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Procedimentos para execução de revestimentos

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UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas 
 
 
Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 1 
RECOMENDAÇÕES E PROCEDIMENTOS PARA EXECUÇÃO DE 
REVESTIMENTOS COM ARGAMASSAS INORGÂNICAS 
 
 
As Normas Técnica NBR 7200/1998 e NBR 13749/1996 trazem recomendações 
importantes sobre projeto, preparo, utilização, especificação e armazenamento de 
materiais destinados à argamassas utilizada em obras. 
Segundo a NBR 7200, grande parte das patologias apresentadas em obras de 
engenharia, provém da utilização inadequada destes materiais. Assim, surgem alguns 
cuidados e procedimentos básicos que poderão ajudar a evitar "surpresas" na execução 
dos serviços e/ou na obra acabada. 
ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO 
Devem ser previstos: 
� tipos de argamassa 
� traços e característica dos materiais 
� número de camadas 
� espessura de cada camada 
� acabamento superficial 
� tipo de revestimento decorativo 
� uso de telas de reforço, 
� dimensões e posições de frisos, juntas ou detalhes construtivos 
 
PROGRAMA DE EXECUÇÃO 
 
VERIFICAÇÕES PRELIMINARES 
 
a) Vistoria das condições da base onde será aplicada a argamassa 
b) Observar e planejar as condições para execução dos serviços 
i) Ferramentas 
ii) Período em que será executado o serviço 
iii) Avaliação das condições de trabalho dos operários 
� Andaimes 
� Equipamentos de segurança 
� Cintos 
� Óculos 
iv) Adequação do canteiro á instalação dos equipamentos e utilização dos 
serviços. 
 
c) Garantia de qualidade das argamassas - Central de produção de argamassa i) 
Misturador mecânico 
ii) Compartimentos separados e identificados para estoque dos materiais 
iii) Ponto de água próximo ao misturador 
iv) Peneiras 
v) Dispositivos (recipientes) para medição de agregados, adições e água. 
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SERVIÇOS QUE DEVEM ESTAR PRONTOS PARA A UTILIZAÇÃO DAS 
ARGAMASSAS 
d) Tubulações de água e esgoto adequadamente imbutidas e testada quanto à 
estanqueidade 
e) Eletrodutos, caixas de passagem ou derivação de instalações elétricas ou 
telefônicas devidamente instaladas 
f) Vãos para portas e janelas devem estar previamente definidos e os 
contramarcos devidamente fixados. 
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO: 
Argamassas preparadas em obra: 
Segundo a NBR 7200, quando as argamassas forem preparadas em obra, deve-se 
tomar alguns cuidados com as bases onde estas serão aplicadas: 
a) As bases devem estar preparadas com idade mínima de: 
i) 28 dias para estruturas de concreto e alvenarias armadas estruturais 
ii) 14 dias para: 
(1) alvenarias não armadas 
estruturais (2) alvenarias de vedação 
de: 
(a) tijolos 
(b) blocos cerâmicos 
(c) bloco de 
concreto* 
(d) blocos de concreto celular* 
(* admite-se cura prévia do material de 28 dias) 
iii) 3 dias da execução do chapisco para aplicação do embaço ou camada única 
(pode ser reduzido para 2 dias em climas muito quentes e secos (acima de 
30°C) 
iv) 21 dias para emboço de argamassa de cal, para início dos serviços de reboco 
v) 7 dias do emboço de argamassas mistas ou hidráulicas, para início dos 
serviços de reboco 
vi) 21 dias do revestimento de reboco ou camada única para execução de 
acabamento decorativo 
 
