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Professor: Fernando Braga AULA 9 Em qualquer tipo de transmissão, é inevitável a perda de potência que que ocorre nas engrenagens, mancais, polias, correias, rodas de atrito, originada pelo atrito entre as superfícies, agitação do óleo lubrificante, escorregamento entre polia e correia, etc. Logo teremos: Tabela com rendimentos típicos: Tipo de Transmissão Rendimento Típico Correias Planas 0,96 a 0,97 Correias em V 0,97 a 0,98 Engrenagens Usinadas 0,96 a 0,98 Engrenagens Fundida 0,92 a 0,93 Rosca sem fim 1 entrada 0,45 a 0,60 Rosca sem fim 2 entrada 0,70 a 0,80 Rosca sem fim 3 entrada 0,85 a 0,97 Mancal de Rolamento (par) 0,98 a 0,99 Mancal de Deslizamento (par) 0,96 a 0,98 Engrenagens são usadas para transmitir torque e velocidade angular em uma ampla variedade de aplicações. As principais são: - Cilíndricas de Dentes Retos; - Helicoidais; - Cônicas; - Coroa e parafuso sem-fim. Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos As engrenagens de dentes retos representam o tipo mais simples e mais comum de engrenagens. São utilizadas para transferir o movimento entre eixos paralelos e possuem dentes que são paralelos aos eixos. Engrenagens Helicoidais Devido a maneira que ocorre o contato de cada dente, o engrenamento ocorre de maneira progressiva o que torna a operação mais suave e silenciosa do que a operação das engrenagens de dentes retos. O engrenamento gradual geralmente, permite rotações mais altas. As engrenagens helicoidais são geralmente aplicadas nas transmissões dos veículos de passeio, para os quais um movimento silencioso é uma prioridade. Engrenagens Helicoidais Engrenagens Cônicas As engrenagens cônicas possuem, normalmente, dentes semelhantes aos das engrenagens comuns de dentes retos ou espirais; a diferença é que as superfícies dos dentes são fabricadas sobre elementos cônicos. Os dentes espirais se engrenam gradualmente (partindo de um dos lados, como nas engrenagens helicoidais comuns), uma característica que permite um funcionamento mais suave e silencioso. Engrenagens Cônicas Geralmente as engrenagens cônicas são montadas sobre eixos que se interceptam. Os eixos são em geral, porém não necessariamente, perpendiculares. Os eixos que não se interceptam, uma característica das engrenagens hipoidais, são desejáveis nas aplicações dos eixos frontais dos automóveis, uma vez que permitem ao eixo motriz ser montado mais baixo, resultando em um piso, um teto e um centro de gravidade mais baixos Engrenagens Cônicas Coroa e Parafuso sem-fim O conjunto sem-fim e coroa se caracteriza, essencialmente, por um parafuso engrenado a uma engrenagem helicoidal especial. São duas as características de uma transmissão por sem- fim: - Altas relações de velocidades; - Altas velocidades de deslizamento. Coroa e Parafuso sem-fim As altas velocidades de deslizamento significam que a geração de calor e a eficiência na transmissão de potência são mais críticas do que nos outros tipos de engrenagens. As engrenagens são altamente padronizadas com relação à forma do dente e ao tamanho. A American Gear Manufacturers Association (AGMA) apoia a pesquisa sobre o projeto, os materiais e a manufatura de engrenagens e publica padrões para seu projeto, manufatura e montagem. Seguiremos os métodos AGMA e as recomendações definidas naqueles padrões. Quando duas engrenagens são colocadas em contato para formar um par de engrenagens como mostrado, é costumeiro referir-se à menor das duas engrenagens como um pinhão e a outra como engrenagem (coroa). A razão de velocidade angular de um par de engrenagens deve manter-se constante durante o engrenamento. A razão da velocidade angular mV é igual à razão do raio de referência (primitivo) da engrenagem de entrada para aquela da engrenagem de saída. E é dado por: Lei fundamental do Engrenamento �� � �����ã �� � Razão de Torque ou ganho mecânico Um par de engrenagens é essencialmente um dispositivo de troca de torque por velocidade e vice-versa. Uma aplicação comum das