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UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 1 RECOMENDAÇÕES E PROCEDIMENTOS PARA EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS COM ARGAMASSAS INORGÂNICAS As Normas Técnica NBR 7200/1998 e NBR 13749/1996 trazem recomendações importantes sobre projeto, preparo, utilização, especificação e armazenamento de materiais destinados à argamassas utilizada em obras. Segundo a NBR 7200, grande parte das patologias apresentadas em obras de engenharia, provém da utilização inadequada destes materiais. Assim, surgem alguns cuidados e procedimentos básicos que poderão ajudar a evitar "surpresas" na execução dos serviços e/ou na obra acabada. ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO Devem ser previstos: � tipos de argamassa � traços e característica dos materiais � número de camadas � espessura de cada camada � acabamento superficial � tipo de revestimento decorativo � uso de telas de reforço, � dimensões e posições de frisos, juntas ou detalhes construtivos PROGRAMA DE EXECUÇÃO VERIFICAÇÕES PRELIMINARES a) Vistoria das condições da base onde será aplicada a argamassa b) Observar e planejar as condições para execução dos serviços i) Ferramentas ii) Período em que será executado o serviço iii) Avaliação das condições de trabalho dos operários � Andaimes � Equipamentos de segurança � Cintos � Óculos iv) Adequação do canteiro á instalação dos equipamentos e utilização dos serviços. c) Garantia de qualidade das argamassas - Central de produção de argamassa i) Misturador mecânico ii) Compartimentos separados e identificados para estoque dos materiais iii) Ponto de água próximo ao misturador iv) Peneiras v) Dispositivos (recipientes) para medição de agregados, adições e água. UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 2 SERVIÇOS QUE DEVEM ESTAR PRONTOS PARA A UTILIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS d) Tubulações de água e esgoto adequadamente imbutidas e testada quanto à estanqueidade e) Eletrodutos, caixas de passagem ou derivação de instalações elétricas ou telefônicas devidamente instaladas f) Vãos para portas e janelas devem estar previamente definidos e os contramarcos devidamente fixados. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO: Argamassas preparadas em obra: Segundo a NBR 7200, quando as argamassas forem preparadas em obra, deve-se tomar alguns cuidados com as bases onde estas serão aplicadas: a) As bases devem estar preparadas com idade mínima de: i) 28 dias para estruturas de concreto e alvenarias armadas estruturais ii) 14 dias para: (1) alvenarias não armadas estruturais (2) alvenarias de vedação de: (a) tijolos (b) blocos cerâmicos (c) bloco de concreto* (d) blocos de concreto celular* (* admite-se cura prévia do material de 28 dias) iii) 3 dias da execução do chapisco para aplicação do embaço ou camada única (pode ser reduzido para 2 dias em climas muito quentes e secos (acima de 30°C) iv) 21 dias para emboço de argamassa de cal, para início dos serviços de reboco v) 7 dias do emboço de argamassas mistas ou hidráulicas, para início dos serviços de reboco vi) 21 dias do revestimento de reboco ou camada única para execução de acabamento decorativo Argamassas industrializadas ou dosadas em central: Quando as argamassas utilizadas na obra forem industrializadas ou dosadas em central, os prazos utilizados para as argamassas dosadas em obra podem ser alterados se houver especificação do fornecedor ou comprovação através de ensaios por órgão credenciado pelo INMETRO. Obs.: Quando a argamassa de emboço for aplicada em mais de uma demão, respeitar prazo mínimo de 24 horas entre demãos. UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 3 ACOMPANHAMENTO DOS SERVIÇOS: Convém ao engenheiro acompanhar o desenvolvimento dos serviços em obra o que pode facilitar a visualização de eventuais falhas que podem vir a comprometer o orçamento da obra, ou o desempenho da edificação. O acompanhamento dos serviços pode ainda ajudar no pagamento dos operários, principalmente quando os empregados são pagos por tarefas cumpridas, independentemente do tempo que a equipe leva para cumpri-Ias. Neste sentido, a NBR 7200 determina o registro em planilhas as condições