 
Argamassas industrializadas ou dosadas em central: 
Quando as argamassas utilizadas na obra forem industrializadas ou dosadas em 
central, os prazos utilizados para as argamassas dosadas em obra podem ser 
alterados se houver especificação do fornecedor ou comprovação através de ensaios 
por órgão credenciado pelo INMETRO. 
Obs.: Quando a argamassa de emboço for aplicada em mais de uma demão, 
respeitar prazo mínimo de 24 horas entre demãos. 
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ACOMPANHAMENTO DOS SERVIÇOS: 
Convém ao engenheiro acompanhar o desenvolvimento dos serviços em obra o 
que pode facilitar a visualização de eventuais falhas que podem vir a comprometer o 
orçamento da obra, ou o desempenho da edificação. O acompanhamento dos serviços 
pode ainda ajudar no pagamento dos operários, principalmente quando os empregados 
são pagos por tarefas cumpridas, independentemente do tempo que a equipe leva para 
cumpri-Ias. Neste sentido, a NBR 7200 determina o registro em planilhas as condições 
dos serviços e aplicação do revestimento. 
No relatório, deve constar: 
� nível, prumo e planeza da base 
� tratamento da base para correções de nível, prumo e 
planeza limpeza da base 
� traço e preparo das argamassas 
� espessura do revestimento ou de camadas do 
revestimento correções e/ou reparos realizados 
durante o serviço 
 
 
LIMPEZA E PROTEÇÃO DE OUTROS SERVIÇOS: 
 
As atividades envolvidas na preparação e execução de revestimentos não deve 
afetar os serviços já executados, nem alterar os cronogramas de execução de outras 
tarefas, principalmente, por falta de cuidados na utilização das argamassas e/ou desleixo 
na proteção e limpeza do serviço já executado. 
Assim, é recomendado: 
� Cuidar para evitar danos à outros serviços já executados; 
� Manter limpos ferramentas e recipientes utilizados nos 
serviços; 
� Limpar eventuais respingos de argamassa em partes adjacentes ao servIço, 
inclusive do próprio revestimento. 
 
 
RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DOS MATERIAIS 
É sabido que o mau uso dos materiais pode vir a causar inúmeros problemas no 
desempenho das edificações. Neste sentido, deve-se tomar alguns cuidados 
fundamentais quanto ao recebimento e armazenamento de materiais, evitando possíveis 
patologias e também re-trabalhos para correção de utilização de material inadequado. 
Também devem ser previstos ensaios com os materiais, de forma a garantir a sua 
qualidade. Os ensaios podem ser feitos em laboratórios especializados, mas também 
podem ter seu controle realizado parcialmente na própria obra. 
ÁGUA DE AMASSAMENTO 
Estocada em local protegida de contaminação; 
Desejável uso de água potável (rede de abastecimento) 
AGREGADOS 
a) Estocados e identificados conforme 
i) Granulometria 
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ii) Procedência 
b) Armazenados em: 
i) Espaço confinado de três lados com fundo inclinado e drenado (evita 
contaminação, saturação ... ) 
ii) Se não houver drenagem, deve-se evitar a utilização de material em contato 
com solo até 15 cm. 
c) Protegidos contra contaminação 
 i) Serragem 
ii) Pontas de ferro 
iii) Arame 
iv) Demais resíduos da obra 
 
c) Quando apresentarem grumos ou outros materiais estranhos 
 i) Peneirar 
ii) Analisar em laboratório se houver dúvida quanto à pureza do material (torrões 
de argila, matéria orgânica, material pulverulento ... ) 
ADIÇÕES 
a) Materiais recic1ados de entulho são considerados adições 
b) Materiais com finos de natureza argilosa devem ser abrigados da chuva 
c) Seguir procedimentos de agregados quanto ao armazenamento 
CAL VIRGEM 
Deve ser imediatamente extinta 
Maturação durante uma semana (pelo menos) antes da 
utilização Armazenar com cobertura permanente de água. 
MATERIAIS ENSACADOS 
Estocar em ambiente seco e ao abrigo de sol e chuva. Sobre estrados de madeira 
- 10 a 15 cm do solo Empilhamento máximo de 10 sacos de cimento e/ ou cal 
ARGAMASSA DOSADA EM CENTRAL 
Armazenadas em recipientes 
plásticos Protegido de sol e aeração 
Validade fornecida pelo fornecedor. 
 
ENSAIOS PARA CONTROLE DOS MATERIAIS 
 Entre os materiais utilizados em argamassas, os que mais sofre variação ou 
possuem maior possibilidade de ocorrência de problemas são a água e os agregados. Os 
aglomerantes normalmente possuem estudos no processo produtivo e, quando 
solicitados, os fabricantes fornecem relatórios sobre a produção do material. Por outro 
lado, é conveniente avaliar, ao menos, a qualidade potencial do material produzido. 
 
