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SIMULADO I MPSP DIREITO PENAL 01- Assinale a alternativa correta. I – O princípio da fragmentariedade estabelece que o Direito Penal não deve tutelar todos os bens jurídicos, mas somente aqueles mais relevantes para a sociedade e, mesmo assim, somente contra os ataques mais intoleráveis. II – O princípio da ofensividade tem como uma de suas funções a proibição de incriminação de atitudes internas, não se devendo punir nem a cogitação e nem os atos preparatórios do crime. III – O princípio da legalidade no âmbito do Direito Penal, sob o prisma da afirmação nullum crimen, nulla poena sine lege stricta, proíbe o emprego de interpretação extensiva in malam partem. a) I, II e III estão corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: C I – Correta. A fragmentariedade é tida como característica da intervenção mínima e limita a intervenção e a atuação do Direito Penal aos casos de relevante lesão ou perigo de lesão a bem juridicamente tutelado. II – Correta. Conforme leciona Nilo Batista (Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro, 2004, p. 92-95), o princípio da ofensividade (ou da lesividade) possui quatro principais funções, a saber: i) proibição da incriminação de uma atitude interna, como ideias, convicções, aspirações e desejos dos homens; ii) proibição da incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor; iii) proibição da incriminação de simples estados ou condições existenciais; iv) proibição da incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico. ATENÇÃO: A Lei Antiterrorismo (Lei n. 13.260/2016) prevê, em seu art. 5º, que mesmos os atos preparatórios poderão ser punidos. (Art. 5o Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito: Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade. § I o Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de terrorismo: I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade). III – Incorreta. Com base na legalidade estrita, proíbe-se a analogia in malam partem, ou seja, o uso da analogia para criar tipo incriminador, fundamentar ou agravar a pena do delito. Com supedâneo nesta função do princípio da legalidade, o Supremo Tribunal Federal declarou atípica a conduta do agente que furta sinal de TV a cabo, afirmando impossível a analogia in malam partem com o crime de furto de energia elétrica, previsto no art. 155, §3º, do CP. Vide STF, HC 97261/RS. A interpretação extensiva, diferentemente da analogia (que é técnica de integração da norma), amplia o significado de determinado vocábulo para alcançar o real significado da norma. Existe controvérsia acerca da possibilidade de se utilizar a interpretação extensiva em desfavor do agente do crime. Segundo o art. 22 do Estatuto de Roma, não é possível interpretação extensiva em prejuízo do réu, pois, em caso de ambiguidade, a norma deve ser interpretada em favor da pessoa investigada ou acusada. O STJ também já disse que o princípio da estrita legalidade impede a interpretação extensiva. Zaffaroni e Pierangeli admitem, em casos excepcionais, a interpretação extensiva da lei penal quando sua aplicação restrita resultar em escândalo de notória irracionalidade (escândalo interpretativo). 02- Assinale a alternativa correta. I – O princípio da alteridade é subprincípio do princípio da lesividade. Com base na alteridade, a conduta deve atingir, ou ameaçar atingir, bem jurídico de terceiro. II – A responsabilidade em âmbito penal assume caráter objetivo. Como exemplo de responsabilidade penal objetiva pode ser citado o sancionamento do inimputável decorrente de embriaguez preordenada para o cometimento de delitos. III – O princípio da culpabilidade limita o direito de punir do Estado. É preciso que o sujeito seja culpável (ou seja, que haja imputabilidade, potencial consciência da ilicitude da conduta e exigibilidade de conduta diversa) para ser punível. a) I, II e III estão corretas. b) Apenas II e III são corretas. c) Apenas I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas I e III são corretas. Gabarito: E I – Correta. Nilo Batista, nessa linha, destaca como uma das funções do princípio da ofensividade (ou lesividade) a proibição da incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor. Exemplo: não se pune a autolesão corporal, bem como, segundo o doutrinador, não se deveria punir o uso de drogas. Este enfoque refere-se ao princípio da alteridade. II – Incorreta. Em sede de Direito Penal vige o Princípio da Responsabilidade Subjetiva, havendo vedação da responsabilidade penal objetiva. Segundo Luiz Flávio Gomes, o tema da actio libera in causa está relacionado com a imputabilidade penal. De acordo com o Código Penal, em seu Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Imputável, portanto, é quem tem a capacidade de entender e querer o que faz. Se a pessoa é inimputável, é isenta de pena. A teoria da actio libera in causa vem solucionar casos nos quais, embora considerado inimputável, o agente tem responsabilidade pelo fato. Clássico exemplo da embriaguez preordenada, na qual a pessoa se embriaga exatamente para cometer o delito. Veja que, na hipótese, a pessoa é livre na causa antecedente, ainda que durante a prática do delito fosse considerada inimputável, ela é responsável porque se transfere para este momento anterior a constatação da imputabilidade. III - Correta. 03- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta. I- Não é punível a tentativa de contravenção. II- As contravenções penais são punidas com penas de detenção ou de prisão simples. III- A duração da pena de prisão simples não poderá ser superior a 30 anos, seguindo a sorte do limite de execução das penas decorrentes do cometimento de crimes. IV- Em relação às contravenções penais, em caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena poderá deixar de ser aplicada pelo magistrado. Estão corretas: a) I, II, III e IV. b) I, II e III. c) I e III. d) I e IV. e) Apenas a IV. Gabarito: D I- Correta. Art. 4º da Lei de Contravenções Penais. II- Incorreta. LCP, art. 5º. As penas das contravenções penais são prisão simples e/ou multa. III- Incorreta. LCP, art. 10: A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância das multas ultrapassar cinquenta contos. IV- Correta. LCP, art. 8º. 04- Assinale a alternativa INCORRETA. a) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. b) O erro de tipo essencial exclui o dolo e a culpa. c) Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. d) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Consideram-se, nesse caso, as condições ou qualidades da vítima real. e) O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Gabarito: D a) Correta. CP, art. 20. Trata-se do erro de tipo essencial. b) Correta. O erro de tipo essencial pode ser: i) inevitável (justificável ou escusável): exclui o dolo e a culpa; ii) evitável (injustificável ou inescusável): o sujeito pode ser punido a título de culpa, caso essa esteja prevista em lei. c) Correta. CP, art. 20, §2º. Trata-se do erro determinado por terceiro. d) Incorreta.CP, art. 20, §3º: O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime (vítima virtual). Essa teoria que fundamenta a vítima virtual é denominada de teoria da equivalência. Obs.: O error in persona é um erro de tipo acidental (erro que recai sobre um dado periférico do tipo penal). e) Correta. CP, art. 21. Trata-se do erro de proibição. 05- Assinale a alternativa correta no que tange à excludente de ilicitude Estado de Necessidade. I – Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. II – Para atuar em situação justificante de estado de necessidade, o sujeito precisa ter consciência de que sua conduta lesiva visa a salvar de perigo atual direito próprio ou alheio. III – O Código Penal Brasileiro adota a teoria unitária, não havendo que se falar em estado de necessidade exculpante, mas apenas em estado de necessidade justificante. Se o bem sacrificado for mais valioso do que o bem protegido, deverá o indivíduo responder pelo crime, com uma causa de diminuição. a) I, II e III são corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: A I – Correta. CP, art. 24, §1º. Obs.: Dever legal, para a maioria da doutrina, é o dever jurídico de enfrentar o perigo, podendo, inclusive, nascer de uma relação contratual. II – Correta. O conhecimento da situação justificante é requisito subjetivo do tipo permissivo, conforme a teoria finalista de Welzel. III – Correta. CP, art. 24, §2º: Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. Obs.: Já o Código Penal Militar, contudo, adota a denominada teoria diferenciadora, pela qual o estado de necessidade poderá ser causa de exclusão da ilicitude (justificante) ou da culpabilidade (exculpante). Se o bem protegido pelo agente for de valor superior ao bem sacrificado, haverá exclusão da ilicitude; caso seja de valor inferior ou igual ao bem sacrificado, poderá haver exclusão da culpabilidade. 