Buscar

Artigo - Gestao da Educacao

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Gestão da Educação 
 
 
Débora Hradec 
 
 
 
Artigo científico 
 
 
 
 
 
 
 
 
A GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA 
 
 
Débora Hradec1 
 
RESUMO 
 
O presente artigo tem como intuito prioritário discutir os conceitos, funções e 
princípios básicos da Gestão Educacional Democrática e participativa, relevando 
aspectos da função administrativa da unidade escolar e sua gestão, dentro de uma 
dimensão pedagógica do cotidiano escolar, frente ao papel do gestor escolar, 
tecendo considerações sobre o Projeto Político-Pedagógico como fator de 
democratização da escola. O artigo comenta, ainda, aspectos do Projeto Político-
Pedagógico como fator de democratização da instituição, mencionando o regimento 
escolar e o plano de direção, assim como o planejamento participativo, incluindo os 
órgãos colegiados da escola, relevando aspectos legais relacionados à Gestão 
Educacional. 
 
Palavras-chave: Gestão Educacional. Democratização. Participação. Gestão 
Pedagógica. Administração. Relações escolares. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Várias são as discussões sobre o tema “escola”, dentre elas está a questão 
da gestão escolar, que a cada dia atinge mais legitimidade e mais autonomia. Com a 
democratização e a busca por uma maior autonomia decorrentes da promulgação da 
Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), bem como do processo de eleição para 
diretores, a identidade do gestor escolar mudou na década de 90, uma vez que 
foram atribuídas exigências renovadas à função. 
 Advinda originalmente do latim, a palavra gestão envolve um conceito que se 
refere ao efeito e à ação de administrar ou gerir. É muito comum que o significado de 
gestão englobe somente a administração de atribuições burocráticas, sem uma 
perspectiva humanística, uma ação ligada meramente ao planejamento, logística de 
bens e produtividade. No entanto, a palavra gestão vai além disso, pois expressa o 
ato de dirigir a vida, destinos, capacitação de pessoas, entre outras funções 
importantes. Todos os sistemas organizacionais são operacionalizados por meio da 
gestão e apresentam processos políticos que evidenciam relações de poder. 
 De acordo com Garay (2001), o processo de gestão consiste em dirigir uma 
organização, tomando decisões que considerem demandas relacionadas ao 
ambiente e aos recursos que estão disponíveis. A autora comenta também que a 
gestão está relacionada ao processo administrativo de organizar, dirigir, planejar e 
saber controlar os recursos para atingir objetivos pré-determinados. 
 Os estudos sobre a administração do trabalho educativo surgem por volta da 
década de 30, marcados pelo cunho tecnicista e burocrático, muito parecido com a 
gestão empresarial, de forma estritamente planejada, regulada e controlada. 
Somente na década de 80, a gestão educacional passa por uma visão mais crítica, 
relevando aspectos socioculturais. Desse modo, a gestão da escola passou por 
 
1Bacharel em Letras, Tradutores e Intérpretes, Licenciada em Inglês e Português, especialista em Língua Inglesa 
e Mestre em Tecnologia da Educação e Gestão Educacional. 
 
 
 
 
fases, tais como a mais burocrática, crítica, técnico-científica, a autogestão e uma 
fase democrática e participativa. 
Administrar e gerir são termos que diferem. A administração relaciona-se ao 
planejamento e controle da direção de recursos materiais, humanos e financeiros. Já 
a gestão, por sua vez, envolve a responsabilidade, o incentivo e a participação dos 
envolvidos no processo coletivo de autonomia educacional. A escola é um espaço 
importante de sociabilização dos aprendizes que têm seu cotidiano ligado às 
práticas formativas. 
Para o efeito do presente estudo, o termo administração será substituído, 
preferencialmente, por gestão escolar, visto que, na educação, não há lugar para 
uma concepção meramente técnica, segmentada e hierarquizada. O que há é a 
necessidade de uma concepção que inclua o compartilhamento das ideias, a 
participação dos envolvidos no processo organizacional e no funcionamento da 
instituição em si. 
De acordo com Bordignon (2000), gerir uma instituição educacional é 
diferente de administrar outras organizações, devido à visão mais sociocrítica, 
democrática e sua estruturação pedagógica envolvida no processo e as relações 
específicas entre pessoas envolvidas interna e externamente, e o processo de 
tomada de decisões que precisa ser mediante decisões coletivas, por discussão e 
deliberação conjunta. 
 
1. GESTÃO EDUCACIONAL DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA 
 
 
 
 
1.1 Escola, ensino e aprendizagem 
 
 A escola consiste em um conjunto diversificado de elementos estruturais, 
individuais, políticos e culturais. Nesse tipo de organização, o bom funcionamento 
depende da interação desses fatores. Em outras palavras, o comportamento dessa 
organização resulta da relação dinâmica de todos os elementos que a compõem; 
ainda mais especificamente, seu sucesso decorre do entrosamento e interação da 
cultura, política, estrutura, indivíduos envolvidos e ambiente. 
As escolas são entidades de serviços com o compromisso com a 
aprendizagem e o ensino, e a qualidade desses é o elemento fundamental da 
melhoria contínua da instituição. Sendo assim, mudanças duradouras só podem 
advir do que os docentes e as equipes dos demais colaboradores fazem dentro e 
fora da sala de aula, e em todas as áreas da escola em que exista espaço para 
aprendizagem. 
O objetivo derradeiro da escola é a aprendizagem dos discentes, de modo 
que a existência da escola se baseia nessa premissa. Como organizações de 
aprendizagem, é necessário que os participantes sejam capazes e estimulados a 
criar, participar e realizar, incentivando ideias, concretizando aspirações da 
coletividade e permitindo que todos possam aprender conjuntamente de forma 
inovada e focada na resolução de problemas. 
O gestor escolar deve, prioritariamente, eleger o princípio da autonomia, 
exigindo vínculos estreitos com a comunidade educacional, pais e organizações 
paralelamente relacionadas à escola, e esta é a fundamentação do seu principal 
 
 
 
 
papel, ao garantir a relação eficaz entre a gestão e a comunidade escolar, de forma 
que todos possam se mobilizar para participar das decisões a serem tomadas na 
escola. Esse é o conceito esperado da gestão participativa e democrática. 
Gestão escolar é, portanto, entendida como a atividade em que são 
mobilizados procedimentos e meios para chegar a objetivos dentro de uma escola, 
sem deixar de lado aspectos gerenciais-padrão e técnico-administrativos. Gerir uma 
escola é muito mais que simplesmente administrar. Como visto, a gestão da escola 
difere da administração, pois a gestão é estratégica muito mais do que somente 
organizacional. 
A gestão da escola abrange questões da rotina educacional e garante que a 
instituição tenha condições de cumprir o papel de ensinar com a qualidade 
adequada e formar cidadãos atendendo à formação com competências e 
habilidades para a vida profissional e pessoal. Segundo Bordignon (2004), entende-
se por “gestão da educação o processo político administrativo contextualizado, por 
meio do qual a prática social da educação é organizada, orientada e viabilizada”. 
De acordo com Borges (2004 p. 78), as duas últimas décadas têm observado 
um movimento de dimensão mundial em direção aos padrões de descentralização 
da gestão educacional, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos 
desenvolvidos, com a participação da comunidade. Segundo o mesmo autor, na 
América Latina até alguns agentes de financiamento cobraram ajustes na estrutura 
educacional, o que demonstra uma tendência em direção à gestão mais democrática 
e autônoma. 
Essa autonomia não é feita somente com políticas que criam espaços e 
modos de organizar a escola, na qual será instituída a Gestão Democrática. É 
necessário buscar uma redefinição dos conceitos e formatos democráticos na 
escola, discutindo-se a forma de atuação democrática desejada, oportunizando a 
participação de vários segmentosdo contexto da instituição. No Brasil, a autonomia 
nessa forma iniciou ao final da década de 80, com o reforço da Constituição de 1988 
(BRASIL, 1988), além da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 
1996 (LDB/96) (BRASIL, 1996) que trouxe à tona a Gestão Democrática como 
princípio. 
 
1.2 Conceitos, funções e princípios básicos da Gestão Democrática 
 
O princípio básico da Gestão Democrática, garantindo a qualidade do ensino, 
deve incluir a ativa participação dos docentes e da comunidade. Essa forma de lidar 
com a escola apresenta benefícios aos alunos, professores e aos próprios gestores, 
fazendo com que os alunos fiquem mais engajados com o processo, levando a uma 
sociedade de mais compromisso com a cidadania. 
A gestão enquanto processo deve estabelecer procedimentos de 
coordenação entre as dinâmicas do sistema de ensino ajustados à coordenação 
interna da escola, relevando a importância das diretrizes e das políticas públicas 
educacionais e sua relação com as ações de implementação das políticas e projetos 
pedagógicos internamente à instituição. Isso deve acontecer de forma democrática, 
com ambiente educacional autônomo, contando com o compartilhamento e a 
participação, bem como garantindo a tomada de decisões de forma conjunta para 
resultados efetivos, assegurando o acompanhamento, avaliação do processo e 
feedback de informações. Derradeiramente, de acordo com Lück (2007), esse tipo 
de gestão deve ter transparência por meio da demonstração pública dos resultados 
e processos. 
 
