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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NOME DO ACADÊMICO: ABRAÃO MOUSINHO DE PONTES RU: 3656397 ATIVIDADE EXTENSIONISTA I OURILÂNDIA DO NORTE/PA 2021 RESUMO O presente trabalho abrange a definição de logística reversa, que atualmente apesar de poucas fontes de pesquisa, faz parte do dia-a-dia das empresas e da sociedade. As empresas passam a se adaptar às novas políticas de responsabilidade pelos resíduos sólidos gerados ao planeta, a mais recente sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva refere-se à Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Através desta política, espera-se um aumento no número de empresas que inserem a Logística Reversa em seus processos de produção, assim como os consumidores que passam a conhecer a importância da mudança de hábitos diários em prol do desenvolvimento coletivo de soluções para a destinação, tratamento e reaproveitamento dos resíduos gerados. Além das empresas e dos consumidores, o presente trabalho apresenta a aplicação de processos de Coleta Seletiva em um órgão público municipal: Prefeitura Municipal de Ourilândia do Norte (PMON) – Pará. Os materiais coletados, devidamente separados pela sua natureza, são distribuídos para as denominadas associações que realizam a separação para estes serem vendidos e reciclados, trazendo retorno positivo economicamente e ecologicamente. Palavras-chave: Logística reversa, Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), coleta seletiva, reciclagem, descartáveis, meio ambiente, consumidores. 1 INTRODUÇÃO Atualmente muito se fala sobre Logística Reversa, e esta definição apesar de moderna e com poucas fontes de pesquisa, passa a fazer parte do dia-a-dia da população atual. Os estudos e reportagens sobre este assunto aumentam na mesma velocidade em que o meio ambiente pede ajuda. As leis sobre este tema passam a mudar a forma de agir e pensar das organizações e dos cidadãos cujo objetivo é fazer com que “empresas e governos implementem planos de manejo de resíduos de longo prazo, criem sistemas de logística reversa e incentivem a reciclagem”. A forma de se atingir este objetivo é através da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva recentemente. Assim, as empresas passam a se atualizar com as novas normas e legislações que são impostas, até porque a logística reversa, que se trata do retorno dos produtos ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agrega valor de diversas naturezas: econômico, de prestação de serviços, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, dentre outros (LEITE, 2002, p. 17). Com isso, as organizações que buscam diferenciação, vantagem competitiva e imagem ecologicamente correta, veem nesta definição oportunidades de se destacaram em relação aos concorrentes e buscarem melhores resultados financeiros. São diversas organizações que já introduziram nos seu dia-a-dia esta definição, portanto ainda é necessária a conscientização de muitas delas. Em âmbito governamental, a responsabilidade dos lixos gerados, além de ser preocupação das empresas, é também preocupação das prefeituras, que também buscam formas de reduzir os impactos do lixo no meio ambiente, criando programas que estimulem as empresas e os consumidores a separar o lixo, favorecendo as atividades de reciclagem ou reaproveitamento do lixo. Desta forma, cria-se o programa denominado “Coleta Seletiva”, realizado atualmente por algumas Prefeituras, que tem o objetivo de coletar materiais recicláveis previamente separados, que são recolhidos nos postos de entrega, sendo eles praças, escolas, condomínios ou empresas, devidamente inscritas no programa. 2 METODOLOGIA A Segundo Dornier (2000), a definição atual de logística não está restrita apenas a entrada de matérias-primas e a saída de produtos acabados, atualmente além desses fluxos diretos, a logística moderna engloba também o retorno de produtos a serem reparados, os produtos devolvidos, consumidos e a serem reciclados. Esta é a chamada Logística Reversa, que pode ser entendida como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, retorno dos produtos ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valores de diversas naturezas: econômico, de prestação de serviços, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, dentre outros (LEITE, 2002, p. 17). O Council of Logistics Management (CLM), entidade americana de profissionais de logística, define a logística reversa como um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens. (LEITE, 2009, p. 16). Rogers e Tibben-Lembke (1999, p. 2 apud Leite, 2009, p. 16), fazem uma adaptação do Council of Logistics Management, e entendem que Logística Reversa é: o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e dos custos envolvidos no fluxo de matérias-primas, estoques, produtos acabados e informações correspondentes do ponto de consumo ao ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada disposição. 3 DESENVOLVIMENTO A preocupação com o meio ambiente faz as empresas e os consumidores se adequarem ao mundo globalizado ao qual estão inseridos. Desta forma é possível perceber uma ampla preocupação das organizações com o meio ambiente, realizando um acompanhamento de todo o ciclo de vida dos produtos. As empresas passam a optar por embalagens e matéria prima que busquem preservação ao meio ambiente, reduzindo ao mesmo tempo o impacto ambiental e transmitindo para os consumidores uma imagem ecologicamente correta. É possível perceber uma evolução das questões ambientais atualmente quando comparada aos anos anteriores, na década de 80 a proteção ambiental era vista como uma questão custosa, indesejável e que deveria ser evitada. Foram necessários inúmeros desastres ambientais para modificar esse pensamento, e atualmente é possível ver um crescimento da consciência ambiental da população, o que tem gerado preocupações e protestos, e sem dúvida favorece a vantagem competitiva das empresas (SAVITZ E WEBER, 1993, apud