Ensaios em água: 
Ensaios de contaminação por cloretos, 
 Matéria orgânica 
 pH 
 Sulfatos 
 
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Ensaios em agregados; 
Composição granulométrica; 
Substâncias nocivas (matéria orgânica, sais, cloretos e sulfatos); 
Massa específica; 
Massa unitária; 
Curva de inchamento; 
 Em obra pode ser realizado o ensaio de areia em frasco com água, o que permite 
uma rápida identificação da composição granulométrica da areia por meio da 
decantação das partículas. O ensaio consiste em adicionar uma massa de areia em um 
frasco com água, o qual após ser tampado, é agitado vigorosamente e mantido em 
repouso por algumas horas. A comparação é feita em relação à uma areia padrão 
utilizada na obra. 
Embora não seja um ensaio normalizado, permite ao engenheiro a comparação, 
de maneira rápida, de cada areia recebida na obra. 
 
PRODUÇÃO DA ARGAMASSA 
As argamassas exercem importante papel nas edificações. De forma semelhante 
ao concreto, deve-se planejar previamente o traço, tipo de aglomerante a ser utilizado, 
tipo de agregado e aditivo, quando necessário, baseando-se nas exigências ou 
necessidades requeridas pela edificação. 
Quanto à dosagem, medição dos materiais e preparo da argamassa, a NBR 7200 
faz as seguintes considerações: 
 
DOSAGEM 
� Traço definido pelo projetista ou construtor, obedecendo as especificações do 
projeto. 
� Consumo de materiais deve ser registrado em planilha. 
� Traço deve sempre ser expresso em massa. 
 
DETERMINAÇÃO DOS TRAÇOS 
 
Muito embora existam traços pré-definidos para a utilização das argamassas nas 
suas diversas aplicações, é sempre conveniente o estudo das características dos 
materiais, de forma a garantir que sejam atingidas as características necessárias ao bom 
desempenho das argamassas, tanto de revestimento como de assentamento de tijolos ou 
blocos. 
 Os traços definidos em bibliografias ou normas podem servir, desta maneira, 
como referência para a adequação dos traços em cada obra, considerando-se as 
características dos materiais disponíveis no local (cimento, cal, areia, aditivos...), 
levando-se em conta o tipo e pureza de cada componente. 
 As normas brasileiras classificam as argamssas conforme as características 
obtidas, como retenção de água, resistência, incorporação de ar, entre outros, mas não 
recomenda traços específicos para os casos de utilização. 
 A ASTM1 recomenda alguns traços indicativos para a utilização em argamassas 
de assentamento. Observa-se que os traços mais fortes são indicados para situações 
 
1 American Society for Tensting and Materials. Sttandard Specification for Mortar for Unit Masonry 
 
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especiais, como muros de arrimo. 
 
Tabela 1 - Traços indicativos para argamassas de assentameno (ASTM) 
Traço em volume 
Tipo de argamassa 
Cimento Cal hidratada* areia 
Resistência Média aos 
28 dias (MPa) 
M 1 0,25 2,8 a 3,8 17,2 
S 1 0,25 a 0,5 2,8 a 4,5 12,4 
N 1 0,5 a 1,25 3,4 a 6,8 5,2 
O 1 1,25 a 2,5 5 a 10,5 2,4 
K 1 2,5 a 4,0 7,9 a 15 0,5 
*cal hidratada em pó ou pasta de cal virgem 
 
 Para argamassas de revestimento a tarefa de dosar é ainda mais difícil, podendo 
se tornar tão pior, quanto maior a dificuldade de obtenção de agregados com 
granulometria adequada. 
 Deve ser considerado nestas argamassas a compatibilidade de deformações entre 
o revestimento, a estrutura e a alvenaria. Busca-se também atingir, de forma simultânea, 
elevada retenção de água, baixa absorção de água, menor retração na secagem, baixo 
consumo de aglomerantes, elevada trabalhabilidade, entre outras. 
 Todas estas necessidades revelam a importância da execução de estudos prévios 
de dosagem, de acordo com o conhecimento,do profissional engenheiro, das 
características dos materiais disponíveis e de como cada um irá atuar nas características 
finais da argamassa de revestimento. 
 A CSTB2, de acordo com o DTU3 especifica alguns traços de argamassas para 
revestimentos, considerando granulometrias específicas das areias. 
 
