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Autor: Prof. Jair Aparecido Ártico Colaboradores: Prof. Santiago Valverde Prof. Jean Carlos Cavaleiro Logística Integrada: Produção e Comércio Professor conteudista: Jair Aparecido Ártico Jair Aparecido Ártico, 48 anos, casado, paulista, nascido e residente na Capital. • Formação Mestre em administração de empresas, especialista em docência do ensino superior, graduado em administração de empresas. Tem, ainda, complementação pedagógica, licenciatura plena em matemática e é técnico em informática. • Lugar institucional Atua como professor e coordenador de pós‑graduação na UNIP (Universidade Paulista), desde 2006 é professor orientador do PIM (Projeto Integrado Multidisciplinar) dos cursos de gestão / EaD e representante suplente da Fig‑Unimesp (Centro Metropolitano de São Paulo) no Conselho de Desenvolvimento Econômico de Guarulhos. • Trajetória profissional Tem mais de 29 anos de experiência profissional adquirida em diversas empresas, sendo algumas delas na área de administração e informática, como Grupo Ultra, Volkswagen e Ford. Desenvolveu diversas atividades na área de administração, informática e logística, como a autoria do material didático: Logística Integrada: Produção e Comércio. Atualmente, é professor de diversas disciplinas na área de Negócios e Logística, líder de disciplinas de Estatística Aplicada e Matemática Aplicada, importantes como disciplinas de apoio ao curso de Logística, e coordenador de curso de MBA em Engenharia Logística na Unip. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A787 Ártico, Jair Aparecido Logística integrada : produção e comércio. / Jair Aparecido Ártico ‑ São Paulo: Editora Sol, 2013. 152 p., il. Notas: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑060/13, ISSN 1517‑9230. 1. Administração 2. Logística 3. Produção e comércio I. Título CDU 658.78 U502.49 – 19 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Amanda Casale Vitor Andrade Del Mastro Sumário Logística Integrada: Produção e Comércio APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO PARA ATENDER AO COMÉRCIO ..........................................................11 1.1 Logística integrada .............................................................................................................................. 13 2 INTEGRAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO – SUPPLY CHAIN MANAGEMENT ...................... 18 2.1 Eixos de abrangência da SCM ......................................................................................................... 21 2.2 Gerenciamento da cadeia de suprimento .................................................................................. 22 2.3 Elementos da cadeia de abastecimento integrada ................................................................. 23 2.3.1 Planejamento ........................................................................................................................................... 23 2.3.2 Compras ...................................................................................................................................................... 23 2.3.3 Produção .................................................................................................................................................... 24 2.3.4 Distribuição ............................................................................................................................................... 27 2.4 Níveis da Cadeia de Suprimentos .................................................................................................. 29 2.4.1 Cadeia de Suprimentos Total ............................................................................................................ 29 2.4.2 Cadeia de Suprimentos Imediata .................................................................................................... 30 2.4.3 Cadeia de Suprimentos Local ........................................................................................................... 30 2.5 Atividades da Cadeia de Suprimentos ......................................................................................... 31 2.5.1 Atividades primárias ............................................................................................................................. 31 2.5.2 Atividades secundárias ........................................................................................................................ 33 2.6 Ferramentas de apoio ao SCM ........................................................................................................ 35 2.6.1 CRM .............................................................................................................................................................. 37 2.6.2 2.6.2 Classificação e codificação de materiais ............................................................................ 38 2.6.3 Identificação por radiofrequência ................................................................................................... 43 2.6.4 EDI – Eletronic Data Interchange ..................................................................................................... 45 2.6.5 ECR – Efficient Consumer Response ............................................................................................... 48 2.6.6 Rastreamento de frotas ........................................................................................................................ 49 2.7 O produto da cadeia de suprimentos/logística ........................................................................ 52 2.7.1 Natureza do produto logístico / Cs ................................................................................................. 52 2.7.2 Classificando produtos ......................................................................................................................... 53 2.7.3 Produtos de consumo ........................................................................................................................... 53 2.7.4 Produtos de conveniência ................................................................................................................... 53 2.7.5 Produtos de concorrência ................................................................................................................... 54 2.7.6 Produtos de especialidade ..................................................................................................................55 2.7.7 Produtos industriais ............................................................................................................................... 56 2.7.8 O ciclo de vida dos produtos .............................................................................................................. 57 2.7.9 A curva 80‑20 .......................................................................................................................................... 59 Unidade II 3 GESTÃO DA PRODUÇÃO ............................................................................................................................... 63 3.1 Evolução da produção para atender a demanda .................................................................... 63 3.2 Classificações dos sistemas de produção ................................................................................... 65 3.2.1 Elementos Constituintes ...................................................................................................................... 66 3.2.2 Formas de Produção .............................................................................................................................. 68 3.2.3 Sistemas flexíveis de manufatura .................................................................................................... 70 3.2.4 Contribuição japonesa aos sistemas de produção .................................................................... 71 4 ARRANJO FÍSICO E FLUXO ........................................................................................................................... 74 4.1 Conceito e aplicação ........................................................................................................................... 74 4.2 Tipos de Processos ................................................................................................................................ 75 4.2.1 Processos por projeto ............................................................................................................................ 75 4.2.2 Processos por Jobbing ........................................................................................................................... 76 4.2.3 Processos por lote ................................................................................................................................... 