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Livro História Agrobrasileira, Africana e Indígina_6

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64 
 
 
POVOS INDÍGENAS E A 
COLONIZAÇÃO PORTUGUESA 
 
 
 
 
Antes da chegada dos europeus às terras americanas, e à terra que daria 
origem ao país chamado Brasil, já habitavam este território povos diversos em termos 
linguísticos, culturais, políticos e econômicos – nesse sentido, são considerados povos 
nativos e/ou originários. Contudo, não se sabe exatamente de onde vieram, algumas 
teorias não consensuais apontam para a Ásia de onde teriam vindo pelo Estreito de 
Bering (faixa de terra congelada que ligaria a Sibéria ao Alasca) e outras para a 
Polinésia ou Oceania a partir de possíveis navegações. 
De acordo com o Instituto Socioambiental, estima-se que hoje o Brasil possua 
cerca de 256 povos falantes de mais de 150 línguas diferentes. Contudo, apesar de 
toda sua história e importante presença na formação do Brasil, a grande maioria dos 
brasileiros ainda ignora a imensa diversidade desses povos nativos que vivem no país. 
Mesmo em termos historiográficos, a densidade histórica do Brasil indígena e sua 
profunda influência na formação do Brasil foi por muito tempo ignorada. Na 
disciplina, portanto, vamos compreender mais sobre a história e cultura desses 
diversos povos que povoaram e povoam o território brasileiro, além de conhecer um 
pouco das suas lutas e demandas por reconhecimento. 
 
 
 
 
 
• O Instituto Socioambiental (ISA) é uma organização não-governamental, sem fins 
lucrativos, fundada em 1994 com o objetivo de defender os bens e direitos humanos 
dos povos nativos. O portal do instituto é o: https://www.socioambiental.org/pt-br. 
Acesso em: 22 ago. 2020; 
• O programa Povos Indígenas no Brasil, por sua vez, é parte do portal do Instituto com 
oferece informações sobre os povos e a temática indígena. Para saber mais acesse: 
https://pib.socioambiental.org/pt/Página_principal. Acesso em: 22 ago. 2020. 
UNIDADE 
05 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
65 
 
 
5.1 A “QUARTA PARTE” DO MUNDO 
Quando os europeus chegaram no território que batizaram de América, por 
um equívoco histórico, toda a diversidade populacional que aqui já existia foi 
genericamente chamada de Índios e/ou Ameríndios. Mas por que o termo é 
considerado um equívoco histórico? Ao não reconhecerem as terras como um novo 
continente, julgaram ter chegada na região que almejavam alcançar para fins 
comerciais: a Índia. Expliquemos melhor isso. 
Para começarmos a compreender o contexto da época, é muito importante 
nos deslocarmos do nosso próprio. Como as pessoas daquela época pensavam? 
Como elas compreendiam o mundo? Pois bem, o mundo para os europeus 
medievais, de uma maneira geral, estava baseado nos ensinamentos bíblicos em 
função da importante e forte presença da Igreja Católica no cotidiano e na 
formação do conhecimento. Tendo a Bíblia como uma verdade absoluta, o mundo 
de então seguia sua narração. Assim, ele era dividido em três partes, que de acordo 
com a Bíblia, havia sido povoado, após o grande dilúvio, pelos três filhos de Noé: Sem, 
Jafé e Cam. Nesse sentido, de acordo com a interpretação bíblica da época, Sem 
teria povoado a Ásia, Jafé a Europa e Cam a África. Veja um esquema de mapa 
estilo T.O. comum na Idade Média para representar o mundo de então. 
 
Figura 4: Mapa Esquemático estilo T.O 
 
Fonte: Isidoro de Sevilha (1492) 
 
Não havia, nesse sentido, espaço para uma quarta parte do mundo. Por conta 
disso, em um primeiro momento, quando os navegadores europeus desembarcaram 
nessas longínquas terras acreditaram que haviam chegado nas Índias, região que 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
66 
 
 
buscavam alcançar para comercializar. Conforme salienta Edmundo O’Gorman em 
seu livro A Invenção da América, Cristovão Colombo acreditou que havia chegada 
ao extremo oriente do mundo e todas observações que fazia eram provas empíricas 
de sua hipótese, respaldada, vale destacar, pela dimensão que a Ilha da Terra (como 
era chamado a parcela de terra habitada) possuía no imaginário de então. Somente 
com Américo Vespúcio que aquelas terras passaram a ser consideradas uma 
entidade geográfica desconhecida, um “Novo Mundo”. 
 