Tabela 2 - Traços recomendados de argamassas de revestimento (CSTB citado por Thomaz 2001) 
Consumo de aglomerante (kg/m3) 
Camada Características 
cimento Cal hidratada 
Traço em volume* 
Chapisco 
Argamassa simples 
(500 a 600 kg/m3) 
500 / 600 - 1 : 0: (2,1 a 2,8) 
Emboço 
Argamassa mista 
(350 a 450 kg/m3) 
200 / 350 100 / 150 1 : (0,5 a 1,3) : (4 a 8,3) 
Reboco 
Argamassa mista 
(250 a 350 kg/m3) 
100 / 250 50 / 150 1 : (0,4 a 2,7) : (6,4 a 16) 
* considerando γcim = 3,1 g/cm3 ; γcal = 2,3 g/cm3 ; γareia = 2,65 g/cm3 e δcim = 0,9 g/cm3; δcal = 0,5 g/cm3; δareia com 
inchamento de 25% = 1,1 g/cm
3 ; relação água/aglomerantes variando entre 0,8 e 1,3. 
 
 
AVALIAÇÃO INICIAL DAS ARGAMASSAS 
 
Antes da produção das argamassas, estudos prévios devem ser realizados, de 
maneira a garantir a qualidade do material a ser utilizado. 
O estudo prévio consiste de uma pré-avaliação das argamassas no estado fresco 
 
2 Centre Scientifique et Technique du Batiment 
3 Document Téchnique Unifée 
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e endurecido, por meio da execução de painéis de revestimento no próprio canteiro de 
obras. Os locais para a execução do teste deverá representar as diferentes solicitações a 
que o material será submetido, por exemplo, superfícies de concreto ou alvenaria, 
ambiente externo ou interno, protegido ou não (sol, vento). 
A execução do(s) painel(is) permitirá a avaliação técnica do(s) traço(s) 
escolhidos, permitindo o ajuste das quantidades de cada material, de acordo com as 
características dos mesmos. É neste momento que será avaliada o tempo de 
“puxamento”, adesão, coesão, trabalhabilidade, fissuração, aderência, resistências 
mecânicas, desempenho dos chapiscos, entre outras características julgadas importantes 
pelo projetista ou pelo executor. 
Devem ser simuladas todas as condições previstas para a execução dos 
revestimentos (Figura 1 e Figura 2) 
 
 
 
Figura 1 – Painéis para avaliação/estudo da produção das argamassas 
 
 
Figura 2 – Testes em diferentes painéis e diferentes bases de aplicação das argamassas 
Fonte: Tecnologia da produção de revestimentos; Fernando Henrique Sabbatini e Mercia Maria Bottura de Barros 
 
 
 Os materiais produzidos deverão ser avaliados de maneira qualitativa, segundo 
os aspectos considerados para a produção, conforme representado abaixo (Figura 3) 
 
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Figura 3 - Tabela para avaliação da qualidade dos revestimentos 
(Fonte: Recomendações Técnicas Habitare – Programa de Tecnologia de Habitação – Revestimento de Argamassas – Boas práticas 
em Projeto, Execução e Avaliação) 
 
 
MEDIÇÃO 
A medição dos materiais pode ser feita em volume, entretanto as condições pré 
determinadas pelo traço em peso devem ser mantidas. 
Para controle da medição, em hipótese alguma deve-se utilizar pás ou latas sem 
volume conhecido. Para isto, cada material terá seu recipiente previamente planejado e 
identificado. 
No sentido de melhorar a precisão da dosagem, deve-se procurar planejar o 
tamanho dos recipientes em função dos sacos de aglomerantes. 
O recipiente de areia deve ser planejado corrigindo a variação do volume em 
função da umidade (inchamento), visto que o traço fornecido, normalmente faz 
referência aos materiais secos. 
É ainda recomendado a utilização de régua para rasar recipientes 
 
