6 DENÚNCIA PROCESSO

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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PICOS
Rua Cel. Joaquim Balduíno nº 180, Fórum Gov. Helvídio, bairro Bomba, Picos (PI),
CEP 64.601-352, fone: (89) 3422.1141.
EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA 5ª VARA DE
PICOS 
Processo nº 0000045-66.2019.8.18.0032
Inquérito Policial nº 001.106/2018 – 2º DP - PICOS
 O Ministério Público do Estado do Piauí, através de seu
Promotor de Justiça in fine assinado, no uso de atribuições legais, com o devido
respeito, vem à presença de Vossa Excelência oferecer denúncia, pelos fatos e
fundamentos seguintes, contra:
1º- FRANCISCO SALES SOUSA, vulgo “TITO” ou “GORDO” ou “SALES”,
brasileiro, natural de Picos, nascido em 17/11/1968, RG nº 1.055.535 SSP/PI, CPF nº
393.882.043-87, casado, filho de Luzia Sousa Araújo e José Rabelo de Araújo, residente e
domiciliado à rua José Carlos Pereira, nº 168, Bairro São José, Picos-PI; 
2º- RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA, vulgo “DOUTOR”, brasileiro, casado,
natural de Santa Cruz do Piauí-PI, nascido em 17/01/1977, RG sob o n° 1.987.275 SSP/PI,
chapeiro, filho de João Acelino da Silva e Maria Raimunda da Conceição, residente e
domiciliado à rua José Carlos Pereira s/nº, bairro São José, Picos-PI;
3º - SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS, brasileira, natural de Picos-PI, nascida em
15/09/1992, RG sob o nº 2.933.565 SSP/PI, CPF nº 056.079.393-67, autônoma, filha de
Marineide Lucas de Almeida e Edson Alves Medeiros, residente e domiciliada à rua José
Carlos Pereira s/nº, bairro São José, Picos-PI; 
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4º- ANTÔNIO WESLEY DE SOUSA, brasileiro, natural de Picos-PI, nascido em
01/11/1982, RG nº 2.329.531, CPF nº 994.774.163-04, filho de José Francisco de Sousa e
Maria Isabel de Sousa, residente e domiciliado à Avenida Airton Sena, nº 185, Umari, Picos-
PI;
5º- LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, brasileira, natural de Picos-PI, nascida em
08/10/1986, CPF nº 022.559.803-55, casada, lavradora, filha de Maria Luzia Pereira de
Sousa, residente e domiciliada à rua José Carlos Pereira, nº 274, bairro Umari, Picos (PI);
6º - GEILSON DIAS DE SOUSA, de alcunha “GG”, brasileiro, em união estável, natural
de Picos-PI, nascido em 19/01/2000, RG sob o n° 4.542.245 SSP/PI, CPF n° 087.864.953-
05, servente de pedreiro, filho de Cicera Maria Dias e José Evaldo de Sousa, residente à rua
Bela Vista n° 344, bairro São Vicente, Picos-PI.
7º – JOSÉ EDSON NASCIMENTO SILVA, brasileiro, natural de São João dos Patos-MA,
nascido em 23/06/1968, casado, mototaxista, CPF nº 462.833.153-72, filho de Francisca
Maria do Nascimento Silva, residente e domiciliado à Avenida Deputada Francisca
Trindade, nº 1454, bairro Morada do Sol, Picos-PI;
8º- BRENDA CÉSAR DO NASCIMENTO EVANGELISTA, brasileira, nascida em
08/08/1994, CPF nº 562.712.739-20, filha de Raabe César do Nascimento, residente e
domiciliada à rua Vereador Antônio da Luz, nº 522, bairro Morada do Sol, Picos-PI;
9º- MARINEZ LUCAS DE ALMEIDA SOUSA, brasileira, natural de Picos-PI, nascida
em 29/09/1971, CPF nº 397.894.623-87, comerciante, casada, filha de Rosa Maria de Jesus
Almeida e Manoel Lucas de Almeida, residente à rua José Carlos Pereira, nº 168, bairro São
José, Picos (PI);
10º- JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO, vulgo “VELHINHO”, brasileiro, natural de
Oeiras-PI, nascido em 22/12/1966, CPF nº 147.796.078-33, em união estável, ajudante de
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pedreiro, filho de Francisca Jovita da Conceição, residente e domiciliado à rua José Carlos
Pereira, nº 57, bairro São José, Picos-PI;
11º- TERESA REGINA MARIA DA SILVA, brasileira, natural de Santa Cruz do Piauí-PI,
nascida em 13/03/1978, casada, diarista, CPF nº 012.144.483-05, filha de Teresa Maria da
Silva, residente e domiciliada à Rua Perimetral, bairro Aerolândia, Picos -PI;
12º- SINARA FRANCISCA LEAL, brasileira, natural de Itainópolis-PI, nascida em
25/04/1985, solteira, dona de casa, CPF nº 048.804.953-95, filha de Francisca Antônia Leal,
residente e domiciliada à residência Antonieta Araújo, quadra 87, Bloco B, Apto 101, bairro
Belo Norte, Picos-PI;
13º- EDILBERTO LUCAS DE ALMEIDA, vulgo “BITA”, brasileiro, natural de Picos-PI,
nascido em 16/04/1976, CPF nº 061.213.283-80, em união estável, autônomo, filho de Rosa
Maria de Jesus Almeida, residente e domiciliado à rua José Carlos Pereira, nº 474, bairro São
José, Picos-PI.
1. Extrai-se dos autos que, no período compreendido entre
fevereiro e julho de 2018, na cidade de Picos, FRANCISCO SALES DE SOUSA
adquiriu, vendeu, ofereceu e forneceu drogas, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, bem como comandou uma organização
criminosa com os demais denunciados voltada para a aquisição e venda de drogas, e
custeou e financiou a prática do crime previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006.
2. No mesmo período, restou demonstrado que os demais
indiciados, RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA, SAYONARA DE
ALMEIDA MEDEIROS, ANTÔNIO WESLEY DE SOUSA, LUZINEIDE DE SOUSA
ALMEIDA, GEILSON DIAS DE SOUSA, JOSÉ EDSON NASCIMENTO SILVA,
BRENDA CÉSAR DO NASCIMENTO EVANGELISTA, MARINEZ LUCAS DE
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ALMEIDA SOUSA, JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO, TERESA REGINA MARIA DA
SILVA, SINARA FRANCISCA LEAL e EDILBERTO LUCAS DE ALMEIDA,
integraram pessoalmente a referida organização criminosa comandada por
FRANCISCO SALES DE SOUSA.