 
 
 
A gestão escolar participativa apresenta ideal inspirado na cooperação com 
reciprocidade. A escola precisa de agentes que defendam o coletivo, gerida em 
decorrência de um trabalho essencialmente cooperativo de todas as pessoas 
envolvidas no processo escolar para chegar a objetivos realmente educacionais. 
Cabe ao gestor fazer uma administração a contento, que não seja meramente 
burocrática e administrativa, mas sim uma tarefa articulativa, de intenções de 
coordenação de partes (embora suponha aspectos administrativos), não se 
esquecendo do cunho pedagógico dessa gestão. 
Na Gestão Democrática e participativa, as instituições são grupos sociais que 
tentam se adaptar e subsistir, e as necessidades individuais são fatores motivadores 
do desempenho organizacional. Nesse tipo de gestão, os indivíduos, que se 
organizam com base em seus interesses e da coletividade, têm mais importância do 
que a estrutura, para que a eficácia seja atingida, pois a tomada de decisão, quando 
compartilhada, promove a eficiência dos processos. 
Na Gestão Democrática, normas e procedimentos devem ser adaptáveis, 
flexíveis, mesmo que normas formais ainda tenham que ser mantidas para fins 
administrativos específicos. A ampla abrangência dos controles aumenta a eficiência 
e autonomia dos docentes, uma vez que o trabalho feito em equipe é a chave para o 
sucesso da organização em geral. As estruturas informais passam, então, a ter mais 
relevância que as formais. 
As responsabilidades das pessoas desenvolvidas nesse processo devem 
congregar todos os membros da equipe da escola nas decisões, metas, objetivos e 
compromissos em comum. 
Esse é o caráter democrático que deve determinar as relações de gestão da 
escola democrática, em que se defende que a coletividade tenha o poder de se 
manifestar pela efetiva participação na tomada de decisões da escola. Autonomia e 
participação são fatores que caminham juntos na administração escolar eficaz para a 
construção do espaço democrático. O gestor passa a ser o líder democrático e 
organizacional, conciliador das opiniões divergentes e anseios do grupo. 
A gestão democrática escolar se baseia na orientação de atos e ações que 
viabilizam uma participação mais social no dia a dia da unidade escolar. Nesta forma 
de gestão, a comunidade é sujeito ativo, o que quer dizer que os docentes, alunos, 
responsáveis pelos alunos (pais), gestor, equipe pedagógica e outros colaboradores 
dos diversos segmentos da escola devem ser considerados conscientes de sua 
participação e importância nas decisões escolares, cada um com seu respectivo 
papel. Essa postura faz com que o objetivo seja trazer para o contexto da educação 
a eficiência de processos, de forma a melhorar a qualidade do ensino, otimizando 
esses processos, indubitavelmente. 
Na Gestão Democrática, como objeto prioritário, a rotina da gestão escolar 
deve estar envolvida com a oferta de condições para que a instituição possa cumprir 
com seu papel prioritário, que é ensinar com qualidade e, acima de tudo, formar 
cidadãos devidamente preparados para a vida profissional e também pessoal. Para 
isso, a gestão escolar deve direcionar a equipe com a qual conta, para ações que 
levem a resultados palpáveis. Isso pode ser feito valorizando-se o potencial de 
liderança que os membros da comunidade escolar possuem. 
A gestão escolar conta com seis pilares que são interdependentes: a Gestão 
Pedagógica, a Gestão Administrativa, dos Recursos Humanos, a Financeira, das 
Comunicações e a Gestão de Tempo e Eficácia de Processos. Esses pilares devem 
ser fundamentados na participação ativa da comunidade, princípio da Gestão 
Democrática da instituição escolar. 
 
 
 
 
Uma gestão autocrática, ou seja, centrada vertical e unicamente no gestor, 
pode afastar os alunos, os docentes e os pais, pois, por mais que o gestor conheça 
as necessidades dos demais níveis da pirâmide de hierarquia, esse tipo de gestão 
não é desejável. 
Todos os pilares são igualmente importantes e devem integrar-se na gestão 
escolar. Alguns estão mais relacionados, mas um afeta o outro no geral, podendo 
levar a reações em cadeia, de forma positiva ou negativa, dependendo da forma 
como são gerenciados, sobretudo se o gestor não tiver uma visão ampla e geral, 
desmembrando-os de forma a definir metas e mensurar os resultados. 
A gestão pedagógica diz respeito ao planejamento dos métodos, dos 
conteúdos e das finalidades relacionadas diretamente ao processo educativo, 
definindo os parâmetros de aprendizagem e ensino que a escola deve adotar. Na 
gestão pedagógica é necessário analisar as etapas que antecedem e sucedem a 
aprendizagem, considerando os propósitos e as metodologias voltadas à 
experiência, materiais, treinamento de professores e demais demandas pedagógicas 
necessárias para atingir os objetivos pedagógicos. O engajamento dos alunos 
deverá ser um reflexo desse esforço. 
No que tange à gestão democrática, portanto, trata-se do estabelecimento da 
manutenção das necessidades estruturais da escola que inclui recursos físicos, 
materiais, patrimoniais, financeiros, rotinas de secretaria, entre outros. Inclui manter 
a ambientação organizada por diretrizes que otimizem a gestão pedagógica. Os 
alunos devem ser os maiores interessados no uso dos recursos que atendam os 
objetivos educacionais. A gestão financeira viabiliza a gestão administrativa, 
incluindo controle de contas, transparência nos gastos, custeio das necessidades 
estruturais, entre outros. 
A gestão de pessoas diz respeito aos recursos humanos direta e 
indiretamente envolvidos em todos os processos de articulação educacional. A 
gestão de recursos humanos inclui os docentes, os coordenadores, colaboradores 
em geral, pais, fornecedores e alunos e a gestão de seus respectivos papéis de 
forma eficaz e de modo que mantenha o entrosamento e o respeito necessário ao 
trabalho em equipe, dando ênfase ao incentivo e orientação pessoal. 
A gestão da comunicação está ligada à de recursos humanos porque 
relaciona-se à transmissão de mensagens entre as pessoas, de forma a incentivar o 
alinhamento, foco e engajamento das pessoas na promoção do aprendizado. Para o 
gestor é imprescindível saber ouvir e considerar possíveis opiniões e retorno de 
práticas, com objetividade. 
O tempo é um recurso que deve ser considerado para o estabelecimento de 
prioridades, levando à eficiência dos processos. O foco do gestor deve ser dedicar 
seutempo em tarefas operacionais, mas esse tempo deve ser bem planejados, 
visando gerir o tempo de forma eficaz, aumentando a produtividade e garantindo a 
previsibilidade dos processos e potenciais adversidades. 
O gestor deve expor os problemas, necessidades e expectativas, ampliando 
no compartilhamento, sua chance de achar soluções eficazes, descentralizando a 
tomada de decisão, viabilizando a participação do coletivo (professores, 
funcionários, comunidade e alunos). No modelo de gestão democrática e 
participativa, todos os envolvidos na comunidade escolar têm voz e vez, mediante o 
suporte da instituição e diálogo horizontal, ou seja, sem relevância para a hierarquia 
administrativa. 
Esse modelo de gestão, no qual a escola é um espaço participativo, tem o 
amparo da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), com apoio da Lei de 
 
 
 
 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) e pelo Plano Nacional de 
Educação – PNE, uma vez que a lei brasileira determina e entende que a gestão 
democrática da educação deve ser um fator prioritário para que seja alcançado um 
nível de educação de qualidade, fortalecendo a instituição por meio da participação 
comunitária, oferecendo maior aproximação e suporte ao aluno corroborando com 
sua aprendizagem e desenvolvimento. 
Não são todos os membros da comunidade escolar que são conscientes de 
seu papel na reflexão em relação à prática social educativa pelo viés democrático. 
Quanto maior a interação comunitária, maior a possibilidade de concretizar uma 
educação inclusiva e democrática. A gestão democrática tem que ser discutida, 
compreendida e efetivada na prática por todos os alunos, professores colaboradores 
e responsáveis pelos alunos e pelas associações de bairro. Não é algo que deve ser 
relevante somente para a direção da escola. 
 
1.3 Dificuldades da Gestão Democrática 
 
Há desafios para a Gestão Democrática, a começar pela Lei das Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), que indicam o rumo a ser seguido, mas 
não fazem o detalhamento de como isso deve ou pode ser feito, não apontando, 
nem estabelecendo as diretrizes desse tipo de gestão. Outro fator adverso para a 
gestão democrática é que os gestores precisam se adaptar às alterações e às 
mudanças sociais dentro de um contexto histórico e social, analisando a realidade, 
pois sua tarefa é, subjetivamente, transformadora do momento. 
Outra dificuldade para a gestão democrática é o fato de as pessoas 
desconhecerem plenamente o conceito de autonomia contínua, tanto individual 
quanto coletivamente. As pessoas têm a tendência de delegar responsabilidades a 
outros sem vislumbrar a coparticipação nos processos e resultados como uma troca 
enriquecedora de experiências. Assim, a escola tem que se adaptar à nova 
formação social nas vertentes sociais, políticas e econômicas, com suas novas 
necessidades, problemas e expectativas. Por isso a sociedade tem que ser 
conscientizada, pelo gestor democrático, de que a gestão participativa é a maneira 
mais eficaz para oferecer os novos conhecimentos, os quais essa nova sociedade 
precisa. 
É também desafio para o gestor implementar os conceitos de inovação, 
produtividade e competitividade, que devem estar alinhados com os interesses da 
nova conformação da sociedade. No entanto, a transformação, considerando esses 
conceitos, não pode ser unilateral, somente pela gestão, para um resultado positivo. 
Para ampliar conhecimentos, investindo na inovação e criatividade, a participação 
dos pais é absolutamente indispensável para assegurar que a demanda de 
desenvolvimento de habilidades e competências seja garantida aos alunos, 
possibilitando se tornar um cidadão pleno. Os familiares, por outro lado, devem crer 
no trabalho do gestor educacional. 
Assim, a instituição escolar deve reconstruir seus conceitos agindo muito mais 
do que, unicamente, como executora de todas as tarefas educacionais e única 
responsável pela formação dos alunos, convocando a comunidade para a reflexão e 
tomada de decisões. A educação estrutura o processo educativo em função dos 
interesses sociais e comunitários. A participação dos pais e responsáveis na rotina 
da escola é indispensável para atingir os objetivos sociais, uma vez que a sociedade 
cria as necessidades e demandas aos alunos, futuros cidadãos. Vencer essa 
 