 
PREPARO DA MISTURA 
 
 Diversas são as possibilidades de mistura das argamassas em obra. Podem ser 
utilizados, desde processos simples de mistura (manual), a processos de misturadores 
com eixo horizontal ou vertical. Ainda podem ser utilizados equipamentos que servem 
para mistura e projeção das argamassas para revestimento. Deve-se, sempre que 
possivel, dar preferência à misturadapor processo mecanizado (em casos de extrema 
necessidade, pode-se utilizar processo manual). Deve-se tomar cuidado com o tempo da 
mistura em betoneira, sendo o ideal misturar entre 3 e 5 min. Argamassas com aditivos 
incorporadores de ar deverão ter a dosagem e tempo de mistura limitados conforme as 
recomendações do fabricante. 
Para mistura manual, faz-se o procedimento até atingir uma mistura homogênea 
dos materiais secos e só então faz-se a mistura de água. 
Quando da utilização de cal, é de extrema importância que ser promova a 
maturação da cal para argamassas de cal, seja pela pré mistura com areia, seja pela 
formação do leite ou pasta de cal. 
 
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 (a) (b) (c) 
Figura 4 - Betoneiras e misturadores (a) eixo horizontal (b) betoneira (c)misturados com eixo 
contínuo 
 
 
Figura 5 - Equipamento para projeção de argamassas - mistura de argamassa seca 
(industrializada) com água. 
 
 
Figura 6 - Aplicação de argamassa projetada 
(fonte: Ercio Thomaz –Tecnologia , Gerenciamento e Qualidade na construção) 
 
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PROCEDIMENTOS PARA A UTILIZAÇÃO DOS MATERIAIS: 
Pasta de cal 
Misturar cal com água até obter mistura bem viscosa - maturar por 16 horas 
(mínimo) 
 
Mistura prévia de cal e areia 
Misturar primeiro cal e areia 
Após, acrescentar água (consistência seca) Maturar por 16 horas no mínimo; 
Deve ser mantida úmida no caso de estocagem (evita-se formação de torrões); 
Cimento deve ser adicionado no momento da utilização. 
 
OBS.: O período de utilização deve ser regulado conforme produção de operários 
para um prazo máximo de 2 horas e meia. Em temperaturas superiores a 30°C e 
umidade relativa do ar inferior a 50%, limita se o tempo em 1 hora e meia. 
 
PREPARAÇÃO DA BASE 
Sendo as argamassas, materiais em que o desempenho durante o período de uso 
depende na maior parte dos casos do grau de aderência com os outros componentes, é 
de extrema importância alguns cuidados básicos de preparação da superfície de suporte: 
CONDIÇÕES DA BASE 
 
Superfícies niveladas, planas e prumadas. 
O não atendimento destes quesitos implica no planejamento de camadas extras 
de revestimento, procurando não exceder a espessura de 3 cm em cada camada. 
Procura-se, entretanto, sempre evitar esta situação. 
 
 
Figura 7 - Forma simples de execução de referência de prumo com fio de náilon 
Molhagem da superfície 
Procede-se a molhagem em superfícies muito absorventes, com exceção à 
paredes de blocos de concreto. 
 
 
Fio utilizado como 
prumo para a 
elevação da alvenaria 
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Chapisco 
Sempre que a superfície for parcial ou totalmente não absorvente. 
Infiltrações 
Eliminar com soluções adequadas, problemas de infiltrações, antes de 
prosseguir com o revestimento. 
 
 
CORREÇÃO DE IRREGULARIDADES 
É recomendado que antes da aplicação de revestimentos argamassados, 
quaisquer pontas de metais sejam retiradas da superfície, bem como devem ser 
eliminadas rebarbas entre juntas da alvenaria e eventuais furos devem ser corrigidos. 
 
