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Prévia do material em texto

EXPRESSÃO DO CORPO 
E MUSICALIDADE
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Hairlaine Treici Freitas
Indaial - 2020
2ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
F866e
 Freitas, Hairlaine Treici
 Expressão do corpo e musicalidade. / Hairlaine Treici Freitas. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 130 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-028-4
 ISBN Digital 978-65-5646-029-1
1. Expressão corporal. - Brasil. 2. Musicalidade. – Brasil. Centro 
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 792.028
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Expressão e Consciência Corporal ........................................... 7
CAPÍTULO 2
Estudo do Movimento ................................................................. 49
CAPÍTULO 3
Ritmo X Musicalidade .................................................................. 87
APRESENTAÇÃO
Ao longo dos nossos estudos, veremos a evolução da prática corporal do 
movimento em seu contexto histórico, a expressão e a consciência corporal, bem 
como os processos metodológicos do ensino do movimento.
É necessário compreender a diferença entre expressão e consciência 
corporal para poder entender o quanto a expressão corporal é importante para 
o estudo do movimento. Enquanto a expressão corporal diz respeito ao gesto, a 
consciência corporal diz respeito ao entendimento que temos do próprio corpo.
Para compreender como nos expressamos corporalmente, é necessário 
entender a evolução e o processo histórico dentro do movimento corporal. 
Veremos ao longo deste material, os processos históricos e as modificações que 
a estrutura de movimentação e a dança construíram ao longo dos anos.
Além de ter todo o entendimento a respeito da história e da diferenciação 
entre expressão e consciência corporal, desenvolveremos a nossa compreensão 
a respeito de como funciona o processo de ensino do movimento corporal. 
Teremos, portanto, modelos e exercícios para que, não somente na teoria, mas 
também com a prática, seja possível compreender um planejamento de aula 
tendo em vista a expressão corporal.
Vamos começar? Bons estudos!
CAPÍTULO 1
Expressão e Consciência Corporal
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• compreender a prática corporal e a expressão corporal no processo de ensino-
aprendizagem; 
• conhecer a história da dança e sua evolução contextualizando com os períodos 
históricos;
• entender como se dá a dança enquanto prática corporal;
• diferenciar expressão corporal de consciência corporal.
8
 Expressão do Corpo e Musicalidade
9
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
1 EXPRESSÃO E CONSCIÊNCIA 
CORPORAL
Quando utilizamos a expressão consciência corporal, apesar de entendermos 
que essas palavras juntas já explicam um pouco o sentido, ainda nos perdemos 
a analisar a dicotomia entre consciência corporal e expressão corporal. Todos 
compreendemos, mesmo que basicamente, como movimentamos o nosso corpo 
e dessa forma todos possuímos alguma consciência corporal. Porém vamos nos 
questionar o seguinte: por que precisamos desenvolver a consciência corporal?
A consciência corporal é a linguagem básica humana e, antes de nos 
comunicarmos através da fala, já a utilizávamos. Através de expressões de choro 
ou o clássico “fazer beiço” do bebê já são expressas as primeiras necessidades 
dele, como a fome. Já através do bocejo ou apertar de olhos, o bebê expressa 
que tem sono.
Cada corpo possui seus próprios signos para comunicar sentimentos 
e emoções. Essa capacidade humana é chamada de expressão corporal. 
Segundo Brickman (1989), a expressão corporal é o modo natural pelo qual 
os seres humanos revelam suas peculiaridades. Ainda de acordo com o autor, 
essa habilidade pode ser ensinada e desenvolvida, sendo reconhecida enquanto 
uma disciplina. Como disciplina, ela busca resgatar, cuidar e desenvolver as 
potencialidades humanas inerentes ao movimento corporal.
Já a consciência corporal é a consciência que temos do nosso próprio 
corpo. Não se constitui em uma disciplina, porém, pode ser desenvolvida por 
meio de técnicas e práticas corporais. Portanto, para desenvolver a consciência 
corporal, devemos explorar as possibilidades de movimento, como o controle e 
a expressão corporal. Conhecer um pouco sobre a estrutura corporal anatômica 
(os músculos, ossos e órgãos) contribui para o desenvolvimento da expressão 
corporal. Compreendendo assim não somente conceitualmente, mas também 
sensorialmente através da exploração das possibilidades corporais o que 
desenvolverá o conhecimento sobre nosso próprio corpo.
Não existe um objetivo definido quanto ao modelo que queremos chegar, não 
existe um “conhecer perfeito” do corpo, inclusive porque temos corpos variados 
e conhecer essa diversidade e suas especificidades é muito importante dentro 
desse processo. Assim compreendemos que nosso corpo é único e, portanto, tem 
suas particularidades. 
Para desenvolver nosso corpo e sua expressão, necessitamos possuir 
10
 Expressão do Corpo e Musicalidade
algumas habilidades corporais, por isso os trabalhos de alongamento e força 
são importantes no desenvolvimento da expressão corporal para obtermos mais 
consciência do corpo. Estas duas qualidades corporais: força e alongamento 
possibilitarão a realização, de maneira mais eficiente, de gestos e movimentos, 
porém a expressão não se vincula diretamente à potência muscular.
Quando pensamos em gesto, tendemos a pensar muito no movimento de 
mãos e braços e não lembramos de rosto, pés, coluna, entre outros. O nosso 
corpo se expressa de muitas maneiras e é importante conheçamos todas as 
possibilidades expressivas corporais. 
Está a expressão ligada à emoção? Sim, porém, controlar as emoções é 
parte do processo de aquisição da consciência corporal. Conhecer nossos limites 
e possibilidades nos permitirá ampliar a qualidade da nossa comunicação como 
um todo.
Tanto a expressão quanto a consciência corporal são fundamentais para o 
ser humano. No entanto, enquanto uma permite o relacionamento com o ambiente 
externo, a outra envolve a nossa relação pessoal com o corpo, portanto, é uma 
relação interna. 
As técnicas para desenvolver cada uma são muito diferentes. Na expressão 
corporal, são desenvolvidas as habilidades comunicativas do movimento por 
meio de mímica, interpretação, teatro e dança. A consciência corporal, por sua 
vez, utiliza práticas diversas para o reconhecimento do corpo. É o conhecer a 
si mesmo, as habilidades que o corpo possui, como ele se movimenta, as 
potencialidades existentes e suas limitações. 
Portanto, com a expressão corporal e aulas direcionadas para aprender a se 
expressar, acabamos conhecendo mais a respeito do nosso próprio corpo. Vamos 
conhecer as duas em suas singularidades na sequência.
1.1 EXPRESSÃO CORPORAL
De onde vem o termo “expressão corporal”? Expressão vem do latim 
expressiõnis que está associada ao adjetivo exprimere. Pensando nessa palavra, 
temos o seguinte: o prefixo ex refere-se a colocar para fora, externar; e primere 
relaciona-se com pressionar. Logo, o significado da expressão seria colocar para 
fora de maneira pressionada.11
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
Você sabia? 
Muitos países e povos possuem suas regras e normas referentes 
à linguagem corporal, que muitas vezes, é uma disciplina escolar. 
Na Itália a linguagem de mãos é chamada de Quirologia. Na cultura 
italiana existe uma complexa gama de mãos, cada gesto possuindo 
uma expressão, um “dizer”. Já se catalogou 200 gestos na Itália e 
acredita-se que esse costume se deu para que os antigos italianos 
pudessem se comunicar sem que os invasores compreendessem sua 
linguagem durante a invasão de austríacos e espanhóis. Acredita-se 
que esse costume já vinha da Grécia Antiga e foi mais desenvolvido 
pelos italianos no período em que eles tiveram seu país invadido 
pelos austríacos e espanhóis.
Já o termo corporal vem do latim corporãlis que obviamente relaciona-se com 
corpo do latim corpus. O sufixo al provém do latim ãlis que significa pertencer a. 
Portanto é aquilo que pertence ao corpo. Então expressão corporal seria colocar 
para fora aquilo que pertence ao corpo.
Pensando na relação com pressionar, seria aquilo que externalizamos do 
corpo quando algo nos pressiona. Portanto, quando nos sentimos pressionados 
por uma emoção interna, o nosso corpo se comunica através da expressão 
corporal. Esclarecendo: o nosso corpo através de gestos e movimentos é capaz 
de comunicar sentimentos, ideias e emoções sem o uso da fala ou da escrita.
Existem algumas expressões que são espontâneas e, claro que com 
trabalho, podemos desenvolver um controle destes gestos. No teatro é possível 
desenvolver técnicas expressivas para serem utilizadas no dia a dia. Temos 
ainda a dança e a mímica como elementos artísticos que nos auxiliam no 
desenvolvimento da expressão corporal, que torna aquele gesto espontâneo uma 
técnica para comunicar artisticamente algo.
 Nos esportes também fazemos uso da expressão corporal como na 
ginástica rítmica; na patinação artística; em algumas atividades de relaxamento e 
concentração, como a ioga; ou nas artes marciais, como o tai chi.
Muitas vezes ela também é utilizada como meio terapêutico. Na década de 
40, nos Estados Unidos, surgiu a dança terapia que rapidamente se alastrou pelo 
mundo como uma prática muito procurada para aliar relaxamento, expressão e 
tonicidade. A proposta na qual houve a união entre dança e psicologia, incialmente, 
foi realizada em pacientes com transtornos mentais que se mostrou muito eficaz. 
12
 Expressão do Corpo e Musicalidade
FIGURA 1 – ITALIANO GESTICULANDO
FONTE: <https://pt.dreamstime.com/homem-consider%C3%A1vel-
novo-que-mostra-o-gesto-italiano-significa-voc%C3%AA-querem-sobre-
fundo-branco-image129214821>. Acesso em: 6 nov. 2019.
Como podemos desenvolver a expressão corporal? Que tipo de aula é 
própria para a expressão corporal? De acordo com Ribeiro (2019), desenvolver 
uma prática rítmica criativa permite que a habilidade seja desenvolvida. Tanto 
as brincadeiras cantadas como as danças de roda, por exemplo, permitem ao 
professor explorar e desenvolver a expressão corporal com as crianças dentro 
das aulas de Educação Física. 
