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ARTRITE REUMATÓIDE CASO CLÍNICO Paciente do sexo feminino, 51 anos, apresenta-se com queixa de dor intensa (7/10) nas articulações das duas mãos há 9 meses, porém com piora há 3 meses. HMA: Paciente refere dor em articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas há 9 meses, que perdurou durante cerca de 4 semanas, passando por um período de recessão sem dor e retornando há 3 meses com piora do quadro. Relata que ambas as vezes a dor melhorava ao uso de AINEs, principalmente dipirona sódica (500mg). Relata que acompanhado das dores teve rigidez matinal nas articulações acometidas e que esta rigidez perdurava por cerca de 60 minutos, melhorando com o decorrer do dia. Relata fadiga, que iniciou conjuntamente com o quadro há 9 meses e perdura até os dias atuais. Refere ainda sensação febril de prostração (sic), não chegando a medir tal febre, mas que iniciou recentemente, cerca de 2 semanas e que tem atrapalhado bastante o seu cotidiano. Interrogatório Sistêmico (IS): Nega perda de peso, diminuição do apetite, lesões em pele, queda de pelos, diarreia, vômitos e astenia. Relata leve formigamento em 4 e 5 metacarpos e falanges em ambas as mãos quando realizava atividades manuais durante um longo período, como digitar no trabalho (sic) Antecedentes médicos (AM): Nega DM, HAS, asma, uso de medicamentos, internações, traumas, cirurgias prévias, alergias a medicamentos e alimentos. Nega transfusão sanguínea. Antecedentes epidemiológicos (AE): Nega viagens recentes, contato com pessoas com doenças infectocontagiosas. Antecedentes familiares (AF): Pais vivos, mãe com 73 anos, sem problemas de saúde de seu conhecimento. Pai com 81 anos com DMII diagnosticado há 30 anos. Nega outras doenças de caráter heredofamiliar. HV: Nega etilismo e uso de drogas ilícitas. Refere ser tabagista há 28 anos, fumando 1 maço/dia. Refere boa alimentação e sedentarismo. Exame Físico: Dados vitais: PA= 130X80 mmHg, FC= 78 bpm, FR= 18 irpm Geral: Bom estado geral e nutricional vígil, normocorada , afebril e acianótica. Pele: Nódulos subcutâneos em I e III falanges da mão direita. Cabeça e pescoço: Sem alterações ACV: Precórdio calmo, ictus não palpável, BRNF em 2 tempos AR: MVBD sem RA ABD: Plano, simétrico, cicatriz umbilical intrusa, RHA+, indolor a palpação e ausência de VCM Osteomuscular: Manutenção de movimentos de flexão, dorsiflexão, abdução e adução em ambos os punhos, com DOR à movimentação. Pequena dificuldade de realizar movimentos de flexão e extensão das articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas, em ambas as mãos, com hiperemia e edema. Extremidades: Bem perfundidas e sem edemas. CONCEITO Doença autoimune, inflamatória e sistêmica, com evolução crônica e progressiva EPIDEMIOLOGIA • Prevalência mundial de 0,5 a 1% • Mulheres 3:1 estrógeno • 30 a 50 anos QUADRO CLÍNICO • Início insidioso – paciente vai reclamar de sintomas a meses (6 semanas) • Fadiga, fraqueza, mal estar • Poliartrite crônica – poli ou seja, acometimento de pelo menos duas articulações e crônica (mais de 6 semanas de sintomas). É uma artrite difusa, e pode pegar qualquer articulação (ombros, cotovelos, pulso, joelhos, pés) • Sinais inflamatórios evidentes Fase aguda: articulações hiperemiadas, edemaciadas, rubor e dor Fase crônica: articulações com erosões e se deformando. • Grandes e pequenas articulações • Simetria e aditiva (aparece no ombro depois adiciona em outro lugar) • Poupa esqueleto axial (exceto cervical) • Rigidez matinal > 1 hora • Pode cursar com febre e manifestações sistêmicas extrarticular • Evolução para deformidade e incapacidade funcional ETIOLOGIA Base genética → portadores de