Para a correção de furos, a NBR 7200 faz algumas observações: 
Preenchimento desde que inferiores a 50 mm 
Enchimento de rasgos para tubulações com cascotes de tijolo; 
Utilização de telas metálicas 
 
Bases diferentes: 
Utilizar tela metálica ou plástica (suportar movimentações 
diferenciais) (Figura 10). 
 
 
VEDAÇÕES ENTRE ALVENARIA E ESTRUTURA 
 
 O fechamento da parte inferior das vigas, no encontro com as alvenarias pode 
ser executado de três maneiras distintas: 
1. Encunhamento com tijolos maciços inclinados (tipo fixação rígida) (Figura 
8); utilizada para contraventar a estrutura ou fixar a alvenaria em uma 
estrutura “indeformável”; também utilizado cunhas de concreto ou argamassa 
expansiva. 
2. Fixação resiliente; utilizada para estruturas deformáveis; previne o 
aparecimento de fissuras pelas deformações impostas pela estrutura; utiliza-
se argamassa de baixo módulo de elasticidade, elevada aderência “argamassa 
podre”. (Figura 9) 
3. Fixação plástica; técnica em que se utiliza a espuma de poliuretano no 
encontro da alvenaria com a estrutura. Esta técnica é recomendada para 
estruturas muito deformáveis; resulta em um menor nível de tensão 
transferida para as alvenarias. Não aceita a argamassa de emboço sobre a 
mesma, necessitando acabamentos com sancas ou forros rebaixados de gesso. 
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Figura 8 - Encunhamento com tijolos maciços 
 
Figura 9 – Fixação resiliente – Espaço para preenchimento com argamassa podre 
 
 
O reforço do revestimento de argamassa com tela metálica galvanizada deve ser 
feito nas regiões de elevadas tensões da interface alvenaria-estrutura. Normalmente esta 
situação ocorre no pavimento sobre pilotis (primeiro pavimento, pavimento sobre 
garagens), e também nos dois ou três últimos pavimentos do edifício, em função das 
características de deformação da estrutura. 
A solução de uso de telas metálicas deve também ser adotada no caso dos 
revestimentos possuírem espessuras superiores ao limite máximo recomendado por 
norma, situação comum em paredes com desaprumos. 
Existem dois tipos de reforço do revestimento, que são a argamassa armada e a 
ponte de transmissão. Nos dois tipos, devem ser usadas telas, sendo que no primeiro a 
tela fica imersa na camada de revestimento; no segundo, a tela é chumbada na alvenaria 
ou concreto por meio de fixadores (grampos, chumbadores, pinos) e é usada uma fita de 
polietileno na interface estrutura-alvenaria, para que as tensões sejam efetivamente 
distribuídas pela tela ao longo do revestimento. 
É recomendado que a argamassa armada seja feita em revestimentos com 
espessura maior ou igual a 30 mm. A ponte de transmissão pode permitir uma espessura 
menor do revestimento de, no mínimo, 20 mm. (Figura 10) 
 
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Figura 10 - Reforços em revestimentos (a) argamassa armada (b) ponte de transmissão 
 
 
LIMPEZA DA BASE 
A limpeza é de fundamental importância para atingir-se o grau de aderência 
necessário para o desempenho dos revestimentos durante o período de utilização. 
A remoção de pó e materiais soltos deverá ser feita com escovação e jatos de 
água. 
A remoção de óleo ou graxa necessita de procedimentos especiais que podem 
ser escolhidos de acordo com a preferência do usuário. Abaixo estão descritos 4 
procedimentos, indicados segundo a NBR 7200. 
Observa-se que nos casos onde são aplicados produtos químicos, a superfície 
deverá, necessariamente, estar saturada . 
 