3. Além do delito acima, verificou-se que RAIMUNDO
NONATO JOÃO DA SILVA, SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS,
ANTÔNIO WESLEY DE SOUSA, LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, JOSÉ EDSON
NASCIMENTO SILVA, BRENDA CÉSAR DO NASCIMENTO EVANGELISTA,
MARINEZ LUCAS DE ALMEIDA SOUSA, TERESA REGINA MARIA DA SILVA,
SINARA FRANCISCA LEAL e EDILBERTO LUCAS DE ALMEIDA adquiriram,
venderam, ofereceram, guardaram e trouxeram consigo drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar.
4. Por sua vez, RAIMUNDO NONATOJOÃO DA SILVA e
SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS custearam e financiaram a prática do
crime de tráfico de drogas, previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/06.
DAS INVESTIGAÇÕES
5. Consta dos autos inquisitórios, que em 08 de março de 2016, o
Delegado de Polícia de Picos baixou portaria com fito de averiguar o envolvimento
de FRANCISCO SALES SOUSA (1º denunciado) com o tráfico de drogas nesta
cidade, tendo em vista os depoimentos de Robson Wilson de Sousa, Francinete
Fernandes de Araújo Brito e Alderilson Pedro da Silva (fls. 5 a 14). 
6. De início, foi determinada a expedição de ordem de missão
policial (fl. 16), a qual consignou que “SALES” ostenta longa ficha criminal
relacionada a tráfico de drogas e comanda um organizado grupo criminoso para
promover o tráfico de drogas, a exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro,
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formado por MARINEZ LUCAS DE ALMEIDA SOUSA, RAIMUNDO NONATO
JOÃO DA SILVA, SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS, GEILSON DIAS DE
SOUSA, dentre outros (fls. 17/27).
7. Em razão do grau de organização do grupo criminoso e para
aprofundar as investigações, a autoridade policial requereu à autoridade judiciária a
interceptação telefônica dos supostos envolvidos, com o intuito de colher provas
cabais. Deferido o pedido, iniciou-se a operação “NARCÓTICO”, onde os acusados
foram interceptados entre fevereiro e julho de 2018. Ao final, foi elaborado o auto
circunstanciado NI-VALE DO GUARIBAS/2018, o qual transcreveu todas as
conversas relevantes para identificar os envolvidos com tráfico e especificou a
função de cada um.
8. Durante o decurso da operação, foram realizadas as prisões em
flagrante de “DOUTOR”, SAYONARA e GEILSON, por estarem em posse de
quantidade significativa de entorpecentes em invólucros prontos para distribuição
(proc. nº 0000959-67.2018.8.18.0032), além de Flávio Nunes da Costa (proc. nº
0000611-49.2018.8.18.0032), Marcelino Joaquim de Andrade (proc. nº 0001464-
58.2018.8.18.0032) e JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO (proc. nº 0001587-
56.2018.8.18.0032).
9. Outrossim, a equipe de investigação realizou diligências em
forma de campana na rua José Carlos Pereira, no decorrer do mês de julho de 2018,
ocasião em que observou e fotografou a atividade criminosa do grupo, além da
grande movimentação de pessoas, motos e carros (inclusive de luxo), em frente à
residência de “SALES”, “DOUTOR”, SAYONARA e “VELHINHO”, conforme
relatório de coleta de informação (fls. 85/97 e mídia de fl. 98).
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10. Em 13/12/2018, ao ser deflagrada operação policial, foi dado
cumprimento ao mandado de prisão em desfavor PRIMEIRO DENUNCIADO no
momento em que ele saía de seu veículo Hillux SW4, placa PIP-9186. Dentro do
automóvel, foram encontrados resíduos de substância entorpecente, cujo laudo
pericial nº CP 02/2019 apontou se tratar de cocaína. Além disso, foi apreendida em
seu poder a quantia de R$ 6.755,00 (seis mil, setecentos e cinquenta e cinco reais).
 INVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA DOS DENUNCIADOS 
11. F R A N C I S C O S A L E S S O U S A , v u l g o
“SALES/TITO/GORDO” : contra ele pesam as interceptações telefônicas que dão
conta que ele é o líder e chefe da organização criminosa voltada para o tráfico de
entorpecentes em Picos/PI, além de ser o responsável pelo seu financiamento.
O telefone interceptado nº (89)98818-1768 confirmou ser do
indiciado quando ele se identificou como “SALES”, durante uma ligação realizada
para o DETRAN, conforme verificamos no áudio de fls. 380/381. Posteriormente, é
possível identificar, em uma conversa interceptada, SALES ao fundo, dizendo: “na
casa de uma pessoa ali, eu tenho doze só dessa 'secona'”, (fls. 381/382). 
Vários áudios foram extraídos das escutas telefônicas, e é
possível perceber o PRIMEIRO DENUNCIADO questionando acerca da qualidade
da droga com clientes (fls. 381). Embora o indiciado se policiasse para não falar algo
comprometedor, foi possível captar áudios do telefone celular antes de iniciar a
chamada propriamente dita, onde ele especificou o nome de um dos entorpecentes
que comercializava (fls. 387/388):
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SALES AO FUNDO: “NÃO EXISTE UMA COCAÍNA IGUAL A ESSA
AÍ NÃO, VIU NEGUINHO. AÍ AGORA É DE ARREBENTAR O
(INAUDÍVEL)”
A posição que SALES ocupa na organização criminosa é
apontada quando um homem não identificado utiliza o terminal telefônico dele e o
aponta como “CHEFE DE PICOS”, no áudio (fl. 388):
RONY: ALÔ
HNI: OI
RONY: EI RONY, TÁ EM CASA?
HNI: RAPAZ, EU TÔ AQUI, ESSE CELULAR AQUI É DO HOMEM,
DO CHEFE, CHEFE AQUI DE PICOS, SABEM QUEM É? DR SALES.