alelos HLA-DR1 e HLA-DR4 (genes) MHC 2 mutado FATORES AMBIENTAIS Hormônios sexuais, tabagismo, obesidade e álcool FISIOPATOLOGIA A pessoa tem a predisposição genética que somado com os fatores ambientais de risco vai gerar por alguma razão uma quebra a da tolerância, ou seja, na capacidade do sistema imune de responder o que é self e não atacar. De repente tendo células B, células T, células dendríticas e macrófagos, ou seja, tanto imunidade inata quanto imunidade adquirida que passam começar a reconhecer autoantígenos, em especiais os antígenos citrulinados (antígenos presentes em alta concentrações nas articulações sinoviais). Essas células uma vez ativadas contra os autoantígenos, elas começam a produzir várias interleucinas que vai ativar células efetoras como fibroblastos (produção de colágeno), endotélio, condrócitos (células da cartilagem) e osteoclastos (células que faz a destruição da matriz óssea) lesão tecidual. Vai haver um endotélio e um subendotélio, no qual vou encontrar as APCs, essas vão apresentar via MHC classe 2 um autoantígeno (quebra de tolerância, provavelmente por uma mutação nesse MHC2). Uma célula TCD4 virgem (Th0) vai reconhecer o autoantígeno e vai ser ativado contra ele. Esse Th0 vai passar a liberar IL-12 que vai gerar o TH1, o qual vai liberar IFN-g e TNF que vai ativar células como os macrófagos (vai destruir o endotélio, a sinóvia, também vai contribuir produzindo outras interleucinas que vão estimular as condrócitos, osteoclastos e fibroblastos) e os linfócitos B para a liberação de autoanticorpos (opsonizar). Por outro lado, o Th0 também vai liberar interleucinas (IL-1β, IL-6, IL- 23 e TGF-β) que vai gerar a diferenciação em Th17, que vai liberar IL-17 que também vai ativar fibroblastos, condrócitos e neutrófilo. Hipersensibilidade do tipo IV e um componentes humoral (Th1 ativa linfócito B a produzir anticorpos) Artrose é um processo de degeneração e fibrose de uma articulação, podendo ser consequência de uma artrite. Paciente vai cursar com perda dos componentes da articulação, começando ter dificuldade de movimento e amplitude da articulação. A artrose pode acontecer por vários motivos, não necessariamente precisa ter uma artrite envolvida. Artralgia, dor na articulação podendo acontecer por vários motivos, um deles é pela artrite. Nem toda artrite vai levar a uma artrose. Nem toda artrite vai levar a uma artrose, pois a maioria das artrites não são erosivas, a maioria são pós inflamatória, reacionais. A artrite que realmente é erosiva é a artrite reumatoide, logo essa tende a evoluir para artrose. DIAGNÓSTICO • Rigidez matinal: rigidez articular durando pelo menos 1hora • Artrite de três ou mais áreas • Artrite de articulações das mãos • Artrite simétrica • Nódulos reumatoides • Fator reumatoide (FR) sérico • Erosão ou descalcificações localizadas em radiografias de mãos e punhos ANTICORPOS Embora predomine lesões celulares contra antígenos cirulinados sinoviais, há também participação de autoanticorpos PESQUISA DE ANTICORPOS FATOR REUMATOIDE (Waller Rose) Anticorpo contra a porção Fc da IgG imunocomplexos É a dosagem de um monte de anticorpo que é produzido contra a nossas imunoglobulinas (anticorpo contra o próprio anticorpo) Se uma paciente tem o fator reumatoide positivo isso significa que ela, o corpo dela produziu anticorpo contra a imunoglobulina (anticorpo) dela. Quando tem um anticorpo em especial IgG, tem a porção Fab (variável de acordo ao antígeno que vai se ligar) e porção FC (constante). A produção de autoanticorpos (IgM) contra IgG são anticorpos que vão s ligar na porção Fc. • Sensibilidade de 60% a 80%, ou seja, existe artrite reumatoide com fator reumatoide negativo. • Baixa