1) Escovar a superficie com solução alcalina de fosfato trissódico (30 g em 1 litro de 
água) ou de soda cáustica e em seguida remover com água. 
2) Escovar a superficie com ácido muriático diluído (5 a 10%) enxaguar com água em 
abundância. 
3) Escovar com água e detergente e enxaguar com água em abundância 
4) Remoção com processos mecânicos de jateamento ou lixamento ou escovamento 
com escova de cerdas de aço. 
CHAPISCO 
Deve ser preparado com consistência fluida e aplicado por lançamento tomando 
cuidado de não cobrir totalmente a superficie. 
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Recobrimento de no mínimo 90% da base se a função for aderência Recobrimento de 
100% da base se a função for homogeneizar o grau de absorção de bases diferentes. 
APLICAÇÃO DA ARGAMASSA: 
 A produção e aplicação da argamassa deve possuir vinculação direta com o 
planejamento geral da obra, considerando já executados a estrutura, a alvenaria e as 
instalações. 
 Também é degrande importância que as características de localização e 
condições de exposição sejam definidos, de forma a possibilitar a correta especificação 
da argamassa, bem como o planejamento relativo aos cuidados relativos ao bom 
desempenho final do material. 
 
Localização: 
 incluindo características climáticas (temperatura, radiação solar, umidade, 
velocidade do ar e direção dos ventos), características topográficas e de 
vizinhança (situação do terreno e relação com outras edificações), tipo de 
ocupação (residencial, industrial, comércio) 
 
Características de projeto: 
sistema construtivo, orientação das fachadas (N, S, L, O), presença de aberturas, 
detalhes construtivos. 
 
Optar por 1, 2 ou 3 camadas de revestimento, de acordo com as 
condições de exposição, localização e características de projeto 
 
Condições severas 
elevada incidência de chuva e ventos fortes; edificios em locais abertos 
próximos à costa litorânea; edificios localizados bastante acima do nível normal 
das edificações. 
 
Condições moderadas 
paredes parcialmente protegidas das intempéries pela vizinhança de prédios de 
mesma altura; edificios localizados em pequenas cidades e regiões suburbanas. 
 
Exposição protegida 
locais com baixa incidência de chuvas, paredes protegidas das intempéries por 
detalhes construtivos e pela proximidade de edificios de pequena altura em 
pequenas cidades. 
 
Condições severas: (3 camadas) 
 Chapisco 
Emboço (pouco permeável) 
Reboco (poroso) 
 
Em bases que dispensam o chapisco: 
Duas camadas de emboço ( a primeira pouco permeável e a Segunda porosa) 
Reboco (poroso) 
 
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Condições de exposição moderadas: (no mínimo duas camadas) 
Emboço pouco permeável 
Reboco poroso 
Condições de exposição brandas: 
Duas camadas porosas 
Espessura das camadas: 
Chapisco: máximo 5 mm Emboço: entre 10 e 15 mm 
externamente: entre 15 e 25- mm· 
Para espessuras maiores, utilizar mais de uma camada4 
Reboco: desejável até 5 mm (preferência entre 1 e 3 mm) 
 
Espessuras totais, segundo NBR 13749: 
Paredes internas - entre 5 e 20 mm; 
Paredes externas - entre 20 e 30 mm; 
Tetos internos e externos - menor que 20 mm. 
 
 
APLICAÇÃO DA CAMADA DE EMBOÇO 
 
A camada de emboço tem como finalidade corrigir as imperfeições da base 
(alvenaria), incluindo os problemas relativos ao prumo. 
Para garantir uma superfície corretamente aprumada, são utilizadas taliscas que 
servem como referência de espessura do revestimento. 
As taliscas são pequenos tacos de madeira ou cerâmicos assentados com argamassa 
mista de cimento e cal (traço idêntico ao programado para o revestimento da parede). 
Para as paredes, quando forem colocadas as taliscas, estica-se uma linha na sua parte 
superior e ao longo de seu comprimento. A distância entre a linha e a superfície da 
parede determinará a espessura do revestimento. 
As taliscas deverão estar espaçadas entre si, na ordem de 1,8m (no máximo 
2,0m), de maneira que se consiga utilizar uma régua com 2,0 m na execução do pano do 
revestimento. 
Após a execução das talistas, executa-se as mestras (ideal 2 dias após a execução 
das taliscas), com o mesmo traço de argamassas. 
 
Quando da utilização de bases diferentes (ex.: alvenaria/concreto): executar 
junta ou utilizar tela galvanizada para reforço. 
 