RONY: ANRAM
(…)
Durante o período em que esteve interceptado, foram extraídas
conversas entre SALES e DOUTOR, onde eles falavam sobre a venda de drogas,
sobre clientes enviados por SALES para “DOUTOR” (fls. 383 a 384, 386, 414 a 417)
e, até mesmo, sobre o dinheiro que SAYONARA estava juntando para pagar a um
dos fornecedores da organização (fls. 385), além de falarem sobre grandes quantias
de dinheiro oriundo do comércio de substâncias ilícitas, ocasião em que DOUTOR
presta contas a SALES (fls. 409 a 411), conforme infere-se dos seguintes áudios:
(...)
SALES: TU DEVE TER VENDIDO UNS 150 “REAL”?
DOUTOR: NÃO, VENDI 7, 7MIL.
SALES: RAPAZ, VENDEU 7 MIL DE DURA?
DOUTOR:NÃO, EU VENDI 6, EIXA EU VER, ELA TROUXE DOIS,
FOI 6 DE DURA E VENDI MIL E SET...DEIXA EU VER FOI 1060 DE
BRANCA.
SALES: E FOI?
DOUTOR: E 6 MIL DE DURA, 6 MIL... INAUDÍVEL...
SALES: FOI MESMO, POIS ENTÃO FOI BOM.
DOUTOR: FOI PORRA, EU DEI O DINHEIRO DO DURO A ELA, PRA
ELA LEVAR “PRAÍ” E EU TÔ COM O DINHEIRO DO BRANCO, 1060
EU... INAUDÍVEL...
SALES: EU TÔ ENTENDENDO.
(...)
DOUTOR: AÍ 4:30 EU VOU QUE É PRA CARREGAR...
SALES: O MEU DINHEIRO TU PODE RASGAR, NÃO PRECISA
TRAZER PRA MIM NÃO.
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DOUTOR: “RISOS”, RAPAZ, GORDO, BICHO NÃO TÁ COM O
JUÍZO CERTO NÃO, TU É DOIDO BICHO?
SALES: TÔ NÃO, O MEU TU RASGA, AÍ TRAZ OS PEDACINHOS
TUDO PARTIDO NO MEIO E DÁ A MARINEZ OS PARTIDO NO
MEIO QUE PRA ELA DIZER , E O QUE ISSO AQUI? AÍ FOI SALES
QUE MANDOU RASGAR O DINHEIRO E DÁ SÓ OS PEDACINHOS A
TU. 
(...)
 Ademais, áudios apontam que o PRIMEIRO DENUNCIADO
oferecia drogas para DOUTOR revender, referindo-se à maconha pelo termo de
“chá” à cocaína pelo termo de “farinha” (fls. 411 e 412), além de cobrar dinheiro
sempre que precisava pagar seus fornecedores (fls. 412 a 414, 417 e 418), como
também para despesas pessoais, quando ordenou a DOUTOR que o avisasse quando
“entrasse dinheiro”, porque precisaria para sua esposa MARINÊS e seu filho (fls.
419 e 420).
Importante frisar, que o PRIMEIRO DENUNCIADO é
mencionado constantemente por “DOUTOR” e SAYONARA durante suas
interceptações. Em áudios extraídos, verifica-se que, entre eles, há conversas
referentes a SALES no que diz respeito ao tráfico de drogas. Em tais escutas, eles
comentam sobre a reclamação dele por não estar entrando dinheiro (fls. 438/439),
além de falarem a respeito de pagamentos a fornecedores, incluindo o de SALES. (fl.
441) e da ordem recebida por ele para o avisar quando dinheiro entrasse (fl. 445).
No áudio seguinte, é confirmada a traficância e liderança exercida por SALES, junto
a DOUTOR e SAYONARA (fl. 455):
(...)
DOUTOR: O GORDO (SALES) MANDOU ZÉ DA MACUMBA
PEGAR DOIS E MEIO DO AMARELO, MAS É MELHOR ZÉ VOLTAR
AÍ, E VOCÊ ENTREGA AÍ A ZÉ E VOCÊ COBRA A ELE, PORQUE SE
EU ENTREGAR AQUI, ELE NÃO PAGA.
SAYONARA: MAS AQUI NÃO TEM NÃO. SINARA NÃO VEIO.
DOUTOR: NÃO, MAS EU VOU ENTREGAR AQUI AÍ...
SAYONARA: PODE ENTREGAR AÍ, DEIXE COMIGO.
(...)
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Ademais, outros áudios entre DOUTOR e SAYONARA
demonstram a participação de SALES, quando ele é citado como responsável por
marcar com o fornecedor de drogas (fls. 467/468), ou quando aquele sugere à
TERCEIRA DENUNCIADA que pegue drogas com SALES, caso acabe (fl. 486):
(...)
DOUTOR: Ó DEIXA EU TE DIZER.
SAYONARA: HAN?
DOUTOR: TU PEGA... O GORDO NUM TÁ AÍ?
SAYONARA: TÁ NÃO.
DOUTOR: OU TU PEDE AO “NEGUIM”, AÍ TU PEGA CEM
GRAMAS, TU TIRA CEM LÁ DA DELE AÍ PESA.
SAYONARA: DOIDO É OUTRO DE MEXER NAS COISAS DELE.
DOUTOR: SE ELE CHEGAR AÍ TU PEGA COM ELE CEM AÍ
DESPACHA ELE, TÁ BOM. TCHAU.
SAYONARA: TCHAU.
Importante frisar, que durante a operação, DOUTOR e
SAYONARA foram presos em flagrante com grande quantidade de crack e cocaína
em 31/07/2018. À sua vez, SALES foi preso em cumprimento de mandado de prisão
quando saía de seu veículo Hillux SW4, placa PIP-9186, em 13/12/2018. Dentro do
automóvel, foram encontrados resíduos de substância entorpecente, cujo laudo
pericial nº CP 02/2019 apontou se tratar de cocaína. Além disso, foi apreendida em
seu poder a quantia de R$ 6.755,00 (seis mil, setecentos e cinquenta e cinco reais).
As condutas acima apontam que o réu incidiu nas penas dos
crimes de COMANDO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, par. 3º, da Lei
12.850/2003), TRÁFICO DE DROGAS E FINANCIAMENTO PARA O TRÁFICO
(art. 33 e 36 da Lei nº 11.340/06).
12. RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA, vulgo
“DOUTOR”: é apontado como responsável pelo comércio e fornecimento de grande
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quantidade de drogas, além de liderança importante na organização criminosa,
arrecadando os valores do tráfico e repassando a SALES.
As escutas telefônicas indicaram que o SEGUNDO
DENUNCIADO mantinha contato frequente com SALES para falar a respeito da
comercialização das drogas (maconha, cocaína e crack), da quantidade que estava à
venda e da arrecadação de dinheiro oriunda do tráfico. Ademais, DOUTOR prestava
contas a SALES do dinheiro obtido e enviava para este quando ele pedia, para pagar
os fornecedores de drogas ou para adquirir mais entorpecentes, conforme infere-se
dos áudios constantes às fls. 382 a 386, 409 a 420). 
Durante as interceptações, ficou clara a intensa traficância
exercida por “DOUTOR”. Nesse viés, foram extraídos áudios nos quais vários
compradores de drogas entravam em contato com ele com o objetivo de adquirir
drogas (maconha, cocaína e crack). Ademais, ele negociava a venda do
entorpecentes, o preço, local de entrega e realizava cobrança a “pequenos”
traficantes. Em certas negociações, são oferecidas ao SEGUNDO DENUNCIADO
arma de fogo, motocicletas e celulares, em troca das substâncias ilícitas ou para
saldar dívidas (fls. 390 a 408).
A variedade de drogas comercializada é percebida em diversos
áudios. Geralmente, eram utilizados codinomes referentes à cor da droga, como
“verde” para maconha e “amarelo” ou “abacaxi” para crack e “branco” para cocaína.
Ademais, restou apurado que o grupo movimentava grandes quantias de dinheiro e
comercializava grandes quantidades de entorpecentes, como podemos verificar do
áudio 7697234 (07/03/2018, às 19:02), onde é encomendado a DOUTOR mil reais
em drogas (maconha):
DOUTOR: OI.
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HNI 8442: TU TÁ AÍ CIMA TÚ?
DOUTOR: TÔ.
HNI 8442: EI TEM COMO EU DAR UMA PASSADA AÍ UMAS OITO
HORAS DA NOITE PARA TU AJEITAR UM PEDAÇO DE MIL
REAL PARA MIM? MIL,MIL CONTOS, UM PEDAÇO DE MIL?
DOUTOR: PODE VIM, EU TÔ AQUI EM CIMA.
(...)
O SEGUNDO DENUNCIADO também mantinha intenso
contato com sua companheira SAYONARA para falar sobre a venda de
entorpecentes, pagamento aos fornecedores, sobre qualidade das drogas e quantias de
dinheiro oriundas do tráfico, além de discutirem sobre os carregamentos de
entorpecentes que chegavam (fls. 420 a 430, 433 a 445) e do local onde estavam
armazenados (fls. 447 a 451). A sua posição é nítida na organização à medida em que
também mantinha contato com SINARA (responsável por estocar e comercializar
drogas para o grupo – fls. 454), com BRENDA (intermediadora para a compra de
drogas com os fornecedores – fls. 461 a 463), com sua esposa REGINA (orientando-
a caso apareçam usuários para comprar drogas e afirmando sobre os carregamentos
de drogas que chegavam – fls. 464 e 465), além de recrutar GEILSON para
transportar e buscar drogas entre as casas dele e de SAYONARA (fls. 465/466 e
486).
Importante frisar que, na fase final de interceptação, áudios
capturados apontaram acerca de um carregamento de drogas que estava para chegar
(crack e cocaína), recebido por BRENDA e que seria repassado a “DOUTOR” e
SAYONARA (fl. 488). Importante frisar, que um dia após (31/07/2018), durante a
operação NARCÓTICO, o SEGUNDO DENUNCIADO foi preso em flagrante
juntamente com SAYONARA e GEILSON, com grande quantidade de cocaína e
crack, gerando o processo nº 0000959-67.2018.8.18.0032, cujas cópias estão
anexadas às fls. 47 a 84.
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Logo, as condutas acima apontam que RAIMUNDO
NONATO JOÃO DA SILVA (DOUTOR) praticou os crimes de ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA (art. 2º da Lei 12.850/2003), e FINANCIAMENTO PARA O
TRÁFICO (art. 33 e 36 da Lei nº 11.340/06).
13. SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS: comercializava
grande quantidade de drogas (maconha, crack e cocaína), sendo uma liderança
importante na organização criminosa juntamente com seu companheiro,
“DOUTOR”, à medida em que arrecadava os valores correspondentes ao tráfico e
repassava ao seu tio e chefe da organização, SALES.
 A participação de SAYONARA é verificada em diversos
áudios onde mantém contato intenso com DOUTOR para falar acerca da
comercialização de drogas, do dinheiro oriundo do tráfico, sobre carregamento de
drogas que estaria chegando e também sobre o pagamento a fornecedores (fls. 409,
421, 422 a 430). Ademais, resta demonstrada sua participação ativa na organização e
sua posição importante no grupo, à medida em que tomava a frente nas negociações
com fornecedores , arrecadava dinheiro, encomendava drogas e comercializava
entorpecentes a usuários (fls. 434 a 438 a 439): 
(...)
DOUTOR: OI?
SAYONARA: CADÊ O BRANCO?
DOUTOR: PEDE BEM AÍ À MENINA, À SINARA, QUE EU JÁ TÔ
DESCENDO MAS EU VOU PASSAR BEM AQUI, EU TÔ DESCENDO
MAS VOU PASSAR BEM AQUI, VER SE O MENINO AJEITA O
PEZINHO DA MOTO, AÍ MINHA FILHA PEGA BEM AÍ EM SINARA. 
 
No áudio seguinte, SAYONARA alerta DOUTOR e SALES
sobre um drone sobrevoando a região (fl. 439):
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SAYONARA: EI, “CHO” DIZER: FICA LIGEIRO QUE TEM DOIS
DRONES. UM TÁ EM CIMA DO PRÉDIO AQUI EM FRENTE, DA
ESQUINA E O OUTRO DEU PARA O RUMO DAÍ.
DOUTOR: FOI?
SAYONARA: TÁ PARADO, EM CIMA. 
(...)
DOUTOR: TÁ BOM, MAS PODE DEIXAR QUE EU JÁ TÔ LIGADO.
TEM UM AÍ PERTINHO É?