especificidade, vai ter muito falso positivo, ou sejam vai vir muito positivo sem ser artrite reumatoide. Outras doenças podem dar o fator reumatoide positivo: - Síndrome de Sjögren: 75-95% - Doença Mista do Tecido Conectivo: 50 – 60% - Crioglobulinemia tipo II (Mista): 40 – 100% - Lupus Eritematoso Sistêmico: 15 – 35% - Polimiosite/dermatomiosite:5 – 10% - Infecções crônicas: Hepatite C, Hepatite B, endocardite subaguda - Doenças pulmonares inflamatórias ou fibrosantes: sarcoidose. - Neoplasias - Cirrose biliar primária - Tabagismo • Positivos 4% da população saudável e 25% dos idosos TÉCNICA: • O soro em análise é colocado em contato com um reagente que contém partículas de LÁTEX revestidas com IgG. • O FR se presente, provoca aglutinação visível a olho nu das partículas do látex. - Teste QUALITATIVO → se positivo, seguir para diluições - Teste QUANTITATIVO → diluições 1:2, 1:4, 1:8, 1:16, 1:32 e 1:64 • Diluir 0,05 mL de soro do paciente com 1 gota da solução tampão. • A última diluição que apresentar aglutinação será considerada como título da amostra. CLÍNICA (por pelo menos 6 sem) ANTICORPOS RX QUATRO dos sete critérios • Resultado em unidade (mUI/ml) ou diluição (1:64) Pega uma cartela, pinga um controle positivo, um controle negativo e o soro do paciente. Junto com o soro de cada um vou pingar o látex (bolinhas de látex que possuem na superfície um monte de IgG ligada). Se o soro tiver o autoanticorpo contra IgG vai se ligar e gerar aglutinação, o que vai acontecer no controle positivo. Se o teste do paciente vier positivo vai tentar titular, para dar um valor não só qualitativo mais também quantitativo. Vai pegar uma nova cartela vai pegar o 25 microlitro na pipeta do soro do paciente e vai pingar na cartela e uma gosta do solvente para diluir. Depois pinga um látex em cada uma dessas e vai ver onde aglutinou. Mais positivo quem tem o resultado 1:32, quer dizer que tem muito autoanticorpo, muito fator reumatoide. ANTICORPO antipeptídeo citrulinado cíclico (anti-CCP) Sensibilidade é similar a do FR Alta especificidade Maior custo TRATAMENTO O diagnostico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para o controle da atividade da doença e para prevenir incapacidade funcional e lesão articular irreversível. CONTROLE DE SINTOMAS AINES CORTICOIDE VO baixa dose CORTICOIDE INFILTRADO DERIVADOS DE OPIOIDE DROGAS MODIFICADORAS DA DOENÇA (IMUNOSSUPRESSORA) METOTREXATO (fármaco padrão) ✓ Inibe enzima diidrofolato redutase (ANTI- METABÓLITO), faz parte do ciclo do ácido fólico, e sem ácido fólico não consegue produzir DNA. Principalmente as células que estão em alta reprodução, entrando constantemente na mitose, como é o caso das células só sistema imune, em especial os linfócitos, vai haver um apoptose. ✓ Altamente inespecíficos, sai destruindo tudo que prolifera muito – efeitos colaterais ✓ Efeito possíveis nas vias do TNF HIDROXICLOROQUINA ✓ Atividade anti-inflamatória pouco conhecida ✓ Interferência produção de IL-1, IL-6, TNF e de PGL ✓ Aumenta pH lisossomos Estab memb e inibição de enzimas lisossômicas, Inibição da fagocitose ✓ Inibição da quimiotaxia de PMN (neutrófilos) e Inibição de superóxido pelos neutrófilos. ✓ Penetra muito fácil das células SULFASSALAZINA Inibição da produção de PGL, funções APC, neutrofílicas e linfocitárias e da quimiotaxia. LEFLUNOMIDA AGENTES BIOLÓGICOS – ANTICORPOS MONOCLONAIS • São drogas mais novas, mais moderna • São bem especificas • Inibe a inflamação sem ter um efeito imunossupressor grande Anti-TNF: adalimumabe, etanercepte e infliximabe; Anti-IL-1: Anakinra ANTI-IL6: Tocilizumab Anti CD20 (Depletores de linfócito B): rituximabe; Anti-CTLA4: Abatacept (impede ativação CD28)