 
 
 
unilateralidade atribuída ao gestor é um desafio ao suprir as necessidades sociais do 
processo educacional. 
Outro desafio é combater a segmentação e o caráter estático dos modelos 
padrão e não participativos de gestão, focado na figura unicamente do gestor. Os 
modelos menos democráticos são direcionados unicamente ao cumprimento de 
determinações, regulamento e normas de forma estrita, sem relevar as 
necessidades sociais que demandam a participação de várias frentes. A participação 
da comunidade na gestão é estratégica, visando ações de curto, médio e longo 
prazo. Já a demora em se adaptar à realidade das pessoas é aumentada quando 
não há comunicação entre as partes envolvidas. Os alunos, por outro lado, apreciam 
a gestão democrática de forma positiva visto que enxergam que o poder decisório é 
compartilhado com todos que são interessados. 
 A participação na democratização da gestão da escola é uma escolha, não é 
obrigatória, mas recomendável face à realidade do cerne educacional. Essa 
conscientização deve envolver a mobilização coletiva e individual, visando incentivar 
o trabalho em equipe para o bem comum. É o contato frequente das partes que 
permite a geração das melhores condições e ações para atender as necessidades 
da comunidade escolar. 
 
 1.4 Benefícios da Gestão Democrática 
 
Como comentado, para estar alinhado ao conceito da gestão democrática nas 
instituições de ensino, o gestor precisa prezar pela transparência, descentralização 
decisória e pela participação nas atividades do dia a dia da escola, com base no 
consenso e na discussão não autoritária, com um trabalho conjunto focado nas 
soluções educacionais. O gestor passa a ser um mediador, referência no diálogo 
advindo dos encontros necessários para que os integrantes da comunidade possam 
participar mais ativamente no dia a dia da instituição. Essa postura gera muitos 
benefícios frente à gestão democrática, como alunos mais politizados e 
responsáveis, por exemplo. 
Os alunos, atualmente, fazem parte de um contexto de oportunidades e 
liberdades, e dão valor ao momento presente. Pela gestão participativa, é possível o 
exercício das virtudes políticas, identificação de problemas, busca de soluções, 
implementação de ações, ações de consenso, assegurando o cumprimento das 
melhores práticas educativas. Na gestão participativa e democrática horizontal, os 
alunos percebem que possuem uma parcela de responsabilidade no cumprimento 
das ações educacionais e aprendem que a organização é baseada na necessidade 
de compreensão das necessidades de todos. Essa prática é levada para a vida, 
gerando senso de responsabilidade, participação com a opinião e voto, de forma 
mais consciente para que os alunos sejam mais ativos nos processos sociais. 
Outro benefício é a minimização da quantidade de indivíduos insatisfeitos, 
como existe em gestões autoritárias e unilaterais, não baseadas nas expectativas e 
necessidades dos envolvidos no processo e por ele impactados. A gestão 
participativa permite que os alunos fiquem mais satisfeitos com as regras, ações e 
metodologias baseadas no consenso que atendem melhor as expectativas. Na 
gestão democrática e participativa, as ações e decisões se baseiam na opinião 
coletiva em encontros e reuniões na busca das soluções por consenso, reduzindo a 
insatisfação dando oportunidade para que todos possam se expressar, propondo 
ações e melhorias aprovadas pela maioria. Portanto, as escolhas se sobrepõem às 
insatisfações, já que todos participam abertamente do processo decisório. 
 
 
 
 
1.5 A Função Administrativa da Unidade Escolar e do Gestor 
 
A gestão participativae democrática corrobora com o aumento da quantidade 
de soluções criativas, dando voz e vez para todos opinarem sobre o que é melhor 
para a maioria. Disso decorre a descentralização decisória que passa a ser feita por 
um grupo seleto e o aumento das soluções dotadas de maior criatividade e mais 
suscetíveis à realidade dos envolvidos no processo educativo. Cabe ainda relevar, 
nesse tipo de gestão, a valorização da interação das diferentes gerações e 
diferentes perspectivas de vida, sem nivelar as vivências dos envolvidos nas 
decisões. 
Esse tipo de gestão leva a uma melhora visível no rendimento escolar pelo 
próprio incentivo à participação dos alunos, maximizando o interesse deles pelos 
aspectos do cotidiano da escola. Os alunos vislumbram a escola como um espaço 
sob a responsabilidade de todos pela educação, muito mais do que meramente um 
espaço onde se tem a obrigação de estudar. 
Neste modelo de gestão democrática e participativa é necessário ouvir a 
comunidade escolar, já que a instituição é dedicada a suprir necessidades 
comunitárias, portanto, é necessário conhecer a existência de demandas por meio 
do diálogo, abrindo as portas da instituição a todos da comunidade, ouvindo críticas, 
elogios e sugestões para a melhoria de processos e ações. 
Trata-se de um tipo de condução administrativa que culmina por constituir um 
laço de confiança com os alunos, pais e com os responsáveis para saber lidar com 
diferentes demandas e assuntos. É fundamental fazer um planejamento eficiente 
dos processos e ações na escola para que a gestão escolar democrática seja 
factível e funcional de forma plena. O planejamento dessa gestão é o primeiro passo 
para seu sucesso e transformação dos processos e ações. Por outro lado, é 
necessário promover a união das partes, não ficando a participação restrita a 
reuniões, mas sim a toda ação do cotidiano da escola. É necessário um denso 
diálogo e tempo para conscientizar as pessoas de que elas têm um papel 
importante, senão fundamental, na instituição. 
Assim, a união entre as pessoas envolvidas no processo educativo deve ser 
incentivada, com participação no cotidiano da escola e não ficar restrita a reuniões. 
Sendo assim, o gestor democrático fortalece os laços e incentiva a comunidade 
escolar a trazer sua participação desde a implementação desse tipo de gestão. 
As decisões, mesmo que tomadas coletivamente, nem sempre são claras a 
todos, e aí reside a importância do gestor mediador, oferecendo o máximo de 
transparência nesse processo, fornecendo informações por todos os meios de 
divulgação possíveis, desde murais a recursos digitais, portais e redes sociais. O 
mais relevante é que todos tomem conhecimento das ações e suas consequências 
após deliberação conjunta. O gestor democrático dá mais ênfase às soluções que 
agreguem pontos, que desenvolvam o projeto pedagógico da instituição, motivando 
as pessoas e incentivando o crescimento. Vale lembrar que a gestão democrática 
cria líderes e prepara os envolvidos nas necessidades futuras da sociedade. 
 
1.6 A Gestão Democrática como instrumento da qualidade 
 
O sucesso da gestão democrática reside no fato de compreender alguns 
elementos norteadores que determinam o gerenciamento e desenvolvimento dos 
processos que caracterizam a instituição escolar. Essa é a função do líder que sabe 
desenvolver processos com base na opinião da coletividade, conduzindo grupos 
 
 
 
 
envolvidos no processo educativo. É por isso que as ações e proposições devem ser 
motivadoras, provocativas e carregadas de compromisso social, oferecendo 
segurança e confiança para despertar o desejo de participação e o apoio de todos, 
garantindo processos de qualidade. 
Para isso é necessário garantir que todos estejam cientes de seu 
compromisso com o processo, resultando na efetivação das práticas que levam ao 
favorecimento do desenvolvimento do exercício democrático e da cidadania. A 
sociedade só é democrática ao firmar valores e constituir a prática desses valores no 
cotidiano, ou seja, pelos meios que os reafirmam e instauram. A construção da 
democracia decorre do trabalho educativo com qualidade, constituído desde a 
escola. Para que a gestão democrática da escola se concretize, é importante que 
sejam desenvolvidas ações, tanto administrativas quanto pedagógicas, baseadas 
nos princípios de autonomia, participação e cooperatividade. 
Por meio da gestão democrática, o diretor ainda é o responsável pela gestão 
da escola, mas, nesse sistema, representa a comunidade interna e externa à escola. 
A gestão democrática garante a formação de cidadãos ativos e participantes, assim 
como, futuramente, profissionais que sejam comprometidos e não sejam alheios a 
ações coletivas onde o poder é dividido. 
No entanto, há sempre a chance do diretor ou gestor escolar vir a ser a figura 
central na hierarquia ao invés do mediador, já que esses precisam realizar diversas 
tarefas como lidar com parceiros da instituição, fornecedores etc., atém de lidar com 
os professores, com os pais, alunos e demais membros da comunidade escolar. 
Tudo isso pode, na falha de um procedimento democrático de gestão, sobrecarregar 
o gestor, sobretudo se o planejamento não for sólido. 
Portanto, se a escola deseja o desenvolvimento de valores democráticos 
como a liberdade, a solidariedade, a justiça e o respeito, deve democratizar seus 
processos pedagógicos e métodos, e, principalmente, a relação entre professor e 
aluno, uma vez que são os docentes que estão na relação horizontal da gestão, 
viabilizando o diálogo sobre vivências e conteúdo. Essa prática respeita as 
possibilidades e condições de cada participante da gestão democrática e contribui 
para uma sociedade mais justa. 
Segundo Lück (2007), ter autonomia não significa simplesmente ter vontade 
própria, apesar de estar relacionada ao autogoverno, mas é um princípio a ser 
desenvolvido pelos envolvidos no processo educativo evitando demasiada 
espontaneidade ou anarquia. A autonomia ocorre pela constituição de um ambiente 
adequado à participação comunitária nas decisões, visando encontrar soluções 
criativas e com responsabilidade por meio da negociação para chegar aos objetivos 
planejados. No entanto é preciso sempre estar de acordo com as normas e diretrizes 
instituídas pela legislação em vigência. Desse modo, a autonomia escolar passa a 
ser um processo interdependente. 
A participação de todos é fundamental para a gestão democrática. No 
contexto educacional a participação da comunidade nas ações pedagógicas diz 
respeito à transparência decisória e representatividade, já que a escola tem como 
objetivo um processo educacional que conduza à cidadania, organizando-se por 
relações horizontais de solidariedade e cooperação entre todos os envolvidos no 
processo pedagógico. Participar é poder definir práticas sociais conjuntamente. 
 