06- Assinale a alternativa correta quanto à punibilidade. I – A prescrição e a decadência extinguem a punibilidade. II – A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. III – A extinção da punibilidade confunde-se com a exclusão da punibilidade, sendo tais expressões sinônimas. a) I, II e III são corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: C I – Correta. CP, art. 107: Extingue-se a punibilidade: (...) IV- pela prescrição, decadência ou perempção; (...) II – Correta. CP, art. 108: A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. III – Incorreta. Punibilidade é o direito de o Estado aplicar uma sanção penal a alguém, desde que haja previsão na norma penal incriminadora. Não faz parte do conceito analítico de crime, o qual enfoca os elementos do delito. O delito, nessa linha, é concebido como conduta típica, antijurídica (ilícita) e culpável (conceito tripartido), ou apenas como conduta típica e antijurídica (conceito bipartido). Além de ser majoritário na doutrina, o conceito tripartite é o adotado pela jurisprudência dos Tribunais Superiores. As causas extintivas da punibilidade estão elencadas no art. 107 do CP, em rol exemplificativo, havendo outras hipóteses legais e supralegais de extinção da punibilidade (ex.: súmula 554 do STF). Nas causas extintivas da punibilidade, o direito de punir do Estado convalesce pelo advento da causa (ex.: decadência na ação penal privada). Já nas causas de exclusão da punibilidade, o direito de punir do Estado sequer nasce. As escusas absolutórias (CP, art. 181) configuram causas de exclusão da punibilidade (ex.: furto praticado pela mulher contra o marido na constância da sociedade conjugal - art. 181, I, do CP). Por fim, nas condições objetivas de punibilidade existe o direito de punir do Estado, porém, este não pode ser exercido até que uma condição (evento futuro e incerto) se implemente (ex.: nos crimes falimentares a decretação da falência é condição objetiva de punibilidade). 07- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta a respeito do concurso de pessoas. I – O Código Penal adota, como regra, a teoria monista no que tange ao concurso de pessoas, de modo que todos os concorrentes, sejam coautores ou partícipes, responderão pelo mesmo crime. II – O ajuste prévio é requisito para a configuração do concurso de agentes. III – No que tange à autoria do delito, o Código Penal adotou a teoria objetivo-formal. a) I, II e III são corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas I e III são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: C I – Correta. CP, art. 29: Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Obs.: Excepcionalmente, contudo, o Código Penal adota a teoria pluralista, segundo a qual haverá um crime para cada agente que concorre para a realização de um fato. Exemplos: CP, art. 124, 2ª parte, e art. 126; art. 235 e seu §1º; art. 317 e art. 333; art. 342 e art. 343; art. 29, caput, parte final, e seu §2º. II – Incorreta. São requisitos do concurso de pessoas: a pluralidade de agentes e de condutas; a relevância causal das condutas, que é vista a partir da teoria da equivalência combinada com a teoria da eliminação hipotética; a identidade de infração, pela qual os agentes desejam praticar o mesmo crime; o liame subjetivo, que significa que os agentes devem estar conscientes da prática dos demais. Dispensa-se, contudo, o ajuste prévio (pactum sceleris), mas deve o concorrente ter consciência e vontade de aderir ao crime (princípio da convergência de vontade). III – Correta. Teoria objetivo-formal: autor é quem realiza o núcleo do tipo. Partícipe é quem concorre para o crime de qualquer forma sem praticar o núcleo do tipo. De acordo com a maioria da doutrina, o CP adotou a teoria objetivo-formal (Guilherme Nucci, Frederico Marques, Mirabete, Fragoso). Crítica: essa teoria tem o defeito de não explicar as situações que envolvem a autoria mediata. 08- Assinale a alternativa correta de acordo com a jurisprudência prevalente dos Tribunais Superiores. I – É incompatível com o dolo eventual a qualificadora de motivo fútil. II – É possível aplicar ao mandante do delito a agravante daquele que promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes, sem que isso configure indevido bis in idem. III – Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é possível compensar a atenuante da confissão espontânea com a agravante da promessa de recompensa. a) I, II e III são corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas II e III são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: C I – Incorreta. “Não há incompatibilidade na coexistência da qualificadora do motivo fútil com o dolo eventual em caso de homicídio causado após pequeno desentendimento entre agressor e agredido. Precedentes do STJ e STF.” (REsp 1601276/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 23/06/2017) (REsp n. 912.904/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, 5ª T, DJe 15/3/2012) Observações: – O dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta. - Embora a 6ª turma do STJ tenha um julgado em sentido contrário ao da assertiva, conforme noticiado no informativo nº583, o julgado mais recente da referida turma é o transcrito ao final, no sentido de que o dolo eventual é compatível com o motivo fútil, ou seja, houve mudança de entendimento em relação ao que fora veiculado no informativo/STJ 583. - A 5ª turma do STJ já tinha entendimento no mesmo sentido da assertiva, assim, atualmente, entende o STJ que o motivo fútil não é incompatível com o dolo eventual. Em suma, tanto a 5ª, quanto a 6ª turma do STJ, entendem, atualmente, que o dolo eventual é compatível com a qualificadora do motivo fútil (julgados de março e junho de 2017), vejamos: II – Correta. Em princípio, não é incompatível a incidência da agravante do art. 62, I, do CP ao autor intelectual do delito (mandante). O art. 62, I, do CP prevê que: "A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;" Em princípio, não há que se falar em bis in idem em razão da incidência dessa agravante ao autor intelectual do delito (mandante). De acordo com a doutrina, a agravante em foco objetiva punir mais severamente aquele que tem a iniciativa da empreitada criminosa e exerce um papel de liderança ou destaque entre os coautores ou partícipes do delito, coordenando e dirigindo a atuação dos demais, fornecendo, por exemplos, dados relevantes sobre a vítima, determinando a forma como o crime será perpetrado, emprestando os meios para a consecução do delito, independente de ser o mandante ou não ou de quantas pessoas estão envolvidas. Há, inclusive, precedente do STF (Tribunal Pleno, AO 1.046-RR, DJe 22/6/2007) indicando a possibilidade de coexistência da agravante e da condenação por homicídio na qualidade de mandante. Entretanto, não obstante a inexistência de incompatibilidade entre a condenação por homicídio como mandante e a incidência da agravante do art. 62, I, do CP, deve-se apontar elementos concretos suficientes para caracterizar a referida circunstância agravadora. Isso porque, se o fato de ser o mandante do homicídio não exclui automaticamente a agravante do art. 62, I, do CP, também não obriga a sua incidência em todos os casos. REsp 1.563.169-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016, DJe 28/3/2016. III – Correta. É possível compensar a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP) com a agravante da promessa de recompensa (art. 62, IV). O STJ pacificou o entendimento no sentido de ser possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência (REsp 1.341.370-MT, Terceira Seção, DJe 17/4/2013). Esse raciocínio, mutatis mutandis, assemelha-se à presente hipótese, por se tratar da possibilidade de compensação entre circunstâncias igualmente preponderantes, a saber, a agravante de crime cometido mediante paga com a atenuante da confissão espontânea. HC 318.594-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/2/2016, DJe 24/2/2016. 09- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta. I – O crime de injúria é compatível com a exceção da verdade. II – Configura o crime de injúria real se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes. III – A injúria qualificada de cunho racial confunde-se com o crime de racismo. a) I, II e III são corretas. b) II e III são corretas. c) Apenas a III é correta. d) Apenas a II é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: D I – Incorreta. O crime de injúria é incompatível com a exceção da verdade, justamente porque atinge a honra subjetiva, não se tratando da imputação de fato específico. http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1563169 II – Correta. CP, art. 140, §2º. Injúria real: agressão física capaz de envergonhar, humilhar. Exemplos: atirar fezes, cuspir, rasgar a roupa. III – Incorreta. CP, art. 140, §3º. Quando a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, a pena passa a ser de reclusão. O STF já se pronunciou no sentido de que não fere a proporcionalidade, em respeito à tutela mais eficaz da dignidade da pessoa. A ofensa deve ser dirigida a pessoa ou pessoas individualizadas. A injúria de cunho racial não se confunde com racismo. O crime de racismo está previsto em lei especial, Lei nº 7.716/89, e diz respeito a manifestações generalizadas ou segregação racial. É crime de ação penal pública incondicionada, inafiançável e imprescritível (CF, art. 5º, XLII). Já a injúria qualificada (racial ou não) é crime de ação penal pública condicionada à representação (art. 145, parágrafo único), além de ser afiançável e prescritível. 10- Assinale a alternativa correta quanto ao crime de Roubo. I – É aplicável o princípio da insignificância ao crime de roubo, desde que presentes os parâmetros objetivos traçados pelo Supremo Tribunal Federal. II – É possível que haja a configuração de roubo impróprio com o emprego de violência imprópria. III – A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. a) I, II e III são corretas. b) II e III são corretas. c) Apenas a III é correta. d) Apenas a II é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: C I – Incorreta. É pacífico o entendimento do STF e do STJ no sentido de que é inaplicável o princípio da insignificância ao delito de roubo, haja vista tratar-se de delito pluriofensivo, que tem por bens jurídicos tutelados a propriedade, a posse e a integridade física e psíquica. II – Incorreta. No caput do art. 157 do CP tem-se o chamado roubo próprio, ao passo que o §1º traz o denominado roubo impróprio. No roubo impróprio, o tipo penal não descreve como elementar a violência imprópria (eliminar, sem violência física ou grave ameaça, a capacidade de resistência da vítima). Desse modo, se o agente subtrair o bem e depois emprega violência imprópria contra a vítima, não responderá por roubo impróprio, e sim pelo delito de furto. CP, art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. III – Correta. CP, art. 157, §2º, VI. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 11- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta. I – Constitui crime de dano qualificado a conduta de destruir, inutilizar ou deteriorar patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos. II – A conduta de destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia com emprego de substância inflamável ou explosiva será crime de dano qualificado, se o fato não constituir crime mais grave. III – O crime de dano é classificado como delito transeunte, por deixar vestígios. a) I, II e III são corretas. b) I e II são corretas. c) Apenas a III é correta. d) Apenas a II é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: B I – Correta. CP, art. 163, parágrafo único, III. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017) II – Correta. CP, art. 163, parágrafo único, II. Subsidiariedade expressa. III – Incorreta. O crime de dano é classificado como delito não-transeunte. Crime não- transeunte (deixa vestígios): necessidade de prova pericial da materialidade (art. 158 CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensávelo exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado). 12- Assinale a alternativa INCORRETA conforme a Lei 9.613/1998 (Lei da Lavagem de Capitais). a) É cabível a tentativa nos delitos de lavagem de capitais. b) A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. c) O processo e julgamento dos crimes de Lavagem de Capitais são da competência da Justiça Federal quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira. d) O processo e julgamento dos crimes de Lavagem de Capitais dependem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes. e) A denúncia pelo crime de Lavagem de Capitais será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos relativos à lavagem, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. Gabarito: D a) Correta. Lei 9613/98, art. 1º, §3º. b) Correta. Lei 9613/98, art. 1º, §5º. c) Correta. Lei 9613/98, art. 2º, III, “a”. d) Incorreta. Lei 9613/98, art. 2º: O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...) II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento; (...) Obs.: Basta que haja indícios de cometimento da infração antecedente. e) Correta. Lei 9613/98, art. 2º, §1º. 13- Assinale a alternativa correta quanto aos Crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). I – Veículo automotor é todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico). II – O crime de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi- lo com segurança é caracterizado como crime de perigo concreto. III – O crime de dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano, exige a demonstração probatória da efetiva probabilidade de dano. a) I, II e III são corretas. b) I e III são corretas. c) Apenas a III é correta. d) Apenas a II é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: B I – Correta. Vide Anexo I do CTB. II – Incorreta. É crime de perigo abstrato. CTB, art. 310: Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Trata-se de delito de perigo abstrato, em que a probabilidade de ocorrência do dano (perigo) é presumida pelo legislador, não dependendo de prova no caso concreto. Súmula 575 do STJ: “Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor à pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.” III – Correta. CTB, art. 309: Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Trata-se de crime de perigo concreto: exige-se a prova da efetiva probabilidade de dano a bem jurídico tutelado. Há a necessidade de descrição da conduta, bem como do perigo concreto de dano (invadir a contramão, fazer zigue- zague, por exemplo). 14- Assinale a alternativa correta a respeito da interceptação das comunicações telefônicas. I – São requisitos para a interceptação das comunicações telefônicas: ordem fundamentada da autoridade judiciária competente, indícios razoáveis de autoria ou participação, quando a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis, infração penal punida com reclusão e delimitação do objeto da investigação e do sujeito passivo da interceptação. II – O prazo previsto para a duração da interceptação telefônica começa a correr da data em que proferido o despacho judicial que a determina. III – Em hipótese alguma, a conversa entre cliente e advogado, captada durante o período de interceptação, poderá ser admitida como prova no processo, sob pena de violação ao sigilo profissional do advogado. a) I, II e III são corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: E I – Correta. Lei 9296/92, art. 2º, incisos I a III e parágrafo único. Obs.: Requisitos para a interceptação: 1) Ordem fundamentada da autoridade judiciária competente. Teoria do juízo aparente: se, no momento da decretação da medida, os elementos informativos até então obtidos apontavam para a competência da autoridade judiciária responsável por autorizar a receptação, devem ser reputadas válidas as provas assim obtidas, ainda que posteriormente o juiz seja reconhecido incompetente. 