dos serviços e aplicação do revestimento. No relatório, deve constar: � nível, prumo e planeza da base � tratamento da base para correções de nível, prumo e planeza limpeza da base � traço e preparo das argamassas � espessura do revestimento ou de camadas do revestimento correções e/ou reparos realizados durante o serviço LIMPEZA E PROTEÇÃO DE OUTROS SERVIÇOS: As atividades envolvidas na preparação e execução de revestimentos não deve afetar os serviços já executados, nem alterar os cronogramas de execução de outras tarefas, principalmente, por falta de cuidados na utilização das argamassas e/ou desleixo na proteção e limpeza do serviço já executado. Assim, é recomendado: � Cuidar para evitar danos à outros serviços já executados; � Manter limpos ferramentas e recipientes utilizados nos serviços; � Limpar eventuais respingos de argamassa em partes adjacentes ao servIço, inclusive do próprio revestimento. RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DOS MATERIAIS É sabido que o mau uso dos materiais pode vir a causar inúmeros problemas no desempenho das edificações. Neste sentido, deve-se tomar alguns cuidados fundamentais quanto ao recebimento e armazenamento de materiais, evitando possíveis patologias e também re-trabalhos para correção de utilização de material inadequado. Também devem ser previstos ensaios com os materiais, de forma a garantir a sua qualidade. Os ensaios podem ser feitos em laboratórios especializados, mas também podem ter seu controle realizado parcialmente na própria obra. ÁGUA DE AMASSAMENTO Estocada em local protegida de contaminação; Desejável uso de água potável (rede de abastecimento) AGREGADOS a) Estocados e identificados conforme i) Granulometria UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 4 ii) Procedência b) Armazenados em: i) Espaço confinado de três lados com fundo inclinado e drenado (evita contaminação, saturação ... ) ii) Se não houver drenagem, deve-se evitar a utilização de material em contato com solo até 15 cm. c) Protegidos contra contaminação i) Serragem ii) Pontas de ferro iii) Arame iv) Demais resíduos da obra c) Quando apresentarem grumos ou outros materiais estranhos i) Peneirar ii) Analisar em laboratório se houver dúvida quanto à pureza do material (torrões de argila, matéria orgânica, material pulverulento ... ) ADIÇÕES a) Materiais recic1ados de entulho são considerados adições b) Materiais com finos de natureza argilosa devem ser abrigados da chuva c) Seguir procedimentos de agregados quanto ao armazenamento CAL VIRGEM Deve ser imediatamente extinta Maturação durante uma semana (pelo menos) antes da utilização Armazenar com cobertura permanente de água. MATERIAIS ENSACADOS Estocar em ambiente seco e ao abrigo de sol e chuva. Sobre estrados de madeira - 10 a 15 cm do solo Empilhamento máximo de 10 sacos de cimento e/ ou cal ARGAMASSA DOSADA EM CENTRAL Armazenadas em recipientes plásticos Protegido de sol e aeração Validade fornecida pelo fornecedor. ENSAIOS PARA CONTROLE DOS MATERIAIS Entre os materiais utilizados em argamassas, os que mais sofre variação ou possuem maior possibilidade de ocorrência de problemas são a água e os agregados. Os aglomerantes normalmente possuem estudos no processo produtivo e, quando solicitados, os fabricantes fornecem relatórios sobre a produção do material. Por outro lado, é conveniente avaliar, ao menos, a qualidade potencial do material produzido. Ensaios em água: Ensaios de contaminação por cloretos, Matéria orgânica pH Sulfatos UNIVALI – Eng.Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 5 Ensaios em agregados; Composição granulométrica; Substâncias nocivas (matéria orgânica, sais, cloretos e sulfatos); Massa específica; Massa unitária; Curva de inchamento; Em obra pode ser realizado o ensaio de areia em frasco com água, o que permite uma rápida identificação da composição granulométrica da areia por meio da decantação das partículas. O ensaio consiste em adicionar uma massa de areia em um frasco com água, o qual após ser tampado, é agitado vigorosamente e mantido em repouso por algumas horas. A comparação é feita em relação à uma areia padrão utilizada na obra. Embora não seja um ensaio normalizado, permite ao engenheiro a comparação, de maneira