engrenagens reduz a velocidade e aumenta o torque para mover cargas mais pesadas, como na transmissão de seu automóvel. Outras aplicações requerem um aumento na velocidade, para o qual uma redução no torque deve ser aceita. � � 1 �� � �� � �����ã Para propósito de cálculos, a razão de engrenamento mG é entendida como a magnitude da razão de velocidades ou de torques, qualquer deles que seja > 1. Em outras palavras, a razão de engrenamento é sempre um número positivo > 1, independentemente da direção segundo a qual a potência flui através das engrenagens. O ponto primitivo tem a mesma velocidade linear no pinhão e na coroa, chamada de velocidade de linha de referência (primitiva). O ângulo de pressão � de um par de engrenagens é definido como o ângulo entre a linha de ação (normal comum) e a direção da velocidade no ponto de referência (primitivo) tal que a linha de ação seja rodada de um ângulo φ em graus na direção de rotação da engrenagem movida, Os valores padronizados são 14,5°, 20° e 25°, sendo 20° o valor mais comumente usado e 14,5, obsoleto hoje em dia. As engrenagens podem ser feitas com qualquer ângulo de pressão, mas o custo comparado ao custo das engrenagens padronizadas dificilmente se justificaria. Os pontos de entrada e saída de contato definem o engrenamento do pinhão e a coroa. A distância ao longo da linha de ação entre esses pontos dentro do engrenamento é chamada de comprimento de ação Z, definida pelas interseções das respectivas circunferências de cabeça com a linha de ação. O comprimento de ação Z pode ser calculado a partir da geometria da engrenagem e do pinhão: onde rp e rg são os raios das circunferências de referência e ap e ag as saliências do pinhão e da engrenagem, respectivamente. C é a distância entre os centros e φ é o ângulo de pressão. A distância ao longo da circunferência de referência durante o engrenamento é o arco de ação, e os ângulos definidos por esses pontos e a linha de centros são o ângulo de aproximação e o ângulo de afastamento (ou recesso). O arco de ação nas circunferências de referência do pinhão e da engrenagem devem ter o mesmo comprimento para evitar escorregamento entre os cilindros teóricos em rotação. A definição do passo circular de referência pc é: onde d = diâmetro de referência e N = número de dentes. As unidades de pc são polegadas ou milímetros. O passo diametral pd expressa o número de dentes por polegada, sendo expresso por: onde d = diâmetro de referência e N = número de dentes. As unidades de pd são polegadas. Somente em especificações americanas. Pode ser escrito também da seguinte forma: O sistema SI, usado para engrenagens métricas, define um parâmetro chamado de módulo, que é o recíproco do passo diametral com o diâmetro de referência d medido em milímetros. Duas engrenagens acopladas possuem o mesmo módulo. A unidade do módulo em milímetros. Com base nestas expressões podemos escrever razão de engrenamento mG , pelo razão do número de dentes na engrenagem Ng sobre o número de dentes no pinhão Np. Dentes de engrenagem padronizados de profundidade completa têm adendo igual no pinhão e na engrenagem, com o dedendo ligeiramente maior para permitir folga. As dimensões padronizadas de dente são definidas em termos do passo diametral. Perfil do Dente pela AGMA Interferência e Adelgaçamento O adelgaçamento é causado por dedendos grandes que se estendem além da circunferência de base. Para evitar a interferência e o adelgaçamento existe o conceito de número mínimo de dentes para o pinhão e para a coroa. Fonte: Norton Engrenagem de Dentes Retos A razão de contato mp define o número médio de dentes em contato em qualquer momento. É calculada por: Se a razão de contato for 1, então um dente estará deixando o contato justamente quando o próximo entrará em contato. Isso é indesejável, porque um pequeno erro no vão do dente causará oscilações na velocidade, vibração e barulho. Além disso, a carga será aplicada na pontado dente, criando os momentos fletores maiores possíveis. Com razões de contato