Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ME Direito Administrativo – Administração Pública Estrutura e organização da Administração Pública brasileira; O primeiro setor são os órgãos e entidades da administração pública. Eles atuam e influenciam a economia com o objetivo de garantir os interesses da coletividade. No Brasil, figura a forma federativa de governo, a qual caracteriza-se pela descentralização de poder, tanto administrativa, como política. Os membros do Estado brasileiro são a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal. Logicamente, não há total independência entre tais entes, pois a própria Constituição Federal prevê a repartição de competências consistente na atribuição a cada ordenamento de uma matéria que lhe seja própria. Vista a organização do Estado federado, é crucial abordar a forma como este exerce o seu poder, a qual dá início ao entendimento da sua organização administrativa. O sistema adotado é o da tripartição do Poder, o que resulta na separação do Estado em três poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário – independentes e harmônicos entre si. Assim, não há relação de hierarquia ou dependência entre estes três poderes, mas sim uma fiscalização mútua entre todos, para que nenhum se exceda em suas atribuições ou exerça seus poderes de forma exacerbada. A administração pública é formada por entidades políticas e entidades administrativas. Estas, são as pessoas jurídicas que integram a administração pública sem dispor de autonomia política, compondo a administração indireta. Outrossim, é importante ressaltar que as competências da entidade administrativa estão determinadas na lei que a criou e, também, que esta não é subordinada a quem a criou, há apenas uma vinculação. Aquelas, são pessoas jurídicas de direito público interno, que no Brasil são: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. As entidades políticas possuem como característica principal a autonomia política, ou seja, tem capacidade de auto-organização e de legislar. Ademais, possuem administração pública direta. A Administração Pública Direta: entes e características centrais; A administração pública direta, corresponde à prestação dos serviços públicos diretamente pelo próprio Estado e seus órgãos, é o próprio ente da federação, com toda a sua máquina estatal. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios -todos pessoas jurídicas de direito público-, fazem parte da estrutura federativa brasileira. Chama-se centralizada a atividade exercida diretamente pelos entes estatais, ou seja, pela Administração Direita. Esse tipo de administração é composto de órgãos públicos que estão diretamente ligados ao chefe do Poder Executivo – no caso do Brasil, país presidencialista, ao Presidente da República. Assim, temos como exemplos os ministérios, suas secretarias, coordenadorias e departamentos, órgãos que não possuem personalidade jurídica própria, nem, por conseguinte, CNPJ. A criação desses órgãos dá-se por um processo chamado de desconcentração, o qual consiste em uma divisão interna. Por exemplo, se a Administração nota que determinado órgão está sobrecarregado e, por isso, está desorganizado, ela pode criar um novo órgão, desconcentrando uma ou mais tarefas do antigo, por meio do que está previsto na Constituição Federal, art. 48, XI. Os servidores públicos lotados na Administração direta são selecionados por meio de concurso público e possuem vínculo estatutário junto ao Estado, o que significa que não são contratados sob as regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), mas sim de acordo com estatuto próprio. A Administração Pública Indireta: entes e características relevantes; O poder público pode repassar seus serviços a outras pessoas jurídicas, sejam elas de direito público ou de direito privado. Desta forma, a administração pública indireta é composta por entidades que, mediante descentralização de competências do governo, foram criadas para desempenhar papéis nos mais variados setores da sociedade e prestar serviços à população. Tais entidades possuem personalidade jurídica própria, ou seja, CNPJ, e, muitas vezes, possuem também recursos próprios, provenientes de atividades que geram receitas. Destarte, como já frisado, a estrutura da Administração Indireta abriga tanto pessoas jurídicas de direito público, quanto pessoas jurídicas de direito privado. Quando o Estado cria pessoas jurídicas de direito público, estas acabam por ter quase todas as características da Administração Direta. Ao passo que, quando são criadas pessoas privadas pelo Estado, busca-se uma maior agilidade e liberdade de ação que a proporcionada pela Administração Direta. Todavia, como há interesses públicos, essas pessoas nunca serão regidas totalmente pelo Direito Privado, diz-se, então, que aplica-se o Direito Privado derrogado pelo Direito Público. Portanto, essas entidades terão os meios necessários para atuar livremente na esfera privada (art. 173, § 1, II), porém, deverão se submeter em parte ao regime administrativo, para que se garanta que sejam atingidos os fins para quais foi criada. A criação das entidades da Administração Indireta dá-se por meio de um processo de descentralização (art. 37, XIX e XX, da CF), o qual cria uma nova pessoa jurídica, mediante lei. A descentralização pode ser outorgada ou delegada. A primeira acontece quando o serviço é repassado pela lei, que inclui a titularidade e a execução, tendo caráter definitivo enquanto nova lei não alterar essa situação. Já a segunda consiste na transferência, somente, da execução do serviço, seja por