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Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 119 AULA 00: Aula Demonstrativa SUMÁRIO PÁGINA Apresentação Inicial 01 Conteúdo do Curso 04 Cronograma do Curso e Informações Adicionais 06 Competência Tributária 12 Definição e titularidade para o exercício 12 Competência Legislativa e sua Classificação 17 Competência Legislativa e sua Classificação 33 Classificação da Competência tributária 54 Bitributação e Bis in idem 73 Competência exclusiva do presidente da república em matéria tributária 77 Questões Propostas 79 Gabarito 119 Como todos já sabem, foi lançado recentemente o edital para a realização do concurso para o cargo de Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR). Serão oferecidas inicialmente 04 vagas, com a expectativa que outras sejam criadas ao longo da validade do concurso. Esse é mais um grande e ótimo concurso do ano de 2015, e tenho certeza que você vai querer agarrar essa chance. E é com muito prazer e satisfação que ministro mais este curso on-line no site Estratégia, voltado para o concurso para o cargo de Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR), cargo que exige diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de graduação de nível superior, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 119 O cargo de Auditor do TCE/PR possui remuneração inicial de “apenas” R$ 28.947,54. Nada mal para um início, não é verdade? A carga horária é de 40 horas semanais e, entre outros requisitos importantes, é necessário que o futuro Auditor tenha mais de 35 anos, requisito quase que sempre exigido para as carreiras de Auditoria dos TCE’s. O curso visa trazer até você o conhecimento necessário para fazer uma boa prova quanto à disciplina Direito Tributário, que engloba um conteúdo bastante extenso e de extrema importância para a sua prova e, principalmente, para a sua aprovação. Vamos detonar geral as questões que vierem. Sem pena da banca! Vamos para cima do CESPE! Como veremos logo adiante, o conteúdo, além de grande, trata de assuntos os mais variados possíveis. Assim, começar “pra valer” os estudos, ou aprofundar o que já foi estudado, é de fundamental importância para lograr êxito em um concurso dessa área, ainda mais tão difícil, concorrido e disputado quanto o de Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR). Gente de todo canto do Brasil irá atrás da sua tão sonhada vaga! Certamente a concorrência será da melhor qualidade possível. E você, amigo concurseiro, tem que estar preparado para enfrentar um certame que exigirá bastante conhecimento e de disciplinas bastante variadas. Antes de irmos ao item seguinte, já conhece a nossa página no facebook? Lá eu trago diversas informações úteis aos seus estudos, especialmente de direito tributário. Caso tenha se interessado, e queira receber as atualizações, dicas e ensinamentos quase que diários, é só curtir e acompanhar. O link é o seguinte: https://www.facebook.com/prosatributaria Vamos ao conteúdo do nosso curso. Em frente! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 119 Conteúdo do curso O conteúdo a ser visto no nosso curso será o expressamente previsto no edital regulador do concurso anterior, realizado pela FCC em 2014, cujos temas foram os seguintes: 1. Competência Tributária; 2. Tributo: definição e espécies - impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios, contribuições especiais; 3. Princípios Constitucionais Tributários; 4. Imunidades Tributárias; 5. Legislação Tributária; 6. Vigência, aplicação, interpretação e integração da legislação tributária; 7. Obrigação Tributária Principal e Acessória / Fato Gerador da Obrigação Tributária / Sujeição Ativa e Passiva. Solidariedade. Capacidade Tributária / Domicílio Tributário; 8. Responsabilidade Tributária; 9. Crédito Tributário. Conceito / Constituição do Crédito Tributário / Lançamento. Modalidades de Lançamento / Hipóteses de alteração do lançamento; 10. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário; 11. Extinção do Crédito tributário; 12. Exclusão do crédito tributário; 13. Garantias e Privilégios do Crédito Tributário ; 14. Administração Tributária: Fiscalização, Dívida Ativa, Certidões Negativas; 15. Impostos da União; 16. Impostos dos Estados; 17. Impostos dos Municípios; 18. Simples Nacional; Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 119 19. Repartição das Receitas Tributárias; 20. Execução Fiscal. Vejamos agora algumas informações importantes quanto ao seu concurso. Em frente! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 119 Informações sobre o concurso e o cargo Nesse item da aula trarei algumas informações importantes e básicas sobre o concurso que teremos pela frente. São elas: Banca: CESPE; Quantidade de vagas: 04, e não haverá reserva imediata de vaga para candidato com deficiência e para candidato afrodescendente para provimento imediato, sendo mantido o cadastro de reserva; Entre outros requisitos para investidura no cargo, temos a exigência de diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de graduação de nível superior, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC); As inscrições para o Concurso serão somente via internet, no endereço eletrônico http://www.cespe.unb.br/concursos/tce_pr_15_auditor, solicitada no período entre 10 horas do dia 30 de outubro de 2015 e 23 horas e 59 minutos do dia 19 de novembro de 2015 (horário oficial de Brasília/DF); Taxa de Inscrição: R$ 300,00 (trezentos reais); Data das provas: A prova objetiva terá a duração de 5 horas e será aplicada na data provável de 10 de janeiro de 2016, no turno da manhã / As provas discursivas P3 e P4 terão a duração de 4 horas cada e serão aplicadas na data provável de 14 de fevereiro de 2016, respectivamente, nos turnos da manhã e da tarde; Remuneração Inicial: R$ 28.947,54; A seleção será composta por uma prova objetiva (P1), duas provas discursivas (P2 e P3) e por uma prova de títulos (P4). No próximo item, veremos o nosso cronograma de aulas e algumas outras informações importantes! Vamos em frente! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 119 Cronograma do Curso e Informações Adicionais Feitas as apresentações iniciais, vamos ao que interessa: como será o nosso curso on-line, cronograma, assuntos a serem abordados, entre outros. Como veremos logo adiante, o conteúdo a ser apresentado no curso, além de extenso, trata de assuntos variados. Diante do grande conteúdo a ser estudado, é indispensável a objetividade no trato da matéria a ser estudada. E a isso é oque se propõe o curso. Espero trazer a matéria direito tributário da forma mais objetiva e clara possível, na esperança de poder ajudá-lo na sua preparação para esse certame, que é bastante atrativo, tanto em termos profissionais quanto em termos remuneratórios. Sempre que possível, utilizaremos gráficos, figuras e outros recursos didáticos para o melhor aprendizado e memorização da matéria proposta na aula. Além disso, complementares o texto da aula com várias decisões jurisprudenciais adotadas pelos tribunais superiores do nosso país (STF e STJ), complementando o conteúdo e o aprendizado com temas que podem vir a ser cobrados em prova. Cada vez mais as decisões dos tribunais superiores são cobradas em prova. E você não pode deixar escapar nada, ou então a CESPE pode surpreender você, tenha certeza disso. Teremos ainda muitas questões comentadas e propostas relativas ao tema, cobradas pela CESPE, para complementação do aprendizado sempre que necessário. Nosso curso será organizado em dezenove aulas, já contando essa aula demonstrativa, divididas da seguinte forma: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 119 Aula 00 Competência Tributária Item 3 Até 03/11/2015 Aula 01 Tributo: definição e espécies - impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios, contribuições especiais Item 4 07/11/2015 Aula 02 Princípios Constitucionais Tributários Item 5 11/11/2015 Aula 03 Imunidades Tributárias Item6 15/11/2015 Aula 04 Legislação