 
 
Apesar da posterior adequação da novidade, o termo genérico “índio” 
continuou a ser utilizado para denominar toda a diversidade populacional desse 
grande território que viria a ser chamado de América e é hoje adotado até por parte 
dos próprios nativos de maneira ressignificada. Contudo, não podemos 
desconsiderar a grande diversidade que eles possuem. Ou seja, apesar de usarmos 
um termo genérico para denominá-los não podemos unificar sua cultura, história, 
organização e língua. 
 
 
 
 
 
Apesar de ser muito comum falar-se em descobrimento 
da América, o historiador mexicano Edmundo 
O’Gorman, no livro citado de 1955, analisa que a 
América foi inventada e não descoberta. A América, 
nesse sentido, não existia antes da chegada do europeu, 
não possuía esse nome e nem os sentidos que ela 
representa. Ou seja, América não é algo natural, foi 
resultado da ação de agentes históricos. 
Para O’Gorman, ao se considerar que a América foi descoberta parte-se da noção de 
que a mesma já existia antes da chegada de Cristóvão Colombo e como já analisado 
anteriormente, nem mesmo Colombo considerou de imediato ter chegado na dita 
América. Considerar aquele território como uma nova parte do mundo, um novo 
continente chamado América foi um processo histórico. Disponível em: 
https://bit.ly/3eU2fB4. Acesso em: 22 ago. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
67 
 
 
5.2 A CHEGADA DOS EUROPEUS 
Ao chegarem ao território que viria ser o Brasil, os europeus logo perceberam 
que grande parte do litoral se encontrava ocupada por sociedades nativas, que 
compartilhavam, conforme ressalta Monteiro (1994), certas características básicas 
comuns à cultura tupi-guarani. No entanto, ainda assim, mantinham suas 
diversidades. Para enfrentar este problema, os europeus do século XVI resumiram o 
vasto panorama cultural em duas categorias genéricas: Tupi e Tapuia. Os Tupis seriam 
as sociedades litorâneas em contato direto com os europeus desde o Maranhão até 
Santa Catarina, incluindo os Guaranis. Já os Tapuias eram os grupos menos 
conhecidos dos europeus. Além dessas denominações, também havia outras 
comumente encontradas nas primeiras descrições acerca da terra e seus habitantes 
como: “gentios” (pagãos), “brasis”, “negros da terra” e “índios”. 
Com a intensificação da exploração, os portugueses buscaram impor diversas 
formas de organização do trabalho. Os nativos foram primeiramente utilizados para 
a extração do pau-brasil (madeira corante valorizada na Europa). Os nativos 
cortavam e transportavam a mercadoria até a feitoria, onde era trocada por artigos 
diversos a partir dos escambos. A mão de obra indígena também foi utilizada na 
extração das drogas do sertão (especiarias comercializadas com preços muitos 
elevados). 
 
Figura 5: Representação dos índios extraindo pau Brasil 
 
Fonte: Thévet (1575) 
 
Com a introdução da cultura da cana-de-açúcar, os colonos passaram a 
utilizar a mão de obra indígena escrava. Houve, na sequência, um declínio do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
68 
 
 
escambo em função das exigências que passaram a inviabilizar o mercado. A 
escravidão indígena foi utilizada em larga escala tanto para a produção comercial 
quanto de subsistência. E como se adquiria essa mão-de-obra? A partir do resgate, 
aprisionados em decorrência de guerras intertribais, e também a partir das 
chamadas “guerras justas”, que buscavam aprisionar os indígenas considerados 
“inimigos”. Nesse processo, combatia-se, inclusive, os missionários jesuítas (padres 
pertencentes a ordem religiosa Companhia Jesus ligada à Igreja Católica) que eram 
contrários a escravização dos índios aldeados (ver o próximo item). Muitos indígenas 
foram forçadamente deslocados de outras regiões para o litoral, onde 
concentravam as fazendas produtoras do açúcar. 
Estas diversasformas de exploração acabaram gerando uma desorganização 
social, que somada às mortes em decorrência das epidemias, fomes e guerras (entre 
tribos e com os europeus) causaram um extermínio de boa parte da população 
indígena. Observe o gráfico da Funai (Fundação Nacional do Índio) acerca da 
densidade populacional indígena no Brasil desde 1500. Lembrem-se que os dados 
dos séculos iniciais são baseados em descrições e podem variar, pois não há muita 
precisão no levantamento. 
 