SAYONARA: EM FRENTE, AQUI NO PRÉDIO, EM CIMA, POUSOU.
(…)
DOUTOR: EI “CHO” DIZER: TU AVISOU JÁ “PRO” GORDO
(SALES)?
SAYONARA: ANREM, ELE TÁ SABENDO JÁ. 
DOUTOR: AÍ, A OUTRA VIZINHA LÁ?
SAYONARA: ELA JÁ VAI TIRAR OS NEGÓCIOS (DROGAS).
Outros áudios apontam que DOUTOR também entrava em
contato com SAYONARA para que ela pesasse drogas (cocaína) para entregar a
compradores ou para que lhe enviasse entorpecentes que estavam em sua residência
(maconha) (fls. 440). Em outra conversa, é possível verificar que ela arrecadava e
efetuava o pagamento aos fornecedores de drogas, inclusive a SALES, conforme se
extrai do seguinte áudio (fl. 441):
DOUTOR: COMEÇOU A FICAR BOM AQUI.
SAYONARA: FOI? POIS É, O MENINO DISSE PARA DEPOSITAR 15
AMANHÃ, SEM FALTA.
DOUTOR: POIS VAI DAR É CERTO, TEM 10 AÍ? 
SAYONARA: TEM.
DOUTOR: AH, ENTÃO VAI DAR É CERTO.
SAYONARA: MAS TEM QUE DAR AO MENOS 5 A ADALMIR E
ALGUMA COISA A TITO (SALES).
DOUTOR: É? TU NÃO TÁ VENDENDO AÍ NÃO?
SAYONARA: NÃO, AQUI O POVO NÃO VEM MAIS NÃO, DIA DE
DOMINGO NÃO VEM, SÓ VEM PEDIR BICHO! NAM.
(...)
As conversas entre eles mantiveram intensas, sempre falando
sobre grandes quantidades de drogas, sobre carregamentos que estavam chegando,
grandes quantias em dinheiro e estocagem da droga (fls. 441 a 445, 447 a 451, 465 a
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474). Também era possível verificar que SAYONARA possuía drogas em sua
residência e recebia de DOUTOR quando acabavam.
Além de DOUTOR, a TERCEIRA DENUNCIADA manteve
contato com outros indiciados, como NEIDE e ANTÔNIO, mandando que eles lhe
trouxessem as drogas que estavam na residência do casal (fls. 451 e 452) e com
BRENDA, que intermediava a compra de drogas com fornecedores. Nos áudios
contantes às fls. 488 a 491, as duas articulavam o recebimento de uma grande
quantidade de entorpecentes. Na ocasião, SAYONARA chega a reclamar que o
combinado era receber 5 (cinco) quilogramas, mas recebeu apenas 3 (três).
Como dito anteriormente, em 31/07/2018, durante a fase final
da operação NARCÓTICO, a TERCEIRA DENUNCIADA foi presa em flagrante
juntamente DOUTOR e GEILSON, com grande quantidade de cocaína e crack,
gerando o processo nº 0000959-67.2018.8.18.0032, cujas cópias estão anexadas às
fls. 47 a 84.
Frise-se, por oportuno, que ouvida em sede policial, a acusada
confessou a prática do delito de tráfico de drogas e disse que foi convencida por seu
companheiro, DOUTOR, a participar da prática do crime. Ressaltou que quando se
referia ao termo “chá” nas ligaçõesinterceptadas, referia-se à maconha e que
realmente negociava entorpecentes com a indiciada BRENDA (fl. 342).
Com as condutas acima, SAYONARA ALMEIDA
MEDEIROS incidiu nas penas do crime de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art.
2º da Lei 12.850/2003) e FINANCIAMENTO PARA O TRÁFICO (art. 33 e 36
da Lei nº 11.340/06).
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14. BRENDA CÉSAR DO NASCIMENTO : fornece grande
quantidade de droga (maconha, cocaína e crack) para a organização criminosa e
realiza intensa negociação com os demais indiciados. 
Os áudios capturados demonstram que ela intermediava a
comercialização dos entorpecentes entre um fornecedor e os compradores
(SAYONARA e DOUTOR), recebendo a droga e repassando a eles (fls. 461 a 463).
Há conversas dela com DOUTOR cobrando o dinheiro da droga que ele estava
devendo e, não ocasião, afirmando que SAYONARA entregou 6 (seis) mil reais e
teria ficado ficou devendo 4 (quatro) mil (fl. 462). 
Em outro, SAYONARA e DOUTOR falam sobre a ligação
recebida de BRENDA cobrando o dinheiro dos entorpecentes, confirmando assim
que ela era a intermediadora da compra e venda das drogas. Na mesma conversa,
DOUTOR afirma que “não tem medo de ameaça e que no mundo do crime é pela
ordem, e que se o fornecedor não aguentar esperar, que saia do 'ramo'” (fl. 466).
A participação da indiciada é verificada em outros diversos
áudios (fls. 489 a 491), quando DOUTOR e SAYONARA falam sobre um
carregamento de drogas (crack e cocaína) que está para chegar e foi recebido por
BRENDA, além de conversas entre SAYONARA e a indiciada sobre o recebimento
de uma grande quantidade de entorpecentes, ocasião em que a TERCEIRA
DENUNCIADA reclama que o combinado era 5kg (cinco quilogramas) de drogas,
mas só mandaram 3kg (três quilogramas). Como também, em uma conversa entre
DOUTOR e BRENDA acerca da qualidade da droga, onde ele afirma: “MEU
CHEGA ESTALA QUANDO TU BATE ASSIM, CHEGA ABRE DE UMA VEZ.
NÃO É DAQUELES QUE TU PEGA E ESFARELA NA MÃO NÃO” (fl. 490).
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As condutas acima apontam que a indiciada incidiu nas penas
dos crimes de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº
12.850/2013) e TRÁFICO DE DROGAS ( art. 33 da Lei 11.343/06).
