Buscar

ATIVIDADE AVALIATIVA

Prévia do material em texto

ATIVIDADE AVALIATIVA - Questionando a Teoria Quantitativa da Moeda (TQM)
Disciplina: Economia Monetária
Aluna: Arianne de Oliveira Ferreira
Como estão sustentadas as críticas de Lara Resende à Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) e quais as linhas de argumentação do autor com relação à política monetária baseada nessa teoria (argumente de maneira completa o que se pede e apresente os argumentos empíricos de Lara Resende)
R: A TQM estabelece que os preços variam diretamente com a quantidade de moeda em circulação, considerando que a velocidade e o volume de transações com bens e serviços não se alteram; ou seja, uma mudança no estoque de moeda, em um certo período de tempo, não tem efeito permanente sobre as variáveis reais, mas resulta em uma mudança proporcional nos preços. Em síntese, a TQM diz que uma vez que a velocidade de circulação e o volume de comércios sejam constantes um aumento na quantidade de moeda em circulação faz com que os preços aumentem na mesma proporção.
Agora, Lara Resende critica essa teoria defendendo que ela foi construída sobre bases fracas, incomparáveis e incompatíveis com o modelo de equilíbrio geral. Lara mira os dois pilares centrais da ortodoxia econômica: a TQM (que assegura que a moeda pode ser manipulada como uma variável exógena, ou seja, sob controle de um Banco Central) e a Hipótese do Equilíbrio Geral (que garante a estabilidade do sistema econômico como um todo). Para criticar estes dois postulados, o economista usa como fio condutor a moeda e o seu preço, os juros. 
A vertente que defende a TQM são os bullionistas para quem a quantidade de moeda determina o nível de preços. E a vertente que Lara defende são os anti-bullionistas, para quem a relação causal poderia ser inversa, ou seja, são os preços que determinariam a quantidade de moeda.
Para Lara, embora continuem a ser utilizados pelos analistas e pelos economistas práticos, os modelos quantitativistas, tanto o keynesiano como o monetarista, são hoje considerados ultrapassados. Na fronteira teórica, foram substituídos pelos modelos neokeynesianos, com expectativas racionais, que deixam a moeda de lado e focam exclusivamente na taxa de juros como instrumento de controle da inflação. A experiência revolucionária dos bancos centrais não deixa mais dúvida: todos os modelos macroeconômicos que adotam alguma versão da TQM estão equivocados e devem ser definitivamente aposentados. O abuso da formalização matemática só mascara os graves problemas de identificação estatística.
Os modelos neokeynesianos sustentam que a inflação pode ser estabilizada através da Regra de Taylor, onde para estabilizar a inflação, os juros devem ser reduzidos ou aumentados mais do que proporcionalmente e de maneira inversa ao movimento observado na inflação.
Os modelos neokeynesianos com expectativas racionais, onde a moeda é deixada de lado e só a taxa de juros aparece com o instrumento de política do banco central, deixam a inflação indeterminada: haveria uma infinidade de níveis de inflação compatíveis com um determinado hiato de produto. As últimas versões desses modelos resolvem essa indeterminação introduzindo a hipótese de Irving Fisher, segundo a qual a taxa de juros nominal de equilíbrio é igual à taxa real mais a expectativa de inflação futura. Tais modelos, preveem que, no longo prazo, a relação entre a taxa de juros e a inflação é inversa à que sempre se acreditou: quando o banco central eleva a taxa de juros, a inflação não cai, mas aumenta; e quando o banco central reduz a taxa de juros, a inflação não sobe, mas ao contrário, cai. 
John H. Cochrane, expõe versões da ortodoxia macroeconômica e confronta a evidência empírica com as simulações dos diferentes modelos. Conclui que o longo período de baixa inflação com taxas nominais de juros próximas de zero sugere que a teoria monetária está errada. Taxas de juros nominais mais altas, no longo prazo, resultam em inflação mais alta. Esta surpreendente reversão do sinal da política de juros, no longo prazo, é chamada de hipótese neofisheriana, em homenagem a Irving Fisher.
A inversão do sinal do impacto dos juros sobre a inflação é resultado das expectativas racionais que olham para o futuro. A taxa nominal de juros, fixada pelo banco central, atua assim como sinalizador da inflação futura. Mostrando evidência que no curto prazo, juros mais altos reduzem a inflação. É possível que a alta dos juros, no curto prazo reduza, mas no longo prazo aumente a inflação. A única hipótese capaz de explicar a tradicional relação inversa entre os juros e a inflação, no curto prazo, é a chamada Teoria Fiscal do Nível de Preços (TFNP), ela sustenta que o que ancora as expectativas e determina a taxa de inflação é a política fiscal. É, portanto, a política fiscal, o equilíbrio sustentável de longo prazo da dívida pública, que em última instância determina a taxa de inflação.