maiores que 1, existe a possibilidade de divisão da carga entre dentes. Para razões de contato entre 1 e 2, que são comuns para engrenagens retas, ainda haverá momentos durante o engrenamento em que um par de dentes estará recebendo toda a carga. Contudo, ocorrerá em direção ao centro da região de engrenamento onde a carga é aplicada em uma posição mais baixa do dente, em vez de ser na ponta dele. Esse ponto é chamado de o ponto mais alto de contato de um só dente ou HPSTC (highest point of single-tooth contact). A razão de contato mínima aceitável para uma operação suave é 1,2. Uma razão de contato de 1,4 é preferível, e se for maior, melhor. A maior parte dos engrenamentos de engrenagens retas terá razões de contato entre 1,4 e 2. Um trem de engrenagens é qualquer coleção de duas ou mais engrenagens acopladas. Um par de engrenagens é, portanto, a forma mais simples de um trem de engrenagem e usualmente está limitado a uma razão de cerca de 10:1. É prática comuminserir uma única engrenagem intermediária para mudar a direção, mas mais do que uma engrenagemvazia é supérfluo. Em um trem composto, pelo menos umeixo tem mais do que uma engrenagem. Ele terá umarranjo paralelo ou série-paralelo, emvez das conexões puras emsérie do tremde engrenagens simples. São trens de engrenagemcomdois graus de liberdade. Duas entradas são necessárias para obter uma saída. Normalmente se usa uma entrada, um sistema fixo e uma saída. Emalguns casos como emdiferencial de automóveis uma entrada é usada para se obter duas saídas, umapara cada roda. Nent = número de rotações por minuto da engrenagemde entrada Nsaída= número de rotações por minuto da engrenagemde saída Nbraço= número de rotações por minuto do braço Uma regra útil é manter a largura da face F de uma engrenagem reta e helicoidal dentro dos limites: com um valor nominal de 12/pd No ponto de referência, a única força que pode ser transmitida de um dente a outro, negligenciando o atrito, é a força W que atua ao longo da linha de ação no ângulo de pressão. Essa força pode ser resolvida em duas componentes, Wr atuando na direção radial e Wt na direção tangencial: A componente tangencial Wt é dada por: onde Tp é o torque no eixo do pinhão, rp é o raio de referência (primitivo), dp é o diâmetro de referência (primitivo), Np o número de dentes e pd é o passo diametral do pinhão. A componente radial Wr é dada por: A força resultante W é dada por: A força de reação R e suas componentes Rt e Rr nos pivôs são iguais e opostas às forças correspondentes que atuam no ponto de referência da respectiva engrenagem ou pinhão. As forças no pinhão são iguais e opostas àquelas que atuam sobre a engrenagem. Na condição de carregamento na ponta dos dentes. A componente tangencial Wt tem o maior braço de momento possível atuando no dente como uma viga em balanço. O momento fletor e a força de cisalhamento transversal devido à flexão serão ambas máximas na raiz do dente. Para razões de contato > 1, haverá um ponto máximo de contato de um único dente (HPSTC) em algum lugar abaixo da ponta, e este criará o momento fletor máximo em qualquer dente, admitindo que as precisões de fabricação das engrenagens sejam suficientemente boas para permitir a divisão da carga. Mesmo se o torque Tp for constante com o tempo, cada dente experimentará carregamentos repetidos à medida em que este entrar em engrenamento, criando uma situação de fadiga de carregamento. Exercício: O eixo do pinhão de um redutor composto por um par de engrenagens recebe 15kW a 2500 rpm. Sabendo que o rpm de saída deve ser 715 rpm e que o módulo das engrenagens deve ser de 4 mm. Considerando o número de dentes do pinhão igual a 14, determine: a) Razão de Engrenamento b) Torque de Saída do Redutor c) Número de Dentes da Coroa e os diâmetros primitivos do pinhão e coroa. d) Largura da Face, Força Tangencial e Radial, para um ângulo de pressão de 20º. Resolução: a) Razão de Engrenamento b) Torque de Saída do Redutor Resolução: c) Número de Dentes da Coroa e os diâmetros primitivos do