76 4.2.4 Processos de produção em massa .................................................................................................... 76 4.2.5 4.2.5 Processos contínuos ................................................................................................................... 77 4.2.6 Processos em Operações de Serviços profissionais ................................................................... 77 4.2.7 Processos em serviços de massa ....................................................................................................... 77 4.2.8 Processos em lojas de serviços .......................................................................................................... 78 4.3 Tipos de arranjo físico ......................................................................................................................... 78 4.4 O arranjo físico em relação às dimensões volume/variedade ............................................ 83 Unidade III 5 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO .................................................................................... 89 5.1 O que é planejamento e controle? ................................................................................................ 89 5.2 Tarefa de planejamento e controle ............................................................................................... 90 5.3 Funções de longo prazo do PCP ..................................................................................................... 91 5.4 Funções de médio prazo .................................................................................................................... 91 5.5 Funções de curto prazo ...................................................................................................................... 91 5.6 Natureza da demanda e do fornecimento ................................................................................. 92 5.7 Demanda versus capacidade de produção ................................................................................ 93 5.7.1 Restrições de capacidade .................................................................................................................... 94 5.7.2 Sazonalidade da demanda .................................................................................................................. 96 5.7.3 Métodos de previsão da demanda ................................................................................................... 96 6 INTEGRAÇÃO DA PRODUÇÃO COM OUTRAS ÁREAS ........................................................................ 97 6.1 Marketing ................................................................................................................................................ 97 6.2 Quem manda: Marketing ou Logística? ...................................................................................... 98 6.3 Transporte ................................................................................................................................................ 99 6.3.1 A escolha do serviço de transporte ...............................................................................................100 6.3.2 Compensações básicas de custos ...................................................................................................100 6.3.3 Considerações sobre competitividade ..........................................................................................100 6.4 Sistemas de informação ..................................................................................................................101 6.5 Gerenciamento de estoque pelo fornecedor ..........................................................................103 6.6 Comércio eletrônico ..........................................................................................................................103 6.7 Estoque ...................................................................................................................................................105 6.7.1 Decisões sobre política de estoques ..............................................................................................106 6.7.2 Razões da existência dos estoques ................................................................................................106 6.7.3 Previsão de estoques ...........................................................................................................................109 6.7.4 Razões a favor dos estoques .............................................................................................................111 6.7.5 Razões contra os estoques ................................................................................................................ 112 6.7.6 Controle de estoque guiado pela oferta ..................................................................................... 113 6.7.7 Estoques virtuais ...................................................................................................................................113 6.7.8 Dimensionamento de estoques ......................................................................................................114 Unidade IV 7 LOGÍSTICA REVERSA..................................................................................................................................... 118 7.1 Conceitos ...............................................................................................................................................118 7.2 Classificação ........................................................................................................................................120 7.2.1 Pós‑venda ............................................................................................................................................... 120 7.2.2 Pós‑consumo ......................................................................................................................................... 120 7.3 A importância dos 4Rs .....................................................................................................................120 7.4 Canais de distribuição ......................................................................................................................120 7.5 Programas..............................................................................................................................................121 7.6 Etapas do processo de reciclagem ...............................................................................................122 7.6.1 Classificação logística reversa pós‑vendas ................................................................................ 122 7.6.2 A classificação reversa de pós‑consumo .................................................................................... 124 8 QUESTÕES LEGAL, AMBIENTAL E ESTRATÉGICA ................................................................................127 8.1 Questão legal .......................................................................................................................................127 8.1.1 Fatores de influência na organização das cadeias reversas ............................................... 127 8.1.2 Condições essenciais de organização e implementação da logística reversa em um canal reverso ..................................................................................................................................... 128 8.1.3 Fatores necessários para a organização de um canal de distribuição reverso de pós‑consumo (CDR) ................................................................................................................................. 