Figura 6: Dados demográficos da população indígena no Brasil (Dados da FUNAI) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
69 
 
 
Ao observar a tabela e o gráfico (Figura 6) fica evidente a perda populacional 
dos povos indígenas entre 1500 e 1970. Vale ressaltar que somente em 1991 que o 
IBGE os incluiu no censo demográfico brasileiro e por isso tivemos um aumento de 
150% dessa população na década de 1990. 
 
 
 
Contudo, devemos salientar que o processo acima descrito não pode ser 
resumido apenas pelo extermínio indígena. Muitas foram as resistências dessas 
sociedades frente aos avanços europeus. Diante da exploração de seu trabalho, 
muitos desertavam e fugiam para a floresta e passavam a adotar emboscadas para 
atacar governamentais e bandeiras. Outros chegaram a organizar e participar de 
importantes revoltas do século XIX como a Cabanagem e a Cabanada (OLIVEIRA; 
FREIRE, 2006). 
 
• Para conhecer um pouco da história e realidade dos povos indígenas, com especial 
atenção para o papel da mulher, pela ótica nativa assista o episódio do documentário 
Vozes da Floresta realizado pelo Le Monde Diplomatique Brasil com Edna Shanenawa: 
https://bit.ly/3aVESoB. Acesso em: 22 ago. 2020; 
• Vídeo da antropóloga brasileira Lilian Schwarcz sobre o extermínio indígena nos 
primeiros contatos: https://bit.ly/2CXcUMK. Acesso em: 22 ago. 2020; 
• Vídeo da historiadora Maria Regina Celestino na Bienal do Livro de 2019 sobre seu livro 
Os Índios na História do Brasil. https://bit.ly/2YywtTe. Acesso em: 22 ago. 2020; 
• Livro Os Índios e o Brasil de Mércio Pereira Gomes disponível na Biblioteca virtual em: 
https://bit.ly/2Qo00dN. Acesso em: 22 ago. 2020; 
• Livro de Carlos Fausto, Os índios antes do Brasil, sobre a organização indígena antes da 
chegada dos europeus disponível na Minha Biblioteca Virtual Única em: 
https://bit.ly/2D39rfO. Acesso em: 22 ago. 2020. 
Para saber mais sobre as guerras e revoltas indígenas leia a Parte 
2 do livro A presença indígena na formação do Brasil de João 
Pacheco de Oliveira e Carlos Augusto da Rocha Freire disponível 
em: https://bit.ly/3jcvdwN. Acesso em: 22 ago. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
70 
 
 
Também foi necessário aos europeus aliar-se à grupos indígenas como 
estratégia. No século XVI, os franceses e os portugueses em guerra aliaram-se aos 
Tamoios e Tupiniquins, respectivamente. Já no século XVII, os holandeses se aliaram a 
grupos “tapuias” contra os portugueses. Os grupos indígenas, por sua vez, tinham seus 
próprios interesses ao se aliarem aos europeus. Os grupos Canibos, por exemplo, se 
aliaram aos missionários espanhóis para contestar o monopólio piro (arawak) no 
comércio dos Andes. De uma forma ou de outra, os povos indígenas eram sujeitos 
ativos da história (CUNHA, 2012). 
No final do século XVI, o uso da mão-de-obra escravizada dos indígenas nos 
engenhos acabou declinando e passou a predominar a escravização dos africanos, 
que somente foi abolida no final do século XIX. Contudo, vale ressaltar que apesar 
de ter sido abolida a escravidão indígena, ainda é possível observar a sua existência 
na prática ao longo dos séculos seguintes até pelo menos 1850. 
 
5.3 “CIVILIZANDO” OS ÍNDIOS? 
A catequese dos índios na colônia portuguesa foi iniciada tão logo iniciou-se 
a exploração e colonização estratégica do território. Os primeiros responsáveis pela 
conversão indígena foram os jesuítas, que eram missionários vinculados à ordem 
católica conhecida como Companhia de Jesus fundada por Inácio de Loyola no 
contexto da Contrarreforma Católica. 
Os primeiros missionários jesuítas desembarcaram em Salvador, na Bahia, já em 
meados do século XVI acompanhando o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa. 
A sua função seria a de converter os pagãos da terra à fé cristã. 
 