pinhão e coroa. Resolução: Diâmetro primitivo do pinhão Diâmetro primitivo da coroa Resolução: d) Largura da Face (Usar a recomendação F=12/pd) Força Tangencial Força Radial As engrenagens helicoidais são similares às engrenagens retas. Seus dentes são involutas. A diferença é que seus dentes são inclinados com respeito ao eixo de rotação em um ângulo de hélice ψ. O ângulo de hélice pode normalmente variar de cerca de 10 a 45°. Geometria da Engrenagem Helicoidal Em uma engrenagem helicoidal, os dentes formam o ângulo de hélice ψ com o “eixo”. Os dentes são cortados neste ângulo e a forma do dente está então no plano normal. O passo normal pn e o ângulo de pressão normal φn são medidos neste plano. O passo transversal pt e o ângulo de pressão transversal φt são medidos no plano transversal. Geometria da Engrenagem Helicoidal Geometria da Engrenagem Helicoidal O passo transversal pt da engrenagem é a hipotenusa do triângulo ABC. O passo axial px pode também ser definido como a hipotenusa do triângulo reto BCD. Geometria da Engrenagem Helicoidal O passo diametral pd usado para definir o tamanho de dente e está relacionado ao passo circular por: onde N é o número de dentes e d é o diâmetro de referência. Geometria da Engrenagem Helicoidal O passo diametral no plano normal é: Os ângulos de pressão nos dois planos estão relacionados por: Engrenagem de Dentes Helicoidal Forças em engrenagens helicoidais: Componente Tangencial: onde Tp é o torque no eixo do pinhão, rp é o raio de referência (primitivo), dp é o diâmetro de referência (primitivo), Np o número de dentes e pd é o passo diametral do pinhão. Forças em engrenagens helicoidais: Componente Radial: Componente Axial Número Virtual de Dentes Uma vantagem das engrenagens helicoidais sobre as engrenagens retas, são os dentes relativamente mais fortes para uma engrenagem com o mesmo passo normal, diâmetro de referência e número de dentes. A razão para isso vem do fato que a componente de força que transmite o torque é Wt, que está no plano transversal. E o tamanho dos dentes (passo normal) é definido no plano normal. Número Virtual de Dentes A espessura do dente no plano transversal é 1/ cosψ vezes aquele de uma engrenagem reta de mesmo passo normal. O número de dentes virtual define uma engrenagem virtual que é equivalente a uma engrenagem reta com Ne dentes, dando, portanto, um dente mais forte em fadiga de flexão e de superfície que uma engrenagem reta com o mesmo número físico de dentes que a engrenagem helicoidal. Número Virtual de Dentes É definido por: O número maior de dentes virtuais também reduz o adelgaçamento em pinhões pequenos, permitindo um número mínimo menor de dentes para as engrenagens helicoidais do que para engrenagens retas. Razão de Contato A razão de contato transversal mp definida para engrenagens retas é a mesma para engrenagens helicoidais: O número maior de dentes virtuais também reduz o adelgaçamento em pinhões pequenos, permitindo um número mínimo menor de dentes para as engrenagens helicoidais do que para engrenagens retas. Razão de Contato O ângulo de hélice introduz uma outra razão chamada de razão de contato axial mF que é definida como o quociente da largura de face F e o passo axial px: Essa razão deve ser pelo menos 1,15 e indica o grau de entrelaçamento helicoidal no engrenamento (divisão da carga). Exercício: O eixo do pinhão de um redutor composto por um par de engrenagens recebe 15kW a 3000 rpm. Sabendo que o rpm de saída deve ser 500 rpm e que o módulo das engrenagens deve ser de 4 mm. Considerando o número de dentes do pinhão igual a 17, determine: a) Razão de Engrenamento b) Torque de Saída do Redutor c) Número de Dentes da Coroa e os diâmetros primitivos do pinhão e coroa. d) Largura da Face, Força Tangencial, Radial e Axial, para umângulo de pressão de 25º e ângulo de hélice de 20º. Engrenagens cônicas são cortadas em cones acoplados em vez de em cilindros acoplados de engrenagens retas ou helicoidais. Os eixos delas são não paralelos e interceptam nos vértices