15. JOSÉ EDSON DO NASCIMENTO SILVA: distribuía a
droga para a organização criminosa. Sua participação é verificada em diversos
áudios, a saber quando SAYONARA fala com NEIDE e ANTÔNIO WESLEY sobre
as drogas que estão na residência do casal, ao tempo em afirma que EDSON
(mototaxista) irá buscá-las (fls. 451 e 452), como também no seguinte diálogo entre
EDSON e DOUTOR, em 30/072018, às 15:44 (fl. 483):
DOUTOR: (AO FUNDO) “LEVA RAPAZ! 120? NÃO DÁ CERTO
NÃO, EU PEGO A 130. Ó, SÓ VAI PURA PORQUÊ EU PEGO O
QUILO FECHADO, SE TU PEGAR EM QUALQUER UM AÍ
(INAUDÍVEL), PERGUNTE A SAYONARA, UM QUILO FECHADO.
200 GRAMAS...”
EDSON: OI.
DOUTOR: TU TÁ AÍ NO PONTO?
EDSON: É.
DOUTOR: POIS EU VOU MANDAR O MENINO TE ENTREGAR UNS
NEGÓCIOS (DROGAS) AÍ, AÍ TU DEIXA LÁ EM CIMA (CASA DE
DOUTOR). VIU?
EDSON: TRANQUILO.
DOUTOR: POIS PRONTO, POIS ELE VAI TE ENTREGAR AÍ, NÃO
SAIA DAÍ QUE ELE VAI JÁ TE ENTREGAR VIU.
EDSON: TÁ BOM, BELEZA.
Em um novo diálogo, DOUTOR manda EDSON is atrás da
pessoa conhecida como Bruno (recém egresso do sistema prisional) e da esposa de
Amauri, para irem até ele porque a droga já estaria pronta (fls. 484 e 485). Ademais,
as escutas apontaram que SALES também entrava em contato, por diversas vezes
com o SÉTIMO DENUNCIADO, demonstrando assim que ele participava
ativamente e tinha um papel definido na organização criminosa voltada para o tráfico
de drogas.
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Logo, o réu incidiu nas penas do nas penas dos crimes de
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013) e
TRÁFICO DE DROGAS ( art. 33 da Lei 11.343/06).
16. GEILSON DIAS DIAS DE SOUSA, vulgo “GG”: era o
responsável por distribuir, transportar e comercializar a droga para a organização
criminosa.
Tal fato foi verificado durante as interceptações telefônicas
onde “DOUTOR” afirmava que mandaria GEILSON buscar cocaína na casa de
SAYONARA (fls. 441 e 465), bem como na ocasião em que o mandava levar drogas
para a casa dela (fls. 485). 
Ressalte-se, ainda, que alguns dias após a captura dos áudios,
GEILSON foi preso em flagrante juntamente com SAYONARA e DOUTOR,
durante operação realizada em 31/07/2018. Na ocasião, foi encontrada em posse
deles, grande quantidade de crack e cocaína, razão pela qual foram autuados em
flagrante e denunciados pelo crimes previstos nos arts. 33, caput, 34 e 35 da Lei nº
11.343/06 (processo nº 0000959-67.2018.8.18.0032).
Em seu interrogatório, o réu afirmou que não é usuário de
drogas, mas que tinha conhecimento de que DOUTOR traficava. Apesar de admitir
que costumava transportar sacolas a pedido dele e de SAYONARA, afirmou o que
tinha dentro (fl. 347).
Logo, as condutas acima indicam que o indiciado incidiu nas
penas do crime de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº
12.850/2013) e TRÁFICO DE DROGAS ( art. 33 da Lei 11.343/06)
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(e-STJ Fl.455)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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17. MARINEZ LUCAS DE ALMEIDASOUSA: coordena a
traficância juntamente com seu esposo, SALES (PRIMEIRO DENUNCIADO).
Contra ela, pesa o áudio 7700198, às fls. 387, onde a
DENUNCIADA diz que “Neguinho” “catou” tudo e chama atenção de uma pessoa
dizendo que não pode deixar muita quantidade de droga em um único local e na
mesma rua (onde reside com seu marido).
A conduta da ré aponta que ela praticou os crimes de
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013) e
TRÁFICO DE DROGAS ( art. 33 da Lei 11.343/06).
18. TERESA REGINA MARIA DA SILVA: é esposa do
SEGUNDO DENUNCIADO e coordena a traficância juntamente com ele. É
responsável por intermediar a comercialização de entorpecentes quando os
compradores vão até sua residência em busca de drogas.
Contra ela pesam áudios de seu marido, DOUTOR,
repassando-lhe instruções caso chegasse alguma pessoa querendo comprar drogas na
residência do casal, para que o aguardasse (fls. 464), bem como informando-lhe
sobre um novo carregamento de drogas que chegou (fls. 465). Neste último áudio,
DOUTOR fala com a indiciada dizendo que o fornecedor ligou e disse que as
“motinhas” haviam chegado. A palavra “motinhas” é usada referindo-se às drogas,
fato que foi constatado quando, em um outo áudio, ele afirmou ao seu filho que
estava com as “motos” dentro das calças. 
Com as condutas acima, a indiciada praticou os crimes de
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013) e
TRÁFICO DE DROGAS ( art. 33 da Lei 11.343/06).
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(e-STJ Fl.456)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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19. LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, vulgo “NEIDE”: era
responsável por guardar grande quantidade de drogas em sua residência para a
organização criminosa. Tal fato, verifica-se às fls. 451, quando SAYONARA
questiona a NEIDE sobre ANTÔNIO, mandando que ele lhe trouxesse a droga que
estava na residência do casal. É possível verificar que ela participa ativamente da
atividade criminosa, uma vez que sabia detalhes de como a droga estava
acondicionada.
Logo, a ré incidiu nas penas nas penas dos crimes de
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013) e
TRÁFICO DE DROGAS ( art. 33 da Lei 11.343/06).
20. ANTÔNIO WESLEY DE SOUSA: Juntamente com sua
companheira NEIDE, utilizava a residência do casal para guardar grande quantidade
de drogas para a organização criminosa. Tal fato pode ser verificado no áudio entre
SAYONARA e ANTÔNIO, onde este falava como acondicionou a droga e mandou
por EDSON, ressaltando que, qualquer coisa, levaria pessoalmente mais drogas (fls.
452).
As condutas acima apontam que o acusado incidiu nas penas
dos crimes de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº
12.850/2013) e TRÁFICO DE DROGAS ( art. 33 da Lei 11.343/06).
21. J O S É P E R E I R A D E B R I T O N E T O , v u l g o ,
“VELHINHO”: guardava e comercializava drogas para a organização comandada
por SALES. Diversos áudios pesam contra ele, demonstrando que participava da
organização criminosa voltada para o tráfico de drogas.