As práticas constituem uma importante atividade educativa, pois, por 
meio delas, a criança consegue experimentar movimentos expressivos em 
um espaço social coletivo. Além disso, explorar com outras crianças permite o 
desenvolvimento de símbolos corporais que perdurarão pela vida toda. De acordo 
com Ribeiro (2019), as brincadeiras, as danças populares e a dança acadêmica 
são exercícios corporais que permitem o desenvolvimento de um corpo expressivo.
Dessa forma, podemos entender que a expressão corporal é o início do ato 
de dançar. Isso porque, desenvolvendo a expressão e criando movimentos, o 
indivíduo pode experimentar a dança significativa. Para Ribeiro (2019), o corpo é, 
então, o instrumento de maior comunicação com o mundo.
Portanto, mais do que uma prática corporal específica, a expressão corporal 
está associada a diversas práticas corporais tanto na sua relação com a dança 
como na comunicação dentro da perspectiva de linguagem não verbal, o que 
chamamos de linguagem corporal. 
13
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
Você conhece quem está fotografado na figura a seguir?
FIGURA 2 – KLAUSS VIANNA
FONTE: A autora
Conhecido como o introdutor da expressão corporal no Brasil, Klauss Vianna 
desenvolveu seu trabalho principalmente na área do teatro brasileiro sendo o 
preparador corporal de atores para que eles desenvolvam melhor a consciência de 
seus corpos e para que tenham uma melhor expressão para atuar através da fala e 
de gestos. Ele escreveu e datilografou um documento chamado expressão corporal 
no qual desenvolveu o pensamento em relação a esse tema. Para Klauss, ter 
consciência de suas próprias emoções estava sempre relacionado a ter consciência 
do seu corpo e, portanto, as nossas emoções ficavam refletidas na imagem do 
nosso corpo.
Foi um grande pesquisador da anatomia humana e vinculava a musculatura, 
o ar e ações dos estados físicos e psíquicos com a expressão corporal. Escreveu 
a movimentação corporal que se relaciona com os sentimentos como medo e 
ameaça, alegando que, toda vez que o indivíduo se sente assim, ele se contrai com 
14
 Expressão do Corpo e Musicalidade
o fim de se proteger. Seu trabalho sempre esteve vinculado à relação física criativa 
e artística do corpo, proporcionando a expressão do homem. Ele acreditava que 
através de um método no qual corpo e mente dialogam era possível recuperar 
atenções físicas e emocionais.
Através de sua pesquisa e de outros pesquisadores que seguiram apropriando-
se do que ele já havia pesquisado, foi possível compreender melhor a expressão 
corporal humana relacionando-a com uma prática terapêutica capaz de resolver os 
problemas do interno humano.
1.2 CONSCIÊNCIA CORPORAL
O autoconhecimento corporal é a consciência corporal e a utilizamos para a 
realização de todo tipo de atividade, seja cotidiana ou para a prática de exercícios 
físicos. Com a consciência corporal, além de saber o potencial corporal que possui, 
o indivíduo também aprende a respeito dos limites, ou seja, até onde seu corpo 
pode ir em um esforço físico.
Esse conhecimento é fundamental para os indivíduos em qualquer faixa etária. 
Conhecer nosso corpo envolve compreender nossos movimentos, nossa relação 
com o ambiente e com a música. Entender como o corpo funciona evita lesões, 
traz maior qualidade e funcionalidade ao corpo. Isso porque, com a consciência 
corporal, melhoramos nossos esquemas corporais.
Algumas práticas nos permitem conhecer mais o funcionamento do corpo, 
como a ioga, o pilates, o RPG, a própria dança e, principalmente, durante aulas de 
expressão corporal. Contudo, vale ressaltar que toda atividade física realizada com 
atenção é capaz de desenvolver uma melhor percepção corporal. 
Em um processo pedagógico de dança, são explorados os aspectos sociais, 
temporais e expressivos (RIBEIRO, 2019). Assim, uma das melhores formas de 
explorar o corpo, percebê-lo e desenvolver o autoconhecimento corporal é por meio 
da dança.
Existem atividades que proporcionam um melhor desenvolvimento da 
consciência corporal. Autoconhecer-se é fundamental para se ter qualidade de vida 
porque, através desse conhecimento, entendemos também aquilo de que gostamos 
e não gostamos e, através desse autoconhecimento, ganhamos mais consciência 
corporal. É, portanto, a habilidade de conhecer o próprio corpo que chamamos de 
consciência corporal e essa deve ser desenvolvida desde a infância. 
15
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
Conhecer o próprio corpo nos permite aproveitar melhor suas potencialidades, 
mantendo, dessa forma, uma boa saúde. Quanto mais consciente realizamos 
práticas do nosso cotidiano, como sentar, levantar, subir escadas, caminhar e 
correr, menor será a chancede termos lesões e por isso a consciência corporal é 
tão fundamental.
1.3 RITMO OU TEMPO
Ribeiro (2019) nos explica que o ritmo se refere à capacidade de o ser humano 
compreender, organizar e interpretar estruturas temporais contidas no movimento. 
Ele se refere diretamente a uma capacidade do sistema nervoso central, por isso, 
está classificado como uma capacidade coordenativa.
Nesse contexto, temos que o nosso corpo é portador de um ritmo biológico, 
sendo que os movimentos musculares involuntários o produzem. Assim, nosso 
corpo é como uma orquestra afinada e em grande sincronia. 
A menção na morfologia da palavra ritmo origina-se no termo grego rhythmo 
que significa sucessão regular de tempos fortes e fracos em uma frase musical. 
É, portanto, o ritmo que define o valor das notas de acordo com a intensidade e o 
tempo delas. Muitas vezes falamos em ritmo utilizando a denominação cadência, 
portanto, quando falamos: “somos cadenciados”, estamos falando que a música 
está no ritmo. Relacionando com a música, vemos que o ritmo está diretamente 
ligado a ela, porém, muitas vezes, podemos denominar como ritmo outras formas 
de arte como a poesia declamada, tendo em vista a forma como distribuímos as 
sílabas e utilizamos tempos fracos e fortes durante o verso da poesia.
A palavra ritmo muitas vezes é usada para explicar a velocidade. Quando 
dizemos que algo está em um ritmo acelerado, estamos escrevendo que está se 
movendo rápido, agindo rápido. Já ao utilizá-la na seguinte expressão: ele diminuiu 
seu ritmo no trabalho, denota-se que alguém está trabalhando menos, fazendo 
então uma relação com quantidade.
Podemos classificar o ritmo em: 
• ritmo musical: quando relacionamos harmonia e melodia de instrumentos 
musicais;
• ritmo sinusal: está diretamente ligado ao primeiro instrumento do homem 
que é o seu próprio coração e relaciona-se com a frequência cardíaca 
portanto.
16
 Expressão do Corpo e Musicalidade
Falando em ritmo, não podemos deixar de relacionar que dentro do ritmo não 
temos somente som, temos também um silêncio. A relação entre som e silêncio 
é que dita o ritmo de algo. Ainda dentro de ritmo, constantemente, utilizaremos o 
conceito de compasso que se relaciona com os assentos que as notas musicais 
terão durante a composição musical.
Vamos analisar uma situação problema: a dança como prática corporal: 
expressão e consciência corporal. Tanto a expressão corporal quanto a consciência 
corporal são fundamentais para o ser humano. Todavia, enquanto uma permite 
ao ser humano se relacionar com o ambiente externo, com as outras pessoas, a 
outra envolve a nossa relação pessoal com o nosso corpo, portanto, é uma relação 
interna. As técnicas para desenvolver cada uma são, portanto, muito diferentes. 
Na expressão corporal são desenvolvidas as habilidades comunicativas 
do movimento através de mímica, interpretação, teatro e dança; enquanto a 
consciência corporal utiliza-se de práticas diversas para esse reconhecimento 
do corpo. É o conhecer a si mesmo, conhecer as habilidades que nosso corpo 
possui, como ele se movimenta, as potencialidades e limitações existentes nele. 
A expressão corporal é então uma das práticas corporais para se conquistar maior 
consciência corporal. Através da expressão corporal e de aulas direcionadas a 
aprender a se expressar, acabamos conhecendo mais do nosso próprio corpo. 
Aprendemos como ele pode transmitir aquilo que sentimos e a maneira com que 
sentimos cada emoção.
São, portanto, dois aprendizados diferentes, enquanto a expressão corporal 
refere-se a aprender a transmitir o que sentimos, consciência corporal refere-se a 
aprender sobre como nosso corpo funciona em suas capacidades e potencialidades.
Vamos praticar: muitas vezes expressão corporal é confundida com 
consciência corporal. Apesar de parecerem ter a mesma definição, existem 
diferenças entre elas como você já aprendeu. Vamos imaginar que você é 
proprietário de uma escola e os futuros alunos/clientes têm questionado a 
secretaria da escola a respeito de aulas de expressão OU consciência corporal. 
Como excelente diretor que é, você montará um folder explicativo para que os 
alunos compreendam as diferenças entre as definições de expressão e consciência 
corporal, além de uma explicação sobre em que consiste uma aula de expressão 
corporal e como pode ser desenvolvida a consciência corporal. Faça esse folder em 
Word e compartilhe no fórum.
Sugestão da proposta: dança como prática corporal: expressão e 
consciência. Enquanto expressão corporal é a linguagem corporal por meio da qual 
17
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
demonstramos nossas emoções, consciência corporal é o conhecimento do seu 
próprio corpo. Uma aula de expressão corporal é, portanto, uma aula que aborda 
as possibilidades corporais para transmitir o que sentimos. Já para desenvolvermos 
consciência corporal, diversas práticas podem contribuir com esse aprendizado, 
tais como: ioga, pilates, ginásticas e dança.
Para criar um folder eficiente, deve-se levar em consideração que sua 
estrutura é mais complexa que um panfleto, pois envolve mais conteúdo. Ele é, 
usualmente, escolhido quando temos maior volume de informações para transmitir, 
uma vez que as dobras facilitam a organização do fluxo de textos e imagens. Assim, 
no folder não há limitação de tamanho, fator flexível em função da quantidade de 
conteúdo. Temos, então, que o folder é dividido em três partes:
• texto explicativo sobre que se pretende apresentar, que, no caso, seria a 
proposta de aula;
• imagem atrativa que represente o que se pretende divulgar;
• informações como local, hora e nome do professor e da escola.