129 8.1.4 Fatores modificadores da organização de um canal de distribuição reverso (CDR) ...............129 8.1.5 Revalorização legal dos bens de pós‑consumo ........................................................................131 8.2 Questão ambiental .............................................................................................................................131 8.3 Questão estratégica ...........................................................................................................................134 9 APRESENTAÇÃO Caro aluno, Por meio do conhecimento da logística integrada, você terá oportunidade de conhecer como as empresas utilizam essa ferramenta de forma estratégica e como é realizada a integração com as outras áreas da empresa, principalmente com a área comercial. O desenvolvimento tecnológico tem acarretado inúmeras transformações na sociedade contemporânea, especialmente nos últimos anos. A sociedade tem se beneficiado desse progresso, usufruindo dos recursos tecnológicos muitas vezes sem ter consciência de seus usos e a importância em seu cotidiano. Com o aprimoramento da tecnologia, a logística pôde melhorar sua administração, tanto no controle de estoque, armazenamento e distribuição, como em outros aspectos: o maior beneficiado com isso foi o consumidor, que hoje pode contar com os produtos entregues em sua casa, com precisão e qualidade. Com o aprendizado adquirido em logística, você terá condições de entender melhor a dinâmica da logística e, principalmente, poderá analisar todas as etapas necessárias para que o produto siga à casa do consumidor da melhor forma possível. É uma disciplina atraente e utilizada por diversas pessoas, muitas vezes de forma inconsciente. Quando for estudar as outras disciplinas do curso de gestão, você entenderá melhor a relação entre as diversas áreas da logística. O objetivo desta disciplina é mostrar que o ponto forte da logística é a integração com a produção e o comércio, procurando sempre atender na hora certa, sem necessidade de excessos de estoques e nunca deixando faltar qualquer item, procurando dar o máximo de atendimento ao cliente. Também buscaremos entender como funciona o processo logístico, a cadeia produtiva e a gestão de operações, considerando uma visão sistêmica das empresas comerciais, industriais e de serviços. INTRODUÇÃO No mundo moderno e em constante evolução, as empresas travam batalhas ferrenhas para conquistar maiores espaços, aumentar seus clientes, além de melhor atendê‑los. Por mais que as empresas atinjam esses objetivos, elas sempre vão encontrar empresas que façam mais, e é por isso que a busca pela excelência deve ser algo corriqueiro e comum dentro das organizações. A logística, hoje, é considerada por diversos autores e pelo mercado empresarial como estratégica para os objetivos empresariais. Na última década, as mudanças foram diversas, principalmente nas exigências dos consumidores, que estão cada vez mais ativos e na expectativa de produtos mais modernos e inovadores; as redes de suprimentos se alternam entre mercado doméstico e internacional, a tecnologia da informação alterou a velocidade decisória e a internet trouxe as informações de mercado para o momento – real time. Por mais que a Logística seja importante para os anseios empresariais, ela não consegue fazer nada sozinha, pois os consumidores não enxergam a empresa pelos departamentos e áreas separadas e sim por sua totalidade. O erro percebido pelo consumidor atinge a empresa como um todo. Neste livro‑texto, você terá a oportunidade de estudar a logística integrada com outras áreas da empresa, principalmente Marketing e Produção. A logística é um assunto de grande relevância no setor 10 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 10 empresarial, já que, se bem aplicada, possibilita o aumento do nível de serviço ao cliente e a redução de custos. Para Christopher (1999) e Bowersox (2001), a relação entre o marketing e a produção está evidenciada na própria missão de logística através de seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura por meio do atendimento dos pedidos a baixo custo e da melhoria das operações relevantes de produção e marketing. 11 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO Unidade I 1 EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO PARA ATENDER AO COMÉRCIO Imagine como era fabricar e entregar produtos nas épocas mais antigas da história da humanidade. As mercadorias mais necessárias não eram produzidas próximas aos lugares nos quais eram mais consumidas e nem estavam disponíveis nas épocas de maior procura. Alimentos e outras commodities eram espalhados pelas regiões mais distantes, sendo abundantes e acessíveis apenas em determinadas ocasiões do ano. O homem primitivo, para poder sobreviver e atender às suas necessidades, consumia as suas mercadorias nos locais de origem. Naquela época, não existia um sistema de logística que pudesse movimentar e armazenar as mercadorias e levá‑las aos consumidores. Por causa do problema da inexistência de um sistema de transporte e armazenamento, as pessoas eram obrigadas a viver próximas aos locais das fontes de produção,limitando, assim, o consumo. Após algumas centenas de anos, muitas mudanças ocorreram no segmento de transporte e armazenagem. Uma das ferramentas mais importantes nesse processo de mudança foi a tecnologia. A logística empresarial é um campo relativamente novo no estudo da gestão integrada, como finanças, marketing e produção. Como visto anteriormente, a atividade logística ocorria somente por meio das pessoas. Nesta apostila, você terá a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a área de logística, especificamente sobre a integração com produção e comércio. Nas últimas décadas, o papel logístico dentro das organizações tornou‑se fator decisivo e de vantagem competitiva. Atualmente, ter a gestão da logística nas empresas modernas aliada à visão de negócio é fundamental para sua sobrevivência e posicionamento. O papel da logística no negócio aumentou tanto em escopo, quanto em importância estratégica. Conforme Ballou (1993, p. 27), “a logística empresarial é um campo fascinante e em expansão, com potencial para a alta administração”. Para Severo Filho (2006, p. 20), “a logística é a organização do fluxo dos materiais, desde o fornecedor até o cliente final”. Segundo o autor, o processo envolve todas as funções de compras, planejamento e controle da produção — PCP, além de distribuição, efetivo de informações e uma estrita conformação com as necessidades dos clientes. Perceba que a logística é a grande responsável por buscar a matéria‑prima, levá‑la e movimentá‑la para a indústria dentro da organização, relacionando as funções de compras, planejamento e controle da produção e chegar até o cliente final, conforme figura 1. Aparentemente, isso é simples, mas quando verificamos que é necessário pensar de que forma transportar grandes materiais, em que locais serão estocados (matérias‑primas, semiacabados ou acabados), como esse arranjo deve ser realizado de forma 12 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 segura e em quantidades suficientes e que faça que a organização consiga se antecipar às necessidades dos seus clientes, percebe‑se, então, a força da logística e sua importância. Logística de abastecimento • Sistema • Transporte • etc. Logística interna • PCP • Estoque • etc. Logística de abastecimento • Sistema • Transporte • etc. Logística Integrada NOVA VISÃO DA LOGÍSTICA Figura 1 – Logística empresarial A logística também está em sua vida pessoal, está em sua casa. Quando realizamos uma compra no supermercado, compramos os produtos necessários para o consumo e, mesmo sem o conhecimento da administração de estoque, compramos produtos para serem consumidos no mesmo dia por serem altamente perecíveis, como pães e bolos, produtos menos perecíveis a serem consumidos em uma semana, como frutas e legumes, e produtos que poderão ser consumidos em um mês. É interessante perceber que praticamos o cálculo da quantidade para cada grupo de alimento, de acordo com a quantidade a ser consumida e prazo de validade, conforme a perecibilidade, a fim de evitar os desperdícios com a perda de alimentos, bem como um impacto negativo na área financeira da casa. Se o tomate estiver numa promoção imperdível, por exemplo, devemos investir na compra, porém, na quantidade certa, porque se a quantidade for superior ao necessário para o consumo, haverá prejuízo. Após a compra desses produtos, realizamos o transporte até a casa, da melhor forma possível. Exemplo: os produtos frágeis, como ovos, pães e biscoitos são acondicionados no porta‑malas por último e por cima de outros alimentos. Ao chegar a casa, faz‑se o descarregamento dos produtos e seu armazenamento. Normalmente, para armazenar os produtos, primeiramente retiramos aqueles que estão com o prazo de vencimento menor e os colocamos para serem consumidos antes. Alguns produtos são armazenados na geladeira, para obter maior durabilidade, enquanto outros são armazenados próximos ao fogão, pois são de uso diário. Há também os produtos que são armazenados em banheiros, pois são de higiene pessoal e assim por diante. Perceba que o conceito de logística está sendo aplicado em sua vida. Tudo isso é feito pelo hábito. Em uma empresa, a área de logística funciona de maneira similar, em que os produtos são os insumos, como matéria‑prima, suprimentos e outros. Porém, na organização, essa administração ocorre de forma estratégica, pois a empresa atua em um cenário competitivo em que a sobrevivência não depende apenas da administração interna, mas sim de um conjunto de fatores, principalmente do comércio. 