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(e-STJ Fl.457)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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Verifica-se em diversos áudios a negociação de venda de
drogas (cocaína e maconha) praticada por JOSÉ PEREIRA, às pessoas identificadas
como Zélia, Assis e Daiane, conforme infere-se dos áudios constantes às fls. 453 e
455 a 457. 
(...)
ASSIS: EU VOU MANDAR DAYANE IR AÍ, TU AJEITA UMA DE 20
AÍ PARA MIM? DAQUI PARA DAR CINCO HORAS? 20 REAIS?
VELHINHO: DE QUANTO?
ASSIS:VINTE. TU AJEITA?
VELHINHO: UMA DE 20?
ASSIS:É PRA MIM, EU E DAYANE... VOU MANDAR DAYANE IR AÍ
PEGAR.
VELHINHO: TÁ BOM, TÁ BOM.
ASSIS:AÍ CINCO HORAS EU TE DOU.
VELHINHO: AÍ COM O QUE TU FICOU DEVENDO FAZ TRINTA
NÉ?
ASSIS: É.
VELHINHO: MAS TEM QUE VIM HOJE. PORQUE AQUI NÃO É
MINHA NÃO, É DO MENINO AQUI QUE EU TÔ VENDENDO, É DO
FILHO DE SALES. 
ASSIS: EU SEI, CINCO HORAS PODE ESTAR SEM MEDO.
VELHINHO: PORQUE TU SABE NÉ.
ASSIS: ANTES DE CINCO HORAS EU VOU AÍ.
VELHINHO: POIS É, PORQUE AQUI É DO MENINO DE SALES,
MANDOU EU APURAR PARA ELE, AÍ TEM QUE FALAR COM ELE,
VIU?
(...)
Não obstante a traficância exercida pelo DENUNCIADO, o
seguinte áudio aponta que JOSÉ PEREIRA se identificava como “o VELHINHO que
trabalha para SALES” (fl. 458):
(...)
VELHINHO: ALÔ.
HNI: QUEM TÁ FALANDO?
VELHINHO: QUEM TÁ FALANDO É O VELHINHO.
HNI: QUEM?
VELHINHO: O VELHINHO QUE TRABALHA COM SALES AQUI,
QUEM TÁ LIGANDO?
(…)
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(e-STJ Fl.458)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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A atuação em conjunto de JOSÉ PEREIRA com os demais
indiciados (RAIMUNDO NONATO, SAYONARA, BRENDA E SALES) é
verificado em outros diversos áudios, a saber:
• áudio 7937342: quando DOUTOR liga para o terminal de VELHINHO e fala
com uma mulher não identificada (provavelmente parente do
DENUNCIADO) pedindo que ela arrumasse meio quilo de “verde”
(maconha) (fls. 459/460);
• áudio 7938895: quando DOUTOR liga para o celular de VELHINHO para
falar com SAYONARA. Na ocasião, falam sobre a troca de motocicletas em
drogas (fls. 460/461);
• áudio 7941982: quando DOUTOR liga para VELHINHO com a intenção de
falar com SALES (fl. 461). 
Ressalte-se, por oportuno, a despeito dos fatos narrados, que
durante a operação que culminou com o cumprimento de mandado de prisão e de
busca e apreensão em desfavor de JOSÉ PEREIRA, foram encontradas em sua
residência 16 (dezesseis) trouxas de substância análoga à cocaína, o que ocasionou o
oferecimento de denúncia pelo crime de tráfico de drogas nos autos do processo nº
0001587-56.2018.8.18.0032.
Não obstante os indícios de autoria e materialidade delitiva, em
sede policial, o acusado confessou que vendeu entorpecentes na sua residência no dia
em que foi preso em flagrante (13/12/2018). Ademais, disse que “olhava” o comércio
de SALES e que costumava emprestar seu telefone para este, SAYONARA e
Matusalém (fl. 357).
Sendo assim, o réu incidiu nas penas dos crimes de
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013).
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22. SINARA FRANCISCA LEAL: estocava e comercializada as
substâncias ilícitas dentro da organização. Contra ela pesam diversos áudios que
demonstram que a casa da DENUNCIADA era utilizada para estocar droga e como
ponto de comercialização das substâncias ilícitas (fls. 408/409). Tais fatos são
confirmados em outros áudios, como em uma conversa entre DOUTOR e SINARA,
quando ele lhe indaga se SAYONARA pegou “alguma coisa” na casa dela (fl. 420).
A participação dela fica bastante clara no seguinte áudio (fls.
435/436):
(...)
DOUTOR: O MENINO VAI BEM AÍ, TU ENTREGA PARA ELE O
NEGÓCIO AÍ.
SAYONARA: HUM.
DOUTOR: TU PEGA AÍ, “CHO” DIZER BEM AQUI. TU DEIXA SÓ 50
AÍ, TU MANDA 20...TEM 75 E MEIA, TU MANDA 22 AÍ DEIXA SÓ
50 AÍ, VIU? DO BRANCO.
SAYONARA: AH. PEGAR ALI É?
DOUTOR: É, TÁ LÁ EM SINARA.
SAYONARA: MANDA 22?
DOUTOR: É 22, TU MANDA, TORA NUM PEDAÇO SÓ, AÍ É
AQUELE NEGUINHO QUE GOSTA DE ANDAR “MAIS” DANDÃO.
SAYONARA: HUM.
DOUTOR: TU ENTREGA A ELE, QUE ELE VAI PEGAR AÍ E VAI
TRAZER PARA CÁ.
SAYONARA (AO FUNDO): SINARA, VENHA AQUI.
DOUTOR: AÍ TU TORA TU MESMO, TU MANDA ELA LEVAR
“PRAÍ” E TU TORA TU MESMO, PRA TU BATER ASSIM ASSIM
PARA LASCAR, VIU?
SAYONARA: AH, POIS TÁ BOM.
DOUTOR: (AO FUNDO) EI PODE IR LÁ.
SAYONARA: (AO FUNDO) EI O “COISA” DE DOUTOR, O BRANCO,
TÁ LÁ EM TUA CASA TÁ?
DOUTOR: POIS ELE TÁ INDO AÍ, TU ENTREGA A ELE VIU?