Como qualquer outro impresso, ele pode ter caráter institucional ou promocional. 
Muitas vezes, unimos as informações em um único material. No entanto, é indicado 
sempre tomar cuidado para não deixar seu folder muito carregado e/ou desviar do 
objetivo da divulgação. Lembre-se de que o folder é o item de captação, por isso, 
quanto mais o seu público sente que as informações atendem as suas expectativas, 
mais conseguirá conquistá-lo. Veja na figura a seguir um modelo de folder.
FIGURA 3 – FOLDER
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/stationary-a4-folder-
branding-identity-mockup-1326733103>. Acesso em: 6 nov. 2019.
18
 Expressão do Corpo e Musicalidade
Você sabia?
Nosso coração é um órgão ritmado, sendo esse observado e 
corrigido, caso saia do padrão, pelo marca-passo. Cada pessoa tem 
um marca-passo natural, o qual contém um gerador de impulsos 
elétricos com até três eletrodos. Esses são fios elétricos que 
conduzem o impulso gerado pelo marca-passo até o coração. Caso 
haja algum problema com esse sistema, arritmias ou bradicardias 
podem se instalar. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.
com.br/saude-bem-estar/marcapasso-artificial.htm>. Acesso em: 6 
nov. 2019. 
FIGURA – CORPO HUMANO COM MARCA-PASSO
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/medical-illustration-
permanent-pacemaker-implant-3d-1487085152>. Acesso em: 6 nov. 2019.
19
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
De acordo com Ribeiro (2019), o ritmo faz parte da natureza comunicativa 
humana, por isso, ritmo e movimento estão diretamente relacionados. Já a 
intenção, conforme Ribeiro (2019), refere-se ao exercício da expressão corporal. 
Essa, por sua vez, diz respeito à linguagem do ser humano na expressão de 
sentimentos, na comunicação e na consciência do próprio corpo. 
1.4 PLANOS E DIREÇÃO NA DANÇA
A direção, o plano e a dimensão são pontos fundamentais nas estruturas da 
dança. Essas constituem o que chamamos de estruturas espaciais. Para Ribeiro 
(2019), o espaço na dança é compreendido pelo domínio dessas estruturas. 
A direção se refere ao percurso do corpo no espaço. Seu ponto de início é 
no centro do corpo, sendo que as direções podemser para frente, para trás, para 
a esquerda, para a direita, para as diagonais e para cima ou para baixo.
FIGURA 4 – VARIAÇÕES DAS DIMENSÕES RELACIONADAS 
ÀS DIREÇÕES DOS MOVIMENTOS NA DANÇA
FONTE: Ribeiro (2019, p. 128)
Os planos, por sua vez, são os níveis de altura nos quais o movimento é 
realizado, tendo como referência a linha média da cintura. Eles podem ser altos, 
médios e baixos. 
Já a dimensão está relacionada à extensão que o corpo adquire durante 
o movimento. Ela é determinada por forças de oposição, quando o movimento 
recebe altura e profundidade.
Dentro desses conceitos, temos, portanto, a kinesfera, que é tudo aquilo que 
podemos alcançar com todas as partes do corpo, tendo em vista uma esfera que 
envolve o corpo humano. E, dentro do conceito de movimento em relação à esfera 
que envolve o corpo, temos:
Largura
Larfo/Estreito
Altura
Alto/Baixo
Profundidade
Frente/Atrás
20
 Expressão do Corpo e Musicalidade
• a relação de fluxo que se refere às tensões musculares com a qual o 
movimento é realizado;
• a fluência do movimento e seus graus de atenção; 
• os movimentos de giro que são os movimentos de suspensão para voltar 
o corpo no próprio eixo, utilizando equilíbrio e desequilíbrio; 
• os autos que utilizam os eixos verticais e horizontais, movimentando o 
corpo sem uso de apoio em que o corpo fica suspenso no ar, podendo 
ser realizado com um pé, dois pés ou com apoio de uma outra pessoa; 
• o conceito de eixo que parte, principalmente, do centro do corpo como 
estes de movimentação, sustentação e equilíbrio; 
• a relação de peso que envolve as forças utilizadas para movimentar o 
corpo.
Ainda pensando em movimento, temos o conceito de espaço que é a relação 
entre o corpo e o meio em relação ao seu próprio corpo ou em relação a outro 
corpo ou objeto. No conceito de espaço, veremos também o conceito de níveis 
que relaciona-se com as alturas utilizadas para se realizar os movimentos, por 
exemplo, ao realizar um movimento de salto, utilizamos o nível alto acima da 
cabeça ou, quando utilizamos o movimento rastejar pelo chão, utilizamos o nível 
baixo, pois estamos trabalhando abaixo do nível da cintura. 
Dentro das possibilidades de movimento, temos a dimensão e a direção. A 
dimensão relaciona-se com a orientação no espaço e os planos que são: plano da 
mesa, plano da porta e plano da roda. Já a direção relaciona-se com a trajetória 
na qual nos movimentamos no espaço. É, portanto, o termo que utilizamos para 
explicar o sentido para onde vamos nos movimentar.
 
As seis direções dimensionais são os elementos mais básicos para a 
orientação espacial, elas são: frente; trás; direita; esquerda; cima e baixo. Já as 
doze direções diametrais são: direita-alta; esquerda-baixa; esquerda-alta; direita-
baixa; direita-frente; esquerda-trás; esquerda-frente; direita-trás; frente-alta; 
trás-baixa; trás-alta; frente-baixa. Temos ainda as oito direções diagonais: alto-
direita-frente; baixo-esquerda-trás; alto-esquerda-frente; baixo-direita-trás; alto-
esquerda-trás; baixo-direita-frente; alto-direita-trás; baixo-esquerda-frente.
 
Referente ao conceito de movimento, ainda temos deslocamento que é o 
ponto para o qual você se desloca na dança, que pode ser realizada de diversas 
formas, como andando, correndo ou sendo arrastado e pode ter várias linhas, ser 
reto, curvo, individual ou em grupo. Por fim, temos o tempo que está relacionado 
com a velocidade com que são executados os movimentos, podendo ser rápido, 
moderado e lento. Muitas vezes o tempo é chamado de qualidade do movimento.
21
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
1.5 CORPO NA DANÇA
O corpo é o instrumento principal na orquestra da dança. Sem ele, o bailarino 
não possui o item fundamental para transmitir as mensagens que deseja. 
Para uma execução de dança, é imprescindível que conheçamos esse 
instrumento, o que inclui aspectos anatômicos e cinesiológicos. Você sabe explicar, 
por exemplo, como um corpo, com seus ossos rígidos, pode se movimentar? Para 
que isso ocorra, as protagonistas da função são as articulações. De acordo com 
Haas (2011), elas são conexões entre dois ossos.
QUADRO 1 – MOVIMENTOS ARTICULARES
Ação Movimento Exemplo
Flexão Dobrar uma articulação
Flexão do quadril: a região an-
terior do quadril se dobra no 
grand battemente devant
Extensão Retificar uma articulação
Cotovelo se estende na 
posição de flexão no solo
Abdução Afastar do centro
Braços à la seconde: movi-
mento a partir dos lados do 
corpo para a segunda posição
Adução Aproximar do centro
Assemblé: aproximação dos 
membros inferiores
Rotação lateral Rodar para fora
Turnout: grand plié em segun-
da posição
Rotação medial Rodar para dentro
Articulação do ombro roda me-
dialmente para apoiar a mão 
no quadril
22
 Expressão do Corpo e Musicalidade
Flexão plantar Abaixar a planta do pé Relevê na ponta
Dorsiflexão Levantar o dorso do pé
Apoio do calcanhar no solo, le-
vantando-se o ante pé
FONTE: Haas (2011, p. 2)
Dividindo o corpo em regiões, temos a cabeça, o tronco, os membros 
superiores e inferiores. Vamos entender melhor cada uma delas? Vejamos!
• Cabeça: os movimentos são realizados pela articulação do pescoço e 
coluna cervical. Os movimentos são de flexão/extensão, flexão lateral, 
rotação e circundução.
• Tronco: suas articulações são as vértebras, que compõem a coluna 
vertebral. Os movimentos realizados são de flexão/extensão, flexão 
lateral, rotação, circundução e translação. 
• Membros superiores: muitas são as articulações envolvidas aqui. 
O ombro e a cintura escapular realizam os movimentos de elevação/
depressão, retração/protração, adução/abdução, flexão/extensão, rotação 
interna/externa e circundução. Já os cotovelos realizam os movimentos 
de flexão/extensão e supinação/pronação. Temos, ainda, o punho, com 
movimentos de flexão/extensão, inclinação ulnar/radial e circundução. 
Por fim, há os artelhos das mãos, com movimentos de flexão/extensão, 
adução/abdução e circundução.
• Membros inferiores: entre as articulações envolvidas aqui, temos 
o quadril e a pelve. Os movimentos executados são de anteversão/
retroversão, flexão/extensão, rotação interna/externa, abdução/adução, 
inclinação lateral e circundução. Ainda temos os joelhos com flexão/
extensão e tornozelos com movimentos de dorsiflexão, flexão plantar, 
adução/abdução e circundução. Assim como nos membros superiores, 
há os artelhos, porém dos pés, com movimentos de flexão/extensão, 
abdução/adução e circundução.
23
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
FIGURA 5 – REGIÕES DO CORPO E SEUS MOVIMENTOS
FONTE: Ribeiro (2019, p. 154)
24
 Expressão do Corpo e Musicalidade
1 De acordo com Ribeiro (2019), o ritmo faz parte da natureza 
comunicativa humana. Por isso, não se pode dizer que uma 
pessoa não tem ritmo. Inclusive, no corpo humano, há um órgão 
com ritmo próprio. Sendo assim, um exemplo de órgão humano 
que possui ritmo é o:
a) ( ) Útero.
b) ( ) Fígado.
c) ( ) Pâncreas.
d) ( ) Cérebro.
e) ( ) Coração.