Tributária Item7 19/11/2015 Aula 05 Vigência, aplicação, interpretação e integração da legislação tributária. Item 8 22/11/2015 Aula 06 Obrigação Tributária Principal e Acessória / Fato Gerador da Obrigação Tributária / Sujeição Ativa e Passiva. Solidariedade. Capacidade Tributária / Domicílio Tributário Item 9 25/11/2015 Aula 07 Responsabilidade Tributária Item 11 28/11/2015 Aula 08 Crédito Tributário. Conceito / Constituição do Crédito Tributário / Lançamento. Modalidades de Lançamento / Hipóteses de alteração do lançamento Item 10 02/12/2015 Aula 09 Suspensão da exigibilidade do crédito tributário Item 12 05/12/2015 Aula 10 Extinção do Crédito tributário Item 13 08/12/2015 Aula 11 Exclusão do crédito tributário Item 14 12/12/2015 Aula 12 Garantias e Privilégios do Crédito Tributário Item 16 15/12/2015 Aula 13 Administração Tributária: Fiscalização, Dívida Ativa, Certidões Negativas Item 15 18/12/2015 Aula 14 Impostos da União Item 17 21/12/2015 Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 119 Aula 15 Impostos dos Estados Item 18 24/12/2015 Aula 16 Impostos dos Municípios Item 19 27/12/2015 Aula 17 Simples Nacional Item 21 31/12/2015 Aula 18 Repartição das Receitas Tributárias / Execução Fiscal Itens 20 e 23 04/01/2016 ]Nosso curso trará vídeo aulas para tentar ajudar ainda mais você quanto ao assunto apresentado nas aulas teóricas. Espero que sejam úteis à sua preparação. Adianto que alguns vídeos ainda estão sendo editados, em razão de terem sido gravados recentemente. Sendo assim, peço-lhes apenas um pouco de paciência caso a aula em pdf seja postada e a vídeo aula ainda não esteja disponível, ok? Isso irá acontecer, por exemplo, para a vídeo aula relativa às aulas 01 e 02, até esse momento. Elas estão em fase de edição para liberação. Até o momento, temos já quatro aulas disponíveis, contando, claro, com essa aula demonstrativa, que trata da competência tributária. Cada aula será disponibilizada no site conforme cronograma acima. Cada aula será composta pelo conteúdo proposto acima e por uma lista de questões acompanhada do respectivo gabarito, que auxiliarão na memorização e fixação dos pontos mais importantes e que devem ser levados para a prova. Para tanto, trarei questões de provas de concursos anteriores. Nosso curso contará ainda com uma serie de questões comentadas ao final, para que você possa ver onde errou em cada situação apresentada pela banca. Tentei elaborar as aulas abordando os assuntos da forma mais simples possível. Evitei ao máximo utilizar rigores e termos técnicos desnecessários, contudo, sem deixar de abordar os temas relevantes e principais para a prova. Entretanto, essa abordagem exige, de algum modo, o uso de alguns termos e expressões tributárias, para não deixar as aulas por demais superficiais. Espero cumprir o objetivo e receber as críticas construtivas ao Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 119 final, acompanhado de um perdão, se possível, já que, como todo bom humano, também falho. Ao final das nossas próximas aulas, espero prepará-lo para fazer uma boa prova de direito tributário, abordando os temas e assuntos mais importantes e que estarão presentes na sua prova. Fico na esperança de poder contribuir com o pouco do meu conhecimento para a sua aprovação nesse concorrido certame. Antes de iniciarmos essa aula demonstrativa, peço um pequeno espaço para fazer uma rápida apresentação pessoal e contar um pouco da minha história como concurseiro. Meu nome é Aluisio de Andrade Lima Neto, sou pernambucano “da gema”, apaixonado por meu Estado e por tudo que nasce nele ou dele provém. Falo oxênte, mainha, Ricifi e cumpadre como todo bom e autêntico pernambucano. Tenho muito orgulho de dizer que pertencem à minha terra o Galo da Madrugada, a praia de Porto de Galinhas, o frevo que só é cantado em Pernambuco, Olinda, Petrolina, Capiba, Lampião, Luiz Gonzaga e tantos outros ícones que identificam Pernambuco em qualquer lugar do nosso imenso “Brazilzão”. Conto 33 anos de idade e sou Engenheiro Elétrico de Telecomunicações, formado pela Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, tendo concluído o curso no fim do ano de 2006. Apesar de ser formado em Engenharia, nunca cheguei a exercer a profissão, nem mesmo como estagiário. O motivo é simples: virei concurseiro ainda no 6º período da faculdade, em 2004. Estava muito longe para desistir e começar um curso menor e “menos difícil”, então, a solução foi acabar o que eu já fazia e conseguir meu diploma. Desde então, vivi quase que exclusivamente para os concursos. E não me arrependi um só segundo disso. Felizmente tomei a decisão e o rumo certo para a minha vida. Sempre digo que a engenharia é muito bonita e desafiadora, mas nunca seria feliz como engenheiro. Parabéns aos que a adotaram como profissão! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 119 Como havia dito, comecei minha “carreira” de concurseiro em 2004, concorrendo no concurso do MPU. Desde então fiz concurso para os mais variados cargos e órgãos, como, por exemplo, INCRA, ANTT, UFPE, ANTAQ, AFTM-Natal, AFTM-Teresina, DNIT, SERPRO, MP-PE, TJ-PE, TRE-PB, IBGE, MPU (novamente), Petrobras, STN, CGU, MDIC, MTE e finalmente para a RFB. Sei que essa lista poderia ter mais órgãos, mas não consegui lembrar todos eles. Certamente ainda existem muitos outros. Consegui ser aprovado pela primeira vez e exercer o cargo apenas em 2006, como Técnico em Redes, do SERPRO. Ainda em 2006, fui aprovado para o cargo de Técnico Ministerial –Administrativo, do Ministério Público de Pernambuco, ficando no Órgão até o inicio de 2009, quando fui novamente aprovado em outro concurso público. Dessa vez, para o cargo de Analista de Comércio Exterior (ACE), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), deixando minha querida e bela Recife e indo morar em Brasília, a capital de todos os brasileiros. Fui aprovado também para os cargos de Técnico em Infra-estrutura de Transportes Terrestres, da ANTT; Analista, da Petrobras; e Auditor Fiscal de Tributos Municipais, da Prefeitura de Natal, mas não cheguei a assumir em nenhum deles. Atualmente exerço o cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB), tendo sido aprovado no último concurso realizado em 2009, na posição 245º. Estou lotado atualmente na Delegacia da Receita Federal em Feira de Santana, no belíssimo Estado da Bahia. Posso dizer, sem receio, que hoje sou realizado profissionalmente e bastante satisfeito com meu trabalho e por ser servidor público federal, ainda mais de um órgão tão vital para o meu país e para os brasileiros. Sei que esse será o sentimento a ser percebido por todos vocês, amigos e alunos, ao se tornarem servidores, em breve. Ao passar para AFRFB, consegui, em três anos, alcançar meu objetivo traçado em janeiro de 2007, quando acabei a faculdade definitivamente e decidi estudar exclusivamente para a Receita Federal. Deixei de lado a Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 119 “tática fazer todos que abrirem”. Quando resolvi estudar apenas para um concurso, estabelecendo foco e disciplina, comecei a ser aprovado, trocando o “quase” pelo “até que enfim”. Com isso, ganhei tranquilidade e estabilidade para seguir o caminho que levaria até a tão sonhada vaga no cargo de AFRFB. Assim, deixo minha experiência como concurseiro (ou ex-concurseiro) de longas datas, aconselhando a todos estabelecer um foco, acreditarem que vai dá certo e estudar. Estudar muito! Grandes conquistas exigem grandes preços. E tenho certeza que, ao final da empreitada, tudo valerá a pena! Assim como valeu para mim. Todo centavo ou minuto investido retornará. E com a diferença de ter uma bela quantia no contracheque todo mês. A estabilidade já é de praxe. Terminada essa conversa inicial, vamos à nossa aula demonstrativa. Nesta, trarei a competência tributária, uma tema bastante solicitado e muito importante para o entendimento de outros temas dentro do direito tributário. Nessa nossa aula demonstrativa veremos um pouco do que será o nosso curso. Ademais, gostaria de informar que os tópicos principais, e constante no nosso índice geral da página 01, estão assinalados com a cor azul-claro. Os sub-tópicos, com a cor amarela. Existindo ainda sub-tópicos dentro dos sub-tópicos com a cor amarela, utilizarei a cor verde-claro. Feitos os esclarecimentos, vamos à aula! Bons estudos! Grande abraço e tudo de bom! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 119 Competência Tributária Na nossa aula demonstrativa estudaremos os seguintes tópicos relativos à competência tributária dos Entes Federativos previstos na Constituição Federal de 1988: Definição e titularidade para o exercício; Competência Legislativa e sua classificação; Características da Competência tributária; Classificação da Competência Tributária; Bitributação e “Bis in idem”; Competência Exclusiva do Presidente da República em matéria tributária. Definição e titularidade para o exercício A competência tributária pode ser definida como o poder conferido pela Constituição Federal de 1988 (CF/88) à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (e somente estes entes federativos, também conhecidos como entes políticos) para que instituam e legislem sobre os tributos nela previstos, atendendo ao processo legislativo contido no texto constitucional. De início, temos que ter em mente que apenas estes quatro entes possuem o poder de instituir, legislar, fiscalizar, extinguir e cobrar tributos, uma vez que apenas eles possuem a titularidade plena conferida pela Carta de 1988. Somente eles possuem a competência legislativa, gênero ao qual pertence a espécie competência tributária. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 119 Os territórios, ainda pertencentes à União, não possuem competência tributária (uma vez que não possuem competência legislativa), já que são apenas entes administrativos, e não entes políticos. Atualmente, não há nenhum território federal, existindo apenas territórios estaduais, tendo como exemplo o Território estadual de Fernando de Noronha, pertencente ao Estado de Pernambuco. Guarde bem: os territórios não possuem competência tributária! Do mesmo modo que os territórios, também não possuem competência tributária outras pessoas jurídicas além dos entes políticos. Logo, inexiste atribuição de competência tributária a autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. O mesmo ocorre para as demais pessoas jurídicas de direito privado, pertencente ou não aos entes políticos. Nenhuma outra pessoa jurídica possui competência tributária além das pessoas políticas. Cada Ente Federativo, em razão da competência tributária a ele conferida, somente poderá instituir os tributos expressamente outorgados no texto constitucional, possuindo cada um deles poderes exclusivos (sendo, assim, indelegável a função de instituir e de legislar sobre tributos), não podendo, exceto nos casos expressamente previstos na CF/88, serem invadidos pela competência tributária atribuída a outro Ente. Se um ente é competente para instituir um tributo, ele é competente também para isentar, fiscalizar, arrecadar, conceder remissões, parcelamentos, entre outros institutos. Cada um no seu quadrado, Virgulino! Se o IPVA, um dos impostos estaduais previstos na CF/88, foi conferido ao Estado de Pernambuco, somente esse ente poderá legislar sobre aquele imposto em seu território, e nos ditames que entender necessário. Claro: e sem ir de encontro ao que prevê os preceitos e princípios estabelecidos na CF/88. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 119 Ao definir a competência tributária, a CF/88 delimitou o campo de incidência de cada tributo a ser criado pelos entes federativos, impedindo a invasão da competência de um ente pelos demais, como comentei. É a velha história: dentro do seu quadrado, faça o que quiser e até a onde a CF/88 deixar. Só não venha mexer no espaço do outro, por favor. A competência tributária é, assim, a aptidão constitucionalmente conferida aos entes políticos para criar tributos, decorrendo diretamente do princípio do federalismo, em que cada ente possui competências que lhes são próprias e exclusivas. E os tributos já não estão criados no corpo da CF/88? Não. Um ponto muito importante que costuma pegar candidatos menos atentos e bastante cobrado em provas: a CF/88 NÃO CRIA NENHUM TRIBUTO, APENAS OUTORGA COMPETÊNCIA PARA QUE CADA ENTE, POR MEIO DE SUAS PRÓPRIAS LEIS INTERNAS, CRIEM OS TRIBUTOS PREVISTOS EXCLUSIVAMENTE EM SUA COMPETÊNCIATRIBUTÁRIA CONSTITUCIONAL. Somente o ente competente para criar ou instituir determinado tributo por meio de sua própria legislação interna é também competente para editar normativos regulando o tributo, ressalvados os casos previstos na própria CF/88, como, por exemplo, a definição de normas gerais sobre os tributos, a serem editadas pela União por meio de lei complementar (artigo 146, III, da CF/88). Vou falar mais uma vez para você nem ousar ser pego em uma questão de prova por ai: a CF/88 não cria qualquer tributo! Ela também não regula nenhum deles, nem mesmo os da União. Não estabelece alíquotas, nem contribuintes, nem fatos geradores, nada! Ela apenas confere (outorga) competência tributária a cada um dos entes políticos! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 119 A competência tributária está DIRETAMENTE RELACIONADA À COMPETÊNCIA LEGISLATIVA, QUAL SEJA, O PODER DE EDITAR LEIS. Todo e qualquer tributo deve ser criado por meio de lei ou instrumento normativo que faça as vezes de lei, tendo a mesma força normativa desta. Assim, a competência está relacionada a uma característica de natureza política, uma vez que existe o poder de editar leis definidoras do tributo. Por fim, finalizando essa rápida apresentação da competência tributária, temos um ponto que costuma ser confundido pelos candidatos, que é a relação entre a competência tributária e a destinação legal do produto da arrecadação de determinado tributo. Se um ente, por exemplo, repassa parte ou a totalidade da arrecadação de tributo que ele mesmo criou, há também o repasse da competência tributária? Não. A destinação legal a ser dada ao produto da arrecadação tributária não altera, em nenhuma hipótese, a competência tributária atribuída a um ente político. Expliquemos melhor. A CF/88, em seus artigos 157 a 159, definiu a repartição das competências tributárias, dispondo que o produto da arrecadação dos entes maiores seja distribuído com os entes menores. Assim, por exemplo, temos que o produto total da arrecadação do imposto sobre a renda (IR) pago pelos servidores públicos estaduais e municipais será destinado aos cofres estaduais ou municipais, respectivamente, não cabendo nenhum centavo sequer à União, ainda que sendo este um imposto previsto em sua competência tributária. Ainda que diante dessa situação, toda e qualquer regulação legal de matéria relativa ao IR será de competência tributária exclusiva da União, nada sendo “tomado” pelos demais entes. Exceto a parte boa: os recursos. Essa previsão, além de ser oriunda da intepretação dos dispositivos constantes na CF/88, está prevista também no artigo 6º do Código Tributário Nacional (CTN), a ser visto no item seguinte. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 119 Assim, a competência tributária independe da forma como se dará a repartição da respectiva receita do tributo. Vamos falar um pouco agora da competência legislativa e da sua classificação, uma vez que a competência tributária, tema central da nossa aula de hoje, é uma espécie daquela, como comentei logo no começo. Em frente! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 119 Competência Legislativa e sua Classificação A competência tributária está diretamente relacionada à competência legislativa do Ente ao qual a CF/88 outorgou poderes para instituir, regular e extinguir os tributos nela previstos. A competência legislativa abrange, entre outras competências, a competência tributária, uma vez que somente por meio de lei em sentido estrito é que poderão ser CRIADOS os tributos, tendo em vista o princípio da legalidade estrita no que se refere à criação de obrigações aos cidadãos. Esse princípio, quanto à criação ou extinção de tributos, não comporta exceções. Veja o que nos diz o artigo 6º do CTN: “Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.” (Grifos nosso) O parágrafo único já foi visto no item anterior, dispondo que a repartição da receita tributária com outro ente político que não o competente para instituir o tributo em nada altera a competência tributária e, por consequência, a competência legislativa do ente político. Atente bem a isso! Quanto à competência legislativa, uma observação importante deve ser feita. Essa competência é bem mais ampla do que a competência tributária, uma vez que esta está relacionada ao poder de instituir tributos, enquanto aquela, ao de editar leis em todas as matérias em que o ente detém o poder de Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 119 legislar, inclusive o relativo ao direito tributário. As competências legislativas atribuídas a cada ente político estão presentes, especialmente, nos artigos 22 a 25 e 30 da CF/88. A competência para legislar sobre direito tributário é genérica, sendo prevista no artigo 24, I, da CF/88, podendo dispor sobre a instituição e a extinção de tributos, obrigações acessórias, isenções tributárias, regimes diferenciados de tributação, entre outros. Veremos muita coisa no nosso curso. Enquanto isso, a competência tributária para instituir tributos é específica, relacionada apenas a esse poder, e conferida de maneira exclusiva aos entes políticos da nossa federação, dentro dos campos de incidência de cada tributo previsto na CF/88, bem como quanto às relações jurídicas a eles concernentes. Separe bem os conceitos, futuro servidor. A competência para legislar sobre direito tributário é diferente da competência tributária. Enquanto o primeiro se traduz na possibilidade de os entes políticos editarem leis que regulam tributos e relações jurídicas a eles relativas, a competência tributária se refere ao poder de instituir tributos previstos na CF/88, e outorgados exclusiva e expressamente a cada um dos entes políticos da nossa federação. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 119 O artigo 24 da CF/88 nos diz o seguinte: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;” (Grifos nosso) Veja que a competência legislativa é concorrente, sendo (ou podendo ser) exercida por todos os Entes políticos, inclusive os Municípios, que não são citados expressamente no texto do artigo 24. Os Municípios, quanto ao poder de legislar sobre assuntos tributários, tem sua competência legislativa tributária prevista no artigo 30, III, da CF/88. “Art. 30. Compete aos Municípios: (...) III - instituire arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;” Por sua vez, cada ente irá legislar especificamente sobre os tributos presentes em sua competência tributária, somente podendo ser exercida, repito, por aquele expressamente determinado na CF/88. Essa previsão, contudo, somente se excepciona no que se refere à União, conforme o artigo 146, III, da CF/88, uma vez que esse ente político poderá editar, por meio de lei complementar, normas gerais a serem obedecidas por todos os entes políticos ao instituírem seus tributos, inclusive os da própria União. Essas normas gerais irão definir, por exemplo, contribuintes, fatos geradores e demais atributos relativos ao tributo a ser criado. Contudo, essa lei complementar estabelecendo normas gerais, assim como a CF/88, não cria tributo algum! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 119 Nesse ponto, é importante estudarmos os parágrafos do artigo 24 da CF/88. E o que eles nos dizem de tão importantes? Antes de prosseguirmos com os parágrafos do artigo 24 da CF/88, temos que estudar, sucintamente, a classificação da competência legislativa, que poderá ser: a) EXCLUSIVA; b) PRIVATIVA; c) CONCORRENTE; d) SUPLEMENTAR; e) COMUM; f) LOCAL g) RESIDUAL. A competência exclusiva é aquela que somente pode ser exercida por um ente específico determinado na CF/88, impossibilitando qualquer tipo de delegação e exercício para outro ente, bem como também a impossibilidade de edição de legislação suplementar. Com a competência exclusiva, todos os demais entes ao qual esta não foi conferida ficam excluídos do poder de legislar sobre determinado assunto. Esses casos estão previstos, por exemplo, no artigo 21 da Carta Federal, que confere à União o poder, dentre outros, de emitir moeda e administrar as reservas cambiais do país, não podendo a regulação dessas atribuições ser delegadas pela União a outros entes políticos. “Art. 21. Compete à União: (...) VII - emitir moeda; VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada; (...)” Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 119 Essa competência é prioritariamente de ordem material, uma vez que não se refere apenas à regulação, e sim à execução de atos e medidas relativas ao tema conferido nos incisos do artigo 21. A competência privativa é aquela conferida apenas a um Ente político, mas que pode vir a ser delegada ou suplementada pelos demais, sendo uma amenização da competência exclusiva. Como exemplo, temos o artigo 22 da CF/88, dispondo que compete à União legislar, por exemplo, sobre seguridade social, podendo lei complementar federal autorizar os Estados e o Distrito federal (e apenas estes, excluindo os municípios) a legislar sobre questões específicas quanto às matérias relativas à seguridade social. “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) XXIII - seguridade social; (...) Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.” A competência concorrente se refere à possibilidade de mais de um Ente político legislar sobre o mesmo assunto, podendo a edição de leis relativa a um determinado tema ser realizada ao mesmo tempo e com a mesma força legislativa por todos ou parte dos entes políticos. Um exemplo dessa competência é a relativa ao direito tributário, contida no artigo 24, I, da CF/88. “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (...) IV - custas dos serviços forenses; (...)” Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 119 “E é tão bagunçado assim, professor? Virgulino, por favor, explique isso ai melhor. É só chegar e legislar sobre o que der na telha, desde que esteja nesse tal de artigo 24?” Todos os entes podem legislar sobre direito tributário, genericamente falando. O que não pode é a União e o Estado de Pernambuco, por exemplo, legislar sobre uma isenção relativa ao Imposto de renda, um dos impostos previstos na competência tributária exclusiva da União. Cada macaco comendo banana que nasce apenas no seu galho, por favor! Por sua vez, como veremos adiante aos estudarmos os §§1º a 4º do artigo 24, a competência da União, em matéria de legislação concorrente, ficará limitada a edição de normais gerais, não excluindo a competência suplementar dos Estados. Falando em competência suplementar... A competência suplementar é relativa à possibilidade dos Estados e do Distrito Federal editarem normas que detalhem as normas gerais editadas pela União, bem como preenchendo as ausências normativas desta e dentro das suas peculiaridades, conforme preveem os §§ 2º e 3º do artigo 24 da CF/88, a serem vistos logo adiante. O exercício da competência legislativa suplementar, contudo, não pode ir além do que dispõe a lei de normas gerias da união, especialmente se norma for contrária aos preceitos e normas contidas na lei complementar da União, sob pena de a legislação estadual/distrital ser declarada inconstitucional. Além da competência suplementar dos Estados e do Distrito Federal, temos ainda o que consta no artigo 30 da CF/88, mais especificamente em seu inciso II, atribuindo aos Municípios o poder de suplementar a legislação federal e a dos Estados nas matérias que específica: “Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 119 III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;” (Grifos nosso) Ou seja, com exceção