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fichamento - os estabelecidos e os outsiders

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS 
 
CCSA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas DPCS – 
Departamento de Política e Ciências Sociais Curso de 
Graduação em Ciências Sociais 
 
Tamires Clei Nunes 
 
Disciplina: Projetos em ciências sociais – Prof.: (a) Maria Railma 
FICHAMENTO 
“OS ESTABELECIDOS E OS OUTSIDERS” 
NOBERT ELIAS E JOHN L. SCOTSON 
 
A obra “Os estabelecidos e os outsiders”, publicada no ano de 1965, apresenta o estudo, 
realizado na década de 1950, de uma pequena cidade ao sul da Inglaterra, de nome fictício 
Winston Parva. 
A princípio o objetivo dos autores da obra era desvendar o porquê da significativa diferença 
nos índices de atos infracionais praticados em cada zona da cidade. Entretanto, eles 
abandonaram tal tarefa ao se darem conta de que todas as características que emanavam 
daquela organização social decorriam de sua forma de configuração, do modo como àquela 
sociedade se organizava, sendo esta a base da análise configuracional por eles proposta. 
De qualquer modo, a situação verificada em Winston Parva é tida como paradigmática das que se 
manifestam em inúmeras outras cidades em processo de industrialização, razão pela qual o estudo 
etnográfico foi o método escolhido para permear toda a investigação realizada. 
A etnografia é uma descrição densa. O etnógrafo encara uma multiplicidade de estruturas conceituais 
complexas, muito das quais estão sobrepostas ou entrelaçadas entre si, estruturas que são ao mesmo 
tempo irregulares, estranhas e não explícitas, as quais o etnógrafo deve captar para depois explicá-las. 
Desse modo, trata-se de um trabalho de observação, a partir do qual é possível compreender a 
realidade observada e fazer proposições nos planos micro e macro. 
O objetivo de Elias e Scotson, na obra, é compreender, através do uso de fontes diversas, tais 
quais estatísticas, entrevistas, documentos e etnografia, a lógica da configuração social e das 
relações de interdependência que se verificam na cidade. Violência, discriminação e exclusão 
social são características que se depreendem da análise social realizada. 
Os autores chamam a atenção para a diferenciação existente entre preconceito individual e a 
estigmatização grupal praticada em Winston Parva. Aquela tem sua raiz na personalidade dos 
indivíduos, enquanto que essa, pela qual um grupo rotula negativamente outro, tem como elemento 
fundamental a instabilidade do equilíbrio do poder entre agrupamentos sociais distintos. 
Fica evidente, na obra, que a maior coesão entre os membros das zonas habitacionais 1 e 2 facultava a 
exclusão e a estigmatização dos membros da zona 3. 
Em contrapartida, como “preço” para manter o reconhecimento desejado, os membros dos grupos 
superiores tornam-se reféns de seu papel, pois ficam obrigados a reafirmar – a todo o tempo - sua 
identificação e integração grupal, e também a preservar o valor maior do seu grupo, limitando, assim, 
sua esfera de liberdade nas ações pessoais. 
Fato é que a importância da opinião interna de um agrupamento sobre o ato de seus membros é tão 
determinante para que essa pessoa mantenha seu status que ela acaba servindo como forma de 
autocontrole individual. 
 
Winston Parva dividia-se em três zonas, três bairros distintos. Na zona 1, habitavam as 
pessoas mais privilegiadas economicamente, cuja ascensão social permitiu que elas se 
mudassem para a área de classe média da cidade, deixando, assim, a zona 2; nas zonas 2 e 3, 
residiam os operários das fábricas locais. 
Por detrás da aparente semelhança existente entre os residentes dessas duas últimas áreas da cidade, 
profundas disparidades foram verificadas entre seus grupos, uma vez que os habitantes da zona 2, 
território mais antigo de Winston Parva, consideravam-se superiores aos demais pelo simples fato de 
habitarem o local há mais tempo. 
Não existiam, pois, diferenças étnicas, nos níveis de desenvolvimento econômico ou educacional, nem 
mesmo de atividade profissional entre esses sujeitos, mas, mesmo assim, os habitantes da zona 2, 
chamada por eles próprios de “aldeia”, negavam-se a manter contato com os recém-chegados da zona 
3, o “loteamento”, exatamente pelo fato de serem recém-chegados, de serem outsiders na terra 
daqueles estabelecidos. 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
ARAUJO, Fernanda Carolina de. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de 
poder a partir de uma pequena comunidade. Revista Liberdades, São Paulo, v. 08, n. 1, 
p.111-118, dez. 2011. Trimestral. Disponível em: 
<http://www.revistaliberdades.org.br/site/outrasEdicoes/outrasEdicoesExibir.php?rcon_id=96
>. Acesso em: 29 nov. 2018. 
 
ELIAS, Norbert; SCOTSON, John L. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações 
de poder a partir de uma pequena comunidade. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2000.

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