VIEIRA, K. N. et al, 2009, p. 122). Atualmente a preservação deve ser considerada prioridade por parte das empresas e da população, para que se alcance o desenvolvimento sustentável, diminuindo os danos causados pelo consumo irresponsável e prezando pela destinação inadequada dos resíduos sólidos. (VIEIRA, K. N. et al, 2009, p. 121). Segundo Fontana e Aguiar (2001, p. 214) as empresas que trabalham pesquisando produtos e serviços que representem menores impactos ao meio ambiente acabam criando um diferencial no mercado e, com isso, abrem novos horizontes em seus lucros devido a implantação de um planejamento estratégico ligado à sua preocupação ambiental. Lacerda (2006, p. 476) explica que existe uma clara tendência a legislação ambiental caminhar no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos, e assim, responsáveis pela forma como o mesmo é descartado após seu consumo. Na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em 2010, pode-se perceber que esta tendência citada pelo autor já está se transformando em ações. 4 RESULTADOS Segundo dados obtidos pela CEMPRE (Compromisso Empresarial para a Reciclagem) e pela COMLURB (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), no Portal Globo.com, dentre os materiais coletados no ano de 2008, o de maior destaque é o papel e papelão que representa 39% de toda a coleta e o plástico com 22%.Dentre os com menor percentual de coleta, o alumínio aparece com apenas 1% dos materiais coletados, e segundo a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), em reportagem exibida em setembro de 2009, afirma que o Brasil reciclou 91,5% do total de latas de alumínio mantendo o Brasil na liderança mundial, pelo oitavo ano consecutivo. Comparando com o ano de 2004, é importante destacar o vidro que teve redução de 6% e o plástico que teve um aumento de 7%, podendo ser explicado pelo aumento das embalagens PET, que segundo Associação Brasileira de Indústria de PET (ABIPET), sua reciclagem tem crescido de forma significativa, assim como sua produção e consumo. Ao analisar a quantidade de municípios que realizam a coleta seletiva, conforme os dados da Figura 1, de 1994 até 2008, percebe-se um crescimento de 400% no número de municípios que realiza a coleta seletiva. FIGURA 1: Municípios com Coleta Seletiva. A Região Sudeste é aquela com o maior percentual de municípios realizando a Coleta Seletiva (48%), seguindo pela região sul com 35%. Em contrapartida, a região Norte possui apenas 2% dos municípios realizando tais processos, como se pode observar na Figura 2. FIGURA 2: Representatividade da Coleta Seletiva por Região. Não há dúvidas de que a coleta seletiva possui diversas vantagens em seu processo e funciona como um processo de educação ambiental que sensibiliza os cidadãos sobre os impactos do lixo no meio ambiente, porém, um dos impedimentos é o alto custo deste sistema. No Brasil, em 2008, o custo da Coleta Seletiva comparado com o custo da Coleta Convencional era 5 vezes maior. Porém, observamos que com o passar dos anos, desenvolvimento de tecnologias e processos, aumento da quantidade de municípios participantes de projetos de Coleta Seletiva, percebemos que o custo tende a cair. Conforme se observa na mesma figura de 1994 a 2008 os custos reduziram em 50%. Apesar de possuir objetivos sustentáveis e que visam melhorias nos processos de tratamento do lixo 5 CONCLUSÃO O foco principal do trabalho foi apresentar a aplicação de conceitos de Logística Reversa através de um Programa de Coleta Seletiva realizado pela: Prefeitura Municipal de Ourilândia do Norte (PMON) – Pará. Que desde 2006 já promove a educação ambiental e reutilização de materiais recicláveis, assunto decretado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010 ao sancionar a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). A nova legislação, além de institucionalizar a política, tem um viés educacional, na medida em que dispõe e esclarece sobre princípios, objetivos e instrumentos, concorrentemente, destaca as diretrizes relacionadas com a gestão integrada e quanto ao gerenciamento dos resíduos sólidos. Pontos fundamentais da política tais como logística reversa, o inventário de geração de resíduos e a gestão integrada dos resíduos são regulamentados nacionalmente. Ourilândia do Norte - PA, o crescimento e sucesso do programa implantado pela prefeitura de Coleta Seletiva comprova o que a atual PNRS visa orientar em todo o Brasil. Os benefícios ambientais do programa, percebidos através da correta destinação de resíduos, a reutilização de materiais recicláveis e da redução do lixo gerados nos aterros sanitários merecem destaque. Além disso, os benefícios sociais que vão desde a educação da população na redução de resíduos, reutilização e reciclagem até a geração de empregos, profissionalização de jovens em atividades relacionadas a logística reversa são vantagens que o programa pode proporcionar à população da região. As informações obtidas neste trabalho poderão ser utilizadas como modelo para outras prefeituras ou organizações que visam implementar programas ou projetos similares em suas regiões, focado na disposição correta dos produtos já consumidos e descartados, que a partir daí seguem com destino a serem reutilizados, reaproveitados ou reciclados, reduzindo a quantidade de materiais que seguem aos aterros sanitários, diminuindo impactos negativos ao meio ambiente e proporcionando à população uma visão sócio-ambiental e de responsabilidade integrada. 6 REFERÊNCIAS BARIFOUSE, Rafael. O Caminho do Lixo. Portal Época Negócios. Outubro, 2010. Disponível em: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI169234-16363,00- O+CAMINHO+DO+LIXO.html. BRAGA, Maria Cristina Borba; DIAS, Natália Costa. Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos. Volume 1. Curitiba, 2008. CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo. São Paulo: Humanitas, 1998. CANO, Lucila. Era uma vez uma garrafa PET. Jornal A Tribuna. 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