2. A GESTÃO DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA E A AUTONOMIA 
 
 
 
 
 
 Ao falar de gestão escolar é necessário compreender o conceito de 
administração e a história dela em geral, pois as transformações na economia e 
tecnologia, assim como nos princípios, maneiras e funções ao gerir, chegam a 
interferir nas práticas educacionais e sociais. Administrar é o processo de 
planejamento, direção e controle de materiais, finanças, recursos humanos e 
informações visando objetivos planejados. Administrar envolve eficiência, 
produtividade e controle, conceitos de produção capitalista. Entretanto, o conceito de 
administração é anterior ao do capitalismo. 
Uma forma mais próxima da definir a administração em relação à gestão 
escolar seria o uso racional de recursos visando realizar fins determinados. O fato é 
que tanto as funções da administração quanto seus princípios estão relacionados à 
sociedade em toda e qualquer realidade em que a administração aconteça. 
A administração é subjacente às demandas da sociedade. Exemplificando o 
significado de administrar de forma geral: em uma empresa essencialmente 
capitalista, cujafunção é acumular capital, a função da administração é organizar os 
meios, recursos e trabalhadores, entre outros, dentro de um processo de produção, 
visando o controle dos processos produtivos. 
 
2.1 Escolas de administração 
 
 
As escolas da administração geral são: a escola de administração científica 
(também chamada de clássica ou sistema racional), a escola de relações humanas, 
a escola behaviorista e a escola estruturalista. 
 
2.1.1 Escolas de administração científica 
 
A escola clássica foi trabalhada por Jules Henry Fayol (1841-1925), Lyndall 
Urwick (1891-1983), Luther Gulick (1892-1993) e Max Weber (1864-1920) e 
Frederick W. Taylor (1856-1915), sendo o último seu principal expoente. Esse 
sistema abrange um conjunto de ações para chegar a metas pré-planejadas, com 
base em um tempo programado para a máxima eficiência. 
A fundamentação básica da escola de administração científica é no taylorismo 
de Frederick Taylor, considerado pai da gestão científica que visava a eficácia 
máxima para a indústria. Taylor achava que o ser humano poderia ser programado, 
como as máquinas, para chegar à eficiência máxima. Ele criou métodos de 
organização racional do trabalho, linhas de montagem para produção em massa, 
maximizando o tempo, recursos materiais e humanos, reduzindo gastos e 
aumentando os lucros. 
Os princípios básicos dessa administração científica baseada no sistema de 
organização racional, cunhada ao final do século XIX, mas que ainda perdura no 
sistema de administração das indústrias, inclui, mas não se limita, ao conceito de 
que as empresas existem para chegar a objetivos planejados. Dentro desses 
princípios básicos, as organizações existem em função de seus próprios objetivos, a 
divisão do trabalho geral leva à especialização e esta leva à expertise. 
Padronizar tarefas leva à eficiência e a hierarquia promove a conformidade 
com disciplina. O estreito controle administrativo leva a uma melhor supervisão e é 
essencial para obter a eficiência e na tomada de decisão, a racionalidade e a 
organização formal promovem a eficiência. 
 
 
 
 
O princípio dessa escola é, resumidamente, de acordo com Mota (1973), 
“alguém será um bom administrador à medida que planejar cuidadosamente seus 
passos, que organizar e coordenar racionalmente as atividades de seus 
subordinados e que souber comandar e controlar tais atividades”. Assim, nessa 
abordagem, o homem e seus valores são tidos como econômicos. 
Como o homem é um ser dotado de racionalidade, ao tomar decisões, busca 
familiarizar-se com todas as possibilidades de ação possíveis e as consequências 
dessas opções, podendo escolher a melhor forma de tratar das questões do trabalho 
e melhorar os resultados de suas decisões. 
A análise e os estudos envolvidos no processo produtivo visam o máximo de 
produtividade, por meio também, da intervenção do gestor desde a seleção e 
treinamento até a implantação de sistemas de incentivos econômicos devidamente 
supervisionados. 
Para essa escola de administração, somente os resultados são determinantes 
do modo correto e eficiente de realização do trabalho. Quanto mais dividido o 
trabalho e quanto mais as tarefas forem agrupadas em departamentos com objetivos 
semelhantes, maior a eficácia produtiva da empresa. Por outro lado, a escola 
também defende que cada chefia tenha um número limitado de subordinados para 
centralizar melhor as decisões. 
 
2.1.2 Escolas de Relações Humanas (ou Sistema Natural) 
 
As relações sociais no capitalismo, de certa forma, são dualistas ou 
antagônicas, pois de um lado estão os detentores dos meios de produção e de outro 
lado está a força de trabalho; os trabalhadores. Os autores do sistema natural são 
Firtz Roethlisberger (1898-1974), Douglas MacGregor (1906-1964), Mary Follett 
(1868-1933) e Elton Mayo (1880-1949) como expoente. 
Essa abordagem contrasta com o sistema racional, já que oferece uma visão 
diferente da organização. Nesse sistema, as empresas se assemelham aos 
organismos mais do que à máquina. O foco do interesse desse tipo de sistema são 
os grupos informais. Os problemas humanos, do relacionamento do grupo, são 
relevantes se consideradas as necessidades de autorrealização e participação, uma 
vez que o ser humano além de racional é social em sua essência. 
Esse sistema considera que o comportamento humano não pode ser reduzido 
a esquemas, pois é regido por diferenças individuais e condições sociais. Os 
gestores desse sistema dão ênfase para a motivação e satisfação dos 
colaboradores, bem como para a moral da equipe. No entanto, assim como na 
gestão científica, esta também é um sistema fechado, porque ambas desconsideram 
o ambiente externo. 
Os princípios básicos desse tipo de gestão são: as necessidades individuais 
são aspectos de motivação fundamental do desempenho da organização que são, 
antes de tudo, grupos sociais que tentam se adaptar na busca pela sobrevivência. 
Para chegar à eficiência, os indivíduos são mais relevantes do que a estrutura. 
Os recursos humanos se organizam de modo informal, baseados em seus 
interesses pessoais e procedimentos; e normas não oficiais podem, às vezes, ser 
mais relevantes do que as formais. A eficácia é atingida por intermédio da tomada 
compartilhada de decisões. A abrangência ampliada do controle aumenta a 
autonomia dos recursos humanos, sua autonomia e eficiência. A cultura da 
organização estabelece a mediação dos efeitos na estrutura empresarial. O trabalho 
em equipes é fundamental para o sucesso do sistema. 
 
 
 
 
Neste sistema, além do incentivo financeiro para que o ser humano atinja a 
satisfação e a eficiência, são necessárias diversas outras motivações, como a 
participação na tomada de decisões. 
 
2.1.3 Escola Behaviorista 
 
Seu enfoque é na organização informal, nas relações sociais que não são 
previstas em organogramas, normas e regulamentos. Nessa escola, os expoentes 
são Chester Bernard, Herbert Simon, Chris Argyris e Elliot Jacques. De modo que os 
princípios de administração podem ser usados em qualquer tipo de organização, se 
tratados com objetividade, uma vez que a linha psicológica do Behaviorismo em que 
se baseia estuda o comportamento dando ênfase ao estudo objetivo das reações e 
estímulos identificados. 
Trata-se de uma escola que se baseia, também, na teoria dos aspectos 
relativistas e subjetivista, o que significa que não existe verdade absoluta, pois todo 
ponto de vista é válido e a existência é reduzida ao pensamento do indivíduo. 
Desse modo, a tomada de decisão para essa abordagem exige uma tratativa 
especial, pois tudo que se relaciona à autoridade é motivo para estudos especiais, já 
que a autoridade passa a ser um fenômeno psicológico e não simplesmente legal. A 
organização é vista como um sistema cooperativo e racional, pois a satisfação e a 
realização dos objetivos individuais são obtidas pela vivência cooperativa nos 
sistemas informais. 
 