rápida, de cada areia recebida na obra. PRODUÇÃO DA ARGAMASSA As argamassas exercem importante papel nas edificações. De forma semelhante ao concreto, deve-se planejar previamente o traço, tipo de aglomerante a ser utilizado, tipo de agregado e aditivo, quando necessário, baseando-se nas exigências ou necessidades requeridas pela edificação. Quanto à dosagem, medição dos materiais e preparo da argamassa, a NBR 7200 faz as seguintes considerações: DOSAGEM � Traço definido pelo projetista ou construtor, obedecendo as especificações do projeto. � Consumo de materiais deve ser registrado em planilha. � Traço deve sempre ser expresso em massa. DETERMINAÇÃO DOS TRAÇOS Muito embora existam traços pré-definidos para a utilização das argamassas nas suas diversas aplicações, é sempre conveniente o estudo das características dos materiais, de forma a garantir que sejam atingidas as características necessárias ao bom desempenho das argamassas, tanto de revestimento como de assentamento de tijolos ou blocos. Os traços definidos em bibliografias ou normas podem servir, desta maneira, como referência para a adequação dos traços em cada obra, considerando-se as características dos materiais disponíveis no local (cimento, cal, areia, aditivos...), levando-se em conta o tipo e pureza de cada componente. As normas brasileiras classificam as argamssas conforme as características obtidas, como retenção de água, resistência, incorporação de ar, entre outros, mas não recomenda traços específicos para os casos de utilização. A ASTM1 recomenda alguns traços indicativos para a utilização em argamassas de assentamento. Observa-se que os traços mais fortes são indicados para situações 1 American Society for Tensting and Materials. Sttandard Specification for Mortar for Unit Masonry UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 6 especiais, como muros de arrimo. Tabela 1 - Traços indicativos para argamassas de assentameno (ASTM) Traço em volume Tipo de argamassa Cimento Cal hidratada* areia Resistência Média aos 28 dias (MPa) M 1 0,25 2,8 a 3,8 17,2 S 1 0,25 a 0,5 2,8 a 4,5 12,4 N 1 0,5 a 1,25 3,4 a 6,8 5,2 O 1 1,25 a 2,5 5 a 10,5 2,4 K 1 2,5 a 4,0 7,9 a 15 0,5 *cal hidratada em pó ou pasta de cal virgem Para argamassas de revestimento a tarefa de dosar é ainda mais difícil, podendo se tornar tão pior, quanto maior a dificuldade de obtenção de agregados com granulometria adequada. Deve ser considerado nestas argamassas a compatibilidade de deformações entre o revestimento, a estrutura e a alvenaria. Busca-se também atingir, de forma simultânea, elevada retenção de água, baixa absorção de água, menor retração na secagem, baixo consumo de aglomerantes, elevada trabalhabilidade, entre outras. Todas estas necessidades revelam a importância da execução de estudos prévios de dosagem, de acordo com o conhecimento,do profissional engenheiro, das características dos materiais disponíveis e de como cada um irá atuar nas características finais da argamassa de revestimento. A CSTB2, de acordo com o DTU3 especifica alguns traços de argamassas para revestimentos, considerando granulometrias específicas das areias. Tabela 2 - Traços recomendados de argamassas de revestimento (CSTB citado por Thomaz 2001) Consumo de aglomerante (kg/m3) Camada Características cimento Cal hidratada Traço em volume* Chapisco Argamassa simples (500 a 600 kg/m3) 500 / 600 - 1 : 0: (2,1 a 2,8) Emboço Argamassa mista (350 a 450 kg/m3) 200 / 350 100 / 150 1 : (0,5 a 1,3) : (4 a 8,3) Reboco Argamassa mista (250 a 350 kg/m3) 100 / 250 50 / 150 1 : (0,4 a 2,7) : (6,4 a 16) * considerando γcim = 3,1 g/cm3 ; γcal = 2,3 g/cm3 ; γareia = 2,65 g/cm3 e δcim = 0,9 g/cm3; δcal = 0,5 g/cm3; δareia com inchamento de 25% = 1,1 g/cm 3 ; relação água/aglomerantes variando entre 0,8 e 1,3. AVALIAÇÃO INICIAL DAS ARGAMASSAS Antes da produção das argamassas, estudos prévios devem ser realizados, de maneira a garantir a qualidade do material a ser utilizado. O estudo prévio consiste de uma pré-avaliação das argamassas no estado fresco 2 Centre Scientifique et Technique du Batiment 3 Document Téchnique Unifée UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 7 e endurecido, por meio da execução de painéis de revestimento no próprio canteiro