2 Na dança, a direção, o plano e a dimensão são pontos 
fundamentais. Esses componentes constituem o que chamamos 
de estruturas espaciais. Para Ribeiro (2019), o espaço na dança 
é compreendido pelo domínio dessas estruturas. A direção, como 
sabemos, refere-se ao percurso do corpo no espaço. Seu início 
se dá no centro do corpo, sendo que as direções podem ser:
a) ( ) Para cima e para baixo.
b) ( ) Para frente, para trás e para as diagonais.
c) ( ) Para a esquerda e para a direita.
d) ( ) Para frente, para trás, para a esquerda, para a direita, para as 
diagonais, para cima ou para baixo.
e) ( ) Para frente, para trás, para a esquerda, para a direita, para as 
diagonais e para os vértices.
3 De acordo com nossos estudos, o corpo é divido em cabeça, 
tronco, membros superiores e inferiores. Os movimentos da 
cabeça são realizadospela articulação do pescoço e coluna 
cervical. Seus movimentos são de:
I. Flexão/extensão.
II. Flexão lateral.
III. Circundução e rotação.
IV. Retração/protação.
V. Translação.
25
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
Está correto o que se afirma em:
a) ( ) I, II, IV e V, apenas.
b) ( ) III, IV e V, apenas.
c) ( ) II, IV e V, apenas.
d) ( ) I, II e III, apenas.
e) ( ) II, III e IV, apenas.
2 A HISTÓRIA DA EXPRESSÃO E 
MOVIMENTAÇÃO CORPORAL
A dança possui caráter comunicativo expressivo que permite ao homem se 
relacionar com a natureza, sua religiosidade, seu meio social e com ele mesmo. 
Por meio dela, o homem externaliza suas emoções e se encontra enquanto 
indivíduo único e complexo. A dança é, portanto, uma representação da alma, 
pois seu ritual e sua manifestação são carregados de mensagens. História, 
dança, expressão e comunicação se relacionam e se entrelaçam, sendo, talvez, 
impossível explicar uma sem mencionar a outra. 
Com o passar do tempo, a dança se transformou e evoluiu, segundo 
Brickman (1989) apesar de se transformar, a dança não perdeu seu poder de 
transcender o homem de Homens Sapiens a anjo, permitindo-o relacionar-se com 
sua religiosidade e emoção. 
2.1 A EVOLUÇÃO DA DANÇA NO 
CONTEXTO HISTÓRICO
Diversas danças foram criadas e transformadas em relação ao contexto 
histórico. Ainda hoje, em diversos ritos, elas são utilizadas como ato principal. 
Casamentos, formaturas e festas de 15 anos marcam os processos de 
desenvolvimento humano e a dança é utilizada para que a comunicação ou 
apresentação social ocorra.
26
 Expressão do Corpo e Musicalidade
FIGURA 6 – LINHA DO TEMPO DA HISTÓRIA DA DANÇA
FONTE: Ribeiro (2019, p. 70)
A partir de agora, compreenderemos a evolução da dança em seu contexto 
histórico. Aliás, você sabia que a dança e a história se relacionam em períodos? 
Muitas vezes, a dança teve sua evolução diretamente conduzida pela história 
humana. Vamos entender isso melhor. Acompanhe!
2.1.1 Dança na Era Primitiva
Desde o início dos tempos, o homem utiliza a dança como forma de 
comunicação. De acordo com Ribeiro (2019), a dança foi uma das primeiras 
manifestações artísticas do ser humano e nasceu da sua relação com a natureza. 
A Era Primitiva remonta ao início dos primeiros homens na terra. Sua data 
inicia em 4000 anos antes de Cristo. Nessa era, deu-se as primeiras invenções, 
como o fogo e a roda. Nesse momento histórico, o homem dançava para sanar 
suas necessidades básicas: alimento, condição climática e acasalamento. 
27
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
Inicialmente, a dança era individual, característica daquele que era tido como 
nômade. 
De acordo com Ribeiro (2019), em várias partes do mundo, esses registros 
foram encontrados, relacionando a dança a um fator comum entre os povos. Com 
a Arqueologia, foi possível verificar rituais religiosos que tinham a dança como 
atividade central. As pinturas rupestres foram fundamentais para se chegar a 
essa conclusão. Isso porque diversos movimentos de dança foram encontrados 
em rochas e no interior de cavernas. Essa descoberta, inclusive, permitiu aos 
estudiosos definirem que a dança foi a primeira linguagem humana. 
2.1.2 Dança na Idade Antiga
A Idade Antiga vai de 4000 anos antes de Cristo ao ano de 476, depois de 
Cristo. Nessa época, o homem, que antes era nômade, passou a viver em grupos 
e aldeias. 
Com o desenvolvimento da agricultura, três civilizações de grande 
representatividade histórica surgiram: os egípcios, os gregos e os romanos.
No Egito, a dança era tida como um ritual sagrado. Ribeiro (2019) nos explica 
que, nesse período, o homem acreditava que a dança poderia interferir em 
fenômenos da natureza, portanto, era fundamental para o bom desenvolvimento 
da agricultura. Além disso, foi com a dança que o homem compreendeu as 
estações do ano.
Já na civilização grega, a dança teve muito mais representatividade, pois 
para esse povo, a dança era um dom dos imortais e usada como forma de 
comunicação dos mortais com os deuses. Dessa forma, o ato de dançar tinha 
caráter religioso e místico. Com a ideia de corpo e mente sãos, o homem grego 
elevou a dança ao apogeu.
Para essa civilização, a dança preparava o corpo para as batalhas, tornando-
se essencial para o bom preparo físico. Grandes filósofos tratavam a dança como 
a arte relacionada à educação, fator muito importante para se formar um bom 
cidadão, de acordo com Brickman (1989).
Os gregos incluíam a dança em ritos, festividades, educação e, inclusive, 
como ato para alegrar o homem, ou seja, como uma forma de lazer. Ela era 
considerada uma prática esportiva e estava presente, também, no teatro, nas 
apresentações cênicas. Muitos dos movimentos utilizados na dança grega, 
28
 Expressão do Corpo e Musicalidade
incluindo os movimentos realizados com os pés, permaneceram presentes, 
influenciando o balé da Corte e, futuramente, a dança clássica.
Você quer ver?
A dança é muito comum em peças de teatro. A prática começou 
com o povo grego e permanece até os dias de hoje. Para assistir 
a uma peça assim, indicamos que acesse o vídeo intitulado 
“Dualidade – Cia. Corpo em Cena Dança/Teatro”, da companhia de 
dança Corpo em Cena, disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=XTyCFLBwEzw>. Acesso em: 6 nov. 2019.
Por fim, na civilização romana, a dança teve seu declínio e iniciou um 
processo de desvalorização. Para Ribeiro (2019), foi com o povo romano que a 
repressão da prática da dança começou.
2.1.3 Dança na Idade Média
Durante o período da Idade Média, a Igreja Católica teve grande poder. A 
religião, então, virou centro das ações humanas, cabendo aos padres definirem 
o que o homem podia ou não fazer. De acordo com Ribeiro (2019), isso, 
logicamente, atingiu o ato de dançar.
Com os Imperadores Romanos Cristãos, a dança passou a ser condenada, 
inclusive porque tinha em sua história a característica de ritual politeísta, uma 
ode aos deuses da antiguidade, considerada assim “dança profana”, diferente da 
visão monoteísta cristã.
Mesmo com a repressão, as classes populares continuaram a praticar a 
dança. Os camponeses mantiveram, em suas festividades, o ritual de dança, 
representando alegria e comunhão. Foi por conta dessas pessoas que a dança e 
a sua linguagem mantiveram-se vivas.
2.1.4 Dança na Idade Moderna
Na Idade Moderna, as navegações tinham como objetivo dominar regiões 
da América e da África. Com elas, o homem expandiu suas fronteiras, conheceu 
29
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
novos lugares e transformou sua tecnologia.
Com a Reforma Protestante, a igreja cristã foi dividida entre católicos e 
protestantes, perdendo seu poder político. De acordo com Ribeiro (2019), a ideia 
de corpo como uma máquina predominou no período, refletindo na expressão 
corporal.
Já com a valorização da ciência, a dança buscou a perfeição das formas nos 
movimentos corporais. Surgiu, assim, a dança erudita, voltada para as classes 
abastadas, com métricas corporais e movimento mais organizado.
Nessa época, assim como outras artes, a dança se transformou em símbolo 
de riqueza e poder, sendo muito apreciada pelos nobres. Iniciaram-se, com isso, 
os balés da Corte de Luís XIII, na França, seguindo a prática com o filho, Luís XIV, 
que aprimorou as apresentações, pedindo mais qualidade e requinte. Isso deu 
início ao balé clássico de acordo com Bourcier (2001).
Grandes coreógrafos de balé e dança de teatro surgiram nesse período, como 
Beauchamp, Lulli e Noverre. Além disso, formaram-se as primeiras companhias de 
dança e as atividades de professor de dança, coreógrafo e bailarino passaram a 
ser consideradas profissões. Dessa maneira, os bailarinos passaram a ser pagos 
com salário definido por classes e terem contrato de funcionários dos teatros. 
2.1.5 Dança na contemporaneidadeA Era Contemporânea é marcada pela necessidade de expressão, novas 
formas de organização social e mudanças de pensamentos e valores. Nesse 
momento surgiram novas danças, como a moderna, em oposição à estrutura 
tradicional e rígida do balé clássico. 
Como um dos grandes nomes desse período, podemos citar Isadora Duncan, 
principal nome da dança moderna. Seus movimentos tinham como intuito se 
aproximar dos naturais, buscando a liberdade de expressão por meio da dança.
30
 Expressão do Corpo e Musicalidade
Você a conhece?
Isadora Duncan descrevia que, quando menina, havia dançado 
a alegria espontânea do crescimento. Já quando adolescente, a 
alegria se transformou em apreensão das correntes que estavam 
por vir. A bailarina não trouxe novas técnicas à tona, mas uma nova 
concepção quanto ao conceito da dança: mais leve, fluída e natural. 