2.1.4 Escola Estruturalista 
 
Segundo esta escola, a organização deve exigir do homem uma 
personalidade flexível, que resista às frustrações e com forte desejo de realização 
pessoal. Difere das escolas anteriores, que admitiam a harmonia de interesses 
(clássica e de relações humanas) e a existência possível de conflitos superáveis 
pela integração das necessidades dos indivíduos com as da organização 
(behaviorista). 
Os estruturalistas indicam que conflitos são necessários e inerentes à vida em 
sociedade e as tensões e dilemas que acontecem nas empresas são naturais, sendo 
que os incentivos para o bom desempenho no trabalho não podem ser somente 
financeiros, mas além desses, de natureza psicossocial, já que se influenciam de 
forma mútua. 
 
2.2 Tipos de gestão escolar, características e princípios 
 
 
2.2.1 A Gestão escolar técnico-científica 
 
 De acordo com Libâneo (2008), a gestão escolar técnico-científica (também 
denominada tradicional) se baseia na modalidade de gestão que tem como 
fundamento a hierarquização de funçõese cargos, dando valor para a 
racionalização sob uma visão conservadora de gestão, muito tradicional, burocrática 
e clássica. Nesse sistema administrativo, há uma segmentação técnica das funções 
trabalhistas, o poder é totalmente centralizado no diretor da instituição de ensino, a 
comunicação é feita de forma vertical e as interações pessoais são baseadas nas 
 
 
 
 
tarefas burocráticas. Uma versão contemporânea atualizada da gestão técnico-
científica é a administração baseada na Qualidade Total. 
 
2.2.2 A Gestão escolar autogestionária 
 
Novamente, de acordo com Libâneo (2008), na administração cujo princípio é 
a autogestão e descentralização, a característica principal é a responsabilidade da 
coletividade, dos indivíduos envolvidos, sem uma direção centralizadora, já que o 
grupo é o gestor que institui as próprias regras. Esse sistema valoriza mais a relação 
pessoal do que as tarefas de cunho burocrático. 
 
2.2.3 A Gestão escolar interpretativa 
 
Libâneo (2008) também indica que a gestão interpretativa segue o princípio 
da subjetividade na forma de gerir, ou seja, nada está pronto, fechado e dá menor 
importância ao ato de organizar em detrimento da ação organizacional. Essa 
modalidade de gestão inclui as interações sociais garantidas pelas práticas 
compartilhadas. 
 
2.2.4 A Gestão escolar democrático-participativa e a autonomia 
 
Para Libâneo (2008), essa modalidade de gestão apresenta como 
característica a tomada de decisão com base na organização coletiva, tendo como 
fundamento objetivos assumidos por todos os envolvidos no processo educacional. 
Em outras palavras, a gestão democrática escolar tem como meta a implementação 
de modos de descentralização administrativa, pedagógica e financeira, sob a 
sustentação da eleição para diretor ou concurso público (que, por sua vez, atende 
processos de formação continuada), participação efetiva do Conselho Escolar, 
garantindo a autonomia escolar, visando atender às necessidades da comunidade. A 
regulamentação desse tipo de gestão é determinada pelo sistema de ensino. Nessa 
modalidade de gestão, o mais importante é a descentralização, pois as decisões e 
ações do gestor devem ser realizadas sem hierarquização, com participação e 
transparência. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de n° 9.394/96 no artigo 
14, determina que a gestão democrática necessita da “I – participação dos 
profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – 
participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou 
equivalentes” (BRASIL, 1996). 
As comunidades escolares interna e externa (colaboradores, pais alunos, 
docentes, associações, conselhos etc.) devem ter participação nos processos de 
planejamento, decisão e execução do trabalho de gestão, com total transparência, 
sendo conhecidos por todos e amplamente divulgados a todos os envolvidos. 
Participar é poder definir meios e fins na prática social, e esta participação pode ser 
por delegação, representação, mandato etc. A participação tem que ser traduzida 
como estratégia para fazer valer os fatores culturais, políticos e econômicos das 
pessoas. 
A participação é, portanto, definir e redefinir de forma permanente os meios e 
os fins nas ações desenvolvidas. Participar também é aprender em todas as 
vivências e atuações. 
 
 
 
 
Uma gestão de escola estruturada em bases democráticas, fundada na 
participação da comunidade, terá maiores facilidades de conseguir a 
adesão de parcelas significativas dos pais de alunos, para atividades 
culturais que visem à reflexão mais profunda dos problemas educacionais 
de seus filhos, e que lhes propiciem, ao mesmo tempo, a apreensão de uma 
concepção de mundo mais elaborada e critica. (PARO, 2008, p. 155) 
Segundo Catani e Gutierrez (2013 p. 38), a relação entre participação e 
gestão escolar é íntima. Participar é equivalente a promover a construção de um 
consenso em relação a um plano de ação coletivo, em que a gestão se fundamenta 
e legitima por meio dessa participação, que exercita a democracia como fruto de 
valores da contemporaneidade, como tolerância, relações igualitárias, flexibilidade, 
cidadania e justiça, valores essenciais para a sociedade. Ainda, a participação é 
fundamentada no exercício de um diálogo contínuo entre as partes que apresentam 
diferentes habilidades e formações, ou seja, pessoas envolvidas com diferentes 
competências para a viabilização de um plano que atenda a coletividade de forma 
consensual. 
 A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, 
possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo 
de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. A 
participação proporciona melhor conhecimento dos objetivos e das metas da 
escola, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica, de suas relações 
com a comunidade, e propicia um clima e trabalho favorável a maior 
aproximação entre professores, alunos e pais. (LIBÂNEO, 2008, p. 450-451) 
Daí a relevância da instituição de ensino ao garantir um espaço adequado 
para a manifestação de ideias e para a diversidade, tornando possível que 
segmentos diferentes da comunidade possam refletir e participar de decisões que 
corroborem com a melhor formação para todos os alunos. 
A participação significa, portanto, a intervenção dos profissionais da 
educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. Há dois 
sentidos de participação articulados entre si: a) a de caráter mais interno, 
como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos 
alunos, constituindo prática formativa, isto é, elemento pedagógico, 
curricular, organizacional; b) a de caráter mais externo, em que os 
profissionais da escola, alunos e pais compartilham, institucionalmente, 
certos processos de tomada de decisão. (LÜCK, 2007, p. 66) 
 
A cooperação com o próximo e em prol dessa gestão participativa é para 
contribuir para a emancipação dos envolvidos, já que a escola tem como objetivo a 
integral formação dos alunos e a cooperação entre os que convivem na escola. Esse 
é um valor a ser praticado por todos. Essa gestão é baseada no sistema horizontal 
de hierarquia. 
É também importante valorizar e respeitar os saberes dos alunos, afinal a 
aprendizagem se dá pelo encontro de saberes diferentes manifestados nas relações 
sociais. As manifestações de diversidade advêm de pessoas com diferentes 
culturas, histórias de vivência, diferenças econômicas etc., veiculados por meio da 
linguagem, roupas, tradições, concepções morais e religiosas, tipo de interação com 
o meio ambiente entre vários outros fatores que definem os processos sociais e a 
relação entre os cidadãos. 
 
 
 
 
Nesse contexto, a desigualdade também é fator de aprendizagem e a 
concretização da gestão escolar democrática tem como pressuposto lidar com a 
perspectiva intercultural, por meio de um projeto educativo, que promove a relação 
sadia de diferentes culturas, implicando em efetivar a prática pedagógica que traga 
oportunidades educativas para todos, respeitando essa diversidade. 
Portanto, a gestão por participação democrática é voltada para a qualidade de 
ensino, assim como para o processo organizacional, visando os objetivos da 
instituição de forma autônoma. 
 
A autonomia da escola exige um maior controle social por parte da 
comunidade, ela só pode tornar-se efetiva se contar com o empenhamento e 
participação dos que vivem o dia a dia da escola, assegurando com o seu 
trabalho o cumprimento da sua missão. São eles os professores (bem como o 
pessoal não docente e outros adultos que prestam serviço na escola ou 
colaboram na realização de tarefas educativas) e os alunos (vistos não como 
“cliente” ou “consumidores”, mas sim como “trabalhadores” e coprodutores 
da ação educativa). (BARROSO, 2013, p. 40) 
 
A autonomia revela que é possível construir uma escola com identidade 
própria, fazendo da comunidade escolar coautora desse processo. Paratal, Paro 
(2008) determina que quando a gestão escolar é realmente democrática, com a 
participação efetiva de todos nos processos escolares, promovendo a transformação 
social e atendendo a tudo que possa ser de interesse para a classe trabalhadora. 
Tem-se um processo de participação consciente, ligado à identidade da coletividade 
e de cada um. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(no.9.294/96), 
 
os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de 
educação básica que os integram progressivos graus de autonomia 
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas 
gerais do direito financeiro público. (BRASIL, 1996, art. 15) 
 
Um bom exemplo de participação é a construção do Projeto Político-
Pedagógico e o exercício das reflexões continuadas sobre o processo de ensino-
aprendizagem. Toda escola deve promover um ambiente que vise propiciar 
condições de igualdade participativa de todos, oferecendo oportunidades e meios 
para que a gestão democrática possa se concretizar. 
Agir em cooperação significa acabar com as relações autoritárias e de 
centralização do poder, características da escola tradicional, favorecendo relações 
democráticas e a emancipação de todos os que estão envolvidos. Segundo Libâneo 
(2008), a participação é um caminho democrático para alcançar os objetivos da 
instituição escolar por meio da intervenção comunitária e dos profissionais que 
atuam na educação. 
 