 
 
Os missionários jesuítas, nesse sentido, foram os primeiros a adotar, conforme 
analisa Fabricio Santos, a prática de aldear ou reunir os índios com o objetivo de 
torná-los cristãos. A instalação do aldeamento podia se dar pela construção da igreja 
Nos relatos de época, os europeus chamavam pagãos e gentios povos que geralmente 
possuíam tradições religiosas politeístas (acreditavam na existência de vários deuses e não 
apenas um – monoteísmo – como o Cristianismo. Os gregos antigos, romanos antigos, 
povos africanos, indígenas eram considerados pagãos pela perspectiva cristã. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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e da residência do missionário em uma aldeia indígena já existente ou em um outro 
sítio. Nesses aldeamentos, a catequese era iniciada com o ensinamento rudimentar 
da fé e com a preparação para o batismo. Novos grupos indígenas eram 
constantemente deslocados (“descimento”) para essas povoações, visando 
concentrar a catequese naqueles espaços (SANTOS, 2012). 
Para os jesuítas, os nativos deveriam abandonar características fundamentais 
de sua cultura e adotar os preceitos e estilo de vida cristão. Os índios, por sua vez, 
estavam dispostos a manter seus costumes, apesar de aceitarem, aparentemente, 
com facilidade a nova religião. Essa aparente contradição observada pelos 
missionários, fez com que o aldeamento se tornasse uma solução para que pudessem 
controlar cotidianamente os nativos. Assim, esta inserção na vida social indígena 
possibilitou aos missionários criar uma rotina de ensino e catequese que 
transformavam lentamente o modo de vida daqueles nativos aldeados (SANTOS, 
2012). 
A conversão católica, dessa forma, operou no sentido de domesticar os 
considerados “selvagens” obtendo, além disso, trabalhadores para os 
empreendimentos missionários – o que gerou tensão com os interesses dos colonos e 
autoridades civis que também se interessavam por recrutar mão de obra indígena 
para suas atividades econômicas. O conflito de interesses ocasionados culminou 
com a expulsão dos jesuítas no século XVIII. No período, a política colonial buscava 
uma maior laicização (separação do Estado da Igreja) do Estado, incluindo o 
controle de todos os agentes em contato com as populações nativas. 
Nesse contexto, implantou-se uma política guiada pelo Diretório (um 
documento com 95 parágrafos com determinações sobre economia e 
administração dos aldeamentos), de 1757, que não só dispôs sobre a liberdade dos 
índios como também alterou a administração destes, reorganizando as aldeias após 
a expulsão dos missionários (OLIVEIRA; FREIRE, 2006). 
Os novos diretores de índios, conforme o decreto real, deveriam, de maneira 
geral, expandir a fé católica, extinguir o gentilismo, civilizar os índios, introduzir o 
comércio e aumentar a agricultura. A língua portuguesa tornou-se uma exigência 
para os povos indígenas, que deveriam se comunicar exclusivamente por ela. A 
“civilização” dos índios, por sua vez, ficava a cargo das escolas públicas, que os 
ensinava ofícios domésticos dentre outras competências. Buscava-se também 
combater a suposta “ociosidade” com o uso do trabalho dos indígenas para fins 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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particulares. Os índios, dessa forma, passariam a ser governados por juízes e 
vereadores, e não mais pelos missionários. 
Vale ressaltar, por fim, que na prática o Diretório enfrentou muitas dificuldades 
como epidemias, mortes, fugas, desorganização social. Com o fim do Diretório em 
1798, juízes de órfãos passaram a ser responsáveis pelos índios considerados 
“domésticos” e eles juntamente com o Estado velavam pelos bem índios, 
considerados incapazes(OLIVEIRA; FREIRE, 2006). 
Com a revogação do Diretório, criou-se um vazio administrativo acerca do 
governo povos indígenas que só foi preenchido em 1845, pelo “Regulamento acerca 
das Missões de catequese e civilização dos índios”. 
 
5.4 DOS ESTEREÓTIPOS 
Como já estudado, quando os europeus desembarcaram no Novo Mundo, 
desconheciam sua existência e a seus habitantes. O processo de exploração e 
colonização também passou pela avaliação dos costumes e culturas desses povos 
sob a ótica da própria cultura europeia. Nesse item, portanto, vamos estudar como 
as diferenças culturais foram adaptadas e divulgadas pelos colonizadores a partir de 
pinturas e relatos de viagens, contribuindo para se criar uma imagem do índio que 
justificava a presença europeia. 
 