de obras. Os locais para a execução do teste deverá representar as diferentes solicitações a que o material será submetido, por exemplo, superfícies de concreto ou alvenaria, ambiente externo ou interno, protegido ou não (sol, vento). A execução do(s) painel(is) permitirá a avaliação técnica do(s) traço(s) escolhidos, permitindo o ajuste das quantidades de cada material, de acordo com as características dos mesmos. É neste momento que será avaliada o tempo de “puxamento”, adesão, coesão, trabalhabilidade, fissuração, aderência, resistências mecânicas, desempenho dos chapiscos, entre outras características julgadas importantes pelo projetista ou pelo executor. Devem ser simuladas todas as condições previstas para a execução dos revestimentos (Figura 1 e Figura 2) Figura 1 – Painéis para avaliação/estudo da produção das argamassas Figura 2 – Testes em diferentes painéis e diferentes bases de aplicação das argamassas Fonte: Tecnologia da produção de revestimentos; Fernando Henrique Sabbatini e Mercia Maria Bottura de Barros Os materiais produzidos deverão ser avaliados de maneira qualitativa, segundo os aspectos considerados para a produção, conforme representado abaixo (Figura 3) UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 8 Figura 3 - Tabela para avaliação da qualidade dos revestimentos (Fonte: Recomendações Técnicas Habitare – Programa de Tecnologia de Habitação – Revestimento de Argamassas – Boas práticas em Projeto, Execução e Avaliação) MEDIÇÃO A medição dos materiais pode ser feita em volume, entretanto as condições pré determinadas pelo traço em peso devem ser mantidas. Para controle da medição, em hipótese alguma deve-se utilizar pás ou latas sem volume conhecido. Para isto, cada material terá seu recipiente previamente planejado e identificado. No sentido de melhorar a precisão da dosagem, deve-se procurar planejar o tamanho dos recipientes em função dos sacos de aglomerantes. O recipiente de areia deve ser planejado corrigindo a variação do volume em função da umidade (inchamento), visto que o traço fornecido, normalmente faz referência aos materiais secos. É ainda recomendado a utilização de régua para rasar recipientes PREPARO DA MISTURA Diversas são as possibilidades de mistura das argamassas em obra. Podem ser utilizados, desde processos simples de mistura (manual), a processos de misturadores com eixo horizontal ou vertical. Ainda podem ser utilizados equipamentos que servem para mistura e projeção das argamassas para revestimento. Deve-se, sempre que possivel, dar preferência à misturadapor processo mecanizado (em casos de extrema necessidade, pode-se utilizar processo manual). Deve-se tomar cuidado com o tempo da mistura em betoneira, sendo o ideal misturar entre 3 e 5 min. Argamassas com aditivos incorporadores de ar deverão ter a dosagem e tempo de mistura limitados conforme as recomendações do fabricante. Para mistura manual, faz-se o procedimento até atingir uma mistura homogênea dos materiais secos e só então faz-se a mistura de água. Quando da utilização de cal, é de extrema importância que ser promova a maturação da cal para argamassas de cal, seja pela pré mistura com areia, seja pela formação do leite ou pasta de cal. UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 9 (a) (b) (c) Figura 4 - Betoneiras e misturadores (a) eixo horizontal (b) betoneira (c)misturados com eixo contínuo Figura 5 - Equipamento para projeção de argamassas - mistura de argamassa seca (industrializada) com água. Figura 6 - Aplicação de argamassa projetada (fonte: Ercio Thomaz –Tecnologia , Gerenciamento e Qualidade na construção) UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 10 PROCEDIMENTOS PARA A UTILIZAÇÃO DOS MATERIAIS: Pasta de cal Misturar cal com água até obter mistura bem viscosa - maturar por 16 horas (mínimo) Mistura prévia de cal e areia Misturar primeiro cal e areia Após, acrescentar água (consistência seca) Maturar por 16 horas no mínimo; Deve ser mantida úmida no caso de estocagem (evita-se formação de torrões); Cimento deve ser adicionado no momento da utilização. OBS.: O período de utilização deve ser regulado conforme produção de operários para um prazo máximo de 2 horas e meia. Em temperaturas superiores a 30°C e umidade