2) Indícios razoáveis de autoria ou participação. Natureza cautelar; fumus comissi delicti e periculum in mora. É vedada a interceptação de prospecção, ou seja, somente se admite a interceptação pós-delito, que já está sendo investigado (exceção quanto à serendipidade - encontro fortuito de elementos probatórios referentes a outro crime. Descoberta casual de delitos que não são objeto da investigação). 3) Quando a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis. 4) Infração penal punida com reclusão. Todo e qualquer crime punido com reclusão. 5) Delimitação do objeto da investigação e do sujeito passivo da interceptação. Descrição clara e precisa da situação a ser investigada, bem como a qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. II – Incorreta. Não há mais dúvida de que o disposto no art. 5º da Lei n. 9.296/1996 não limita a prorrogação da interceptação telefônica a um único período, podendo haver sucessivas renovações, e de que o prazo de 15 dias ali previsto começa a correr da data em que a escuta é efetivamente iniciada, e não do despacho judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 72.706/MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/10/2016. III – Incorreta. Conversa entre cliente e advogado, captada durante o período de interceptação, não poderá ser admitida como prova no processo, sob pena de violação ao sigilo profissional do advogado. Art. 7º, inc. II, Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94). Exceção: indícios de envolvimento do advogado no crime objeto da investigação. Vide STJ, Info 541 - As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas para formação de prova em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja advogado do investigado. A interceptação telefônica, por óbvio, abrange a participação de quaisquer dos interlocutores. Ilógico e irracional seria admitir que a prova colhida contra o interlocutor que recebeu ou originouchamadas para a linha legalmente interceptada é ilegal. No mais, não é porque o advogado defendia o investigado que sua comunicação com ele foi interceptada, mas tão somente porque era um dos interlocutores. Precedente citado: HC 115.401/RJ, Quinta Turma, DJe 1º/2/2011. RMS 33.677-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/5/2014. 15- Assinale a alternativa INCORRETA no que se refere ao delito do art. 28 da Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006). a) Para determinar se a droga é destinada a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. b) A pena de prestação de serviço à comunidade e a medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. Em caso de reincidência, o prazo máximo será de 10 (dez) meses. c) A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. d) Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas previstas para o crime do art. 28 da Lei de Drogas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto no Código Penal. e) É possível a aplicação do princípio da insignificância para o crime de posse/porte de droga para consumo pessoal, desde que ínfima a quantidade de droga apreendida. Gabarito: E a) Correta. Lei 11.343/2006, art. 28, §2º. b) Correta. Lei 11.343/2006, art. 28, §§2º e 3º. c) Correta. Lei 11.343/2006, art. 28, §5º. d) Correta. Lei 11.343/2006, art. 30. e) Incorreta. Vide STJ, Info 541 - Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de posse/porte de droga para consumo pessoal (art. 28 da Lei n. 11.343/2006). Para a jurisprudência, não é possível afastar a tipicidade material do porte de substância entorpecente para consumo próprio com base no princípio da insignificância, ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida. STJ. 6ª Turma. RHC 35.920-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. DIREITO PROCESSUAL PENAL 16- Assinale a alternativa correta. a) A lei processual penal não admite interpretação extensiva e nem aplicação analógica. b) A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. c) Nos crimes de ação penal pública o inquérito policial será iniciado tão somente de ofício. d) Na aplicação das denominadas normas processuais híbridas ou mistas, caso maléficas na parte material, haverá uma cisão da norma, ou seja, a parte processual deverá retroagir, mas não a parte material, sendo este o entendimento prevalente no STJ. e) O princípio do in dubio pro reo (favor rei) tem caráter absoluto. Gabarito: B a) Incorreta. CPP, art. 3o: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. b) Correta. Art. 2º, CPP. Princípio do tempus regit actum e sistema do isolamento dos atos processuais. c) Incorreta. Art. 5o: Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. d) Incorreta. O STJ não admite a cisão da norma. Ou se aplica a norma como um todo ou não se aplica. e) Incorreta. Este princípio não tem caráter absoluto, pois na fase de pronúncia e do recebimento da denúncia vigora o princípio do in dubio pro societate. 17- Assinale a assertiva INCORRETA. a) Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. b) Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. c) Apenas após autorização formal do Supremo tribunal Federal pode ser instaurado inquérito policial para investigar autoridade com foro por prerrogativa nessa corte. d) As notícias anônimas ("denúncias anônimas") autorizam, por si só, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos como interceptação telefônica ou busca e apreensão. e) Conforme a Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas), o inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto, podendo os prazos serem duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária. Gabarito: D a) Correta. Art. 19, CPP. b) Correta. Art. 5º, §5º, CPP. c) Correta. HC nº 93.767, Segunda Turma, Relator o Ministro Celso de Mello, DJe de 1º/4/14. Inq 3387 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 15/12/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-036 DIVULG 25-02-2016 PUBLIC 26-02-2016. d) Incorreta. As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si só, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819). e) Correta. Artigo 51, Lei 11.343/2006. 18- Assinale a alternativa INCORRETA. a) A jurisdição tem como característica a substitutividade, a qual implica na atuação do Estado em substituição à vontade das partes na resolução das lides, impedindo, em regra, a autotutela. b) Em virtude do princípio da inevitabilidade, a jurisdição se impõe e não está sujeita à vontade das partes. c) A competência em razão da pessoa e em razão matéria têm natureza absoluta. d) Havendo conexão entre crimes da Justiça Estadual e da Justiça Federal, prevalecerá a competência desta, ainda que tenha havido a extinção da punibilidade pela morte do único corréu denunciado pela prática do crime federal. e) A competência em razão da pessoa prevalece sobre a competência em razão do lugar. Gabarito: D a) Correta. b) Correta. c) Correta. A competência em razão da pessoa e em razão matéria têm natureza absoluta. Poderão ser alegadas independentemente de alegação do interessado. Ou seja, a qualquer tempo ou em qualquer grau de jurisdição poderá haver esta nulidade. Portanto, caso haja julgamento com violação a uma dessas hipóteses haverá nulidade absoluta. d) Incorreta. STJ, súmula 122: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal. No caso da alternativa, a competência será devolvida à Justiça Estadual, haja vista a extinção da razão de existir a reunião dos processos perante a Justiça Federal. e) Correta. A competência em razãoda pessoa (ratione personae) tem natureza absoluta e fixa- se em razão da condição funcional, ao passo que a competência em razão do lugar (ratione loci) tem natureza relativa. O primeiro passo para se determinar a competência é verificar competência ratione personae (em razão da pessoa). 