Para Isadora, a dança devia ser não apenas uma arte expressiva, 
mas uma concepção de vida harmoniosa e flexível. Em sua análise, 
a dança não devia ser um mero conjunto de movimentos, nem a 
combinação mecânica de passos (DANTAS, 2007).
FIGURA 7 – ISADORA DUNCAN
FONTE: Brickman (1989, p. 55)
A dança moderna, geralmente, era dançada de pés descalços, com 
roupas leves, utilizando movimentos com técnicas de tensão e relaxamento. O 
fato de dançar descalço conferiu ao bailarino a possibilidade de explorar mais 
movimentos, como torções e desencaixes.
31
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
Você quer ler?
A zumba é uma modalidade de dança que invadiu as academias 
e tem sido tema de muitas discussões referentes à dança como 
cultura e arte e a dança como cultura esportiva.
Dentro dos ritmos trabalhados na zumba, temos a salsa, o 
reggaeton, o zouk e a bachata.
Outras danças surgiram nesse período, como a dança do jazz, influenciada 
pelo movimento musical do jazz norte-americano. Essa utiliza técnicas do balé 
clássico e de estruturas desenvolvidas na dança moderna.
Logo após a Primeira Guerra Mundial, a dança passou por uma nova 
transformação: o homem pós-guerra sentiu a necessidade de descobrir uma nova 
linguagem, nova forma de expressar suas necessidades. Segundo Brickman 
(1989), surgiu com isso a dança pós-moderna ou contemporânea, caracterizada 
pela experimentação e criação de novas estruturas. 
Na pós-moderna, os pés, que passaram das sapatilhas para descalços, 
começaram a calçar tênis. Os lugares de apresentação deixaram de ser somente 
os teatros, incluindo locais públicos, com roupas semelhantes às usadas 
comumente.
A dança contemporânea veio com a proposta de pesquisa de movimento. 
Deu-se destaque a novas estruturas, técnicas somáticas, contato e improvisação. 
Buscou-se, além disso, novas formas de interação com o público. Para Brickman 
(1989), assim a relação do bailarino com o chão, o palco e o local de dança são 
explorados. 
Outras manifestações artísticas somaram-se à dança nessa nova proposta, 
fazendo com que as artes se entrelaçassem e se relacionassem. Para Ribeiro 
(2019), vídeos, músicas, fotografias, artes plásticas e cultura digital são 
incorporadas à prática. 
Mesmo sem técnica ou padrão, a pesquisa do movimento ganhou foco, 
permitindo ao bailarino desenvolver novas expressões, privilegiando a consciência 
de movimento em detrimento à dança por meio do mero processo repetitivo.
32
 Expressão do Corpo e Musicalidade
1 Conforme vimos em nossos estudos, a dança foi uma das 
primeiras manifestações artísticas do homem. Na Era Primitiva, 
por exemplo, a dança envolvia objetivos específicos, fazendo 
com que se tornasse necessária para o período. Sendo assim, 
com quais objetivos o homem dançava?
a) ( ) Para sanar suas necessidades básicas.
b) ( ) Para compreender as estações do ano.
c) ( ) Para se aproximar dos movimentos naturais, buscando a 
liberdade de expressão.
d) ( ) Para descobrir uma nova linguagem, nova forma de expressar 
suas necessidades.
Você conhece algo sobre a Zumba? Leia um artigo que trata 
desse tema enquanto prática corporal. Disponível em: <http://
www.revistaintellectus.com.br/DownloadArtigo.ashx?codigo=556>. 
Acesso em: 6 nov. 2019.
FIGURA - PESSOAS FAZENDO ZUMBA
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-premium/zumba-ou-jazzdance-jovens-dancando-
no-estudio_5534508.htm#page=1&query=zumba&position=0>. Acesso em: 6 nov. 2019.
33
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
e) ( ) Para buscar uma nova consciência de movimento em 
detrimento da dança.
2 Na civilização grega, a dança teve muita representatividade, pois, 
para esse povo, a dança era um dom dos imortais, usada como 
forma de comunicação com os deuses. Nesse período, o ato de 
dançar, tinha, portanto, caráter religioso, místico, uma vez que 
os gregos acreditavam que corpo e mente sã era uma premissa 
para a vida. Sendo assim, a respeito da dança na cultura do povo 
grego, em quais momentos a civilização incluía essa prática?
a) ( ) Apenas em festividades, sem simbolismos.
b) ( ) Para invocar a chuva, por exemplo.
c) ( ) Em ritos, festividades, na educação e como ato para alegrar o 
homem. 
d) ( ) Em locais públicos, com roupas semelhantes às usadas 
comumente.
e) ( ) Como forma de comunicação entre as tribos.
3 Na Idade Antiga, o homem, que antes era nômade, passa 
a viver em grupos. Com isso, três civilizações de grande 
representatividade histórica surgiram. A respeito desse assunto, 
em qual civilização teve início a repressão da prática da dança? 
a) ( ) Egípcia.
b) ( ) Grega.
c) ( ) Romana.
d) ( ) Turca.
e) ( ) Protestante.
4 Foi nos balés da Corte de Luís XIII e no reinado de seu filho, Luís 
XIV, que as apresentações de dança foram aprimoradas com 
mais qualidade e requinte, dando início ao balé clássico como 
conhecemos hoje. Nesse contexto surgiram grandes profissionais 
de balé, dança e teatro. Quem são eles?
a) ( ) Beauchamp, Isadora Duncan e Luís XV.
b) ( ) Isadora Duncan, Lulli e Noverre.
c) ( ) Lulli, Noverre e Luís XV.
d) ( ) Beauchamp, Lulli e Noverre.
e) ( ) Noverre, Lulli e Luís XVI.
34
 Expressão do Corpo e Musicalidade
5 A dança contemporânea tem uma proposta de pesquisa de 
movimento. Nela, o destaque se dá a novas estruturas, técnicas, 
contato e improvisação. Busca-se novas formas de interação com 
o público e a relação do bailarino com o chão, o palco e o local de 
dança são explorados. Além disso, no período contemporâneo, 
outras manifestações podem ser encontradas. Sendo assim, 
conforme nossos estudos, quais são as outras manifestações 
artísticas da contemporaneidade?
a) ( ) Televisão, 3D, fotografias, artes plásticas e cultura digital. 
b) ( ) Vídeos, músicas, fotografias, artes plásticas e cultura digital. 
c) ( ) Vídeos, músicas, fotografias e técnicas em terceira dimensão.
d) ( ) Músicas eletrônicas, 3D e cultura digital. 
e) ( ) Técnicas rupestres, cultura digital e tecnologias de distorção 
de imagem.
3 PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS 
DO ENSINO DA DANÇA E DO 
MOVIMENTO
Dançar é uma prática muito envolvente, porém, para dançarmos, precisamos 
entender a dança. O professor de dança deve desenvolver técnicas e processos 
que permitam transmitir ao aluno os elementos estruturantes da prática. 
Segundo Ribeiro (2019), os elementos estruturantes da dança são as ações 
corporais, os tempos rítmicos e os espaços determinados com o objetivo de 
transmitir uma intenção.
Ribeiro (2019) define os elementos estruturantes da dança como sendo:
• as ações corporais: pesquisa das possibilidades dos movimentos 
articulares;
• o tempo: reconhecimento do ritmo individual e coletivo;
• o espaço: possibilidades do corpo de se expressar em direções, planos e 
trajetórias;
• a intenção: linguagem da dança por meio da qual as mensagens são 
transmitidas.
35
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
FIGURA 8 –ELEMENTOS ESTRUTURANTES DA DANÇA
FONTE: Ribeiro (2019, p. 114)
É por meio desses elementos que o planejamento de aula deve ocorrer. O 
processo pedagógico deve levar em consideração o desenvolvimento humano em 
cada uma de suas fases. Assim, nessa proposta, o corpo deve ser considerado 
uma unidade que envolve o biológico, o cognitivo, o social, o político e o emocional.
FIGURA 9 – OS FUNDAMENTOS DA DANÇA DEVEM 
SER ESTUDADOS COM ATENÇÃO
FONTE: Ribeiro (2019, p. 110)
36
 Expressão do Corpo e Musicalidade
Exemplo
Imagine que você é um professor de dança e pretende 
ensinar a dança de roda do estilo Coco. A aula será dada no pátio 
da escola e você levará em torno de 50 minutos para realizar o 
ensino. Além disso, uma caixa de som será utilizada para a música 
“Magalenha”. Segue o link da música: <https://www.youtube.com/
watch?v=stYJkLlNmsY>. Acesso em: 6 nov. 2020. A ação pretendida 
é propiciar a vivência da dança popular, com o ritmo sincopado da 
dança Coco, por meio da música escolhida. As dimensões utilizadas 
serão a linha, a roda e a coluna, com as direções de frente, traz e 
Considerando a dança enquanto uma arte comunicativa, é fundamental 
compreender que os signos e símbolos ensinados por meio dela permitirão maior 
repertório para se expressar. Portanto, quanto mais dançarmos, mais ampla 
será nossa comunicação externa. Além disso, melhor desenvolveremos nossa 
capacidade de percepção corporal interna.
3.1 FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS 
PARA O ENSINO DA DANÇA
O professor que abordará a dança em sua aula nem sempre precisa saber 
dançar com maestria, pois, por meio de técnicas pedagógicas, ele conseguirá 
propiciar ao aluno a prática e o desenvolvimento das estruturas expressivas da 
dança. Por isso, é muito importante preparar e fundamentar pedagogicamente 
a aula, para que, mesmo sem dominar os fundamentos, seja possível realizar a 
prática rítmica (RIBEIRO, 2019). 
Vamos comparar com outra prática física: para ensinar os fundamentos da 
ginástica artística, como reversão ou arco, o professor precisa vivenciar a prática 
e conhecer como se dá os fundamentos técnicos envolvidos, porém, não é 
necessário que ele seja um atleta. 
Dentro desse contexto, vamos construir a seguinte estrutura: o que queremos 
ensinar, onde ensinaremos, quanto tempo levaremos para ensinar e com que 
música. Além disso, precisamos pensar qual é a ação que pretendemos, com que 
tempo/ritmo, quais dimensões serão utilizadas e com qual intenção realizaremos 
a prática.