13 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO Você já deve ter observado em sua casa que, às vezes, mesmo fazendo a compra e o armazenamento dos produtos adequadamente, muitos deles estragam e perde‑se dinheiro. Por que ocorre isso? Geralmente, por causa de uma má gestão da real necessidade daquele produto. Por exemplo: você imaginou que naquele mês usaria três quilos de açúcar, mas na hora da compra esqueceu que você faria uma viagem e não seria necessário comprar tal quantidade. Você pode comentar que a validade do açúcar não acaba em um mês, mas, se analisarmos outros aspectos, veremos que o adequado não foi feito. Você investiu um dinheiro que poderia ser utilizado para a compra de outros produtos, ou para investimentos que lhe trouxessem algum retorno, sem contar que a qualidade do produto não seria a mesma. O ideal é que os produtos comprados sejam suficientes para o seu consumo. A lógica é ter o produto certo, na hora certa e na quantidade certa. 1.1 Logística integrada Para melhor entendimento da logística integrada, simulemos a preparação de uma feijoada para venda. A feijoada, uma paixão nacional, exige diversos processos administrativos e logísticos, como: estimativa de demanda (que irá variar em função do número de pessoas), compra de ingredientes (linguiça, feijão preto, paio, rabo de porco etc); armazenagem dos ingredientes (pois alguns deles devem ser tratados de forma especial), tempo de preparação, distribuição do produto e retroalimentação – quando os consumidores emitem opiniões, favoráveis ou não, relacionadas diretamente à qualidade da feijoada, acomodação, ambiente e outros. Perceba, então, que existe uma relação muito grande entre os diversos parceiros. E as áreas também devem estar relacionadas para que seja feita uma ótima feijoada. Os parceiros são os fornecedores e a escolha será sempre pela qualidade. Podemos considerar a área da empresa como as pessoas que irão preparar a feijoada: a tia, a mãe, a esposa, enfim, uma pessoa que tenha preparo para isso. Note, também, que a compra dos ingredientes pode ocorrer em diversos fornecedores ou em um único fornecedor, desde que os ingredientes sejam adequados à preparação; do outro lado, as pessoas envolvidas geralmente são divididas em grupos, como: financiamento da feijoada, compra dos ingredientes, armazenamento do produto, seu preparo e organização da mesa e outros afazeres. No desenvolvimento da apostila, você entenderá melhor todo esse processo necessário para se ter uma excelente logística. Figura 2 – Preparo de feijoada 14 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09/0 8/ 11 A administração da logística integrada exige que todas as etapas do processo da fabricação sejam cumpridas, quer sejam internas ou externas. O importante é que a feijoada seja apreciada por todos, pois o objetivo principal é satisfazer o meu consumidor. O desafio não é apenas possuir uma boa cozinheira para o preparo da feijoada, mas também se atentar em como esses materiais chegaram para sua realização, a quantidade que chegou, se está adequada, bem como a qualidade do material. Perceba que existe uma logística importante no processo de fabricação da feijoada. Atenta‑se à preparação de todo o material necessário (nem mais nem menos, mas na quantia exata). Outro elemento importante nessa análise é o marketing responsável por divulgar a venda da feijoada. Se não houver integração dessas áreas, certamente ocorrerão problemas. Por exemplo: Se foi realizada uma pequena divulgação sobrará feijoada na hora do almoço. Isso resultará em prejuízo, uma vez que esse alimento é perecível. Se vierem muitos consumidores, a feijoada acabará, e, consequentemente, não atenderá a todos; o consumidor ficará frustrado e não voltará mais. Esse exemplo demonstra que apesar do preparo da feijoada ser fácil exige‑se muito conhecimento de mercado e de logística. Para que haja um excelente resultado da logística, é necessário, e fundamental, que ela se relacione com outras áreas, como apresentado a seguir. O movimento na logística integrada se manifesta assim: 1. O movimento de dados e decisões que orienta a empresa. 2. A pesquisa de transações pessoais, bem como a pesquisa de mercado (verificação do porte do mercado em que a empresa está envolvida), impulsiona a participação da empresa no mercado, além de ser parâmetro sequencial para o plano de entregas aos clientes. 3. O plano de entregas aos clientes tem feed‑back com faturas, ordens e dados de vendas, planejamento de estoque, além de ser parâmetro sequencial do processo de armazenagem de produtos finais, bem como planejamento de transportes e, principalmente para o plano de produção. 4. O plano de produção tem feedback do planejamento de estoque, além de servir como parâmetro sequencial do processo de armazenagem de produtos finais, bem como planejamento de transportes e, principalmente, para o MRP — Material Requirement Planning. 5. O MRP serve de parâmetro sequencial para o processo de armazenagem de materiais e planejamento de transportes, para o planejamento de inventários e, principalmente, para o plano de suprimentos. 6. O plano de suprimentos tem feedback do planejamento de inventários e também tem os fornecedores representados pelas ordens e especificações de uso, as faturas e os dados dos fornecedores, além de servir como parâmetro sequencial para o processo de armazenagem de materiais e planejamento de transportes. 15 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO 7. A sequência do processo físico e operacional possui a seguinte ordem: estoque de recebimentos, produção, armazenagem e entrega ao cliente. Possui feedback do plano de entregas aos clientes, e o estoque do cliente resulta no movimento de logística integrada. Para verificar a entrega ao cliente, é necessário ter em mente, ainda no movimento de logística integrada, o sistema integrado de logística, que se manifesta da seguinte forma: 1. A previsão de vendas auxilia com informações o planejamento e controle de produção (PCP). 2. O PCP provê informações ao abastecimento e a montagem, e também possui feedback do depósito de acabados. 3. Os fornecedores provêm informações ao estoque de material, que, por sua vez, provê informações ao planejamento e controle de produção e a fabricação de componentes. 4. A produção de componentes fornece informações ao estoque de componentes que, por sua vez, provê informações à montagem. 5. A montagem fornece informações ao depósito de acabados e aos clientes e também as recebe do abastecimento. Todo esse processo logístico evidencia três conceitos importantes na logística: 1. Sistema é um conjunto de grupos de atividades, as quais parecem não ser dependentes, mas que, agindo de forma interrelacionada, possibilitam a conclusão de um objetivo. 2. Os grupos de atividades são subsistemas especialistas; apesar de todas as atividades estarem otimizadas, elas não garantem a otimização do sistema. 3. As interfaces são fronteiras tênues e ficam entre grupos de atividades que possibilitam o fluxo de informações e materiais em sincronia. Como relatado no exemplo da feijoada, há uma mera simplicidade em seu preparo. Na verdade, é necessário pensar em determinadas atividades até se chegar ao produto final. Alguns termos tratados até aqui como o PCP e o MRP serão esclarecidos no decorrer da apostila. A logística vem se aperfeiçoando e modificando sua forma de atuação. Hoje, o conceito de logística mudou, pois não está mais limitado à obtenção e movimentação de materiais e à distribuição de produtos. Agora, a logística é integrada e é muito mais atuante. Esta provê uma visão mais ampla: envolve fornecedor, empresa e clientes, compreendendo tanto o suprimento físico de matéria‑prima como também a distribuição física do produto. Segundo Ballou (1993), ela está associada ao estudo e administração de fluxos de bens e serviços, juntamente com a informação que os movimenta. 16 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 De acordo com Jacobsen (2003), a logística integrada busca a aproximação não só do cliente (consumidor final) mas também de fornecedores. É um trabalho conjunto na promoção da qualidade, seja no produto que está vendendo, seja no atendimento que está recebendo. “Há uma corrida em andamento para a integralização da cadeia logística. Está se tornando evidente a necessidade de estender a lógica da integração para fora das fronteiras da empresa para incluir fornecedores e clientes” (CHING, 1999). Novaes (2004) explica que a moderna logística procura incorporar: prazos previamente acertados e cumpridos integralmente; integração efetiva e sistêmica entre todos os setores da empresa; estreita parceria com fornecedores e clientes; busca da otimização global, envolvendo os processos e a redução de custos; satisfação plena do cliente, conforme mostra a figura 3: Figura 3 – logística integrada Conforme a figura 3, há uma integração entre a logística e as outras áreas, principalmente entre os departamentos de marketing e produção. De acordo com a situação de mercado (números de clientes, pedidos, preço etc), existe uma possibilidade maior de consumo. Dependendo do mercado, esse consumo pode ser maior ou menor. A empresa depende de uma expectativa do mercado para fazer o seu planejamento logístico, isto é, para realizá‑lo, é necessário possuir conhecimento de marketing e esse conhecimento tem que ser o mais correto possível. Conforme a situação de mercado, o gestor pode administrar: o material que será utilizado na fabricação do produto; quais tipos de materiais deve comprar; como organizar e entregar o estoque; qual o menor prazo possível e assim por diante. Sabemos que a empresa quer satisfazer o cliente, porém, enfrenta concorrência acirrada pela disputa do mercado. O cliente de hoje tem muitas informações e também possui poder absoluto para decidir a melhor empresa para atender aos seus interesses; essa nova ordem transformou, drasticamente, as relações comerciaisentre clientes e empresas. 