O trabalho do diretor de escola é pleno de encontros e desencontros, 
conflitos, desafios e realizações. É muito comum que a realidade do cotidiano 
e exigências diversas o afastem daquilo que tinha em princípio, como 
propósito. Por isso, possível perceber como as equipes escolares anseiam 
por presença, atenção, sugestões decisões e encaminhamentos por parte do 
diretor. Os muitos problemas existentes no dia a dia das unidades escolares, 
entre os quais se destacam a falta de diálogo entre os colegas, os conflitos 
pessoais e as relações de poder que se estabelecem, todos prejudicam e 
provocam sentimentos de desencanto em relação à escola. O grande desafio 
 
 
 
 
hoje é (...) conseguir recriar um novo sentido para a condição humana. (LIMA, 
2007, p. 37-38) 
 
Assim, a escola tem na participação e na gestão democrática o amparo do 
projeto político-pedagógico como o “conjunto articulado de propostas e programas 
de ação, delimitados, planejados, executados e avaliados em função de uma 
finalidade previamente delineada pela representação simbólica dos valores a serem 
efetivados” (SEVERINO, 2001, p.153). 
Para construir a identidade da escola é necessária muita reflexão e estudo 
sobre a intenção e pertinência para a instituição escolar. Com relação à missão da 
escola, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (no.9.294/96) institui: 
 
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as 
do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I – elaborar e executar 
sua proposta pedagógica; II – administrar seu pessoal e seus recursos 
materiais e financeiros; III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e 
horas-aula estabelecidas; IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho 
de cada docente; V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor 
rendimento; VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando 
processos de integração da sociedade com a escola; VII – informar os pais e 
responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre 
a execução de sua proposta pedagógica; VIII – notificar ao Conselho Tutelar 
do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante 
do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de 
faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei. 
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I – participar da elaboração da 
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II – elaborar e cumprir 
plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de 
ensino; III – zelar pela aprendizagem dos alunos; IV – estabelecer estratégias 
de recuperação para os alunos de menor rendimento; V – ministrar os dias 
letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos 
períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento 
profissional; VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as 
famílias e a comunidade. 
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do 
ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e 
conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da 
educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação 
das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. 
(BRASIL, 1996, art.12 – art.14) 
 
2.3 O projeto político-pedagógico como fator de democratização escolar 
 
 A democracia é um conceito da política que tem como base um conjunto de 
direitos que todos os indivíduos devem ter, incluindo direitos e deveres de acordo 
com a faixa e também o compartilhamento do poder. 
Democracia significa, também, em certa interpretação, “autogoverno”, o que 
quer dizer, idealmente, que sociedades, associações, grupos e Estados podem se 
autogovernar, resolvendo seus próprios problemas de forma coletiva e participativa. 
Ao falar em democracia, logo somos remetidos à política. Historicamente, 
temos as transformações sociais abarcando novos direitos, novos indivíduos e, 
consequentemente, novas demandas, conforme a sociedade se transforma e essas 
transformações se dão justamente pelas ações políticas. 
 Com base nesse pressuposto, a democracia é, além de um regime de 
governo, um modo de vida orientado pelo diálogo, participação e respeito mútuo 
 
 
 
 
pelo bem comum nas relações do dia a dia. Esse tipo de exercício político é 
vivenciado por todos diariamente, implicando não somente no diálogo, mas na 
tomada de decisão comunitária. Aos educadores fica relegada a missão de ensinar o 
aluno a aprender democracia, de forma coletiva por meio de práticas e atitudes. 
 Na escola, a gestão democrática e participativa promove a mobilização, a 
organização e a participação dos envolvidos no processo educativo e no 
planejamento e execução das ações de gestão, mas apesar de ser instituída por lei, 
ainda não é realidade prática em muitas instituições. 
Os gestores precisam de empenho para inovar e mudar, dando ênfase à 
construção de um bom Projeto político-pedagógico, à formação continuada de todos 
os colaboradores, fortalecendo o grêmio estudantil, respeitando a diversidade, 
democratizando as relações de poder e o conselho escolar e a associações de pais 
e mestres, entre outros fatores. 
O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é fundamental para a organização e 
administração do ano letivo. Gerir uma escola exige conhecimento, colaboração, 
tempo, planejamento e participação das várias pessoas envolvidas com o ambiente 
educativo. 
Trata-se de um documento legal e político que visa enfrentar desafios e que 
determina a organização escolar. Configura-se uma ferramenta de planejamento e 
avaliação que precisa ser completo e flexível e indica qual a direção a seguir. O 
Projeto Político-Pedagógico contempla dados sobre aprendizagem, recursos, 
missão, relação com a família, clientela, as diretrizes pedagógicas e requer uma 
gestão democrática, pois engloba gestores, professores, funcionários, alunos e 
família. Assim, ele deve ser articulador, norteador, desafiador e construído e 
vivenciado por todos os membros da instituição. 
A gestão democrática e participativa e a autonomia são parte da ação 
pedagógica e são exigências do próprio projeto político-pedagógico. Este, por sua 
vez, tem ligação estreita com a qualidade de ensino e é uma prática do dia a dia da 
escola. Lembrando que o fundamento da gestão democrática é a participação. 
Como visto, é pela participação que os envolvidos nos assuntos da escola 
tomamparte na ação. A verdadeira democracia decorre da confluência de diferentes 
pontos de vista, visões de mundo e diferentes papéis, assim como da possiblidade 
de desenvolvimento de uma conscientização individual e coletiva, no envolvimento e 
compromisso de pessoas da comunidade externa e interna da escola, bem como da 
participação governamental e no produto do projeto escolar. Sempre que algo é 
constituído pelo coletivo, há um compromisso ampliado e descentralizado, assumido 
pela comunidade. 
O Projeto Político-Pedagógico é fruto do esforço assumido pela comunidade 
escolar, e deve ser construído tendo como cerne o processo educativo integral do 
aluno, incluindo aspectos cognitivos, físicos, culturais, sociais e afetivos. Os 
elementos que constituem um Projeto Político-Pedagógico incluem, mas não se 
restringem ao histórico da escola, ou seja, o registro do resgate de elementos do 
passado para entender o presente e planejar o futuro da instituição; o contexto 
sociocultural que visa caracterizar o status cultural e social da comunidade onde a 
escola está inserida; os conceitos de ação educativa, em que é exposta a visão 
social, educativa, do currículo e do ensino e aprendizagem; os objetivos que indicam 
o motivo da existência da instituição, sempre colocando o discente como cerne do 
processo; e ainda, a gestão e organização do trabalho. 
A gestão e a organização do trabalho devem ser divididas em recursos 
materiais (material didático e pedagógico, jogos, mobiliário, brinquedos etc.); 
 
 
 
 
estrutura física (onde são descritos os espaços escolares, como salas, estrutura de 
áreas internas em geral); recursos humanos (descrição dos profissionais que fazem 
parte do quadro funcional da instituição de ensino); corpo docente e discente 
(descrição de quem são esses alunos e professores); e recursos financeiros 
(importante para que se possa determinar o escopo de ação dentro de uma 
realidade financeira plausível). 
O Projeto Político-Pedagógico também inclui a estrutura pedagógica que 
abrange a metodologia de ensino adotada pela instituição, demonstrando a prática 
do trabalho que se desenvolve junto aos alunos; inclui a relação entre docentes, 
discentes e comunidade (no Projeto Político-Pedagógico deve haver a descrição da 
forma como a relação entre as partes será feita para garantir a qualidade); inclui a 
avaliação do ensino que vislumbra como será a avaliação na escola; inclui os 
horários institucionais e de entrada e saída dos alunos e inclui, ainda, a avaliação do 
próprio Projeto Político-Pedagógico (incluindo como e quando será feita essa 
autoavaliação). 
 Assim, o Projeto Político-Pedagógico reúne as propostas que devem ser 
executadas durante um período determinado, considerando a escola como espaço 
para formar cidadãos conscientes, críticos, responsáveis e que deverão atuar de 
forma individual e coletiva na sociedade, modificando seus rumos. O projeto é 
pedagógico também porque organiza e visa definir atividades educativas 
necessárias ao processo de ensino e aprendizagem. 
 Não deixa de ser um guia que determina a direção que deve ser seguida 
pelos gestores, docentes, comunidade, colaboradores, alunos e suas famílias. Tem 
que ser completo, de forma a não deixar dúvida sobre os rumos, mas tem que ter 
flexibilidade para adaptar-se às necessidades dos alunos em termos de sua 
aprendizagem. 
 Em outras palavras, o Projeto Político-Pedagógico, em suas três dimensões 
(projeto, político e pedagógico), deve contemplar a missão da instituição de ensino, 
descrição da clientela, os dados sobre a aprendizagem, as relações esperadas com 
as famílias, os recursos, as diretrizes pedagógicas e o plano de ação. 
Devido à sua extrema relevância, ele se configura como uma ferramenta de 
planejamento e de avaliação que deve ser consultada pelas equipes de gestão e 
pedagógica ao tomar decisões, embora muitos gestores o vejam, simplesmente, 
como formalidade exigida legalmente pela Lei de Diretrizes e Bases (no. 9.294/96). 
O Projeto Político-Pedagógico é um dos pilares na construção da gestão 
democrática, por meio do qual os gestores podem reconhecer e concretizar a 
participação de todos ao definir metas e implementar ações, além da equipe 
administrativa e docente assumir a responsabilidade pelo cumprimento do que é 
planejado, ficando também aberto a cobranças. 
Envolver a comunidade na elaboração do Projeto Político-Pedagógico, 
compartilhando a responsabilidade pelos rumos da instituição é um dos desafios dos 
gestores. Um projeto bem estruturado dá identidade clara à instituição e 
transparência, mesmo que, no início, poucos participem das discussões com 
opiniões e sugestões. Os membros da comunidade passam a ser os próprios 
multiplicadores, conquistando mais colaboração para, pelo menos, participar das 
revisões do projeto. 
 