5.4.1 Selvagens desordenados 
Para começar, os nativos foram considerados homens selvagens contrapostos 
ao ideal de civilidade ocidental por viveram, de acordo com os colonizadores, sem 
controle, sem o ordenamento do Estado e sem a salvação prometida pela Igreja. O 
cronista português, Pero Magalhães Gândavo, resume de forma canônica essa 
premissa: “A língua deste gentio toda pela Costa he huma: carece de três letras – 
scillet, não se acha nela f, nem l, nem r, cousa digna de espanto, por que assi não 
tem Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira vivem sem justiça e desordenadamente” 
(GANDAVO, 1980, p. 52). 
Além disso, ao contrário dos europeus muito interessados em riquezas 
materiais, as sociedades indígenas não se importavam, de maneira geral, com coisas 
materiais como o ouro, por exemplo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
73 
 
 
 
 
 
A partir do pensamento do francês Michel de Montaigne, por sua vez, a 
suposta selvageria aproximou-se ao tema do primitivismo no qual o selvagem viveria 
em um estado de pureza, sem as marcas do pecado original (lembrando que o 
pensamento da época era muito moldado pelos ensinamentos bíblicos, como 
ressaltado anteriormente). Na Carta de Pero Vaz de Caminha (primeira escrita sobre 
o Brasil e encaminhada ao el-rei dom Manuel em 1500), ainda é possível ver 
referências ao primitivismo ao endossar a inocência dos nativos e a boa vontade 
com que aceitavam a conversão, uma vez que seriam desprovidos, aos olhos de 
Caminha, de qualquer crença. Os nativos seriam, assim, uma espécie de papel em 
branco: 
 
Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e 
eles a nós, seriam logo crista ̃os, porque eles, segundo parece, na ̃o 
te ̂m, nem entendem em nenhuma crenc ̧a. E portanto, se os 
degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os 
entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de 
Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual 
praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e 
de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer 
cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons 
corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio 
que não foi sem causa (CAMINHA, 1500, 11-12) 
 
5.4.2 Bárbaros canibais 
Bárbaro foi um termo utilizado na Grécia Antiga para denominar, de maneira 
geral, os povos estrangeiros destacando a superioridade grega. A partir de então, 
seu uso passou a ser mais diversificado e recorrente. Na Idade Média, bárbaro 
equivalia ao pagão como aquele que não havia convertido à fé cristã. 
O filósofo e etnólogo Pierre Clastres analisa a noção de sociedade e Estado em seu livro A 
sociedade contra o Estado para refutar a ideia de que a evolução das sociedades deve 
ser medida pela presença ou ausência da centralização do poder. Para ele, o poder 
coercitivo do Estado é somente apenas uma modalidade de poder dentre diversas outras. 
Ou seja, as sociedades ameríndias seriam, para Clastres, “essencialmente igualitárias” 
recusando qualquer força que impunha o enriquecimento de um pequeno grupo. A 
chefia indígena, nesse sentido, é esvaziada de poder coercitivo e considerada um 
importante mecanismo contra a concentração de poder. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
74 
 
 
A ideia do barbarismo, conforme demonstra Ronald Raminelli, atravessou o 
Oceano Atlântico e encontrou solo fértil nas narrativas de viagens acerca do 
continente americano. Bárbaros eram os índios de corpos nus, eram os “canibais” 
que devoravam a carne dos inimigos, os indivíduos que viviam em guerra (RAMINELLI, 
1996). 
 
Figura 7: Canibais, século XVI 
 
Fonte: Theodor de Bry ([1596] 2015) 
 
O canibal também era uma figura que já permeava o imaginário europeu sem 
ter um ponto geográfico específico. Mas os Tupinambás, principais representantes 
desse canibalismo brasileiro, eram antropófagos e não canibais. Canibalismo 
apresenta-se a partir de uma noção bestial de indivíduos que consomem carne 
humana para saciar-se. 
É nesse sentido que o canibalismo se distancia da antropofagia, esta última 
mais praticada entre alguns grupos indígenas brasileiros como os Tupinambás à 
época da chegada dos europeus (não é mais uma prática ritual entre os povos 
atualmente). A antropofagia tinha um sentido mais social ritualístico. Ou seja, o ato 
de comer carne humana era realizado em cerimônias com diversos significados 
simbólicos a incluir vingança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
75 
 
 
 