17 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO Pensar de forma estratégica para todos os envolvidos no processo de comercialização dos produtos e bens, uma vez que os serviços que agregam valor ao cliente se tornaram um elemento a mais a ser oferecido (como garantias), o serviço de pós‑venda já não é mais o diferencial, e também passou a ser item obrigatório para as empresas atuantes. Daí o porquê da logística se caracterizar como área responsável por manter a empresa com fôlego para enfrentar a concorrência, pois é preciso que toda a organização esteja em constante troca de informações tanto interna como com parceiros comerciais. Agora, é importante discutir com fornecedores e prestadores de serviços a perfeita sincronia no atendimento à demanda. A empresa tem que atender seu cliente de forma rápida, precisa, com os melhores produtos, no prazo certo e, ainda, ser competitiva no preço. Esse novo cenário torna a logística uma área estratégica da empresa. É importante relatar que a empresa não tem condições de atuar sozinha para atender às exigências dos clientes, e também que é necessário que todas as empresas que são responsáveis pelos produtos – desde a matéria‑prima até a entrega final ao cliente – se unam e trabalhem da forma mais eficaz possível. Quando a Ford iniciou as suas operações, pretendia ter o controle de todo o processo de fabricação do automóvel. A empresa chegou a produzir os tecidos dos bancos e os pneus de seus automóveis. Com o tempo, percebeu que não poderia deter o conhecimento de diversos segmentos e produzir sempre o melhor material. Pouco a pouco, a empresa foi se conscientizando da importância de ter parceiros para realização do seu produto, o automóvel. O resultado está hoje no mercado, a Ford trata exclusivamente da montagem dos automóveis, e possui centenas de fornecedores que produzem matérias‑primas cada vez mais adequadas ao mercado e, consequentemente, para melhor atender seus clientes. Saiba mais Se você quiser saber mais sobre o mundo mágico dos carros, como foi o seu início e como surgiram algumas invenções, acesse o endereço disponível em: <http://dirceuhnilica4.blogspot.com/2010/11/producao‑linh a‑de‑montagem.html>. Acesso em: 27 jul. 2011. A linha de produção em larga escala de automóveis com preços acessíveis foi lançada por Ransom Olds, em sua fábrica Oldsmobile, em 1902. Esse conceito foi amplamente expandido por Henry Ford, com início em 1914. Como resultado, os carros da Ford saiam da linha em quinze intervalos (de um minuto cada), sendo muito mais rápido que métodos anteriores, aumentando em oito vezes a produtividade (que requeriam 12,5 horas‑homem e 1 hora e 33 minutos depois), utilizando menos recursos humanos. 18 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 Isso foi tão bem sucedido que a pintura tornou‑se um gargalo. Somente a cor “negro japonês” secava rápido o suficiente, forçando a empresa a deixar cair a variedade de cores disponíveis antes de 1914, até quando o verniz Duco, de secagem rápida, foi desenvolvido, em 1926. Essa é a fonte da observação da Ford, “qualquer cor, desde que seja preto”. Em 1914, um trabalhador de linha de montagem poderia comprar um modelo T com o pagamento de quatro meses. O que a Ford quis inserir dentro de sua organização era um controle total de todas as matérias‑primas necessárias para realização de um produto (que no caso era o carro). Hoje, percebe‑se com maior clareza que esse modelo não tinha como dar certo. Não é possível uma empresa ter competência em todos os segmentos. Atualmente, a ideia é focar no principal segmento da empresa e contar com parceiros para a realização de seu negócio. Por isso, é muito importante estudar as cadeias e suprimento, e isso será nosso próximo assunto. 2 INTEGRAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO – SUPPLY CHAIN MANAGEMENT Até agora você verificou a importância da logística no processo de levar o produto até o consumidor. Autores como Balou, Jacobsen, Ching e Novaes, além de muitos outros, dizem que a logística não pode ficar somente com foco na movimentação de materiais, mas sim ter o aspecto de integração entre os departamentos, fornecedores e clientes, sem deixar de lado o fluxo de informação. Para atender a todos esses requisitos, a logística foi ampliada à cadeia de suprimentos. De acordo com Bertaglia (2009, p. 5), a cadeia de abastecimento ou suprimento corresponde ao conjunto de processos requeridos para obter materiais e agregar‑lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e consumidores, bem como disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores desejarem. Segundo o dicionário da APICS, uma cadeia de suprimentos pode ser definida como: • Os processos que envolvem fornecedores‑clientes e ligam empresas (desde a fonte inicial de matéria‑prima até o ponto de consumo do produto acabado). • As funções dentro e fora de uma empresa que garantem que a cadeia de valor possa fazer e providenciar produtos e serviços aos clientes. O processo de implantação do conceito de Supply Chain Management — SCM passa, invariavelmente, por sete fases ou processos‑chaves, conforme descreve Fleury et al (2000:45): 1ª fase – Relacionamento com os clientes. 2ª fase – Serviço aos clientes. 3ª fase – Administração da demanda. 4ª fase – Atendimento de pedidos. 19 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO 5ª fase – Administração do fluxo de produção. 6ª fase – Compras/suprimento. 7ª fase – Desenvolvimento de novos produtos. A figura 4 mostra a cadeia de suprimentos de uma empresa. Verifique como é complexa a administração de todo o processo por uma única instituição. A empresa não tem condições de controlar integralmente seu canal de fluxo de produtos da fonte da matéria‑prima até os pontos de consumo. Cada uma fica responsável por sua logística, gerenciando os canais físicos imediatos de suprimentos e distribuição. Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística Integrada Logística de abastecimento Logística interna Logística de distribuição FábricaFornecedorFornecedor Cliente imediato /distribuidor Cliente final Vender e atender ao cliente Produzir Figura 4 – Cadeia de suprimentos Atualmente, os consumidores estão mais exigentes e querem produtos cada vez melhores, com entrega no prazo e sempre que precisarem. Os consumidores, muitas vezes, não entendem como funciona uma rede de distribuição e muitos deles não querem saber como funciona, eles desejam, na verdade, que o produto esteja à sua disposição. Mas, afinal, quais são os elementos envolvidos para que as necessidades de uma cadeia de suprimentos seja bem sucedida? Vários são os elementos obrigatórios para a implantação bem sucedida, porém, frequentemente, todos estão sobrepostos e dependentes entre si. • Confiança Permite que os fornecedores participem e contribuam para o ciclo de desenvolvimento de novos produtos. Sem confiança, nenhum dos demais elementos é possível. 