2.3.1 Falhas comuns com relação ao Projeto Político-Pedagógico 
 
 
 
 
 
 A eficácia do Projeto Político-Pedagógico pode ser comprometida quando 
houver algumas falhas na sua elaboração, tais como quando a gestão compra 
modelos prontos de consultorias externas, fazendo com que o projeto não tenha a 
identidade da instituição. 
Além disso, há casos em que o projeto só é revisado para envio à Secretaria 
da Educação, sem análise profunda das mudanças ocorridas na instituição nem 
observância às necessidades atualizadas dos alunos, ou ainda, quando o Projeto 
Político-Pedagógico é engavetado ou arquivado em computador sem ser acessível 
para todos os interessados, tornando-se um documento estático ao invés de uma 
ferramenta viva, atualizável e amplamente utilizável. 
Outra falha é ignorar ideias que são levadas aos debates, desconsiderando 
também todas as decisões sujeitas a voto democrático. Há, ainda, a falha da 
comunidade em participar e se interessar devido à pouca experiência democrática 
do povo brasileiro. 
Assim, a finalidade do Projeto Político-Pedagógico é propor a formação 
organizacional do trabalho pedagógico para superar conflitos, eliminando, inclusive, 
relações de competitividade corporativa e autoritarismo, transformando as rotinas 
internas da instituição. 
Portanto, o Projeto Político-Pedagógico vislumbra a escola em sua totalidade, 
sob uma perspectiva estratégica e não somente pedagógica. Consiste em uma 
ferramenta de gerenciamento que ajuda a instituição a definir prioridades 
estratégicas, convertendo as prioridades em metas concretas, decidindo o que deve 
ser feito para atingir as metas de aprendizagem e mensurar se os resultados 
esperados foram atingidos, avaliando o próprio desempenho. 
O Projeto Político-Pedagógico não é o mesmo que planejamento pedagógico. 
Ele norteia a elaboração e execução dos planejamentos envolvendo diretrizes de 
longo prazo, abrangendo conceitos antropológicos (relativos à existência do ser 
humano), epistemológicos (conceitos sobre a forma de aquisição do conhecimento), 
valorativos (conceitos éticos, morais, pessoais) e políticos (regras, hierarquias etc.). 
 
3. PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO, OS ÓRGÃOS COLEGIADOS DA ESCOLA, 
O REGIMENTO ESCOLAR E O PLANO DE DIREÇÃO 
 
3.1 O Planejamento participativo 
 
O Planejamento participativo é o processo em que se realiza a organização 
do trabalho do grupo na escola, e tem como base a coletividade, visando solucionar 
problemas existentes. Nesse processo, os envolvidos podem decidir, discutir, refletir 
e questionar, participando de forma transformadora. Ele foi constituído, 
originalmente, para intuições sem fins lucrativos, visando somente à construção de 
uma nova realidade e a transformação dela. Em suma, a ideia é que todos 
participem da reflexão sobre a realidade escolar de forma transformadora. 
 
A participação, sem seu sentido pleno caracteriza-se por uma força de 
atuação consciente, pelo qual os membros de uma unidade social 
reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na determinação da 
dinâmica dessa unidade social, de sua cultura e de seus resultados, poder 
esse resultante de sua competênciae vontade de compreender, decidir e agir 
em torno de questões afetivas. (LÜCK, 2007 p.18) 
 
 
 
 
 
O planejamento participativo tem como cerne o processo e não somente o 
resultado. Atentar para as diferentes opiniões dentro da escola permite que sejam 
criados vínculos entre funcionários, docentes, alunos e pais. Ele é extremamente 
importante para buscar o aperfeiçoamento do que deve ser feito e ajuda muito na 
condução do trabalho coletivo. 
Ao oferecer a oportunidade para uma participação democrática, é possível 
elaborar critérios coletivos para a orientação do processo de planejamento. Além 
disso, é possível agregar significados que possam ser comuns aos diferentes 
agentes envolvidos em prol de um melhor trabalho a ser realizado na instituição. Se 
não existe participação, há a fragmentação das diferentes opiniões e formas de ver 
as coisas na escola. 
O planejamento participativo serve para que os envolvidos no processo 
também se sintam responsáveis por tudo que ocorre na instituição, e esses sujeitos 
integram o objeto de reflexão, tornando-se mais sensíveis frente às necessidades da 
instituição escolar. 
Sempre que há oportunidade para todos participarem, surgem oportunidades 
por meio das diferentes experiências e visões sobre o assunto abordado. 
Acompanhar o planejamento permite que sejam realizadas alterações estratégicas e 
ações pensadas durante a execução dos planos, corrigindo o curso do processo 
alcançando os objetivos, uma vez que o planejamento participativo é flexível e deve 
ser feito continuamente, acompanhado, avaliado e replanejado para transformar 
realidades. 
Ferreira (1979) identifica três fases para o processo de constituição do 
planejamento participativo, que compreendem o preparo do plano escolar, o 
acompanhamento da realização prática do que foi refletido durante a elaboração e a 
revisão da implementação. 
Coombs (1970) enfatiza que planejar não é um processo meramente teórico e 
não é também um ideal abstrato, mas principalmente, uma prática que envolve 
circunstâncias factíveis do dia a dia. São necessários os conhecimentos práticos 
sobre o que é tratado, para que não seja um processo meramente empírico, mas 
devidamente ajustado às necessidades escolares reais. 
Se vislumbrado somente como um processo teórico, há o risco de deixar de 
fora agentes relevantes para a prática. Não basta estabelecer fatos intangíveis, 
ideias fechadas e inflexíveis, já que deve haver a necessidade prioritária de 
flexibilidade para contemplar mudanças que envolvam não somente os docentes ou 
a gestão, mas toda a equipe escolar que deve sempre ser consultada durante a 
elaboração e a efetivação prática do plano. 
Quaisquer mudanças no planejamento não devem fugir das regras gerais nele 
estabelecidas, mas deverá haver a flexibilização de alguns tópicos, facilitando e 
resolvendo situações eventualmente não atendidas pelo plano. Os dados devem ser 
colhidos pela comunidade escolar e por ela devem ser oportunamente reavaliados 
Segundo Lück (2008), as necessidades educacionais, os planos de aulas e o 
planejamento participativo devem caminhar juntos para o melhor aproveitamento e 
desenvolvimento da escola. O planejamento participativo é um recurso de extrema 
importância para que a escola possa organizar-se e funcionar de forma eficaz, 
cumprindo todas as funções educacionais e sociais, além de garantir a plena 
realização de um trabalho coletivo. 
Ao implementar o planejamento participativo, o gestor se desvincula da 
centralização na tomada de decisão, dando voz à coletividade e alinhando-se às 
possibilidades de um trabalho coletivo, evitando até mesmo, improvisações. 
 
 
 
 
 
Devemos entender o planejamento como a articulação constante e 
incessante da estratégia e da tática que guia nossa ação no dia-a-dia. 
A essência desse planejamento é a mediação entre o conhecimento e 
a ação. Essa estratégia e essa tática são necessárias porque o 
sistema social em que eu existo compreende outros sujeitos que 
também planejam com objetivos distintos dos meus. (MATUS, 1996, p. 285) 
 
Embora a participação democrática no Brasil ainda não seja um hábito 
plenamente instituído, a partir da década de 80, a democratização de espaços tem 
se avolumado por meio do respaldo legislativo e das reformas educacionais. Nessa 
época, a participação começou a ampliar-se. 
 
A participação sem seu sentido pleno caracteriza-se por uma força 
de atuação consciente, pelo qual os membros de uma unidade social 
reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na 
determinação da dinâmica dessa unidade social, de sua cultura e de 
seus resultados, poder esse resultante de sua competência e vontade 
de compreender, decidir e agir em torno de questões afetivas. (LÜCK, 
1996, p.18) 
 
Ainda segundo Lück (1996), a gestão participativa é uma forma de envolver 
todo o pessoal da instituição escolar, uma vez que não tem característica 
essencialmente técnica, mas, ao contrário, é um instrumento crítico que não exclui 
as opiniões da coletividade, respeitando a participação de todos como requisito para 
que se concretize o desenvolvimento educacional, trazendo consigo um aspecto 
coletivo com compromisso de transformação educacional e social. 
Mas, como em qualquer processo que envolve gestão, a burocracia pode 
impedir que os envolvidos nos processos educativos se manifestem. Por vezes, 
alguns participantes do processo podem se sentir isolados, pouco ouvidos, de forma 
incapacitante, impedidos de assumir um trabalho com êxito. Essa ruptura pode 
desestimular a comunidade, os docentes e demais envolvidos. 
 De acordo com Lück et. al. (2008, p.21), na concepção de planejamento 
participativo existem teorias que se baseiam na psicologia para servir de modelo 
afetivo e cognitivo, ajudando a entender melhor o próprio ato do planejamento, 
facilitando o desenvolvimento e a participação através da exploração das 
capacidades cognitivas na prática dos educadores. Segundo a autora, a teoria 
cognitiva propõe que a produtividade é aumentada através da participação uma vez 
que disponibiliza informações e estratégias mais qualificadas para a tomada de 
decisões. Já a teoria afetiva é possível encontrar o encorajamento e engajamento 
entre os participantes que interagem visando um objetivo. 
 