19- Assinale a alternativa INCORRETA no que tange às questões prejudiciais. a) As questões prejudiciais são autônomas e podem ser resolvidas pelo juízo penal ou pelo juízo cível, ao passo que as questões preliminares são vinculadas ao processo, sendo dele absolutamente dependentes, e somente podem ser resolvidas pelo juízo penal. b) Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. c) Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão do juízo cível sobre questão diversa daquela referente ao estado civil das pessoas, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite. d) Na hipótese de questão prejudicial heterogênea obrigatória não há prazo determinado para a suspensão do processo criminal. e) Cabe recurso em sentido estrito da decisão que não decreta a suspensão do processo em virtude de questão prejudicial. Gabarito: E a) Correta. Ademais, as questões prejudiciais são aquelas questões que irão prejudicar o mérito da ação penal, devendo, necessariamente, serem resolvidas, ou seja, interferem no próprio julgamento de mérito da questão. Já a decisão da questão preliminar tem o efeito de impedir o julgamento do mérito da causa, caso reconhecida pelo magistrado. Em não sendo reconhecida, a questão preliminar não interfere no mérito da causa. b) Correta. CPP, art. 92 -> Trata-se de questão prejudicial heterogênea OBRIGATÓRIA (necessária ou devolutiva absoluta), na qual o processo criminal será obrigatoriamente suspenso pelo juiz penal até que a questão prejudicial seja resolvida pelo juízo cível. Ex.: validade do 1º casamento (estado civil) e crime de bigamia. c) Correta. CPP, art. 93 -> Trata-se de questão prejudicial heterogênea FACULTATIVA (devolutiva relativa). Nesse caso, não obstante haja uma questão prejudicial a ser resolvida no cível, o juiz penal não está obrigado a suspender o curso do processo criminal. Caso não no suspenda, o próprio juiz penal decidirá a prejudicial na sentença, que não terá, contudo, efeito erga omnes. Ex.: crime de furto e discussão da propriedade do bem no juízo cível. d) Correta. CP, art. 116: Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; (...). Obs.: Em se tratando de questão prejudicial heterogênea obrigatória a suspensão do processo penal se dará até que haja decisão transitada em julgado no juízo cível a respeito da questão controversa. e) Incorreta. CPP, art. 581: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: (...) XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; (...) Obs.: Já a decisão que não decreta a suspensão é irrecorrível, cabendo, no entanto, HC ou correição parcial. 20- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta quanto ao tema provas. I – É correto afirmar que as partes são as destinatárias diretas das provas, vez que o objetivo da produção probatória é o de evidenciar a verdade dos fatos. II – O Brasil adota, como sistema de avaliação da prova, o da íntima convicção do juiz, como regra no ordenamento. III – O sistema da prova legal ou sistema tarifário preconiza o preestabelecimento de um determinado valor para cada prova produzida no processo, fazendo com que o juiz fique adstrito ao critério fixado pelo legislador. a) I, II e III estão corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: D I – Incorreta. As partes são destinatárias indiretas das provas e o magistrado é o destinatário direto, pois o principal escopo da atividade probatória é a formação do convencimento do juiz. II – Incorreta. No Brasil, o sistema da íntima convicção (ou livre convicção ou certeza moral do juiz) é adotado apenas no Tribunal do Júri, no qual os jurados não motivam seus votos, em virtude do sigilo das votações, constitucionalmente previsto (CF/88, art. 5º, XXXVIII, “b”). Como regra, o sistema adotado no Brasil é o da persuasão racional ou convencimento motivado, por força do art. 93, IX da CF/88, que exige a motivação de todas as decisões judiciais. Ademais, o princípio do livre convencimento motivado vem estampado expressamente no art. 155, caput, do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. III – Correta. O sistema da prova legal (ou sistema tarifário/da tarifação ou da certeza moral do legislador) preconiza o preestabelecimento de um determinado valor para cada prova produzida no processo, fazendo com que o juiz fique adstrito ao critério fixado pelo legislador, restringindo sua atividade de julgar (NUCCI). Nas lições de Guilherme Nucci, atualmente, no Brasil, há resquício desse sistema no art. 158 do CPP, o qual exige o exame de corpo de delito, direto ou indireto, para a formação da materialidade da infração penal que deixar vestígios, vedando a sua produção através da confissão. 21- Assinale a alternativa INCORRETA no que se refere ao tema Citações e Intimações. a) Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, será citado mediante precatória. Esta será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do juiz deprecado. b) A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço. c) Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. d) Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação. Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, será imediatamente realizada a citação por hora certa. e) O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. Gabarito: D a) Correta. CPP, art. 353 e 355, caput. b) Correta. CPP, art. 358. c) Correta. CPP, art. 360. d) Incorreta. CPP, art. 355, §1º: Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação. §2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto no art. 362. Obs.: No Processo penal, há o instituto da carta precatória itinerante. Conforme o art. 355, §1º, ela ocorre quando o juízo deprecado constata que o réu está em território sujeito à jurisdição de outro juiz. Nessa hipótese, o próprio juízo deprecado encaminhará a precatória ao local onde o réu se encontra, sem que haja a necessidade de retorno ao juízo deprecante, em observância ao princípio da economia processual. No entanto, se no juízo deprecado o oficial de justiça perceber que o réu seoculta para não ser citado, ele não poderá realizar a citação por hora certa, devendo haver a remessa dos autos ao juízo deprecante para que este providencie tal modalidade de citação (art. 355, §2º). e) Correta. CPP, art. 363. 22- São causas de impedimento da atuação do juiz, EXCETO se: a) no processo tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito. b) ele próprio tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão. c) ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. d) ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha. e) ele próprio, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes Gabarito: E a) Causa de impedimento prevista no art. 252, I, do CPP. b) Causa de impedimento prevista no art. 252, III, do CPP. c) Causa de impedimento prevista no art. 252, IV, do CPP. d) Causa de impedimento prevista no art. 252, II, do CPP. e) Trata-se de causa de suspeição, prevista no art. 254, III, do CPP. 23- Assinale a alternativa correta acerca das medidas cautelares diversas da prisão, conforme o Código de Processo Penal. I- Configura medida cautelar diversa da prisão a internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável e houver risco de reiteração. II- As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. III- Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo. IV- A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. Estão corretas: a) I, II, III e IV. b) I, II e III. c) I e III. d) II e IV. e) Apenas a IV. Gabarito: A I- Correta. CPP, art. 319, VII. II- Correta. CPP, art. 282, §1º. III- Correta. CPP, art. 282, §3º. IV- Correta. CPP, art. 320. 24- Assinale a alternativa correta a respeito do Procedimento Sumaríssimo. I – Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. II – O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. III – A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal, conforme a teoria da atividade. IV - Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. a) I, II, III e IV são corretas. b) I, II e III são corretas. c) I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a IV é correta. Gabarito: A I – Correta. Lei 9099/95, art. 61. II – Correta. Lei 9099/95, art. 62. (Redação dada pela Lei nº 13.603, de 2018) III - Correta. Lei 9099/95, art. 63. Competência Territorial: ao contrário do CPP, que adota a Teoria do Resultado (como regra) para fins de fixação da competência, o JECrim. adota a Teoria da Atividade. IV - Correta. Lei 9099/95, art. 60, parágrafo único. Obs.: Assim, se a infração de menor potencial ofensivo for praticada em conexão ou continência com crime de competência do juízo comum ou do tribunal do júri, será este último o órgão competente para o julgamento de ambas as infrações. No entanto, mesmo neste juízo (comum ou júri), será possível a aplicação da composição civil dos danos e da transação penal para a infração de menor potencial ofensivo. 