20 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en- 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 • Relações de longo prazo Permitem visão estratégica compartilhada. O termo, frequentemente utilizado para o estabelecimento dessas relações, é “contratos perenes”, que implica na renovação automática dos contratos com os fornecedores e em quando seu desempenho está de acordo com o contratado. Observação A equipe da empresa Motorola visita a fábrica de seus fornecedores a cada dois anos para avaliá‑los e assim manter a relação contratual. • Compartilhamento de informações Entre fornecedores e clientes. Essas informações poderão incluir questões desde as especificações de projeto de novos produtos até o planejamento e a programação da capacidade, ou o acesso a uma base de dados completa do cliente (entenda mais por meio da ferramenta CRM). • Forças individuais da organização Uma empresa inicia uma relação de longo prazo com um fornecedor, então, passa a ser importante para ela que seu fornecedor permaneça no mercado por bastante tempo. Dessa forma, um bom cliente irá trabalhar com seu fornecedor para garantir que ele seja lucrativo e mantenha‑se bem financeiramente. Para que o produto esteja nas mãos dos consumidores e atenda as suas expectativas, é necessário que haja um gerenciamento dessa cadeia. Na logística, o termo utilizado para esse gerenciamento é Supply Chain Management. A ideia da SCM é captar a essência da logística integrada, bem como destacar as interações logísticas que ocorrem entre as funções de marketing, logística e produção no âmbito de uma empresa, e dessas mesmas interações entre as empresas legalmente separadas no âmbito do canal de fluxo de produtos. Não existe qualquer literatura que define corretamente o surgimento do termo Supply Chain Management. Alguns autores dizem que o termo surgiu no começo dos anos 80, outros afirmam que ele já era utilizado na década de 1970, e que representava a integração entre os departamentos de almoxarifado e transporte nos processos de distribuição. No mundo acadêmico, apenas nos últimos anos esse termo foi reconhecido oficialmente na gestão de operações. Sobre esse reconhecimento a partir dos anos 90, Lummus e Voturka (1999) apresentam três razões principais que podemos sintetizar da seguinte forma: 1. As empresas estão cada vez menos verticalizadas, mais especializadas e procurando fornecedores que possam abastecê‑las com componentes de alta qualidade e a um baixo preço. 21 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO 2. O crescimento da competição no contexto doméstico e internacional. 3. O entendimento de que a maximização do desempenho de um elo da SCM está distante de garantir seu melhor desempenho. 2.1 Eixos de abrangência da SCM Por sua característica abrangente e contemporânea, a SCM é notadamente uma área multifuncional e ainda é difícil de ser classificada. Entretanto, podemos considerar que seu escopo possui ao menos três grandes eixos de atuação, conforme esboçado na figura: Processos de negócios Tecnologia, inciativas, práticas e sistemas Organização e pessoas Figura 5 – Os três eixos de atuação da SCM Fonte: PIRES (2004) 1. Processos de negócios: contempla os processos de negócios que devem ser executados efetivamente ao longo da SCM. Esse eixo representa o porquê da existência e a finalidade principal da SCM. 2. Tecnologia, iniciativas, práticas e sistemas: representam os meios atuais e inovadores que viabilizam a execução dos processos de negócios‑chave na SCM. 3. Organização e pessoas: contempla a estrutura organizacional e a capacitação institucional e pessoal capaz de viabilizar uma efetiva SCM. Representa as transformações em termos de estrutura organizacional e de capacitação da empresa, e também de seus colaboradores para que o modelo gerencial de SCM possa ser, de fato, entendido, viabilizado e implementado. 22 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 Hora de refletir Imagine você administrar uma empresa que faz parte desse processo de logística integrada e, que nesse processo, é aplicado a Supply Chain Management. O que muda para a empresa e para o consumidor? Resposta: Se você respondeu que as empresas estão obtendo sucesso no compartilhamento de informação com fornecedores e reduzindo níveis de estoques, entendendo como funciona cada parte do processo do produto, e também promovendo melhoria dos custos ou serviços aos consumidores e produtos, está de parabéns! Percebeu o porquê de gerenciar uma cadeia de suprimentos. Todos ganham (empresas e consumidores). Caso sua resposta não tenha sido próxima ao comentado acima, fique calmo. Respire. Temos muito mais informações sobre a SCM e tenho certeza que esse assunto ficará claro. 2.2 Gerenciamento da cadeia de suprimento De acordo com Fleury, Figueiredo e Wanke (2009, p. 110), o conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos está baseado no fato de que nenhuma empresa existe isoladamente no mercado. Uma complexa e interligada cadeia de fornecedores e clientes na qual fluem matérias‑primas, produtos intermediários, produtos acabados, informações e dinheiro é responsável pela viabilidade do abastecimento dos mercados consumidores. Com as enormes pressões competitivas existentes atualmente, a atividade de gerenciar a cadeia de suprimentos tem tido cada vez mais espaço nas relações de negócios. Propõe‑se que a competição no mercado ocorre, de fato, no nível das cadeias produtivas e não apenas no nível das unidades de negócios isoladas. Os comentários dos autores acima demonstram como a concorrência mudou nos últimos anos; aquela ideia de que o concorrente da empresa é somente a outra empresa já não é totalmente verdade, pois agora o que está em jogo é que inúmeras empresas que compõem uma cadeia de suprimentos estão concorrendo com muitas outras que compõem a outra cadeia. Um ponto que é considerado uma vantagem competitiva para as organizações (que realmente compreendem o seu papel estratégico) é o perfeito entendimento da cadeia de abastecimento integrada. Lembrete O consumidor tem se tornado cada vez mais exigente, obrigando as organizações a se preocupar em principalmente com preço, qualidade e nível de serviço. 23 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO 2.3 Elementos da cadeia de abastecimento integrada De acordo com Bertaglia (2009, p. 28), os elementos da cadeia de abastecimento podem ser divididos em: • Planejamento. • Compras. • Produção. • Distribuição. 2.3.1 Planejamento Para que toda cadeia de abastecimento tenha sucesso, é necessário que as empresas concentrem seus esforços em algumas atividades que afetarão seu desempenho como: • Desenvolvimento de canais. • O planejamento de estoque, produção e distribuição envolvendo transporte. • A estimativa de vendas e o planejamento da demanda. • O lançamento de produtos. • Promoções. Se cada elemento ou departamento da cadeia de abastecimento desenvolver o seu próprio plano sem considerar as características dos outroselementos, não haverá possibilidade de se integrar as duas pontas do processo, ou seja, a demanda e o abastecimento. Essa visão de planejamento extrapola os limites da empresa, afetando fornecedores de materiais e compradores de bens ou serviços. Conceitos novos têm surgido na área de planejamento organizacional, e eles serão estudados mais adiante na apostila. 2.3.2 Compras De acordo com Bertaglia (2009, p. 30), comprar é o conceito utilizado na indústria com a finalidade de obter materiais, componentes, acessórios ou serviços. É o processo de aquisição, que também inclui a seleção de fornecedores, os contratos de negociação e as decisões que envolvem compras locais ou centrais. A aquisição compreende a elaboração e colocação de um pedido de compra com um fornecedor já selecionado, bem como a monitoração contínua desse pedido, a fim de evitar atrasos no processo. 24 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 Hoje, o setor de compras não está mais limitado apenas ao processo de comprar e monitorar; os profissionais dessas áreas precisam ter um entendimento global de negócios e tecnologia. O comprador, em função da tecnologia, é muito mais um analista de suprimentos e um negociador do que propriamente um operador de transações, que faz pedidos e os monitora. As organizações modernas estão se conscientizando cada vez mais da necessidade de manter alianças com fornecedores ao invés de manter uma relação puramente de compra e venda, apresentando animosidade na maioria das circunstâncias. Estão também reduzindo a quantidade de fornecedores, mantendo um relacionamento de longo prazo com altos volumes e maior flexibilidade. Esse relacionamento tem o nome de B2B — Business‑to‑Business, que significa negócios entre empresas. É importante ressaltar que muitos fornecedores são os responsáveis por monitorar o estoque de cliente empresarial, que é o PDV — Ponto De Venda, conforme se relata na figura. É o caso de alguns supermercados, no qual o controle de alguns produtos é realizado pelo fornecedor que verifica em qual momento é melhor solicitar uma nova remessa de produtos para aquele supermercado. Quem ganha com isso? Todos! O fornecedor que poderá controlar o seu estoque de uma maneira precisa, o supermercado que poderá oferecer ao seu cliente um produto com uma qualidade melhor e o cliente que terá opções para escolher o melhor produto. Figura 6 – Estoque no PDV 2.3.3 Produção De acordo com Bertaglia (2009, p. 31), a produção refere‑se ao elemento cujo processo fundamental é composto por operações que convertem um conjunto de matérias em um produto acabado ou semiacabado. A estratégia básica de produção e estoque adotada pela organização afeta, significativamente, o comportamento da cadeia de abastecimento. O processo de manufatura ou fabricação pode suportar as variações descritas a seguir: 25 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO • Produção para atender níveis de estoque: também chamado de sistema de produção contínua ou produção repetitiva, esse