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Nozoe - abolição do trabalho escravo

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FES – Aula do dia 12/11/2008 (quarta)
Hoje:
Carvalho, a construção da ordem.
Prado Junior: A historia econômica do Brasil, caps. 15 (e 18 ainda não entra).
Próximas
Beiguelman, pequenos estudos, cap1 pagina 3-8.
Furtado, cap. 24
Furtado, caps22
Petrone – imigração assalariada, paginas 274-296.
Prado, historia econômica do Brasil, cap. (18?) e 19
Furtado – formação, 25ª 29
Tema da aula de hoje, os pádromos da abolição do trabalho escravo.
Objetivo principal de hoje é a Lei Eusébio de Queiroz de 1850 que acabou com o tráfico no atlântico (de Caio Prado). Carvalho trata da abolição do trafico e da lei do ventre livre, do sexagenário elei áurea.
A Formação do modelo do mercado de trabalho brasileiro passou por 2 processos simultâneos que foram a abolição do trabalho escravo, que é longo, iniciando-se em 81-0 e legalmente acabando em1888 (episodio marcante da supressão do trafico em 1850), e a imigração estrangeira, que vem na condição de livre, cujos marcos interessantes são 1849, com o Senador Vergueiro ensaiando no Brasil a introdução de imigrantes para a grande lavoura, em Limeira (para fins de colonização começou bem antes, como Nova Friburgo, periferia do RJ, etc.). São pessoas que não serão proprietárias e venderão sua força de trabalho para o produtor de café. Estudamos esse processo separadamente e mais para frente eles se interligam de forma mais intensa.
A abolição foi um processo gradual, cujos momentos marcantes foram:
Supressão do trafico internacional (1850). Suprime oferta. 
Lei do ventre-livre (1871), suprime oferta interna.
Lei áurea (1888). Suprime o escravismo
Existiram outras medidas que passarão fora daqui, cujas influencias são de menor grau que a acima.
Até 1870 o único tipo de trabalhador imaginado na grande lavoura era o escravo, cujo índice de mortalidade era muito alto e o crescimento vegetativo baixo, dependendo muito da oferta externa. A elite brasileira levaria o pais à guerra para manter o trafico internacional. Quais seriam as causas para adoção dessa medida? 
Fatores internos => Foco de Paula Beiguelman, não é o foco de Caio Prado
Fatores externos (fora da economia brasileira) => Caio Prado Jr. Associa com a emergência do capitalismo.
Nenhum dos dois negam que o outro existe, mas dizem que não são determinantes para o fim do trafico. Outros autores como Emilia Costa e FHC seguem o Caio Prado, que via a Inglaterra como a incorporação do capitalismo. No final da aula, o professor colocará o Jose Murilo de CARVALHO para mostrar que ele não se encaixa em nenhum dos dois fatores acima.
Segundo Caio Prado Jr., os escravos eram um terço da população brasileira no inicio do séc XIX e não participaram da disputa pela emancipação política (ao contrario do Haiti), com seu envolvimento visto com receio pelas demais camadas sociais (elites), sendo isso a principal causa da não supressão do escravismo na independência do Brasil. Por outro lado, Caio Prado chama a atenção pelo desinteresse do não envolvimento do escravo, devido ao próprio trafico, não conhecendo o escravo a língua do país e da situação brasileira, alem da rivalidade entre tribos, que são separadas propositalmente (pensamento de Maquiavel) para diminuir a possibilidade de revoltas. Mesmo assim, o escravismo se desmoraliza depois de 1822, mas era visto como um mal necessário, mas que desaparecimento seria inevitável, porem ainda continua depois da regência.
Continuação das Causas externas para extinção do trafico: as condições e vida e trabalho eram péssimas, alem de vários problemas sobre a formação de famílias de escravos (reprodução), logo qualquer golpe sobre o trafico repercute sobre a estabilidade da instituição escravista.
Por isso Caio Prado diz que a pressão deveria vir de fora (Inglaterra), porem justamente essa controla metade do trafico mundial ate metade do SEC XVIII. Após abolir o trafico em 1807, esta passa a pressionar outros países para fazer o mesmo (caio prado não explica o fim do trafico pela Inglaterra). Eric Willians explica isso melhor pelos fatores internos, devido à disputa pelo mercado açucareiro, com o preço do açúcar em baixa, e o lobby dos colonialistas era forte no parlamento inglês (fim da observação do professor). Com o tratado de 1810 , limita Portugal somente as regiões das quais se abastecia,sendo isso um argumento para a Inglaterra apresar e afundar embarcações alegando que qualquer navio seria ilícito. Em 1815 com um pagamento de300 mil libras, Portugal abre mão de todo trafico ao norte do equador na áfrica (norte=costa do marfim, sul= angola).
Pelas leis inglesas, qualquer escravo desembarcado no Brasil após 1831 seria livre,mas isso não se concretizou,criando-se o conceito de escravos “livres” que poderiam ser usados (rs rs). Os regentes não se empenham em aplicar essa lei, ou seja, se tem pouco efeito, somente encarecendo um pouco mais a atividade do trafico.