25- Assinale a alternativa correta acerca do Procedimento Especial do Tribunal do Júri. I – Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e às testemunhas, por intermédio do juiz presidente. II – O Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado. Os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz presidente. III – Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado. IV - Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando- se ciência à outra parte. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados. a) I, II, III e IV são corretas. b) I, II e III são corretas. c) I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a IV é correta. Gabarito: A I – Correta. CPP, art. 473, §2º. II – Correta. CPP, art. 474, §§1º e 2º. III – Correta. CPP, art. 478, I. IV – Correta. CPP, art. 479, caput e parágrafo único. 26- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I – A tese absolutória de legítima defesa, quando constituir a tese principal defensiva, deve ser quesitada ao Conselho de Sentença antes da tese subsidiária de desclassificação em razão da ausência de animus necandi. II – A desclassificação do crime doloso contra a vida para outro de competência do juiz singular promovida pelo Conselho de Sentença em plenário do Tribunal do Júri, mediante o reconhecimento da denominada cooperação dolosamente distinta pressupõe a elaboração de quesito acerca de qual infração menos grave o acusado quis participar. III – O direito às três recusas imotivadas é garantido ao acusado, e não à defesa, ou seja, cada um dos réus terá direito às suas três recusas imotivadas ainda que possuam o mesmo advogado, sob pena de violação da plenitude de defesa. a) Todas estão corretas. b) Apenas I e II estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas II e III estão corretas. e) Todas estão incorretas. Gabarito: C I – CORRETA - A tese absolutória de legítima defesa, quando constituir a tese principal defensiva, deve ser quesitada ao Conselho de Sentença antes da tese subsidiária de desclassificação em razão da ausência de animus necandi. Assim, nos casos em que a tese principal for absolutória (ex: legítima defesa), o quesito de absolvição deve ser formulado antes que o de desclassificação (tese subsidiária). Isso se justifica com o objetivo de garantir a plenitude da defesa, já que a absolvição é mais vantajosa do que a mera desclassificação para outro crime menos grave. STJ. 6ª Turma. REsp 1509504-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 27/10/2015 (Info 573). II – INCORRETA - A desclassificação do crime doloso contra a vida para outro de competência do juiz singular promovida pelo Conselho de Sentença em plenário do Tribunal do Júri, mediante o reconhecimento da denominada cooperação dolosamentedistinta (art. 29, § 2º, do CP), não pressupõe a elaboração de quesito acerca de qual infração menos grave o acusado quis participar. Assim, não há falar em ocorrência de nulidade absoluta no julgamento pelo Tribunal do Júri, por ausência de quesito obrigatório, na hipótese em que houve a efetiva quesitação acerca da tese da desclassificação, ainda que sem indicação expressa de qual crime menos grave o acusado quis participar. Afastada pelos jurados a intenção do réu em participar do delito doloso contra a vida em razão da desclassificação promovida em plenário, o juiz natural da causa não é mais o Tribunal do Júri, não competindo ao Conselho de Sentença o julgamento do delito, e sim ao juiz presidente do Tribunal do Júri, nos termos do que preceitua o art. 492, § 1º, primeira parte, do CPP. STJ. 6ª Turma. REsp 1501270-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1º/10/2015 (Info 571). III - O direito de a defesa recusar imotivadamente até 3 jurados é garantido em relação a cada um dos réus, ainda que as recusas tenham sido realizadas por um só defensor (art. 469 do CPP). De acordo com o art. 468, caput, do CPP, o direito a até 3 recusas imotivadas é da parte. Como cada réu é parte no processo, se houver mais de um réu, cada um deles terá direito à referida recusa. Dessa forma, o direito às três recusas imotivadas é garantido ao acusado, e não à defesa, ou seja, cada um dos réus terá direito às suas três recusas imotivadas ainda que possuam o mesmo advogado, sob pena de violação da plenitude de defesa. STJ. 6ª Turma. REsp 1540151-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 8/9/2015 (Info 570). CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia> 27- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I - Não é ilegal a prisão efetuada por agentes públicos que não tenham competência para a realização do ato se a pessoa estava em flagrante delito. II - A fuga do acusado do distrito da culpa é fundamentação suficiente para a manutenção da custódia preventiva ordenada para garantir a aplicação da lei penal. III - Para a imposição de qualquer das medidas alternativas à prisão previstas no art. 319 do CPP não é necessária a fundamentação concreta e individualizada. a) Todas estão corretas. b) Apenas I e II estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas II e III estão corretas. e) Todas estão incorretas. Gabarito: B I – CORRETA - Não é ilegal a prisão efetuada por agentes públicos que não tenham competência para a realização do ato se a pessoa estava em flagrante delito. STJ. 5ª Turma. HC 244016-ES, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 16/10/2012. II – CORRETA - A fuga do acusado do distrito da culpa é fundamentação suficiente para a manutenção da custódia preventiva ordenada para garantir a aplicação da lei penal. STJ. 5ª Turma. HC 239269-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 13/11/2012. III – INCORRETA - Para a imposição de qualquer das medidas alternativas à prisão previstas no art. 319 do CPP é necessária a devida fundamentação (concreta e individualizada). Isso porque essas medidas cautelares, ainda que mais benéficas, representam um constrangimento à liberdade individual. STJ. 5ª Turma. HC 231817–SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/4/2013 (Info 521). (CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia>) DIREITO CIVIL 28- Assinale a alternativa correta. a) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos e os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. b) O art. 1º do CC/02 diz que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Essa capacidade é uma capacidade de fato. Toda pessoa tem essa capacidade. c) Segundo a maioria da doutrina e a jurisprudência do STJ, o ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria concepcionista para o início da personalidade jurídica da pessoa humana. d) Com a emancipação, o menor deixa de ser incapaz, passando a ser capaz, deixando de ser considerado menor. Portanto, a emancipação, seja legal, seja voluntária, afasta a aplicação do ECA. e) São relativamente incapazes para o exercício dos atos da vida civil os menores de 16 anos de idade. Gabarito: C a) Incorreta. A Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) alterou o Código Civil, que passou a prever como absolutamente incapazes apenas os menores de 16 (dezesseis) anos. Assim, não há mais possibilidade de pessoas maiores de 18 anos serem absolutamente incapazes. Se elas não puderem exprimir sua vontade, serão relativamente incapazes. O objetivo, portanto, foi a plena inclusão da pessoa com algum tipo de deficiência. b) Incorreta. Trata-se da capacidade de direito. c) Correta. A teoria concepcionista sustenta que o nascituro é pessoa humana, tendo os direitos resguardados pela lei. A conclusão dessa corrente consta do Enunciado 1 da Jornada de Direito Civil, que diz que a proteção que o código defere ao nascituro alcança o natimorto. Portanto, aquele que nasceu sem vida, possui os seguintes direitos: nome, imagem e sepultura. A teoria concepcionista é a que prevalece entre doutrinadores. d) Incorreta. Com a emancipação, o menor deixa de ser incapaz, passando a ser capaz, mas não deixa de ser menor. A emancipação, por si só, não ilide a aplicação do ECA. Ou seja, o menor emancipado não pode tirar carteira de motorista. Não poderá também ingressar em local em que seja proibida a entrada de menores, pois o indivíduo continua sendo menor. Não poderá ingerir bebidas alcoólicas. e) Incorreta. CC/02, Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. 