O termo se refere à capacidade do ser humano de ser afetado 
positiva ou negativamente tanto por sensação interna como externa, 
a afetividade é um dos conjuntos funcionais da pessoa e atua, 
juntamente com a cognição e o ato motor, no processo de 
desenvolvimento e construção do conhecimento. (WALLON apud SALLA, 
2011, p.108) 
 
O planejamento participativo dinamiza a escola, uma vez que toda a 
comunidade escolar fica integrada mutuamente. Os alunos participam das atividades 
que são propostas pela escola e esta, por sua vez, oferece qualidade aos pais e à 
comunidade. Este planejamento objetiva destinar os recursos e ideias a seus 
devidos lugares, decidindo conjuntamente as tarefas, adotando práticas educativas 
 
 
 
 
coletivas visando à melhoria contínua da qualidade pedagógica, servindo de 
motivação e apoio aos interessados no processo educacional. 
O planejamento participativo auxilia a tratar do convívio e da solução de 
adversidades atendendo às diferenças entre as pessoas em consideração, inclusive, 
ao meio, ao desenvolvimento afetivo dos colaboradores, motivando a todos para as 
tarefas que são propostas na escola. A escola que tem um planejamento 
participativo busca a qualidade do ensino, abre-se à comunidade, os responsáveis 
têm conhecimento do que ocorre na escola, opinam, aceitam ou criticam mudanças, 
resgatando o papel educativo da comunidade. 
Esse movimento incorpora a cultura de emancipação, transparência e 
democracia com reforço no diálogo. A escola passa a ser centrada no processo de 
estímulo de responsabilidade e decisão que são experiências libertárias. Tomando 
decisões, o cidadão aprende a decidir, e é na escola participativa, pormeio da 
execução do projeto, que são levados em conta todos os conhecimentos dos 
educandos. 
Sendo assim, a elaboração do planejamento participativo na instituição de 
ensino deve se caracterizar, essencialmente, por ações da coletividade, envolvendo 
todos que fazem parte da instituição. É necessário, então, que o gestor empreenda 
as melhores práticas democráticas, fazendo a distribuição de tarefas e de decisões, 
visando que todos os envolvidos desejem comprometer-se com o sucesso qualitativo 
por consenso. 
Desse modo, o planejamento deve ser visto como um processo contínuo de 
planejamento, acompanhamento, avaliação e replanejamento, visando transformar a 
realidade. Para elaborar o planejamento participativo, os problemas a serem tratados 
por ele devem, preferencialmente, partir da comunidade escolar e após levantar os 
dados relacionados aos problemas, estes devem ser elencados e hierarquizados, 
dando prioridade para os que são especificamente voltados à comunidade escolar. 
Os problemas devem ser internos à escola, estabelecidos de forma objetiva e muito 
clara para garantir proposições para a solução através de método cooperativo. A 
avaliação é contínua. 
A ideia é que o crescimento seja conjunto, transformando de forma 
coordenada a realidade de todos. Docentes, pais, alunos e todos os envolvidos 
devem articular teorias e práticas na produção de novos conhecimentos com base 
na realidade interna e local. O ato de planejar não pode ser neutro. A ideia é abrir o 
leque de oportunidades por meio de experiências diferentes sobre o mesmo assunto 
abordado. A capacidade de ação é assim ampliada, bem como a resolução dos 
problemas que são tratados sob diferentes pontos de vista, aumentando o 
engajamento, a proatividade e o respeito de todos, eliminando a apatia e o desânimo 
dos docentes e equipes da escola. 
 
3.2 A figura do gestor no planejamento participativo e na melhoria da 
qualidade de desempenho escolar 
 
 As políticas públicas passam a dar cada vez mais destaque à figura do gestor 
como indivíduo chave para a melhoria da qualidade do ensino em todo o país. No 
Brasil, essa ênfase toma forma a partir da década de 80, de maneira não muito 
rápida após a Constituição Federal de 1988 (quando os diretores começaram a 
deixar de ser indicados politicamente por ligações partidárias substituídos por 
gestores com formação acadêmica) e após a publicação da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional nº. 9394, aprovada em 20 de dezembro de 1996, 
 
 
 
 
como já mencionado anteriormente. Mas é a partir do Plano Nacional de Educação 
(PNE) lei nº. 10.172 de 9 de janeiro de 2001, amplia-se o destaque para a gestão 
educacional. 
A LDB de 1996 e o PNE de 2001 oferecem as determinações que se referem 
à formação do profissional gestor com metas para melhorar ainda mais a formação 
acadêmica dos gestores em 2011. A LDB nº. 9394/96 estabeleceu a formação dos 
profissionais de administração, inspeção, planejamento e supervisão, bem como 
orientação educacional, e a partir de então muitos cursos passaram a ser oferecidos 
para a formação desses gestores, sobretudo após o PNE/01. 
Sobretudo na década de 90, as universidades passaram a despertar para a 
importância dos gestores democráticos para a educação de qualidade, passando a 
oferecer vários cursos e programas sobre gestão educacional. Porém, apesar das 
políticas educacionais, os problemas relacionados à nomeação de gestores ainda 
não estão totalmente resolvidos, havendo aperfeiçoamentos práticos a serem 
realizados nos processos. 
Os cursos de formação de gestores foram planejados visando mudanças 
qualitativas, viabilizando a análise e discussão de conceitos, ferramentas de análise, 
opções que envolvam políticas educacionais, que frente à globalização ofereceram a 
solução para as necessidades, usando os recursos disponíveis, bem como 
identificam mudanças exigidas, problemas, linhas de ação e educação de qualidade 
para todo cidadão. 
Além disso, o objetivo também é discutir questões que são fundamentais para 
oferecer suporte nos processos que visam superar problemas ligados à oferta 
(sobretudo para a educação básica), relacionadas à própria gestão, financiamento 
dos sistemas educacionais, avaliação, formação docente e dos próprios gestores, 
melhoria dos processos de ensino e aprendizagem, uso de tecnologias 
educacionais, educação do campo. 
Igualmente, discutir, analisar e avaliar objetivos, condições e opções 
estratégicas para implantar reformas educacionais que melhorem a qualidade, 
eficácia e equidade. Esses cursos também visam saber valer a observação e 
discussão das experiências e dos projetos educacionais, que oferecem um ensino 
de qualidade mais ampla, promovendo a inserção social e cultural e a formação 
integral da cidadania. 
Os cursos de gestão passaram a montar e apresentar projetos educacionais 
que expressassem as mudanças na perspectiva da melhoria da oferta da educação 
com qualidade. Por exemplo, a educação é dependente também da política no que 
tange às prioridades orçamentárias, expansão da infraestrutura dos serviços em 
educação. Já a política, por sua vez, depende da educação, porque possibilita o 
acesso à informação, difusão de proposições políticas, formação de propostas 
partidárias etc. Portanto, esses fatores políticos são também atributo do gestor. 
Por melhor que seja o preparo do gestor, há muitas vertentes a serem 
consideradas para oferta da educação de qualidade, sendo necessário um amplo 
conjunto de ações do governo que ampliem ainda mais as possiblidades do sistema 
de ensino competente e ciente da capacidade de preparação da nação para os 
desafios complexos dos tempos modernos. 
Quanto mais a educação da nação se torna democrática e participativa, mais 
organiza seu sistema de ensino e melhor a organização das instituições 
educacionais, aumentando a necessidade de pesquisa, estudos, programas e 
experiências sobre o melhor modo de gerir tudo isso de forma democrática e 
participativa. 
 
 
 
 
 
3.3 Os Órgãos Colegiados na gestão participativa 
 
Os órgãos colegiados (conselho escolar, associação de pais e mestres e 
grêmio estudantil) são entidades fundamentais para a gestão democrática, porque 
garantem que a participação e a descentralização do poder colaborem sobremaneira 
com uma educação de qualidade. 
A gestão democrática deve investir na autonomia dos participantes na tomada 
de decisão e na promoção de um trabalho coletivo para a construção da cidadania e 
efetivação do processo de democracia. 
A associação de pais e mestres exerce funções como a representação dos 
desejos da comunidade e dos pais de alunos, e colabora com a gestão escolar para 
chegar aos objetivos educacionais; pode mobilizar, frente à comunidade, recursos 
humanos, financeiros, materiais para dar auxílio à escola, manter e preservar a 
infraestrutura da escola, instalações e equipamentos, fazer a programação de 
atividades relacionada à cultura e lazer envolvendo a participação de todos, 
fortalecendo o caráter democrático e da qualidade da escola. 
O grêmio estudantil, formado por alunos, pode ser a primeira oportunidade 
dos discentes de participar organizadamente das decisões da escola, adotando uma 
perspectiva política frente à qualidade do ensino. Por meio do grêmio, os alunos 
adquirem voz nas decisões da instituição, oferecendo ideias e opiniões de forma 
responsável. 
A participação desses segmentos representados na escola resulta em uma 
gestão mais democrática, e desenvolve a conscientização social dos envolvidos que 
desejam uma escola de qualidade, uma vez que a gestão democrática e participativa 
nada mais é do que enfatizar a participação de todos. Os alunos devem se sentir 
apoiados e motivados a prosseguir nos estudos com toda qualidade e sucesso 
pessoal e social. Sentir-se parte de algo organizado e próspero é também um 
processo de exercício democrático. 
O gestor deve conhecer os anseios de todos (alunos, docentes, pais, 
responsáveis

Continue navegando

Outros materiais