da União, que edita as normas gerais, todos os demais entes políticos possuem competência suplementar. São eles que irão dispor sobre aquilo que a lei federal não dispuser, ou que não dispuser de maneira clara ou completa, e desde que não ultrapassem os limites por esta estabelecidos. Já a competência comum é a aquela que poder ser exercida indistintamente por qualquer dos entes políticos, estando presente no artigo 23 da CF/88, tendo como exemplo a regulação, por meio da edição de leis e instrumentos normativos, que visa cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; e proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos. Assim como as competências presentes no artigo 21, o artigo 23 também traz competências precipuamente de ordem material, de execução,e não propriamente normativas. A competência local é a contida no inciso I do artigo 30 da CF/88, reproduzido anteriormente, prevista para os Municípios e para o Distrito Federal (no exercício de sua competência municipal). Cabe apenas a esses entes dispor sobre os assuntos de interesse local, como abertura e fechamento do comércio, leis de postura municipal, entre outras. Como exemplo, veja o que nos diz a Súmula 645 do STF: “É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.” Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 119 Por fim, temos a competência residual ou implícita, conferida aos Estados e ao Distrito Federal (este, no exercício de sua competência estadual), prevista no artigo 25, §1º, da CF/88: “Art. 25. (...) § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.” Assim, tudo o que não for expressamente previsto como de competência da União ou dos Municípios, será dos Estados, podendo ser livremente exercidas por esses entes políticos, atendidas as limitações da CF/88. Vamos finalmente aos parágrafos do artigo 24 da Carta de 1988? Ele é muito importante para o estudo do tema dessa aula de hoje. Aprenda com cuidado, muito embora esse tema seja visto também em direito constitucional. Caso já tenha visto, basta pular para o próximo item da aula, que é relativo às características da competência tributária. Vamos em frente! Quanto ao artigo 24, temos o que nos dizem seus §§1º a 4º: “Art. 24 (...) § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.” Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 119 O §1º já foi estudado por nós, prevendo a competência da União quanto à competência concorrente (não confunda com outra espécie), que será limitada a apenas estabelecer normas gerais. Essa competência é a que ocorre, por exemplo, quanto ao ISS, quando a União editou a lei complementar nº 116, de 2003, dispondo sobre as normas gerais relativas ao imposto e de observância obrigatória por todos os Municípios e pelo Distrito Federal ao editarem suas leis internas relativas ao imposto. Cabe à lei de normas gerais tributárias, a ser editada pela União, entre outros temas, e relativamente aos impostos, definir a base de cálculo, os contribuintes e os fatos geradores. Assim, atente bem: não será a lei de normais gerais que fixará as alíquotas do(s) imposto(s) nela regulado(s), mas sim as leis internas de cada ente competente para instituir o tributo respectivo. De onde tirei isso? Do artigo 146, III, da CF/88. Veja a sua redação, que contempla ainda outros temas: “Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 119 no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239 Como também vimos, a competência suplementar dos Estados não pode ser afastada pela competência da União para legislar sobre normas gerais. Quanto ao ISS, novamente, o Distrito Federal, por exemplo, é livre para estabelecer regras suplementares às previstas na LC nº 116/03, inclusive suprindo eventuais lacunas deixadas pela lei federal. O que não pode é inovar ou criar disposições diferentes das previstas na lei de normas gerais, indo de encontro a ela. Se a lei complementar diz que apenas determinadas situações dão origem à possibilidade de cobrança do ISS, o Município não poderá estipular outras não previstas na norma geral. Também, se a lei complementar determinou que apenas o prestador do serviço é a pessoa eleita para pagar o imposto (contribuinte), não poderá a lei ampliar essa possibilidade à pessoas diferentes. Por outro lado, havendo lacunas na lei de normas gerais editadas pela União, cabe aos Estados e a o Distrito Federal suplementar a lei federal para atender às suas peculiaridades. Essa é a previsão do §2º. A previsão do §3º, por sua vez, é muito importante, uma vez que confere atribuições maiores aos Estados e ao Distrito Federal. Caso determinado assunto que deveria ser regulamentado por lei de normas gerais da União não venha a ser tratado, a competência dos Estados e do Distrito Federal, antes suplementar, passa a ser plena, uma vez que inexistirão normas gerais nacionais. Se não existem normas gerais, o tributo não poderá ser criado? Claro que não. E ele será regulado por cada um dos entes políticos, podendo dispor sobre o tema como bem entenderem. Respeitando os princípios da CF/88, claro! Veja o que decidiu o STF em seu RE 607546 AgR/PR, de 23 de agosto de 2011: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 119 “Ante a omissão do legislador federal em estabelecer as normas gerais pertinentes ao imposto sobre a doação de bens móveis, os Estados-membros podem fazer uso de sua competência legislativa plena com fulcro no art. 24, § 3º, da Constituição e art. 34, § 3º, do ADCT.” Observe ainda o AI 167.777 AgR/SP, de 04 de março de 1997; e a ADI 2.355/PR, de 19 de junho de 2002, respectivamente: “Mostra-se constitucional a disciplina do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores mediante norma local. Deixando a União de editar normas gerais, exerce a unidade da federação a competência legislativa plena - § 3º do artigo 24, do corpo permanente da Carta de 1988 -, sendo que, com a entrada em vigor do sistema tributário nacional, abriu-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a via da edição de leis necessárias à respectiva aplicação - § 3º do artigo 34 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Carta de 1988.” “Lei estadual que determina que os municípios deverão aplicar, diretamente, nas áreas indígenas localizadas em seus respectivos territórios, parcela (50%) do ICMS a eles distribuída - transgressão à cláusula constitucional da não- afetação da receita oriunda de impostos (cf, art. 167, iv) e ao postulado da autonomia municipal (cf, art. 30, iii) - vedação constitucional que impede, ressalvadas as exceções previstas na própria constituição, a vinculação,a órgão, fundo ou despesa, do produto da arrecadação de impostos - inviabilidade de o estado-membro impor, ao município, a destinação de recursos e rendas que a este pertencem por direito próprio - ingerência estadual indevida em tema de exclusivo interesse do município.” Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 119 Por sua vez, a Súmula STF nº 69 nos diz que: “A constituição estadual não pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais.” Observe, por fim, que a edição de normas pelos Estados e pelo Distrito Federal, na falta de normas gerais da União, será apenas para atender às suas peculiaridades, e não para impor algo aos demais Entes. A lei do IPVA de Pernambuco, por exemplo, será válida apenas para o território do Estado, ainda que dispondo sobre todos os elementos do tributo, já que, até o momento, não há lei de normais gerais editada pela União quanto a esse imposto. Essa lei, contudo, não pode ser aplicada, regra geral, ao Estado da Paraíba, por exemplo (poderia se houvesse a celebração de acordo prevendo a extraterritorialidade da lei pernambucana no território do Estado da Paraíba, o que não é o caso), vez que esse Estado, igualmente, possui competência para editar leis a serem seguidas em seu território quanto ao IPVA. Por fim, temos a superveniência de lei federal quando já existente lei estadual ou distrital. A lei federal, ao sobrevir, irá SUSPENDER A EFICÁCIA da lei estadual ou distrital no que lhe for contrária. Os dispositivos não conflitantes com a lei federal permanecerão em vigor, paralelamente a esta. Sendo revogada a lei federal, a lei estadual ou distrital volta a ter força normativa novamente. Atente bem: a lei federal não irá revogar a lei estadual, uma vez que não há hierarquia entre leis federais e estaduais. Há APENAS A SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA LEI ESTADUAL ENQUANTO PERDURAR NO TEMPO A LEI FEDERAL. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 119 (Questão 01) Sobre a competência para legislar sobre Direito Tributário, assinale a opção correta. a) Somente a União pode legislar a respeito. b) O Estado pode legislar a respeito, mas estará sujeito às regras gerais que a União expedir sobre a matéria em lei federal. c) Nessa matéria, o Estado goza de competência legislativa exclusiva. d) Tanto o Estado como a União podem legislar livremente a respeito, mas, em caso de conflito entre as disposições normativas, prevalecerá invariavelmente a legislação federal. e) A competência para legislar, no caso, é concorrente, sendo que somente a União pode legislar sobre normas gerais, estando vedada a legislação suplementar por parte do Estado. Alternativa a) Incorreta. A competência legislativa para legislar sobre direito tributário é concorrente, dispondo que todos os entes políticos, respeitando os limites impostos na CF/88, podem legislar sobre a matéria. À União, além da regulação dos seus próprios tributos, cabe também a definição de normas gerais, as quais deverão vir a ser obedecidas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. Alternativa b) Correta. A edição de normas gerais pela União deve ser realizada por meio de lei complementar expedida por esse ente político, conforme nos diz o artigo 146, III, da CF/88. Porém, um erro que poderia ter sido “sentido” pelo candidato é o de que nem sempre os Estados estão sujeitos ao que determinam as leis de normas gerais da União, uma vez que esta, em alguns casos, pode não chegar a editar a referida lei, o que não impedirá o Estado ou o DF de editar leis próprias para regular o tema no âmbito do seu território, conforme nos diz o artigo 24, §3º. Entretanto, a questão, sob certo ponto de vista, é correto. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 119 “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.” Alternativa c) Incorreta. Nenhum ente goza de competência legislativa exclusiva em matéria de direito tributário. Entretanto, quanto a alguns temas desse ramo do direito, como a instituição de empréstimos compulsórios pela União, há sim competências legislativas tributárias exclusivas, diferente da competência exclusiva em matéria de direito tributário. Alternativa d) Incorreta. Não existe hierarquia entre leis federais, estaduais e municipais, sendo cada uma autônoma na matéria ao qual estão afetas. A hierarquia não se verifica nem mesmo entre leis ordinárias e complementares, que se diferenciam apenas em razão da matéria que regulam (aspecto material) e no quórum de aprovação (aspecto formal). Logo, eventual conflito de competência, caso não sanado, deverá ser levado à apreciação do STF, guardião das leis do nosso ordenamento jurídico. Alternativa e) Incorreta. Ainda que exista lei de normas gerais, os Estados poderão livremente editar leis para suplementar a legislação federal e atender às suas peculiaridades, conforme o artigo 24, §2º, da CF/88. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 119 (Questão 02) Em matéria de competência para a instituição de impostos, é correto afirmar-se que: a) os Municípios dos Territórios Federais são competentes para instituir seus próprios impostos, tal como nos Estados. b) nos Territórios Federais compete aos Estados dos quais foram desmembrados a instituição dos impostos estaduais. c) compete aos Territórios Federais a instituição de seus impostos, tanto estaduais quanto municipais. d) os Estados podem instituir impostos extraordinários e temporários, com arrecadação vinculada a fins específicos. e) os Municípios podem instituir novos impostos, além daqueles expressamente previstos na Constituição Federal. Alternativa a) Correta. Os territórios federais não possuem autonomia política nem financeira, não sendo um dos entes políticos presentes na constituição da nossa federação, apenas entes administrativos. Assim, não podem instituir tributos, cabendo esse papel à União, e desde que o território não seja dividido em municípios, diante do qual resta afastada a competência tributária da mesma quanto à instituição de tributos municipais. Por sua vez, os municípios presentes nos territórios federais possuem total autonomia, assim como os demais municípios presentes nos Estados, quanto à instituição e à cobrança dos impostos presentes na competência municipal. Alternativa b) Incorreta. Nos territórios federais, esse papel cabe à União, uma vez que o território não possui competência para a instituição nem de tributos estaduais e nem de tributos municipais. Alternativa c) Incorreta. Em nenhum caso será competência dos territórios federais ainstituição de tributos. Esse papel caberá exclusivamente à União, caso o território não seja dividido em municípios, e caso esse pertença à União. Caso seja dividido em municípios, caberá a cada Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 119 município a instituição dos tributos municipais e à União apenas a instituição dos estaduais. Alternativa d) Incorreta. Cabe apenas à União a instituição de impostos extraordinários, e mesmo assim apenas em casos de guerra externa, iminente ou declarada, conforme o artigo 154, II, da CF/88. Não há a previsão de impostos temporários no nosso atual ordenamento jurídico. Alternativa e) Incorreta. Somente a União possui competência residual quanto à criação de impostos e contribuições. Esse tema é visto quando do estudo dos tributos presentes na CF/88. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 119 Características da Competência Tributária A competência tributária possui características muito importantes e que devem ser bem memorizadas por você, uma vez que vez ou outra aparecem em provas de concursos. De acordo com a melhor doutrina, e conforme o que é solicitado em provas de direito tributário, a competência tributária pode ser classificada como: Indelegável; Imprescritível; Facultativa; Irrenunciável; Inalterável. Vamos a cada uma delas. Indelegável a competência atribuída pela CF/88, e somente por essa, não pode ser transferida a nenhum outro Ente federativo, seja por qual for o meio ou acordo. Uma vez atribuída a competência tributária aos Municípios para a instituição, por exemplo, do Imposto sobre Operações de Qualquer Natureza - ISS (Artigo 156, III, da CF/88), somente o Município poderá instituí-lo (ou não, caso não queira), não podendo a União e os Estados e o Distrito Federal “furtar” a competência municipal, muito embora esse último ente politico também possua a competência para a instituição do ISS em razão da acumulação de competências estaduais e municipais. Na mesma linha, a indelegabilidade não tem nada a ver com a possibilidade de atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 119 administrativas em matéria tributária, do ente competente para a instituição do tributo para outra pessoa jurídica de direito público. As funções de arrecadar e fiscalizar tributos, bem como de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, estão compreendidos na chamada capacidade tributária ativa, a qual é oriunda da competência tributária. Observe que tudo aquilo que está presente na capacidade tributária ativa está presente também dentro da competência tributária. Desse modo, todo ente que possui a competência tributária possui também a capacidade tributária ativa. O contrário, como veremos mais adiante, nem sempre é possível, já que uma pessoa jurídica de direito público pode ter a capacidade tributária ativa sem necessariamente ter a competência tributária. Determinado ente