o sistema tornou-se um obstáculo. Mas não nega o que veio antes, você traz o elemento do velho reposicionado. Não devemos esperar o meteorito cair...
Novais parte de aproximações sucessivas até chegar no sentido “profundo” da colonização, o histórico para promover a acumulação, primitiva do capital. A terceira aproximação: instrumento da acumulação primitiva.
O papel das colônias no Antigo Regime:
No plano econômico: ponto de apoio para fomento da acumulação
No plano político: elemento de fortalecimento do poder central (formação dos estados nacionais absolutistas)
No plano social: aprofundamento da diferenciação social & ascensão da burguesia
O sistema colonial é a principal alavanca na gestação do capitalismo moderno, é através do sistema colonial que existe a acumulação de capital (concentração de recursos financeiros, bens de capital, bens de consumo). Indivíduos que vêem na riqueza possibilidade de criar mais valores, através do próprio patrimônio, condições necessárias para a Revolução Industrial, e ao estabelecimento do Capitalismo pleno (Industrial). Acumula-se na produção e não somente no comercio. Este torna-se somente uma fase do processo, não desaparece (não faria sentido). O comércio REALIZA o capital, perdendo sua forma física e assumindo sua forma financeira (uma que consegue se metamorfosear).
Mecanismos básicos do sistema colonial mercantilista:
Exclusivo comercial (somente metrópole compra x somente metrópole vende para colônia). Acaba-se em (1776 com a independência dos EUA)
Tráfico negreiro (burguesia única que tem acesso às fontes africanas) (Acaba em 1850)
Escravismo africano (Acaba em 1888)
Quando entrar a crise do sistema colonial, são justamente esses mecanismos que deverão desaparecer.
Crise do sistema: crise de funcionamento (endógena) e de superação.
A crise de funcionamento começa na colonização que quando funciona vem promovendo a acumulação primitiva na Europa e promove a sociedade capitalista (burguesia). Todavia para essa estrutura funcionar, a colonização precisa do escravismo na sociedade senhorial escravista. Pelos dois lados temos um confronto com os mecanismos básicos do sistema (os três mecanismos citados acima). Não houve necessidade do pleno desenvolvimento do capitalismo, ou seja, não seria necessário que a Revolução Industrial estivesse plenamente funcionando para que a estrutura colonialista entrasse em choque.
A revolução industrial é desencadeada por uma série de evoluções relacionadas à produção têxtil, que evoluem acoplando-se a máquina de vapor, e iniciada a partir de 1760 (larga escala). Na seqüência acontece a independência dos EUA (1776) e depois das independências das colônias espanholas e portuguesas. Depois vem a Revolução Francesa. Tudo culmina com Adam Smith e a Revolução Industrial. Temos revoluções ideológicas. Não exigiu-se que o capitalismo estivesse plenamente desenvolvimento. Tem gente que estuda a “primeira” revolução industrial, segunda, etc., mas somente a primeira onda foi necessária para colocar o sistema colonial em cheque.
O limite natural do crescimento: temos aqui uma crítica ao Caio Prado, que não tem o conceito de crise, nunca fala disso em sua obra. A colonização colonial escravista se baseia nas diferenças ambientais com a Europa, baseada em abundância de terra, pouco capital e baixo nível tecnológico, pouco produtivo, crescimento extensivo e predatório. Isso impõe um limite natural ao crescimento, cujo modelo teria esgotamento com seus recursos naturais (o que não se verificou).
Setores da produção: os setores produtivos são divididos pelo setor exportador com grandes unidades, trabalho escravo e com gêneros de consumo europeus (razão principal de ser da colonização). O setor de subsistência baseia-se em pequenas propriedades, trabalho independente, visando a permitir o funcionamento do setor exportador. O setor de subsistência ora está fora e ora está dentro do setor exportador. Pessoas que moram de favor nessas terras. Nos momentos de baixa nos preços de exportação, o setor de subsistência é internalizado. O roceiro fica mais pobre.
Concentração de Renda: O escravismo baseia-se no trabalhador direto não possuir renda própria (participa somente como objeto do comércio), levando a maior concentração de renda nas mãos da camada senhorial, permitindo a importação de gêneros europeus, com acumulação na metrópole. A exploração colonial implicou (e resultou da?) na exploração do trabalho escravo.
Produção escravista com ausência de progresso técnico: só é possível reduzir o custo é através da diminuição do custo de manutenção da forçade trabalho (economia de subsistência), não favorecendo o desenvolvimento de relações mercantis.
Acumulação primitiva: Agora no lado da metrópole, vemos que o início da acumulação primitiva acontece na fase da manufatura, quando a produção européia ainda não é fabril, ou seja, muito diferente da revolução industrial que traz aumento de produtividade e de produção, com especialização das atividades, separando o trabalhador da ferramenta de trabalho. A revolução industrial exige mais consumidores, mas as áreas coloniais têm somente uma pequena camada proprietária de escravos que torna-se insuficiente para comprar os produtos. Torna-se necessário transformar o escravo em consumidor, ou seja, a generalização das relações mercantis (trabalho assalariado).
Dimensões da crise:
Estrutural (teórica) – dão a linha de força, a tendência. O que está logo acima descrito é a dimensão estrutural
Histórica (factual) - para entender o fato, apenas as estruturas não dão força (porque cada coisa aconteceu em cada prazo). Veremos isso abaixo:
 
Dimensões históricas da crise:
A crise na dimensão histórica: a origem da colonização deveu-se a tensões políticas e religiosas provocadas pelo absolutismo inglês no séc XVII. Não teve uma organização voltada para abastecer o mercado europeu, (América de colonização), mas foram beneficiadas pelo setor exportador das Antilhas, pois abasteceram-nas. Ao fim da guerra dos sete anos (1763-contra a franca), a Inglaterra tenta enquadrar suas colônias no exclusivo colonial e daí surge a independência dos EUA (1776), dando-se inicio da crise do antigo regime (antes do limite natural). A crise aconteceu não porque a Inglaterra quis ser moderna, mas porque quis ser mercantilista. Foi uma força da necessidade.
O professor mostra um mapa mostrando a nova Inglaterra, Geórgia, Luisiana e Flórida, todos ao leste dos EUA.
Vale observar que a independência dos EUA inaugura uma nova forma de governo (república constitucional).
Política da Inglaterra após a independência dos EUA: esforça-se para romper o exclusivo comercial de outras metrópoles, comum a campanha contra o tráfico e o exclusivo metropolitano.
Aqui termina a explicação da dimensão histórica
Considerações interpretativas do autor para o uso do modelo da crise: (...) os mecanismos são estruturais e emprestam ritmo aos eventos. Vem a Crise, com conjunto de tendências políticas e econômicas que atuam no sentido de afrouxar ou destruir os laços de subordinação que prendiam as colônias às metrópoles. 
A crise do sistema colonial é uma parte da crise do Antigo Regime (superam-se todas as demais características explicadas em aula anterior do NOVAIS (planos políticos, etc.). No Centro, fim do absolutismo e nas áreas periféricas, o início da independência. 
Os governantes portugueses compreenderam essa crise tentando forçar o sistema colonial. Mas por terem fugido de Portugal, afrouxam os laços coloniais, mas tão logo quando possível tentam reforçá-lo. Tentando fazer defesa do patrimônio com devassas e repressões às inconfidências (mineira e pernambucana). Neutralidade externa e aproximação com a aliança inglesa. D João VI sofre pressão, mas tenta manter o exclusivo metropolitano.
Portugal não mudou suas idéias (atraso), enquanto a Europa evoluía para o iluminismo.

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