sistema de fabricação ocorre para atender às previsões de vendas, acontecendo antes que um pedido seja recebido. O tempo de entrega do produto ao cliente é minimizado. Exemplos: cremes dentais, sorvetes, margarinas, bebidas etc. A produção divide‑se em dois segmentos industriais: – Indústria discreta: os lotes de materiais são facilmente identificados – refrigerador, televisor etc. Figura 7 – Linha de montagem do refrigerador – Indústria de processo: é representada pelos derivados de petróleo. Como ocorre uma mistura dos ingredientes, os lotes de materiais apresentam maior dificuldade para serem identificados. Figura 8 – Refinaria de petróleo Uma refinaria é como uma grande fábrica, cheia de equipamentos complexos e diversificados, pelos quais o petróleo vai sendo submetido a diversos processos para a obtenção de muitos derivados. Refinar petróleo é, portanto, separar suas frações, processá‑lo, transformando‑o em produtos de grande utilidade: os derivados de petróleo. A instalação de uma refinaria segue diversos fatores técnicos, dos quais se destacam a sua localização nas proximidades de uma região em que haja grande consumo de derivados e/ou nas proximidades das áreas produtoras de petróleo. O Brasil possui uma das maiores empresas de refinaria, a Petrobrás, estrategicamente localizada do norte ao sul do país. 26 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 • Produção para atender um pedido específico: essa é uma estratégia de manufatura em que a produção se inicia a partir do momento em que um cliente faz um pedido. Normalmente, os componentes e acessórios se encontram armazenados, e uma vez que o pedido é recebido, ele é produzido conforme a solicitação. Esse sistema envolve a obtenção de materiais, a fabricação e a montagem do produto. Um exemplo bem conhecido nosso é a fabricação de pizzas, conforme mostra a figura. Os materiais ficam armazenados aguardando o pedido do cliente. Esse pedido pode ser feito pessoalmente ou por telefone: Figura 9 – Produção de pizzas • Montagem: um exemplo clássico desse sistema de produção é a indústria automobilística, que ao receber o pedido de uma concessionária, monta os veículos de acordo com as opções determinadas pelo cliente como: ar condicionado, cor, sistema de som etc. Nesse tipo de sistema, o fabricante monta uma quantidade bem diversificada de produtos finais com diferentes características e poucos componentes ou elementos já montados. Figura 10 – Sistema de produção por montagem 27 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO • Projetos sob medida: É um sistema que envolve desenho, projeto, obtenção de materiais e componentes, fabricação e montagem. As especificações são, normalmente, estabelecidas pelo cliente em função da necessidade do produto. Em geral, isso é um processo de longa duração, muitas vezes durando anos e envolvendo uma quantidade muito grande de pessoas e empresas. Exemplos: aviões, edifícios, estradas etc. Figura 11 – Linha de montagem sob medida • Combinação de sistemas de produção: os sistemas anteriores podem sofrer variações. As combinações são utilizadas principalmente nos sistemas de produção para estoque. A manutenção de estoque sugere um custo adicional, onerando, assim, a cadeia de abastecimento. Algumas organizações adotam certas estratégias nas quais alguns produtos são produzidos a partir do recebimento do pedido, mantendo em estoque aqueles itens ou materiais mais críticos de se obter. 2.3.4 Distribuição Conforme Bertaglia (2009, p. 33), a distribuição é um processo que está normalmente associado ao movimento de material de um ponto de produção ou armazenagem até o cliente. É uma atividade que envolve as funções de: • Gestão e controle de estoque. • Manuseio de materiais ou produtos acabados. • Transporte. • Armazenagem. • Administração de pedidos. • Análises delocais e redes de distribuição etc. 28 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 O retorno de produtos, em bom ou mau estado, também é parte desse processo e será estudado na unidade IV dessa apostila. O Brasil tem evoluído muito no aspecto de distribuição com empresas extremamente profissionais tanto na armazenagem como no transporte. No entanto, nossa infraestrutura para transporte e distribuição contínua ainda é extremamente centralizada nas rodovias, apresentando leitos bem críticos, aumentando os custos de transporte pela necessidade de manutenção de veículos que transitam por elas. Os países desenvolvidos usam meios alternativos e combinados para efetuar a distribuição dos produtos por via marítima, rodoviária, ferroviária e aérea. Todas as empresas envolvidas na cadeia de suprimentos têm que entender que constituem uma única empresa. Caso contrário, todos perdem. Alguns, mais ou menos, porém, todos perdem. Para exemplificar essa ideia, consideremos o relato por mim presenciado: certo dia estava dirigindo o meu automóvel e parei por causa do farol aguardava o semáforo abrir observei uma situação no mínimo lamentável: dois rapazes estavam tentando colocar um colchão na carroceria de um carro utilitário, tipo pick‑up. O problema surgiu porque o colchão era um pouco maior que a carroceria do automóvel. Eles não tiveram dúvida, pegaram o colchão e o colocaram sob o automóvel, mas o colchão não ficou totalmente acomodado na carroceria. Diante desse impasse, os dois rapazes cerraram o punho e começaram a dar socos no colchão até que ele ficasse acomodado na carroceria. Fiquei indignado com tal situação, mas, em decorrência da abertura do semáforo, fui obrigado a seguir o meu caminho, no entanto, refletia sobre a imagem do soco. Pensei: quando compro um produto e ele vem com defeito, será que é mesmo defeito de fábrica ou de funcionários e empresas que compõem a cadeia de suprimento e não estão preparadas para satisfazer o cliente? Você já passou por alguma situação assim antes? Veja como é importante ter uma cadeia de suprimentos toda direcionada para a satisfação do cliente. A resposta que tenho para isso é simples: depende de como a empresa lida com a sua cadeia de suprimentos. É claro que há muitas empresas sérias e que almejam o melhor para o cliente, mas há aquelas que querem somente obter lucro e sabe‑se que será por pouco tempo, pois o cliente percebe que foi enganado e acaba optando por uma concorrente. Saiba mais Se você quiser saber mais sobre os aspectos de planejamento e estratégias no gerenciamento da cadeia de suprimentos, leia o livro: CHOPRA, S; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operações. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2011. 29 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO 2.4 Níveis da Cadeia de Suprimentos Slack (1993) divide a cadeia de suprimentos (SC) em três níveis, conforme mostra a figura a seguir: • cadeia interna; • cadeia imediata; • cadeia total. 2.4.1 Cadeia de Suprimentos Total Envolve todas as relações cliente‑fornecedor, desde a extração da matéria‑prima, até a compra do produto pelo consumidor final, conforme figura 12. A empresa que efetivamente colocará a marca em seu produto e chegará ao cliente é a grande responsável por gerenciar essa cadeia. No fim do processo, quando o cliente for utilizar o produto, ele enxerga somente sua marca. Ele não entende que o problema pode ter ocorrido por falhas no transporte, na armazenagem, no fornecedor. Por isso, a empresa detentora da marca ficará responsável por gerenciar esse sistema e controlar todas as atividades, para que tudo saia de acordo com as exigências de seu cliente. Transporte Fábrica Armazenagem Fornecedor/Planta Armazenagem ClientesTransporte Transporte Transporte Fluxo de informações Figura 12 – Cadeia de suprimentos total 30 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 2.4.2 Cadeia de Suprimentos Imediata Representa todos os fornecedores e consumidores com os quais a empresa faz negócio diretamente. Perceba que a relação é mais próxima e, às vezes, sendo diária. O conhecimento, nesse caso, é maior. É possível entender melhor essa relação e realizar melhores trabalhos. 