SAYONARA: (AO FUNDO) NÃO, O PEDAÇO GRANDE, POIS TRAZ
LÁ, E BALANÇA PARA MIM TIRAR BEM AQUI. POIS TÁ BOM.
Tal fato é reforçado por outros diversos áudios oriundos das
escutas telefônicas, que apontam SINARA como participante da organização
criminosa e do tráfico de drogas, a saber, quando “DOUTOR” e SINARA falam
acerca de drogas que estavam guardadas na casa de SINARA (fls. 444/445 e
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447/448), bem como quando a DENUNCIADA utiliza o terminal de “VELHINHO”
para falar com “DOUTOR”, ocasião em que este lhe orienta a mandar os
compradores (de drogas) voltarem mais tarde, já que não tem (fls. 454).
Com as condutas acima, a acusada incidiu nas penas dos
crimes de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013)
e TRÁFICO DE DROGAS ( art. 33 da Lei 11.343/06).
23. EDILBERTO LUCAS DE ALMEIDA, vulgo “BITA”: é
companheiro de SINARA e apontado, juntamente com ela, como responsável por
guardar e comercializar as drogas na residência do casal para a organização
criminosa.
Contra ele pesam as interceptações telefônicas que apontam
uma conversa entre SAYONARA e DOUTOR acerca de uma briga ocorrida entre
“BITA” e sua companheira SINARA. Na ocasião, SAYONARA afirma que teve que
chamar SALES para tirar as “coisas” rapidamente com medo de “os homens”
(policiais) chegarem ao local (fl. 424). Ademais, como demonstrado anteriormente, a
residência do casal era utilizada para estocar drogas e como comercialização de
entorpecentes, com atuação ativa de SINARA, que entrava em contato frequente com
DOUTOR e SAYONARA. 
Lo go , o r éu i nc i d i u na s pe na s d os c r i m es de
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013) e
TRÁFICO DE DROGAS ( art. 33 da Lei 11.343/06).
24. Os indícios de autoria e materialidade delitiva são fornecidos
pelo auto circunstanciado Vale do Guaribas, operação Narcótico, pelas cópias dos
autos de prisão em flagrante de SAYONARA LMEIDA, RAIMUNDO NONATO,
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GEILSON, JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO, FLÁVIO NUNES DA COSTA e
MARCELINO JOAQUIM DE ANDRADE, pelos Relatórios de Missão Policial, pelo
Laudo Pericial nº CP 02/2019, pelo termo de apresentação e apreensão (fl. 258) e
Relatório de Inteligência nº 012/NOINT – GAECO/2018.
25. Ante o exposto, DENUNCIA-SE, a Vossa Excelência,
FRANCISCO SALES DE SOUSA, já qualificado nos autos, pela prática dos crimes
tipificados no art. 2º, par. 3º, da Lei 12.850/2003 ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, e
art. 33 e 36 da Lei nº 11.340/06 TRÁFICO DE DROGAS E FINANCIAMENTO
PARA O TRÁFICO; ANTÔNIO WESLEY DE SOUSA, LUZINEIDE DE SOUSA
ALMEIDA, GEILSON DIAS DE SOUSA, JOSÉ EDSON NASCIMENTO SILVA,
BRENDA CÉSAR DO NASCIMENTO EVANGELISTA, MARINEZ LUCAS DE
ALMEIDA SOUSA, JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO, TERESA REGINA MARIA
DA SILVA, SINARA FRANCISCA LEAL e EDILBERTO LUCAS DE ALMEIDA, já
qualificados nos autos, pela prática dos crimes tipificados no art. 2º, caput, da Lei nº
12.850/2013 ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA e art. 33 da Lei 11.343/06 TRÁFICO
DE DROGAS e RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA e SAYONARA DE
ALMEIDA MEDEIROS, já qualificados nos autos, pela prática dos crimes
tipificados nos art. 2º da Lei 12.850/2003 ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA e art. 33 e
36 da Lei nº 11.340/06 TRÁFICO DE DROGAS e FINANCIAMENTO PARA O
TRÁFICO, requerendo a Vossa Excelência que, na forma do disposto no art. 55 e
seguintes, da Lei nº 11.343/06, se digne de ordenar a notificação dos acusados para
oferecerem defesas prévias, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, após o que, seja
recebida a vertente denúncia , com a determinação de que os réus sejam citados para
a audiência de instrução e julgamento, em que serão interrogados, ouvindo-se, ainda,
as testemunhas in fine arroladas, prosseguindo-se até o final com a prolação da
sentença final condenatória. 
Rol de testemunhas:
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PICOS
Rua Cel. Joaquim Balduíno nº 180, Fórum Gov. Helvídio, bairro Bomba, Picos (PI),
CEP 64.601-352,fone: (89) 3422.1141.
1 - Agenor Ferreira de Lima Júnior, Delegado de Polícia Civil
– 3ª DRPC. 
2 – Jônatas Félix Brasil, Delegado de Polícia Civil – 3ª
DRPC.
E. deferimento.
 Picos-PI, 26 de fevereiro de 2019. 
 Maurício Verdejo Gonçalves Júnior
 Promotor de Justiça, em substituição legal.
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(e-STJ Fl.463)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PICOS
Rua Cel. Joaquim Balduíno nº 180, Fórum Gov. Helvídio, bairro Bomba, Picos (PI),
CEP 64.601-352, fone: (89) 3422.1141.
Cota à Denúncia
Processo nº 0000045-66.2019.8.18.0032
Meritíssima Juíza de Direito, 
1. Seguiu denúncia, em 25 (vinte e cinco) laudas
digitalizadas.
2. Oportunamente, requeremos que sejam requisitadas
cópias dos laudos periciais definitivos das substâncias entorpecentes apreendidas nos
autos dos processos nº 0001587-56.2018.8.18.0032, em desfavor de JOSÉ PEREIRA
DE BRITO NETO, vulgo “VELHINHO”, e nº 0000959-67.2018.8.18.0032, em desfavor
de RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA, SAYONARA DE ALMEIDA
MEDEIROS e GEILSON DIAS DE SOUSA
Nestes termos, esperamos deferimento.
Picos, 26 de fevereiro de 2019.
 Maurício Verdejo Gonçalves Júnior
 Promotor de Justiça, em substituição legal.
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