 
5.4.3 Luxuriosos e preguiçosos 
A sexualidade indígena também suscitou grande interesse. Por princípio 
cristão, os europeus defendiam a monogamia, ou seja, o casamento apenas entre 
um homem e uma mulher. Contudo, entre os povos indígenas, eram muito comum a 
poligamia e não possuíam, como os europeus, diversas regras matrimoniais e sexuais, 
o que fora visto como luxúria conforme ressalta o cronista português Gabriel Soares 
de Souza em 1597: “São os Tupinambos, tão luxuriosos que não há pecado de luxúria 
que não cometam […] são muito afeiçoados ao pecado nefando, entre os quais se 
não têm por afronta; […] e nas suas aldeias pelo sertão há alguns que têm tenda 
pública a quantos os querem como mulheres públicas (SOUZA, 1971, p. 308). 
No caso das relações de trabalho, os povos indígenas foram associados à 
indolência e preguiça em função da recusa destas populações em serem 
escravizados. Outro detalhe importante é que a cultura indígena não valoriza a 
produção de excedentes para acúmulo, como as sociedades europeias. De uma 
maneira geral, a produção era/é para a subsistência para que sobrasse tempo para 
dedicar-se a outras atividades consideradas importantes como rituais, cuidado com 
o corpo, convívio com a família e o lazer. 
Assim sendo, a difusão desses, e diversos outros, estereótipos constituiu uma 
forma de absorver a diversidade cultural encontrada no Novo Mundo tendo sempre 
como parâmetro a própria cultura europeia. Ou seja, não houve uma preocupação 
em compreender as culturas nativas pela sua própria organização. Os perfis traçados 
envolvendo guerra, canibalismo, nudez, hábitos alimentares distintos, habitação, 
• Para saber mais, leia o artigo “Antropofagia ritual e identidade cultural entre os 
Tupinambás” de Adone Agnoli. Disponível em: https://bit.ly/34weCQH. Acesso em: 22 
ago. 2020. 
 
Um dos poucos relatos da antropofagia indígena no Brasil é o do 
mercenário alemão Hans Staden, que foi aprisionado pelos 
Tupinambás e a partir dessa experiência escreveu um relato. 
Baseado na descrição de Stade, na década de 1970 foi 
lançado o filme Como era gostoso o meu francês. A iconografia 
do filme foi baseada nos trabalhos do gravurista Theodore de 
Bry. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
76 
 
 
suposta ausência de uma legislação e de poder centralizado compunham as 
representações dos índios como seres inferiores, legitimando, assim, a guerra justa, a 
necessidade urgente de conversão. 
 
5.4.4 Primitivos e “bons selvagens” 
Um pouco mais adiante no tempo, já no século XIX, passaram a circular na 
Europa imagens dos povos indígenas criadas por viajantes (dentreas quais podemos 
citar Spix e Martius, Rugendas, Debret dentre outros) que integravam missões 
científicas na América. Essas missões tinham como intuito observar, descrever e ilustrar 
as viagens de modo a registrar a natureza local do território. Esses relatos, por sua vez, 
contribuíram para divulgar informações acerca do continente para o público leigo e 
ainda serviu como fonte de pesquisa para muitos cientistas de então. A partir dessas 
observações, os índios acabaram sendo enquadrados em “estágios de 
desenvolvimento” correspondentes à ideia evolucionista que se impunha no século 
XIX. Nesse ínterim, as discussões acerca das raças e a classificação dos grupos em 
termos hierárquicos e evolutivos ganharam maiores contornos e consequências. 
Algumas sociedades, nesse discurso, acabaram sendo alocadas no início do 
processo evolutivo. Por não conceberem a ideia de Estado centralizado tal como a 
Europa (que se tinha como modelo ideal), elas foram concebidas como sociedades 
“primitivas”. 
 
 
 
Nessa vertente, alguns cientistas como Carl von Martius e Francisco Adolfo 
Varnhagen postularam a decadência dos povos da América. Varnhagen, ao se 
fundamentar em uma posição etnocêntrica, chegara a defender as guerras como 
No século XIX, circularam teorias que buscavam classificar os seres humanos. O darwinismo 
social (uma releitura da teoria de Charles Darwin) considerava, por exemplo, que os seres 
humanos eram desiguais por natureza e, portanto, alguns seriam superiores e outros 
inferiores. Nesse mesmo contexto, o racismo científico se funda dividindo os seres humanos 
em raças superiores (arianos) e inferiores (judeus, negros, indígenas, etc.). Para 
compreender melhor acerca dessas (e outras) teorias sociais que contribuíram para a 
circulação do conceito de raça e classificação dos seres humanos em escala evolutiva, 
leia mais em: https://bit.ly/3goWzhr. Acesso em: 22 ago. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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forma de controlar os “vícios” indígenas, que, na sua concepção, seriam 
provenientes do nomadismo. Para ele, somente o sedentarismo poderia promover a 
civilização (OLIVEIRA; FREIRE, 2006). 
 