2.4.3 Cadeia de Suprimentos Local Corresponde aos fluxos internos de materiais e informações entre departamentos, células ou setores da operação. Até que o produto chegue a seu destino final (para o cliente) são realizados inúmeros transportes internos em relação ao material e informação. Nesse caso, é importante conhecer, também, os clientes internos que são os funcionários. É importante entender qual a relevância do material para o outro departamento, como armazená‑lo e quais são os seus prazos. Exemplo: quando é executada uma venda de um determinado produto, é necessário que ele esteja no estoque para ser entregue ao cliente; ao mesmo tempo, deve‑se informar e pedir ao departamento financeiro para providenciar o pagamento, bem como informar o departamento de transporte para que a entrega do produto seja feita. Se houver qualquer problema de fluxo de material e informação, isso poderá prejudicar a qualidade do produto, como: qualidade e prazo de entrega. Financeiro/ Contábil RecebimentoPagamento Situação financeira Co nt as a pa ga r Pedido de MP Previsão Prev isão Histórico de vendas Faturam ento An ál ise c ré di to Re ce bim en to do s p ed ido s Altera sta tus do pedido Situa ção d os pe didos Soli cita ção de cort es Necessidade de MP Atual est oque Pro gra ma ção das bo bin as Atualiza estoques Programação dos cortes Crédito Direção Compras PCP Produção de bobinas Bobinas de estoque Vendas Armazenagem Recebimento Fornecedores Produção cortadeira Expedição Figura 13 – Macro fluxo de material e informação Você observou os níveis de cadeia de suprimentos por etapas para ter um melhor entendimento de como é sua atuação dependendo do local de atuação. A figura 14 mostra os níveis da cadeia de suprimentos, conforme Slack (1993): 31 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO Cadeia de suprimentos total Cadeia de suprimentos mediana Cadeia de suprimentos local Figura 14 – Níveis da cadeia de suprimentos 2.5 Atividades da Cadeia de Suprimentos Segundo Kotler (2000), a logística está definida como o planejamento, a implementação e o controle dos fluxos físicos de origem e os pontos de uso, com o objetivo de atender às exigências dos clientes e de lucrar com esse atendimento. Seu principal papel está em coordenar as atividades dos fornecedores, agentes de compra, fabricantes, profissionais de marketing, integrantes dos canais e clientes. Embora os custos da logística possam ser altos, um programabem planejado de logística de mercado pode ser uma potente ferramenta no marketing competitivo. A meta final da logística é atender às exigências dos clientes de maneira eficiente e lucrativa. As atividades de logística são divididas em primárias e secundárias, como apresentaremos a seguir. 2.5.1 Atividades primárias Essenciais para o cumprimento da função logística, elas contribuem com o maior montante do custo total da logística. Transporte São as formas de movimentar os produtos aos clientes por meio dos transportes aéreo, ferroviário, rodoviário e marítimo. Os profissionais de marketing precisam estar atentos. As opções de transporte afetam o preço dos produtos, a pontualidade da entrega e as condições do produto ao chegar ao destino; todos esses fatores 32 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 determinam a satisfação dos clientes. Ao enviar produtos para seus depósitos, para os distribuidores e para os clientes, a empresa pode escolher entre cinco meios de transporte: ferroviário, aéreo, rodoviário, marítimo ou fluvial e por tubulações (dutos). Os responsáveis pela expedição levam em consideração critérios como velocidade, frequência, confiabilidade, capacidade, disponibilidade, rastreabilidade e custo. No tocante à velocidade, os preferidos são os aviões e os caminhões. Se a meta for o baixo custo, a escolha fica entre o transporte por navios ou por tubulações. Podem ainda escolher entre transportadores particulares, contratados ou comuns. Ballou (1993) comenta que o transporte é considerado como a atividade de maior importância dentro da logística, uma vez que absorve a maior parte dos custos, ou seja, é uma atividade onerosa. Ela garante, para as empresas, a movimentação de matérias‑primas e produtos acabados, e se refere aos vários meios de se movimentar produtos. Além disso, esta atividade está ligada a especificidades como a definição de roteirização, capacidade de veículos, dentre outras. Segundo Bowersox e Closs (2006), transporte é a área da logística responsável por mover e alocar, geograficamente, o inventário. Gestão de estoque Dependendo do setor em que a empresa atua e da sazonalidade, é necessário um nível mínimo de estoque que aja amortecedor entre oferta e demanda. Os níveis de estocagem representam uma importante decisão de logística de mercado. O custo do estoque aumenta a uma taxa crescente, à medida que o nível de atendimento ao cliente se aproxima de 100%. A tomada de decisões relativa a estoques leva em consideração quando fazer o pedido e quanto pedir. Conforme o estoque diminui, a gerência deve saber em que nível de estoque é necessário fazer um novo pedido. Esse nível de estoque é denominado ponto de pedido (ou ponto de reposição). O ponto de pedido deve equilibrar os riscos de esgotamento do estoque e os custos de estoques demasiadamente grandes. A outra decisão diz respeito a quanto pedir. Quanto maior a quantidade solicitada, menor a frequência de reposição. A administração de estoques envolve a responsabilidade de manter seus níveis de estoque − matéria prima, produto intermediário e produto final − tão baixos quanto possível, ao mesmo tempo em que provê a disponibilidade desejada pelos clientes, (BALLOU, 1993). O mesmo autor comenta que o estoque, assim como o transporte, absorve boa parte dos custos logísticos; contudo, é importante sua existência uma vez que o estoque serve de “amortecedores” considerando a oferta e a demanda, ou seja, os clientes poderão ter os produtos quando requisitados. Conforme Chopra e Meindl (2003), o estoque existe devido a uma intencional inadequação entre suprimento e demanda. O estoque é espalhado por toda a cadeia de suprimentos, desde matérias‑ primas até produtos acabados. Além disso, segundo os autores, o estoque é o principal gerador de custos em uma cadeia de suprimentos e exerce forte impacto na responsividade da cadeia. 33 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO Processamento de pedidos Determina o tempo necessário para a entrega de bens e serviços aos clientes. A maioria das empresas está tentando encurtar o ciclo pedido‑pagamento, ou seja, o tempo entre o recebimento do pedido, a entrega e o pagamento. Esse ciclo possui muitas etapas, como o envio do pedido pelo vendedor, seu recebimento e a verificação do crédito do cliente, dos estoques e da programação de produção, o envio do pedido e da fatura e o recebimento do pagamento. Quanto mais tempo levar esse ciclo, menor a satisfação do cliente e menores os lucros da empresa. Talvez os vendedores demorem em enviar os pedidos e usem sistemas de comunicação ineficientes; ou talvez os pedidos fiquem empilhados na mesa do pessoal de processamento enquanto esperam pela aprovação do departamento de crédito e por informações do depósito sobre a disponibilidade no estoque. Conforme Ballou (1993), processamento de pedidos é uma atividade consideravelmente menos onerosa do que as atividades de transporte e gestão de estoque; contudo, é tão importante quanto às outras duas, devido ao fato de ser considerada como ponto de partida para que a logística aconteça. É a partir do processamento de pedidos que se inicia a movimentação de produtos e entrega de bens e serviços aos clientes. Conforme Ballou (1993): A entrada e o processamento de pedidos referem‑se àquelas atividades envolvidas na coleta, verificação e transmissão de informações de vendas realizadas. Englobam todo trabalho burocrático associado à venda dos produtos ou serviços da firma. Estas atividades podem ser facilmente identificadas pelo exame de um ciclo do fluxo típico de informações. Na maioria das cadeias de suprimentos, as exigências dos clientes são transmitidas na forma de pedidos e o seu processamento envolve todos os aspectos da gestão das necessidades desses clientes, desde o recebimento inicial do pedido, entrega, faturamento e cobrança. Os autores comentam que as capacitações logísticas de uma empresa só podem ser tão boas quanto a sua competência no processamento de pedidos. 2.5.2 Atividades secundárias Exercem a função de apoio às atividades primárias na obtenção dos níveis de bens e serviços aos clientes. Embora o transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos sejam os principais elementos que contribuem para a disponibilidade e a condição física de bens e serviços, há várias atividades adicionais que apoiam estas atividades primárias (BALLOU, 1993). Estas atividades são: Armazenagem Envolvem as questões relativas ao espaço físico necessário para estocar os produtos. 34 Unidade I Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : K ar en - 0 3/ 08 /1 1 // R em id en sio na m en to : A m an da - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 09 /0 8/ 11 Segundo Ballou (1993), armazenagem é a atividade que se refere à administração do espaço físico necessário para se estocar os produtos. Está relacionado à localização, arranjo físico, configuração do armazém etc. Todas as empresas precisam armazenar os produtos acabados até serem vendidos, porque os ciclos de produção e de consumo raras vezes coincidem. A função estocagem ajuda a atenuar as discrepâncias entre a produção e a demanda do mercado. Logo, a empresa deve decidir sobre o número de depósitos necessários. Fabricantes de
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