de cones. O ângulo entre seus eixos pode ser qualquer valor, mas é frequentemente 90°. Se os dentes forem cortados paralelos ao eixo do cone, elas serão engrenagens cônicas retas, análogas às engrenagens retas. Se os dentes forem cortados em um ângulo de espiral ψ com relação ao eixo do cone, elas serão engrenagens cônicas espirais, análogas às engrenagens helicoidais. O ângulo de pressão mais comum para engrenagens cônicas e espirais é φ = 20°. As espirais mais frequentemente têm um ângulo de espiral ψ de 35°. Largura da Face A largura de face, F, é geralmente limitada a L/3, com L como definido por: A razão de engrenamento para um par de engrenagens cônicas a 90º pode ser definida em termos de dos ângulos de referência. Forças em engrenagens cônicas Onde: Wt - Carga Tangencial T – Torque rav - raio primitivo médio no ponto médio do dente da engrenagem Forças em engrenagens cônicas Como nas engrenagens helicoidais, há componentes de força tangencial, radial e axial agindo em uma engrenagem cônica ou espiral. Para uma engrenagem cônica reta: Exercício: O eixo do pinhão de um redutor composto por um par de engrenagens cônicas recebe 7.5kW a 2500 rpm. O módulo das engrenagens deve ser de 3 mm. Considerando o número de dentes do pinhão igual a 20 e ângulo de referência de 29,74º determine: a) Razão de Engrenamento b) Torque de Saída do Redutor c) Número de Dentes da Coroa, ângulo de referência e os diâmetros primitivos médios do pinhão e coroa. d) Largura da Face, Força Tangencial, Radial e Axial, para um ângulo de pressão de 25º Resolução: a) Razão de Engrenamento b) Torque de Saída do Redutor Resolução: c) Número de Dentes da Coroa, ângulo de referência e os diâmetros primitivos do pinhão e coroa. Resolução: Diâmetro primitivo do pinhão Diâmetro primitivo da coroa Ângulo de referência da coroa Resolução: d) Largura da Face (Usar a recomendação F=L/3) Força Tangencial Força Radial Força Axial Um engrenamento sem-fim consiste em um sem-fim (também chamado de parafuso) e uma engrenagem sem- fim (também chamada de roda sem-fim, ou coroa) Eles conectam eixos não paralelos, sem interseção, normalmente em ângulos retos entre eles. O parafuso sem-fim é, na realidade, uma engrenagem helicoidal com um ângulo de hélice tão grande que um único dente se envolve continuamente ao redor de sua circunferência. Um sem-fim é análogo a uma rosca de parafuso, e a engrenagem sem-fim é análoga a sua porca A distância que um ponto na engrenagem (coroa) acoplada (porca) move axialmente em uma revolução do parafuso sem-fim é chamada de avanço L. O avanço dividido pelo comprimento da circunferência de referência πd do parafuso sem-fim é a tangente do seu ângulo de avanço λ. Os parafusos sem-fins podem criar razões de engrenamento tão grandes quanto o número de dentes na engrenagem sem-fim. Essa habilidade de prover altas razões em um pacote compacto é uma das principais vantagens de um engrenamento sem-fim sobre outras configurações de engrenamento possíveis, a maior parte das quais são limitadas a uma razão aproximada de 10:1 por par de engrenagens. Engrenamentos sem-fim podem ser produzidos com razões variando de 1:1 até 360:1, embora a variação usual disponível de catálogos seja 3:1 a 100:1. Razões acima de 30:1 geralmente têm um parafuso sem-fim de uma única rosca, e razões abaixo desse valor frequentemente usam sem-fins de roscas múltiplas. O número de roscas no parafuso sem-fim é também referido por seu número de começos ou entradas. Um sem- fim de 2 ou 3 entradas pode ser usado para um engrenamento sem-fim de razão baixa, por exemplo. Parafuso sem-fim de várias entradas O número de entradas do parafuso tem influência no sistema de transmissão. Um parafuso com rosca sem- fim tem apenas uma entrada e está acoplado a uma coroa de 60 dentes, em cada volta dada no parafuso a coroa vai girar apenas um dente. Parafuso sem-fim de várias entradas Como a coroa tem 60 dentes, será necessário dar 60 voltas no parafuso para que a coroa gire uma volta. Assim, a rpm da coroa é 60 vezes