 
 
Na contramão dessa visão, contudo, outras também surgiram no período. 
Políticos como José Bonifácio de Andrada e Silva, por exemplo, entraram em defesa 
da humanidade dos povos nativos influenciando, inclusive, a legislação indigenista 
do Brasil Imperial. Apesar do índio, no seu cotidiano, ser discriminado pela população 
de maneira geral e pela legislação imperial, muitos dirigentes políticos apropriaram-
se da imagem do “bom selvagem” difundida pela Romantismo europeu no século 
XVIII com filósofos iluministas como Jean-Jacques Rousseau. A ideia do “bom 
selvagem”, por sua vez, encontrará expressão máxima no “indianismo” literário 
brasileiro. 
Na literatura brasileira, romancistas como José de Alencar (1829-1877) e 
Gonçalves Ledo (1823-1864) irão construir obras baseadas no imaginário romântico 
sobre os índios, distanciado da realidade. A natureza será valorizada pela sua 
intocabilidade e o índio eleito o herói nacional, nativo brasileiro legítimo que lutou 
heroicamente contra os colonizadores (OLIVEIRA; FREIRE, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assista este vídeo explicando o que é Etnocentrismo. Disponível em: https://bit.ly/3htgUUr. 
Acesso em: 22 ago. 2020. 
Para compreender mais sobre a construção da imagem do índio na literatura, leia o artigo 
“Indianismo literário na cultura do Romantismo” de José Luís Jobim. Disponível em: 
https://bit.ly/2QqVeMO. Acesso em: 22 ago. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIXANDO CONTEÚDO 
1. Professor de História / SEDUC-MT (adaptada) Leia atentamente o trecho a seguir: 
“Os grupos do Brasil central, desde os princípios da colonização, foram 
enquadrados na categoria genéricas de tapuias (os de língua travada, que não 
falam o tupi – Guarani). Entre eles os Jê – que englobam uma grande parte das 
etnias nos cerrados do Centro-Oeste brasileiro...”. 
Considerando o trecho acima e seus conhecimentos sobre as culturas indígenas 
no Brasil assinale a alternativa correta. 
 
a) Podemos perceber que o Indígena no Brasil era e é pouco reconhecido de 
maneira geral, considerando que foram e são tratados por termos genéricos como 
“tapuias", sem muita preocupação em conhecer e perceber as diferenças 
culturais que cada etnia possui, e reflete de forma política na vida desses grupos. 
b) O indígena no Brasil há muito foi incorporado na sociedade branca, além das 
terras que lhes foram dadas, muitos fazem uso de tecnologias e da cultura 
ocidental, como internet, celulares, contas bancarias. 
c) Não se pode dizer que no Brasil ainda há indígenas, pois se no início da 
colonização os portugueses foram responsáveis pelo assassinato em massa desses 
grupos, posteriormente o império pouco ajudou aqueles que ainda viviam. A 
consequência disso é a não presença indígena na sociedade brasileira atual. 
d) A situação do indígena no Brasil se resolveu logo após o fim do período colonial, 
pois os europeus se preocuparam logo em compreender a realidade local e as 
necessidades específicas desses povos. 
e) Os indígenas brasileiros só sofreram grandes perdas demográficas com a chegada 
dos europeus porque não gostavam de trabalhar e resistiram violentamente a 
qualquer tipo de trabalho. 
 
2. (Professor de História / IF-MT - adaptada) Por aqui lhe urdem os portugueses muitas 
brigas com que se desavêm umas nações com as outras, com o qual ardil os 
entramos e desbaratamos, que todos juntos ninguém pudera com eles [...] 
 
WEHLING, A.; WEHLING, M. J. Formação do Brasil Colonial. 2ª ed. Rio de Janeiro: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nova Fronteira, 1999.) 
O trecho do documento acima faz referência a uma estratégia largamente utilizada 
pelos portugueses na conquista da América, tanto para a incorporação de terras 
como para a escravização dos indígenas. Assinale a alternativa que apresenta 
essa estratégia. 
a) Estímulo às rivalidades existentes entre grupos indígenas. 
b) Massacre sistemática das populações nativas. 
c) Aldeamento dos índios pelos jesuítas. 
d) Aliança política com as elites indígenas. 
e) Aliança econômica com outras nações europeias. 
 