29- Assinale a alternativa INCORRETA. a) A tutela externa do crédito busca evitar o abuso da liberdade de contratar, revelando-se consonante com o princípio da eticidade, mediante valorização da ética e da boa-fé objetiva. Desse modo, condutas violadoras constituem abuso de direito. b) De acordo com o princípio da socialidade, a função social aplica-se aos contratos. c) A teoria do terceiro ofensor relaciona-se com a tutela externa do crédito e com a função social dos negócios jurídicos, buscando-se reprimir a interferência ilícita de terceiros em contratos alheios. d) Os institutos da supressio e surrectio são vistos como “lados opostos da mesma moeda”. O direito longa e repetidamente não exercido ou exercido de maneira diversa faz nascer outro direito, em decorrência da boa-fé objetiva nas relações contratuais. e) A proibição de comportamento contraditório decorre do princípio da boa-fé subjetiva. Gabarito: E a) Correta. Art. 421, CC. b) Correta. Princípio da Socialidade como um dos pilares do CC/02. De acordo com esse princípio, todas as categorias civis têm função social, como propriedade, empresa, posse, família, responsabilidade civil, contratos, etc. O princípio da socialidade liga-se a valores coletivos, rompendo-se com o individualismo do CC/16. No CC/02, há a prevalência da função social em institutos privados. c) Correta. Exemplo: art. 608, CC. Busca-se evitar a interferência ilícita de terceiro no contrato alheio. d) Correta. Art. 330, CC. A regra segundo a qual ‘o pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato’ é exemplo de surrectio. e) Incorreta. A proibição de comportamento contraditório (nemo potest venire contra factum proprium) decorre da boa-fé objetiva, que significa boa-fé de comportamento na sociedade, e não da boa-fé subjetiva, que significa boa-fé de conhecimento. A proibição de comportamento contraditório é caracterizada como um dos deveres anexos, funções parcelares ou funções reativasda boa-fé objetiva. 30- Assinale a alternativa correta. I – Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a comprovação da propriedade é condição sine qua non para a declaração de ausência. II – Declarada a ausência nos casos previstos em lei, o juiz mandará arrecadar os bens do ausente e nomear-lhes-á curador. Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 1 (um) ano, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, durante 1 (um) ano, reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de seus bens. III – É legítima a incidência de imposto de transmissão “causa mortis” no inventário por morte presumida. a) I, II e III estão corretas. b) Apenas II e III são corretas. c) Apenas I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas I e III são corretas. Gabarito: B I – Incorreta. Vide STJ, Info. 357. DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA. DESNECESSIDADE. COMPROVAÇÃO. BENS. O pedido de declaração de ausência tem por finalidade resguardar os interesses do ausente, que pode reaparecer e retomar sua vida, para, após as cautelas previstas em lei, tutelar os direitos de seus herdeiros. Logo, havendo interessados em condição de suceder o ausente em direitos e obrigações, ainda que os bens deixados sejam, a princípio, não arrecadáveis, pode se utilizar o procedimento que objetiva a declaração. A comprovação da propriedade não é condição sine qua non para a declaração de ausência, nos termos dos arts. 22 do CC e 1.159 do CPC. Assim, a Turma deu provimento ao recurso para cassar o acórdão recorrido e a sentença a fim de que prossiga o julgamento do processo no juízo de origem. REsp 1.016.023-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/5/2008. II – Correta. Vide CPC, arts. 744 e 745. III - Correta. Teor da Súmula 331 do STF. 31- Assinale a alternativa correta. I – Nos atos jurídicos em sentido estrito não existe liberdade quanto à escolha dos efeitos jurídicos produzidos, ao passo que nos negócios jurídicos a participação humana e os efeitos desta participação são ditados pela própria manifestação de vontade. II – O comportamento que, embora derive do homem é desprovido de vontade consciente na sua realização e produção dos seus efeitos jurídicos recebe o nome de ato-fato jurídico. III – O reconhecimento de filho pode ser citado como exemplo de negócio jurídico. a) I, II e III estão corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: C I – Correta. Ato jurídico em sentido estrito consiste em um comportamento humano voluntário e consciente que deflagra efeitos jurídicos predeterminados na lei. Há uma mera intenção. Há a participação humana, mas os efeitos são os impostos pela lei. Já nos negócios jurídicos a ação humana visa diretamente alcançar um fim prático permitido na lei, dentre a multiplicidade de efeitos possíveis. Por essa razão, é necessária uma vontade qualificada, sem vícios. Há a participação humana e os efeitos desta participação são ditados pela própria manifestação de vontade. II – Correta. Ato-fato jurídico: trata-se de um comportamento que, embora derive do homem, é desprovido de vontade consciente na sua realização e na produção dos seus efeitos jurídicos. É um ato por derivar do homem, mas se assemelha ao fato, pois a vontade não é relevante. (Pontes de Miranda). Ex.: quando um absolutamente incapaz (menor de 16 anos) acha um tesouro, independentemente do elemento volitivo, ou seja, da intenção de procurar e de ficar com o bem, o art. 1264 do CC/02 atribuirá a ele metade dos bens achados. Aqui, o direito considera apenas o ato material de achar o tesouro, pouco importando o elemento volitivo. III – Incorreta. O reconhecimento de filho é exemplo de ato jurídico em sentido estrito. 32- Assinale a alternativa INCORRETA no que tange ao tema prescrição. a) O direito de ação se extingue pela prescrição, nos prazos a que aludem os artigos 205 e 206 do Código Civil. b) A renúncia à prescrição pode ser expressa ou tácita. c) A renúncia à prescrição só valerá depois que a prescrição se consumar. d) Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. e) A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Gabarito: A a) Incorreta. Cuidado! “Direito de Ação” não prescreve nunca! O direito de ação é público, subjetivo, processual, abstrato, imprescritível. Para evitar o debate sobre a prescrição ou não da ação, o Código Civil de 2002 adotou a tese da prescrição da pretensão, por ser considerada a mais condizente com o Direito Processual contemporâneo (Carlos Roberto Gonçalves). CC/02, art. 189: Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. b) Correta. CC/02, art. 191: A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. c) Correta. CC/02, art. 191. d) Correta. CC/02, art. 192. e) Correta. CC/02, art. 196. 