Ocorre uma resistência parlamentar no Brasil, pois os navios jogavam a prova de trafico no mar (os negros acorrentados), e a Inglaterra queria uma clausula de indicio de trafico.
Em 1845, a Inglaterra toma uma medida unilateral em 1845 – Bill Aberdeen, onde o trafico é ilegal, com julgamento tratado como pirataria pelo tribunal almirantado, autorizando o apresamento de qualquer embarcação suspeita. Essa medida foi também um pretexto para aprender os escravos e levar para as colônias inglesas que careciam de escravos. Ao todo, foram aprendidas e afundadas por volta 90 embarcações escravas.
Em 1850, foi aprovada a lei Eusébio de queiros, declarando a importação de escravos como crime de pirataria, passível de punição com pena corporal, multas e pagamento de despesas de reexportação para a áfrica. Essa lei pegou porque o crime era julgado no rio de janeiro em vez de ser aplicada localmente. Ela foi aprovada depois da captura e destruição de barcos brasileiros em cabo frio, para por fim às agressões, alem do comercio estar na mão de traficantes que eram seus credores, facilitando o “calote” do pagamento da divida. Vale observar que em 1850 tiveram 60.000 escravos no RJ por ano, numa época que ajudou a propiciar uma epidemia grande.
Paula Beiguelman (ligada à ciência política, e menos à economia): diz que a destruição do escravismo não foi função direta do capitalismo, cuja relação com o capitalismo era de indiferença, desde a queda da importância do escravo. Seu texto é muito parecido com o de Carvalho. Começa fazendo um resumo sobre o mercado açucareiro no momento, onde a posição da Inglaterra se explica pela disputa do mercado açucareiro antilhano (monopolista) que não interessava aos comerciantes, no fim do séc XVIII. Em 1846 o mercado de açúcar da Inglaterra é aberto às áreas que não são de suas colônias. Por suas colônias não terem mais escravos, pleiteiam que outras também não tenham o trafico de escravos, de forma a compensar as perdas.
Paula Beiguelman diz que a lei foi aprovada devido à convergência de interesses políticos de diferentes áreas escravistas e sem disputa político partidária. 
No NO (Norte) tinha-se a pecuária, muita MO e com valorização do estoque de escravos.
No NE, o açúcar esta decadente, cheio de MO e com valorização também do estoque, como meio de saldar suas dividas.
No Centro-Sul, existem 2 áreas cafeeiras como o vale do Paraíba que também estão abastecidos de MO, e as áreas novas que não tem MO vêem oportunidade de utilizar outro tipo de mão de obra.
A distribuição regional dos escravos no censo de 1872 diz que tudo que esta acima do espírito santo (norte) possui 39% dos escravos, e o sul 50%.
Falando de Jose Murilo de Carvalho: a abolição foi um conjunto de políticas publicas que levou ao fim da escravidão. Como cientista político ele quer analisar a relação entre o governo e a classe dos proprietários. Seu método é a ciência política através do modelo de escolha estratégica, utilizado toda vez que um país precisa fazer uma reforma importante ou toda vez que pais esta dividido, polarizado. O primeiro desses modelos foi o de Alberto Hirschamn (1960) – reforming-mongering. Trata-se de estratégiade coalizão/aliança adotada por lideres na aprovação de reformas, de forma catastrofista, prevendo a merda que vai ocorrer se as elites não se unirem. Precisa-se identificar os atores-chaves nas seguintes categorias: reformadores, conversadores, revolucionários, etc.
A importância dos fatores externos foi:
1850 – Determinante
1871- Fantasiado (distribuição regional dos escravos) – estratégia catastrofista acima
1888 – nulo (pressão interna)
Carvalho não se filia a nenhuma corrente historiográficas conhecidas:
Nem a doação
Nem a conquista
Nem a passividade dos escravos
Com relação à adesão dos grandes proprietários ao trabalho livre, segue que nenhuma dessas adesões têm relação a uma postura MODERNA dos proprietários, e sim uma incapacidade de resistir:
Não se baseou em sua produtividade (dos escravos)
Se era economicamente compensadora
Se a opção ante a certeza do fim inevitável da escravidão
Esses fatores foram uma crítica ao FHC que vê os fazendeiros de Ribeirão Preto como uma modernidade... rs
A ação da coroa foi permanente em todos os episódios, cuja ação foi contraria aos interesses dos grupos dominantes, e não chega a construir uma nova base de poder. Com isso a monarquia brasileira passa por uma perda de legitimidade, com o fim do regime (1889).
A ação da coroa (poder moderador) foi permanente em todos os episódios, em 1871 com a interferência na relação senhores-escravos inicia-se o divorcio entre o rei e os barões, em 1885 aprofunda-se a separação.
(por hoje é só, mas não acabou).

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