menor que a do parafuso. Se o parafuso com rosca sem-fim tenha duas entradas e a coroa tenha 60 dentes. Assim, a cada volta dada no parafuso com rosca sem-fim, a coroa girará dois dentes. Portanto, será necessário dar 30 voltas no parafuso para que a coroa gire uma volta. Passo axial do parafuso sem fim: onde dg é o diâmetro de referência (engrenagem) e Ng é o número de dentes na engrenagem sem-fim. L é o avanço e Nw número de dentes (entradas) no parafuso sem-fim. Outra vantagem dos engrenamentos sem-fim é sua habilidade de autotravamento. Se o par sem-fim for autotravante, ele não retrocederá, isto é, o torque aplicado à engrenagem sem-fim (coroa) não rodará o sem-fim. Este tipo de engrenamento pode ser usado para suportar uma carga como, por exemplo, no levantamento de um carro. Se um engrenamento sem-fim será ou não autotravante depende de vários fatores, incluindo a razão entre o tg λ e o coeficiente de atrito µ, o acabamento da superfície, lubrificação e vibração. Geralmente, o autotravamento ocorre em ângulos de avanço abaixo de 6°. Para a coroa não fazer o sem-fim retornar: � � tan � Ângulos de pressão padronizados para engrenamento sem-fim são 14.5, 17.5, 20, 22.5, 25, 27.5 ou 30°. Ângulos de pressão mais elevados dão maior resistência ao dente à custa de um atrito mais elevado, cargas mais elevadas nos mancais e tensões de flexão mais elevadas no sem-fim. Forças em um engrenamento sem-fim Uma condição tridimensional de carregamento existe no engrenamento de sem-fim. Componentes tangencial, radial e axial atuam em cada membro. Com um ângulo (típico) de 90° entre os eixos do parafuso sem-fim e da engrenagem sem-fim, a magnitude da componente tangencial na coroa Wtg iguala a componente axial no sem-fim Waw e vice-versa. Forças em um engrenamento sem-fim Então temos: Onde Tg e dg são o torque na coroa e o diâmetro de referência da coroa. Wtg é a força tangencial na coroa e Waw força axial no parafuso. Forças em um engrenamento sem-fim: A componente radial: onde φ é o ângulo de pressão e λ é o ângulo de avanço. Geometria do engrenamento sem-fim: Número de dentes da coroa: onde Nw é o número de dentes( entradas) no parafuso sem-fim e mG é a razão de engrenamento: Geometria do engrenamento sem-fim: Diâmetro primitivo do parafuso sem-fim: onde C (em polegadas) é a distância entre centros do sem- fim e da coroa. É recomendável usar: Geometria do engrenamento sem-fim: O diâmetro da coroa O adendo e o dedendo dos dentes são dados por: Geometria do engrenamento sem-fim: A largura da face da coroa é limitada pelo diâmetro do sem- fim. A AGMA recomenda um valor máximo para a largura da face F como: Número de dentes mínimos da engrenagem: Materiais para parafuso sem-fim: Poucos materiais são apropriados para engrenagens sem- fim. Por ser bastante tensionado requer um aço endurecido. Aços de baixo carbono, como AISI 1020, 1117, 8620 ou 4320, são usados e endurecidos a HRC 58-62. Aços de médio carbono como AISI 4140 ou 4150 também são usados, endurecidos por indução ou chama a HRC 58- 62. Eles precisam ser retificados ou polidos para um acabamento de 16 µin (0,4 µm) Ra ou melhor. Materiais para engrenagem (coroa) sem-fim: A engrenagem coroa sem-fim necessita ser feita de um material brando e complacente o suficiente para engrenar e moldar-se ao sem-fim duro sob condições de escorregamento elevado. O bronze fundido em molde areia, molde metálico, por centrifugação ou forjado é geralmente usado para engrenagem sem-fim. Fósforo ou bronze estanho são usados para aplicações de potência elevada e manganês bronze, para sem-fim pequeno e de baixa velocidade. Ferro fundido, aços brandos ou plásticossão às vezes usados para aplicações de baixa velocidade carregadas levemente. Métodos de Classificação Diferentemente dos engrenamentos entre engrenagens cônicas e helicoidais, nas quais os cálculos são feitos separadamente para as tensões de flexão e de superfície nos dentes da engrenagem e comparados com as propriedades do material, os engrenamentos sem-fim são classificados