33- Assinale a alternativa INCORRETA no que tange ao tema direito das obrigações. a) A obrigação natural não pode ser exigida por meio de ação judicial, mas, uma vez descumprida voluntariamente, não pode ser repetida. b) O Código Civil de 2002 adotou a teoria dualista, que afirma haver dois momentos distintos no direito das obrigações: o primeiro, consubstanciado pela obrigação propriamente dita (dever originário – schuld ou débito); o segundo, pela a responsabilidade civil (haftung). Nesse sentido, é correto afirmar que pode haver débito sem responsabilidade, mas não o contrário (responsabilidade sem débito). c) As taxas condominiais configuram exemplos de obrigação propter rem. d) É correto afirmar que os ônus reais são obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade. e) Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar de registro. Havendo o registro do instrumento com cláusula de vigência, o contrato de locação estabelecido entre locador e locatário passará a ter eficácia erga omnes e não apenas inter partes. Gabarito: B a) Correta. Em essência e na estrutura, a obrigação natural não difere da obrigação civil: cuida- se de uma relação de débito e crédito que vincula objeto e sujeitos determinados. Todavia, distingue-se da obrigação civil por não ser dotada de exigibilidade jurídica. Tal inexigibilidade pode pretender preservar a segurança e a estabilidade jurídicas, como ocorre, por exemplo, na prescrição de uma pretensão decorrente de uma dívida (em que o direito não se satisfaz com obrigações perpétuas) ou na impossibilidade de cobrança judicial de dívida de jogo (pelo reconhecimento social do caráter danoso de tal conduta). A consequência ou efeito jurídico decorrente da obrigação natural é a retenção do pagamento (soluti retentio), ou seja: posto não possa cobrá-lo, caso receba o pagamento, poderá o credor retê-lo (Pablo Stolze). b) Incorreta. De fato, segundo lições de Maria Helena Diniz, o Código Civil adotou a teoria dualista no direito das obrigações. No entanto, a segunda parte da alternativa está incorreta, pois tanto é possível haver débito sem responsabilidade, quanto responsabilidade sem débito. Exemplificando a primeira hipótese, nas ditas obrigações naturais, o débito continua a existir, não sendo, todavia, exigível juridicamente. Na segunda hipótese, é possível haver responsabilidade sem débito, como no caso das obrigações garantidas por fiança, emque o fiador tem a responsabilidade de garantir a obrigação (garantia fidejussória), mas o débito somente irá surgir caso o afiançado (devedor principal) descumpra a obrigação. c) Correta. Vide STJ, REsp 846.187/SP e Recurso Repetitivo tema 949 - (...) as despesas condominiais, compreendidas como obrigações 'propter rem', que se caracterizam pela ambulatoriedade da pessoa do devedor, são de responsabilidade daquele que detém a qualidade de proprietário da unidade imobiliária, ou ainda do titular de um dos aspectos da propriedade, tais como a posse, o gozo ou a fruição, desde que esse tenha estabelecido relação jurídica direta com o condomínio (...) Obs.: A obrigação propter rem origina-se com a coisa e transmite-se com ela automaticamente. O adquirente do direito real não pode negar-se a assumir esta obrigação. d) Correta. Ônus real é um gravame que recai sobre uma coisa, restringindo o direito do titular de um direito real. São exemplos de ônus reais: o usufruto, a enfiteuse, a superfície, o penhor, a anticrese, a hipoteca. e) Correta. CC/02, art. 576. Trata-se de exemplo de obrigação com eficácia real. 34- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta. a) Não é lícito ao possuidor direto defender sua posse em face do proprietário do bem. b) Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome próprio. c) É de boa-fé a posse que não for violenta, clandestina ou precária. d) Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. e) Obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. Gabarito: D a) Incorreta. CC, art. 1197: A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. b) Incorreta. CC, art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. c) Incorreta. CC, art. 1200: É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. Art. 1201: É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. d) Correta. CPC, Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. e) Incorreta. CC, art. 1210, §2º: Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 35- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta quanto à usucapião de bens imóveis. I – A sentença judicial é pressuposto para que haja a aquisição da propriedade imóvel pela usucapião. II – Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, não havendo necessidade de representação por advogado. III – A rejeição do pedido extrajudicial não impede o ajuizamento de ação de usucapião. a) I, II e III estão corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas I e II são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: D I – Incorreta. A sentença não é pressuposto da usucapião, pois não possui natureza constitutiva, mas meramente declaratória da aquisição da propriedade. Tanto é assim que a usucapião pode ser arguida em defesa, nas ações reivindicatórias, antes mesmo que eventual sentença aprecie, via de ação, a ocorrência da prescrição aquisitiva. Nesse sentido é o enunciado de súmula n. 237 do STF: “O usucapião pode ser arguido em defesa”. II – Incorreta. Lei 6.015/73, art. 216-A: Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com: (...) - (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015 – Novo Código de Processo Civil). III – Correta. Lei 6.015/73, art. 216-A, §9º. 36- Assinale a alternativa correta a respeito da união estável, conforme o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. I – O fato de a companheira ter adquirido outro imóvel residencial com o dinheiro recebido pelo seguro de vida do de cujus tem o condão de exclui-la do direito real de habitação referente ao imóvel em que residia com seu companheiro, ao tempo da abertura da sucessão. II – É válida a fiança prestada durante união estável sem anuência do companheiro. III – Não é lícito aos conviventes atribuírem efeitos retroativos ao contrato de união estável, a fim de eleger o regime de bens aplicável ao período de convivência anterior à sua assinatura. a) I, II e III são corretas. b) Apenas a II é correta. c) Apenas II e III são corretas. d) Apenas a III é correta. e) Apenas a I é correta. Gabarito: C I – Incorreta. Vide STJ, Info. 533 - O fato de a companheira ter adquirido outro imóvel residencial com o dinheiro recebido pelo seguro de vida do de cujus não tem o condão de exclui-la do direito real de habitação referente ao imóvel em que residia com seu companheiro, ao tempo da abertura da sucessão, uma vez que, segundo o art. 794 do CC, no seguro de vida, para o caso de morte, o capital estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito. Dessa forma, se o dinheiro do seguro não se insere no patrimônio do de cujus, não há falar em restrição ao direito real de habitação, porquanto o imóvel adquirido pela companheira sobrevivente não faz parte dos bens a inventariar. STJ. 4ª Turma. REsp 1.249.227-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/12/2013. II – Correta. Vide STJ, REsp 1.299.866/DF, julgamento em 25/02/2014 - DIREITO CIVIL- CONSTITUCIONAL. DIREITO DE FAMÍLIA. CONTRATO DE LOCAÇÃO. FIANÇA. FIADORA QUE CONVIVIA EM UNIÃO ESTÁVEL. INEXISTÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA. DISPENSA. VALIDADE DA GARANTIA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA N. 332/STJ. 1. Mostra-se de extrema relevância para a construção de uma jurisprudência consistente acerca da disciplina do casamento e da união estável saber, diante das naturais diferenças entre os dois institutos, quais os limites e possibilidades de tratamento jurídico diferenciado entre eles. 2. Toda e qualquer diferença entre casamento e união estável deve ser analisada a partir da dupla concepção do que seja casamento - por um lado, ato jurídico solene do qual decorre uma relação jurídica com efeitos tipificados pelo ordenamento jurídico, e, por outro, uma entidade familiar, dentre várias outras protegidas pela Constituição. 3. Assim, o casamento, tido por entidade familiar, não se difere em nenhum aspecto da união estável - também uma entidade familiar -, porquanto não há famílias timbradas como de "segunda classe" pela Constituição Federal de 1988, diferentemente do que ocorria nos diplomas constitucionais e legais superados. Apenas quando se analisa o casamento como ato jurídico formal e solene é que as diferenças entre este e a união estável se fazem visíveis, e somente em razão dessas diferenças entre casamento - ato jurídico - e união estável é que o tratamento legal ou jurisprudencial diferenciado se justifica. 4. A exigência de outorga uxória a determinados negócios jurídicos transita exatamente por este aspecto em que o tratamento diferenciado entre
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