federativo municipal (o Município de Recife, por exemplo) poderá instituir o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU), definir os elementos que definem e caracterizam o tributo, proceder à sua fiscalização e, por consequência, à sua arrecadação. Se ele institui, ele também possui a competência tributária para arrecadar e fiscalizar, bem como de executar leis, atos, serviços ou decisões administrativas em matéria Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 119 tributária relativa a esse tributo. O mesmo vale para os demais tributos previstos na sua competência tributária. Porém, nada impede que o determinado ente atribua, a outra pessoa jurídica de direito público, as funções descritas acima, EXCETO A DE INSTITUIR O TRIBUTO, que, como vimos, é indelegável. Por serem municípios conturbados, por exemplo, Recife poderia delegar ao município de Olinda a função de fiscalizar os tributos cujos fatos geradores ocorressem nos bairros limítrofes às duas cidades, mas pertencente ao território daquela cidade, e vice-versa. O que não poderia ocorrer é a delegação, a Olinda, da atribuição de instituir e regular os tributos pertencentes a Recife. “Poxa, professor. Mas o senhor acabou de dizer que um ente não pode instituir tributo pertencente à competência tributária de outro ente, mas pode fazer tudo mais relativo ao tributo. Assim fica difícil entender.” É, futuro servidor. Mas é isso mesmo. Exceto quanto às funções de instituir e regular tributos, todas as demais funções podem ser delegadas a OUTRO ENTE DE DIREITO PÚBLICO. Atente bem. Essa previsão consta no CTN, mais precisamente em seu artigo 7º: “Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.” A competência tributária permaneceu intocável, como determina a CF/88. Tudo o mais pertence à capacidade tributária ativa, essa, sim, passível de delegação a outras pessoas jurídicas de direito PÚBLICO. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 119 Mais uma vez repito: a capacidade tributária ativa se refere apenas ao poder de arrecadar, fiscalizar e cobrar tributos, bem como ao de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em relação à exação tributária, podendo ser exercida pelo ente que institui o tributo ou por outras pessoas jurídicas de direito público, desde que por delegação. A capacidade tributária ativa, assim, está relacionada à natureza administrativa. Veja essas duas assertivas sobre o tema que acabamos de ver. Elas falam sobre a possibilidade de delegação de competência a outros entes. (Questão 03) A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra. Conforme vimos, a delegação é relativa à CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA, E NÃO À COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, ESSA, INDELEGÁVEL. Ainda que o item tivesse tratado da capacidade tributária, essa pode compreender outros assuntos, e não apenas a função de arrecadação de tributos, conforme o artigo 7º do CTN. Assim, resta correta a assertiva apresentada. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 119 (Questão 04) Somente é lícita a delegação de competência tributária a pessoa jurídica de direito privado se a função ou encargo referir-se a arrecadação de tributos. Vale amesma explicação dada acima, uma vez que é possível a delegação da função ou encargo de arrecadar os tributos, mas não da competência tributária. Por sua vez, foi bem o legislador ao definir que a competência tributária é indelegável. Assim, resta incorreta a assertiva apresentada. Atente bem para um ponto importante: todo ente que possui competência tributária possui também a capacidade tributária ativa, mas o inverso nem sempre é verdadeiro, apenas se estivermos falando da própria pessoa jurídica que instituiu o tributo (aquela que é a titular da competência tributária). Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 119 A atribuição da capacidade tributária, por sua vez, é sempre feita por meio de lei, razão pelo qual não pode ser feita por outro ato normativo diferente desse ou que não faça às vezes deste. Essa atribuição encontra alguns exemplos expressos no próprio texto constitucional. Para ilustração, segue o que consta no artigo 153, §4º, III, da CF/88, relativo ao Imposto Territorial Rural (ITR), de competência da União, mas que pode vir a ser cobrado e fiscalizado pelos Municípios que assim optarem: “§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput (ITR):(...) III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.” A União é o ente que sempre editará as leis e normativos relativos ao imposto, não conferindo ao Município nenhuma competência legislativa quanto a esse tributo federal. Eventuais questionamentos quanto à cobrança ou não do ITR, por exemplo, continuarão sob a competência da União. Aos Municípios cabe apenas fiscalizar e cobrar, apenas isso, ou seja, possuem apenas a capacidade tributária ativa. E a União? Possui a competência tributária, caso venha a delegar a capacidade tributária ativa. Se não, possuirá as duas. Um dos tributos da União que é repartido com os Estados e com os Municípios é o imposto de renda cobrado na fonte dos respectivos servidores desses entes políticos, a quem cabe 100% da arrecadação. Ou seja, o imposto de renda devido pelos servidores efetivos do Estado do Rio Grande do Norte, por exemplo, terá sua arrecadação totalmente destinada aos cofres desse ente político, conforme previsão do artigo 158, I, da CF/88: “Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 119 autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;” Uma vez que possuem a totalidade do produto da arrecadação, esses entes possuirão também a capacidade tributária ativa, conferida pela União. Essa previsão está diretamente relacionada ao que determina o §1º do artigo 7º do CTN: “Art. 7º (...) § 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.” Ou seja, sempre que o ente possuidor da competência tributária delegar a sua capacidade tributária ativa, ele também irá conferir ao delegatário as garantias e os privilégios processuais que possui quanto ao tributo. Veja ainda o que nos diz a Súmula 447 do STJ: “Súmula 447: Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores.” Logo, nas ações descritas na Súmula acima, a União confere a esses entes políticos, além da capacidade tributária ativa, a atribuição de questionar eventuais valores indevidamente retidos, de ajuizar ações, de dispor de prazos processuais conferidos em especial à União, entre outras prerrogativas e garantias processuais. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 119 (Questão 05) Sobre competência tributária e capacidade tributária ativa, é correto afirmar: (A) A competência tributária é delegável por lei. (B) A capacidade tributária ativa indica o sujeito ativo da obrigação tributária principal. (C) O Código Tributário Nacional fixa as competências tributárias. (D) A capacidade tributária ativa é exclusiva do ente político definido na Constituição Federal. (E) Somente o ente político competente para instituir o tributo pode ser titular da capacidade tributária ativa. Alternativa a) Incorreta. A competência tributária é sempre indelegável, somente podendo ser delegada a capacidade tributária ativa, conforme determina o artigo 7º do CTN. Alternativa b) Correta. O sujeito ativo da relação tributária é o ente competente para exigir o tributo devido, que poderá ser tanto a própria pessoa jurídica de direito público que instituiu o tributo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) quanto as demais pessoas jurídicas de direito público que tenham recebido delegação da capacidade tributária ativa. Assim, a capacidade tributária ativa indica o sujeito ativo da obrigação tributária principal, que é a obrigação de pagar tributo ou penalidade pecuniária, conforme o artigo 113, §1º, do CTN, vista quando do estudo das obrigações tributárias. Alternativa c) Incorreta. Quem fixa as competências tributárias é a CF/88 em seu capítulo I do título VI da CF/88 destinado ao Sistema Tributário Nacional, e não o CTN. O CTN é apenas uma das leis de normas gerais relativas a tributos e relações jurídicas a eles concernentes. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 119 Alternativa d) Incorreta. A competência tributária é que é exclusiva das pessoas políticas determinadas na CF/88, podendo, por outro lado, a capacidade tributária ativa ser delegada a outras pessoas jurídicas de direito público, conforme o artigo 7º do CTN. Alternativa e) Incorreta. A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, conforme o artigo 7º do CTN. Logo, outra pessoa jurídica de direito público também pode ser titular da capacidade tributária ativa, além daquele que possui a competência tributária. “E se o ente que delegou a capacidade tributária ativa quiser esta de volta, Virgulino? Tem como reaver? Ou perdeu para sempre?” Com certeza há como reaver, futuro servidor. E fácil igual a tomar água de coco debaixo de um guarda-sol em Porto de Galinhas. O artigo 7º, §2º, do CTN, diz o seguinte: “Art. 7º (...) § 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.” No dia e momento que o ente político delegante quiser pegar de volta a sua capacidade tributária, é só editar um ato unilateral e pronto, está devolvida. E nem adianta aquele que recebeu reclamar. O ATO É UNILATERAL, ou seja, de vontade única do ente político que concedeu, REVOGANDO o ato anterior de delegação. Um exemplo dessa delegação seria a conferida pela União aos Municípios no quediz respeito ao imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 119 conferindo a estes entes políticos as funções, entre outras, de arrecadar e fiscalizar os tributos de competência da União, regra geral. À Procuradoria da Fazenda Nacional, órgão integrante da estrutura da União, por sua vez, cabe a cobrança dos tributos por meio da execução fiscal, exercendo outra parte da capacidade tributária ativa da União, ente de direito público. Os municípios, assim, possuirão a capacidade tributária ativa, enquanto a União, a competência tributária. Tudo tranquilo até aqui? Veja ainda o que diz o artigo 84 do CTN sobre esse assunto de delegabilidade da capacidade tributária ativa: “Art. 84. A lei federal pode cometer aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios o encargo de arrecadar os impostos de competência da União cujo produto lhes seja distribuído no todo ou em parte. Parágrafo único. O disposto neste artigo, aplica-se à arrecadação dos impostos de competência dos Estados, cujo produto estes venham a distribuir, no todo ou em parte, aos respectivos Municípios.“ (Grifos nosso) Ou seja, caso determinado tributo federal venha a ser repartido, no todo ou em parte, com um dos demais entes da federação, a União poderá editar lei cometendo o encargo da função de arrecadar o tributo ao respectivo ente. O mesmo vale para os Estados em relação aos seus Municípios, no caso de haver repartição das respectivas receitas oriundas da arrecadação dos tributos estaduais. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 119 (Questão 06) Município Deixa pra Lá, não conseguindo, hipoteticamente, exercer sua competência constitucional tributária para instituir o ITBI no seu território, celebrou acordo com o Estado federado em que se localiza, para que esse Estado passasse a exercer, em seu lugar, a competência constitucional para instituir o referido imposto em seu território municipal e, ainda, para que exercesse as funções de fiscalizar e arrecadar esse tributo, recebendo, em contrapartida, um pagamento fixo anual, a título de "retribuição compensatória". Relativamente a essa situação, o Município Deixa pra Lá (A) não pode delegar sua competência tributária, nem suas funções de arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competência tributária a qualquer outra pessoa jurídica de direito público, mas pode delegar as funções de arrecadação às instituições bancárias públicas e privadas. (B) pode delegar sua competência tributária e suas funções de arrecadar e de fiscalizar tributos a outra pessoa jurídica de direito público. (C) não pode delegar sua competência tributária a qualquer outra pessoa jurídica de direito público, embora possa delegar as funções de arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competência tributária. (D) não pode delegar sua competência tributária, nem suas funções de fiscalizar tributos a qualquer outra pessoa jurídica de direito público, embora possa delegar suas funções de arrecadar tributos de sua competência tributária. (E) não pode delegar sua competência tributária, nem suas funções de arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competência tributária a qualquer outra pessoa jurídica de direito público. A competência tributária é indelegável, conforme regra presente no artigo 7º do CTN, o que não impede a delegação, por parte do Município de Deixa Pra Lá, das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por essa pessoa jurídica de direito público a outra. Ainda que a delegação se Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 119 der por meio de acordo entre os Municípios, aquele será plenamente inconstitucional. Logo, o Município de Deixa Pra Lá não pode delegar sua competência tributária a qualquer outra pessoa jurídica de direito público, embora possa delegar as funções de arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competência tributária, o que torna correta a alternativa “c”, gabarito da questão. (Questão 07) Analise as proposições a seguir e assinale a opção correta. I. Se a Constituição atribuir à União a competência para instituir certa taxa e determinar que 100% de sua arrecadação pertencerá aos Estados ou ao Distrito Federal, caberá, segundo as regras de competência previstas no Código Tributário Nacional, a essas unidades federativas a competência para regular a arrecadação do tributo. II. Embora seja indelegável a competência tributária, uma pessoa jurídica de direito público pode atribuir a outra as funções de arrecadar e fiscalizar tributos. III. É permitido, sem que tal seja considerado delegação de competência, cometer a uma sociedade anônima privada o encargo de arrecadar impostos. a) As duas primeiras afirmações são corretas, e errada a outra. b) A primeira é correta, sendo erradas as demais. c) As três são corretas. d) A primeira é errada, sendo corretas as demais. e) As três são erradas. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 119 Item I) Incorreto. A repartição, total ou parcial, da arrecadação de determinado tributo com outro ente não importa na delegação da competência tributária, uma vez que esta, como vimos, é indelegável no que diz respeito à instituição e à regulação do tributo. Assim, ainda que a União repasse 100% do produto da arrecadação da referida taxa, em nada é alterada a sua competência tributária, que permanece intocada. O mesmo acontece para o caso do ITR, em que a União, nos casos em que o Município opta pela sua fiscalização e arrecadação, repassa 100% do produto da arrecadação do imposto, conforme artigo 153, §4º, III, da CF/88. Item II) Correta. A delegação da capacidade tributária ativa, ao contrário da competência tributária, é delegável a outra pessoa jurídica de direito público, conforme determina o artigo 7º do CTN. Esse artigo nos diz que a competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra. Item III) Correta. Essa é a previsão do artigo 7º, §3º, do CTN, que nos diz que não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. Veremos um pouco mais desse assunto mais à frente. Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 00 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 119 (Questão 08) O cometimento a pessoa de direito privado, como os bancos, do encargo de arrecadar tributos: A) constitui ato de delegação de competência, de acordo com a legislação tributária vigente. B) constitui delegação da capacidade tributária passiva. C) constitui ato legal em que se atribui apenas a capacidade de arrecadar,
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