37
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
diagonal, direita e esquerda, explorando os níveis médio e alto. Por 
meio dessa aula, os alunos poderão conhecer essa forma expressiva 
e conseguirão se relacionar com ela, transmitindo o histórico que 
envolve as danças populares.
No entanto, antes de realizarmos a prática expressiva rítmica, é preciso, 
segundo Miller (2012), levar em consideração outro aspecto: o desenvolvimento 
humano em cada fase.
3.2 DESENVOLVENDO A AULA DE 
ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA
Para elaborar a aula de dança, é necessário pensar na faixa etária que será 
atendida, visto que, em cada etapa, aprendemos de determinada forma. Portanto, 
é fundamental ter consciência dessa singularidade.
Dentro dessa perspectiva, Miller (2012) sugere que levemos em consideração 
os desenvolvimentos cognitivos, motor, afetivo e social. O desenvolvimento 
cognitivo se refere a como aprendemos; o motor está relacionado aos aspectos 
motores, físicos de desenvolvimento; o afetivo envolve o que sentimos; e o social 
a forma como nos relacionamos.
Você já escutou alguém dizer que “dança desde que estava ainda na barriga 
da mãe”? Na verdade, todos nós dançamos desde sempre, pois é natural do 
homem se comunicar por meio do gesto. Assim, a ação motora é a primeira 
linguagem realizada pelo ser humano. 
Na primeira infância, temos as seguintes etapas do desenvolvimento motor:
• movimentos reflexos (até um ano);
• movimentos rudimentares (até dois anos);
• movimentos fundamentais (até sete anos). 
Nessas etapas, a relação da criança com o ambiente que a cerca é 
fundamental para o desenvolvimento dela, sendo que, ao final dos movimentos 
fundamentais, inicia-se a fase de socialização e, portanto, da sua relação com o 
outro. Porém, é nesse momento que as músicas e as brincadeiras cantadas de 
roda são essenciais para se explorar os fundamentos estruturantes das atividades 
38
 Expressão do Corpo e Musicalidade
Vamos saber mais?
O uso do vídeo então como uma proposta de ensino de dança 
educação
Muitos artistas já têm usado o vídeo como recurso didático 
para ensinar a dança. Qualquer profissão pode utilizar-se dessa 
ferramenta, basta que seja feita alguma formação direcionada para 
isso. No artigo de Ida Mara Freire intitulado Dança-Educação: 
o corpo e o movimento no espaço do conhecimento, a autora 
desenvolve a proposta de vídeo educação. O artigo tem como 
objetivo refletir sobre a Dança-Educação, tendo como cenário uma 
experiência intercultural envolvendo professores e pesquisadores do 
Brasil e da Inglaterra. Segundo Freire (2001) ela apresenta a dança 
como área de conhecimento, comparando o ensino e a formação de 
professores nos dois países. A partir disso explicita a relação entre 
criar, executar e observar como meta para apreciação da dança, 
discutindo o uso do vídeo como uma estratégia para o ensino de 
Dança-Educação e reconhecendo seus espaços de aprendizagem 
como possibilidades de trocas culturais e ressignificação do corpo 
singular e múltiplo, a partir de abordagens da dança contemporânea.
Freire (2001) apresenta que uso de vídeo dança sobre um 
trabalho de dança profissional tem uma ampla aplicação no ensino 
de dança. No entanto não como algo para se copiar, mas para as 
crianças terem novas ideias de movimentos. Ela exemplifica que 
durante a exibição de um vídeo, por exemplo, pode se identificar 
muitos tipos de saltos em dança e isso pode ser observado e 
expressivas. Segundo Ribeiro (2019), uma gama de ações inicia a partir de então, 
a criança experimenta o mundo, explora a afetividade, os toques corporais e os 
sons.
Já na segunda infância, fase de transição da fase motora fundamental 
para a fase motora especializada, devemos levar em consideração o passado 
expressivo rítmico da criança. É nesse momento que as habilidades motoras 
devem ser acrescentadas no planejamento. Além disso, é nesse momento que 
o indivíduo se torna social, descentralizando e se tornando parte de grupos de 
convivência. Danças de equipe e criações coletivas são muito importantes nesse 
período.
39
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
discutido, abrindo novas possibilidades de saltar em diferentes 
formas, algumas das quais não poderiam ser imaginadas sem ter 
o vídeo como ponto de partida. Para a pesquisadora, as crianças 
podem ser encorajadas a tentar realizar o movimento para elas 
mesmas, adaptá-los e refiná-los, de modo que ampliassem seu 
próprio vocabulário de movimentos.
Em sua pesquisa, ela demonstra que para mostrar como se 
dança samba e capoeira no Brasil, por exemplo, foi verificado 
que o vídeo dança em sala de aula capacitava seus alunos para 
observarem e discutirem os estilos da dança e conhecerem mais 
sobre o contexto em que essas manifestações culturais podem ser 
encontradas. Através do estudo de algumas partes selecionadas do 
vídeo, os estudantes, após as aulas, foram capazes de:
· Identificar os movimentos presentes no samba e na capoeira, 
por exemplo: quais são as ações, eles se movem rápido ou 
lento? Os movimentos são amplos ou restritos, e como é 
usado o espaço para dançar? Em quais níveis e direções?
· Descrever as caraterísticas e estilos de cada dança.
· Descobrir sobre as tradições e origens do samba e da 
capoeira, o que foi ouvido por meio do vídeo, comentando e 
discutindo as informações.
· Copiar algumas ações e padrões rítmicos domovimento 
observados e colocar em suas próprias coreografias.
· Usar a imaginação para adaptar e/ou alterar os movimentos 
observados, como também manter as caraterísticas dos 
respectivos estilos de dança.
· Apreciar as similaridades e diferenças entre os movimentos 
de samba e capoeira.
· Apreciar o tipo de música e dos instrumentos usados para 
dançar samba e acompanhar a capoeira (FREIRE, 2001, p. 
23).
Segundo a pesquisadora, o vídeo selecionado para trabalhar 
com os estudantes mostrou os modos informais de dançar samba 
e capoeira na comunidade brasileira. Ela ainda alega que usar 
vídeos de companhias de dança pode demonstrar exemplos de 
dança excelentes que o professor pode não conseguir demonstrar 
ou realizar. No entanto, Freire (2001) ressalva que eles servem como 
modelo, estimulando-nos a elevar o padrão e a qualidade da dança 
em educação, mas não deve substituir o papel do professor como 
mediador dessa interação. 
40
 Expressão do Corpo e Musicalidade
3.3 MONTAGEM DO PLANO DE AULA
A partir de tudo que aprendemos até aqui, é necessário entender como 
montar uma aula de dança, levando em consideração a proposta, a faixa etária 
envolvida, a música que será utilizada, os objetivos a serem alcançados com a 
prática e como avaliaremos o resultado da aula.
O primeiro momento deverá utilizar, em média, 5% a 10% da duração da 
aula para a introdução e a preparação da prática. Nesse momento, o professor 
deve explicar como será o procedimento prático, apresentar um resumo do que 
será realizado e contextualizar a prática em seu histórico e sua importância. Além 
disso, também pode preparar o corpo dos alunos com aquecimento e alongamento 
para os segmentos corporais que serão utilizados. Algumas sequências simples 
com movimentos globais podem ser apresentadas durante o aquecimento.
No segundo momento, na fase de desenvolvimento, o professor utilizará de 
35% a 40% da aula. Será a parte principal, em que o desenvolvimento das técnicas 
necessárias e os movimentos para a realização da dança serão ensinados e 
praticados. A exploração de temáticas, dimensões de prática, níveis e planos é 
aconselhável nesse momento. É interessante, também, utilizar posicionamentos 
diversos, como círculo, fila, coluna, linha e triângulos.
O terceiro momento, por fim, tem a duração de 5% a 10% da aula. Esse 
será o momento avaliativo, utilizado para criações coreográficas e improvisações, 
em que os alunos apresentarão o que foi adquirido do conteúdo apresentado. 
É fundamental que seja considerado no programa de aulas de dança o fato 
de que o programa deve desenvolver a educação através da dança e não ter 
os movimentos como objetivos finais ou como meta. O professor deve levar em 
consideração as seguintes habilidades para desenvolver em suas aulas:
• desenvolver por meio do movimento a consciência de um indivíduo 
integral: corpo, mente e emoção centralizados;
• ampliação do repertório de movimento; 
• autoconhecimento corporal por meio da interação social;
• observação e análise do movimento;
• formação estética;
• análise crítica da dança.
Na aula deve-se levar em consideração a necessidade de feedback, pois 
através dele será possível perceber a necessidade de reforço e mais motivação 
para dar continuidade ao trabalho. Além disso, o feedback é fundamental para 
41
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
Vamos praticar
Imagine que você possui uma turma do quarto ano e precisa 
desenvolver uma aula de expressão corporal com a temática 
“natureza”. Utilizando o quadro a seguir, monte uma aula levando em 
consideração a faixa etária com que vai trabalhar e os conhecimentos 
adquiridos ao longo dos nossos estudos.
acompanhar o desenvolvimento do aluno, de suas emoções e ações relacionadas 
à aula. Os tópicos a seguir podem ser selecionados pelo professor para 
desenvolver esse feedback: 
• conhecimento pleno da habilidade motora proposta;
• ser capaz de descrever e relembrar (mentalmente) a atividade realizada; 
• identificar os aspectos corretos e os incorretos da atividade 
desempenhada; 
• observar o desempenho do aluno naquela atividade antes e depois de 
uma nova prática;
• descrição do aluno do que foi feito; 
• estabilidade emocional;
• capacidade de relacionar/respeitar o aluno com necessidades 
educacionais especiais; 
• senso de humor e habilidade para jogar/brincar;
• franqueza e honestidade; 
• resistência e vigor.
Sugere-se que os professores repensem suas práticas de dança de 
expressão corporal tendo em vista alunos com necessidades educacionais 
especiais para que eles desenvolvam essas habilidades também.