3. (INEP/História do Brasil) “Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de 
sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Não 
fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta 
inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e 
metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios. 
CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela história do Brasil: documentos. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1997 (adaptado). 
 
O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Caminha, documento 
fundamental para a formação da identidade brasileira. Tratando da relação que, 
desde esse primeiro contato, se estabeleceu entre portugueses e indígenas, esse 
trecho da carta revela a 
 
a) preocupação em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos 
índios à ocupação da terra. 
b) postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas 
culturais do indígena. 
c) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como 
mão de obra para colonizar a nova terra. 
d) oposição de interesses entre portugueses e índios, que dificultava o trabalho 
catequético e exigia amplos recursos para a defesa da posse da nova terra. 
e) abundância da terra descoberta, o que possibilitou a sua incorporação aos 
interesses mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. (TJ-SC adaptada.) “ [...] Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, 
cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao 
viver do homem. E nãocomem senão deste inhame, de que aqui há muito, e 
dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam 
tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes 
comemos.” 
 
O trecho acima, retirado da Carta que Pero Vaz de Caminha redigiu ao Rei D. 
Manuel, é um exemplo do deslumbramento do europeu diante do Novo Mundo e 
das pessoas que por aqui eles encontraram. 
 
Quanto às sociedades indígenas do Brasil, leia as alternativas abaixo e marque 
Verdadeiro e Falso. 
 
(X) A antropofagia entre os indígenas tinha caráter ritual. Para alguns grupos a 
alimentação de carne humana era parte dos cultos religiosos e das tradições 
tribais. 
(X) As grandes nações indígenas estavam distribuídas por, praticamente, toda a 
extensão do território brasileiro. Os Tupis estavam espalhados pelo litoral e foram 
os primeiros a ter contato com os brancos. 
(X) Atualmente, estudos comprovam que a origem dos primeiros habitantes do Brasil 
é proveniente, unicamente, da corrente migratória asiática. 
(X) Diferentemente das demais sociedades indígenas americanas, os povos que 
viviam no território brasileiro possuíam uma característica homogeneidade 
cultural e linguística. 
(X) A chegada dos europeus não causou grandes impactos nas sociedades nativas 
do território americano. 
A sequência correta é 
a) F, F, V, F, V. 
b) V, V, F, F, F. 
c) F, V, F, V, V. 
d) V, V, F, V, F. 
e) V, F, V, V, F. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5. (Enade) 
Documento I 
 E, segundo que a mim e a todos pareceu, esta gente não lhes falece outra coisa 
para ser toda cristã, senão entender-nos, porque assim tomavam aquilo que nos 
viam fazer, como nós mesmos, por onde nos pareceu a todos que nenhuma 
idolatria, nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem 
entre eles mais devagar ande, que todos serão tornados ao desejo de Vossa 
Alteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar, 
porque já então terão mais conhecimento de nossa fé, pelos dois degredados, 
que aqui entre eles ficam, os quais, ambos, hoje também comungaram. 
Carta de Pero Vaz de Caminha. In: PEREIRA, Paulo Roberto (org). Os três únicos testemunhos do 
Descobrimento do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Lacerda, 1999. p. 54;57. 
 
Documento II 
[...] nenhuma fé têm, nem adoram a algum deus; nenhuma lei guardam ou 
preceitos, nem têm rei que lha dê e a quem obedeçam, senão é um capitão, mais 
pera a guerra que pera a paz. 
SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil (1500-1627). 6 ed. São Paulo: Edic ̧ões Melhoramentos, 
1975. 
 
A partir da análise desses documentos conclui-se que, no período compreendido 
entre a produção do primeiro e do segundo: 
 
a) a administração portuguesa no Brasil orientou-se pelas observações dos autores 
dos documentos e optou pelo isolamento das populações indígenas por 
considerar que eram inúteis ao processo de colonização. 
b) a Coroa deixou integralmente a cargo da Igreja Católica a responsabilidade pela 
integraça ̃o das populações indígenas ao modo de vida europeu, conforme as 
sugestões dos autores dos documentos. 
c) a predominância das ações de natureza religiosa, por meio da catequese junto às 
populações indígenas, preservou sua cultura e impediu que elas fossem 
escravizadas. 
d) o entendimento dos portugueses acerca das populações indígenas e de seus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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costumes favoreceu o seu processo de integração pela religião, finalizado no 
século XVII. 
e) os colonizadores empenharam-se em transplantar para o interior das 
comunidades indígenas as formas de organização da sociedade portuguesa, 
usando a religião e a presença de europeus entre eles.

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