relativa do ar inferior a 50%, limita se o tempo em 1 hora e meia. PREPARAÇÃO DA BASE Sendo as argamassas, materiais em que o desempenho durante o período de uso depende na maior parte dos casos do grau de aderência com os outros componentes, é de extrema importância alguns cuidados básicos de preparação da superfície de suporte: CONDIÇÕES DA BASE Superfícies niveladas, planas e prumadas. O não atendimento destes quesitos implica no planejamento de camadas extras de revestimento, procurando não exceder a espessura de 3 cm em cada camada. Procura-se, entretanto, sempre evitar esta situação. Figura 7 - Forma simples de execução de referência de prumo com fio de náilon Molhagem da superfície Procede-se a molhagem em superfícies muito absorventes, com exceção à paredes de blocos de concreto. Fio utilizado como prumo para a elevação da alvenaria UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 11 Chapisco Sempre que a superfície for parcial ou totalmente não absorvente. Infiltrações Eliminar com soluções adequadas, problemas de infiltrações, antes de prosseguir com o revestimento. CORREÇÃO DE IRREGULARIDADES É recomendado que antes da aplicação de revestimentos argamassados, quaisquer pontas de metais sejam retiradas da superfície, bem como devem ser eliminadas rebarbas entre juntas da alvenaria e eventuais furos devem ser corrigidos. Para a correção de furos, a NBR 7200 faz algumas observações: Preenchimento desde que inferiores a 50 mm Enchimento de rasgos para tubulações com cascotes de tijolo; Utilização de telas metálicas Bases diferentes: Utilizar tela metálica ou plástica (suportar movimentações diferenciais) (Figura 10). VEDAÇÕES ENTRE ALVENARIA E ESTRUTURA O fechamento da parte inferior das vigas, no encontro com as alvenarias pode ser executado de três maneiras distintas: 1. Encunhamento com tijolos maciços inclinados (tipo fixação rígida) (Figura 8); utilizada para contraventar a estrutura ou fixar a alvenaria em uma estrutura “indeformável”; também utilizado cunhas de concreto ou argamassa expansiva. 2. Fixação resiliente; utilizada para estruturas deformáveis; previne o aparecimento de fissuras pelas deformações impostas pela estrutura; utiliza- se argamassa de baixo módulo de elasticidade, elevada aderência “argamassa podre”. (Figura 9) 3. Fixação plástica; técnica em que se utiliza a espuma de poliuretano no encontro da alvenaria com a estrutura. Esta técnica é recomendada para estruturas muito deformáveis; resulta em um menor nível de tensão transferida para as alvenarias. Não aceita a argamassa de emboço sobre a mesma, necessitando acabamentos com sancas ou forros rebaixados de gesso. UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 12 Figura 8 - Encunhamento com tijolos maciços Figura 9 – Fixação resiliente – Espaço para preenchimento com argamassa podre O reforço do revestimento de argamassa com tela metálica galvanizada deve ser feito nas regiões de elevadas tensões da interface alvenaria-estrutura. Normalmente esta situação ocorre no pavimento sobre pilotis (primeiro pavimento, pavimento sobre garagens), e também nos dois ou três últimos pavimentos do edifício, em função das características de deformação da estrutura. A solução de uso de telas metálicas deve também ser adotada no caso dos revestimentos possuírem espessuras superiores ao limite máximo recomendado por norma, situação comum em paredes com desaprumos. Existem dois tipos de reforço do revestimento, que são a argamassa armada e a ponte de transmissão. Nos dois tipos, devem ser usadas telas, sendo que no primeiro a tela fica imersa na camada de revestimento; no segundo, a tela é chumbada na alvenaria ou concreto por meio de fixadores (grampos, chumbadores, pinos) e é usada uma fita de polietileno na interface estrutura-alvenaria, para que as tensões sejam efetivamente distribuídas pela tela ao longo do revestimento. É recomendado que a argamassa armada seja feita em revestimentos com espessura maior ou igual a 30 mm. A ponte de transmissão pode permitir uma espessura menor do revestimento de, no mínimo, 20 mm. (Figura 10) UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 13 Figura 10 - Reforços em revestimentos (a) argamassa armada (b) ponte de transmissão LIMPEZA DA BASE A limpeza é de fundamental importância para atingir-se o grau de aderência necessário para o desempenho dos revestimentos durante o período de utilização. A remoção de pó e materiais soltos deverá ser feita com escovação e jatos de água. A remoção de óleo ou graxa necessita de procedimentos especiais que podem ser escolhidos de acordo com a preferência do usuário. Abaixo estão descritos 4 procedimentos, indicados segundo a NBR 7200. Observa-se que nos casos onde são aplicados produtos químicos, a superfície deverá, necessariamente, estar saturada . 