42
 Expressão do Corpo e Musicalidade
Planejamento de aula
Tema: Data:
Série: Professor:
Disciplina: Escola:
Conteúdo Objetivos
Desenvolvimen-
to
Materiais Avaliação Duração
Descrever o 
conteúdo a 
ser aborda-
do
Objetivo ou 
i n t e n ç ã o 
que se 
deseja alca-
nçar com a 
aula
Roteiro passo a 
passo de como 
será realizada a 
aula
M a t e r i a i s 
necessários 
para a re-
alização da 
aula
Método a 
ser utilizado 
para avaliar 
se o aluno 
aprendeu o 
conteúdo
Tempo de 
duração da 
aula
FONTE: A autora
Com esses conceitos teóricos e com a prática realizada, é possível 
contextualizar prática e teoria e montar seus próprios planos de aula. O 
planejamento na docência é fundamental e faz parte do processo de preparação 
de aula.
43
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
Vamos relacionar os conteúdos com a prática docente?
Ao longo da Capítulo 1, aprendemos algumas questões relacionadas 
aos fundamentos da dança. Conhecemos a dança através da história, 
diferenciamos consciência e expressão corporal e aprendemos a planejar e 
montar uma aula de dança, levando em consideração os princípios aprendidos 
sobre desenvolvimento humano, escolha musical, escolha de tema e estrutura 
da aula.
Na primeira infância temos, portanto, as seguintes etapas do desenvolvimento 
motor: a etapa dos movimentos reflexo (até um ano), a etapa dos movimentos 
rudimentares (até dois anos) e fundamentais (até 7 anos). Nessas fases 
a relação da criança com o ambiente que a cerca é fundamental para seu 
desenvolvimento. Ao final dessa fase, inicia a fase de socialização e, portanto, 
da sua relação com o outro.
Segundo Ribeiro (2019), a criança inicia uma gama grande de ações nesse 
momento, ela experimenta o mundo, bate palmas, ri, chora, explora a 
afetividade, os toques corporais, os sons, entre outras. 
 
Levando em consideração o texto acima, elabore uma proposta de aula que 
permita o desenvolvimento rítmico expressivo na primeira infância.
Referência
RIBEIRO, S. R. Atividades rítmicas e expressivas: a dança na educação 
física. Curitiba: InterSaberes, 2019. 
44
 Expressão do Corpo e Musicalidade
Modelo:
Plano de aula 
Tema: Poses
Objetivos:
Os alunos praticarão habilidades de concentração e conceitos de movimento. Será 
trabalhado também equilíbrio e coordenação.
Duração: 25 minutos de aula.
Local:
• Grande área aberta para as crianças se movimentarem.
Materiais utilizados:
• Aparelho de som.
Introdução com duração de 5 minutos.
A temática pose será debatida. Como deve ser uma pose? Quando ficamos parados 
no dia a dia?
Será pedido aos alunos que iniciem uma corrida no local e com uma voz de comando 
será dito que eles precisam parar e não se moverem. 
Várias poses de diferentes temáticas devem ser exploradas, por exemplo: dormindo, 
congelado, de cimento etc.
Desenvolvimento com duração de 15 minutos
•Os alunos devem se espalhar.
•Será explicado que uma vez que a música comece, eles devem começar a se 
mover ou dançar.
•Eles devem continuar a dançar e se mover até que a música pare 
completamente.
•Se a música parar, eles devem fazer a pose em qualquer posição em que 
estejam no momento e mantê-la até que a música seja iniciada novamente.
Avaliação com duração de 5 minutos.
Cada alunomostrará para a turma a pose que mais gostou.
A avaliação será baseada na participação, seguindo instruções e simplesobservação.
45
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
1 Para ensinar os fundamentos da ginástica artística, como reversão 
ou arco, o professor precisa vivenciar a prática e conhecer como 
se dão os fundamentos técnicos envolvidos. Conforme vimos, 
é importante entender que o ensino, no entanto, difere-se da 
necessidade de o professor ser um bailarino profissional. Dessa 
forma, qual estrutura deve ser utilizada para ensinar a dança? 
Analise as afirmativas a seguir.
I. O que queremos ensinar.
II. Onde ensinaremos.
III. Quanto tempo levaremos para ensinar.
IV. Qual música será utilizada.
V. O domínio que temos dos movimentos que pretendemos ensinar.
Está correto o que se afirma em:
a) ( ) II e III, apenas.
b) ( ) I, III, IV e V, apenas.
c) ( ) I e IV, apenas.
d) ( ) III e IV, apenas.
e) ( ) I, II, III e IV, apenas.
2 Para elaborarmos uma aula de dança, é necessário levar em 
consideração a faixa etária escolhida para o público a ser 
atendido. Isso porque, em cada etapa, aprendemos e nos 
desenvolvemos de alguma maneira. Nessa perspectiva de 
desenvolvimento humano, ao preparar uma aula de dança, é 
preciso levar em consideração:
a) ( ) Os desenvolvimentos cognitivos, motor, afetivo e social.
b) ( ) Os aspectos de crescimento físico e biológico.
c) ( ) Os desenvolvimentos cognitivo e psicomotor.
d) ( ) Os aspectos afetivo e emocional.
e) ( ) Os aspectos psicológico e pedagógico.
3 Como visto ao longo do Capítulo 1, na primeira infância, a relação 
da criança com o ambiente que a cerca é fundamental para seu 
desenvolvimento. Já, ao final dessa fase, inicia-se a fase de 
socialização e, portanto, é nesse período que desenvolvemos 
nossa relação com o outro. Temos, portanto, as seguintes etapas 
do desenvolvimento motor:
46
 Expressão do Corpo e Musicalidade
a) ( ) Dos movimentos reflexo (até dois anos), dos movimentos 
rudimentares (até três anos) e dos movimentos fundamentais 
(até sete anos). 
b) ( ) Dos movimentos reflexo (até um ano), dos movimentos 
rudimentares (até quatro anos) e dos movimentos fundamentais 
(até sete anos).
c) ( ) A etapa dos movimentos reflexo (até um ano), a etapa dos 
movimentos rudimentares (até um ano e meio) e fundamentais 
(até 2 anos).
d) ( ) A etapa dos movimentos reflexo (até um ano), a etapa dos 
movimentos rudimentares (até quatro anos) e fundamentais (até 
6 anos).
e) ( ) A etapa dos movimentos reflexo (até um ano), a etapa dos 
movimentos rudimentares (até dois anos) e fundamentais (até 7 
anos).
REFERÊNCIAS 
BOURCIER, P. História da dança no Ocidente. 2. ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2001.
BRICKMAN, L. A linguagem corporal do movimento. Rio de Janeiro: Summus, 
1989.
CORPO EM CENA. Dualidade: Cia. Corpo em Cena Dança/Teatro. 4 abr. 2012. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XTyCFLBwEzw>. Acesso 
em: 6 nov. 2019.
DANTAS, M. O corpo natural de Isadora Duncan e o natural do corpo 
em educação somática: apontamentos para uma história do “corpo 
natural” em dança. 2007. In: GOELLNER, S. V.; JAEGER, A. A. (Org.). 
Garimpando memórias: esporte, Educação Física, lazer e dança. Porto 
Alegre: Editora da UFRGS, 2007. Disponível em: <https://www.academia.
edu/3441241/O_Corpo_Natural_de_Isadora_Duncan_eo_Natural_no_Corpo_
em_Educa%C3%A7%C3%A3o_Som%C3%A1tica_apontamentos_para_uma_
hist%C3%B3ria_do_corpo_natural_em_dan%C3%A7a>. Acesso em: 6 nov. 
2019.
47
Expressão e Consciência CorporalExpressão e Consciência Corporal Capítulo 1 
FREIRE, I. M. Dança-Educação: o corpo e o movimento no espaço 
do conhecimento. Cad. CEDES. v. 21. n. 53. Campinas, 2001. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0101-32622001000100003>. Acesso em: 15 fev. 2020. 
FREIRE, Ana Vitória. Angel Vianna, uma biografia da dança contemporânea. 
Rio de Janeiro: Dublin, 2005.
FREIRE, I. M. Compasso ou descompasso: o corpo diferente no mundo da 
Dança. Ponto de Vista. v. 1. Florianópolis: UFSC/NUP-CED, 1999.
FREIRE, I. M.; ROLFE, L. Dançando também se aprende: o ensino da dança 
no Brasil e na Inglaterra. 1999. In: CABRAL, B. (Org.). O ensino de teatro: 
experiências interculturais. Santa Catarina: UFSC, 1999.
HAAS, J. G. Anatomia da dança. São Paulo: Manole, 2011.
KALMAR, Déborah. Qué es la expresión corporal: a partir de la corriente de 
trabajo creada por Patricia Stokoe. Buenos Aires: Lúmen, 2005.
KLAITR, D.; UGHETTI, M. A.; PEREIRA, P. R. A dança como fator influente 
na qualidade de vida do idoso: um foco na zumba. Trabalho de Conclusão de 
Curso (Graduação em Educação Física) – Faculdade Max Planck de Indaiatuba, 
Indaiatuba, 2015. Disponível em: <http://www.revistaintellectus.com.br/
DownloadArtigo.ashx?codigo=556>. Acesso em: 6 nov. 2019.
LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. 5. ed. São Paulo: Editora Summus, 
1978.
MARQUES, I. A. Ensino da dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 
1999. 
MILLER, J. Qual é o corpo que dança? Dança e educação somática para 
adultos e crianças. São Paulo: Summus, 2012.
RIBEIRO, S. R. Atividades rítmicas e expressivas: a dança na Educação 
Física. Curitiba: InterSaberes, 2019.
48
 Expressão do Corpo e Musicalidade
CAPÍTULO 2
Estudo do Movimento
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• conhecer quem foi Rudolf Laban;
• analisar os trabalhos conduzidos por Laban e a importância de suas pesquisas 
para o universo da dança;
• conhecer os temas do movimento e seus fatores;
• aprender a desenvolver um plano de aula de dança.
50
 Expressão do Corpo e Musicalidade
51
Estudo do MovimentoEstudo do Movimento Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Você sabia que, antigamente, as tribos se comunicavam por meio de batidas 
de tambores? Essa comunicação se dava por longos percursos, sendo que as 
pessoas não utilizavam a mesma língua, mas a informação era transmitida, 
não apenas pelo ritmo, mas pelo movimento corporal também. Dessa forma, 
a sensibilidade para a observação do movimento se tornou uma espécie de 
linguagem que foi se desenvolvendo naturalmente pelo instinto rítmico do homem, 
embora tenhamos perdido a habilidade com o passar do tempo.