4 Em camadas muito espessas deve-se atentar para a necessidade do uso de argamassa armada com telas 
metálicas. 
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Figura 11 – Assentamento de taliscas em paredes e tetos 
 
 
Figura 12 – Assentamento de taliscas em paredes 
 
 
Figura 13 - Assentamento de taliscas no teto 
 
Fonte: http://www.facens.br/alunos/material/MilitoC013/Revestimentos.pdf - 06/2006 
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Figura 14 - (a) Execução das taliscas; ( b) exexução das mestras 
 
Figura 15 – (a) Determinação do ponto de sarrafeametno (b) sarrafeamento entre as taliscas 
 
 
Figura 16 - (a) sarrafeamento (b) desempenamento 
 
Figura 17 - Ferramentas para a execução dos revestimentos 
(a) (b) 
(a) (b) 
(a) (b) 
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INSPEÇÃO FINAL DO REVESTIMENTO 
De acordo com a NBR 13749, o executante do serviço de revestimento deve 
apresentar relatório sobre os dados de controle da qualidade dos materiais, argamassas e 
possíveis ensaios realizados, bem como sobre as condições de aplicação, envolvendo o 
preparo da base, espessura do revestimento ou das camadas compostas por este e 
correções ou reparos realizados, referenciando sempre as especificações de projeto. 
A inspeção pode envolver a parte estética, onde estão 
enquadrados: 
� Homogeneidade do acabamento; 
� Precisão geométrica do revestimento 
 
• Planeza (superficies horizontais e verticais)- Considera-se nesta verificação que 
após a remoção de grãos de areia soltos na superficie, devem ser considerados 
limites de ondulações na seguinte grandeza: 
• Ondulações menores que 3mm em uma régua com 2 m de comprimento; 
• irregularidades abruptas inferiores a 2mm em relação a uma régua com 20 
cm de comprimento; 
• Prumo (superfícies verticais) - O desvio não pode exceder H/900, sendo H a 
altura da parede em metros. 
• Nivelamento (superfícies horizontais - tetos) - o desnível não pode exceder 
L/900, sendo L o comprimento do maior vão do teto, em metros. 
• 
 
DESEMPENHO TÉCNICO DOS REVESTIMENTOS 
 
FISSURAS 
 
Com relação à fissuração, deve-se fazer inspeção visual, 3 dias após a execução 
do revestimento: 
Fissuras sistemáticas: - estudo adicional 
Fissuras esparsas: - inspeção em dois quadrados de 1 m2cada a cada 100 m2de 
revestimento. 
Aceitação: 
• 1 fissura/l100 m2 para revestimentos externos aparentes; 
• 2 fissuras/100 m2 para revestimentos externos a serem pintados; 
• 3 fissuras/100 m2 para emboços de revestimento cerâmico ou de pedras; 
• 5 fissuras/100 m2 para revestimentos internos em geral. 
 
 
ADERÊNCIA 
 
A aderência pode ser avaliada segundo ensaios de percussão - impactos leves 
feitos com objetos não contundentes, com martelo de madeira ou outro instrumento 
rijo. 
 
 Avaliação: Em 1 m2 a cada 50 m2 para tetos 
Em 1 m2 a cada 100 m2 para paredes. 
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Quando o revestimento apresentar som cavo (oco) na amostragem, deverão ser 
todos percutidos, permitindo uma avaliação da extensão do problema. 
Quando julgado necessário, deve ser realizado pelo menos seis ensaios de 
aderência à tração em pontos escolhidos aleatoriamente. 
Serão aceitos os revestimentos quando, pelo menos, quatro valores superarem as 
resistências indicadas abaixo: 
 
Local Acabamento Ra (MPa) 
 Pintura ou base para reboco Maior que 0,20 
Parede 
Interna 
Cerâmica ou laminado Maior que 0,30 
 Pintura ou base para reboco Maior que 0,30 
 
Externa 
Cerâmica Maior que 0,30 
 
 
 
DETALHES CONSTRUTIVOS 
 
Funcionamento de Pingadeiras 
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Figura 18 - Juntas de trabalho e pingadeiras 
 
 
 
Figura 19 - Ferramentas para execução de junta de trabalho

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