1) Escovar a superficie com solução alcalina de fosfato trissódico (30 g em 1 litro de água) ou de soda cáustica e em seguida remover com água. 2) Escovar a superficie com ácido muriático diluído (5 a 10%) enxaguar com água em abundância. 3) Escovar com água e detergente e enxaguar com água em abundância 4) Remoção com processos mecânicos de jateamento ou lixamento ou escovamento com escova de cerdas de aço. CHAPISCO Deve ser preparado com consistência fluida e aplicado por lançamento tomando cuidado de não cobrir totalmente a superficie. UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 14 Recobrimento de no mínimo 90% da base se a função for aderência Recobrimento de 100% da base se a função for homogeneizar o grau de absorção de bases diferentes. APLICAÇÃO DA ARGAMASSA: A produção e aplicação da argamassa deve possuir vinculação direta com o planejamento geral da obra, considerando já executados a estrutura, a alvenaria e as instalações. Também é degrande importância que as características de localização e condições de exposição sejam definidos, de forma a possibilitar a correta especificação da argamassa, bem como o planejamento relativo aos cuidados relativos ao bom desempenho final do material. Localização: incluindo características climáticas (temperatura, radiação solar, umidade, velocidade do ar e direção dos ventos), características topográficas e de vizinhança (situação do terreno e relação com outras edificações), tipo de ocupação (residencial, industrial, comércio) Características de projeto: sistema construtivo, orientação das fachadas (N, S, L, O), presença de aberturas, detalhes construtivos. Optar por 1, 2 ou 3 camadas de revestimento, de acordo com as condições de exposição, localização e características de projeto Condições severas elevada incidência de chuva e ventos fortes; edificios em locais abertos próximos à costa litorânea; edificios localizados bastante acima do nível normal das edificações. Condições moderadas paredes parcialmente protegidas das intempéries pela vizinhança de prédios de mesma altura; edificios localizados em pequenas cidades e regiões suburbanas. Exposição protegida locais com baixa incidência de chuvas, paredes protegidas das intempéries por detalhes construtivos e pela proximidade de edificios de pequena altura em pequenas cidades. Condições severas: (3 camadas) Chapisco Emboço (pouco permeável) Reboco (poroso) Em bases que dispensam o chapisco: Duas camadas de emboço ( a primeira pouco permeável e a Segunda porosa) Reboco (poroso) UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 15 Condições de exposição moderadas: (no mínimo duas camadas) Emboço pouco permeável Reboco poroso Condições de exposição brandas: Duas camadas porosas Espessura das camadas: Chapisco: máximo 5 mm Emboço: entre 10 e 15 mm externamente: entre 15 e 25- mm· Para espessuras maiores, utilizar mais de uma camada4 Reboco: desejável até 5 mm (preferência entre 1 e 3 mm) Espessuras totais, segundo NBR 13749: Paredes internas - entre 5 e 20 mm; Paredes externas - entre 20 e 30 mm; Tetos internos e externos - menor que 20 mm. APLICAÇÃO DA CAMADA DE EMBOÇO A camada de emboço tem como finalidade corrigir as imperfeições da base (alvenaria), incluindo os problemas relativos ao prumo. Para garantir uma superfície corretamente aprumada, são utilizadas taliscas que servem como referência de espessura do revestimento. As taliscas são pequenos tacos de madeira ou cerâmicos assentados com argamassa mista de cimento e cal (traço idêntico ao programado para o revestimento da parede). Para as paredes, quando forem colocadas as taliscas, estica-se uma linha na sua parte superior e ao longo de seu comprimento. A distância entre a linha e a superfície da parede determinará a espessura do revestimento. As taliscas deverão estar espaçadas entre si, na ordem de 1,8m (no máximo 2,0m), de maneira que se consiga utilizar uma régua com 2,0 m na execução do pano do revestimento. Após a execução das talistas, executa-se as mestras (ideal 2 dias após a execução das taliscas), com o mesmo traço de argamassas. Quando da utilização de bases diferentes (ex.: alvenaria/concreto): executar junta ou utilizar tela galvanizada para reforço. 