Aliás, você consegue entender o porquê de a observação do movimento ser 
uma ferramenta útil para o trabalho do ator e/ou bailarino, assim como o controle 
e o desenvolvimento de seus hábitos, de modo a desvendar o significado do 
movimento? Os movimentos internos, do sentimento e do pensamento, refletem-
se nos olhos do homem e na expressão do seu rosto e de suas mãos. 
Para compreendermos melhor a respeito de todos os pontos, neste 
capítulo, vamos nos aprofundar no estudo do movimento. Veremos os fatores 
do movimento, a importância dos estudos e métodos desenvolvidos por Rudolf 
Laban, e a criação de um plano de aula de dança eficiente para o entendimento 
dos movimentos.
Vamos começar!
2 RUDOLF LABAN
Rudolf Von Laban nasceu na Bratislava em 1879. Ele criou diversos 
centros de pesquisa, sempre buscando se aprofundar nos movimentos naturais, 
principalmente, com relação à espontaneidade e riqueza. Com isso, podia 
desenvolver a consciência no bailarino. Além disso, o pesquisador desenvolveu 
uma notação de movimento conhecido como labanotação (LABAN, 1978). 
A história dele se mistura ao período europeu da Segunda Guerra Mundial e 
a relação dele com Hitler é muito comentada em obras literárias que versam sobre 
o tema.
Suas pesquisas e metodologias sobre o movimento humano, devido à 
profundidade e extensão, são utilizadas ainda hoje como base para uma melhor 
compreensão do homem e seus movimentos.
Galante e conquistador, Laban sempre teve diversas bailarinas ao seu redor. 
52
 Expressão do Corpo e Musicalidade
Era descrito como elegantee de um carisma inigualável. Além disso, era um 
excelente coreógrafo, tinha uma inteligência notável e dominava muitas línguas 
(MELINA, 2017).
Para entendermos um pouco mais a história de vida de Rudolf Laban e como 
ele pensava a respeito da pesquisa do movimento, leia a seguir um trecho do livro 
de sua autoria em que relaciona arte e ciência.
É essencial àqueles que estudam o movimento no palco 
cultivarem a faculdade de observação, o que é de muito mais 
fácil consecução do que geralmente se acredita. Os atores, 
bailarinos e professores de dança usualmente possuem tal 
capacidade como dom natural, a qual, no entanto, pode ser 
refinada a tal ponto que se torne inestimável para os objetivos 
da representação artística. É obvio que o procedimento do 
artista ao observar e analisar o movimento e depois ao aplicar 
seu conhecimento difere em vários aspectos do procedimento 
do cientista. Mas é muitíssimo desejável que se dê uma 
síntese das observações artística e científica do movimento já 
que, de outro modo, a pesquisa sobre o movimento do artista 
tende a especializar-se tanto numa só direção quanto a do 
cientista em outra. Somente quando o cientista aprender com 
o artista o modo de adquirir a necessária sensibilidade para o 
significado do movimento, e quando o artista aprender com o 
cientista como organizar sua própria percepção visionária do 
significado interno no movimento, é que haverá condições de 
ser criado um todo equilibrado (LABAN, 1978, p. 154).
Nesse trecho podemos ver como Laban pensava a análise de observação 
do movimento. Para o autor, o artista era como um cientista que deveria observar 
e analisar para depois registrar. As pesquisas dele na área da educação foram 
fundamentais para o estudo do movimento e continuaram sendo realizadas 
posteriormente por discípulos dele.
Para duas de suas discípulas que descreveram sua obra, a análise de 
movimento de Laban consistia em um sistema de estudo que reconhecia o 
movimento como a primeira linguagem do homem. Essa análise era proporcionada 
através de símbolos e uma terminologia padronizada, que ajudava a definir e 
identificar os aspectos efêmeros da linguagem não verbal. Para as pesquisadoras, 
o sistema definia quatro aspectos do movimento que são interrelacionados – 
corpo, esforço, espaço e relações – e que serviam como lentes pelas quais se 
observava o foco da experiência do movimento (SCOTT, 1996; NORTH, 1990).
A observação e a análise do movimento de Laban, segundo North (1990), 
era pautada em quatro aspectos:
I- O corpo, relacionando com a parte do corpo que se move. Fluência centrípeta/
53
Estudo do MovimentoEstudo do Movimento Capítulo 2 
centrífuga ou uso do corpo de maneira ampla, restrita ou ampla; consciência 
de qual parte do corpo está se movendo; unidade entre as partes superiores 
e inferiores do corpo; unidade entre o centro e as extremidades do corpo; 
movimentos do tronco iniciados em diferentes partes; formas do corpo e destreza 
manual.
II- A qualidade ou "esforço": relaciona-se com como o corpo se move. Fases: 
habilidades rítmicas, movimento mecânico ou métrico; resistência; reações 
imediatas ou demoradas; frases crescentes e decrescentes. Elementos do 
movimento: 1. atitude da pessoa frente ao peso do seu corpo; 2. atitude da pessoa 
frente ao tempo; 3. atitude da pessoa frente à fluência do movimento; 4. atitude 
da pessoa frente ao espaço. habilidade para alternar entre atitudes opostas;
Combinações de três elementos apresentados ao mesmo tempo: (a) peso, tempo 
e fluência; (b) peso, espaço e fluência; (c) espaço, tempo e fluência.
Combinações de dois elementos apresentados ao mesmo tempo: (1) fluência/
tempo; (2) peso/fluência; (3) peso/tempo; (4) peso/espaço; (5) tempo/ espaço; (6) 
espaço/fluência.
III- O espaço ou onde o corpo se move – gestos (shaping); localização das formas; 
planos do movimento; níveis do espaço que são utilizados pelo indivíduo.
IV- Relações: com o que ou quem o corpo se move. As relações da pessoa 
em movimento com os objetos ou com os outros indivíduos são notadas em 
associação com um particular movimento que está sendo observado.
Laban construiu diversos referenciais teóricos metodológicos que foram 
seguidos e desenvolvidos por diversos estudantes seus. Dentro desse sistema, 
foram apresentados os seguintes sistemas: Body-Mind-Centering e Contact-
Improvisation. Vamos ver um pouco mais sobre o sistema exposto por Laban?
O Body-Mind Centering é definido por Cohen (1997) como uma jornada 
experiencial dentro do vivo e cambiante território do corpo. O explorador é a 
mente, nossos pensamentos, sentimentos, alma e espírito. É através dessa 
jornada que caminhamos para o entendimento de como a mente é expressa por 
meio do corpo em seus movimentos.
Segundo Cohen (1997), nosso corpo se move como nossa mente se move. 
As qualidades de qualquer movimento são as manifestações de como a mente é 
expressa através do corpo que está em movimento e as mudanças nas qualidades 
do movimento indicam que a mente mudou o foco sobre o corpo. O movimento, 
portanto, pode ser um modo de observarmos a expressão da mente por meio do 
corpo.
O estudo Body-Mind Centering inclui a aprendizagem tanto experiencial 
como cognitiva dos sistemas do corpo humano como, por exemplo, esqueleto, 
ligamentos, músculos, nervos, gordura, pele, órgãos, glândulas endócrinas, 
54
 Expressão do Corpo e Musicalidade
fluidos, respiração e vocalização; os sentidos e a dinâmica da percepção e o 
desenvolvimento do movimento tanto ontogenético como filogenético; a arte 
do tocar e a responsividade. Conforme apresenta Cohen (1997), essa técnica 
tem sido aplicada por pessoas de diferentes áreas, como dança, atletismo, 
trabalho corporal, educação física, terapias da fala, do movimento ocupacional, 
psicoterapia, medicina, desenvolvimento infantil, educação, arte visual e musical, 
yoga, artes marciais, meditação e outras disciplinas.
Esse trabalho foi fundamental para o ensino da dança possibilitando um 
conhecimento mais cognitivo da escrita do próprio corpo e foi desenvolvido e 
aportado na dança contemporânea por diversos professores e bailarinos.
Além do Body-Mind Centering, temos o seguinte conjunto de técnicas 
desenvolvidas a partir desse sistema: o Contact-Improvisation, criado por Steve 
Paxton. Definido como um processo criativo que ocorre quando duas ou mais 
pessoas se movimentam com apoio mútuo e trabalham com a mudança de 
equilíbrio coletivo. Influenciado por técnicas da dança moderna, por componentes 
de acrobacia e pilates, ele tem seus próprios princípios característicos de 
movimento. O Contact-Improvisation também promove interações do corpo 
perceptivo com o organismo corpo-mente e baseia-se no toque e no equilíbrio 
entre duas pessoas. Os parceiros, em duplas, tocam um ao outro e, por meio do 
toque, a informação sobre o movimento de cada um é transmitida. O treinamento 
dessas técnicas do sistema pauta-se em seis aspectos apresentados a seguir: 
• atitude; 
• senso de tempo;
• orientação do espaço; 
• orientação do parceiro; 
• expansão da visão periférica; 
• desenvolvimento muscular. 
Você quer ler?
Para saber ainda mais sobre o coreógrafo e pesquisador Rudolf 
Laban, suas ideias e metodologias aplicadas até hoje nas teorias 
do movimento, sugerimos a leitura do livro Domínio do movimento, 
organizado por Lisa Ulmann. Na obra, é possível compreender a 
genealogia da práxis do autor. Vale a pena pesquisar e ler o livro!
55
Estudo do MovimentoEstudo do Movimento Capítulo 2 
3 FATORES DO MOVIMENTO: 
FLUÊNCIA, ESPAÇO, PESO E TEMPO
A mímica é a origem da dança e do drama, sendo que suas raízes são o 
trabalho e a oração. O trabalho garantiu nossa existência material, enquanto a 
prece desenvolveu nossa espiritualidade. Dessa forma, a mímica é o movimento 
corporal que pode, muitas vezes, ser traduzida em palavras, diferentemente da 
dança ou da música, que são mais difíceis de serem descritas e estão relacionadas

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