pela sua habilidade em lidar com um nível de potência de entrada. A classificação de potência da AGMA está baseada na resistência de crateração e desgaste, porque a experiência tem mostrado que esses são os modos usuais de falha. Métodos de Classificação Por causa das altas velocidades de deslizamento em engrenamentos de sem-fim, a temperatura do filme de óleo separando os dentes de engrenagem se torna um fator importante, e isso é levado em conta pela norma da AGMA. Essas padronizações estão baseadas em um ciclo de vida de 10 horas contínuas por dia de serviço sob carga uniforme, definido como um fator de serviço de 1,0. Pressupõe-se que os materiais para sem-fim e coroa sejam como definido anteriormente. Métodos de Classificação A classificação de um engrenamento de sem-fim pode ser expressa como a potência de entrada permitida Φ, potência de saída Φo ou o torque admissível T a uma dada velocidade no eixo de entrada ou de saída. onde Φl é a potência perdida por atrito no engrenamento. Métodos de Classificação A potência de saída no SI, é dada por: onde Φo é em kW , n é a velocidade angular em rpm, Wtg a carga tangencial na coroa (N) e dg é o diâmetro primitivo da coroa. Métodos de Classificação A potência de perdida por atrito no SI, é dada por: onde Φl é em kW , Vf é a velocidade tangencial em m/s, Wf a é força de atrito em (N) . Métodos de Classificação A carga tangencial na coroa (N) é dada por: Onde Cs é um fator relativo a material para o bronze é dado por: Métodos de Classificação Cm é o fator correção: Métodos de Classificação Cv é o fator de velocidade: onde Vt é em pés por minuto, e pode ser calculada como: onde n é a velocidade angular do parafuso sem-fim e o diâmetro primitivo do parafuso sem-fim Métodos de Classificação A força de atrito Wf : onde �� é ângulo de pressão, � ângulo de avanço. Métodos de Classificação O coeficiente de atrito é dado por: Métodos de Classificação A eficiência do engrenamento é dada por: O torque de saída de classificação é dado por: Exercício 3: Dimensione o sem-fim e a coroa para o guincho de elevação definido conforme mostrado abaixo: Exercício 4: Para um diâmetro suposto do tambor do guincho de 10 in, o torque de pico será de cerca de 880 N.m. A velocidade de entrada para o sem-fim é 1725 rpm. A velocidade de saída é 23 rpm. Determine as dimensões do sem-fim e seus parâmetros. Resolução : Considerações: - Ângulo de pressão de 20°; - O sem-fim será de aço endurecido a 58 HRC e a coroa de fósforo bronze fundido em molde metálico; - Um engrenamento autotravante devido a característica da operação de levantamento de carga. - Distância entre centros C=6.2 in. Vamos agora determinar a geometria do sem-fim e verificar o torque de saída. Resolução: Determinação dos parâmetros do engrenamento. 1.1 – Razão de Engrenamento Para um ângulo de pressão de 20º, o número mínimo de dentes é 20. Vou considerar um sem-fim de 1 entrada, já que acima de 30:1. Logo o número de dentes da coroa 75. Resolução: Determinação dos parâmetros do engrenamento. 1.2 – Determinação do diâmetro do sem-fim. 1.3 – Determinação do diâmetro da coroa. Resolução: Determinação dos parâmetros do engrenamento. 1.4 – Determinação do auto-travamento. Auto-travante ângulo menor que 6º. Resolução: Determinação dos parâmetros do engrenamento. 1.4 – Largura da Face 1.5) Cálculo do torque de saída Devemos então calcular o valor da carga tangencial, Wtg. Resolução: Fórmula para Wtg. Fatores: Cs = 1000 (C< 8 in) Cm = para mg=75 Resolução: Fator - Cv Para o cálculo de Cv primeiro devemos determinar a velocidade tangencial em fpm. Para este caso Cv é dado por: Resolução: A carga tangencial é dada por: O valor do torque de saída é : Resolução: 1.6) Potência de Saída 1.7) Potência Perdida por Atrito Primeiramente devemos calcular o coeficiente de atrito. Resolução: Coeficiente de atrito é dado por: A força de atrito é dada por: Resolução: A potência perdida por atrito: A potência de entrada deve ser de:
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