4 Em camadas muito espessas deve-se atentar para a necessidade do uso de argamassa armada com telas metálicas. UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 16 Figura 11 – Assentamento de taliscas em paredes e tetos Figura 12 – Assentamento de taliscas em paredes Figura 13 - Assentamento de taliscas no teto Fonte: http://www.facens.br/alunos/material/MilitoC013/Revestimentos.pdf - 06/2006 UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 17 Figura 14 - (a) Execução das taliscas; ( b) exexução das mestras Figura 15 – (a) Determinação do ponto de sarrafeametno (b) sarrafeamento entre as taliscas Figura 16 - (a) sarrafeamento (b) desempenamento Figura 17 - Ferramentas para a execução dos revestimentos (a) (b) (a) (b) (a) (b) UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 18 INSPEÇÃO FINAL DO REVESTIMENTO De acordo com a NBR 13749, o executante do serviço de revestimento deve apresentar relatório sobre os dados de controle da qualidade dos materiais, argamassas e possíveis ensaios realizados, bem como sobre as condições de aplicação, envolvendo o preparo da base, espessura do revestimento ou das camadas compostas por este e correções ou reparos realizados, referenciando sempre as especificações de projeto. A inspeção pode envolver a parte estética, onde estão enquadrados: � Homogeneidade do acabamento; � Precisão geométrica do revestimento • Planeza (superficies horizontais e verticais)- Considera-se nesta verificação que após a remoção de grãos de areia soltos na superficie, devem ser considerados limites de ondulações na seguinte grandeza: • Ondulações menores que 3mm em uma régua com 2 m de comprimento; • irregularidades abruptas inferiores a 2mm em relação a uma régua com 20 cm de comprimento; • Prumo (superfícies verticais) - O desvio não pode exceder H/900, sendo H a altura da parede em metros. • Nivelamento (superfícies horizontais - tetos) - o desnível não pode exceder L/900, sendo L o comprimento do maior vão do teto, em metros. • DESEMPENHO TÉCNICO DOS REVESTIMENTOS FISSURAS Com relação à fissuração, deve-se fazer inspeção visual, 3 dias após a execução do revestimento: Fissuras sistemáticas: - estudo adicional Fissuras esparsas: - inspeção em dois quadrados de 1 m2cada a cada 100 m2de revestimento. Aceitação: • 1 fissura/l100 m2 para revestimentos externos aparentes; • 2 fissuras/100 m2 para revestimentos externos a serem pintados; • 3 fissuras/100 m2 para emboços de revestimento cerâmico ou de pedras; • 5 fissuras/100 m2 para revestimentos internos em geral. ADERÊNCIA A aderência pode ser avaliada segundo ensaios de percussão - impactos leves feitos com objetos não contundentes, com martelo de madeira ou outro instrumento rijo. Avaliação: Em 1 m2 a cada 50 m2 para tetos Em 1 m2 a cada 100 m2 para paredes. UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 19 Quando o revestimento apresentar som cavo (oco) na amostragem, deverão ser todos percutidos, permitindo uma avaliação da extensão do problema. Quando julgado necessário, deve ser realizado pelo menos seis ensaios de aderência à tração em pontos escolhidos aleatoriamente. Serão aceitos os revestimentos quando, pelo menos, quatro valores superarem as resistências indicadas abaixo: Local Acabamento Ra (MPa) Pintura ou base para reboco Maior que 0,20 Parede Interna Cerâmica ou laminado Maior que 0,30 Pintura ou base para reboco Maior que 0,30 Externa Cerâmica Maior que 0,30 DETALHES CONSTRUTIVOS Funcionamento de Pingadeiras UNIVALI – Eng. Civil - Tecnologia das argamassas Prof. Eng. André Matte Sagave M. Eng 20 Figura 18 - Juntas de trabalho e pingadeiras Figura 19 - Ferramentas para execução de junta de trabalho
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