Knut Wicksell também propôs um adendo à TQM ao considerar que a transmissão monetária pode ser dar por via direta (oferta de moeda sobre a demanda de bens) e por via indireta (pela taxa de juros). Para ele a ideia de que a oferta de moeda pressiona o nível de preços, como postulado pela TQM, se mostra plausível quando de uma economia de moeda pura, ou seja, sem bancos; a existência de uma economia com bancos levaria a causa das flutuações nos preços a serem explicadas pelo diferencial de juros (taxa de juros de empréstimo e taxa de juro natural), acima de tudo.
Sendo assim, Lara Resende critica a TQM, se baseando em outras teorias econômicas como as de Knut Wicksell, John H. Cochrane, Irving Fisher, modelos neokeysianos e outras; do ponto de vista empírico, as críticas vão desde a falta de comprovação da causalidade entre quantidade de moeda e nível de preços até a instabilidade da velocidade de circulação, sendo, para o autor, a experiência do Quantitative Easing o teste empírico definitivo para a refutação desta teoria ao se observar que um aumento dramático do nível de liquidez da economia americana (dentre outras) não causou a inflação esperada pela TQM.
Visto que há, na visão de Lara Resende, uma superação da TQM como argumento acerca da política monetária, o que explica então as variações de preços em uma economia?
R: A teoria monetária dominante nunca conseguiu compreender e dar soluções para as altas taxas de inflação crônica, isso provocou crises bancárias e recessões. A inflação é indeterminada, resultado exclusivo das expectativas. A teoria monetária, que até hoje balizou as políticas dos bancos centrais, pode estar equivocada. A macroeconomia das versões mais recentes dos modelos neokeynesianos sustenta que os juros altos balizam as expectativas de inflação mais alta, o que resulta efetivamente em mais inflação no longo prazo. Segundo a TFNP, as expectativas são determinadas pela credibilidade do equilíbrio fiscal de longo prazo, pois a inflação compatibiliza, no longo prazo, a dívida pública com o seu nível sustentável. 
Entre as ideias principais defendidas por Lara Resende está a de que um governo não deve estar submetido a qualquer restrição financeira, uma vez que é o emissor soberano de sua moeda. O Estado que controla a sua moeda não tem necessidade de levantar fundos para se financiar, pois ao efetuar pagamentos, automática e obrigatoriamente, cria moeda, assim como ao receber pagamentos, destrói moeda.
Outra ideia ortodoxa da economia da qual Lara Resende discorda é a de que a expansão da moeda cause inflação. Inflação é essencialmente questão de expectativas, porque expectativas de inflação provocam inflação.
Alguns preços, como salários, câmbio e taxas de juros, funcionam como sinalizadores para a formação das expectativas. Se o Banco Central tiver credibilidade, as metas anunciadas para a inflação também serão um sinalizador importante. Uma vez ancoradas, as expectativas são muito estáveis. A inflação tende a ficar onde sempre esteve.
Ele defende ainda que o Banco Central fixe juros abaixo da taxa de crescimento da economia. Segundo ele, tal medida acarretaria a diminuição da dívida públicasem a necessidade de aumento dos impostos.
Essa nova macroeconomia que começa a ser delineada é capaz de explicar fenômenos incompatíveis com o antigo paradigma. Entre esses fenômenos, ele cita o caso da “renitente inflação abaixo das metas nas economias avançadas, mesmo depois de um inusitado aumento da base monetária” e o fato de a economia japonesa carregar “uma dívida pública acima de 200% do PIB, com juros próximos do zero, sem qualquer dificuldade para seu refinanciamento”.
Para ele, esse novo quadro analítico também esclarece a situação do Brasil, pois “dá uma resposta à pergunta que, há mais de duas décadas, causa perplexidade: como explicar que o país seja incapaz de crescer de forma sustentada e continue estagnado, sem ganhos de produtividade, há mais de três décadas”.
Sendo assim, como citado acima, é pautado nas expectativas, onde no longo prazo o aumento da taxa de juros traz a elevação dos preços, porque os indivíduos são movidos por expectativas, tendo também a presença da política fiscal nisso. Dessa forma no longo prazo, a elevação dos preços se dá na medida do aumento da dívida pública e é nisso que os indivíduos pautam suas expectativas.
Nunca é demais repetir que o equilíbrio fiscal de longo prazo é fundamental. Da política monetária só se pode pedir que evite maiores flutuações do nível de atividade e balize as expectativas de inflação. Sem credibilidade fiscal a política monetária é impotente.
As expectativas racionais têm apelo lógico e permitiram inegáveis avanços na modelagem macroeconômica.

Continue navegando