contrato (concessão), seja por ato (permissão e autorização) unilateral da Administração Pública, tendo, como regra, termo final previamente previsto. OBS: desconcentração ≠ descentralização As entidades que fazem parte da Administração Indireta estão previstas no Decreto-lei n° 200/67. São elas: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas (Incluídas pela Lei nº 7.596, de 1987). •Autarquia: O Decreto-lei n° 200/67, em seu art. 5º, I, definiu autarquia como “... O serviço autônomo, criado por lei, como personalidade jurídica, patrimônio e receitas próprias, para executar atividades típicas da Administração Pública, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.” A autarquia é criada por lei de iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo e sua principal diferença perante os entes políticos da administração direta é a falta de capacidade de fazer suas próprias leis, ou seja, a capacidade política, limitando-se à autoadministração, nos limites impostos pela lei. Tem-se como exemplos o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). •Empresas públicas: Já as empresas públicas foram definidas pelo DL 200/67 como “... Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo do Estado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.” Os Correios e a Caixa Econômica Federal são exemplos famosos de empresas públicas. •Sociedades de Economia Mista: Essa definição também foi dada pelo DL nº 200/67, em seu art. 6º: “... Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima”. Divergem das empresas públicas quanto ao capital, admitindo participação de capital privado junto ao do Poder Público; quanto sua forma e, enquanto as empresas públicas tem foros diferentes e podem ser civis ou comerciais, as sociedades de economia mista têm como foro sempre a Justiça Estadual e são sempre comerciais. São exemplos o Banco do Brasil e a Petrobras. •Fundações Públicas: Pela definição mais clássica, fundação pública é um patrimôniopersonalizado, sem fins lucrativos, destinado a um fim específico. O patrimônio pode ser todo público ou não, sua personalidade jurídica, pública ou privada, será definida em lei, suas atribuições são estatais na área social, tem capacidade de autoadministração e está sujeita à tutela, ou controle, estatal. Contudo, a natureza jurídica das fundações gera divergência na doutrina, pois parte nega a possiblidade de a mesma ter natureza pública e parte admite tanto a natureza pública quanto a privada. Há ainda quem sustente que é uma espécie do gênero autarquia. Tem-se como importastes exemplos a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entes paraestatais e o Terceiro Setor Entidades paraestatais são pessoas jurídicas privadas, sem finalidade lucrativa, que realizam ações de interesse estatais, mas que podem ser desempenhados por pessoa física, por iniciativa própria. Conforme o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, de 1995, os serviços públicos que não precisam ser prestados de forma exclusiva pelo Estado podem ser prestados pelo terceiro setor. A essa mudança dá-se o nome de Publicização dos Serviços Públicos não Exclusivos do Estado. Como exemplo de entidades que atuam no terceiro setor tem-se os Serviços Sociais Autônomos, como o SESC e o SENAI; as Organizações Sociais, como ocorre com pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos que atua na área de educação e celebra com o poder público Contrato de Gestão e as Entidades de Apoio, como no caso das fundações que apoiam universidades federais em projetos de pesquisa. Portanto, percebe-se que a atuação dos estes paraestatais acontece, principalmente, na educação, na cultura, na saúde e na preservação do meio ambiente. Há uma divisão desse setor em dois grupos: Serviços Sociais Autônomos vinculados a entidades sindicais (Sistema S) e Serviços Sociais Autônomos. O primeiro grupo dedica-se a atividades privadas de interesse coletivo cuja execução não é atribuída de maneira privativa ao Estado; atuam em regime de mera colaboração com o poder público; possuem patrimônio e receitas próprios, constituídos, majoritariamente, pelo produto das contribuições compulsórias que a própria lei de criação institui em seu favor e possuem a prerrogativa de autogerir seus recursos, inclusive no que se refere à elaboração de seus orçamentos, ao estabelecimento de prioridades e à definição de seus quadros de cargos e salários, segundo orientação política própria, patrocinados basicamente por recursos recolhidos do próprio setor produtivo beneficiado. Além disso, a contratação de pessoal não está submetida a concurso público e essas entidades estão sujeitas, formalmente, apenas ao controle finalístico, pelo Tribunal de Contas, da aplicação dos recursos recebidos. Enquanto o segundo grupo, é formado por entidades criadas pós Constituição de 88 e que tem como características: criação autorizada por lei e implementada pelo Poder Executivo, não por entidades sindicais; não se destinam a prover prestações sociais ou de formação profissional a determinadas categorias de trabalhadores, mas a atuar na prestação de assistência qualificada e na promoção de políticas públicas de desenvolvimento setoriais; são financiadas, majoritariamente, por dotações orçamentárias consignadas no orçamento do ente que as cria; estão obrigadas a gerir seus recursos de acordo com os critérios, metas e objetivos estabelecidos em contrato de gestão cujos termos são definidos pelo próprio ente que as cria e submetem-se à supervisão do Poder Executivo quanto à gestão de seus recursos. Millena Rodrigues Oliveira – N01
Compartilhar